7.1.15

Capitulo 45

Como prometido, está aqui... agora vou dormir, to muito cansada, sério. Beijos, amo vcs! Comentem, xuxus <3
Bruna

~

JOE

Foram os piores meses da minha vida. E ao mesmo tempo, um aprendizado. Diziam que uma pessoa só aprende de verdade com o amor ou com a dor. No meu caso foram as duas coisas.

Logo após o último encontro com Demi no shopping, eu resolvi deixá-la em paz, vendo o mal que estava fazendo a ela e ao bebê. E também a mim. Acostumado a sempre me dar bem e ter as coisas do meu jeito, isso foi muito difícil. Dispendeu muita força de vontade e desprendimento da minha parte.

Todo dia eu acordava querendo vê-la e convencê-la do meu arrependimento. E todo dia tinha que lutar para me conter e fazer as coisas normalmente, como ir trabalhar, comer, visitar a minha avó. E sempre, sempre, com aquela agonia, aquela saudade e aquela preocupação dentro de mim.

É claro que não resisti. Eu precisava conferir que estava tudo bem. Então passei a me aproximar, mas não tanto. A ver as coisas de longe. A acompanhá-la como um maldito voyeur, escondido, só observando.

Às vezes era quando saía do trabalho, ou quando chegava e saí da Universidade, ou ainda entrando em casa. Eu admirava sua beleza, seu sorriso, sua expressão preocupada, fazendo parte de pequenos momentos da sus vida, sem fazer. Era uma tortura e comecei a viver sob os efeitos dela.

Saber que esperava um filho meu, que eu a amava e que não podia me aproximar, por culpa minha mesmo, era a pior coisa. Como eu queria estar lá, participando de tudo, recebendo seus olhares, provando que a queria para mim! Mas quem fazia esse papel não era eu. Era Matheus.

Eu sentia muitos ciúmes, me rasgava a cada vez que o via perto dela, Demi entrando ou saindo do seu carro, o modo como ficava à vontade com ele, olhava-o com carinho e sorria sem reservas. Nunca os vi de mãos dadas, abraçados ou dando beijos. Mas mesmo assim doía, pois ele estava lá e eu não.

Foram dias e semanas de tanta dor para mim que a vida ficou sem graça. Eu me forçava a trabalhar todo dia e isso acabou se tornando minha tábua de salvação. Dispendi todas as energias na Editora e nas revistas, me dedicando ainda mais do que antes, trabalhando como um condenado para chegar em casa exausto e não conseguir pensar. Mesmo assim eu pensava. E muito.

Revi tantos valores! Não apenas do meu relacionamento com as mulheres, mas com as pessoas a minha volta e com o mundo. Tudo aquilo fez com que eu enxergasse melhor meus defeitos, minha arrogância, a mania de me achar melhor que os outros. Continuei exigente no trabalho como sempre fui, o que garantia o sucesso das empresas da família, mas passei a olhar melhor as pessoas, a deixar muitos preconceitos de lado.

As mulheres estavam lá, como sempre me cercando aonde quer que eu fosse. Mas nenhuma me atraiu. Por que minha mente estava tão cheia de Demi, minha alma tão torturada de culpa, ciúme e dor, que meus desejos carnais também se tornavam vítimas delas.

Foram meses de autoconhecimento, privação e redenção.

Eu poderia ter transado só por um alívio ou uma busca de contato, de carinho. Meu corpo

não estava morto. Eu era livre e desimpedido. Mas não queria. Não conseguia fazer sexo por fazer, meter em uma mulher como um máquina desgovernada levado apenas por meus instintos animais. Não quando eu passava as noites ardendo com tanta saudade de Demi. Ela estava tão dentro de mim que não sobrava espaço para mais nada. Nem para o tesão sem sentido.

Para mim, ficar sem sexo foi o mais difícil e o mais complicado. Mas não tinha tesão por outras mulheres. Tinha tesão. Mas queria só a minha mulher ao meu lado, aquela que eu amava e que seria a mãe do meu filho. O meu corpo sentia falta, é claro. Foram anos e anos fodendo livremente, vivendo em orgias, usando e sendo usado. Mas eu tinha chegado a um ponto em que nem eu mesmo entendia, de sublimação, de controle, de espera.

Acho que nunca me masturbei tanto na vida. De madrugada então ou de manhã, quando acordava tão ereto que doía, muitas vezes depois de sonhar com Demi, eu acabava me satisfazendo sozinho, de olhos fechados, mergulhado em lembranças. Nunca era o bastante. Eu não tocava a sua pele nem sentia o seu cheiro. Eu não entrava em seu corpo nem beijava a sua boca. Mas era o que eu podia ter.

Mesmo odiando saber que Matheus estava perto de Demi tomando o meu lugar, ao menos aquilo me tranquilizava em um ponto. Ele não deixaria faltar nada a ela. Cuidaria para que estivesse bem, coisa que de longe eu não podia fazer e Demi também não aceitava nada de mim. Era uma dor absurda saber que meu amigo de uma vida toda agora era mais importante para ela do que eu, o homem a quem havia amado e de quem teria um filho. Mas a quem culpar se não a mim mesmo?

Não acreditei quando há alguns meses, enquanto analisava um dos exemplares da Revista VIDA, uma das que mais vendiam do meu conglomerado, deparei-me com uma foto de Demi. Primeiro achei que estava tão obcecado que a via em todo lugar, depois me dei conta que era ela mesmo. Linda demais em uma campanha dos Cosméticos BELLA. E lembrei da proposta de Leon. Então, Demi tinha aceitado.

Eu tinha um acordo de negócios com Leon e várias outras marcas famosas de anunciarem em minhas revistas. Na mesma hora peguei o telefone, liguei para ele e combinei um almoço. E lá ele me disse do contrato com Demi, cujo rosto se tornaria a marca daquela linha de cosméticos.

Fiquei muito feliz em saber que ela teria aquela opção, o que lhe garantiria com certeza uma vida melhor. E para que isso acontecesse mais rapidamente, ofereci a ele a propaganda em minhas outras revistas e material de editoração também, sem cobrar. Desde que parte do lucro com o aumento das vendas fosse repassado a Demi.

Leon não acreditou. Eu era esperto e sagaz na hora de fechar negócios, nunca saía sem lucrar com alguma coisa. E abrir mão assim daquele lucro em especial, sendo generoso, o fez me olhar com outros olhos e dizer em meu escritório:

- Demi sabe que você a ama desse jeito?

- Ela não acredita. – Sorri, mas sem vontade. – Mas não quero que ela saiba de nada. Só queria pedir em troca um favor.

- Claro. Diga. – Observava-me.

- Essas fotos que ela fez. Poderia me dar alguma para ampliar? Gostaria de fazer um quadro para mim.

- É sua, rapaz. Escolha a que quiser e o tamanho do quadro, meu estúdio faz e entrega em sua casa. Vou mandar que tragam as fotos para você escolher.

- Tudo bem.

Ao final da reunião, quando nos despedimos na porta com um aperto de mão, Leon pôs a

mão em meu ombro e fitou meus olhos, dizendo:

- Faça Demi saber que você mudou.

- Ela não acredita.

- Faça-a acreditar.

Eu não disse nada. Simplesmente não sabia como.

Observando-a de longe, vi quando foi com Selena em uma clínica de exames e saiu de lá rindo, com o resultado do que supus ser uma ultrassonografia na mão. Senti um misto de tristeza e mal-estar sabendo que eu teria gostado de ter ficado ao seu lado, ver imagens do nosso filho pela primeira vez.

E procurei Selena em busca de informações. No início ela nem quis me receber. Depois foi fria e seca. Mas acabou me dizendo que estava tudo bem com a gravidez e com Demi. E que era muito cedo ainda para saber o sexo do bebê.

Há pouco tempo, liguei para ela de novo em busca de informações e repetiu a mesma coisa. Tudo bem e sem novidades. Coisa que Matheus também me disse quando nos encontramos sem querer em um restaurante. Havia uma distância e uma polidez entre nós, mas nos cumprimentamos e perguntei por Demi. Ele informou de boa vontade e me observou o tempo todo Ao final emendou:

- Você mudou de verdade, Joe.

- E o que isso significa? Que vai desistir de Demi? – O ciúme era o pior, o difícil de controlar.

- Somos apenas amigos. – Garantiu.

Eu estava irritado, mas não disse mais nada. Dei um jeito de ir logo embora.

Vi sua barriga crescer de longe. Parecia impossível, mas Demi ficou ainda mais linda. A pele reluzia, os cabelos brilhavam, havia um sorriso diferente em seus lábios. Não engordou nem ficou inchada ou cansada. Era a imagem da beleza e da saúde, a barriga grande abrigando nosso filho, a felicidade explícita em seu rosto.

Percebi que eu não fazia nenhuma falta e vislumbrei o futuro. Quando tivesse o bebê e passasse um tempo, ela ia refazer sua vida. Na certa com Matheus. Eu poderia ver a criança de acordo com visitas estipuladas pela justiça e seria obrigado a ser praticamente um estranho na vida do meu filho, enquanto via a mulher que eu amava feliz com outro homem.

A dor que eu sentia não tinha explicação. E talvez explicasse minha falta de ânimo para tudo. O que ainda me sustentava era o trabalho. De resto, eu ficava em casa, eu me fechava e me conhecia a cada dia um pouco mais.

Minha avó tentava me forçar a ser como antes. Ligava para saber se eu estava comendo, se desesperava quando me via, reclamava do meu abatimento, do meu jeito mais silencioso e compenetrado. Eu garantia que estava tudo bem. Mas via que não acreditava e que ficava nervosa. Felizmente respeitou a minha vontade de não se meter mais em minha vida e não procurou Demi.

Eram quatro meses vendo Demi só de longe. Quatro meses sendo um novo homem. Mas tudo isso cobrava seu preço e eu sentia que a cada dia se tornava mais insuportável aquela distância. Tudo o que eu queria era participar da gravidez, estar ao lado dela, receber o seu perdão. E quando Leon me convidou para a sua festa, eu soube que era a oportunidade de estar com Demi no mesmo ambiente sem ir diretamente procurá-la.

Naquela noite, enquanto me vestia para ir para a festa, eu fitava seu quadro na parede do meu quarto. Era só o seu rosto, em preto, branco e tons de cinza. Tomava quase que uma parede inteira e era a primeira coisa que eu via ao acordar e a última ao me deitar.

Tinha se tornado a minha companhia. Um vislumbre do que tive e joguei fora. Um marco em

minha vida. Aquela que mostrou o paraíso e agora me deixou mergulhar no inferno.

Vezes sem conta relembrava dela em meu apartamento, seu susto ao ver Juliane em minha cama, seus olhos como poços de dor, as lágrimas pingando sobre as fotos das minhas depravações. E saber que eu causara tudo aquilo me dava forças para suportar a dor e a saudade. Eu merecia.

Fui para a festa com um nervosismo que só aumentava conforme eu me aproximava da casa de Leon. Era como se toda minha vida se encaminhasse para aquele momento. Meus sonhos e desejos, meu amor, tudo se concentrava no único objetivo de estar perto de Demi novamente. E do nosso filho. Eu já nem pedia mais perdão. Eu queria qualquer migalha.

Eu a vi de imediato ao chegar na entrada do jardim dos fundos. E parei, emocionado, sem ar, sentindo o coração bater tão forte que doía. Ela ria, lindíssima em um longo vestido creme com alças grossas, que caía suavemente modelando os seios mais cheios e redondos e abarriga arredondada. Seus cabelos caíam em ondas suaves e douradas até o meio das costas. Parecia uma deusa de luz e beleza.

A gravidez aumentara aquela aura de suavidade em volta dela, de feminilidade. Seu sorriso era mais lindo e verdadeiro do que eu me lembrava e senti dor por dentro, imaginando que nunca mais sorriria daquele jeito para mim. Eu me senti massacrado, todo sofrimento e saudade daqueles meses parecendo pesar de uma vez em meus ombros, me fazendo padecer como um condenado, de culpa e arrependimento, de angústia e raiva de mim mesmo.

E foi naquele momento que Demi me olhou. De repente, virou a cabeça e lá estavam seus olhos prateados nos meus, um sobressalto em suas feições. E naquelas frações de segundos em que não pôde disfarçar, eu vi; vi um espelho da minha alma e da minha dor, dos meus sentimentos; vi saudade e amor, e uma felicidade exposta. E senti um baque por dentro, uma adrenalina de paixão e esperança, uma chama no meio da escuridão, que eu já tinha desistido de encontrar.

Então ela se deu conta. Piscou e suas feições endureceram. Seus olhos se tornaram raivosos, seus lábios se apertaram. Mas o que não sabia é que já era tarde demais. Eu tinha visto. E fui até ela, todas as minhas defesas no chão, vaidade e arrogância esquecidas em uma realidade que não era mais minha. Fui movido apenas por dois sentimentos: esperança e amor. Não sabia se eles me bastariam, mas era o que eu tinha para oferecer.

Demi pareceu se assustar. E fugiu. Murmurou algo para Matheus ao seu lado, que a olhou de cenho franzido e então me viu. Ficou quieto, imóvel. E ela passou por ele e se afastou, o vestido leve esvoaçando em suas pernas, que a levavam para longe de mim. Se o objetivo era que eu desistisse, não o alcançou. Eu segui em frente, mais decidido do que nunca.

Passei por todos e não cumprimentei ninguém. Nem vi que Leon estava a minha frente, observando-me. Eu só via Demi dobrando a lateral da casa, com certeza buscando a entrada dos fundos para se refugiar em algum banheiro. E o fato dela não ter condições de me encarar me deu mais esperanças. Seria pior se me desprezasse com frieza.

Virei também depois da parede. Era um local tranquilo e vazio, cercado de belas plantas que balançavam sob a brisa da noite. Apressei o passo e a alcancei antes que conseguisse entrar em casa. Eu segurei seu braço e a virei para mim.

Demi me olhou sobressaltada e com raiva. Puxou o braço e se encostou na parede atrás dela, ao lado de um caramanchão. Naquele momento nem pude me incomodar com seu ódio. Eu estava ocupado demais me desmanchando na felicidade plena de vê-la tão perto, de sentir seu perfume e poder olhar sua barriga linda, a poucos palmos da minha mão.

Embargado, não consegui resistir. Ergui a mão direita, doido para tocar nosso filho através

de sua barriga, senti-lo ali, mas sua voz baixa e cortante me paralisou:

- Não.

Eu fitei seus olhos. Não havia amor nem nada do que me deixou ver naqueles segundos. Só aquela mágoa, aquela raiva, aquele desprezo que pareciam ter se enraizado dentro dela.

- Você está linda. – Falei baixinho.

Ergueu um pouco o queixo, sem tirar os olhos dos meus.

- Está bem? – Indaguei. Meu peito ardia. Minha vontade era de abraçá-la e beijá-la, pegá-la no colo e sumir para um lugar onde só estivéssemos nós dois, de onde nunca mais a deixaria escapar.

- Ótima. Desculpe, mas preciso ir ao banheiro.

- Espere. Por favor. – Algo em meu tom a fez ficar lá, mal respirando. Passei o olhar pelos seios tão mais cheios que antes e a barriga redonda. Uma emoção indescritível me bombardeou e senti os olhos arderem. Indaguei baixo e rouco: - E o nosso filho?

- Filha.

Fitei seus olhos na mesma hora. Um sorriso bobo veio de imediato aos meus lábios. - Filha? – Murmurei.

- Soube hoje. É uma menina.

Eu não consegui dizer nada, embargado. Fiquei lá, olhando-a, lutando para não chorar, coisa que tinha aprendido a fazer bem nos últimos tempos. Por fim sussurrei:

- Eu queria ter estado lá.

- Não foi preciso. Matheus foi comigo.

Suas palavras cruéis, com o intuito de machucar, atingiram o alvo. Foi pior do que tomar um soco. Senti o ar escapar dos pulmões e dor no peito. Uma dor horrível e dilacerante.

O que eu havia perdido. Tanta coisa da qual estava sendo privado, castigado duramente, mas por merecimento. Por culpa minha. Mesmo assim doía demais. Latejava e sangrava. - Me perdoe, Demi. Eu não suporto mais ficar longe de você e da nossa filha.

- Nunca. – Disse bem fria.

- Então me deixe ao menos estar perto, ir na próxima consulta, ajudar a escolher o nome dela ...

- Não.

- Vai me castigar o resto da vida?

- Eu não quero você perto dela. Por que não esquece que existimos?

- Como? – Indaguei, sentindo raiva. – Como se penso em vocês a cada minuto do meu dia? Se como e respiro com você na minha mente, doente de saudade? Se nada mais na minha vida importa sem vocês?

- Não vai me convencer com suas mentiras. – Quase cuspiu as palavras, com ódio.

- Não são mentiras! – Perdi qualquer controle, as emoções vindo à tona, todas lá, expostas pelo meu desespero. Agarrei seus braços, me aproximando, enquanto arregalava os olhos. – Eu fui sujo, menti, enganei, mas aprendi! Me culpo todos os dias, Demi! E tudo isso me fez mudar, fez com que eu me tornasse um homem melhor. Não aguento mais de tanta saudade, querida ... Eu te amo muito! Eu amo nossa filha. Por favor, olhe para mim. Veja como estou dizendo a verdade!

- Não! – Tentou se soltar, mas não deixei, com medo que fugisse. – O que vejo é um falso! Tão logo consiga o que quer, vai voltar a enganar como sempre fez. Por que esse é você, Joe. E não quero nunca mais passar a dor que me causou! Nunca mais!

- Vou passar a vida provando que te amo! Acredite em mim! Pelo menos me dê uma chance de provar, Demi ... – Não aguentava mais e lágrima desceram dos meus olhos, a dor

rasgando, me tomando por dentro. Puxei-a para dentro dos meus braços, sem noção de mais nada, tão necessitado dela que era desesperador. – Eu te amo ... Eu te amo ...

Enfiei os dedos em seus cabelos e a beijei na boca. Ela se assustou, fez como se fosse gritar, empurrou meus ombros. Mas eu me mantive firme e enfiei a língua entre seus lábios, gemendo rouco, buscando a língua dela. Fui inebriado por seu cheiro e seu sabor, por sua textura, enquanto a beijava com tudo de mim, com amor e saudade, com uma paixão que latejava e extravasava.

E então Demi cedeu. Seus dedos apertaram meus ombros, a boca se abriu sôfrega sob a minha, a língua duelou ferozmente com minha língua e nós nos agarramos e beijamos em uma explosão de sentimentos reprimidos por tanto tempo, apaixonados e violentos, como e o mundo e o tempo parassem para aquele momento.

Espalmei a mão em sua barriga esticada e redonda, beijei-a, enquanto as lágrimas desciam e eu não me importava, nem me dava conta, meus dedos enterrados em seu cabelo na nuca, minha boca sugando a dela sem controle, desesperadamente, enquanto eu vivia e renascia ali.

Passei a mão, acariciando nossa filha, tão emocionado e feliz que pensei que fosse morrer, meu coração batendo furioso, corpo e alma fundidos em um só, concentrados naquele momento. E então, sem que eu esperasse, Demi me empurrou, parando de me beijar, encostando-se na parede com olhos arregalados e respiração pesada. Vi pavor e raiva ali, enquanto tremia e dizia rascante:

- Nunca mais toque em mim! Não vai me enganar nunca mais!

Ia fugir desesperada, mas a segurei, o medo me envolvendo, sentindo-me gelado. - Demi, eu não ...

- Me larga! Eu não quero!

Começou a se debater, furiosa, e eu senti todas as minhas esperanças caírem no chão. Depois daquele beijo, eu sabia que não aguentaria mais voltar para minha vida vazia, ficar sem ela. Perdi a razão, o orgulho, tudo. Simplesmente caí de joelhos aos seus pés e abracei-a, beijei sua barriga, supliquei com voz embargada:

- Me perdoa. Vou provar que mudei, Demi. Acredite no meu amor.

Ela ficou imóvel. Ergui meus olhos onde eu não disfarçava nada e me expunha todo.

- Eu amo você ... – Falei baixinho.

- Pois eu não te amo mais. Nem quero você na minha vida. – Tremia e empurrou meus braços. Eu não forcei mais nada. Fiquei completamente no chão, sem voz, sem ar , sem a mim mesmo. E perdi tudo, quando andou para o lado e deu o golpe final: - Nunca mais quero ver você. Eu amo o Matheus.

E se foi.

Eu continuei de joelhos no chão, sozinho, humilhado.

Tinha me enchido de esperança e felicidade. Mas agora estava no inferno. De onde não sairia nunca mais.

Levantei devagar. Nem me importei em tirar a terra e a grama da minha calça. Nem voltei para a festa. Entrei na casa como um robô e saí pela frente. Não sabia mais para onde ir e o que fazer da minha vida.

E saí sem destino. Nada mais importava.

Eu tinha parado em um bar. O primeiro que vi no caminho. Não suportava mais conviver comigo mesmo, com a culpa, com a dor. Nada parecia o suficiente para suplantar aquilo, nem todo meu dinheiro, nem as mulheres mais lindas do mundo. Nada. Eu só queria esquecer um pouco quem eu era e o que me martirizava tanto que não dava para suportar.

Pedi uísque. Era barato, vagabundo, de uma marca ruim. Tomei assim mesmo. Foram

várias doses, uma atrás da outra. Então comprei a garrafa e fui para uma mesa de canto, toda rabiscada naquele pé sujo. Virei o copo, mal parando para respirar. Até que o álcool começou a me anestesiar.

Uma garçonete que servia as outras mesas, de meia idade e toda maquiada, parou ao meu lado e balançou a cabeça, penalizada:

- O que um homem como você pode estar passando de tão ruim assim?

- Perdi a minha mulher ... – As palavras se embolavam em minha língua. – E a minha filha.

- Ah, meu Deus! Tadinho. – Balançou a cabeça. – Mas não pode ficar aqui sozinho, enchendo a cara. Por que não vai para casa?

- Não ... – Sacudi a cabeça e ela latejou. Senti vertigem, quase tive ânsias de vômito. E virei mais uma dose.

Ela suspirou e se afastou. Depois que eu quase tinha terminado a garrafa toda e caía sobre a mesa, totalmente bêbado, ela voltou. Sentou ao meu lado e mexeu no meu bolso. Pegou minha carteira e a olhei, sem fazer nada. Dei de ombros.

- Pode ... pode levar tudo. – Disse enrolado.

- Não, querido. Não quero nada. – Abriu, pegou minha identidade e leu. – Joe moreno.

Hum ... Joe é nome de rei.

- Minha avó ... – Solucei, desabando com a cabeça sobre meus braços na mesa. – Ela acha ... que sou um reizinho ... Reizinho de merda ...

Tentei rir, mas lágrimas pularam dos meus olhos. Ela guardou de novo a carteira em meu bolso e revistou os outros até achar o celular.

- Qual o nome da sua avó?

- Dantela.

- Está bem.

Muito tonto, consegui manter um olho sobre ela. Vi que falava com alguém ao telefone.

Pesquei parte das palavras em minha mente entorpecida:

- Sim, no bar ... bêbado ... a filha ... perigoso ... Espero.

Então comecei a cochilar, mas ela me acordou, devolvendo o celular ao bolso, passando a mão em meu cabelo.

- Fique tranquilo. Sua avó vem te buscar. Vai ficar tudo bem.

- Não quero ... ir embora. Me dá ... Mais ... Uma dose.

- Nada de mais uma dose, reizinho Joe. Fique calmo aí.

Acho que dormi. Acordei com vozes femininas e alguém me balançando. Fitei Alcântara, o motorista da minha avó, tentando me levantar.

- Cara ... Vamos beber ... – Convidei.

- Não, seu Joe. Vamos lá, o carro está aqui em frente, ajudo o senhor.

- Não quero ...

- Joe ... – Minha avó estava na minha frente, parecendo desesperada. – Vem, querido. Vamos embora.

- To bem aqui, vó.

Ela se virava para a garçonete, entregando-lhe notas de dinheiro.

- Obrigada por ter nos chamado.

- Não, não precisa disso. Pode ficar tranquila.

- Eu insisto, por favor. Por favor.

- Se é assim. – Ela aceitou.

- Vamos, Joe.

Eu não conseguia nem ficar de pé. Alcântara e o dono do bar praticamente me arrastaram

até o carro da minha avó, onde me colocaram deitado, com a cabeça no colo dela. Fechei os olhos enquanto nos afastávamos e Dantela acariciou meu cabelo.

- O que foi fazer, querido? Não aguento mais ver esse sofrimento todo.

Tentei me concentrar em suas palavras. Lambi os lábios secos. Expliquei com voz grogue: - Vou ter uma ... filha.

Ela parou com a mão em meu cabelo.

- É menina? – Murmurou.

- É. E nunca ... nunca vou poder ... criar minha ... filha. Nem ver ...

- Claro que vai!

- Ela vai ... me odiar ... Igual a... Demi. – Funguei e comecei a chorar como um bebê. – Acabou ... acabou tudo ...

- Joe ... – Ela me apertou forte e parecia chorar também.

Não conseguia dar conta de tudo. E desabei nos braços dela.

13 comentários:

  1. Mais q caralho Demi ta chata ein?! Vai acaba perdendo o bebê com tanto ódio!!!! Já tabom né do Joe sofrer !!! To triste �� posta mais

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  2. Posta mais ta perfeito!!!!!

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  3. OMGGGGGGGGGGGGG posta mais

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  4. Aaaaai Demi perdoa o Joe logo!!!posta mais please.

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  5. Mas que raiva da Demi meu, e eu que me achava rancorosa. Ela está muito idiota até; a menina é filha dele também e ela não pode impedir ele de participar da vida dela. Eu to ficando com muita raiva da Demi, se antes eu não tinha, agora eu tenho.

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  6. Pqp Demi ta um saco!!!! Posta mais!!!!

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  7. Essa história me lembra o clipe do diddy e keyshia cole last night ,tem uma cena do cap no clipe

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  8. Que porra carvalho! A Demo ta sendo uma filha da puta! Ela simplesmente não pode proibir o Joe de ver a filha dele.Ele é o pai da bebê e ela não pode fazer isso! Mentido para ela mesma, tentando se enganar, como se não amasse mais ele, como se não sentisse falta dele, isso não vai funcionar porque ela não pode mentir para si mesma, pode enganar quem for, mas não ela mesma
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  9. Tbém acho que ela já esta exagerando na dose..... por todas as informações que ela teve a respeito dele já dava pra ela perceber que ele mudou.... tenho esperança que esse beijo vai mexer com ela, na hora ficou assustada e exagerou bastante dizendo que ama o Matheus, ela tem que cair na real e tentar dar uma chance pra ele pelo menos participar do final da gravidez . Acho que a avó rabuja dele vai atras dela de novo. Posta mais por favor.......

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  10. Cara nao aguento ver o Joe sofre, A Demi tem que perdoa o Joe ne.
    Por favor poste logo!! Beijos

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