27.1.15

Sem Limites - Capitulo 10 MARATONA 9/10

O penúltimo da maratona... daqui uma hora, se tiver 4 comentarios, eu posto o ultimo! Beijos, meninas! Amo vcs ♡
Bruna

~

Darla não tinha ficado contente com a minha mudança para o salão de jantar. Queria que eu continuasse no campo. Também queria que eu supervisionasse Bethy. Segundo a própria, Jace e ela não estavam mais saindo. Ela o havia encontrado para um café porque ele lhe telefonara vinte vezes naquela tarde. Dissera-lhe que, se ela fosse ser o seu segredinho safado, estava tudo acabado. Ele implorou e suplicou, mas continuava se recusando a assumi-la no seu círculo de amigos, então ela lhe dera um pé na bunda. Eu estava muito orgulhosa.

O dia seguinte era a minha folga e Bethy já tinha me procurado para confirmar se o bar de country ainda estava de pé. É claro que estava. Eu precisava de um homem para tirar Joe da cabeça.

Passei o dia inteiro seguindo Jimmy. Ele estava me treinando. Era bonito, carismático e supergay. Só que os sócios do clube não sabiam. Ele paquerava as mulheres descaradamente; e elas acreditavam. Quando uma delas sussurrava alguma safadeza no seu ouvido, ele olhava para mim e piscava o olho. Era um verdadeiro playboy e tinha talento para a coisa.

Quando o turno dele terminou, voltamos para a sala dos funcionários e penduramos os aventais pretos compridos que tínhamos que usar por cima do uniforme.

– Demi, você vai ser incrível. Os homens a adoram e as mulheres ficam impressionadas com você. Sem querer ofender, meu doce, mas meninas de cabelos louros platinados como os seus em geral não conseguem sequer andar em linha reta sem rir.

Sorri para ele.

– Ah, é? Esse comentário me ofende.

Jimmy revirou os olhos e estendeu a mão para acariciar minha cabeça.

– Ofende, nada. Você sabe que é uma gata loura muito da esperta.

– E aí, Jimmy, já está dando em cima da nova garçonete? – perguntou uma voz conhecida.

– Você sabe que não. Eu tenho um gosto específico – respondeu ele com um sorriso confiante, deixando a voz se transformar em um sussurro sensual enquanto descia os olhos pelo corpo de Woods.

Tornei a olhar para Woods, que exibia uma careta de desconforto, e não pude evitar uma risada. Jimmy riu junto comigo.

– Adoro deixar os héteros encabulados – sussurrou ele no meu ouvido.

Em seguida, me deu um tapa na bunda e saiu pela porta.

Woods revirou os olhos e se aproximou depois de Jimmy ir embora. Parecia saber sobre as preferências sexuais de Jimmy.

– Seu dia foi bom? – perguntou, educado.

Meu dia tinha sido bom. Ótimo, na verdade. O trabalho era bem mais fácil do que ficar suando naquele calor e passar o dia inteiro lidando com velhotes babões.

– Foi, foi ótimo. Obrigada pela chance aqui dentro.

– De nada. Agora, que tal sairmos para comemorar a sua promoção no melhor restaurante mexicano do litoral?

Lá estava ele me chamando para sair outra vez. Eu deveria aceitar. Seria uma distração. Ele não era exatamente o tipo de homem da classe trabalhadora que eu estava procurando, mas quem disse que eu iria me casar com ele e ser mãe dos seus filhos?

Uma imagem de Joe me passou pela cabeça: a expressão atormentada que ele exibira na véspera. Eu não conseguia me forçar a sair com um conhecido seu. Se ele realmente tivesse falado sério, então eu precisava manter o seu mundo, ao qual eu não pertencia, bem longe de mim.

– Pode ser outro dia? Não dormi bem ontem à noite e estou pregada.

A expressão de Woods desmoronou, mas eu sabia que ele não teria dificuldade nenhuma em encontrar alguém para preencher o meu lugar.

– Hoje à noite tem festa na casa do Joe, mas imagino que você já soubesse – disse ele, observando atentamente a minha reação.

Eu não sabia sobre a festa, mas Joe nunca me avisava mesmo.

– Posso dormir com festa e tudo. Já me acostumei.

Era mentira. Eu só iria dormir depois de ouvir os passos da última pessoa subindo a escada.

– E se eu for junto? Você poderia passar um tempinho comigo antes de ir para a cama?

Woods era determinado. Isso eu tinha que admitir. Estava prestes a responder que não quando me ocorreu que Joe estaria comendo alguma mulher nessa noite. Iria levá-la para a cama e fazê-la sentir as coisas que jamais me permitiria sentir. Eu precisava me distrair. Com certeza já estaria com a tal mulher no colo quando eu chegasse em casa.

– Você e Joe não parecem muito próximos. Talvez a gente pudesse passar um tempinho lá fora, na praia, que tal? Não sei se é uma boa ideia você estar dentro da casa, onde ele possa vê-lo.

Woods concordou.

– Por mim, tudo bem. Mas tenho uma pergunta, Demi – disse ele, observando-me com atenção. Aguardei. – Por quê? Até a outra noite, na casa dele, Joe e eu éramos amigos. Crescemos juntos, frequentamos as mesmas rodas. Nunca tivemos problema nenhum. O que o fez mudar de ideia? Tem alguma coisa acontecendo entre vocês dois?

Como responder a essa pergunta? Não, porque ele não permite e porque é mais seguro para o meu coração se formos apenas amigos.

– Nós somos amigos. Ele é protetor.

Woods balançou a cabeça devagar, mas pude ver que ele não tinha acreditado. – Não ligo para competição. Só gosto de saber quem estou enfrentando.

Ele não estava enfrentando nada, porque tudo o que haveria entre nós era amizade. Eu não estava procurando um cara do círculo de Joe.

– Eu não faço nem nunca farei parte da sua turma. Não pretendo namorar a sério com ninguém que faça parte da elite.

Não esperei que ele argumentasse. Em vez disso, rodeei-o e saí pela porta. Precisava chegar em casa antes de a festa ficar selvagem demais. Não queria ver Joe enganchado com alguma garota.

Não era uma festa de arromba, eram só umas vinte pessoas. Passei por várias delas a caminho da despensa. Havia uma dupla na cozinha preparando bebidas e sorri para eles antes de entrar na despensa e no meu quartinho.

Se os amigos dele até então ignoravam que eu dormia debaixo da escada, agora sabiam. Tirei o uniforme e peguei um vestido sem mangas azul-gelo para vestir. Como estava com os pés doloridos de tanto ficar em pé, fiquei descalça. Enfiei a mala de novo debaixo da cama e, quando saí da despensa, dei de cara com Joe. Ele estava encostado no batente da cozinha com os braços cruzados em frente ao peito e o cenho franzido.

– Joe? O que houve? – perguntei quando ele não disse nada.

– O Woods está aqui – respondeu ele.

– Que eu saiba, ele é seu amigo.

Joe fez que não com a cabeça e passou os olhos rapidamente pelo meu corpo.

– Não. Ele não veio por mim. Veio encontrar outra pessoa.

Cruzei os braços sob os seios e assumi a mesma postura defensiva.

– Talvez tenha vindo mesmo. Algum problema os seus amigos se interessarem por mim?

– Ele não é bom o suficiente. É um babaca. Não deveria ter o direito de tocar em você – disse ele num tom duro e zangado.

Talvez Woods fosse mesmo todas essas coisas. Eu duvidava, mas talvez fosse. Pouco importava. Eu não o deixaria tocar em mim. A proximidade dele não me revirava o estômago nem me provocava aquela aflição entre as pernas.

– Não estou interessada em Woods desse jeito. Ele é meu chefe e, talvez, um amigo. Só isso.

Joe passou a mão na cabeça e o anel chato de prata no seu polegar chamou a minha atenção. Era a primeira vez que o via usando aquilo. Quem lhe dera aquele anel?

– Não consigo dormir com tanta gente subindo e descendo a escada. Fico acordada. Em vez de ficar no quarto sozinha me perguntando quem você está comendo hoje lá em cima, pensei em conversar com Woods na praia. Bater um papo com alguém. Eu preciso de amigos.

Joe se retraiu como se eu tivesse lhe batido.

– Eu não quero você conversando com Woods lá fora.

Aquilo era ridículo.

– Bom, talvez eu não queira você comendo uma garota qualquer, mas você vai comer.

Joe se afastou da porta e veio na minha direção, fazendo-me recuar para dentro do meu quartinho até estarmos os dois lá dentro. Mais uns dois centímetros e eu cairia na cama.

– Não quero trepar com ninguém hoje. – Ele fez uma pausa e me deu um sorriso irônico. – Não é bem verdade. Deixe eu esclarecer: não quero trepar com ninguém fora deste quarto. Fique aqui e converse comigo. Juro que também sei conversar. Eu disse que podíamos ser amigos. Você não precisa de Woods.

Pus as duas mãos no seu peito para empurrá-lo, mas não consegui me obrigar a fazer isso depois de tocá-lo.

– Você nunca conversa comigo. Eu faço a pergunta errada e você vai embora puto.

Joe balançou a cabeça.

– Agora não. Nós somos amigos. Eu vou falar e não vou embora. Mas, por favor, fique aqui.

Olhei para o ambiente em volta que mal tinha espaço para a minha cama.

– Não tem muito espaço aqui dentro – falei, olhando para ele e forçando as mãos a ficarem espalmadas sobre o seu peito, tentando não agarrar a sua camisa justa e puxá-lo mais para perto.

– Podemos sentar na cama. Não vamos nos tocar, só conversar. Como amigos – garantiu.

Suspirei e concordei. Não conseguiria dizer não. Além do mais, havia muitas coisas sobre ele que eu queria saber.

Afundei na cama apoiada na cabeceira. Recostei-me e cruzei as pernas.

– Então vamos conversar – falei, com um sorriso.

Joe se sentou na cama e também se recostou na parede. E eu vi um sorriso de verdade se abrir no seu rosto.

– Não consigo acreditar que acabo de implorar a uma mulher para se sentar e conversar comigo.

Sinceramente, eu também não conseguia.

– Sobre o que nós vamos falar? – perguntei, querendo que ele começasse. Não queria que sentisse que aquilo era uma inquisição.

Eu tinha tantas perguntas rodopiando na cabeça que sabia que poderia atropelá-lo com a minha curiosidade.

– Que tal: por que raio você ainda é virgem aos 19 anos? – perguntou ele, virando aquelas duas piscinas prateadas na minha direção.

Eu nunca tinha dito a ele que era virgem. Na outra noite, ele me chamara de inocente. Seria tão óbvio assim?

– Quem disse que eu sou virgem? – perguntei, com o tom mais irritado de que fui capaz.

Joe sorriu.

– Eu sei identificar uma virgem quando a beijo.

Eu não queria nem discutir sobre isso, pois só iria tornar mais óbvio ainda o fato de que era mesmo virgem.

– Eu já me apaixonei. O nome dele é Cain. Ele foi o meu primeiro namorado, primeiro beijo, primeiro amasso, por mais recatado que tenha sido. Dizia que me amava e armava que eu era a mulher da sua vida. Mas a minha mãe adoeceu. Passei a não ter mais tempo para sair e me dedicar a Cain nos fins de semana. Ele precisava se libertar. Precisava de liberdade para conseguir esse tipo de relacionamento com outra pessoa. Então eu o deixei ir embora. Depois dele, não tive tempo para sair com mais ninguém.

Joe franziu o cenho.

– Ele não ficou do seu lado quando a sua mãe adoeceu?

Aquela conversa não me agradava. Se alguma outra pessoa apontasse o dedo para o que eu já sabia, caria difícil não sentir raiva de Cain. Eu o tinha perdoado muito tempo antes. Havia aceitado. Não precisava me sentir amargurada com ele a essa altura do campeonato. De que iria adiantar?

– A gente era jovem. Ele não me amava, só achou que amasse. Simples assim. Joe suspirou.

– Você ainda é jovem.

Não tive certeza se gostei do tom de voz dele ao dizer isso.

– Tenho 19 anos, Joe. Cuidei da minha mãe por três anos e a enterrei sem ajuda nenhuma do meu pai. Pode acreditar, na maior parte dos dias eu me sinto com 40.

Joe estendeu a mão por cima da cama e cobriu a minha.

– Não deveria ter passado por tudo isso sozinha.

Não, não deveria, mas não tive alternativa. Eu amava a minha mãe. Ela merecia muito mais do que recebeu. A única coisa que aliviava a dor era lembrar que mamãe e Valerie agora estavam juntas. Elas tinham uma à outra.

Eu não queria mais falar sobre a minha história. Queria saber algo sobre Joe.

– Você tem um emprego? – perguntei.

Joe deu uma risadinha e apertou a minha mão, mas não soltou.

– Você acha que todo mundo tem que arrumar um emprego quando sai da faculdade?

Dei de ombros. Sempre achara que as pessoas trabalhassem com alguma coisa. Ele devia ter algum objetivo na vida, mesmo que não precisasse do dinheiro.

– Quando me formei na faculdade, tinha dinheiro suficiente no banco para passar o resto da vida sem trabalhar, graças ao meu pai. – Ele me olhou com aqueles olhos sensuais encimados por grossos cílios pretos. – Depois de algumas semanas sem fazer nada a não ser festas, percebi que precisava de uma vida. Então comecei a brincar no mercado financeiro. Acabei descobrindo que tenho muito talento para a coisa. Sempre fui bom com números. Também dou apoio financeiro ao programa Habitat para a Humanidade. Durante uns dois meses por ano, meto a mão na massa e vou trabalhar in loco. No verão, me afasto de tudo o que posso e venho para cá relaxar.

Eu não imaginava isso.

– A surpresa na sua expressão é um pouco ofensiva – disse ele com um traço de provocação na voz.

– É que eu não esperava essa resposta – respondi, sincera.

Ele deu de ombros e tornou a pousar a mão do seu lado da cama. Quis estender a minha e pegá-la, mas não o fiz. Ele não queria mais me tocar. – Quantos anos você tem? – perguntei.

Joe sorriu.

– Sou velho demais para estar neste quarto com você e, com certeza, velho demais para o jeito como penso em você.

Ele devia ter 20 e poucos anos. Com certeza. Não parecia mais velho do que isso.

– Lembre-se de que eu tenho 19 anos. Vou fazer 20 daqui a seis meses. Não sou um bebê.

– Não, doce Demi, você com certeza não é nenhum bebê. Eu tenho 24 anos e estou cansado. Não tive uma vida normal e, por causa disso, tenho algumas questões bem bizarras. Já lhe disse que tem coisas que você não sabe. Não posso me permitir tocar em você. Seria errado.

Ele tinha só cinco anos a mais do que eu. Não era tão ruim assim. Doava dinheiro para a Habitat para a Humanidade e fazia até trabalhos in loco! Como podia ser um cara tão ruim? Ele tinha bom coração. Tinha me deixado morar ali quando tudo o que queria era me mandar embora.

– Acho que você está se subestimando. Eu vejo algo de especial em você.

Joe contraiu os lábios com força, então balançou a cabeça.

– Você não está vendo quem sou de verdade. Não sabe tudo que eu fiz.

– Pode ser – respondi, inclinando-me para a frente. – Mas o pouco que eu vi não é de todo mau. Estou começando a pensar que talvez você tenha outra camada.

Joe ergueu os olhos e me encarou. Minha vontade era me enroscar naquele colo e passar horas só fitando aqueles olhos. Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, depois fechou... mas não antes de eu ver algo prateado lá dentro.

Fiquei de joelhos na cama e cheguei mais perto dele.

– O que é isso na sua boca? – perguntei, olhando para os seus lábios e esperando que ele tornasse a abri-los.

Ele abriu a boca e esticou a língua para fora devagar. Havia um piercing de prata na ponta.

– Dói? – perguntei, estudando a sua língua de perto. Nunca tinha visto ninguém com piercing na língua.

Ele tornou a pôr a língua para dentro e sorriu.

– Não.

Eu me lembrei das tatuagens nas suas costas da noite em que ele estava transando com aquela garota.

– Que tatuagens são essas nas suas costas?

– Uma águia de asas abertas na base das costas e o símbolo do Slacker Demon. Quando eu tinha 17 anos, meu pai me levou para assistir a um show em Los Angeles e depois z a minha primeira tatuagem. Queria a marca dele gravada no meu corpo. Todos os integrantes do Slacker Demon têm a mesma tatuagem no mesmo lugar. Logo atrás do ombro esquerdo. Papai estava doidaço nessa noite, mas mesmo assim é uma ótima lembrança. Não tive muita oportunidade de conviver com ele quando era pequeno. Mas sempre que o via ele acrescentava mais uma tatuagem ou mais um piercing ao meu corpo.

Ele tinha outros piercings? Estudei o seu rosto e baixei os olhos para o seu peito. Uma risadinha discreta me espantou, e percebi que ele tinha me visto olhar.

– Nenhum piercing aí, doce Demi. Os outros são nas orelhas. Eu dei um tempo nos piercings e nas tatuagens quando fiz 19.

O pai dele era coberto de tatuagens e piercings como todos os outros integrantes do Slacker Demon. Será que aquilo era algo que Joe não quisera fazer? Será que seu pai o havia forçado?

– O que foi que eu disse para deixar você com a testa franzida? – perguntou ele, pondo um dedo sob o meu queixo e movendo a minha cabeça até eu encará-lo.

Eu não queria responder a verdade. Estava gostando daquele nosso tempo juntos. Sabia que, se fosse fundo demais e depressa demais, ele sairia correndo.

– Quando você me beijou ontem à noite, eu não senti esse negocinho de prata.

Joe baixou as pálpebras e inclinou o corpo para a frente.

– É que eu não estava usando.

Mas agora estava.

– E quando você, hã, beija alguém, dá para sentir?

Joe sorveu uma inspiração rápida e aproximou a sua boca da minha ainda mais.

– Demi, me diga para ir embora. Por favor.

Se ele estava a ponto de me beijar, eu não iria lhe dizer nada desse tipo. Queria que ele ficasse ali. Também queria beijá-lo com aquele negócio na boca.

– Você teria sentido. Em todos os lugares que eu quisesse beijá-la, você sentiria. E adoraria – sussurrou ele no meu ouvido antes de me beijar no ombro e inspirar fundo. Será que ele estava me cheirando?

– Você... você vai me beijar outra vez? – perguntei quase sem ar, enquanto ele afundava o nariz no meu pescoço e inspirava.

– Eu quero. Quero muito, mas estou tentando ser legal – murmurou ele contra a minha pele.

– Daria para não ser legal só por um beijo? Por favor? – pedi, chegando mais perto. Faltava pouco para subir no seu colo.

– Demi, como você é doce – disse ele e os seus lábios tocaram a curva do meu pescoço e ombro. Se ele continuasse com aquilo, eu iria começar a implorar.

Ele pôs a língua para fora e deu uma lambida rápida na pele macia do meu pescoço, depois seguiu beijando a linha do meu maxilar até ficar com a boca bem por cima da minha. Comecei a pedir outra vez, mas ele me deu um selinho de leve e me impediu. Então recuou, mas só uns poucos centímetros. Ainda podia sentir nos lábios o seu hálito quente.

– Demi, eu não sou um cara romântico. Não beijo e fico abraçadinho. Para mim, tudo que importa é o sexo. Você merece alguém que beije e que abraçadinho. Não eu. Eu só trepo, gata. Você não foi feita para alguém como eu. Eu nunca neguei a mim mesmo nada que quisesse, mas você é doce demais.

Desta vez tenho que dizer não a mim mesmo.

À medida que ia registrando o que ele dizia, comecei a gemer de tão eróticas
que soavam aquelas palavras que se derramavam da sua língua. Foi só quando ele se levantou e segurou a maçaneta que entendi que ele iria me deixar ali. De novo. Iria me deixar ali daquele jeito.

– Não posso mais conversar. Hoje não. Não sozinho aqui com você.

A tristeza na voz dele deixou o meu coração um pouco apertado. Então ele saiu e fechou a porta.

Recostei-me na cabeceira e grunhi de tanta frustração. Por que o deixara entrar ali no quarto? Aquele joguinho de quente e frio que ele estava fazendo era demais para mim. Perguntei-me para onde ele iria agora. Havia muitas mulheres lá fora que ele poderia beijar. Mulheres que ele não via problema em beijar caso lhe suplicassem.

Os passos de pessoas subindo a escada soavam acima da minha cabeça. Eu não iria dormir tão cedo. Não queria ficar ali e Woods estava me esperando. Não havia motivo nenhum para lhe dar um bolo. Eu não estava com disposição para conversar com ele, mas poderia pelo menos lhe dizer que tinha mudado de ideia.

Saí para a cozinha. Grant estava de costas para mim e imprensava uma menina contra a bancada. As mãos dela se emaranhavam nos seus cachos castanhos revoltos. Os dois pareciam bem entretidos. Saí discretamente pela porta dos fundos, torcendo para não dar de cara com mais uma sessão de amassos.

– Achei que você não fosse aparecer – disse Woods; sua voz vindo da escuridão.

Eu me virei e o vi apoiado no guarda-corpo, olhando para mim. Senti-me culpada por não ter ido logo lá e avisado que não viria encontrá-lo. Não conseguia tomar nenhuma decisão sensata quando Joe estava envolvido.

– Desculpe. Surgiu um imprevisto.

Estava sem vontade de explicar.

– Vi Joe sair do cubículo em que deixa você dormir, lá atrás – retrucou ele.

Mordi o lábio. Tinha sido desmascarada. Melhor admitir logo.

– Ele não ficou muito tempo. Foi uma visita amigável ou estava expulsando você?

É... tinha sido uma visita amigável. Nós conversamos, de fato. Até eu pedir para ele me beijar, fora divertido. Eu gostei de sua companhia.

– Foi só uma conversa entre amigos – expliquei.

Woods soltou uma gargalhada sem humor e balançou a cabeça.

– Por que será que eu não acredito?

Porque ele era esperto. Dei de ombros.

– Nosso passeio na praia ainda está de pé?

Fiz que não.

– Não, estou cansada. Vim respirar um pouco de ar fresco e estava torcendo para encontrar você e poder explicar.

Ele me deu um sorriso desapontado e se afastou do guarda-corpo.

– Bom, tudo bem. Não vou implorar.

– Não imaginava que fosse – respondi.

Ele tornou a andar em direção às portas. Esperei ele entrar na casa antes de soltar um suspiro de alívio. Não tinha sido tão ruim. Talvez agora ele me desse um pouco de espaço. Até eu entender o que fazer com aquela atração que sentia por Joe, não precisava de ninguém para me confundir mais ainda.

Esperei alguns minutos, então me virei e entrei na casa atrás de Woods. Grant não estava mais no balcão com a garota. Aparentemente, os dois tinham se recolhido a um lugar mais reservado. Comecei a andar em direção à porta da despensa quando Joe saiu da cozinha seguido por uma morena aos risos. Pendurada no braço dele, ela estava fingindo que não conseguia andar direito. Das duas uma: ou tinha bebido ou então era por causa dos 15 centímetros de salto.

– Mas você falou – disse ela com a voz arrastada, beijando o braço que segurava.

É: ela estava bêbada.

Joe olhou para mim. Ele a beijaria nessa noite. Ela nem sequer teria que implorar. E também estaria com gosto de cerveja. Será que ele cava excitado com isso?

– Eu tiro a calcinha aqui embaixo, se você quiser – disse ela, sem nem ao menos reparar que os dois não estavam sozinhos.

– Babs, já falei que não. Não estou interessado – respondeu ele, sem tirar os olhos de mim.

Estava dispensando a menina. E queria que eu soubesse.

– Vai ser bem safado – disse ela em voz alta antes de explodir em mais um acesso de riso.

– Não, vai ser chato. Você está bêbada e a sua voz esganiçada está me deixando com dor de cabeça – retrucou ele.

Continuava com os olhos pregados nos meus.

Olhei para baixo e comecei a andar em direção à porta da despensa quando Babs finalmente notou a minha presença.

– Ei, aquela menina vai roubar a sua comida – sussurrou ela bem alto.

Meu rosto corou. Que droga. Por que é que esse comentário me deixava envergonhada? Eu estava sendo idiota. A menina estava caindo de bêbada. Que importância tinha o que ela achava?

– Ela mora aqui, pode comer o que quiser – retrucou Joe.

Tornei a erguer o rosto e ele ainda estava me encarando.

– Ela mora aqui? – repetiu a menina.

Joe não respondeu. Franzi o cenho para ele e pensei que a única testemunha que tínhamos não se lembraria daquela conversa no dia seguinte.

– Não deixe ele mentir para você. Eu sou a hóspede indesejada que mora debaixo da escada. Já quis algumas coisas, mas ele só me diz não.

Não esperei a resposta dele. Abri a porta e entrei na despensa. Um ponto para mim.

8 comentários:

  1. 👏👏👏👏 vcs são demais .
    Postaa mais kkk

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  2. Kkkkk a demi foi bem direta dessa vez ein..
    aah tadinho do Woods :/

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  3. Não sei nem o q escrever, cada vez mais perfeito essa fic

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  4. A Demi fez bem em dizer aquele último comentário para o Joe, ele não pode brincar assim com ela...

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  5. Só eu que acho que Woods não é tão legal quanto parece?
    E ESSE ULTIMO COMENTARIO DA DEMI? SENHOR ME SEGURA E ME LEVA!!!
    Eu entendo o lado de Joe, mas entendo a Demi também. Eu nem sei o que comentar pois estou deitada em posição fetal com tamanha perfeição!
    Sam, xx

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