14.1.15

Capitulo 2 - Maratona 1.6

Oii. Ainda é a Mari e vim para começar a Maratona!!! Então,  vamos fazer o seguinte eu irei postar a cada uma hora se tiver pelo menos 6 comentários.  Certo?  Beijoos ♥

-------

Três meses depois

Do outro lado da rua do Chandler Park, no centro de Burbank, Joe estava sentado na BWM procurando algum sinal de uma mulher grávida. Ele abriu a janela e uma brisa fresca do fim de maio levou o aroma de grama recém-cortada.

Com a ajuda de um detetive particular, ele finalmente encontrara informações sobre 3516A, também conhecida como Demi Lovato. Ele não tinha uma fotografia da mulher, mas sabia que Demi Lovato tinha 1,65 m de altura, cabelos castanhos, olhos verdes e pesava 55 kg.

A CryoCorp dissera a Maggie que não tinha registro da carta que Joe enviara pedindo para ser removido como doador e, portanto, recusou-se a dar qualquer informação relacionada à cliente deles, 3516A. Se não fosse pelo detetive que contratara, Joe não estaria naquele momento sentado observando três mulheres correndo atrás de crianças demais.

Depois de chegar ao apartamento de Demi Lovato naquela manhã, ele só precisara de alguns minutos para descobrir com um vizinho que ela estava no Chandler Park ajudando uma amiga com uma festa de aniversário.

Maggie aconselhara Joe a se manter afastado da mulher. Havia detalhes legais a resolver, dissera ela, mas Joe não deu ouvidos. Ele ainda não sabia se 3516A, ou Demi Lovato, ficara grávida ou não e não conseguiria dormir enquanto não descobrisse a verdade.

Joe manteve o olhar na mulher mais próxima. Ela soprava bolhas de sabão, causando risadas nas crianças. Elas correram atrás da mulher, tentando pegar as bolhas. Ela era alta e esguia e usava um macacão vermelho, com os cabelos ruivos longos brilhando sob o sol. A mulher de vermelho não só era alta demais para ser Demi, não tinha cabelos castanhos nem estava grávida.

A alguns metros da sopradora de bolhas, outra mulher distraía as crianças brincando de estátua.

Joe ergueu os óculos escuros para ver melhor. Cabelos castanhos com vários cachos rebeldes e pernas longas. Alta demais para ser Demi Lovato.

A terceira e última mulher era a dama de azul: camiseta azul, tênis azuis e um chapéu azul que cobria o rosto e os cabelos. Ela lia um livro para algumas crianças menores e era impossível dizer qual era a cor dos cabelos e a altura dela. Mas uma das crianças começou a chorar, forçando a dama de azul a entrar em ação.

Ele espremeu os olhos por causa do sol. A dama de azul tinha cabelos pretos — não, castanhos. Usava uma bermuda branca. Ele estimou que ela tivesse cerca de 1,65 m de altura.

Bingo.

Ela era miúda e definitivamente não estava grávida.

A tensão desapareceu dos ombros e do pescoço dele. Podia respirar novamente. A vida era bela.

A risada das crianças o deixou de bom humor. Ele recostou a cabeça no banco, colocou novamente os óculos escuros e fechou os olhos. A simples ideia de se tornar pai o deixava claustrofóbico, não porque não quisesse um filho, mas porque não estava pronto. Uma pessoa tinha que estar preparada para esse tipo de coisa. Além do mais, ele preferia ter um filho do jeito tradicional — depois que casasse com a mãe da criança. Ele riu sozinho ao perceber que apelara para a espionagem.

Que diabos estava pensando? O que teria feito se encontrasse uma Demi Lovato grávida? Ha! Maggie tinha razão. Ele não deveria ter ido lá.

Algumas batidas de leve no vidro do passageiro chamaram a atenção dele, que endireitou o corpo. Uma olhada pelo espelho retrovisor relevou um carro de polícia parado atrás dele. Um policial estava meio abaixado e bateu no vidro do passageiro novamente.

Joe apertou o botão na porta do motorista e o vidro desceu. — Pois não, policial?

— Saia do carro, por favor, senhor.

Confuso, Joe fez o que o policial pediu. Passou pela frente do carro e subiu na calçada. Duas mulheres estavam paradas atrás do policial, a sopradora de bolhas e outra mulher que ele não notara antes. Ela tinha os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo e estava de costas para ele. As duas mulheres estavam próximas e sussurrando uma para outra, de forma que ele não conseguiu ouvir o que diziam.

Joe retirou os óculos escuros, prendeu-os na frente da camisa e esperou que o policial terminasse de escrever no bloco.

Dessa vez, quando o policial olhou para ele, ficou boquiaberto e apontou o lápis. — Você é Joe Jonas, zagueiro do Los Angeles Condors.

— Isso mesmo. — Joe estendeu a mão. — Como posso ajudá-lo?

— Policial Matt Coyle — disse o policial ao apertar a mão de Joe. — Eu agradeceria muito se me desse um autógrafo. Meus filhos são grandes fãs.

— Sem problema.

— Policial, por favor! — interrompeu a ruiva.

Bastava entregar um tridente de diabo para a ruiva, pensou Joe, e a imagem estaria completa.

O policial Coyle pigarreou. — Essas senhoras — disse ele, gesticulando em direção às mulheres — notaram que você está parado aqui há algum tempo. Francamente, elas estão preocupadas com a segurança das crianças.

A sopradora de bolhas se virou para Joe, colocou as mãos nos quadris e encarou-o, claramente não impressionada com o status de celebridade dele. A outra mulher meramente lançou um olhar preocupado por sobre o ombro, o que indicou a ele que era a culpada, a que chamara a polícia.

Joe passou pelo policial e aproximou-se das mulheres. — Peço desculpas. Eu deveria ter me apresentado mais cedo.

A ruiva semicerrou os olhos. Se um olhar pudesse matar, Joe teria caído morto bem ali, na calçada.

— Vim aqui à procura de Demi Lovato — disse Joe.

A mulher de cabelos castanhos se virou, com os olhos arregalados. — Eu sou Demi — disse ela.

Ela tinha cerca de 1,54 m de altura. Cabelos castanhos. Olhos verdes. — Puta merda.

Ela semicerrou os olhos. — Como?

— Puta merda — disse ele novamente, mais devagar dessa vez quando fixou o olhar na barriga enorme.

A sopradora de bolhas pegou o braço da amiga, como se quisesse tirá-la do caminho do perigo. — Policial — chamou ela. — Pode nos dar uma mãozinha aqui?

— Sr. Jonas — disse o policial —, você conhece alguma dessas mulheres?

A mente de Joe estava meio amortecida, mas ele conseguiu dizer: — Não, não conheço.

— Você está deixando as moças nervosas e, para ser sincero, estou começando a me perguntar. O que quer com essa mulher?

Joe afastou os olhos da barriga dela e ergueu-os para o rosto de Demi.

— Ela está carregando o meu filho.

As mãos de Demi Lovato desceram para a barriga. — Como é?

— Você está carregando o meu filho — disse ele novamente, apesar de não ter realmente certeza de que dissera alguma coisa. A mente enevoada e a língua pesada não estavam ajudando. Por meses, ele ficara imaginando se haveria uma mulher em algum lugar que estivesse grávida dele. Em um dia, ele se sentia empolgado com a ideia e, no dia seguinte, só conseguia sentir pavor. As emoções dele estavam descontroladas. Naquele momento, não sabia o que pensar nem o que sentir, mas isso não impediu que o coração batesse com força dentro o peito.

O policial coçou o queixo. — Achei que tinha dito que não conhecia a mulher.

— Isso mesmo, não conheço.

— Então, como ela pode estar carregando o seu filho?

— É uma longa história.

— Eu tenho bastante tempo — disse o policial, guardando o bloco. — E vocês, senhoras?

A sopradora de bolhas cruzou os braços sobre o peito e bateu o pé no chão. — Definitivamente.

Joe não conseguia tirar os olhos da mulher chamada Demi.

Será que ela estava mesmo carregando o filho dele?

A julgar pelo olhar aterrorizado no rosto dela, era possível. A aparência dela era maravilhosa: pele impecável, cada fio de cabelo no lugar, queixo inclinado para cima, inflexível, obstinada. O olhar dele desceu para a mão dela. Nenhuma aliança. Ela não era casada, o que ele considerou uma coisa boa. Era uma pessoa a menos com quem lidar.

Joe mudou o peso do corpo da perna machucada para a perna boa e começou do princípio. — Há cerca de seis anos, fui doador para uma empresa chamada CryoCorp. Dezoito meses depois, enviei a eles uma carta pedindo que me removessem como possível doador. Há três meses, recebi uma carta deles dizendo que a receptora 3516A, também conhecida como Demi Lovato, tinha me selecionado como doador. E aqui estou.

O rosto de Demi Lovato ficou pálido e ela cambaleou. A mulher começou a cair. Joe deu um salto e a pegou nos braços antes que ela batesse no chão. Ele segurou o corpo desfalecido dela, feliz ao ver que ainda respirava.

— Policial! — gritou a sopradora de bolhas, claramente alarmada ao vê-lo segurando a amiga dela. — Faça alguma coisa.

O policial Coyle andou até o carro dele.

Do outro lado da rua, a mulher de pernas longas e a dama de azul reuniram as crianças. Joe tinha público.

— Todos fiquem calmos — disse o policial. — Há uma ambulância a caminho.

— Ei, Hollywood! — um dos garotos mais velhos gritou para Joe. — Pode me dar um autógrafo?

A moça de chapéu rapidamente conduziu as crianças em direção à mesa de piquenique, onde os balões balançavam de um lado para o outro.

Joe sentiu uma dor aguda no joelho. O peso de Demi Lovato não estava ajudando em nada. Ele se encaminhou para o carro. A sopradora de bolhas o seguiu de perto, cutucando as costas dele com uma unha afiada. — O que pensa que está fazendo?

— Se puder abrir a porta de trás — disse Joe —, vou deitar a sua amiga no banco traseiro.

— Ah, não, não vai. Até onde sei, você pode ser um assassino em série qualquer.

— Meu nome é Joe Jonas. Jogo no Los Angeles Condors. O policial e o garoto do outro lado da rua podem confirmar isso. Ou prefere segurá-la você mesma? — Ele se virou para ela, que ergueu as mãos em protesto e correu para abrir a porta do carro.

Joe colocou o joelho machucado no chão do carro, entre os bancos dianteiro e traseiro, e deitou-a no banco sem movimentos bruscos. Ao tentar puxar o braço que estava sob a cabeça de Demi Lovato, ela estendeu os braços e colocou-os em volta do pescoço dele.

~~~

Demi soltou um suspiro satisfeito. Thomas viera encontrá-la. Ele a segurava nos braços, fazendo com que ela se sentisse flutuando no ar enquanto a carregava pela porta. Thomas se inclinou e colocou-a sobre a cama. Com receio de que partisse cedo demais, ela estendeu os braços e colocou-os em volta do pescoço dele.

Em seguida, ela o beijou.

Thomas parecia hesitante no começo. Ele tinha a boca mais firme e mais quente do que ela se lembrava, quase perigoso quando finalmente cedeu e aproveitou o momento. O beijo foi incrível e ela não queria que terminasse, mas ele se afastou. — Thomas — disse ela. — Não vá embora. — Mas era tarde demais. Tudo parecia terminar cedo demais em se tratando de Thomas. Tudo.

Os olhos de Demi tremularam e abriram-se. Ela prendeu a respiração ao ver um homem maravilhoso flutuando diante dela.

Definitivamente não era Thomas.

Ela precisou de um momento para se lembrar que era o mesmo homem que declarara ser o pai do bebê que carregava. O homem segurava a cabeça dela na palma da mão. O topo da barriga enorme encostava nos músculos rígidos dele. — Você não é Thomas.

Um sorriso malicioso dançava nos lábios dele. — Não posso dizer que seja.

— Diga-me que não acabei de beijar você. — Mas ela sabia que o beijara. Os olhos dele... a resposta estava nos olhos dele. E os lábios dela, o gosto nada familiar dele ainda estava nos lábios dela.

— A ambulância está a caminho — disse ele.

Ela foi tomada pela ansiedade ao lembrar que começara a cair antes de desmaiar. — O bebê está bem?

— Eu acho que sim. Eu vi quando desmaiou e consegui segurá-la antes que caísse na calçada e se machucasse ou machucasse o bebê.

Sandy colocou a cabeça para dentro pela porta aberta. — O que está acontecendo? O que ele está fazendo com você?

— Está tudo bem — disse Demi à amiga. — Só estamos conversando.

O homem chamado Joe começou a se afastar, mas Demi agarrou o braço dele. — Antes que eu desmaiasse, por que você disse que eu carregava o seu filho?

— Porque é verdade.

Ela acenou para que Sandy se afastasse e a amiga desapareceu, mas não sem antes soltar um suspiro exasperado.

— Detesto desapontá-lo — disse Demi —, mas você não é o pai do meu filho.

— Como pode ter certeza?

— A CryoCorp faz com que os doadores preencham uma quantidade imensa de formulários. — Ela saberia. Passara os últimos oito meses memorizando cada palavra que o doador escrevera sobre si mesmo. — O pai do meu filho tem olhos azuis. É alguns centímetros mais alto que você e...

Ele fez uma careta.

— O quê? O que você fez?

— Eu meio que menti.

— Ninguém meio que mente. Ou você mentiu, ou não mentiu.

— Você tem razão. Eu menti — disse ele. — Seu doador estudou medicina e preferia polo aquático, não futebol. Ele é vegetariano, certo?

Ela assentiu, sem acreditar, e acrescentou: — Ele também é muito sensível e trabalhava para o Greenpeace.

Ele coçou o nariz.

— Ele é médico — continuou ela, recusando-se a acreditar naquele homem — e algumas vezes trabalha como palhaço no hospital infantil porque... porque adora crianças.

Ela sentiu o bebê dar um chute. Ele também devia ter sentido, pois manobrou o corpo para que não ficasse diretamente sobre ela. Ele parecia desconfortável, como se estivesse sentindo dor. Não que ela se importasse. Ele merecia estar desconfortável por espioná-la e, em seguida, despejar informações demais sobre ela, como fizera.

O homem olhou para a barriga dela. O bebê chutou novamente, mais forte.

Os olhos dele se arregalaram. — Isso é incrível.

Ela sorriu. Não conseguiu evitar. Sempre que sentia o bebê chutar, parecia um milagre. — Há alguns dias, parece que ele está tentando chutar para abrir caminho e sair.

— Você disse "ele"? Nós teremos um menino?

O coração dela saltou com as palavras do homem. — Por que está aqui? Por que mentiria?

— Eu sinto muito, de verdade. Quando fiz a doação, eu precisava desesperadamente de dinheiro. Eu não pensei direito.

— Mas a CryoCorp verifica as informações de todos os doadores.

— Eu tenho contatos.

Ela não conseguia acreditar no que ouvia. — Isso é horrível — disse ela. — Você é horrível. Escreveu tudo o que achou que uma mulher gostaria em um homem, no filho deles. Um monte de mentiras. Até mesmo a cor dos seus olhos. — Ela fez uma careta. — Eles não verificaram nem mesmo a cor dos seus olhos?

Ele deu de ombros. — Eu sei. Também fiquei um pouco surpreso com isso.

— Havia alguma coisa que escreveu naquele questionário que não era mentira?

Ele franziu a testa enquanto tentava se lembrar.

— Então, você está me dizendo que o pai do meu filho é um jogador de futebol mentiroso, impiedoso, sem compaixão, que odeia crianças, que come carne e tem olhos castanhos?

— Ei, espere um pouco, o que há de errado com olhos castanhos?

Ela colocou a palma da mão na testa. Nem mesmo deveria conhecer o pai do filho. Nenhum homem chegaria sequer perto do homem que ela imaginara como o pai do bebê, nem mesmo Thomas. Claro, esse homem era muito além de lindo e ela estaria mentindo para si mesma se não admitisse que ele beijava como ninguém. Mas um homem que beijava muito bem e era lindo não significava um bom candidato a doador.

— O pai do meu filho é um grande mentiroso — disse ela como se ele não estivesse bem ali. — Ele é como todos os outros homens aí fora, nada de especial, apenas um egocêntrico, egoísta, horrível, mentiroso...

— Você já deixou isso bem claro — interrompeu Joe. — Mas, como eu disse, pensei melhor sobre o que fiz. Sei que eu estava errado e foi por isso que escrevi para a CryoCorp pedindo que me retirassem da lista de doadores. Até devolvi o dinheiro. Eu tenho consciência.

A sirene da ambulância soou à distância. Ela fechou os olhos. — Vá embora. Deixe-me em paz.

— Não é tão fácil assim.

Ela abriu um olho. — O que quer dizer?

— Você está carregando o meu filho. Não vou a lugar algum. Não posso.

Um som baixo de desespero surgiu na garganta dela quando ergueu as mãos para o peito dele e o empurrou, tentando fazer com que a deixasse em paz. Uma dor atravessou a barriga e ela enterrou as unhas no peito rígido dele. — Ah, meu Deus!

— O que foi?

Um líquido morno escorreu pelas pernas dela enquanto as unhas se enterravam na camisa e na pele dele. — Isso não pode estar acontecendo.

Ah, meu Deus! É muito cedo.

— Qual é o problema? — perguntou Sandy com voz estridente.

— O bebê — disse Demi. — Está nascendo. O bebê está nascendo!

Na pressa de se afastar, Joe Jonas, o homem que ela se recusava a acreditar que fosse o pai do bebê, caiu desajeitadamente entre ela e o banco dianteiro e, em seguida, tropeçou de costas para fora do carro.

~~~

Treze horas depois, cansado de esperar na área de recepção do hospital, Joe abriu a porta do quarto de Demi e olhou para dentro. A amiga ruiva dela, Satã, aquela que deveria ter dado notícias enquanto ele ficava sentado no saguão, pegara no sono em uma cadeira no canto do quarto, enquanto a outra amiga, a dama de azul, estava sentada no outro lado da cama.

Apesar da máscara de papel que ele recebera antes de entrar no quarto, o cheiro de antisséptico era forte. Ele achou que Demi talvez estivesse dormindo, mas o monitor emitiu um bipe e ela abriu os olhos. Cegamente, ela estendeu a mão, que a dama de azul pegou e disse que tudo ficaria bem. Demi relaxou, mas somente até o monitor emitir outro bipe. Dessa vez, ela arregalou os olhos. Ela e a amiga começaram a respirar juntas, exalando rapidamente três vezes, inalando, e recomeçando.

Demi parecia que tinha passado o dia inteiro em um acampamento do exército sem um gole de água: o rosto estava pálido, os lábios secos e rachados. O cabelo estava úmido e puxado para trás. Sombras escuras rodeavam os olhos. Ela mal se parecia com a mulher que ele conhecera mais cedo.

Por um segundo, Joe ficou pensando se deveria procurar um médico ou uma enfermeira. Como Satã podia dormir enquanto Demi sentia tanta dor? Depois de alguns momentos, as duas mulheres pararam com aquela coisa estranha de respirar juntas e começaram a rir.

As ações delas confirmaram as suspeitas dele: eram todas malucas.

— O que você está fazendo aqui?

Droga. Satã estava acordada. — Já faz cinco horas desde que recebi alguma notícia — disse ele. — Achei melhor vir aqui e ver como estão as coisas com meus próprios olhos.

— Não deveriam ter deixado você entrar. Vou lá dar uma bela bronca...

— Sandy — disse Demi com a voz grossa. — Está tudo bem.

Sandy se levantou e espreguiçou-se. — Como quiser. Vou até o restaurante tomar um café. Grite se precisar de mim.

Joe a ignorou, aliviado ao ver Satã encaminhando-se para a porta.

— Espere, vou também — disse a outra mulher. — Estou faminta. — Ela se aproximou de Joe, segurou a mão dele e deu um aperto firme. — Olá, meu nome é Chelsey.

Ele ficou contente ao ver que nem todas as amigas de Demi queriam espetar agulhas nos olhos dele. — Joe Jonas — disse ele. — É um prazer conhecê-la.

— É um prazer. Voltarei em cinco minutos — disse ela. — Mas é bom que você saiba que, na última vez em que o médico veio aqui, Demi estava com dilatação de cinco centímetros. Ainda falta bastante e parece que está com contrações a cada dez ou quinze minutos. — Ela apontou para um copo de isopor. — Há pedras de gelo ali. Pode dar a ela quantas forem necessárias. Ela também gosta de massagem nas costas.

— Isso não será necessário — disse Demi.

— Não dê ouvidos a ela — sussurrou Chelsey. — Ela não sabe o que é bom para ela. Nunca soube. Nunca saberá.

A porta se fechou atrás de Chelsey antes que Demi pudesse protestar novamente.

— Lamento por isso — disse Demi. — Você não precisa ficar. Pode ser que leve horas. Não há como saber.

— Quero ficar aqui. Mas me avise se quiser que eu saia do quarto.

— Está bem — disse ela, com o olhar indo para a barriga e novamente para o rosto dele. — Isso é estranho, não acha? Nós nos conhecemos há menos de um dia e você sabe mais sobre meu útero do que qualquer outra coisa.

Ele riu. — Também sei que você tem amigas assustadoras.

Ela riu, corou e olhou em volta do quarto.

Subitamente, ele ficou imaginando o que o fizera ir até o quarto dela. Chamar aquilo de momento estranho era muito suave. Ele olhou para a porta, torcendo para que alguém entrasse, salvando-os um do outro. — Seus pais virão mais tarde?

Ela balançou a cabeça. — Eles moram em Nova Iorque. Pessoal ocupado demais.

— Hmmm.

— Eles não estão muito contentes com as decisões que tomei — acrescentou ela.

— Entendo. E Thomas? Ele virá visitá-la em algum momento?

Ela parecia dolorosamente constrangida, fazendo com que ele se perguntasse por que parecia tão determinado a deixar as coisas mais desconfortáveis toda vez que abria a boca. Ele era normalmente um homem de poucas palavras e agora sabia o motivo.

— Quem contou a você sobre Thomas? Vou matar Chelsey quando ela voltar...

— Foi você — disse ele. — Você mencionou Thomas. Você achou que estava beijando Thomas quando eu a coloquei no banco de trás do carro.

Ela fez uma careta. — Eu disse o nome dele?

Ele assentiu.

— Já ouvi falar de pessoas que falam dormindo... mas beijar dormindo? — Ela suspirou.

— Não se preocupe. Eu estaria mentindo se fingisse que não gostei muito, você sabe, do beijo.

As luzes fluorescentes se refletiram nos olhos dela e fizeram com que brilhassem.

Eles observaram um ao outro por um instante, medindo-se antes que um bipe irritante os levasse de volta à situação do momento.

Demi fechou os olhos com força e enterrou os dedos no colchão.

Movendo-se para o lado da cama onde Chelsey estivera, Joe estendeu o braço sobre a grade lateral da cama e pegou a mão dela. — Está tudo bem — disse ele, apesar de não se sentir nada bem e de, claramente, ela não parecer nada bem. Não fazia muito mais que cinco minutos desde que as amigas dela saíram. O que estava acontecendo?

Com os olhos fechados e os dentes cerrados, as veias no pescoço e na testa dela pareciam que iam explodir.

O coração dele bateu mais depressa enquanto pensava em alguma coisa a dizer para confortá-la e distrair a mente da dor. — Talvez devêssemos fazer aquele negócio de respirar — disse ele.

Demi não respondeu, mas os dedos apertaram a mão dele com mais força e, que maldição, ela tinha muita força.

O monitor não parava de emitir bipes em sequência. Aquilo o preocupou.

Demi ergueu os joelhos até o peito, com os cobertores e tudo.

Ele se inclinou mais um pouco e massageou o ombro dela. — Isso ajuda?

Ela arregalou os olhos, fazendo com que ele se sobressaltasse. Ele não teria se surpreendido nem um pouco se, subitamente, ela girasse a cabeça totalmente para trás e começasse a vomitar sopa de ervilha. Em vez disso, ela estendeu a mão e agarrou a camisa dele, junto com um pouco da pele, e gritou: — Tire o seu filho de dentro de mim!

Ele teria caído na gargalhada se não estivesse sangrando e sentindo dor, e se ela não o estivesse encarando com o olhar mais assustador que já vira na vida, o que era dizer muito, considerando que a mãe fora a rainha das expressões assustadoras.

Em um piscar de olhos, Demi Lovato se transformara de uma doce jovem em uma mulher possuída pelo demônio.

— Se você não fizer alguma coisa — disse ela —, eu vou gritar.

— Eu acho que, em vez disso, deveríamos respirar.

— Eu acho que você deveria... — O rosto dela ficou escarlate e ela franziu o nariz como se estivesse chupando balas azedas. Em seguida, ela fez exatamente o que dissera que faria. Ela gritou, um som ensurdecedor que fez com que o cérebro dele doesse.

Onde diabos estava todo mundo?

Antes que ele conseguisse chegar perto do botão vermelho de emergência, a porta se abriu e duas enfermeiras rodearam a cama.

— Quem é você? — perguntou uma delas enquanto verificava o monitor e a medicação intravenosa.

— O pai do bebê — respondeu ele.

A aparência de Demi era deplorável. A cabeça estava jogada para trás, o pescoço estendido e as juntas dos dedos estavam brancas por causa da força com que apertava o braço dele, com as unhas enterradas na carne.

As enfermeiras se entreolharam e a que estava na extremidade da cama deu de ombros, puxou os lençóis e fez um exame rápido. — Chame o médico — disse ela. — Esse bebê está vindo, pronto ou não.

Joe teria fugido bem depressa se Demi não tivesse um aperto da morte no braço dele. Ele tinha quase certeza de que já estava com o peito sangrando e, se ela continuasse assim, o braço não ficaria em condições muito melhores.

A porta se abriu novamente e Sandy e Chelsey entraram correndo atrás do médico.

— Eu disse a você que ele ainda estaria aqui — Sandy disse a Chelsey.

— É um crime o pai querer ver o filho chegar ao mundo? — perguntou Chelsey.

Joe decidiu que gostava de Chelsey.

— Doar esperma para uma clínica por dinheiro — acrescentou Sandy — não o torna um pai.

De Satã... não muito.

Chelsey parou ao lado de Joe e inclinou-se sobre a grade. — Você está indo muito bem — disse ela a Demi. — Continue respirando. Isso mesmo. Você consegue. — Chelsey começou a fazer o exercício de respiração novamente e Demi a acompanhou. O doutor e as duas enfermeiras estavam cuidando das coisas. Sandy pegou a câmera de vídeo e mirou na direção deles.

Ele conseguiu ouvir Sandy falando para a câmera, resmungando palavras como "imbecil" e "idiota" de vez em quando.

Chelsey estava perfeitamente calma e entregou a ele um pano úmido, pedindo que limpasse a testa de Demi. Contente por ter alguma coisa para fazer, ele usou a mão livre para tentar acalmá-la. Sem ter a menor vontade de ver sangue, ele decidiu se concentrar no rosto de Demi, que notou que tinha formato de coração. Desconsiderando os círculos escuros sob os olhos, a pele era macia e impecável. Apesar de, naquele momento, os lábios dela estarem secos e rachados, eles eram cheios e tinham um formato bonito. Ela tinha belos olhos, quando não estavam revirando-se para trás da cabeça, maçãs do rosto altas e sobrancelhas elegantes. Havia uma beleza nela que ele não notara antes.

As bochechas de Demi se inflaram quando ela e Chelsey se prepararam para fazer força novamente e Joe se viu fazendo força com elas. Os três expiraram rapidamente três vezes, inalaram, expiraram três vezes, inalaram, fizeram força e repetiram o mesmo processo por mais trinta minutos até que, finalmente, o bebê resolveu vir ao mundo.

O choro do bebê não era nada parecido com o choro de todos os outros bebês que ele já ouvira. O choro desse bebê era suave em comparação aos outros, quase calmante, como música para os ouvidos.

Joe olhou por sobre o ombro, sorriu para a câmera e virou-se novamente para Demi.

— É um menino — disse o médico.

— Nós conseguimos — disse Demi com a voz fraca.

Ele achou que ela estava falando com Chelsey, mas percebeu que a garota se juntara às enfermeiras perto da porta.

— Você conseguiu — disse ele, pegando o copo com pedaços de gelo. Depois de dar alguns a ela, ele gentilmente aplicou bálsamo nos lábios rachados. Em seguida, ele endireitou o corpo e observou a enfermeira entregar a Demi o filho dela... o filho deles.

7 comentários:

  1. To amando!!!!! Serio! Bjao quero q tu poste logoo

    ResponderExcluir
  2. COMASSIM? ... ALGUÉM POR OBSÉQUIO, PODERIA COMENTAR??.. EU QUERO MAAAAAISS.. :(((((
    Começo incrível de uma história que sem dúvidas vai ser perfeita..
    sei que dois ou três comentários não vão fazer vc continuar, mas vale a pena tentar..
    posta mais!
    xoxo

    ResponderExcluir
  3. Ainda agora começou e já estou a adorar essa história, posta mais :)

    ResponderExcluir
  4. Primeira vez que comento aqui..acho seu blog mt bom :)

    ResponderExcluir