Vocês são os melhores!!!! Infelizmente eu acho que vai ser o ultimo por agora, mas pela manhã ou pela tarde, ou eu ou a Bru continuamos a postar... Enjoy pq a fic já esta acabando :(
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JOE
Eu fiquei mal de quarta até sexta-feira. Pela
primeira vez na minha vida sentia que não tinha chão. Saí do
trabalho e não tinha vontade de fazer nada. Nem sair, conversar ou
me divertir. Ir para casa também não era opção, tudo me lembrava
Demi. Parecia até que ainda sentia o cheiro dela em cada canto.
Assim, saí do trabalho e fui para o único lugar que era uma
referência para mim, a casa onde fui criado, com minha avó.
Liguei avisando e Dantela me esperou para jantar.
Quando cheguei, com a gravata do terno solta, desanimado e
cabisbaixo, ela me fitou horrorizada.
- O que é isso? Que aparência é essa?
- Estou cansado. – Aproximei-me de onde estava,
de pé entre as portas abertas dos fundos, observando o jardim.
Beijei o alto de sua cabeça.
Minha avó segurou meu rosto entre as mãos e
passeou os olhos por meu rosto. Por fim, disse com raiva:
- Diga que é mentira!
- O que, vó?
- Olhe para si mesmo! Você está ... Está igual
o seu pai! Meu Deus, eu fiz de tudo para que isso não acontecesse!
Não posso acreditar.
Suspirei. Terminei de me desfazer da gravata e
segui até as cadeiras no jardim, olhando para a bela noite. Ela veio
ao meu lado, ainda muito irritada e inconformada.
- Eu sabia que essa garota traria problemas. Desde
o início ficou obcecado por ela!
- Vó ...
- Ela é como Joana, igualzinha! Mas que sina a
minha! Meu filho e meu neto ... Assim é demais!
- Demi não é como a minha mãe. E não quero
falar sobre isso. Vim aqui passar uma noite em paz.
- Olhe para você. – Virou meu rosto para si,
balançando a cabeça agoniada. – Está triste!
- Vó, é impossível ser feliz o tempo todo.
Ninguém consegue.
- Você conseguia!
- Não, eu nunca soube o que era felicidade, até
encontrar Demi. – Falei baixo. – Nunca vivi de verdade. Fui o
reizinho, lembra? Olhava tudo do alto.
- Você é um rei, meu querido! Não é como esses
seres sem mente, manipulados, que só obedecem. E essa mulher armou
para te desestabilizar. Ela deu o golpe perfeito, vai fazer jogo duro
por que quer mais. Tem o trunfo da gravidez, agora vai te tentar até
conseguir o maior: um pedido de casamento.
Eu sorri sem vontade.
- A senhora não sabe o que está dizendo. Não
conhece Demi. Acho que se pudesse ela me mataria.
- Mataria nada! Isso é teatro, para causar culpa,
fazer você se sentir mal até comer na mão dela. - Estava furiosa.
Eu a entendia. Temia que eu tivesse o mesmo
destino do meu pai, daí seu desespero. Mas eu estava cansado
daquelas comparações, de toda hora ouvir a mesma história, como um
disco quebrado. Eu não era meu pai nem Demi a minha mãe. Queria ter
minha própria história.
- Vó, podemos mudar de assunto? Hoje quero ficar
em paz e me distrair, só isso.
- E por que não saiu com alguns amigos ou algumas
mulheres? Precisa disso, se desligar de tudo e curtir sua vida.
- Tudo bem. Mas realmente só quero ficar em paz
aqui, jantar, falar de outras coisas. Podemos fazer isso?
- Claro, reizinho. – Veio mais para perto de
mim, pequena e magrinha, abraçando-me.
Fechei os olhos por um momento, carente de afeto.
– Vamos passar uma noite agradável.
Jantamos juntos e conversamos banalidades. Eu não
consegui esquecer Demi por um minuto sequer, sua raiva, o momento em
que jogou as flores na rua. Mas tentei.
O tempo todo minha avó me observava, como se
soubesse que eu não estava ali por inteiro. E por fim, desisti.
Achei melhor ir embora.
Mas enquanto eu me despedia dela e depois saía
para pegar meu carro, Dantela ficou imóvel na sala, sabendo que
tinha chegado a hora de intervir. Com algumas informações que eu
tinha dado, pediu que uma pessoa de confiança descobrisse onde
exatamente Demi trabalhava e morava. Guardava as informações para
si, para quando fosse necessário agir. E foi o que decidiu fazer no
dia seguinte.
DEMI
Eu tinha conseguido marcar consulta com uma médica
ginecologista e obstetra para sábado, no Méier, bem pertinho de
onde eu estava morando. Apesar de ser sábado, dia em que o salão em
que trabalhava dava movimento, Selena conseguiu uma folga pela manhã
para ir comigo.
Pegamos um ônibus e seguimos juntas para lá
cedinho, conversando.
- Está nervosa, Dem?
- Estou. Hoje vai ser minha primeira consulta como
mãe. – sorri. – Quase um mês de gravidez.
- E pensar que ainda vai esperar mais oito meses!
Meu Deus! – Ela apertou minha mão. – Como é a sensação?
- É engraçado, pois a única coisa diferente que
comecei a sentir agora são os seios doloridos. Não tenho enjoo,
fome, desmaios, nada disso. No entanto, não sei se é psicológico,
mas já sinto o bebê dentro de mim.
- Mexendo? – Fitou-me surpresa.
- Não! – Eu ri. – Sinto algo diferente e sei
que é ele. Parece que me faz ficar mais forte também.
- É o instinto materno. – Ela brincou. – Já
pensou em nomes?
- Alguns. Às vezes fico acordada à noite
imaginando se é menina ou menino. Mas tem uma coisa que já decidi.
- O quê?
Segurei sua mão e a apertei. Sentada no banco do
canto no ônibus, virei um pouco para olhá-la.
- Queria saber se você e o Rodrigo aceitam ser os
padrinhos dele. Selena me olhava fixamente. Murmurou:
- Tem certeza?
- Quem mais poderia ser? Quem é minha amiga e
minha irmã? Claro que tenho certeza!
- Dem! – Disse alto, eufórica, me agarrando e
enchendo de beijos enquanto algumas pessoas no ônibus nos olhavam e eu ria. – É
claro que quero! Meu Deus, vou ser uma dinda! Rodrigo vai amar!
Ficamos fazendo planos e então descemos do
ônibus. Enquanto caminhávamos lado a lado, seguindo para o
consultório, eu tive que perguntar:
- Tem notícias da minha mãe? E daquela ...
daquela outra?
Para mim ainda era difícil falar delas. Depois de
um vida inteira aturando tudo que se podia imaginar de ambas e
lutando para mudá-las, eu tinha me dado conta de que as escolhas
eram nossas, ninguém mudava ninguém. E eu escolhi não ser mais
capacho, não ser mais usada como empregada e provedora, não perder
minha vida em função de uma mãe interesseira que se preocupava
mais com uma televisão do que com uma filha, e uma irmã traidora,
que parecia me odiar.
- Estão do jeito que você sabe que são, Dem. –
Selena deu de ombros, lançando-me um olhar. – Juliane vive saindo
toda arrumada, sem cumprimentar ninguém, como se tivesse o rei na
barriga. Sua mãe andou falando para os vizinhos que você é ingrata
e as abandonou na rua da amargura, mas ninguém deu ouvidos a ela.
Conhecem você. Muita gente mandou um beijo, se eu encontrasse você.
A dona Dinorah, a Maíra, o seu Benedito e a Carmen, todo mundo
mandou lembranças.
Eram vizinhos de uma vida inteira, que tinham me
visto crescer. Eu sorri, um pouco triste.
- Mande um beijo para eles. Selena, o pessoal lá
sabe ... que estou grávida?
- Sua mãe fez questão de dizer. Mas ninguém se
importa com isso. Todos gostam de você. Mas é isso. E anteontem a
Juliane chegou de táxi e fez questão que todo mundo visse o rapaz
levando para dentro de casa uma televisão novinha, dessas finas e
grandes, e outras coisas em caixa. A dona Tereza sorria de orelha a
orelha. – Suspirou e balançou a cabeça. – Sabe como a Juliane
arrumou dinheiro, né? Na certa saindo com homens ricos.
- Ou pousando como capa da revista do ... daquele
homem.
- Joe. – Ela disse. – Não adianta não querer
proferir o nome dele. É o pai do seu filho.
Em alguma momento vão precisar conversar, fazer
acordos.
- Eu só o quero longe. Preferia que esquecesse e
sumisse, me deixasse criar o bebê sozinha. Eu não aguento nem olhar
para ele.
- Isso vai passar, Dem.
- Nunca! – Exclamei com certeza. Era só pensar
e falar nele para me encher de raiva.
- Dem, sei que o que ele fez foi horrível. Mas se
ele quiser mesmo assumir o filho, não vai ter nada que você possa
fazer.
- Eu sei disso. Mas o bebê ainda não nasceu e
durante a gravidez não pode me obrigar a nada. Quero que desista e,
quando meu filho nascer, esqueça que existimos.
Ela não disse mais nada.
O consultório ficava no terceiro andar de um
prédio grande e novo. Era bonito, agradável e vi duas grávidas com
barrigão, perto de outras mulheres que aguardavam a consulta. Senti
um misto de emoção e ansiedade ao saber que logo eu estaria da
mesma forma, sentindo meu filho se mexer dentro de mim.
Apresentei os documentos à recepcionista, que
depois nos mandou esperar até ser chamada. Um das grávidas entrou
com a mãe e saiu toda sorridente. Ouvi quando disse à
recepcionista:
- Até semana que vem meu bebê está nascendo.
- É mesmo? – A moça sorriu. – Parabéns! E é
menino mesmo?
- Sim, Joe.
Eu olhei para Selena e ela para mim. Sacudi a
cabeça e murmurei:
- Até aqui?
Acabou sorrindo.
- Até aqui, amiga.
- Demi Devonne. – A médica apareceu na porta.
Era uma morena bonita com cabelos escuros até ao ombros, entre 45 e
50 anos de idade. Usava um jaleco branco e tinha um olhar direto,
seguro. Olhou-me quando me aproximei com Selena e apertou minha mão
com firmeza, depois a dela.
Depois que fechou a porta e sentamos, ela indagou:
E então, Demi, em que posso ajudá-la?
- Eu estou grávida. – Falei baixo. Era
engraçado como dizer assim, na frente de uma médica, parecia tornar
tudo oficial. Uma emoção indescritível me envolveu. E percebi que
apesar de tudo, estava feliz com a gravidez. Era incrível como já
sentia aquela vida se formando dentro de mim como inseparável da
minha.
Peguei dentro da bolsa o resultado do exame de
sangue e entreguei a ela. Era uma cópia e fui buscar no laboratório,
pois o primeiro Joe tinha amassado entre os dedos quando soube da
notícia, naquele dia fatídico. Desviei o pensamento. Não queria
lembrar dele. A médica olhou o exame e ergueu os olhos, sorrindo
para mim.
- Meus parabéns.
- Obrigada. – Sorri de volta, estabelecendo na
hora uma relação com aquela mulher, sem nem entender direito como.
Era uma daquelas coisas que sentimos na vida por uma pessoa, sem
explicação, seja simpatia ou antipatia. E eu gostei dela de
imediato.
- E eu sou a madrinha. – Brincou Selena.
- Parabéns também, madrinha orgulhosa. –
Sorriu. – Bem, tem ideia de quanto tempo é a sua gravidez.
- Sei exatamente. Tem quatro semanas.
- Ok. Uma ultrassonografia agora não é
necessária, mas vou pedir alguns outros exames, passar ácido fólico
e algumas vitaminas. E explicar tudinho.
Ao final, foi constatado que eu estava bem,
pressão arterial normal, em uma gravidez aparentemente saudável.
Explicou-me como funcionava o desenvolvimento do bebê, as coisas que
eu poderia sentir, o que era ou não normal. E de acordo com a data
que dei e tudo mais, calculou o nascimento do meu filho ou filha
entre 23 e 30 de outubro.
Senti-me amparada e protegida podendo fazer
perguntas e entender melhor tudo o que aconteceria com meu corpo. Saí
de lá sorrindo, apertamos nossas mãos. Tinha exames para fazer,
receitas na mão e remarquei a consulta para dali a três semanas,
quando teria tudo pronto para retornar, inclusiva a ultrassonografia
que só poderia fazer quando completasse seis semanas.
- Gostei dela. – Disse a Selena.
- Eu também. Foi indicação de alguém?
- Sim, uma colega do trabalho. Só se trata com a
doutora Rosana e teve filho com ela, disse que é ótima.
- Perfeito, então.
Selena teve que voltar para trabalhar no salão.
Continuou no ônibus, enquanto eu descia em Engenho de Dentro e
andava até a vila de casas em que eu estava morando. A primeira
coisa que vi ao chegar perto foi um belíssimo e importado sedã
negro, onde um motorista uniformizado se mantinha ao lado da janela
da parte de trás. Ele me encarou e na hora pensei que aquilo era
coisa do Joe.
Abriu a porta de trás e esperei que ele saísse
lá de dentro, já preparada para ignorá-lo e entrar em casa. Mas o motorista deixou a porta
aberta e disse para mim:
- Senhorita Demi Devonne?
- Quem quer saber? – Indaguei desconfiada,
parando a alguns passos.
- A senhora Dantela Adam gostaria de falar com a
senhorita, se não se importa. – Disse o homem de meia-idade,
pomposo.
O sobrenome Adam me fez pensar na avó de Joe. Eu
não queria nada com ele nem com a família dele. Mas então uma
senhora idosa inclinou a cabeça para fora e me fitou. Tinha olhos
negros e, apesar da idade, não eram nublados ou foscos. Eram diretos
e penetrantes, como os do neto.
- Podemos conversar? – Indagou em um tom sério,
sem nem ao menos piscar.
Quis dizer que não. Mas então me dei conta que a
senhora não tinha culpa pelos erros do neto. Mesmo contra a vontade,
me aproximei do carro. Ela chegou para o lado, dizendo:
- Sente-se aqui.
Depois que entrei e sentei, o motorista bateu a
porta e ficou do lado de fora. Parecíamos isoladas do mundo ali,
naquele ambiente fechado e luxuoso, com o ar condicionado ligado. Nos
encaramos em silêncio.
Era elegante, apesar de idosa e pequena. Usava uma
blusa se seda perolada, cordão e brincos de ouro, saia azul marinho
reta. E estava maquiada, com blush e batom rosado. Mas enquanto sua
aparência era de uma pessoa frágil, seu olhar era duro, analítico.
Senti-me estranhamente observada.
- Você é realmente muito bonita. Mais do que
imaginei.
Não agradeci, pois algo no tom dela parecia
depreciativo, como se minha beleza a incomodasse. Aguardei, calada.
- Estou sabendo de tudo, meu neto me contou. Vim
aqui negociar com você.
- Negociar? – Eu franzi o cenho, encarando-a.
- No início pensei que o filho que você espera
poderia não ser de Joe. Mas então percebi que não seria tão
burra, ainda mais hoje em dia, com tantos exames para provar. É
claro que faremos o exame de DNA, mas acredito que vai dar positivo.
Senti o sangue subir. Mas antes que pudesse me
manifestar, continuou:
- Sou uma mulher vivida, Demi. Encontrei alguém
assim como você pelo caminho uma vez.
- Assim, como?
- Esperta, sagaz, paciente. Aposto que foi tudo de
caso pensado, não? Bem, isso não importa mais. Meu neto não casará
com você, mesmo estando grávida. Mas não penso em deixar meu
bisneto na lama. Pagaremos uma boa pensão, ele terá de tudo. Diga o
seu preço. O quanto quer para desistir de Joe e o deixar em paz?
Eu tremia, quando ela Dantela terminou de falar.
Olhei para ela, aquele carro luxuoso, lembrei do Porsche e do
apartamento de Joe. Tudo banhado a muito dinheiro e da melhor
qualidade.
Então pensei na casa pobre em que cresci e na que
eu vivia agora, quase vazia. Apesar da raiva que me consumiu naquele
momento, consegui dizer friamente:
- A senhora pode pensar o que quiser. Mas deixe-me
dizer uma coisa e aproveita e conta para seu neto também: nem eu nem
o meu filho estamos à venda. Nada, nenhum bem ou dinheiro, me fará
aceitar aquele maldito de novo na minha vida. Então, não precisa se
preocupar. Feche a sua carteira, pegue o seu carro com motorista e
volte para o lugar de onde veio. Por que mesmo sendo pobre e morando
em uma vila de casas, eu tenho muito mais a oferecer ao meu filho do
que vocês.
- Belo discurso. Eu sabia que o faria. Mas vamos
aos fatos, chega de tanta enrolação: O que você quer, menina?
- Quero a senhora e seu neto longe. Para sempre.
Estamos entendidas ou gostaria de falar mais alguma coisa?
- Você é muito impertinente! – Olhou-me de
cima a baixo com superioridade.
- Ah, sou? Eu estou vindo para casa, em paz,
quando sou abordada por uma senhora desconhecida e arrogante,
prepotente, que me faz uma proposta ultrajante, como se eu fosse uma
prostituta, e eu é que sou impertinente? – Pus a mão na maçaneta
da porta. – Acho que já terminamos a nossa conversa.
- Eu ainda não acabei. – Vendo que eu ia abrir
a porta, agarrou meu braço, sendo bem mais forte do que aparentava.
Seus olhos negros ardiam, sem nenhuma preocupação em disfarçar sua
cólera. – Por que não para de teatro? Vamos, diga, Joana, quanto
você quer para deixar meu neto em paz? Casas? Fortuna? O quê?
- Eu não me chamo Joana. Meu nome é Demi. –
Corrigi secamente. – E já disse, se é para fazer um pedido, fique
a senhora e seu neto longe de mim e do meu filho. Garanto que nunca
mais me verão pela frente.
Abri a porta e, de imediato o motorista veio
segurá-la.
- Se for provado que essa criança é um Adam de
Jonas, eu vou tirá-lo de você. Mostrarei a boa puta que você é e
a criança será criada por pessoas dignas. Não verá nem a cor do
meu dinheiro nem do meu reizinho.
Virei para ela antes de sair, tremendo de raiva,
mas tentando me controlar.
- Seu reizinho? – Ri, sem vontade. – Agora
entendo por que Joe é tão arrogante e usa as pessoas, achando que o
mundo é dele. Aprendeu com a senhora. Lamento por ele, que perdeu os
pais cedo e caiu em suas mãos. E nunca fui puta na minha vida nem
vou ser, por isso esqueça de me comprar. Meu filho vai ser criado
por mim, pois morro, mas nunca vou deixar que seja como vocês!
Saí do carro.
- Você vai se arrepender, Demi. – Falou baixo,
ameaçadoramente.
- Eu me arrependo de muita coisa. De ter conhecido
o seu reizinho, senhora. E de ter entrado nesse carro, sabendo bem de
quem é avó. Nem a idade ensinou a senhora certas coisas. Mas espero
que ensine a Joe.
E me afastei pela calçada, sem olhar para trás.
Escutei quando o carro se afastou. Praticamente corri para minha casa
e me senti segura só quando cheguei lá dentro e tranquei a casa.
Abracei minha barriga e comecei a chorar, de raiva e humilhação,
assim como de medo.
Eles podiam ser ricos e poderosos, mas nunca
tirariam meu filho de mim. Nunca!
Que mulher horrível! Como eu poderia esperar
algum sentimento humano de Joe tendo sido criado por aquele monstro?
Uma mulher que achava que tudo girava em torno de seu dinheiro e que
não tinha escrúpulos em tentar comprar as pessoas, como se não
passassem de objetos ou seres inferiores.
Eu estava desesperada, soluçando, furiosa. Minha
vontade era a de procurar Joe, socá-lo, xingá-lo, saber se tinha
sido ele que a mandara ali, terminar de fazer seu trabalho sujo. Mas
eu nunca o procuraria. Ei tinha ódio dele! E ódio daquela sua avó
também, dois arrogantes e prepotentes, metidos a superiores e
melhores do que os outros.
Em meio à minha crise de choro, o celular começou
a tocar. Pensei em não atender, mas ao mesmo tempo quis falar
desesperadamente com alguém, desabafar para não fazer mal ao bebê.
Abri a bolsa e peguei o aparelho, nem olhando quem era.
- Alô. – Minha voz saiu embargada,
desestruturada. Respirei fundo, tentando me controlar.
- Demi? – A voz máscula de Matheus penetrou
minha mente. – O que aconteceu?
Como ele podia me conhecer tanto, em tão pouco
tempo? Ouvir sua voz foi tudo o que eu precisava para desabar de vez.
Voltei a chorar, sem conseguir falar.
- Demi? – Havia certo pânico em sua voz. –
Está passando mal? É algo com o bebê?
- N ... Não. – Consegui balbuciar, passando a
mão no rosto, escorregando para o chão, ainda encostada na porta.
Desabafei baixinho: - Eu não aguento mais.
- Não aguenta o quê? Diz para mim que não está
fazendo uma besteira? Já saí de casa e estou indo aí. Me dê o seu
endereço. – Estava nervoso.
- Não, não estou fazendo besteira. - Funguei,
recobrando um pouco do autocontrole, sabendo que se preocupava de
verdade. Fechei os olhos. – Aquela mulher veio aqui e falou um
monte de coisa. Ela é horrível, Matheus!
- Que mulher?
- A avó ... De Joe.
- Dantela? – Suspirou. - Ela foi até aí?
- Sim.
- E o que disse?
- Perguntou quanto eu queria para deixar Joe em
paz. Me chamou de interesseira e ... Ai, eu me senti um lixo! O tempo
todo me olhando como se eu fosse um nada, uma qualquer! Deixar o seu
reizinho em paz! Como se o que eu mais quisesse não fosse exatamente
isso, nunca mais olhar para ele!
- Calma, não fique assim nervosa, não vai fazer
bem para você. Agora me diz onde você mora. Já estou a caminho.
- Não, não precisa. Eu já estou melhor. E daqui
a pouco vou sair, tenho um teste fotográfico para fazer às três e
meia da tarde. Ia ser de manhã, mas trocaram o horário. –
Consegui falar, mais recuperada.
- É aquele do Leon, que me contou na festa?
- Sim.
- Mais um motivo para eu ir aí. Vamos almoçar
juntos e depois levo você para o teste.
- Não, Matheus.
- Matt, lembra? – Sua voz era sedutora. – Você
é minha amiga.
Eu acabei sorrindo, enxugando os olhos com a ponta
da camisa.
- Sim, eu lembro. Mas olha, está tudo bem. E eu
... Eu não quero que pense que estou incentivando você. Olha, estou
grávida, minha vida está de pernas para o ar e ...
- Demi, já falamos sobre isso. Sem pressão.
Somos amigos. E já estou a caminho. Agora me dê o endereço.
Mordi os lábios, na dúvida. Gostava mesmo dele.
E não queria envolvê-lo na loucura que estava a minha vida.
- Matheus ...
- Matt.
- Matt. – Sorri um pouco mais. – Melhor não,
de verdade.
- Se não der o endereço, vou percorrer cada casa
de Engenho de Dentro, mesmo não conhecendo nada por aí.
- Como sabe que é em Engenho de Dentro?
- Você me disse, quando conversamos na faculdade.
- É verdade.
- E então?
Era difícil resistir. Ainda mais quando me sentia
tão sozinha e fragilizada. Não queria me aproveitar dele nem que se
sentisse enganado depois, quando percebesse que eu realmente não
queria mais saber de homem nenhum.
- Estou chegando. – Brincou.
- Mas não sabe onde é.
- Isso não me impediria. Sou muito mais
persistente do que imagina.
- Estou vendo.
- Endereço?
- Ah, tá. Você venceu. – E falei onde morava.
- Daqui a pouco chego aí. E não coma nada. Vamos
almoçar juntos.
- Está bem. Obrigada. Não sei como agradecer.
- Me chame de Matt.
- Matt.
Acabamos rindo.
- Gostei. Até mais, meu bem.
- Até. – Desliguei bem mais aliviada e
tranquila. Matheus ... Matt ... tinha tido o poder de me ajudar. E
agradeci intimamente por isso.
Depois de uma porrada atrás de outra, eu
precisava desesperadamente de um porto seguro, de um amigo. Como
Selena. Como Matt.
Aí meu Deus. Essa avó do Joe é uma mala. Que saco
ResponderExcluirPosta mais please!
MANOLOOOOOOOOO EU TO JOGADA SÉRIO
ResponderExcluire pensar q teve vezes q eu defendi essa puta da avó do joe, sério
ela é uma NOJENTA FILHA DA PUTA DESGRAÇADA Q MERECE APODRECER NO INFERNO
mano posta logo por favor <3
Essa avó do Joe é uma desgraçada prepotente que acha que o mundo só gira em torno do dinheiro dela.
ResponderExcluirE cara, o Matheus só tá querendo arrumar confusão, mas que merda, fica no teu lugar Matheus!! Que raiva!!
Posta logo
Cara, não to aguentando ver esses dois assim!! :,(
ResponderExcluirE pra mim o Matheus só tá querendo se aproximar da Demi pra no final ficar com ela!! Por isso eu to com raiva!!
POSTA
A briga já esta armada..... com certeza o Joe vai ver esses dois.... não confio nesse Matheus....,. Tomara que o Joe brigue com essa avó dele ....., maldita...... estou vendo a Juliane morrer de inveja quando a Demi fizer sucesso com a campanha..... continuaaaa.....
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