31.1.15

Sem Limites - Capitulo 18

Aqui está mais um. Eu acho que a Bru estava ocupada hoje e eu tbm estava... bom, comenten para o próximo. Beijooos ♡

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Joe não começou com delicadeza: sua boca foi firme, exigente. Isso me agradou. Foi romântico, foi real. Além disso, ele estava usando o piercing na língua. Eu não tinha reparado mais cedo, mas agora senti. Aquele negocinho tornava cada movimento da sua língua atrevido. Era como saborear algo que eu sabia ser proibido.

Ele segurou o meu rosto com as duas mãos. O ritmo dos seus beijos diminuiu, e ele então se afastou sem soltar o meu rosto.

– Venha comigo até lá em cima. Quero lhe mostrar o meu quarto. – Ele deu um sorriso safado. – E a minha cama.

Concordei e ele soltou o meu rosto. Segurou a minha mão, entrelaçou os dedos nos meus e apertou. Sem dizer nada, ele me conduziu escada acima puxando com delicadeza, tamanha a sua pressa. Quando chegamos ao primeiro andar, ele me imprensou contra a parede e me beijou com sofreguidão, mordiscando os meus lábios e acariciando a minha língua com a sua. Recuou um pouco e respirou fundo.

– Ainda falta um lance – falou, com a voz rouca, empurrando-me em direção à porta no final do corredor.

Passamos pelo meu quarto e ele fez uma pausa. No início pensei que talvez quisesse entrar lá, mas ele só parou quando chegamos à porta estreita no m do corredor. Será que ali caria a escada que levava ao seu quarto? Ele sacou uma chave, destrancou e abriu a porta, em seguida acenou para eu passar.

Os degraus eram de madeira maciça como os da outra escada, mas eram íngremes e ladeados por paredes.

Quando cheguei ao último degrau, congelei. A vista era de tirar o fôlego. O luar refletido no mar proporcionava ao quarto o fundo mais espetacular que se poderia imaginar.

– Foi por causa deste quarto que falei para minha mãe comprar a casa. Mesmo aos 10 anos de idade, já sabia que era um quarto especial – sussurrou Joe atrás de mim enquanto me abraçava pela cintura.

– É incrível – sussurrei.

Tive a sensação de que, se falasse alto demais, iria estragar o instante.

– Nesse dia, liguei para o meu pai e disse que tinha encontrado uma casa em que gostaria de morar. Ele transferiu o dinheiro e a minha mãe comprou o imóvel. Como ela adorava a localização, era aqui que a gente passava os verões.

Ela tem uma casa em Atlanta, mas prefere esta.

Ele estava falando sobre si, sobre a sua família. Estava tentando. Derreti mais um pouco. Deveria impedi-lo de se insinuar ainda mais para dentro do meu coração; não queria sofrer quando tudo terminasse e ele fosse embora. Mas queria saber mais a seu respeito.

– Eu nunca iria querer sair daqui – falei, com toda sinceridade.

Ele beijou de leve a minha orelha.

– Ah, mas você não viu o meu chalé em Vale nem o meu apartamento em Manhattan.

Não, eu não tinha visto nem nunca veria, mas podia imaginá-lo nesses lugares. Tinha assistido bastante a séries e filmes na televisão para saber como deviam ser. No inverno, podia visualizá-lo diante de uma lareira acesa em um luxuoso chalé nas montanhas, com o chão lá fora coberto de neve. Ou então relaxando no apartamento com vista para Manhattan. Talvez da janela desse para ver a grande árvore de Natal que eles montavam na cidade todos os anos.

Joe me virou para a direita até eu ficar de frente para uma cama king size. Era toda preta, tanto a cama quanto a colcha que a cobria. Até os travesseiros eram pretos.

– E essa é a minha cama – disse ele, conduzindo-me até lá com as mãos nos meus quadris.

Eu não iria pensar em todas as garotas que já tinham estado ali antes de mim. Não iria pensar. Fechei os olhos e bloqueei totalmente essa ideia.

– Demi, mesmo que a gente só se beije ou converse, não tem problema. Eu só queria que você subisse aqui. Para ficar pertinho de mim.

Meu coração cedeu mais um pouco. Eu me virei para encará-lo.

– Você não está falando sério. Já vi você em ação, Joe Jonas. Não traz garotas para este quarto imaginando que vão só conversar.

Tentei soar provocante, mas a minha voz falhou quando mencionei as outras garotas.

Ele franziu o cenho.

– Demi, eu não trago ninguém aqui para cima.

Como assim? É claro que trazia.

– Na primeira noite em que cheguei, você disse que a sua cama estava lotada – lembrei-lhe.

Ele deu um sorriso de ironia.

– Sim, porque eu estava dormindo nela. Não trago garota nenhuma para cá. Não quero desonrar este espaço com sexo sem importância. Eu adoro este quarto.

– No dia seguinte de manhã tinha uma menina aqui na casa. Você a tinha deixado na cama e ela desceu de calcinha e sutiã para procurá-lo.

Joe pôs uma das mãos debaixo da minha camiseta e começou a afagar as minhas costas com pequenos gestos circulares.

– O primeiro quarto à direita é onde Grant dormia até os nossos pais se divorciarem. Eu agora o uso como abatedouro. É para lá que levo as garotas, não para cá. Nunca aqui. Você é a primeira. – Ele fez uma pausa e os seus lábios ameaçaram um sorriso. – Bem, eu deixo Henrietta subir uma vez por semana para fazer a faxina, mas juro que não rola sacanagem nenhuma entre a gente.

Será que aquilo queria dizer que eu era especial? Que não era uma de muitas? Meu Deus, tomara que sim. Não... tomara nada. Eu precisava cair na real. Ele não demoraria a me deixar. Os nossos mundos não convergiam; nem sequer se aproximavam.

– Por favor, me beije – falei, ficando na ponta dos pés e encostando a boca na dele antes que ele conseguisse protestar ou sugerir de novo que conversássemos.

Eu não queria conversar. Se conversássemos, iria querer mais.

Joe me empurrou para cima da cama e cobriu o meu corpo com o seu enquanto enroscava a língua na minha. Desceu as mãos pelas laterais do meu corpo até encontrar os joelhos, abriu as minhas pernas e se acomodou entre elas.

Eu queria senti-lo mais. Agarrei a sua camiseta com as duas mãos e puxei. Ele entendeu a indireta e interrompeu o beijo por tempo suficiente para tirá-la e jogá-la para o lado. Dessa vez eu tinha espaço para explorar o seu corpo. Alisei os seus braços e os bíceps saltados e durinhos. Depois levei as mãos ao peito e corri os dedos por sua barriga, suspirando de prazer com a sensação de cada músculo rijo. Escorreguei as mãos para cima, contornei com o polegar cada um dos peitorais trabalhados e senti os mamilos se retesarem. Nossa, como ele era gostoso!

Joe recuou e começou a desabotoar a camisa branca do meu uniforme com gestos quase frenéticos. Depois de abrir o último botão, afastou o tecido para trás e puxou o meu sutiã para baixo até os meus seios pularem dos bojos de renda que os cobriam.

Ele pôs a língua para fora e acariciou um dos mamilos com a ponta. Passou para o outro e fez a mesma coisa antes de abaixar a cabeça e enfiá-lo na boca de uma vez só.

Meu corpo se arqueou contra o seu e a rigidez que eu havia sentido roçar na minha coxa estava agora alojada bem entre as minhas pernas, fazendo pressão no ponto exato que eu sentia latejar.

– Ah! – exclamei, esfregando-me no seu pau duro e desejando senti-lo mais ainda.

Joe deixou o meu mamilo escapar da boca e, sem tirar os olhos de mim, foi baixando o corpo e me deixou outra vez sem a pressão de que eu necessitava. Abriu o fecho da minha saia e começou a puxá-la para baixo, devagar, junto com a calcinha. Não deixou de me encarar nem por um segundo.

Eu me ergui um pouco para que ele pudesse me despir com mais facilidade. Ele se sentou sobre os calcanhares e me pediu para sentar também. Eu estava disposta a fazer qualquer coisa que ele pedisse. Assim que me sentei, ele tirou o resto da minha blusa, abriu o meu sutiã e o jogou longe.

– Você nua na minha cama é ainda mais inacreditavelmente linda do que eu imaginei que seria... e você não sabe o quanto eu já imaginei isso.

Ele tornou a se deitar em cima de mim, passou os braços por baixo dos meus joelhos e se acomodou outra vez entre as minhas pernas. Só que ele ainda estava de short. Queria tanto que ele tirasse... Ah!

Joe tinha movido o quadril sobre as minhas pernas abertas e apertado bem no lugar que eu precisava.

– Assim! Por favor!

Arranhei as suas costas; queria-o ainda mais perto.

Ele baixou o corpo e moveu as mãos para segurar a parte interna de cada uma das minhas coxas enquanto beijava o meu umbigo e depois o topo do monte de vênus. Minha ânsia de puxar alguma coisa foi tal que tive a impressão de que ele não tinha cabelo suficiente.

Seus olhos cor de prata relancearam para cima e se cravaram nos meus quando ele pôs a língua para fora e fez o piercing de prata deslizar bem em cima do meu clitóris. Gritei o seu nome e segurei o lençol embolado para não cair da cama. A sensação que eu tinha era a de que poderia sair voando feito um foguete por aquelas imensas janelas.

– Nossa, como você é doce – arquejou ele, abaixando a cabeça para tornar a me tocar com a língua.

Eu já tinha ouvido falar naquilo. Sabia que existia, mas jamais imaginara que pudesse ser tão bom.

– Joe, por favor – choraminguei.

Ele parou de me chupar. O calor do seu hálito banhava o latejar que ele mesmo havia provocado.

– Por favor o que, gata? Fale para mim o que você quer.

Balancei a cabeça de um lado para o outro e fechei os olhos com força. Não conseguia dizer, não sabia como dizer.

– Demi, eu quero ouvir você falar – disse ele com um sussurro.

– Por favor, me chupe outra vez – falei, engasgada.

– Delícia – exclamou ele antes de tornar a deslizar a língua pelo meu sexo.

Então pôs o meu clitóris inchado inteiro na boca e me projetou em órbita no espaço. O mundo explodiu em mil cores e a minha respiração parou quando o prazer atravessou o meu corpo.

Foi só quando voltei dessa viagem que reparei que Joe tinha se afastado e estava se deitando outra vez em cima de mim, agora nu.

– Já pus a camisinha; preciso meter em você – sussurrou ele junto ao meu ouvido enquanto abria as minhas pernas.

Senti a ponta do seu sexo me penetrar.

– Caralho, como você está molhada. Vai ser difícil não entrar de uma vez só.

Vou tentar me segurar, juro.

A voz dele saiu com esforço e as veias do seu pescoço saltaram quando ele me penetrou um pouco mais. Seu sexo me expandiu por dentro, mas foi gostoso. A dor que eu imaginara não existia. Mudei de posição para abrir ainda mais as pernas e Joe engoliu em seco e parou de se mexer.

– Não se mexa. Por favor, gata, não se mexa – implorou ele sem mover um músculo sequer.

Em seguida, penetrou mais fundo o meu canal estreito e eu então senti a dor.

Tensionei o corpo e ele também.

– É isso. Vou meter rápido, mas depois paro para deixar você se acostumar.

Concordei, fechei os olhos e estendi as mãos para segurar os seus braços. Ele recuou o quadril e em seguida o projetou para a frente com um movimento seco. Senti uma dor quente e gritei, apertando os seus braços com força e me segurando enquanto a onda varria o meu corpo.

Pude ouvir a respiração acelerada e ofegante de Joe enquanto ele se mantinha totalmente parado. Não sabia exatamente a sensação que um cara tinha, mas pude ver que não era fácil: ele também estava sentindo uma espécie de dor.

– Tudo bem. Está tudo bem – sussurrei quando a dor diminuiu.

Ele abriu os olhos e me encarou. Seu olhar estava enevoado.

– Tem certeza? Porque, gata, eu quero muito continuar.

Fiz que sim com a cabeça, ainda segurando os braços dele, para o caso de a dor voltar quando ele se mexesse. Ele recuou o quadril e tive a impressão de que estava tirando, mas então arremeteu devagar e tornou a me preencher. Dessa vez não senti dor nenhuma. Senti-me apenas expandida e completa.

– Está doendo? – perguntou Joe, contendo-se outra vez.

– Não. Estou gostando – garanti a ele.

Ele tornou a recuar o quadril e então mergulhou fundo, arrancando de mim um gemido de prazer. Aquilo era bom. Era mais do que bom.

– Você gostou? – perguntou ele, assombrado.

– Gostei. É bom demais.

Ele fechou os olhos, jogou a cabeça para trás e soltou um grunhido enquanto começava a se movimentar mais depressa. Senti a minha excitação começar a aumentar outra vez. Seria possível? Será que eu podia ter outro orgasmo tão cedo assim?

Tudo o que eu sabia era que queria mais. Ergui o quadril para me encaixar no movimento dele e isso pareceu fazê-lo perder o controle.

– Isso. Nossa, você é incrível. Tão apertadinha. Porra, Demi, como você é apertadinha – disse ele aos arquejos enquanto se movia dentro de mim.

Levantei os joelhos para poder envolver a sua cintura com as pernas e ele começou a tremer.

– Está chegando lá, gata? – perguntou, mal conseguindo falar.

– Acho que sim – respondi, sentindo a pressão aumentar dentro de mim.

Só que eu ainda não estava lá, porque no começo a dor havia diminuído o ritmo do meu prazer. Joe então pôs a mão entre nós dois e esfregou o polegar bem no meu clitóris.

– Ah! Isso, aí mesmo – gritei, agarrando-me a ele enquanto a onda me engolfava.

Joe soltou um rugido, ficou rígido e totalmente imóvel, depois arremeteu dentro de mim uma última vez.

Sem Limites - Capitulo 17

Olá meninas!! é a Mari! olha, me desculpem pela demora que está sendo agora para postar mas é que eu estava muito ocupada esses dias, principalmente hoje, eu ainda tenho coisas pra resolver da faculdade... e a Bru tbm está ocupada, mas não queremos deixar vcs sem postagem. Amanhã não poderei postar, mas vou pedir para a Bru se ela poder fazer uma maratona para vcs pq vcs merecem. Beijooos <3
 
ps. eu acho que já vem hot no próximo! ashdgsad
ps. Meninas que leem meu outro blog, eu tive um problema que eu irei explicar depois lá quando eu for postar, que infelizmente eu não pude ficar no not. mas, eu estou agora escrevendo para postar logo para vcs. *---*

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Abri a porta da picape com força, satisfeita por ter chegado ao fim daquele dia. Meu olhar foi atraído por uma caixinha preta e um bilhete que estavam em cima do banco do motorista. Estendi a mão e peguei o papel.

Demi,

Isto é um celular, você precisa ter um. Falei com o seu pai e ele me pediu que comprasse para você. É um presente dele. As ligações e torpedos são ilimitados, pode usar o quanto quiser.

Joe

Meu pai tinha dito a Joe para me comprar um telefone? Sério mesmo? Abri a caixa. Guardadinho lá dentro havia um iPhone branco, com capinha dura e tudo. Peguei o aparelho e passei alguns segundos o estudando. Apertei o pequeno botão redondo na parte inferior e a tela se acendeu. Meu pai não me dava um presente desde o meu aniversário anterior à sua partida. Antes de Valerie morrer. Tinha dado uma scooter elétrica com capacete para cada uma.

Entrei na picape e fiquei segurando o celular. Será que podia ligar para o meu pai com aquilo? Seria bom se ele me explicasse por que não estava em casa. Por que tinha me mandado para um lugar em que eu não era bem-vinda? Ele conhecia Nan? Certamente devia saber que ela não me aceitaria. Além do mais, se ela era irmã de Joe, era também minha irmã postiça. Seria por isso que estava com tanta raiva? Porque eu tinha crescido com menos dinheiro do que ela? Nossa, que garota cruel.

Abri os contatos e vi que só havia três números salvos no aparelho. O primeiro era de Bethy, o segundo de Darla, e o terceiro de Joe. Ele tinha gravado o próprio número no meu celular. Fiquei espantada.

Nessa hora, o telefone começou a tocar uma música do Slacker Demon que eu já tinha ouvido no rádio e o nome de Joe apareceu na tela. Ele estava me ligando.

– Alô – atendi, sem saber muito bem como interpretar aquilo.

– Estou vendo que encontrou o celular. Gostou? – perguntou Joe.

– Gostei, é bem legal. Mas por que o meu pai queria que eu tivesse um celular?

Ele não tinha ligado muito para nada que eu tivesse precisado ao longo dos anos. Aquilo parecia banal.

– Por segurança. Toda mulher precisa ter um celular. Principalmente aquelas que dirigem carros com mais idade do que elas. Essa sua picape pode quebrar a qualquer momento.

– Eu ando armada – lembrei a ele.

Ele deu uma risadinha.

– Eu sei, valentona. Mas não dá para rebocar a picape com uma pistola.

Verdade.

– Você está vindo para casa?

O jeito como ele disse “casa”, como se a casa dele também fosse minha, me fez sentir um calor por dentro. Mesmo que o significado não fosse esse.

– Estou, se não tiver problema. Posso fazer outra coisa se você quiser que eu não vá.

– Não. Eu quero que você venha. Fiz comida.

Ele tinha feito comida? Para mim?

– Ah, tudo bem. Chego daqui a pouco, então.

– Até já – disse ele e desligou.

Joe estava se comportando de maneira muito estranha outra vez.

Quando entrei na casa, minhas narinas foram inundadas pelo cheiro característico do tempero usado em tacos mexicanos. Fechei a porta e fui até a cozinha. Se aquilo fosse mesmo comida mexicana caseira, eu ficaria seriamente impressionada.

Joe estava de costas quando entrei. Cantarolava uma canção que saía do sistema de som e não reconheci; era mais suave e mais lenta do que as que ele geralmente escutava. Sobre a bancada havia uma garrafa aberta de Corona com um gomo de limão no gargalo; eu tinha servido várias assim no campo de golfe.

– Que cheiro bom – comentei.

Joe olhou por cima do ombro e um sorriso se abriu lentamente no seu rosto. – Não é? – retrucou ele, limpando as mãos no pano de prato ao seu lado. Pegou a Corona e me entregou. – Tome, beba. As enchiladas estão quase prontas. Tenho que virar as quesadillas, elas precisam de mais alguns minutos. A gente deve poder jantar daqui a pouco.

Levei a Corona aos lábios e dei um golinho, sobretudo para tomar coragem. Não era assim que havia imaginado o nosso encontro seguinte. Joe era um enigma que eu talvez jamais viesse a compreender.

– Tomara que você goste de comida mexicana – disse ele, tirando as enchiladas do forno.

Joe Jonas não parecia um homem que gostasse de cozinhar, mas, nossa, como ficava sexy fazendo isso.

– Adoro – respondi. – Devo dizer que estou realmente impressionada com o fato de você saber cozinhar.

Ele ergueu os olhos para mim e deu uma piscadela.

– Tenho uma porção de talentos que deixariam você chocada.

Eu não duvidava. Tomei um gole maior da Corona.

– Calma, menina. Você precisa comer alguma coisa. Quando falei para beber, não quis dizer virar o troço todo.

Aceitei a sua sugestão e enxuguei a gotinha presa ao meu lábio inferior. Joe me observou com atenção. Seu olhar fez a minha mão tremer um pouco.

Ele desviou os olhos depressa e começou a tirar as quesadillas da frigideira. Depositou-as sobre uma travessa cheia de tacos duros e moles. Havia até burritos. Ele havia preparado um pouco de cada coisa.

– O resto já está na mesa. Pegue uma Corona para mim na geladeira e venha comigo.

Fiz depressa o que ele pedira e fui atrás dele. Joe não parou na sala de jantar, mas saiu para a ampla varanda com vista para o mar. Duas lâmpadas a querosene posicionadas no meio da mesa nos proporcionavam uma luz de velas que nunca se apagaria.

– Pode sentar, vou servi-la – disse ele, acenando para eu me sentar na cadeira mais próxima.

Só havia duas na varanda.

Eu me sentei e Joe começou a servir um pouco de cada coisa no meu prato. Ele pousou a travessa e pôs no meu colo o guardanapo que estava ao lado do meu prato. Sua boca chegou tão perto da minha orelha que o hálito morno me causou um calafrio.

– Quer outra cerveja? – sussurrou ele no meu ouvido antes de se levantar.

Fiz que não com a cabeça. Não poderia beber se ele ficasse agindo assim. Meu coração já estava batendo enlouquecido. Assim eu não conseguiria engolir nada.

Joe pegou uma cerveja e se acomodou na cadeira à minha frente. Fiquei observando enquanto ele encarava o próprio prato, depois erguia os olhos para mim.

– Se estiver horrível, não precisa dizer. Meu ego não vai suportar.

Eu tinha certeza de que nada do que ele pudesse preparar estaria ruim. Sorri, empunhei o garfo e a faca e cortei um pedacinho da enchilada que ele tinha posto no meu prato. Não havia hipótese de eu comer tudo, mas podia provar um pouquinho de cada coisa.

Bastou a comida encostar na minha língua para eu me espantar: estava tão gostosa quanto qualquer uma preparada em restaurantes mexicanos. Sorri e olhei para Joe.

– Está uma delícia e não posso dizer que estou surpresa.

Ele pôs uma garfada na boca e deu um sorriso torto. Seu ego era inabalável; talvez até fosse bom se desinasse um pouquinho. Comecei a provar as outras comidas e percebi que estava com mais fome do que pensava. Estava tudo tão bom que eu não quis desperdiçar nada.

Depois da quarta prova de cada coisa no meu prato, soube que tinha que parar. Tomei um gole de cerveja e me recostei na cadeira. Joe também bebeu para ajudar a engolir a comida. Depois de terminar, pousou a garrafa sobre a mesa e o seu olhar ficou sério. Pronto. Agora iríamos falar sobre a noite anterior. Minha vontade era esquecer tudo, principalmente porque a noite agora estava sendo tão agradável.

– Sinto muito pelo jeito como a Nan tratou você hoje – disse ele com uma voz emocionada, sincera.

– Como é que você ficou sabendo? – perguntei, sentindo-me subitamente pouco à vontade.

– O Woods me ligou. Disse que a Nan seria convidada a se retirar do clube da próxima vez que fosse grossa com um funcionário.

Woods era um cara legal. Às vezes podia ser meio exagerado nas suas abordagens, mas era um bom chefe. Assenti.

– Ela não deveria ter falado com você daquele jeito. Conversei com ela. Ela prometeu que isso não vai se repetir. Mas quero que me avise caso aconteça em algum outro lugar, por favor.

Então aquele jantar era um pedido de desculpas pelo mau comportamento da sua irmã mais nova, não uma reconciliação entre nós dois. Não era um encontro romântico como a minha imaginação dera um jeito de inventar. Joe estava apenas se desculpando por Nan.

Empurrei a cadeira para trás e peguei o meu prato.

– Obrigada. Fico grata pelo seu gesto, foi muito gentil da sua parte. Garanto que não pretendo ir correndo contar para o Woods se a Nan tornar a ser grossa comigo. Ele só presenciou a cena de hoje por acaso. – Peguei a minha cerveja. – Estava tudo ótimo, muito agradável depois de um dia de trabalho. Muito obrigada.

Não o encarei. Tudo o que queria era me afastar.

Entrei depressa na casa, passei uma água no prato e o pus na lava-louça, depois enxaguei a garrafa de Corona e a joguei no lixo reciclável.

– Demi – disse Joe atrás de mim, surgindo de repente ao meu lado e me encurralando.

Ele pôs as mãos de um lado e outro da bancada, e tudo o que pude fazer foi ficar parada olhando para a pia na minha frente. Seu corpo rijo e quente roçou as minhas costas, e mordi a língua para conter um gemido. Não o deixaria ver o quanto ele me afetava.

– O jantar não foi uma tentativa de me desculpar por Nan. Foi uma tentativa de me desculpar por mim mesmo. Sinto muito por ontem. Passei a noite inteira acordado querendo que você estivesse comigo, querendo não ter afastado você. Eu afasto as pessoas, Demi. É um mecanismo de proteção que eu tenho. Mas de você eu não quero me afastar.

O mais inteligente seria me afastar e mantê-lo à distância; Joe não era nem jamais seria o Príncipe Encantado de alguém. Eu não podia me permitir pensar que ele era o homem que iria me amar e me proteger. Ele nunca seria esse cara. Só que o meu coração já tinha se afeiçoado um pouco a ele. Não que isso fosse durar para sempre, mas nesse instante eu quis que ele fosse o meu primeiro. Não seria o meu último; seria apenas uma etapa no caminho da minha vida, etapa que eu talvez nunca viesse a esquecer ou superar. Era isso que mais me assustava: não ser capaz de seguir em frente.

Ele levantou a mão, afastou os cabelos da lateral do meu pescoço e beijou a curva do meu ombro.

– Por favor, me perdoe. Eu só quero mais uma chance, Demi. Quero você.

Joe seria o meu primeiro homem. Aquilo parecia certo. Bem lá no fundo, eu sabia que ele devia ser o cara a me ensinar as coisas da vida, mesmo que no final acabasse partindo o meu coração. Eu me virei nos seus braços e o enlacei pelo pescoço com as duas mãos.

– Eu o perdoo com uma condição – falei, fitando os seus olhos emocionados que me faziam esperar muito mais.

– Ok – respondeu ele, cauteloso.

– Quero ficar com você hoje. Chega de joguinhos. Chega de esperar.

A expressão preocupada sumiu na hora dos seus olhos e foi substituída por um brilho ávido.

– Nossa, claro – grunhiu ele, puxando-me para junto de si.

30.1.15

Sem Limites - Capitulo 16

Olá! Passando rápido aqui para postar pq eu preciso sair agora e a Bru esta ocupada tbm. BEIJOOOS! ♡

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Joe abriu a porta e recuou para eu poder passar. Entrei na casa e segui na direção da cozinha.

– Seu quarto agora é lá em cima – disse ele, rompendo o silêncio.

Eu sabia disso, mas estava distraída com outra coisa. Eu me virei e me encaminhei para a escada. Ele não me seguiu. Quis olhar para trás e ver o que ele estava fazendo, mas não consegui.

– Eu tentei ficar longe de você.

As palavras dele soaram sombrias. Parei e tornei a me virar para encará-lo lá embaixo; ele estava em pé no primeiro degrau da escada, com os olhos erguidos para mim. A expressão sofrida do seu rosto me deu um aperto no coração.

– Naquela primeira noite, tentei me livrar de você. Não porque você me desagradasse. – Ele deixou escapar uma risada dura e amarga. – Mas porque eu sabia. Sabia que caria a m de você. Que não conseguiria manter distância. Talvez eu a tenha detestado um pouquinho nessa hora, por causa da fraqueza que você conseguiria encontrar em mim.

– O que há de tão errado em você ficar a fim de mim? – perguntei. Precisava que ele me respondesse pelo menos isso.

– É que você não sabe tudo e eu também não posso contar. Não posso revelar os segredos de Nan. São dela. Demi, eu amo Nan. Durante a vida inteira eu a amei e protegi. Ela é a minha irmã mais nova. É isso que eu faço. Mesmo que eu queira você como nunca quis nada na minha vida, não posso revelar os segredos da Nan.

Cada palavra que saía da sua boca parecia estar sendo arrancada lá de dentro. Nan era mesmo a sua irmã e esse tipo de lealdade e amor eu entendia. Se pudesse, teria morrido por Valerie. Ela era só quinze minutos mais nova do que eu, mas eu teria feito tudo o que ela precisasse. Nenhum cara, nenhuma outra emoção, poderia ter me levado a traí-la.

– Isso eu entendo. Tudo bem. Não deveria ter perguntado. Desculpe.

Eu estava arrependida. Tinha me intrometido na vida dele e na da sua irmã. É claro que o que Bethy sabia, fosse o que fosse, era algo que eu não deveria saber. Se ela achava que a necessidade que Joe tinha de proteger a irmã seria uma questão entre nós, estava enganada.

Ele fechou os olhos com força e murmurou alguma coisa. Algo o estava atormentando. Talvez aquela situação tivesse despertado uma lembrança ruim. Por mais que eu quisesse descer lá e lhe dar um abraço, sabia que nesse exato instante não era bem-vinda. Tinha estragado tudo.

– Boa noite, Joe – falei e subi a escada.

Dessa vez não olhei para trás. Fui direto para o meu quarto.

Com as janelas do andar de cima, não havia como não perceber quando amanhecia; não era preciso nenhum despertador. O sol tinha me acordado uma hora antes do alarme tocar. Tomei uma ducha e me vesti sem pressa, agora que tinha um banheiro contíguo e mais espaço para me mover.

Não estava com disposição para comer a comida de Joe de manhã. Na verdade, não estava com disposição para comer nada, mas tinha que trabalhar dois turnos, então precisava de comida. Daria uma passada no café para uma dose de cafeína e um muffin. Era nossa responsabilidade manter lavadas e passadas a saia de linho preta curta e a blusa de algodão branco de botão que usávamos como uniforme ao trabalhar no salão do clube. Na véspera, eu dedicara algumas horas a passar a ferro as poucas peças que tinha em casa.

Calcei os tênis e desci. Ainda não ouvira nenhuma atividade no andar de cima, por isso sabia que Joe não estava acordado. Pela primeira vez, fiquei grata por não ter que encontrá-lo. Depois de uma noite de sono, os acontecimentos da véspera me deixavam envergonhada.

Eu não somente havia deixado Joe me tocar em lugares que jamais deixara ninguém tocar como depois tinha me comportado feito uma doida enxerida. Devia desculpas a ele, mas ainda não estava pronta para me desculpar.

Fechei a porta da frente sem fazer barulho e fui até a picape. Pelo menos só voltaria para casa depois de escurecer. Não precisava encarar Joe pelas próximas doze horas.

Quando cheguei, Jimmy já estava na sala dos funcionários, de avental. Depois de sorrir para mim, fez um biquinho com os lábios.

– Xi, parece que alguém não teve uma boa manhã.

Eu não podia contar os meus problemas para Jimmy; ele também conhecia os envolvidos. Tinha que guardar tudo aquilo para mim.

– Não dormi muito bem – falei.

Ele fez um muxoxo.

– Que pena. Dormir é uma coisa tão bela.

Assenti e bati o meu ponto.

– Estou sozinha hoje? – perguntei.

– Claro. Bastou você me seguir por duas horas para aprender tudo. Deve tirar de letra o dia de hoje.

Fiquei feliz por alguém pensar isso de mim. Peguei uma prancheta de pedidos e uma caneta e as guardei no bolso do avental preto.

– Hora do café da manhã – disse Jimmy com uma piscadela antes de abrir a porta que dava para o salão. – Epa, parece que o patrão está na mesa oito com amigos. Por mais que eu fosse adorar ir lá manjar aquelas bundas bonitas, eles vão preferir você. Vou servir as mamães madrugadoras do tênis na dez. Elas são boas de gorjeta.

O que eu menos queria nessa manhã era servir Woods e os seus amigos, mas não podia discutir com Jimmy. Ele tinha razão: receberia gorjetas melhores das mulheres. Elas o adoravam.

Fui até a mesa dos rapazes. Woods ergueu os olhos para mim e sorriu.

– Você fica muito melhor aqui – falou quando parei na frente deles.

– Obrigada. É bem mais fresco – respondi.

– Demi subiu na vida. Talvez eu tenha que vir comer mais aqui – disse o louro encaracolado cujo nome eu ainda não sabia.

– Talvez isso seja muito bom para o movimento – concordou Woods.

– Como foi a sua noite com Bethy? – indagou Jace. Sua voz tinha um leve traço de agressividade. Aparentemente, ele me culpava pelo comportamento dela, mas eu não estava nem aí. Para mim ele era um zero à esquerda.

– Foi divertido. O que desejam beber? – perguntei, mudando de assunto.

– Café, por favor – entoou o louro.

– Ok, entendi. Assunto proibido. Código de amizade feminina, essas paradas.

Vou querer um suco de laranja – falou Jace.

– Café para mim também – disse Woods.

– Já volto com as bebidas – respondi e, quando virei as costas, vi que havia mais duas mesas ocupadas.

Como Jimmy já estava atendendo uma delas, fui na direção da outra. Levei um segundo para perceber quem estava sentado ali. Meus pés pararam de se mexer e quei olhando Nan jogar os longos cabelos louros arruivados para trás do ombro e me olhar de cara feia. Procurei por Jimmy, que terminava de anotar os pedidos de bebida da segunda mesa. Eu tinha que fazer aquilo. Estava sendo boba. Ela era a irmã de Joe.

Forcei os meus pés a se moverem e fui até lá. Nan estava acompanhada por outra menina que eu nunca tinha visto antes, tão glamourosa quanto ela.

– Webster deve estar deixando qualquer um trabalhar aqui hoje em dia. Preciso dizer a Woods para falar com o pai dele sobre ser mais seletivo com os empregados – disse ela devagar, e alto.

Senti o rosto esquentar e soube que estava vermelha. Nesse exato momento, precisava apenas provar que era capaz de fazer aquilo. Nan me odiava por motivos que eu desconhecia. A menos, é claro, que Joe tivesse dito para ela que eu andara metendo o bedelho nos seus assuntos. Não parecia algo que ele fosse fazer, mas eu não o conhecia tão bem assim. Não mesmo.

– Bom dia, em que posso ajudá-las? – perguntei o mais educadamente possível.

A outra menina deu uma risadinha sarcástica e abaixou a cabeça. Nan me lançou um olhar raivoso, como se eu fosse algo repugnante.

– Em nada. Eu espero ser servida por alguém com mais classe quando venho comer aqui. Você não serve.

Tornei a olhar para ver se achava Jimmy, mas ele tinha sumido. Nan podia até ser a irmã mais nova de Joe, mas era uma tremenda de uma vaca. Se eu não precisasse tanto daquele emprego, diria a ela para ir se catar e iria embora.

– Algum problema aqui? – perguntou a voz de Woods atrás de mim.

Pela primeira vez desde que o conhecia, fiquei aliviada com a sua presença.

– Tem, sim. Você contratou uma vagaba. Quero que a mande embora. Eu pago caro demais como sócia deste clube para tolerar esse tipo de serviço.

Seria porque eu estava morando na casa do seu irmão? Será que ela odiava o meu pai também? Eu não queria que ela me odiasse, pois nesse caso Joe jamais se abriria comigo.

– Nannette, você nunca pagou para ser sócia daqui. Só frequenta o clube porque o seu irmão deixa. Demi é uma das melhores funcionárias que já tivemos e nenhum outro sócio pagante reclamou. Com certeza não o seu irmão. Sendo assim, querida, pode recolher as garras e descer do salto. – Woods estalou os dedos e Jimmy se aproximou depressa da nossa mesa. Devia ter saído da cozinha durante a discussão e eu não tinha percebido. – Jim, por favor, pode atender Nan e Lola? Parece que Nan tem algum problema com Demi e não quero que Demi seja forçada a servi-la.

Jimmy assentiu. Woods me segurou pelo cotovelo e me conduziu de volta em direção à cozinha. Eu sabia que estávamos chamando a atenção, mas não liguei. Estava apenas muito grata por me afastar dos observadores curiosos e poder respirar um pouco.

Assim que a porta da cozinha se fechou atrás de mim, tornei a respirar normalmente.

– Demi, eu só vou dizer isso uma vez. Você me deu um bolo outra noite na casa do Joe e não tive que perguntar o motivo: bastou saber que ele havia sumido para entender. Você tinha tomado a sua decisão e resolveu recuar. Mas o que aconteceu aqui hoje foi só um gostinho. O veneno daquela vaca é poderoso. Ela é amargurada e feroz e, quando chegar a hora de escolher, Joe vai optar por ela.

Eu me virei e o encarei, sem entender direito o que ele estava querendo dizer. Com um sorriso triste, Woods soltou o meu cotovelo e voltou para o salão. Ele também conhecia o segredo; tinha que conhecer. Aquilo ainda iria me deixar maluca. Que história tão importante seria aquela?

29.1.15

Sem Limites - Capitulo 15

Oi xuxus ♥ Tudo bom? Aqui está o segundo que prometi! Ia postar antes, mas as visualizações estavam muito baixas (apesar dos comentários) e eu queria q tivessem mais, p n atrapalhar a leitura de ngm... Mas enfim, aqui está! Comentem para o próximo! Bjs, amo vcs ♥
Bruna

~

Joe não estava mentindo quando disse que queria me vestir: recolocou o meu sutiã e me deu um beijinho no ombro antes de enfiar a blusa pela minha cabeça.

– Prefiro que você que aqui enquanto vou procurar a Bethy. Com esse ar satisfeito na cara, está para lá de sexy. Não quero acabar brigando com alguém.

Mais elogios. Não sabia se algum dia iria me acostumar com aquilo vindo dele.

– Eu vim aqui com a Bethy porque estava tentando incentivar a minha amiga a não transar com caras que nunca iriam considerá-la mais do que uma diversão. Aí você veio junto e olhe eu aqui no banco de trás do seu carro. Sinto que devo uma explicação a ela.

Joe demorou para responder. Passou algum tempo me estudando, mas no escuro não consegui ler muito bem a expressão do seu rosto.

– Estou tentando entender se a sua intenção é dizer que estava fazendo aquilo que a incentivou a não fazer. – Joe tornou a se inclinar por cima de mim e enfiou a mão nos meus cabelos. – Porque agora que eu provei não vou querer dividir. Isto aqui não é só diversão. Acho que estou ficando viciado.

Meu coração deu um pinote dentro do peito e eu respirei fundo. Nossa. Então tá. Ai, meu Deus. Joe abaixou a cabeça e me deu um selinho antes de passar a língua pelo meu lábio inferior.

– Hummm, é. Fique aqui. Vou pedir para a Bethy vir falar com você.

Balancei a cabeça. Ele se afastou de mim e, antes de eu conseguir recuperar o fôlego, já tinha saído pela porta e caminhava em direção ao bar.

Ele podia até pensar que estivesse viciado, mas não tinha ideia das sensações que havia provocado em mim. Pelo menos ele conseguia andar. Eu jamais teria sido capaz de me levantar assim tão cedo.

Eu me sentei, vesti a minha saia e escorreguei até junto da porta. Tinha que sair e passar para a frente, mas ainda não confiava plenamente nas minhas pernas. Será que aquilo era normal? Um cara podia fazer você se sentir daquele jeito? Talvez houvesse algo de errado comigo. Eu não deveria estar reagindo assim a Joe... deveria?

Estava tendo um daqueles momentos em que realmente precisava de uma amiga mulher. A única que tinha era Bethy e estava quase certa de que ela não era a melhor pessoa para dar conselhos em matéria de homens. Eu precisava da minha mãe.

A dor que sempre surgia quando eu me lembrava dela voltou. Fechei os olhos para espantá-la. Não podia deixar aquela tristeza me dominar agora.

A porta se abriu e deparei com Bethy sorrindo para mim.

– Ora, ora, olha só para você... Se atracando com o maior gostosão de Rosemary no banco de trás do Range Rover dele. E eu achando que você queria um trabalhador.

Sua voz estava meio arrastada.

– Entre, Bethy, antes de cair de bunda no chão aqui fora – disse Joe atrás dela.

Olhei por cima do ombro da minha amiga. Ele estava com uma cara irritada.

– Eu não quero ir embora. Gostei do Earl. Ou será que o nome dele era Kevin? Não, espera, o que aconteceu com o Nash? Eu o perdi... acho que perdi... – Bethy não parou de tagarelar enquanto se acomodava no banco de trás.

– Quem são Earl e Kevin? – perguntei enquanto ela segurava o encosto de cabeça e, em seguida, se deixava cair no banco.

– Earl é casado. Disse que não era, mas é. Dá para ver. Os casados têm todos os mesmo cheiro.

Que papo era aquele?

A porta de Bethy se fechou e eu estava começando a fazer algumas perguntas para ela quando a do meu lado se abriu. Quando me virei, vi Joe ali em pé com a mão estendida para eu pegar.

– Não tente entender nada do que ela diz. Eu a encontrei no bar entornando uma rodada de seis doses de tequila que o Earl casado pagou para ela. Está loucaça.

Não era exatamente assim que eu tinha imaginado aquela noite. Pensara que os rapazes normais de uma cidade pequena fossem diferentes. Que talvez a tratassem com respeito. Mas, anal, ela estava usando um short minúsculo de couro vermelho. Pus a mão dentro da de Joe e ele apertou a minha.

– Não precisa explicar nada hoje. Amanhã de manhã ela não vai nem lembrar.

Ele devia ter razão. Saltei do carro e ele me puxou em direção ao peito antes de fechar a porta atrás de mim.

– Quero uma provinha desses doces lábios, mas vou me segurar. Temos que levar Bethy para casa antes que ela passe mal – disse ele com um sussurro grave e rouco.

Concordei. Também queria que ele me beijasse, mas precisávamos levar Bethy para casa logo. Comecei a me afastar dele, mas os seus braços me apertaram com mais força.

– Estava falando sério quando disse aquilo mais cedo. Quero você na minha cama hoje à noite.

Mais uma vez, tudo o que consegui fazer foi assentir. Eu também queria estar na cama dele. No m das contas, quando o assunto era homem, eu podia ser tão estúpida quanto Bethy. Joe me conduziu até o lado do carona e abriu a porta para mim.

– Foda-se aquela história de amigo – resmungou, segurando-me pela cintura para me ajudar a subir.

Sorrindo, observei-o dar a volta outra vez na frente do Range Rover e subir. – Está sorrindo por quê? – perguntou ele depois de se acomodar ao volante.

Dei de ombros.

– “Foda-se aquela história de amigo.” Achei engraçado.

Ele deu uma risadinha e balançou a cabeça antes de dar a partida no carro e sair do estacionamento agora lotado.

– Eu sei uma coisa que você não sabe. Sei, sim. Sei, sim – cantarolou Bethy.

Eu me virei para encará-la. Ela não estava sorrindo; seu rosto exibia uma expressão que se pretendia séria.

– Eu sei uma coisa – falou ela bem alto.

– Já escutei – respondi e olhei de relance para Joe, que não parecia estar achando a menor graça. Ele não era fã da Bethy embriagada.

– Um segredo grande. Enorme... e eu sei. Não era para saber, mas sei. Sei uma coisa que você não sabe. Você não sabe. Não sabe – recomeçou ela.

Perguntei o que ela sabia, mas Joe falou primeiro.

– Chega, Bethy.

Seu alerta foi claro. A frieza da sua voz chegou a me causar um arrepio.

Bethy uniu os lábios e fez o gesto de quem gira uma chave e depois joga fora.

Tornei a me virar para a frente pensando se ela saberia alguma coisa que eu devesse saber. Joe certamente estava agindo como se fosse o caso; parecia prestes a parar o carro e jogá-la para fora.

Como ele começou a mexer no rádio para tentar encontrar uma música, resolvi ficar quieta. Ele estava chateado porque Bethy sabia alguma coisa que não deveria saber.

Joe tinha muitos mistérios. Havia coisas das quais se recusava a falar. Nós sentíamos atração um pelo outro, mas nem por isso ele precisava me contar todos os seus segredos. Ou será que precisava? Não! É claro que não. Mas perguntei-me outra vez se estava disposta a dar uma parte de mim mesma a alguém que não conhecia de verdade. Ele era tão fechado. Será que eu conseguiria fazer aquilo com ele sem me envolver? Não tinha certeza.

Ele cobriu a minha mão com a sua. Quando me virei, vi que estava de olho na estrada, mas perdido em pensamentos. Tive vontade de perguntar, mas não estávamos nesse ponto ainda. Talvez nunca chegássemos lá. Será que eu deveria entregar a minha virgindade a um cara que, pouco tempo depois, sairia da minha vida sem qualquer esperança de algo mais?

– Essa vez foi a melhor de todas. Adoro trabalhadores. Eles são tão divertidos – disse Bethy do banco de trás com a voz arrastada. – Você deveria ter procurado mais, Demi. Teria sido mais inteligente. Joe não é uma boa ideia... porque sempre haverá Nan.

Nan? Eu me virei para olhar para Bethy. Minha amiga estava de olhos fechados e boca aberta. Roncou suavemente e entendi que nessa noite não teria nenhuma explicação para o seu comentário. Pelo menos não dada por ela.

Tornei a me virar para Joe, que havia largado a minha mão e agora segurava com firmeza o volante. Tinha também o maxilar contraído. Qual era a questão com a sua irmã? Nan era a sua irmã, não era?

– Nan é a sua irmã? – perguntei, observando-o em busca de alguma reação.

Joe apenas meneou a cabeça, sem dizer mais nada. Era a mesma reação da última vez em que eu a havia mencionado: ele se fechou por completo.

– Então o que a Bethy quis dizer? Em que o fato de a gente transar afetaria Nan?

O corpo inteiro de Joe estava tenso, mas ele não parecia querer dizer nada. Senti um peso no coração. Aquele segredo, fosse qual fosse, nos impediria de fazer qualquer outra coisa. Era importante demais para ele e, portanto, um alerta vermelho para mim. Se ele era incapaz de me contar algo que até mesmo Bethy sabia, nós tínhamos um problema.

– Nan é a minha irmã mais nova. Eu não... não posso falar sobre ela com você.

O jeito como ele disse “você” fez o meu estômago se revirar. Havia algum problema ali. Quis fazer mais perguntas, mas a tristeza e o sentimento de perda que se apoderaram de mim quando entendi que não iria dormir na cama dele nessa noite nem em qualquer outra me impediram. Aquele assunto não me deixaria chegar perto demais de Joe. Jamais deveria ter deixado ele me tocar como zera mais cedo. Não quando ele podia me descartar com tanta facilidade.

Ficamos em silêncio até chegarmos à sede administrativa do clube. Joe saltou do Range Rover sem dizer nada e acordou Bethy. Em seguida, ajudou-a a entrar. A porta estava trancada, mas Bethy tinha a chave. Havia resmungado alguma coisa sobre passar a noite ali, senão o seu pai iria matá-la. Não fui ajudá-la; não tinha energia. Só queria ir para a cama – minha caminha debaixo da escada, não para a cama nova que me aguardava.

Ao voltar para o carro, Joe continuou calado. Tentei entender por que ele se fechava daquele jeito sempre que o assunto era Nan e o que o comentário de Bethy poderia significar, mas nada fez sentido. Poucos minutos mais tarde, entramos na garagem de quatro carros. Assim que ele pôs a alavanca na posição de estacionar, desci. Não o esperei e fui até a porta, mas como estava trancada tive que aguardar ele vir destrancá-la.

Sem Limites - Capitulo 14

Amores, desculpa a demora, sóconsegui vir postar agr! Comentem bastante e euosto mais um a noite! Beijos, amo vcs ♥
Bruna

~

– Demi?

O tom preocupado de Joe me espantou; abri os olhos depressa e os estreitei no escuro para vê-lo caminhando na minha direção.

– Oi – respondi.

– Não estava achando você. O que está fazendo aqui? Não é seguro.

Eu estava de saco cheio daquele papel de irmão mais velho. Sabia me virar sozinha. Ele precisava me dar mais espaço.

– Está tudo bem. Pode voltar lá e continuar com os seus amassos na mesa.

A amargura na minha voz era transparente. Não consegui evitar.

– Por que você está aqui? – repetiu ele devagar, dando outro passo na minha direção.

– Porque eu quero – respondi também devagar, olhando para ele com raiva.

– A festa é lá dentro. Não era isso que você queria? Um bar country com homens e bebidas? Se ficar aqui fora, vai perder.

– Joe, não chegue mais perto.

Ele deu outro passo na minha direção; agora, apenas uns dois centímetros nos separavam.

– Não. Quero saber o que aconteceu.

Alguma coisa dentro de mim deu um estalo e levei as duas mãos ao peito dele.

Eu o empurrei com toda a minha força. Ele cambaleou um pouco.

– Quer saber o que aconteceu? VOCÊ, Joe. Foi isso que aconteceu.

Passei por ele pisando firme e comecei a andar em direção ao estacionamento escuro.

Uma pegada forte envolveu o meu braço e me deteve; dei um tranco para tentar me desvencilhar, mas não adiantou. Joe estava me segurando firme e não parecia disposto a me soltar.

– Que papo é esse, Demi? – perguntou, puxando-me de volta até junto do seu peito.

Eu me contorci, lutando contra o impulso de gritar. Detestava o jeito como o cheiro dele deixava o meu coração disparado e meu corpo latejando. Precisava que ele mantivesse a distância. Não que casse esfregando em mim aquele corpo delicioso.

– Me solta – disparei.

– Só quando você me disser qual é o problema – respondeu ele, zangado.

Eu me debati nos seus braços, mas ele não cedeu nenhum centímetro. Que coisa mais ridícula. Ele não queria ouvir o que eu tinha para dizer, mas mesmo assim eu queria falar. E sabia que iria afetá-lo. Que estragaria toda aquela sua ideia de amizade.

– Eu não gosto de ver você tocar outras mulheres. E detesto quando outros homens apertam a minha bunda. Quero que seja você a me tocar assim. Só que você não quer e eu preciso aceitar isso. Agora me solte!

Libertei-me com um safanão e corri em direção ao Range Rover. Podia car escondida ali até ele estar pronto para me levar para casa.

Meus olhos começaram a arder por causa das lágrimas e corri mais depressa. Quando cheguei ao carro, dei a volta até a lateral e me recostei ali, de olhos fechados. Acabara de dizer a Joe que queria que ele apertasse a minha bunda. Que burrice! Ele tinha me dado um quarto só meu e oferecido a sua casa até o meu pai voltar para eu poder juntar dinheiro. Agora eu acabara de lhe dar todos os motivos para me pôr para fora.

As travas do Range Rover se abriram com um clique e, quando abri os olhos, vi Joe vindo na minha direção a passos largos. Ele iria me levar para casa e me pôr para fora. Parou do meu lado e abriu a porta traseira com um tranco. Ele iria me obrigar a ir atrás. Que humilhação.

– Entre ou vou jogar você lá dentro – rosnou ele.

Eu me sentei no banco de trás antes que ele me empurrasse. Só que ele não fechou a porta comigo lá dentro. Pelo contrário: entrou atrás de mim.

– O que você está fazendo? – perguntei um segundo antes de ele me apertar contra o assento e tapar a minha boca com a sua.

Bastou um movimento da sua língua para eu abrir os lábios. O contato do metal dentro da minha boca era excitante. Nessa noite, o gosto de hortelã da boca de Joe não estava misturado com mais nada; eu poderia passar horas saboreando aquele gosto sem me cansar.

Ele segurou os meus quadris com as duas mãos e me mudou de posição até uma das minhas pernas ficarem em cima do banco, com o joelho dobrado, e a outra ainda no chão. Separou as minhas pernas e se acomodou entre elas.

Afastou a boca da minha e desceu pelo meu pescoço dando beijos ávidos.

Quando deu uma mordidinha no meu ombro nu, uma onda de excitação percorreu o meu corpo.

Suas mãos então encontraram a barra da minha blusa.

– Tire isso – falou, e então puxou a roupa por cima da minha cabeça e a jogou sobre o banco da frente sem tirar os olhos do meu peito. – Tire tudo, Demi. – Levou uma das mãos às minhas costas e, em menos de um segundo, abriu o meu sutiã, puxando-o pelos meus braços e jogando-o no banco da frente junto com a blusa. – Foi por causa disso que tentei ficar longe. Por causa disso, Demi. Não vou conseguir parar, não agora.

Ele abaixou a cabeça e pôs um dos meus mamilos na boca. Chupou com força, e senti uma explosão entre as pernas. Dei um grito, agarrei os seus ombros e me segurei ali.

Vi quando ele pôs a língua para fora e fez o piercing de metal deslizar pela minha pele. Era a coisa mais erótica que eu já vira na vida.

– Você tem gosto de bala. Garotas não deveriam ter um gosto doce assim. Que perigo – sussurrou ele contra a minha pele, roçando o nariz no meu colo enquanto sorvia uma inspiração audível. – E o seu cheiro é incrível.

Os lábios dele tornaram a encontrar os meus enquanto uma das suas mãos grandes cobria o meu seio para apertá-lo de leve e, em seguida, beliscar o mamilo. Eu também queria sentir mais. Desci as mãos pelo seu peito e as enfiei por baixo da camiseta. Tinha olhado para aquele peito o suficiente para conhecer exatamente o seu aspecto. Agora queria saber qual era a sensação de tê-lo sob as mãos. A pele morna que cobria os seus músculos rijos era lisinha. Passei os dedos por cada dobra da sua barriga tanquinho e decorei aquela sensação. Não tinha qualquer garantia de que aquilo fosse se repetir, e queria tudo de uma vez.

Joe levou uma das mãos às costas e tirou a camiseta, que jogou para o lado antes de voltar a devorar os meus lábios. Levantei o corpo mais para perto dele. Nunca tinha ficado sem blusa com nenhum cara. Queria sentir o peito nu dele contra o meu. Ele pareceu entender o meu desejo e apertou-me com força nos braços, puxando-me para junto de si. A umidade da sua boca tinha esfriado o meu seio, mas o calor da sua pele me surpreendeu.

Gritei e o puxei mais para perto, com medo de ele se afastar. Tinha conseguido o que queria desde que o vira na varanda com aquela menina. Era entre as minhas pernas que ele estava agora. Aquela era a minha fantasia.

– Doce Demi – sussurrou ele, puxando o meu lábio inferior para dentro da boca e o chupando.

Mudei de posição debaixo dele para tentar posicionar o seu pau duro entre as minhas pernas. Eu latejava; queria sentir a ereção dele contra o corpo. Joe desceu a mão para acariciar o meu joelho, em seguida a fez subir pela parte interna da minha coxa. Deixei a perna abrir mais; queria-o mais perto ainda. O meu desejo aumentava e saber que a mão dele estava perto de onde vinha aquela sensação me deixava tonta.

Na hora em que ele deslizou o dedo pelo fundo da minha calcinha de seda, estremeci e soltei um gemido.

– Calma. Só quero ver se lá embaixo é tão doce quanto o resto – disse ele com uma voz rouca.

Tentei dizer alguma coisa, mas não consegui fazer mais nada a não ser me lembrar de respirar. Encarei os seus olhos cor de prata e os vi adquirir um brilho enevoado. Ele não desviou o olhar quando enfiou um dedo por baixo da borda de renda da minha calcinha.

– Joe – sussurrei, apertando o seu ombro sem tirar os olhos dos seus.

– Shh, está tudo bem – falou ele.

Eu não estava com medo. Ele estava tentando aliviar o meu medo, só que eu não sentia nenhum. A excitação e o desejo eram demais. Eu precisava que ele se apressasse. Alguma coisa ia aumentando dentro de mim que eu precisava alcançar. O desejo latejante crescia.

Ele enterrou a cabeça no meu pescoço e deixou escapar um longo e fundo suspiro.

– Que delícia – grunhiu.

Comecei a abrir a boca para lhe implorar que não parasse. Precisava dele. Precisava da liberação que sabia estar próxima.

Ele fez o dedo escorregar por cima do meu sexo molhado e senti os dedos dos pés se curvarem e o corpo se levantar de um jeito incontrolável. Foi quando o seu dedo me penetrou. Bem devagar. Gelei, com medo da sensação que viria a seguir. Seu dedo grosso foi entrando mais fundo e tive vontade de agarrar a mão dele e empurrá-la com mais força. Aquilo era bom demais. Demais.

– Caralho. Puta que pariu. Molhadinha, quentinha... tão quentinha. E, nossa, como você é apertada.

A respiração de Joe estava agora ofegante no meu pescoço e as coisas que

ele me dizia só me deixavam mais excitada. Quanto mais safadas as suas palavras, mais o meu corpo reagia.

– Joe, por favor... – supliquei, controlando o impulso de segurar a mão dele e forçá-lo a aplacar o desejo que latejava sob o seu toque. – Eu preciso...

Eu não sabia do que precisava. Apenas precisava.

Ele levantou a cabeça, subiu com o nariz pelo meu pescoço e deu um beijo no meu queixo.

– Eu sei do que você precisa. Só não sei se vou conseguir aguentar ver quando conseguir. Você me deixou maluco, garota. Estou me esforçando muito para ser um bom rapaz. Não posso perder o controle no banco de trás de um carro, porra.

Balancei a cabeça. Ele não podia parar. Eu não queria que ele fosse um bom rapaz. Queria-o dentro de mim. Agora.

– Por favor, não seja um bom rapaz. Por favor – implorei.

Joe soltou uma expiração entrecortada.

– Caralho, gata. Pare com isso. Eu vou explodir. Vou lhe dar o que você quer, mas quando eu finalmente entrar em você pela primeira vez não vai ser esparramada na traseira do meu carro. Vai ser na minha cama.

Ele começou a mexer a mão antes de eu conseguir reagir e os meus olhos se reviraram nas órbitas.

– Isso. Goze para mim, doce Demi. Goze na minha mão para eu sentir. Quero sentir você gozando.

Essas palavras me precipitaram pela beira do abismo que tanto vinha tentando alcançar.

– JOOOE!

Pude ouvir o grito alto que me escapou da boca enquanto eu me entregava à mais completa felicidade. Sabia que o estava chamando, gritando o seu nome e talvez até o arranhando, mas não conseguia mais me controlar. O êxtase era demais.

– Ahhh, isso. Isso, assim. Porra, assim. Que linda você é.

As palavras dele me alcançavam, mas eu me sentia muito distante. Quando recobrei os sentidos, estava sem forças e com a respiração ofegante.

Eu me forcei a abrir as pálpebras para ver se o havia machucado com a minha reação descontrolada ao que sabia ser o meu primeiríssimo orgasmo. Já tinha ouvido falar muito a respeito, mas nunca conseguira ter um sozinha. Com certeza havia tentado algumas vezes, mas a minha imaginação não era suficiente. Depois dessa noite, estava certa de que isso não seria mais um problema. Joe acabara de me proporcionar material suficiente e ainda nem tinha tirado a calça.

Ergui os olhos e o vi me encarando, com o dedo na boca. Levei alguns instantes para entender que dedo era aquele. O arquejo chocado que acompanhou essa compreensão fez Joe dar uma risadinha enquanto tirava o dedo da boca e sorria.

– Eu tinha razão. Essa sua bocetinha quente é tão doce quanto o resto de você.

Se não estivesse tão exaurida, eu teria enrubescido. Tudo o que consegui fazer foi fechar os olhos com força outra vez. Ele riu mais alto ainda.

– Ah, doce Demi, o que é isso? Você acabou de gozar gostoso na minha mão e deixou até uns arranhões nas minhas costas para servir de prova. Não vá se fazer de encabulada agora. Porque, gata, você vai estar nua na minha cama antes que esta noite acabe.

Entreabri os olhos para ele, torcendo para ter escutado direito. Eu queria mais daquilo. Muito mais.

– Vamos vestir você de novo, depois vou procurar Bethy e ver se ela quer carona ou se já encontrou um caubói para levá-la para casa.

Eu me espreguicei e consegui menear a cabeça.

– Está bem.

– Se eu não estivesse duro feito pedra, talvez casse aqui admirando essa expressão preguiçosa e satisfeita nos seus olhos. Gosto de saber que fui eu quem a provocou.

28.1.15

Sem Limites - Capitulo 13

Amores, aqui está! Comentem para o próximo. Bjs, amo vcs ♥

~

Bethy ensinara Joe a chegar a seu bar de música country preferido, que ficava a quarenta minutos de Rosemary. Não era exatamente uma surpresa: a única coisa country que havia em Rosemary era o clube, que não se parecia em nada com o lugar no qual entramos.

O bar era grande e todo feito do que pareciam ser tábuas de madeira. Aparentemente, era conhecido. Talvez por não ter muitos lugares como aquele na região. Grandes letreiros fluorescentes de cerveja adornavam as paredes do lado de fora e ali dentro. “Gun Powder and Lead”, de Miranda Lambert, tocava aos berros quando chegamos.

– A música ao vivo vai começar daqui a uma meia hora. É a melhor hora para dançar. Temos tempo de sobra para arrumar um lugar bom e tomar umas doses de tequila antes – gritou Bethy mais alto do que a música.

Eu nunca havia tomado tequila. Na verdade, nem cerveja eu bebia. Mas essa noite seria diferente, eu ia aproveitá-la ao máximo; me libertaria. Joe chegou por trás de mim e pôs a mão na base das minhas costas. Aquela não era uma posição de amigo... ou era?

Decidi não corrigi-lo, pois teria que gritar para me fazer ouvir com aquela música. Ele nos conduziu até uma mesa reservada mais afastada da pista de dança. Recuou para me deixar passar. Bethy se acomodou na minha frente e ele se sentou ao meu lado.

Bethy o encarou.

– O que vai querer tomar? – perguntou Joe, inclinando-se até junto do meu ouvido para não precisar gritar.

– Não sei – respondi, olhando para Bethy em busca de um conselho. – O que devo beber?

Ela arregalou os olhos, então deu uma gargalhada.

– Você nunca bebeu?

Fiz que não com a cabeça.

– Não tenho idade suficiente para comprar bebida. Você tem?

Ela bateu palmas.

– Ah, isso vai ser divertido. E sim, eu tenho 21 anos, ou pelo menos a minha carteira de identidade diz que tenho. – Ela olhou para Joe. – Você tem que deixá-la sozinha um pouco. Vamos juntas até o bar.

Joe não se mexeu, mas olhou para mim.

– Você nunca bebeu álcool?

– Não, mas pretendo dar um jeito nisso hoje – garanti a ele.

– Então precisa ir com calma. Não vai aguentar muito. – Ele estendeu a mão e segurou o braço de uma garçonete. – Um cardápio, por favor.

Bethy pôs as mãos nos quadris.

– Por que você vai pedir comida? Nós viemos beber e dançar com caubóis, não comer.

Ele virou a cabeça para ela, então não pude ver o seu rosto, mas percebi que os seus ombros haviam se contraído.

– Ela nunca bebeu. Precisa comer primeiro, senão daqui a duas horas vai estar curvada vomitando e xingando você por isso.

Ah… Eu não gostava de vomitar. Nem um pouco.

Bethy revirou os olhos e provocou Joe:

– Ok, papai Joe. Vou lá pegar uma bebida para mim e uma para ela também.

Então é bom alimentá-la depressa.

A garçonete apareceu com o cardápio antes mesmo de Bethy acabar de falar.

Joe o pegou e o abriu enquanto tornava a se virar para mim.

– Escolha alguma coisa. Não importa o que a diva da embriaguez pense, você precisa comer primeiro.

Concordei. Não queria passar mal.

– As fritas com queijo estão com uma cara boa.

Joe ergueu o cardápio e a garçonete voltou correndo.

– Fritas com queijo, duas porções. E um copo d’água grande.

Depois que a moça anotou o pedido e se afastou, Joe se recostou e inclinou a cabeça para olhar para mim.

– Então você está em um bar country. É tudo o que esperava? Porque, para ser bem sincero, essa música está difícil de aguentar.

Sorrindo, dei de ombros e olhei em volta. Havia rapazes de chapéu de caubói, e outros vestidos com roupas normais. Alguns usavam cintos com velas grandalhonas, mas a maioria parecia com as pessoas da minha cidade natal.

– Acabei de chegar e ainda não bebi nem dancei; quando tiver feito isso, respondo.

Ele deu um sorriso de viés.

– Você quer dançar?

Eu queria, mas não com ele. Sabia com que rapidez iria esquecer que ele era só um amigo.

– Quero, mas preciso primeiro de uma dose de coragem... e de alguém que me convide.

– Pensei que tivesse acabado de convidar – retrucou ele.

Apoiei os cotovelos na mesa e segurei o queixo com a mão.

– Você acha que é uma boa ideia?

Queria que ele admitisse que não era.

Ele suspirou.

– Provavelmente não.

Balancei a cabeça, concordando com ele.

Dois pratos de fritas com queijo surgiram na nossa frente e uma jarra cheia de água com gelo foi posta na frente de Joe. A comida parecia surpreendentemente apetitosa; eu não tinha me dado conta de que estava com tanta fome. Precisava prestar atenção no quanto iria gastar: aquele prato custava 7 dólares e eu não podia gastar mais de 20 naquela noite. Isso talvez significasse que eu só poderia tomar um drinque, mas Joe tinha dito que eu precisava comer, então era o que eu ia fazer.

Peguei uma batata frita coberta de queijo derretido e dei uma mordida.

– Melhor do que sanduíche de manteiga de amendoim, né? – perguntou Joe com um sorriso de provocação.

Assenti e peguei outra batata.

Bethy se acomodou do seu lado da mesa trazendo um par de copinhos com drinques. A bebida era amarela.

– Pensei que seria melhor começar de leve. Tequila é bebida para garotas crescidas; você ainda não está pronta para ela. Isto aqui é um licor de limão. É doce e gostoso.

– Coma mais umas batatas antes – disse Joe, interrompendo-a.

Peguei outra batata e a comi depressa, depois comi outra. Então estendi a mão para o copinho.

– Ok, estou pronta – falei para Bethy, que pegou o seu copinho e sorriu.

Fiquei olhando enquanto ela o levava à boca e jogava a cabeça para trás. Fiz o mesmo.

Era muito bom. Só senti uma leve queimação na garganta. Gostava de limão. Pus o copo vazio sobre a mesa e sorri para Joe, que me observava.

– Coma – repetiu ele.

Tentei não rir para ele, mas não consegui me conter. Dei uma risada. Ele estava sendo ridículo.

Comi mais um pouco de batata frita e Bethy também estendeu a mão para pegar algumas.

– Conheci uns caras lá no bar. Apontei para você e eles estão olhando para a gente desde que eu sentei. Está pronta para fazer novos amigos?

Joe não se moveu na hora e comecei a pensar que ou ele a estava ignorando ou então iria me obrigar a comer mais. Por m, ele deslizou do banco e se levantou.

Eu quis falar alguma coisa, qualquer coisa para fazer ele sorrir e parar de fazer cara feia, mas não soube o quê.

– Cuidado. Estou aqui se precisar de mim – sussurrou ele ao meu ouvido.

Eu apenas assenti. Senti um aperto no peito e tive vontade de voltar para aquela mesa ao lado dele.

– Vamos, Demi. Está na hora de usar você para arrumar umas bebidas de graça e uns homens. Você é a comparsa mais gata que eu já tive. Vai ser divertido. Só não diga aos caras que você tem 19 anos. Diga a todo mundo que tem 21.

– Está bem.

Ela me puxou na direção de dois caras que estavam obviamente nos comendo com os olhos. Um deles era alto e tinha cabelos louros compridos presos atrás das orelhas. Parecia não fazer a barba havia alguns dias e o seu corpo tinha um aspecto impressionante por baixo da camisa de anela justa. Ele olhou para mim, olhou para Bethy, depois tornou a olhar para mim. Ainda não tinha se decidido.

O outro tinha cabelos castanhos curtos um pouco encaracolados e um par de olhos azuis bem bonitos. Daquele azul cristalino que dá vontade de suspirar. A camiseta branca não deixava muita coisa a cargo da imaginação e o seu peito largo era bom de olhar. Mais classe trabalhadora, impossível. Eu sabia reconhecer um jeans da Wrangler... aquela calça lhe caía bem. Seus olhos estavam cravados em mim, sem piscar nem desviar. Ele exibia um leve sorriso nos lábios e pensei que, no fim das contas, aquilo não iria ser tão ruim.

– Meninos, essa é a Demi. Consegui tirá-la de perto do irmão e agora ela precisa de uma bebida.

O de cabelos escuros se levantou e estendeu a mão.

– Dalton. Prazer em conhecê-la, Demi.

Segurei a sua mão e a sacudi.

– O prazer é meu, Dalton.

– O que você quer beber? – perguntou ele e um sorriso de aprovação se abriu no seu rosto.

– Ela quer uma vodca com suco de limão siciliano. É a bebida preferida dela – falou Bethy ao meu lado.

– Oi, Demi. Eu sou o Nash – disse o louro, estendendo a mão para eu apertar.

– Oi, Nash.

– Certo, rapazes, sem briga. Nós somos duas. Calma, Nash. A inocência que ela irradia deixou você assanhado – disse Bethy com um tom irritado. – Venha dançar comigo e eu lhe mostro como meninas más podem satisfazer essa ânsia.

Toda a atenção de Nash estava agora concentrada em Bethy. Cobri a boca para conter uma risada. Que talento. Ela piscou o olho para mim e puxou Nash para a pista de dança.

– Que amiga essa sua. Ela se ofereceu para ficar com nós dois. Expliquei que não era chegado nesse tipo de coisa e ela apontou para você. Tudo que consegui ver foram os seus cabelos louros encaracolados, mas fiquei intrigado – falou Dalton, entregando a vodca com limão para mim.

– Obrigada. E, sim, Bethy é bem divertida. Foi ela quem me trouxe aqui hoje.
É a minha primeira vez em um lugar como este.

Dalton meneou a cabeça na direção de Joe. Uma loura alta de pernas compridas estava apoiada na borda da nossa mesa. Vi quando ele passou o dedo pela lateral da coxa dela. É, não tinha demorado muito...

– Foi por isso que o seu irmão veio junto hoje?

A pergunta de Dalton me fez lembrar por que eu estava ali. Desgrudei os olhos de Joe e da perna da garota.

– Hã, é... algo assim.

Levei o copo à boca e bebi depressa.

– Vamos... quero dizer, você quer dançar? – perguntei ao pousar o copo novamente sobre o bar.

Dalton se levantou para me levar até a pista. Bethy já pressionava o corpo contra o de Nash de uma forma que deveria ser proibida em público. Eu não iria dançar assim. Torci para Dalton não estar esperando isso.

Ele pegou as minhas mãos e as pôs em volta do próprio pescoço antes de me segurar pela cintura e me puxar mais para perto. Foi bom. Ou quase. A música era lenta e sensual. Não exatamente uma música que eu quisesse dançar com um desconhecido.

– Você mora por aqui? – perguntou Dalton, abaixando a cabeça até junto do meu ouvido para eu poder escutar.

Fiz que não com a cabeça.

– Eu moro a uns quarenta minutos daqui e acabei de me mudar. Sou do Alabama.

Ele sorriu.

– Então o sotaque do sul está explicado. Percebi que é mais carregado do que o das pessoas desta região.

A mão dele desceu um pouco mais pela minha cintura até os seus dedos roçarem a curva superior do meu bumbum. Isso me deixou um pouco preocupada.

– Está na faculdade? – perguntou ele, descendo mais um pouco a mão.

Balancei a cabeça.

– Não. Eu... hã, eu trabalho.

Vasculhei a pista à procura de Bethy, mas não a vi em lugar nenhum. Será que eles tinham ido embora? Por mais que detestasse fazer isso, olhei na direção da mesa reservada para ver se Joe ainda estava lá. A loura estava agora sentada à mesa junto com ele, que tinha os olhos e talvez os lábios já em cima dela.

A mão de Dalton escorregou mais para baixo até ele segurar a minha bunda por completo.

– Nossa, menina, que corpo incrível – sussurrou ele no meu ouvido.

Alerta vermelho. Eu precisava de ajuda.

O quê? Desde quando eu precisava de ajuda? Fazia anos que não dependia de ninguém. Não precisava começar a bancar a indefesa agora. Pus as duas mãos no peito de Dalton e o empurrei para trás.

– Preciso de um pouco de ar puro e não gosto muito de desconhecidos apertando a minha bunda – falei, girando nos calcanhares para seguir em direção à porta.

Não queria voltar para a mesa e assistir Joe ficar com outra menina e, com certeza, ainda não queria arrumar outro parceiro de dança. Precisava de ar puro.

Ao sair para a escuridão do lado de fora, inspirei fundo e me apoiei na lateral do prédio. Talvez eu não fosse feita para aquele tipo de coisa. Ou talvez tudo estivesse acontecendo depressa demais. De toda forma, eu precisava de um descanso e de um novo par. Com Dalton não iria dar certo.

Sem Limites - Capitulo 12

Aqui, meninas... Se vcs comentarem bastante, posto mais um hj! Portanto, comentem! Beijos, amo vcs ♥
Bruna

~

Eu podia não ter as roupas adequadas para as festas de Joe, mas tinha tudo de que precisava para ir a um bar com música country. Fazia algum tempo que não punha a minha minissaia jeans. Era mais curta do que eu me lembrava, mas funcionava. Ainda mais com as minhas botas.

Joe saíra de manhã enquanto eu estava no banho e ainda não voltara. Perguntei-me se os amigos dele podiam entrar naquele quarto quando ele dava uma festa. Não gostava da ideia de algum desconhecido transando na minha cama. Na verdade, não gostava da ideia de ninguém transando na cama em que eu dormia, a não ser eu própria. Queria ter certeza, mas não sabia muito bem como perguntar uma coisa dessas.

Sair antes de Joe chegar significava que eu não saberia o que esperar. Será que deveria me preparar para lavar a roupa de cama quando chegasse? Fiz uma careta ao pensar nisso. Quando pisei no último degrau da escada, a porta da frente se abriu e Joe entrou. Ao me ver, ele congelou onde estava e correu os olhos lentamente pelo meu visual. Eu não estava vestida para impressionar o seu grupo, mas havia outro que talvez prestasse alguma atenção em mim.

– Caraca – resmungou ele, fechando a porta depois de entrar.

Não me mexi. Estava tentando bolar um jeito de abordar o assunto dos desconhecidos transando na minha cama.

– Você, hã, vai sair para a boate vestida assim? – perguntou ele.

– Não vou à boate, vou a um bar de música country. Tenho certeza de que é totalmente diferente – corrigi.

Joe passou a mão nos cabelos curtos e deu um suspiro que soou em parte frustrado, em parte bem-humorado. Se ele começasse a fazer piadas com as minhas roupas, eu seria capaz de jogar uma bota em cima dele.

– Posso ir com vocês? Nunca fui a um bar desses.

Como assim? Será que eu tinha escutado direito?

– Você quer ir com a gente? – perguntei, sem entender.

Ele respondeu que sim e tornou a descer os olhos pelo meu corpo.

– É, quero.

Imaginei que ele pudesse ir. Se éramos amigos, deveríamos poder fazer coisas juntos.

– Está bem. Mas a gente tem que sair daqui a dez minutos. Bethy está esperando eu ir buscá-la.

– Fico pronto em cinco – disse ele e subiu correndo a escada de dois em dois degraus.

Aquilo não era de forma alguma o que eu esperava. Estranho desenrolar dos acontecimentos.

Sete minutos depois, Joe tornou a descer a escada usando um jeans justo e uma camiseta preta também justa com Slacker Demon escrito na frente em letras góticas brancas. O mesmo símbolo que ele tinha tatuado no ombro também enfeitava a camiseta. Ele tinha posto outra vez o anel de prata no polegar e, pela primeira vez desde que eu o conhecera, estava usando duas argolinhas na orelha. Parecia mais do que nunca o filho de um célebre astro do rock mundial. Seus cílios pretos davam a impressão de que ele estava o tempo inteiro usando delineador e isso só aumentava o efeito.

Quando voltei os olhos para o seu rosto, ele pôs a língua para fora, mostrou-me o piercing prateado e deu uma piscadela.

– Imaginei que, se estava indo a um bar cheio de caras de botas e chapéus de caubói, precisava me manter fiel às minhas raízes. O rock corre nas minhas veias. Não posso fingir que me encaixo em nenhum outro lugar.

Ri do seu sorriso torto.

– Você vai ficar tão fora do seu ambiente hoje quanto eu co nas suas festas. Vai ser divertido. Vamos lá, filho de roqueiro – provoquei, me dirigindo para a porta.

Joe abriu e se afastou para eu poder passar. Ele podia ser bem esquisito quando queria.

– Já que a sua amiga também vai, por que não pegamos um dos meus carros?

Vai ser mais confortável do que a sua picape.

Parei e olhei para trás na sua direção.

– Mas a gente se encaixaria melhor se fosse na minha picape.

Joe sacou um pequeno controle remoto do bolso e uma das portas da garagem de quatro carros se abriu. Um Range Rover preto com detalhes metalizados e uma pintura perfeita e lustrosa estava parado sob a luz. Não pude discordar. Ficaríamos bem mais confortáveis naquele carro.

– Com certeza é bem vistoso – falei.

– Quer dizer então que podemos ir no meu? Não fico muito à vontade dividindo o mesmo banco com a Bethy. Aquela menina gosta de tocar nas coisas sem permissão – disse ele.

Sorri.

– É, gosta mesmo. Ela dá mole, né?

Joe levantou uma das sobrancelhas.

– “Dar mole” é um eufemismo no caso dela.

– Está bem. Claro. Podemos ir no supercarro matador de Joe Jonas, se ele insiste.

Joe me lançou um sorriso confiante e eu o segui em direção à garagem. Ele abriu a porta para mim, um gesto educado, mas que fez aquilo parecer um encontro. Só faltava ele começar a me confundir. Eu havia estabelecido com firmeza que éramos só amigos. Ele tinha que jogar conforme as regras.

– Você abre a porta do carro para todas as suas amigas? – perguntei, olhando para ele.

Queria que ele entendesse o quanto aquele seu gesto educado era impróprio.

O sorriso descontraído que ele exibia desapareceu e uma expressão séria tomou o seu lugar.

– Não – respondeu ele, recuando para ir até a porta do motorista.

Eu me senti uma completa idiota. Deveria simplesmente ter agradecido e deixado passar. Por que deveria ser eu a lembrá-lo das suas próprias regras?

Dentro do Range Rover, Joe deu a partida e saiu sem dizer nada. Detestei aquele silêncio. Era eu quem tinha estragado o clima.

– Desculpe. Não quis ser grossa.

Ele deu um suspiro e relaxou os ombros. Então balançou a cabeça.

– Não, você tem razão. É que eu não tenho nenhuma amiga mulher, então não sei distinguir muito bem o que devo ou não fazer.

– Quer dizer que você abre a porta para as garotas com quem sai? Que cavalheiro. Sua mãe criou você muito bem.

Senti uma pontinha de inveja. Havia meninas que recebiam aquele tipo de tratamento de Joe. Meninas com as quais ele queria sair e de quem pretendia ser mais do que amigo.

– Na verdade, não. Eu... você... é que você parece ser o tipo de garota que merece esse tipo de gesto. Pareceu ser a coisa certa a fazer. Mas entendo o que está dizendo. Se vamos ser amigos, preciso estabelecer um limite e não ultrapassá-lo.

Meu coração derreteu mais um pouco.

– Obrigada por abrir a porta para mim. Foi gentil.

Ele deu de ombros e não disse mais nada.

– Temos que pegar Bethy lá no clube. Ela deve estar no escritório atrás da sede do campo de golfe. Teve que trabalhar hoje. Vai tomar banho e se arrumar lá.

Joe virou na direção do country club.

– Como vocês duas ficaram amigas?

– Trabalhamos juntas um dia. Acho que nós duas estávamos precisando de uma amiga. Ela é divertida e cheia de energia. Tudo que eu não sou.

Joe soltou uma gargalhada.

– Você fala como se isso fosse uma coisa ruim. Acredite: você não iria querer ser como a Bethy.

Ele tinha razão. Eu não queria ser como a Bethy, mas era divertido conviver com ela.

Fiquei sentada quietinha enquanto Joe manipulava o sistema de som, que parecia ser bem caro e complexo. Percorremos a curta distância da sua casa até o country club ouvindo “Lips of an Angel”, do Hinder, e a música me fez sorrir.

Eu quase esperava ouvir algo do Slacker Demon.

Quando o Range Rover parou em frente ao escritório do clube, abri a porta e desci. Bethy não estaria esperando aquele carro. Iria procurar a minha picape.

A porta do escritório se abriu e ela saiu de lá vestida com um minúsculo short de couro vermelho, um top branco que deixava a barriga de fora e botas de couro branco até os joelhos.

– Que papo é esse? Por que você veio em um dos carros do Joe? – perguntou ela, toda sorrisos.

– Ele vai com a gente. O Joe também quer dar uma conferida nesse tal bar.

Daí... – interrompi a frase e olhei para o carro.

– Isso vai prejudicar seriamente as suas chances de pegar alguém. Só um toque – disse Bethy enquanto descia a escada e dava uma conferida rápida na minha roupa. – Ou não. Você está uma gata. Quero dizer, já sabia que era linda, mas está muito gata com essa roupa. Eu quero umas botas de cowgirl de verdade.

Onde arrumou essas daí?

Gostei dos elogios. Fazia muito tempo que não tinha amigas. Quando Valerie morrera, as meninas de quem éramos próximas meio que sumiram da minha vida. Era como se não conseguissem estar comigo sem se lembrar dela. Cain tinha se tornado o meu único amigo.

– Obrigada. Quanto às botas, ganhei de Natal da minha mãe dois anos atrás. Eram dela. Eu adorava as botas desde que ela as tinha comprado, e depois que ela... que ela ficou doente... acabou dando para mim.

Bethy franziu o cenho.

– Sua mãe ficou doente?

Eu não queria jogar um balde de água fria no clima da noite, então apenas z que sim com a cabeça e forcei um sorriso radiante.

– Ficou. Mas isso é outra história. Venha, vamos arrumar uns caubóis.

Bethy retribuiu o meu sorriso e abriu a porta de trás do meu lado do Range Rover.

– Vou deixar você ir na frente porque tenho um palpite de que é lá que o motorista quer que você sente.

Não tive tempo de reagir antes de Bethy entrar e fechar a porta do carro.

Tornei a me sentar no banco do carona e sorri para Joe, que me observava.

– Hora de ouvir música country – falei.

Sem Limites - Capitulo 11 MARATONA 10/10

HAPPY LOVATIC DAY, MENINAS! Desculpem a demora, eu me perdi no tempo, desculpem msm. Mas aqui está o último da maratona... Mais tarde tem mais! Comentem, entao! Beijos, amo vcs
Bruna

~

Terminei de comer o meu sanduíche de manteiga de amendoim, limpei as migalhas do colo e me levantei. Em breve precisaria passar no mercado e comprar mais comida. Estava enjoada de sanduíches como aquele.

Era o meu dia de folga, e eu não sabia muito bem o que iria fazer. Passara a maior parte da noite deitada na cama pensando em Joe e em como eu era idiota. O que o cara precisava fazer para me convencer de que só queria ser o meu amigo? Ele dissera isso mais de uma vez. Eu precisava parar de tentar fazê-lo me ver como algo mais. Tinha feito isso na noite passada e não deveria. Ele não queria me beijar. Eu não conseguia acreditar que havia implorado para que o fizesse.

Abri a porta da despensa e entrei na cozinha. Senti cheiro de bacon e, se Joe não estivesse em pé na frente do fogão usando apenas uma calça de pijama, eu teria me deixado levar completamente por aquele aroma delicioso. Mas a visão das costas nuas dele me distraiu do bacon.

Ele olhou por cima do ombro e sorriu.

– Bom dia. Hoje deve ser a sua folga.

Respondi que sim e fiquei parada me perguntando o que uma amiga diria. Não queria mais desrespeitar as nossas regras. Iria segui-las à risca. De toda forma, logo logo me mudaria daquela casa.

– Que cheiro bom – comentei.

– Pode pegar dois pratos. Eu faço um bacon incrível.

Desejei não ter comido o sanduíche de manteiga de amendoim.

– Já comi, mas obrigada.

Joe pousou o garfo e se virou para mim.

– Como assim, já comeu? Você acabou de acordar.

– Tenho manteiga de amendoim e pão lá no quarto. Comi antes de sair.

Ele franziu a testa e me observou.

– Por que você tem manteiga de amendoim e pão no quarto?

Porque não quero que o seu fluxo incessante de amigos coma a minha comida. Só que eu não podia dizer exatamente isso.

– Esta cozinha não é minha. Eu guardo tudo que é meu no quarto.

Joe pareceu tenso ao ouvir a minha resposta. O que tinha dito para fazê-lo se zangar?

– Está me dizendo que só come manteiga de amendoim e pão quando está em casa? É isso? Você compra, guarda no quarto e só come isso?

Balancei a cabeça, sem saber muito bem por que aquilo era importante.

Joe deu um tapa na bancada e se virou outra vez para o fogão resmungando um palavrão.

– Pegue as suas coisas e se mude lá para cima. Pode escolher qualquer quarto que quiser do lado esquerdo do corredor. Jogue fora essa porcaria de manteiga de amendoim e coma tudo o que quiser da minha cozinha.

Não me mexi. Não sabia muito bem de onde tinha vindo a reação dele.

– Demi, se quiser ficar nesta casa, mude-se lá para cima agora. Depois desça e venha comer alguma coisa da porra da minha geladeira na minha frente.

Ele estava bravo. Comigo?

– Por que você quer que eu me mude lá para cima? – perguntei, cautelosa.

Joe depositou a última fatia de bacon sobre um papel-toalha e apagou o fogo antes de me encarar.

– Porque sim. Detesto ir para a cama à noite pensando que você está dormindo debaixo da minha escada. Agora fiquei com a sua imagem comendo esses malditos sanduíches de manteiga de amendoim sozinha lá dentro e isso é demais para mim.

Tudo bem. Quer dizer que, de alguma forma, ele se importa comigo.

Não discuti. Voltei para o meu quartinho debaixo da escada e peguei a mala sob a cama. Meu pote de manteiga de amendoim estava lá dentro. Abri a mala, peguei o pote quase vazio e o saco ainda com quatro fatias de pão dentro. Deixaria os dois na cozinha e subiria para escolher um quarto. Meu coração batia descompassado. Aquele quarto acabou se tornando o meu porto seguro. Estar no andar de cima acabava com o meu isolamento. Eu não estaria sozinha lá.

Saí da despensa e pus o pote de manteiga de amendoim e o pão em cima da bancada. Segui na direção do corredor sem encarar Joe. Em pé diante do balcão, ele segurava as bordas com força, como se estivesse se contendo para não bater em alguma coisa. Estaria pensando em me mandar de volta para a despensa? Eu não me importava em ficar lá.

– Não preciso ir lá para cima. Eu gosto do quartinho – expliquei, mas a tensão nas mãos dele só fez aumentar.

– O seu lugar é em um dos quartos lá de cima, não debaixo da escada. Nunca foi.

Ele me queria lá em cima. Eu só não entendia aquela súbita mudança de atitude.

– Pelo menos me diga que quarto escolher. Não me sinto à vontade para decidir sozinha. Esta casa não é minha.

Joe finalmente largou a bancada e se virou para me encarar.

– Os quartos da esquerda são todos de hóspedes. São três. Acho que você vai gostar da vista do último, que dá para o mar. O do meio é todo branco com detalhes rosa-claro. Ele me lembra você. Vá lá escolher. Pegue o que preferir. E depois desça aqui para comer.

Lá estava ele querendo que eu comesse outra vez.

– Mas eu não estou com fome. Acabei de...

– Se me disser de novo que comeu essa maldita manteiga de amendoim eu vou arremessar o pote na parede. – Ele se calou e respirou fundo. – Por favor, Demi. Venha comer alguma coisa, por mim.

Até parece que alguma mulher no planeta conseguiria recusar… Aceitei a proposta e segui para a escada. Tinha um quarto para escolher.

O primeiro não era muito atraente. Todo em cores escuras, dava para o pátio da frente. Sem falar que era o mais próximo da escada e seria difícil ignorar o barulho das festas. Fui até o seguinte e encontrei a cama coberta de babados brancos e almofadas cor-de-rosa graciosas. Um lustre também rosa pendia do teto. Aquilo era uma graça; não era o tipo de coisa que eu esperasse encontrar na casa de Joe. Mas, pensando bem, sua mãe morava naquela casa durante a maior parte do tempo.

Abri a última porta à esquerda. Enormes janelas do chão até o teto davam para o mar. Um espetáculo. A cartela de cores azul-clara e verde era realçada por uma cama king-size que parecia feita de troncos de madeira, pelo menos a cabeceira e o pé. O clima bem litorâneo me agradava. Mais do que isso: eu amava aquele quarto. Coloquei a minha mala no chão e fui até a porta que conduzia a um banheiro exclusivo. Grandes toalhas brancas felpudas e sabonetes caros decoravam o mármore branco. Havia toques de azul e verde, mas o ambiente era quase todo branco.

A banheira era grande, redonda, com pequenos jatos nas laterais. Embora eu nunca tivesse visto uma banheira assim antes, sabia que era uma hidromassagem. Talvez eu tivesse entrado no cômodo errado. Com certeza aquilo não era um quarto de hóspedes. Se eu morasse naquela casa, iria querer aquele quarto.

No entanto, ele cava do lado esquerdo do corredor; tinha que ser um dos quartos que Joe havia mencionado. Saí do banheiro. Iria descer e dizer a ele que escolhera aquele. Se houvesse algo errado, ele me diria. Deixei a mala junto à parede bem ao lado da porta e desci de novo até o térreo.

Quando entrei na cozinha, Joe estava sentado à mesa com um prato de bacon e ovos mexidos na sua frente. Ergueu os olhos na hora para me encarar.

– Escolheu? – perguntou.

Respondi que sim e fui me postar do outro lado da mesa.

– Sim, acho que escolhi. Aquele que você disse que tinha uma vista maravilhosa... verde e azul, né?

Joe sorriu.

– É.

– E tudo bem eu ficar lá? É muito legal. Se esta casa fosse minha, eu iria querer aquele quarto.

Joe abriu mais ainda o sorriso.

– Você ainda não viu o meu.

O dele devia ser ainda melhor.

– Fica no mesmo andar?

Joe espetou um pedaço de bacon.

– Não, o meu ocupa o último andar inteiro.

– Todas aquelas janelas? Aquilo tudo é um quartão só?

Visto de fora, o último andar mais parecia feito de vidro. Eu sempre me perguntara se aquilo era uma ilusão ou se havia vários cômodos. Joe assentiu.

– É.

Eu queria ver o seu quarto, mas como ele não convidou, não pedi.

– Já arrumou as suas coisas? – perguntou ele, dando uma mordida no bacon.

– Não, queria confirmar com você antes de desfazer a mala. Talvez o melhor seja deixar tudo lá dentro. No final desta semana vou estar pronta para me mudar. As gorjetas que ganhei no clube foram boas e poupei quase tudo.

Joe parou de mastigar e a expressão dos seus olhos endureceu ao fitar com raiva alguma coisa do lado de fora. Acompanhei o seu olhar, mas não vi nada a não ser a praia vazia.

– Demi, você pode ficar aqui o tempo que quiser.

Desde quando? Ele tinha me dito um mês. Não respondi.

– Sente-se aqui do meu lado e prove um pouco deste bacon.

Ele puxou a cadeira ao lado da sua e eu me sentei sem discutir. O bacon estava mesmo com um cheiro bom, e eu bem que precisava de algo que não fosse manteiga de amendoim.

Joe deslizou o prato na minha direção.

– Coma.

Peguei um pedaço de bacon e dei uma mordida. Estava crocante e gorduroso, do jeito que eu gostava. Comi a fatia inteira e Joe tornou a empurrar o prato na minha direção.

– Coma outro.

Reprimi uma risada diante daquela sua súbita necessidade de me alimentar.

Que bicho o teria mordido? Saboreei uma segunda fatia de bacon.

– Quais são os seus planos para hoje? – indagou Joe depois que comi o último pedaço.

Dei de ombros.

– Ainda não sei. Pensei em talvez procurar apartamento.

O maxilar de Joe se contraiu e, mais uma vez, seu corpo ficou tenso.

– Pare de falar em se mudar, ok? Eu não quero que você se mude antes dos nossos pais voltarem. Você tem que falar com o seu pai antes de sair correndo para morar sozinha. Não é muito seguro. Você é nova demais.

Dessa vez eu ri de verdade. Ele estava sendo ridículo.

– Não sou, não. Qual é o seu problema com a minha idade? Tenho 19 anos, já sou bem grandinha. Posso morar sozinha com toda a segurança. Além disso, consigo acertar um alvo em movimento melhor do que a maioria dos agentes de polícia. Meu talento para atirar é bem impressionante. Então pode parar com esse papo de insegurança e de que sou nova demais.

Joe levantou uma das sobrancelhas.

– Quer dizer que você tem mesmo uma pistola?

Confirmei com a cabeça.

– Pensei que Grant estivesse brincando. O senso de humor dele às vezes é
horrível.

– Não. Eu apontei a pistola para ele na minha primeira noite aqui.

Joe deu uma risadinha, recostou-se na cadeira e cruzou os braços em frente ao peito largo. Forcei-me a manter os olhos no seu rosto e a não olhar para baixo.

– Adoraria ter visto isso.

Não falei nada. Aquela noite tinha sido muito ruim para mim. Eu não estava disposta a relembrá-la agora.

– Não quero que você que aqui só porque é nova. Entendo que consegue cuidar de si mesma, ou pelo menos acha que consegue. Quero você aqui porque... gosto de tê-la aqui. Não vá embora. Espere o seu pai chegar. Pelo que parece, vocês dois precisam conversar. Aí você pode resolver o que fazer. Por enquanto, que tal ir lá para cima e desfazer a mala? Pense em todo o dinheiro que pode economizar morando aqui. Quando se mudar, já vai ter uma conta no banco bem recheada.

Ele queria que eu casse. O sorriso bobo que repuxou os meus lábios foi incontrolável. Eu caria, sim, e ele estava certo: seria uma baita economia. Quando papai voltasse, eu conversaria com ele e então me mudaria. Não havia por que sair se Joe me queria na casa.

– Está bem. Se estiver mesmo falando sério, então, obrigada.

Joe balançou a cabeça e se inclinou para a frente, apoiando os cotovelos na mesa. Seu olhar prateado estava cravado em mim.

– Estou falando sério. Mas isso também quer dizer que aquele papo de a gente ser amigo tem que continuar valendo, totalmente.

Ele tinha razão, claro. Morarmos juntos e termos qualquer tipo de envolvimento seria complicado. Além do mais, quando o verão terminasse, ele iria se mudar para outra casa em algum lugar. Eu não precisava desse tipo de sofrimento.

– Combinado – retruquei.

Os ombros dele não relaxaram e o seu corpo continuou contraído.

– E você também vai começar a comer a comida daqui quando estiver morando lá em cima.

Fiz que não com a cabeça. Não, eu não faria isso. Não era uma aproveitadora.

– Demi, não discuta. Estou falando sério. Coma a porcaria da minha comida.

Empurrei a cadeira para trás e me levantei.

– Não. Vou comprar comida e comer. Eu não sou... não sou igual ao meu pai.

Joe resmungou alguma coisa, então também empurrou a sua cadeira e se levantou.

– Acha que eu já não sei disso a esta altura? Você tem dormido dentro de um armário de vassouras sem reclamar. Limpa tudo o que eu sujo. Não come direito. Dá para ver que não tem nada em comum com o seu pai. Mas você é hóspede aqui na minha casa e quero que coma na minha cozinha e que a trate como se fosse sua.

Aquilo seria um problema.

– Vou pôr a minha comida na sua cozinha e comê-la aqui. Fica melhor assim?

– Se você só pretende comer manteiga de amendoim e pão, não. Quero que coma direito.

Comecei a balançar a cabeça em negativa quando ele estendeu a mão e segurou a minha.

– Demi, ficarei feliz se souber que você está comendo. Henrietta faz compras uma vez por semana e abastece a casa supondo que eu vá receber vários convidados. Tem comida mais do que suficiente. Por. Favor. Coma. A. Minha. Comida.

Mordi o lábio inferior para me impedir de rir da sua expressão de súplica.

– Está rindo de mim? – perguntou ele e um sorrisinho repuxou os seus lábios.

– Estou. Um pouco – admiti.

– Isso quer dizer que vai comer a minha comida?

Suspirei.

– Só se você me deixar pagar toda semana.

Ele começou a fazer que não com a cabeça e eu retirei as mãos da sua e comecei a me afastar.

– Para onde você vai? – perguntou ele atrás de mim.

– Cansei de discutir com você. Vou comer a sua comida se puder pagar a minha parte. É o único acordo que aceito. É pegar ou largar.

– Tudo bem – rosnou ele.

Olhei de volta para ele.

– Vou tirar as minhas coisas da mala e depois vou tomar um banho naquela banheirona. Depois disso não sei. Não tenho plano nenhum até de noite. Um vinco marcou a testa dele.

– Com quem?

– Com a Bethy.

– Bethy? A menina do country club? Aquela que o Jace come?

– Comia. A menina que o Jace comia. Ela ouviu a razão e partiu para outra. Hoje à noite a gente vai a um bar de música country para arrumar uns trabalhadores de macacão que suem a camisa.

Não esperei pela sua reação. Fui depressa até a escada e subi correndo. Quando cheguei ao meu quarto novo, fechei a porta atrás de mim e dei um suspiro de alívio.