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No dia seguinte, quando acordei, a casa estava novamente de pernas para o ar. Dessa vez deixei a bagunça e saí depressa para o trabalho. Não queria chegar atrasada. Precisava do emprego mais do que de qualquer outra coisa. Meu pai ainda não havia ligado para saber onde eu estava e eu tinha quase certeza de que
Joe não comentara nada a meu respeito nem com a sua mãe nem com o meu pai. E eu não queria lhe perguntar para não canalizar para mim a raiva que ele tinha do meu pai.
Já havia uma boa chance de Joe me pedir para ir embora quando eu voltasse para a sua casa no final do dia. Ele não parecia muito satisfeito comigo ao sair do meu quarto na noite anterior. E eu tinha retribuído o seu beijo e chupado o seu lábio... Ai, meu Deus, onde eu estava com a cabeça? Não estava raciocinando. Esse era o problema. Joe tinha um cheiro e um gosto deliciosos demais. Eu não consegui me controlar. E agora era provável que eu fosse encontrar as minhas malas na varanda quando chegasse em casa. Pelo menos eu tinha dinheiro para ficar em um hotel de beira de estrada.
Usando o short e a camisa polo do uniforme, subi os degraus da sede administrativa até a porta da frente. Tinha que bater o meu ponto e pegar uma chave do carrinho de bebidas.
Darla já estava lá dentro. Eu começava a pensar que ela morava ali. Estava sempre lá quando eu saía e quando chegava de manhã. Mas a mulher parecia um pequeno tufão e dava medo. Quando gritava uma ordem para alguém, a pessoa quase batia continência. Nesse dia, Darla tinha o cenho franzido para uma menina que eu nunca tinha visto. Com o dedo apontado, praticamente gritava.
– Você não pode sair com os sócios. Essa é a regra número um. Você assinou os documentos, Bethann; sabia quais eram as regras. O Sr. Woods veio aqui hoje de manhã cedo me dizer que o pai dele não estava nada contente com o ocorrido. Eu só tenho três garotas para servir as bebidas. Se não puder confiar que você não vai dormir com os sócios, vou ter que mandá-la embora. Este é o seu último aviso. Entendeu?
A menina concordou.
– Entendi, tia Darla. Sinto muito – balbuciou ela.
Os longos cabelos pretos estavam presos em um rabo de cavalo e sua polo azul-bebê exibia seios bem generosos. Havia também as pernas compridas e bronzeadas e um bumbum bem redondinho. E ela era sobrinha de Darla. Que interessante.
O olhar irado de Darla se moveu em direção ao meu e ela deixou escapar um suspiro de alívio.
– Ah, Demi, que bom que você chegou. Quem sabe consegue dar um jeito nessa minha sobrinha? Ela está de sobreaviso porque não consegue parar de transar com os sócios durante o expediente. Nós não somos um bordel, somos um country club. Ela vai trabalhar com você na próxima semana; que de olho nela. Espero que aprenda alguma coisa com você. O Sr. Woods é só elogios quando cita o seu nome. Está muito satisfeito com o seu trabalho e me pediu para deixar você trabalhar no salão de jantar pelo menos dois dias por semana. No momento estou procurando outra menina para pilotar o carrinho de bebidas, então não posso me dar ao luxo de demitir Bethann. – Ela pronunciou o nome da sobrinha com um rosnado e tornou a encará-la com fúria.
A moça baixou a cabeça, envergonhada. Senti pena dela. Deixar Darla zangada me apavorava. Eu não podia imaginar alguém gritando comigo daquele jeito.
– Sim, senhora – respondi enquanto ela me estendia as chaves do carrinho.
Peguei-as e esperei Bethann vir comigo.
– Vá com ela agora, menina. Não que aí de cara amarrada. Eu deveria ligar para o seu pai e dizer a ele o que você anda fazendo, mas não tenho coragem de partir o coração do meu irmão. Então vá lá e aprenda alguns valores morais.
Darla apontou para a porta e eu não esperei mais. Saí apressada e desci os degraus. Iria pegar o carrinho de bebidas e esperar Bethann lá.
– Ei, espere aí – disse a menina atrás de mim. Parei e olhei para ela, que corria para me alcançar. – Desculpe, aquilo lá foi meio brutal. Preferiria que você não tivesse visto nem escutado.
Ela era... simpática.
– Tudo bem.
– A propósito, as pessoas me chamam de Bethy, não de Bethann. Só o meu pai me chama assim, então a minha tia Darla faz igual. E você é a famosa Demi Lovato de quem tanto ouvi falar. – O tom sorridente da sua voz me fez entender que ela não estava sendo irônica.
– Sinto muito se a sua tia me enfiou pela sua goela abaixo.
Olhei rapidamente para ela. Os seus lábios muito vermelhos e carnudos se curvaram em um sorriso.
– Ah, eu não estava me referindo à minha tia. Estava me referindo aos rapazes. Woods, principalmente, gosta muito de você. Soube que você causou uma pequena confusão ontem à noite na festa daquela vaca da Nan. Queria ter presenciado, mas os empregados não são convidados para esse tipo de evento.
Não havia muita coisa para contar. Dei de ombros e, depois de abastecer o carrinho, dei a volta até o lado do motorista.
– Eu fui a essa festa porque estou dormindo debaixo da escada na casa do Joe até conseguir dinheiro suficiente para me mudar, coisa que deve acontecer muito em breve. Foi um erro. Ele não gostou de eu aparecer. Foi mais ou menos isso.
Bethy se deixou cair no banco ao meu lado e cruzou as pernas.
– Não foi nada disso que eu escutei. Jace falou que o Joe viu Woods com a mão em você e ficou louco.
– Jace entendeu errado. Acredite em mim. Joe está pouco ligando para quem põe a mão em mim.
Bethy suspirou.
– Ser pobre é uma merda, né? Os caras gatos nunca nos olham a sério. Nós somos só mais uma trepada.
Seria mesmo assim para ela? Será que ela tinha cedido e se transformado na menina que eles descartavam? Era bonita demais para isso. Na minha cidade, os caras babariam por ela. Eles podiam até não ter milhões de dólares no banco, mas eram caras legais de famílias bacanas.
– Será que não tem nenhum cara gato por aqui que não seja podre de rico? Não é possível que os frequentadores deste clube sejam a única alternativa. Com certeza dá para achar um cara que não vai jogá-la para escanteio no dia seguinte.
Bethy franziu o cenho e deu de ombros.
– Sei lá. Eu sempre quis fisgar um milionário, sabe? Levar uma vida de luxo.
Mas estou começando a entender que esse não é o meu destino.
Fui em direção ao primeiro buraco.
– Bethy, você é linda. Merece mais do que está recebendo. Comece a procurar homens em outro lugar. Encontre um que não a queira só para transar.
Encontre um que a queira e pronto. Só você.
– Caramba, é capaz de eu ter me apaixonado por você também – retrucou ela, provocadora, e deu uma risada.
Levantou os pés até o console enquanto eu me aproximava dos primeiros jogadores da manhã.
Não vi rapazes jovens em lugar nenhum. Eles em geral não eram madrugadores. Durante algum tempo, eu não precisaria me preocupar em impedir Bethy de fazer sacanagem atrás dos arbustos, ou onde quer que ela estivesse fazendo isso durante o expediente.
Quatro horas mais tarde, quando chegamos ao terceiro buraco pela terceira vez, reconheci Woods e os seus amigos. Bethy se endireitou no assento e a expressão animada no seu rosto me deixou em alerta total. Ela parecia um filhote de cachorro esperando alguém lhe atirar um osso. Se eu não gostasse tanto dela, nem me daria ao trabalho de ajudá-la a manter aquele emprego. Ser a sua babá não fazia parte das minhas atribuições.
Woods franziu o cenho ao nos ver encostar o carrinho ao seu lado.
– Por que você está passeando com a Bethy? – perguntou no mesmo instante em que paramos.
– Porque ela está ajudando a me impedir de trepar com os seus amigos e deixar você puto. Por que você contou para a tia Darla? – perguntou ela com um biquinho, cruzando os braços diante dos seios fartos.
Não tive dúvida nenhuma de que todos os caras à nossa volta tinham os olhos grudados naqueles peitões.
– Eu não pedi para ela fazer isso. Pedi para ela promover Demi, não para colar você nela – falou ele, ríspido, e sacou o celular do bolso.
O que ele estava fazendo?
– Para quem você está ligando? – perguntou Bethy em tom de pânico, se endireitando no assento.
– Para Darla – rosnou ele.
– Não – dissemos Bethy e eu ao mesmo tempo.
– Não ligue. Está tudo bem. Eu gostei da Bethy. Ela é boa companhia – falei para ele.
Woods me observou por um instante, mas não desligou o telefone.
– Darla, aqui é Woods. Mudei de ideia. Quero a Demi no salão quatro dias por semana. Pode usá-la no campo às sextas e sábados, porque o movimento é maior e ela é a melhor que você tem, mas durante o resto do tempo eu a quero no salão.
Sem esperar resposta, ele encerrou a ligação e devolveu o telefone ao bolso do short xadrez engomado. Em qualquer outra pessoa aquela roupa caria ridícula, mas um cara como Woods conseguia usá-la. Sua camisa polo branca também estava passada de forma perfeita. Não caria espantada se fosse novinha em folha.
– Tia Darla vai ficar brava. Ela falou para Demi ser a minha babá pelos próximos quinze dias. Quem vai segurar as minhas rédeas agora? – perguntou Bethy com um olhar provocante na direção de Jace.
– Cara, por favor, se você gosta de mim nem que seja só um pouquinho, finja que não viu nada e me deixe levá-la até a sede só por alguns minutos. Por favor – implorou Jace a Woods, devorando com os olhos a visão de Bethy ali sentada com as pernas levemente abertas sobre o console.
O short que usávamos era curto e justo demais para deixar grande coisa à imaginação em uma posição como aquela.
– Não estou nem aí para você, porra. Pode trepar com ela, se quiser. Mas se o meu pai ficar sabendo outra vez vou ter que mandá-la embora. Ele ficou puto com as reclamações.
Eu sabia que Jace não a defenderia caso ela fosse demitida. Deixaria ela ir embora e partiria para outra. Não havia amor no seu olhar, apenas desejo.
– Bethy, não faça isso – pedi baixinho ao seu lado. – Na minha noite de folga a gente sai e vai para algum lugar com caras que valham a pena. Não perca o emprego por causa dele.
Eu falava tão baixo que só Bethy conseguia me escutar. Os outros sabiam que eu estava lhe dizendo alguma coisa, mas não sabiam o quê.
Bethy virou os olhos para mim e juntou os joelhos.
– Sério? Você sairia comigo para azarar? No meu território?
Respondi que sim e ela abriu um sorriso.
– Fechado. Vamos a um bar de música country. Espero que você tenha as armas.
– Eu sou do Alabama. Tenho as botas, a calça jeans justa e até a pistola – retruquei com uma piscadela.
Ela deu uma sonorosa risada e tirou os pés do console.
– Certo, rapazes, o que vão querer beber? A gente também precisa passar para o próximo buraco – disse ela, saltando do carrinho e indo até a traseira do veículo.
Fui atrás e, juntas, servimos as bebidas e recolhemos o dinheiro.
Jace tentou agarrar a bunda de Bethy algumas vezes e cochichar no seu ouvido. Por fim, ela se virou e sorriu para ele.
– Cansei de ser o seu brinquedinho. Neste m de semana vou sair com a minha amiga aqui e nós vamos arrumar uns homens de verdade. Do tipo que não tem fundo de investimento, mas calos nas mãos de tanto trabalhar. Tenho a sensação de que eles sabem como fazer uma garota se sentir realmente especial.
Tive que engolir a risada ao ver a expressão chocada de Jace. Liguei o carrinho enquanto Bethy tornava a subir ao meu lado.
– Caraca, como foi bom fazer isso. Por onde você andou durante toda a minha vida? – perguntou ela, batendo palma enquanto eu me afastava, sorrindo e acenando para Woods a caminho do buraco seguinte.
Percorremos o resto do campo, depois paramos para reabastecer. Não houve novos incidentes. Eu sabia que tornaríamos a ver Woods e os seus amigos, mas tinha fé de que Bethy aguentaria firme. Ela havia falado animadamente sobre todos os assuntos, da tinta que usava nos cabelos até os últimos sustos envolvendo gravidez ocorridos na cidade.
Eu não estava prestando atenção nos sócios junto ao primeiro buraco. Estava dirigindo e tentando me concentrar na falação sem fim de Bethy. O “ai, merda” que falou baixinho chamou a minha atenção.
Olhei para ela, em seguida acompanhei a direção do seu olhar até o casal junto ao primeiro buraco. Reconheci Joe na hora. O short amarelo e a polo azul-bebê justa que ele usava pareciam fora de lugar no seu corpo; não combinavam com as tatuagens que cobriam as suas costas. Ele era filho de roqueiro e irradiava essa aura mesmo com aquelas roupas de mauricinho golfista. Ele virou a cabeça e os nossos olhares se cruzaram. Ele não sorriu. Simplesmente olhou para o outro lado como se não me conhecesse. Nenhum reconhecimento. Nada.
– Alerta de vaca – sussurrou Bethy.
Tirei os olhos dele para olhar a garota que o acompanhava. Era Nannette, ou Nan, como ele a chamava. Sua irmã, aquela de quem ele não gostava de falar.
Sua saia branca minúscula a fazia parecer a caminho de uma partida de tênis. Ela também usava uma polo azul e os seus cachos louros arruivados estavam encimados por uma viseira branca.
– Você não gosta da Nannette? – perguntei, já sabendo a resposta por causa do seu comentário.
Bethy deu uma risada curta.
– Não. E nem você. Você é a principal inimiga dela.
Como assim? Não pude perguntar, porque havíamos acabado de parar a menos de dois metros do tee e do casal de irmãos.
Não tentei olhar para Joe de novo. Ele não parecia disposto a jogar conversa fora.
– Está de sacanagem. Woods a contratou? – sibilou Nan.
– Não comece... – disse Joe em tom de alerta.
Não tive certeza se ele estava me protegendo ou só tentando impedir uma cena. De todo modo, aquilo me irritou.
– Posso oferecer uma bebida a vocês? – indaguei com o mesmo sorriso que dedicava a qualquer outro sócio.
– Pelo menos ela sabe o seu lugar – disse Nan em tom falsamente jocoso.
– Vou querer uma Corona. Com limão, por favor – disse Joe.
Arrisquei um olhar na sua direção e os nossos olhos se cruzaram por um breve instante antes de ele se virar para Nan.
– Beba alguma coisa. Está calor – disse ele.
Ela me sorriu com ironia e levou uma das mãos de unhas feitas ao quadril.
– Uma água com gás. Mas enxugue a garrafa, porque eu odeio como fica toda molhada quando sai do cooler.
Bethy pôs a mão dentro do cooler e pegou a água. Acho que ela teve medo de eu arremessá-la na cabeça de Nan.
– Não tenho visto você por aqui, Nan – disse Bethy enquanto enxugava a garrafa com a toalha que carregávamos justamente para isso.
– Deve ser porque você estava ocupada demais nos arbustos abrindo as pernas para Deus sabe quem em vez de trabalhar – retrucou Nan.
Cerrei os dentes e abri a tampa da Corona de Joe. Queria jogar a garrafa naquela cara arrogante de Nan.
– Chega, Nan – disse Joe em tom de leve reprimenda.
Ela era o que, filha dele por acaso? Ele agia como se ela tivesse 5 anos, mas ela já era mulher feita.
Entreguei a cerveja para Joe, tomando cuidado para não olhar para Nan. Tinha medo de ter um momento de fraqueza. Em vez disso, meu olhar encontrou o dele quando ele pegou a garrafa.
– Obrigado – agradeceu Joe enquanto enfiava uma nota no meu bolso. Não tive tempo de reagir, e ele se afastou conduzindo Nan pelo cotovelo. – Venha, me mostre como você me deixa no chinelo aqui no campo – falou em tom de provocação.
Nan cutucou o braço dele com o ombro.
– Você vai levar uma surra.
O carinho genuíno em sua voz ao falar com ele me espantou. Era estranho ouvir algo gentil vindo de alguém tão ruim.
– Vamos – sibilou Bethy, agarrando o meu braço. Percebi que estava ali parada olhando para os dois.
Assenti e comecei a me virar quando Joe olhou para mim por cima do ombro. Um sorrisinho surgiu nos seus lábios e ele logo se dirigiu a Nan outra vez para lhe dizer que taco usar. Nosso momento havia passado. Se é que fora mesmo um momento nosso.
Quando estávamos fora do alcance dos seus ouvidos, olhei para Bethy.
– Por que você disse aquilo sobre eu ser a principal inimiga dela?
Bethy se remexeu no assento.
– Para ser bem sincera, não sei exatamente. Mas Nan é muito possessiva em relação ao Joe. Todo mundo sabe disso...
Ela interrompeu a frase no meio e não conseguiu me encarar. Parecia saber de alguma coisa, mas o quê? O que eu estava deixando passar?
Já havia uma boa chance de Joe me pedir para ir embora quando eu voltasse para a sua casa no final do dia. Ele não parecia muito satisfeito comigo ao sair do meu quarto na noite anterior. E eu tinha retribuído o seu beijo e chupado o seu lábio... Ai, meu Deus, onde eu estava com a cabeça? Não estava raciocinando. Esse era o problema. Joe tinha um cheiro e um gosto deliciosos demais. Eu não consegui me controlar. E agora era provável que eu fosse encontrar as minhas malas na varanda quando chegasse em casa. Pelo menos eu tinha dinheiro para ficar em um hotel de beira de estrada.
Usando o short e a camisa polo do uniforme, subi os degraus da sede administrativa até a porta da frente. Tinha que bater o meu ponto e pegar uma chave do carrinho de bebidas.
Darla já estava lá dentro. Eu começava a pensar que ela morava ali. Estava sempre lá quando eu saía e quando chegava de manhã. Mas a mulher parecia um pequeno tufão e dava medo. Quando gritava uma ordem para alguém, a pessoa quase batia continência. Nesse dia, Darla tinha o cenho franzido para uma menina que eu nunca tinha visto. Com o dedo apontado, praticamente gritava.
– Você não pode sair com os sócios. Essa é a regra número um. Você assinou os documentos, Bethann; sabia quais eram as regras. O Sr. Woods veio aqui hoje de manhã cedo me dizer que o pai dele não estava nada contente com o ocorrido. Eu só tenho três garotas para servir as bebidas. Se não puder confiar que você não vai dormir com os sócios, vou ter que mandá-la embora. Este é o seu último aviso. Entendeu?
A menina concordou.
– Entendi, tia Darla. Sinto muito – balbuciou ela.
Os longos cabelos pretos estavam presos em um rabo de cavalo e sua polo azul-bebê exibia seios bem generosos. Havia também as pernas compridas e bronzeadas e um bumbum bem redondinho. E ela era sobrinha de Darla. Que interessante.
O olhar irado de Darla se moveu em direção ao meu e ela deixou escapar um suspiro de alívio.
– Ah, Demi, que bom que você chegou. Quem sabe consegue dar um jeito nessa minha sobrinha? Ela está de sobreaviso porque não consegue parar de transar com os sócios durante o expediente. Nós não somos um bordel, somos um country club. Ela vai trabalhar com você na próxima semana; que de olho nela. Espero que aprenda alguma coisa com você. O Sr. Woods é só elogios quando cita o seu nome. Está muito satisfeito com o seu trabalho e me pediu para deixar você trabalhar no salão de jantar pelo menos dois dias por semana. No momento estou procurando outra menina para pilotar o carrinho de bebidas, então não posso me dar ao luxo de demitir Bethann. – Ela pronunciou o nome da sobrinha com um rosnado e tornou a encará-la com fúria.
A moça baixou a cabeça, envergonhada. Senti pena dela. Deixar Darla zangada me apavorava. Eu não podia imaginar alguém gritando comigo daquele jeito.
– Sim, senhora – respondi enquanto ela me estendia as chaves do carrinho.
Peguei-as e esperei Bethann vir comigo.
– Vá com ela agora, menina. Não que aí de cara amarrada. Eu deveria ligar para o seu pai e dizer a ele o que você anda fazendo, mas não tenho coragem de partir o coração do meu irmão. Então vá lá e aprenda alguns valores morais.
Darla apontou para a porta e eu não esperei mais. Saí apressada e desci os degraus. Iria pegar o carrinho de bebidas e esperar Bethann lá.
– Ei, espere aí – disse a menina atrás de mim. Parei e olhei para ela, que corria para me alcançar. – Desculpe, aquilo lá foi meio brutal. Preferiria que você não tivesse visto nem escutado.
Ela era... simpática.
– Tudo bem.
– A propósito, as pessoas me chamam de Bethy, não de Bethann. Só o meu pai me chama assim, então a minha tia Darla faz igual. E você é a famosa Demi Lovato de quem tanto ouvi falar. – O tom sorridente da sua voz me fez entender que ela não estava sendo irônica.
– Sinto muito se a sua tia me enfiou pela sua goela abaixo.
Olhei rapidamente para ela. Os seus lábios muito vermelhos e carnudos se curvaram em um sorriso.
– Ah, eu não estava me referindo à minha tia. Estava me referindo aos rapazes. Woods, principalmente, gosta muito de você. Soube que você causou uma pequena confusão ontem à noite na festa daquela vaca da Nan. Queria ter presenciado, mas os empregados não são convidados para esse tipo de evento.
Não havia muita coisa para contar. Dei de ombros e, depois de abastecer o carrinho, dei a volta até o lado do motorista.
– Eu fui a essa festa porque estou dormindo debaixo da escada na casa do Joe até conseguir dinheiro suficiente para me mudar, coisa que deve acontecer muito em breve. Foi um erro. Ele não gostou de eu aparecer. Foi mais ou menos isso.
Bethy se deixou cair no banco ao meu lado e cruzou as pernas.
– Não foi nada disso que eu escutei. Jace falou que o Joe viu Woods com a mão em você e ficou louco.
– Jace entendeu errado. Acredite em mim. Joe está pouco ligando para quem põe a mão em mim.
Bethy suspirou.
– Ser pobre é uma merda, né? Os caras gatos nunca nos olham a sério. Nós somos só mais uma trepada.
Seria mesmo assim para ela? Será que ela tinha cedido e se transformado na menina que eles descartavam? Era bonita demais para isso. Na minha cidade, os caras babariam por ela. Eles podiam até não ter milhões de dólares no banco, mas eram caras legais de famílias bacanas.
– Será que não tem nenhum cara gato por aqui que não seja podre de rico? Não é possível que os frequentadores deste clube sejam a única alternativa. Com certeza dá para achar um cara que não vai jogá-la para escanteio no dia seguinte.
Bethy franziu o cenho e deu de ombros.
– Sei lá. Eu sempre quis fisgar um milionário, sabe? Levar uma vida de luxo.
Mas estou começando a entender que esse não é o meu destino.
Fui em direção ao primeiro buraco.
– Bethy, você é linda. Merece mais do que está recebendo. Comece a procurar homens em outro lugar. Encontre um que não a queira só para transar.
Encontre um que a queira e pronto. Só você.
– Caramba, é capaz de eu ter me apaixonado por você também – retrucou ela, provocadora, e deu uma risada.
Levantou os pés até o console enquanto eu me aproximava dos primeiros jogadores da manhã.
Não vi rapazes jovens em lugar nenhum. Eles em geral não eram madrugadores. Durante algum tempo, eu não precisaria me preocupar em impedir Bethy de fazer sacanagem atrás dos arbustos, ou onde quer que ela estivesse fazendo isso durante o expediente.
Quatro horas mais tarde, quando chegamos ao terceiro buraco pela terceira vez, reconheci Woods e os seus amigos. Bethy se endireitou no assento e a expressão animada no seu rosto me deixou em alerta total. Ela parecia um filhote de cachorro esperando alguém lhe atirar um osso. Se eu não gostasse tanto dela, nem me daria ao trabalho de ajudá-la a manter aquele emprego. Ser a sua babá não fazia parte das minhas atribuições.
Woods franziu o cenho ao nos ver encostar o carrinho ao seu lado.
– Por que você está passeando com a Bethy? – perguntou no mesmo instante em que paramos.
– Porque ela está ajudando a me impedir de trepar com os seus amigos e deixar você puto. Por que você contou para a tia Darla? – perguntou ela com um biquinho, cruzando os braços diante dos seios fartos.
Não tive dúvida nenhuma de que todos os caras à nossa volta tinham os olhos grudados naqueles peitões.
– Eu não pedi para ela fazer isso. Pedi para ela promover Demi, não para colar você nela – falou ele, ríspido, e sacou o celular do bolso.
O que ele estava fazendo?
– Para quem você está ligando? – perguntou Bethy em tom de pânico, se endireitando no assento.
– Para Darla – rosnou ele.
– Não – dissemos Bethy e eu ao mesmo tempo.
– Não ligue. Está tudo bem. Eu gostei da Bethy. Ela é boa companhia – falei para ele.
Woods me observou por um instante, mas não desligou o telefone.
– Darla, aqui é Woods. Mudei de ideia. Quero a Demi no salão quatro dias por semana. Pode usá-la no campo às sextas e sábados, porque o movimento é maior e ela é a melhor que você tem, mas durante o resto do tempo eu a quero no salão.
Sem esperar resposta, ele encerrou a ligação e devolveu o telefone ao bolso do short xadrez engomado. Em qualquer outra pessoa aquela roupa caria ridícula, mas um cara como Woods conseguia usá-la. Sua camisa polo branca também estava passada de forma perfeita. Não caria espantada se fosse novinha em folha.
– Tia Darla vai ficar brava. Ela falou para Demi ser a minha babá pelos próximos quinze dias. Quem vai segurar as minhas rédeas agora? – perguntou Bethy com um olhar provocante na direção de Jace.
– Cara, por favor, se você gosta de mim nem que seja só um pouquinho, finja que não viu nada e me deixe levá-la até a sede só por alguns minutos. Por favor – implorou Jace a Woods, devorando com os olhos a visão de Bethy ali sentada com as pernas levemente abertas sobre o console.
O short que usávamos era curto e justo demais para deixar grande coisa à imaginação em uma posição como aquela.
– Não estou nem aí para você, porra. Pode trepar com ela, se quiser. Mas se o meu pai ficar sabendo outra vez vou ter que mandá-la embora. Ele ficou puto com as reclamações.
Eu sabia que Jace não a defenderia caso ela fosse demitida. Deixaria ela ir embora e partiria para outra. Não havia amor no seu olhar, apenas desejo.
– Bethy, não faça isso – pedi baixinho ao seu lado. – Na minha noite de folga a gente sai e vai para algum lugar com caras que valham a pena. Não perca o emprego por causa dele.
Eu falava tão baixo que só Bethy conseguia me escutar. Os outros sabiam que eu estava lhe dizendo alguma coisa, mas não sabiam o quê.
Bethy virou os olhos para mim e juntou os joelhos.
– Sério? Você sairia comigo para azarar? No meu território?
Respondi que sim e ela abriu um sorriso.
– Fechado. Vamos a um bar de música country. Espero que você tenha as armas.
– Eu sou do Alabama. Tenho as botas, a calça jeans justa e até a pistola – retruquei com uma piscadela.
Ela deu uma sonorosa risada e tirou os pés do console.
– Certo, rapazes, o que vão querer beber? A gente também precisa passar para o próximo buraco – disse ela, saltando do carrinho e indo até a traseira do veículo.
Fui atrás e, juntas, servimos as bebidas e recolhemos o dinheiro.
Jace tentou agarrar a bunda de Bethy algumas vezes e cochichar no seu ouvido. Por fim, ela se virou e sorriu para ele.
– Cansei de ser o seu brinquedinho. Neste m de semana vou sair com a minha amiga aqui e nós vamos arrumar uns homens de verdade. Do tipo que não tem fundo de investimento, mas calos nas mãos de tanto trabalhar. Tenho a sensação de que eles sabem como fazer uma garota se sentir realmente especial.
Tive que engolir a risada ao ver a expressão chocada de Jace. Liguei o carrinho enquanto Bethy tornava a subir ao meu lado.
– Caraca, como foi bom fazer isso. Por onde você andou durante toda a minha vida? – perguntou ela, batendo palma enquanto eu me afastava, sorrindo e acenando para Woods a caminho do buraco seguinte.
Percorremos o resto do campo, depois paramos para reabastecer. Não houve novos incidentes. Eu sabia que tornaríamos a ver Woods e os seus amigos, mas tinha fé de que Bethy aguentaria firme. Ela havia falado animadamente sobre todos os assuntos, da tinta que usava nos cabelos até os últimos sustos envolvendo gravidez ocorridos na cidade.
Eu não estava prestando atenção nos sócios junto ao primeiro buraco. Estava dirigindo e tentando me concentrar na falação sem fim de Bethy. O “ai, merda” que falou baixinho chamou a minha atenção.
Olhei para ela, em seguida acompanhei a direção do seu olhar até o casal junto ao primeiro buraco. Reconheci Joe na hora. O short amarelo e a polo azul-bebê justa que ele usava pareciam fora de lugar no seu corpo; não combinavam com as tatuagens que cobriam as suas costas. Ele era filho de roqueiro e irradiava essa aura mesmo com aquelas roupas de mauricinho golfista. Ele virou a cabeça e os nossos olhares se cruzaram. Ele não sorriu. Simplesmente olhou para o outro lado como se não me conhecesse. Nenhum reconhecimento. Nada.
– Alerta de vaca – sussurrou Bethy.
Tirei os olhos dele para olhar a garota que o acompanhava. Era Nannette, ou Nan, como ele a chamava. Sua irmã, aquela de quem ele não gostava de falar.
Sua saia branca minúscula a fazia parecer a caminho de uma partida de tênis. Ela também usava uma polo azul e os seus cachos louros arruivados estavam encimados por uma viseira branca.
– Você não gosta da Nannette? – perguntei, já sabendo a resposta por causa do seu comentário.
Bethy deu uma risada curta.
– Não. E nem você. Você é a principal inimiga dela.
Como assim? Não pude perguntar, porque havíamos acabado de parar a menos de dois metros do tee e do casal de irmãos.
Não tentei olhar para Joe de novo. Ele não parecia disposto a jogar conversa fora.
– Está de sacanagem. Woods a contratou? – sibilou Nan.
– Não comece... – disse Joe em tom de alerta.
Não tive certeza se ele estava me protegendo ou só tentando impedir uma cena. De todo modo, aquilo me irritou.
– Posso oferecer uma bebida a vocês? – indaguei com o mesmo sorriso que dedicava a qualquer outro sócio.
– Pelo menos ela sabe o seu lugar – disse Nan em tom falsamente jocoso.
– Vou querer uma Corona. Com limão, por favor – disse Joe.
Arrisquei um olhar na sua direção e os nossos olhos se cruzaram por um breve instante antes de ele se virar para Nan.
– Beba alguma coisa. Está calor – disse ele.
Ela me sorriu com ironia e levou uma das mãos de unhas feitas ao quadril.
– Uma água com gás. Mas enxugue a garrafa, porque eu odeio como fica toda molhada quando sai do cooler.
Bethy pôs a mão dentro do cooler e pegou a água. Acho que ela teve medo de eu arremessá-la na cabeça de Nan.
– Não tenho visto você por aqui, Nan – disse Bethy enquanto enxugava a garrafa com a toalha que carregávamos justamente para isso.
– Deve ser porque você estava ocupada demais nos arbustos abrindo as pernas para Deus sabe quem em vez de trabalhar – retrucou Nan.
Cerrei os dentes e abri a tampa da Corona de Joe. Queria jogar a garrafa naquela cara arrogante de Nan.
– Chega, Nan – disse Joe em tom de leve reprimenda.
Ela era o que, filha dele por acaso? Ele agia como se ela tivesse 5 anos, mas ela já era mulher feita.
Entreguei a cerveja para Joe, tomando cuidado para não olhar para Nan. Tinha medo de ter um momento de fraqueza. Em vez disso, meu olhar encontrou o dele quando ele pegou a garrafa.
– Obrigado – agradeceu Joe enquanto enfiava uma nota no meu bolso. Não tive tempo de reagir, e ele se afastou conduzindo Nan pelo cotovelo. – Venha, me mostre como você me deixa no chinelo aqui no campo – falou em tom de provocação.
Nan cutucou o braço dele com o ombro.
– Você vai levar uma surra.
O carinho genuíno em sua voz ao falar com ele me espantou. Era estranho ouvir algo gentil vindo de alguém tão ruim.
– Vamos – sibilou Bethy, agarrando o meu braço. Percebi que estava ali parada olhando para os dois.
Assenti e comecei a me virar quando Joe olhou para mim por cima do ombro. Um sorrisinho surgiu nos seus lábios e ele logo se dirigiu a Nan outra vez para lhe dizer que taco usar. Nosso momento havia passado. Se é que fora mesmo um momento nosso.
Quando estávamos fora do alcance dos seus ouvidos, olhei para Bethy.
– Por que você disse aquilo sobre eu ser a principal inimiga dela?
Bethy se remexeu no assento.
– Para ser bem sincera, não sei exatamente. Mas Nan é muito possessiva em relação ao Joe. Todo mundo sabe disso...
Ela interrompeu a frase no meio e não conseguiu me encarar. Parecia saber de alguma coisa, mas o quê? O que eu estava deixando passar?
Quero mais kkkkk'
ResponderExcluirBeijos~
Q vontade de dar uns tapas nessa Nan.
ResponderExcluirPosta mais *-*
ResponderExcluirA bethy e legal
Estou ansiosa jaa..
ResponderExcluirPassou mais de uma hora km
Contando os minutos pro proxo capitulo
Vixe altas brigas com Nan kkkk posta mais
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