25.5.16

Paixão Inesperada - Capitulo 26 (2/2) - Seu Passado Nos Condena


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Quando chegamos ao seu prédio, Joe vem abrir a porta para mim e me ajuda a descer do carro. Subimos até seu apartamento, no elevador Joe me agarra e me espreme com seu corpo, sua boca desce até meu pescoço e me provoca arrepios.

— Que tal você me deixar curar essa sua dor de cabeça? — Ele sussurra com a sua voz rouca e sexy.

— Tudo bem. — Eu cedo.

Quando paramos no seu andar, ele me puxa para fora do elevador com pressa. Entramos em seu apartamento e imediatamente sua boca ataca a minha.

— Finalmente vou poder arrancar esse vestido de você. — Ele diz, suas mãos abrindo o zíper da minha roupa. Ainda no corredor a caminho do quarto, eu perco meu vestido e Joe seu paletó. Chagando no quarto, Joe tira a camisa e os sapatos. Depois tira meu sutiã. Ele me joga na cama e suas mãos vão até o botão de sua calça. Quando ele a abaixa, sua ereção salta livre, me fazendo pulsar com desejo.

Ele deita-se em cima de mim e me beija apaixonadamente, sua mão desliza por minha barriga e entra em minha calcinha, ele começa a me acariciar com seus dedos habilidosos e eu gemo.

“Ah sim, eu adorava quando ele me comia por trás. Mas nada supera o prazer que eu sentia quando participávamos de uma orgia.”

A voz de Eva ecoa em minha cabeça e eu a mando para longe.

— Meu Deus, como eu te amo. — Ele diz, me beijando, me acariciando.

“Ele gosta de sentir prazer sem pudor, sem restrições, ele gosta de algemar, amarrar, bater, dividir, ele gosta de sexo na sua forma mais suja, mais impura, ele gosta de se enfiar em todos os buracos que você tem e não de fazer amor.”

Saia da minha cabeça, Eva. Saia!

“Joe sempre teve uma certa inclinação se tratando de sexo, uma inclinação muito forte, é algo que faz parte dele e nunca irá embora.”

Nunca irá embora, nunca irá embora, nunca irá embora. As palavras se repetem em minha mente.

“Só para o caso de você achar mesmo que ele te ama...Eu e Joe nos beijamos mês passado, no escritório dele.”

Não é verdade, não pode ser verdade. Joe não faria isso comigo.

Ele começa a puxar minha calcinha para baixo, sua boca se fecha em meu seio.

“Diga-me, você não adora os sons que Joe faz quando você está chupando ele?”

Eu não sei os sons que ele faz, eu nunca fiz isso por ele. Mas ela sabe, muitas e muitas mulheres sabem, muitas já viram ele gozando. Como ele fica lindo quando está gozando, várias mulheres já lhe deram prazer, chuparam ele. Eu não.

— Joe... — Chamo seu nome.

— Eu sei, amor. — Ele diz se encaminhando para o meio das minhas pernas.

— Não. Eu quero...Não, espere. Pare, Joe. — Digo e ele para na hora, encontra com meu olhar e me olha confuso.

— O que? O que foi?

— Não faça isso. É a minha vez. — Ele se levanta e eu o empurro para o colchão, ele cai de costas e eu monto em cima dele.

Eu não posso oferecer tudo o que ele gosta, não posso dividir ele com nenhuma outra mulher, não suportaria. Mas isso eu posso fazer.

Começo a beijar seu peito, passo a língua por seus mamilos, Joe geme.

Vou descendo cada vez mais, beijando a região de suas costelas, lambendo e mordendo-o. Cada vez que eu deslizo minha boca mais para baixo, mais sua respiração fica irregular.

— Demi. — Ele geme meu nome.

Seguro sua ereção em minha mão, fazendo um movimento de vai e vem. Aproximo-a de meus lábios, fechando minha boca na ponta de sua excitação.

— Ah meu Deus...Isso.

Chupo-o e levo-o mais fundo, brincando com a minha língua por todo o seu comprimento.

Sempre que eu chupava Vince, ele parecia ficar louco, sempre me dizendo como eu era boa nisso, como ele foi o meu primeiro, foi ele quem me ensinou tudo o que eu sei. No começo ele foi me instruindo, dizendo o que gostava e o que não, até que eu aprendi tudo o que ele gostava. Não sei como Joe gostaria que eu fizesse com ele, mas ajo por instinto, chupando-o e lambendo-o, e ele parece estar gostando. Suas mãos estão agarradas ao lençol, sua respiração está acelerada e ele faz sons muito eróticos. Sem contar que ele está duro como uma pedra, então acho que devo estar fazendo isso certo.

— Demi...Meu amor...

— Você gosta disso? — Pergunto prendendo seu olhar no meu, lambendo-o da base até a ponta.

— Ah Deus, sim, sim eu gosto, muito.

Chupo-o avidamente até que ele me impede.

— Não quero gozar agora. — Ele diz quando eu protesto e tento leva-lo novamente em minha boca.

Ele me puxa e me deita na cama.

— Isso foi uma delícia, meu amor. Essa sua boca linda parece o paraíso, você toda parece. — Suas mãos começam a percorrer todo o meu corpo. — Você é tão linda, tão gostosa, eu te quero mais que qualquer coisa, Demi.

— Eu também te quero, Joe. — Suspiro enquanto suas mãos me acariciam.

Ele segura minhas pernas e as abre ao máximo, então abaixa a cabeça no meio delas e quando sinto sua língua meu mundo todo se desfaz. Só sobrou o prazer, puro e concentrado, e eu me perco completamente nele.

Joe

Não tem como meu humor estar melhor hoje. Vou admitir sem vergonha alguma que eu estava completamente errado, se apaixonar é algo extraordinário, maravilhoso.

Eu amo tanto Demi e esse amor me dá forças para todo. Sinto-me mais feliz, mais leve, mais capaz de enfrentar os problemas, sinto que finalmente tenho um propósito na vida. Um rumo, uma direção.

Demi é a minha bússola, sem ela estaria perdido. Nunca serei capaz de deixar de ama-la, e espero que ela sinta o mesmo.

Estaciono o carro na frente da Bachendorf’s. Entro na joalheria e vou direto falar com uma moça atrás do balcão de vidro.

— Olá, senhor. Como posso ajuda-lo?

— Eu vim buscar um relógio que eu havia deixando aqui para que concertassem.

— Qual o seu nome?

— Joe Jonas.

— Só um momento, Sr. Jonas.

— Obrigado. — A moça sorri e some em uma porta no fundo da loja.

Enquanto espero que a moça volte com meu relógio, algumas peças na vitrine chamam minha atenção. Há uns colares e pulseiras muito bonitos, passo os olhos por eles, mas um item em especial chama minha atenção. Um anel princesa com vários pequenos diamantes.

— Aqui está, senhor. — A moça volta e me entrega uma caixa de veludo negro.

— Obrigado.

— Gostaria de vê-lo de perto? — Ela percebe que estou olhando o anel e pergunta.

Não sei, eu gostaria de ver o anel de perto? É um anel de noivado, mas só ver não faz mal, não é?

— Sim, eu gostaria, por favor. — A vendedora sorri e vai buscar o anel. Ela pega uma chave, destrancando a vitrine e pegando o anel que eu admirava.

— Esse é um clássico anel com corte princesa, de 2.5 quilates. — Ela informa enquanto me entrega o anel.

— É muito bonito. — Digo admirando-o.

— Nós temos alguns outros modelos que acabaram de chegar, se o Sr. quiser ver. — Ela oferece.

— Eu gostaria de ver alguns, por favor.

A vendedora se vai por alguns instantes e volta carregando uma caixa aveludada. Ela deposita a caixa no balcão e a abre, retira um anel de dentro e me entrega.

— Temos esse. O diamante maior é de 2 quilates, a faixa de platina também possui diamantes menores, é outro clássico de lapidação princesa.

Analiso o anel e o devolvo. É lindo, mas não consigo imaginar Demi usando-o, não combina com ela. Então a vendedora me mostra outro modelo, e depois outro, e mais outro.

— Temos esse daqui. Possui 3 quilates e...

— É esse. — Interrompo-a no meio da frase e arranco o anel de sua mão, ávido para olha-lo mais de perto.

— É perfeito. — Sussurro para mim mesmo.

Admiro o lindo anel. Ele possui três pedras de diamante em formato oval. A maior está no centro, e nos dois lados há mais duas pedras menores. Ficaria perfeito na mão delicada de Demi.

— É esse, é perfeito. Vou levar.

A vendedora abre um sorriso largo, com certeza muito contente com a comissão que vai ganhar por essa venda.

— Pois não, vou guarda-lo para o Sr.

Ela guarda o anel dentro de uma caixa quadrada de veludo azul escuro e coloca dentro de uma pequena sacola, assim como a caixa com meu relógio. Ela me entrega o certificado de autenticidade do anel e eu lhe entrego meu cartão de crédito.

Depois de pegar meu cartão me despeço da vendedora e volto para meu carro. Uma vez lá dentro, pego a caixinha com o anel e a abro.

Eu não pretendia comprar um anel de noivado quando vim aqui, comprei-o meio que por impulso. Não é só porque eu o comprei que eu tenho que pedi-la em casamento, posso esperar se eu quiser. Posso deixar o anel guardado até que a hora certa chegue.

Guardo o anel e ligo o carro, guio de volta para meu apartamento, só imaginando a cara de Demi quando a hora chegar e eu pedi-la em casamento.

Demi

Termino de almoçar e me encaminho para meu dormitório. Tenho uma prova difícil daqui a dois dias e tenho que usar todo o tempo vago que tenho para estudar para ela.

Caminho pelo campus distraidamente. Chego ao meu prédio e subo as escadas lentamente, quando viro em meu corredor, levo um susto com a quantidade de flores que estão na frente da minha porta.

Chego bem na hora em que Joe está amarrando vários balões em formato de coração na maçaneta da minha porta.

— Joe? — Ele se assusta quando o chamo, mas sorri assim que me vê.

— Ah, oi amor. Como foram as aulas essa manhã?

— Bem, obrigada...hum, Joe, porque o meu corredor está parecendo uma floricultura? — Pergunto me aproximando dele, ainda encarando os diversos vasos e buquês de flores espalhados pelo chão.

Têm rosas brancas e vermelhas, margaridas, tulipas coloridas e flores do campo. Sorrio ao perceber um ursinho grande no meio de todas essas flores, ele segura um coração que diz “eu só tenho olhos para você”.

Joe se aproxima e laça minha cintura, me puxando para junto de si. Ele segura meu pescoço e junta sua boca com a minha. Me dá um beijo tão apaixonado, tão cheio de amor que eu me esqueço de tudo o que vem me atormentando desde aquele jantar maldito. Esqueço-me sobre o tal beijo entre ele e Eva – o qual eu ainda não tive coragem de questiona-lo – esqueço-me de todas as mulheres com quem ele já esteve, esqueço-me de tudo que é ruim. Nesse momento só existe Joe e eu.

Quando ele se afasta estou ofegante e com os joelhos fracos. Só ele para ser capaz de me fazer sentir isso apenas com um beijo.

— Uma vez eu te disse que nunca poderia te dar flores e balões. Eu só queria que...Queria que você soubesse que eu mudei. — Ele diz e eu sinto meu coração inchar, tanto que eu acho que vai explodir.

— Ah, Joe. — Digo sorrindo e acariciando seu rosto.

— Eu te amo, Demi, e pretendo me comportar como o idiota apaixonado que sou. Vou te dar flores, balões, ursinhos e tudo o que você quiser. Qualquer coisa para te provar que eu mudei e que eu te amo com todas as minhas forças.

Ele segura a mão que acariciava seu rosto e lhe dá um beijo.

— Joe, por favor, me leve para dentro daquele apartamento e faça amor comigo. — Peço em um sussurro.

— Tudo o que você quiser, minha linda, tudo o que você quiser.

— Demi, você pode levar isso lá para fora e colocar na mesa? — Mamãe pede.

— Claro. — Pego a travessa de vidro e me encaminho para a grande mesa com bancos de madeira que foi colocada atrás da casa, ao ar livre.

Hoje é domingo e decidimos fazer um grande almoço em família. Os Lovato e os Jonas, todos reunidos para um farto almoço junto das pessoas que amamos.

Papai está sentado na varanda bebendo cerveja com Nick. Miley está com Miguel – já o consideramos parta da família – e eu, mamãe e Selena estamos terminando de arrumar a mesa.

Denise, Paul, Joe, Kevin e Dani ainda não chegaram.

Estou colocando a travessa de salada de batatas na mesa quando escuto o barulho de rodas nos cascalhos na frente da casa.

Joe.

Sorrio e saio correndo para recebê-lo.

Quando chego à frente da casa e vejo Vince saindo do carro, congelo no lugar. Não pode ser, eu devo estar imaginando. Que diabo ele está fazendo aqui?

— Vince, o que você pensa que está fazendo aqui? — Pergunto furiosa enquanto me aproximo de seu carro. Não acredito que ele teve a cara de pau de vir até a minha casa. — Você deve ir embora, agora. — Digo olhando-o severamente.

— Ele não vai a lugar algum, ele é meu convidado. — Escuto a voz de Nick atrás de mim.

— Como é que é? — Viro-me olhando chocada. Eu só posso ter entendido errado.

— Eu o convidei. — Nick repete.

— Como assim você o convidou, você está louco? — Nick se aproxima sem se deixar abalar pelo olhar fulminante que estou lançando para ele.

— Vocês me obrigam a ter que aceitar que aquele filho da mãe que você chama de namorado se sente na mesma mesa que eu. Então ele vai ter que aceitar que o meu convidado se sente nela também.

— Você não pode fazer isso. Isso aqui é um almoço de família. — Digo histérica.

— Eu tinha pedido para papai e mamãe se eu podia convidar um amigo, eles permitiram.

— Mas aposto que eles não sabiam que era Vince, não é? E desde quando você o considera um amigo? Você sempre o odiou, você só está fazendo isso para provocar Joe. — Digo dando com o dedo em seu peito.

— Não importa meus motivos, ele é meu convidado e ele fica. — Ele volta seu olhar para Vince, que assiste nossa discussão quieto. — O pessoal está lá atrás, pode ir até lá Vince, sirva-se de cerveja e o que você quiser, fique à vontade.

— Obrigado, Nick. — Vince diz e se dirige para a parte dos fundos da casa, eu apenas o olho se afastar com a boca aberta, ainda não acreditando no que Nick está fazendo.

Não posso acreditar que ele esteja agindo dessa maneira. Meu Deus, alguém abduziu meu irmão e colocou esse clone incrivelmente idiota no lugar?

— Você tem que falar para ele ir embora, agora. — Emprego o máximo de autoridade na voz que consigo.

— Não. Ele fica.

— Porque você está agindo dessa maneira? Você não acha que deveria estar mais preocupado com a cirurgia da sua mulher do que agir como uma criança?

— Eu estou preocupada com ela, e estou cuidando para que ela tenha tudo o que precisa. Não precisa se preocupar.

— Nick, por favor. Você sempre odiou Vince.

— Eu não vou mudar de ideia, Demi. — Ele diz se afastando.

— Vince me traiu. — Digo e ele para. — Foi por isso que eu terminei com ele, porque eu o peguei na cama com a minha colega de quarto. — Vejo raiva passar por seus olhos. — E ele já tinha me traído antes disso também. Eu odeio ele, Nick. Você convidou um cara que me fez sofrer, para perturbar um cara que me ama de verdade e só tem me feito feliz.

Ele me olha, mas não diz nada.

— Por favor, faça Vince ir embora antes que Joe chegue. Pare de ser tão hostil, tão teimoso e tão infantil. Todos têm agido como adultos com relação à Joe e eu, menos você. Você tem agido como uma criança mimada que está emburrada porque as coisas não saíram como queria.

— Ele fica. — Ele diz teimosamente.

— Eu vou falar com papai, ele vai fazer Vince ir embora. — Ameaço.

— Ele não vai expulsar um convidado meu.

— Eu não vou mais falar com você, você já magoou demais Joe. Ele é seu amigo e está sofrendo com todo esse seu ódio, aí você pega e convida aquele cara para uma reunião de família, uma tarde que era para ser cheia de alegria, só porque você é egoísta e quer machucar o homem que eu amo. Eu não vou te perdoar por isso, esse não é o Nick que eu amo e admiro. — Digo magoada com sua atitude irracional e vou em direção aos fundos da casa.

Chegando lá vejo Vince com uma cerveja na mão, sozinho em um canto, olhando para os lados parecendo desconfortável.

Papai me olha com um olhar de desculpas, mamãe e Selena estão fingindo que tudo está perfeitamente bem e Miley me olha confusa assim que entro em seu campo de visão.

Caminho determinada até Vince.

— Você tem que ir embora. Agora.

— Seu irmão me convidou, tenho o direito de estar aqui.

— Você não tem direito nenhum. — Digo elevando a voz. — Você sabe que ninguém te quer aqui, nem mesmo Nick, ele te convidou só para provocar Joe.

— Sabe, eu não gostava do seu irmão tanto quanto ele não gostava de mim, mas depois que eu fiquei sabendo que ele deu uma bela de uma surra no seu namoradinho, acho que ele até que é um cara bem legal.

— Como é que você...Esquece. Você é um idiota, não acredito que eu cheguei mesmo a amar você. — Vejo seu rosto murchar e magoa passar pelo seu olhar. Poderia até sentir pena dele, se ele não fosse um idiota traidor. — Você quer mesmo ficar em um lugar que você sabe não ser bem vindo?

— Eu quero ficar no mesmo lugar que você, não importa onde isso seja. — Ele diz dando um passo em minha direção e colocando sua mão em meu rosto, que eu rapidamente retiro.

— Vince, só vai embora, por favor.

— Eu te amo, Pequena.

— Eu não te amo mais, Vince.

— Eu posso fazer você voltar a amar.

— Não, não pode. Entenda isso de uma vez por todos e pare de agir como um perseguidor, vá viver sua vida.

— Eu não consigo tirar você da minha cabeça, eu penso em você o tempo todo. Eu sei o quanto eu te machuquei, eu sei o quanto eu fui um filho da puta, mas se você pudesse me dar só mais uma chance...

— Não, Vince não dá. Eu amo o Joe, estou completamente apaixonada por ele, não quero mais ninguém além dele. E se você me ama tanto quanto você diz, você vai embora agora.

Ele me olha tristemente, leva sua mão até meus cabelos e os acaricia.

— Você não está sendo justa, você sabe que eu te amo de verdade.

— Então vá embora, agora.

Ele toma um gole da sua cerveja e deixa a garrafa na mesa.

— Tudo bem, eu vou, para mostrar que eu te amo. Me leve até o meu carro.

— Tudo bem. — Digo revirando os olhos e o acompanho de má vontade.

— Tchau. — Digo quando chegamos ao seu carro e me viro para voltar para minha família.

— Espera. — Ele segura meu braço.

— O que foi?

— Pelo menos me de um beijo de despedida.

— Então você vai parar de enrolar e vai embora? — Pergunto.

— Vou, prometo. — Solto um grunhido impaciente. Minha intenção é lhe dar apenas um beijo rápido na bochecha, mas quando meus lábios encostam-se na sua pele, ele me abraça e segura minha nuca. Vira o rosto e faz com que nossos lábios se encontrem, tudo em um movimento rápido demais para que eu possa reagir.

Sua língua tenta invadir minha boca e eu a mordo, fazendo-o me soltar e falar um palavrão enquanto leva a mão até a boca.

— Seu idiota, vá embora e não me procure mais. — Suas mãos seguram meus braços e ele me puxa com força para junto de si, nossas bocas separadas por poucos centímetros.

— Você não pode fazer ou dizer nada para que eu desista de você.

— Mas eu posso. — Escuto a voz grave de Joe e me viro em sua direção. Ele está a poucos metros de nós e escutou tudo, Kevin e Dani estão logo atrás dele.

— Largue a minha namorada, agora. — Ele diz com uma voz assustadora. Vince me solta e encara Joe com um olhar arrogante.

— Sua por pouco tempo. — Ele diz sorrindo. Joe quebra a distância com dois passos largos e agarra Vince pela camisa.

“Oh não! Meu Deus, porque Joe tem sempre que se meter em alguma briga?”

— Se você chegar perto dela de novo, se você falar com ela ou olhar para ela, eu vou atrás de você, entendeu? — Joe diz numa voz sombria. Kevin se aproxima do irmão cauteloso, pronto para apartar uma briga se necessário.

— E eu vou estar te esperando.

— Joe. — Chamo-o e coloco uma mão em seu braço, ele me olha e suaviza a expressão imediatamente. — Solte-o. — Peço e ele larga Vince no mesmo instante, dando um passo para trás e me puxando para perto de si, envolvendo meus ombros com seu braço.

— Saia daqui, antes que eu perca a paciência com você.

— Tudo bem, já estou de saída, mas por que ela pediu e não porque você quer. — Vince abre a porta do carro, mas antes de entrar se vira para mim. — O que nós tínhamos era especial demais para você me esquecer tão facilmente...

— Humpf. — Bufo e solto uma risada sem humor nenhum. — Esquecer você foi tudo, menos fácil.

— Eu sei que em algum lugar aí no fundo você ainda me ama. Você vai voltar a ser minha, nossa história não acabou, Pequena.

— Filho da... — Joe parte para cima de Vince, mas eu o seguro a tempo.

— Por favor, Joe. Não aqui. — Ele me ouve e recua, Vince entra no carro.

— Até depois, minha linda. — Vince diz e arranca com o carro.

— Filho da mãe. Quem ele pensa que é para te chamar de Pequena, de minha linda? Deus, eu quero matar esse pedaço de merda. — Joe diz vermelho de raiva.

— Calma, cara. — Kevin diz colocando a mão em seu ombro.

— Calma nada, eu vou acabar com ele isso sim. O que ele estava fazendo aqui? Porque você deixou ele chegar tão perto? — Joe diz redirecionando sua raiva para mim.

— Hey, calma. Foi Nick quem convidou Vince.

— Nick? — Dani pergunta confusa.

— É, ele o convidou só para provocar Joe.

— Mas Nick não odiava Vince?

— Pelo jeito ele me odeia mais. — Joe diz encarando o chão, a raiva em sua voz sumiu e foi substituída por magoa.

Ele não olha para ninguém e vai em direção a casa, sumindo pela porta da frente.

— Droga, eu vou atrás dele. — Digo e saio correndo para dentro.

— Joe, espere. — Ele para e se vira, com as mãos na cintura.

— O que foi?

— Não fique assim, por favor.

— Como você quer que eu fique? Eu chego aqui e vejo a minha namorada nos braços do ex e ainda por cima descubro que o meu melhor amigo me odeia ao ponto de convida-lo apenas para me atingir.

— Eu não estava nos braços de Vince.

— Estava sim, vocês estavam quase se beijando. — Obviamente agora não é uma boa hora para admitir que Vince me beijou.

— Amor...

— Acho melhor eu ir embora. — Ele diz.

— Não, não fale besteira. Não deixe que os idiotas do Vince e do Nick estraguem nosso dia. Vamos mostrar para Nick que não há nada que possa nos separar, que estamos felizes juntos e que nos amamos.

— Não posso acreditar que ele me odeie tanto assim. — Joe diz passando a mão pelos cabelos.

— Uma hora ou outra ela vai acabar entendendo. E mesmo que ele não entenda, isso não vai nos separar. Eu não vou permitir que Nick nos atrapalhe, a partir de hoje não vou mais falar com ele, agora sou eu quem vou ignora-lo.

— Não quero que você se afaste do seu irmão por minha causa.

— Não é por sua causa, é por causa dele mesmo. Ele que tem agido como um idiota.

— Chamar Vince não foi a primeira coisa que ele fez, foi? Ele tem feito outras coisas que você não me contou, não é?

— Joe...Deixa isso para lá, não importa.

— Importa para mim, o que ele tem feito? Ele tem te tratado mal?

— Não exatamente.

— Então o que é?

— Ele tem tentado me convencer a te deixar, ele tem...Ele fica me contanto coisas.

— Que tipo de coisas? — Ele pergunta com um leve tom de desespero na voz.

— Coisas que você fez no passado, com outras mulheres. Ele fica me dizendo que você é nojento e que eu mereço coisa melhor. Ele me contou sobre as festas de troca de casais que você deu no apartamento que vocês dividiam na faculdade, sobre as vezes que ele pegou você com mais de uma mulher transando na sala, das vezes que ele não conseguia dormir por causa dos gemidos. E da vez que...Da vez que você transou com um homem. — Assim que digo isso Joe fica branco como papel e rapidamente desvia o olhar, com vergonha. Ele se vira, ficando de costas para mim.

— Eu estava bêbado, foi só uma vez.

— Eu não estou julgando, Joe.

— Eu sinto muito que tudo isso seja verdade.

— Joe, olhe para mim. — Peço e ele balança a cabeça em negativa.

— Tenho muita vergonha de tudo o que eu fiz.

— Não tenha, por favor, olhe para mim. — Ele lentamente se vira, quando vejo as lágrimas escorrendo de seus lindos olhos azuis, sinto uma vontade enorme de chutar a bunda de Nick. Definitivamente eu não estou mais falando com ele.

— Ele tem razão, você merece coisa melhor.

— Hey, não fale uma coisa dessas. — Digo abraçando-o. — Eu não gosto nem um pouco do seu passado, não vou mentir. Odeio que você tenha estado com tantas outras pessoas, mas seu passado faz parte de quem você é agora, e eu te amo. — Ele me abraça forte.

— Se eu soubesse...Se eu soubesse que iria encontrar esse sentimento tão puro e bonito, o nosso amor, eu teria feito tudo diferente. Não teria encostado em nenhuma outra mulher, teria esperado por você.

— Queria ter esperado por você também. — Digo.

— Só de imaginar que você já dormiu com outro homem, me deixa cego de ciúmes, mesmo tendo sido apenas um. Não posso nem imaginar como você se sente sabendo de tudo o que eu fiz. Sinto muito meu amor, que você tenha que aguentar isso.

— Não quero mais falar sobre isso, por favor. Vamos esquecer tudo isso, pelo menos por hoje, vamos fingir que nada disso com Vince aconteceu e vamos aproveitar o dia juntos.

— O que você quiser, meu amor. Mas eu não vou me esquecer dele, se Vince chegar perto de você de novo, não vai ter nada que vá conseguir me impedir de dar uma lição nele. E com relação à Nick, eu também não vou permitir que ele continue te envenenando contra mim. Ele não quer aceitar nosso namoro, muito bem então, mas ele não tem o direito de tentar atrapalha-lo.

— Não vamos deixar ele nos atrapalhar. — Digo.

— Não vamos deixar ninguém nos atrapalhar, promete?

— Prometo. — Respondo.

— Ótimo, eu prometo também. Vamos permanecer firmes, meu amor, e juntos. Haja o que houver.


12.5.16

Paixão Inesperada - Capitulo 25 (1/2) - Seu Passado Nos Condena


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Demi

Um mês depois...

— Obrigado mesmo por ir comigo nesse jantar. — Joe me agradece novamente enquanto olha concentrado a estrada a sua frente.

— O prazer é todo meu, meu amor.

— Já disse que você está linda nesse vestido? — Ele pergunta com um sorriso malicioso surgindo no canto dos lábios.

— Só umas vinte vezes. — Respondo sorrindo.

— Você está linda nesse vestido. — Ele segura minha mão e leva até a boca, beijando-a.

— E você está muito sexy nesse terno. — Mordo o lábio inferior e admiro como a roupa preta se molda em seu copo perfeitamente.

O luxuoso Violethold Palace Hotel é o nosso destino nessa noite amena. Uma vez por ano a família Pinkerton, dona da imponente e poderosa Voltlin & Pinkerton Company, organiza um jantar beneficente e convida todas as companhias e empresas associadas. Todos os fundos arrecadados são revertidos para instituições de caridade.

— Esqueci-me de te perguntar antes, como está indo Selena? — Joe quer saber.

— Ela está surpreendentemente calma, a cirurgia foi marcada para semana que vem. — Respondo.

Pobre Selena, ainda não acredito em tudo isso que está acontecendo com ela. Quando ela e Nick reuniram a família e contaram que Selena tinha um tumor no útero e que precisaria operar, todos foram pegos de surpresa. E quando ela chorando disse que como resultado ela poderia nunca conseguir engravidar, todos ficaram em um silêncio pesaroso.

Naquele dia Miley e eu finalmente entendemos o motivo de Selena ter saído do consultório chorando, acabou que nem precisamos falar com ela e admitir que havíamos seguido-a. Ela mesma resolveu contar a verdade, e ainda bem que ela fez isso, pois agora Nick e ela voltaram a se dar bem.

— Coitado do Nick, sei o quanto ele queria ter um filho com Selena. Ainda tem chance dela conseguir engravidar, não é?

— O tumor pode deixar ela infértil, não é certeza, então eu diria que sim, ela ainda pode engravidar. Tudo vai depender de como a cirurgia ocorrerá e do tratamento que ela vai fazer depois disso.

— Queria poder estar ao lado de Nick e apoia-lo. — Joe diz tristemente. Encaro seu perfil, seus traços perfeitos e sua pele levemente dourada devido ao forte sol texano. Não sobrou nenhum resquício da luta entre ele e Nick, ele voltou a ser perfeito, e pelo que me parece, não há resquícios nenhum da briga no coração de Joe também. Tenho a impressão que ele nem leva o ataque brutal de Nick em consideração, ele fala sobre meu irmão com saudades e tristeza, nunca com raiva ou mágoa. E mesmo depois do que Nick fez com ele naquela noite, naquele celeiro, Joe consegue se preocupar genuinamente com meu irmão cabeça dura e teimoso.

Já faz um mês que estamos juntos abertamente, sem mais esconder e mentir, e tudo tem ido muito bem, devo dizer. Nossas famílias já parecem estar acostumadas com a ideia de nos dois juntos, as coisas voltaram ao normal, não é mais aquele choque e desconforto quando alguém dos Jonas ou Lovato nos pegam aos beijos. Papai e Joe até já saíram para um final de semana de pescaria juntos, o que eu achei super demais. Não sei o que aconteceu naquele final de semana, só sei que os dois voltaram unha e carne, desde então papai parece idolatrar Joe como ele nunca havia feito antes, e Joe adora papai, sempre fala nele como se fossem bons e velhos amigos.

Já me passou pela cabeça que talvez Joe esteja tentando colocar papai para substituir Nick, o que faz meu coração doer por ele, apesar de também me deixar feliz que dois, dos três homens mais importantes da minha vida, estejam se dando tão bem.

Mamãe também quebrou o preconceito inicial contra nosso namoro e tem tratado Joe muito bem. Denise me trata como uma filha muito querida, é até engraçado de ver. Sempre que estamos sozinhas, ela me agradece por fazer do seu Joe um homem feliz, isso sempre me deixa envergonhada e emocionada ao mesmo tempo.

Kevin, que ficou sabendo sobre seu irmão e eu somente quando voltou da Lua de Mel, é o único que ainda não se acostumou muito com a ideia, não que ele não nos apoie, porque ele o faz, mas ele confessou que ainda acha muito estranho quando vê Joe e eu nos beijando e nos abraçando. Mas apesar da estranheza, posso ver a felicidade pelo irmão em seu rosto.

— E como Nick tem te tratado? Ele continua te ignorando? — Joe pergunta com a testa franzida.

— Não completamente, mas não estou levando muito para o lado pessoal. Ele meio que tem ignorando todo mundo depois da noticia do problema de Selena, ele tem cuidado tanto dela, é lindo. Esses dias ela estava ajudando mamãe a carregar umas caixas pesadas, quando ele a viu fazendo força saiu correndo igual a um louco e pegou a caixa dos braços dela. Depois brigou com mamãe dizendo que ela não podia carregar peso. Mamãe e Selena riram da cara dele, Selena disse: “Amor, eu tenho um tumor no útero, não uma criança. Posso carregar peso normalmente.” É claro que Nick não achou nenhuma graça.

— Selena parece estar levando toda essa história de tumor muito bem. — Joe comenta.

— Parece que os papeis se inverteram. No começo Selena estava uma pilha de nervosos e era Nick quem tinha que acalma-la. Agora Selena está calma e confiante e Nick está todo paranoico, ele fica vigiando todos os passos de Selena, cuidando pessoalmente de tudo que ela precisa. Fico feliz que Selena tenha alguém para cuidar dela nessa situação difícil.

— É, mas quem está cuidando de Nick? Ele precisa de um amigo nessas horas, se ele me deixasse eu podia... — Ele não termina a frase.

— Eu me sinto péssima por vocês não serem mais amigos. Queria tanto que ele entendesse e aceitasse nosso namoro.

— Eu também, minha princesa, eu também.

— Acho que talvez se dermos a ele mais tempo, talvez ele se acostume com a ideia e venha atrás de você para pedir desculpas, aí tudo vai voltar a ficar bem. — Digo com esperança.

— É, talvez. — Joe diz com um sorriso fraco, tentando me passar confiança, mas falhando terrivelmente. Sei que para ele essa amizade já está perdida, ele não tem esperanças de que Nick o perdoe.

— Eu queria mesmo é que ele te pedisse desculpas. Ele não tem mais falado besteira para você, não é?

— Não, não tem. — Desvio o olhar para as luzes da cidade lá fora. Não posso permitir que Joe veja a mentira em meus olhos.

Eu não quero e nem tenho coragem de contar para ele que nas poucas vezes em que Nick vem falar comigo, ele se aproxima apenas para tentar me envenenar contra Joe. Ele conta, mais detalhadamente do que eu gostaria, todas as coisas sórdidas do passado de Joe. Tenho que ignora-lo e sair de perto, porque é doloroso demais.

É muito difícil tentar afastar da minha mente as imagens das situações que Nick me descreve.

Sei que em algum lugar da cabeça confusa de Nick, ele acha que está fazendo o que é melhor para mim, mas me sinto horrível quando ele começa a me dizer que eu tenho que me afastar de Joe e procurar alguém melhor, quando ele começa a me contar sobre as orgias e festas que Joe deu na época da faculdade.

É difícil olhar para seu rosto lindo e não me perguntar quantas foram. Mais de 50? Mais de 100? Sempre que esses pensamentos me vêm à mente, tento bloquea-los com as memórias que eu tenho do novo Joe. Aquele que é carinhoso, romântico, que me ama e é fiel a mim.

— Bom, não quero ele falando merda para você. Se ele fizer ou falar qualquer coisa que nos envolva, eu gostaria que você me dissesse, ok?

— Tudo bem. — Respondo desconfortável, me sentindo péssima por estar mentindo para ele. Mas será que algum bem resultaria em eu dizer para Joe que Nick tem me contado toda a sua vida sexual? Só iria constrangê-lo e servir para deixar um clima estranho entre nós, sem contar que provavelmente ele iria querer saber o que Nick me contou, e não sei se tenho coragem de repetir tudo aquilo. É nojento.

— Já disse que você está linda nesse vestido? — Ele pergunta rindo, aliviando a pressão que a conversa sobre Selena e Nick havia posto no ar.

— Eu sei que é difícil para você lembrar o que já disse ou não, sabe, por causa da sua idade...Por isso vou relevar esse seu lapso. — Digo brincando. Joe abre a boca surpreso o que me provoca uma gargalhada.

— Você está me chamando de velho, é? — Ele diz sorrindo. — Então você vai ver. — Ele enfia a mão embaixo da minha coxa e começa a fazer cócegas na parte detrás do meu joelho.

Solto um grito na hora e tento ao mesmo tempo tirar sua mão e me afastar dele, o que obviamente não dá por causa da maldita porta.

— Não, Joe, você sabe que eu não gosto. — Depois que ele descobriu o ponto onde eu mais tenho cócegas, tem sido uma tortura.

— É isso que quem me chama de velho recebe. — Ele diz e eu continuo me contorcendo e rindo.

— Pare, por favor, você vai bater o carro...Joe, pare, você vai acabar matando nós dois. — Ele finalmente para, mas minhas bochechas já estão doendo de tanto rir, ele volta a segurar o volante com as duas mãos, rindo da minha cara. — Idiota, você fez eu amassar o meu vestido. — Digo e lhe dou um tapa no braço.

Alguns minutos depois chegamos ao Violethold, assim que estacionamos em frente ao hotel, um homem de terno abre a porta para mim, saio do carro tomando cuidado com meu vestido longo e agradeço-lhe a ajuda.

Joe entrega a chave para o manobrista e logo ele some com o carro.

Joe caminha até o meu lado e me oferece o braço.

— Sabe, eu vou ter sérios problemas para me concentrar em qualquer coisa hoje a noite que não seja em como você está sexy com esse vestido. — Ele diz analisando meu vestido longo e preto, elegante porém com um toque sexy, devido a fenda em uma das pernas e a alça de um ombro só de tecido transparente. — Sorrio para ele e encaixo meu braço no seu.

— Trate de se comportar hoje à noite, ouviu?

— Tudo bem, eu vou ser um bom menino, mas só se você prometer ser uma garota muito má quando chegarmos em casa. — Ele sussurra para mim e meu corpo todo se arrepia na hora.

— Você não presta, Joe Jonas, sabia disso? — Meu sorriso denuncia o quanto eu gostei da sua proposta.

— Mas você me ama do mesmo jeito. — Ele diz com um sorriso convencido.

— Amo mesmo. — Respondo e ele me beija rapidamente nos lábios.

Seguimos para a recepção do hotel, onde nos informam que o jantar está acontecendo no salão principal. Chegando lá, temos que parar na entrada para informarmos nossos nomes.

— Joe Jonas e acompanhante. — O segurança verifica se o nome de Joe está na lista e então nos deixa passar.

O salão é grande, e quando eu digo grande não estou brincando, é enorme. As paredes são cor de gelo com detalhes em dourado, há diversas colunas de pedra branca perfeitamente lisa e do teto abobadado pende um lustre de cristal enorme, com mais três lustres menores ao redor.

Bem ao fundo no salão vejo um palco que obviamente não pertence à decoração original, deve ter sido montado especialmente para os leilões de hoje à noite. Além do palco, no fundo encontram-se as grandes mesas redondas, cobertas com toalha de seda branca, porcelana e cristais.

No meio de tudo isso estão inúmeros homens e mulheres, todos vestidos com esmero. E se movimentando habilidosamente por entre esses homens e mulheres de negócio, estão os garçons. Os sapatos de todos estalando sobre o chão de mármore.

— Venha, vamos conhecer os abutres. — Joe diz.

— Abutres? Joe, eles estão aqui para a caridade.

— Não, eles estão aqui para se autopromover. Ter a imagem de sua empresa ligada a caridade é tudo o que eles querem, eles não ligam realmente se estão ou não ajudando alguém.

— Que horror, mas pelo menos nessa tentativa de se autopromover, eles de fato arrecadam dinheiro e ajudam instituições beneficentes, não é?

— Sim, pelo menos isso. — Andamos pelo salão lado a lado, Joe cumprimenta com um aceno de cabeça e um sorriso simpático aqueles que se dignam a olhar em nossa direção.

— Joe. — Uma voz grave soa atrás de nós. Quando nos viramos vejo um homem baixo e corpulento, sem boa parte dos cabelos, mas com uma expressão amigável no rosto.

— Sr. Marcos, como está? — Joe o cumprimenta com um aperto de mão.

— Estou ótimo, obrigado. E você?

— Melhor impossível. — Joe responde com um sorriso largo. — Permita-me apresentar minha bela namorada, Demi Lovato.

Um pouco tímida e me sentindo completamente um peixe fora d’água, cumprimento o homem a minha frente.

— Muito prazer, Sr. Marcos.

— Oh, mas o prazer é todo meu. Uma bela mulher de fato, meu amigo. Você deve ser um homem de muita sorte.

— Sou mesmo. — Joe diz passando a mão em volta de minha cintura.

— Maravilha. E como vão as coisas na Townsend? Ouvi dizer que você perdeu aquele contrato com a Thompson Reuters Company, uma pena, de fato. — Sr. Marcos diz e eu o olho confusa, imediatamente lanço meu olhar confuso para Joe, mas ele finge não notar, porém percebo que fica desconfortável.

Eu não sabia que Joe tinha perdido o contrato, ele não me disse nada. Que estranho. Ele estava tão animado e com tanta certeza que a sua proposta tinha impressionado, o que será que saiu errado? E porque ele não comentou nada comigo?

Essas perguntas me deixam curiosa, mas agora não é o momento para tentar obter uma resposta.

— Ah sim, é uma pena realmente, mas somos uma empresa muito capaz e tenho certeza que outras ótimas oportunidades surgirão. — Joe diz claramente tentado se esquivar do assunto.

— Tenho certeza que sim. Agora, se vocês me dão licença...Acho que acabei de ver Frederic Salazar e gostaria de lhe dar um olá. — Ele diz se despedindo com um sorriso e deixando Joe e eu a sós.

— Porque você não me disse que havia perdido o contrato? — Pergunto encarando seus olhos azuis, que agora estão sérios.

— É complicado, não é assunto para discutirmos agora, tudo bem? — Ele acaricia meu braço e eu aceno condescendente. — Venha, quero te apresentar para algumas pessoas. — Deixo que ele me conduza para o amontoado de pessoas completamente estranhas.

Passo a próxima hora sendo apresentada e conversando com várias pessoas, algumas interessantes e outras nem tanto, na maior parte do tempo deixo que Joe os distraia e só falo quando falam comigo, ou ocasionalmente quando tenho segurança o suficiente para não achar que vou falar alguma besteira.  

Assim que o chatíssimo Sr. Pecked nos deixa a sós, pego uma taça de champanhe do garçom e bebo metade do conteúdo em um único gole.

— Sinto muito por fazer você ter que aturar essas pessoas.

— Tenho certeza que você vai saber como me recompensar depois. — Digo e pisco, Joe abre um sorriso lento e safado, daqueles que faz coisas engraçadas com o meu corpo e me deixam inquieta.

— É uma pena que eu prometi me comportar. Mas tenho certeza que a espera vai valer a pena. — Sinto meu desejo despertando e tenho que morder o lábio para não gemer.

— Joe, que bom que você pode vir. — De repente uma voz de mulher me tira dos meus pensamentos pecaminosos com relação ao meu namorado delicioso. Joe se vira e vejo-o ficar pálido na hora, como se tivesse visto um fantasma. Seu corpo fica tenso e ele assume uma postura defensiva.

Olho com curiosidade para a mulher que provocou essa reação. Ela é alta, cabelos negros e olhos azuis, tão claros que parecem irreais, lábios cheios assim como seus seios, que praticamente estão saltando para fora do seu vestido vermelho sangue. Aparenta estar na casa dos 30, não mais que 35 anos.

Ela alterna seu olhar entre Joe e eu, talvez seja impressão minha, mas ela parece estar se divertindo com a reação estranha dele. Joe continua olhando-a, branco como papel.

— Não vai nos apresentar? — Ela pergunta para ele erguendo uma sobrancelha. Joe continua sem reação, parecendo uma estátua.

— Muito bem, então. Eva McKenna Thompson. — Ela diz estendendo a mão com unhas tão compridas que parecem garras.

— Demi Lovato, muito prazer.

— Demi, nome interessante. — Ela diz, o sorriso nunca deixando seus lábios. — Você e Joe estão juntos?

— Sim. — Joe responde antes de mim, seu braço me envolvendo protetoramente. — Estamos juntos. — Ele diz seriamente, de um jeito que me faz pensar que há algo a mais por detrás de sua declaração.  

— Nunca achei que veria esse dia. Joe Jonas amarrado a uma só mulher. — Ela diz e sinto um frio na espinha na hora. Ela conhece Joe, não só na vida profissional, mas na pessoal também. Agora eu percebo, o modo como ela o olha, seu comentário, sua postura superior. Ela está querendo me intimidar, ela foi uma das muitas mulheres com quem Joe dormiu.

Droga, essa que é provavelmente uma das mulheres mais bonitas que eu já vi, já dormiu com meu namorado. Isso não é legal, nem um pouco. Porque ela tinha que ser tão gostosa e perfeita?

Agora a reação de Joe faz todo o sentido do mundo.

— Vocês se conhecem há muito tempo? — Não consigo refrear minha curiosidade.

— Ah sim, uns 8 anos, não é Joe?

— Mais ou menos. Se você nos der licença... — Joe diz ríspido e sai puxando o meu braço. Ele nos leva até um canto afastado.

— Demi, tem algo que eu preciso te contar, mas é complicado demais para dizer agora e...

— Eu sei, já entendi. Você e aquela mulher já...Já dormiram juntos, não é? — Pergunto com a voz baixa. Joe solta um suspiro e demora um instante para responder.

— Sim, é isso. Eva e eu já nos envolvemos. Sinto muito, não achei que ela estaria aqui essa noite, deveria ter imaginado.

— Você tem mantido contato com ela todos esses anos?

— Não, até a alguns meses atrás eu não tinha notícias dela fazia seis anos.

— E depois de seis anos o que fez vocês entrarem em contato de novo?

— Você não vai acreditar nisso, mas...Ela é casada com Carlson Thompson.

— O mesmo Carlson Thompson da Thompson Reuters Company?

— Esse mesmo.

— Isso que é coincidência.

— Foi por isso que eu perdi o contrato. Eva fez o seu marido assinar com a concorrência para me punir.

— Punir pelo que?

— Porque eu me recusei a dormir com ela de novo, porque eu estava apaixonado por você. — Arregalo os olhos e abro a boca em choque.

— Ela queria dormir com você mesmo sendo casada? Mas que vadia. — Xingo.

— Eu sei. E ela é louca também, olha...Eva foi a única mulher, além de você, com a qual eu dormi várias vezes. Mas isso foi há muito tempo atrás, na época da faculdade. Quando eu quis terminar tudo, ela não aceitou muito bem e começou a me perseguir. Foi difícil mas depois de um tempo eu consegui me livrar dela, eu fique anos sem saber dela, até que uns meses atrás ela apareceu como a esposa do dono da empresa com quem eu estava fazendo negócio. Ela quis um “recordar é viver” mas eu nunca tocaria nela de novo, então ela prometeu se vingar, e fez. Eu perdi o melhor contrato que eu poderia conseguir em toda a minha carreira, perdemos milhões e milhões de dólares. Não disse nada sobre a volta dela porque não queria te chatear, mas sinto muito, sei que eu deveria ter te contado.

— Tudo bem, se você fosse me contar toda vez que você vê uma mulher com quem dormiu, teríamos um problema. — Digo mais rudemente do que pretendia, vejo magoa nos olhos dele e me arrependo do que disse imediatamente.

Joe enfia as mãos no bolso da calça e abaixa à cabeça, seu olhar ficou tão triste de repente que eu sinto vontade de me bater.

— Sinto muito, não deveria ter dito isso. — Digo querendo voltar cinco minutos no tempo e começar tudo isso de novo.

— Tudo bem, não tem problema. — Ele diz me dando um sorriso fraco.

— Olha, eu não estou brava que você não me contou sobre Eva. Vamos esquecer esse assunto. Sinto muito que ela tenha prejudicado seu trabalho, mas isso também significa que você não vai ter nenhuma ligação com ela, o que sinceramente me enche de alívio.

— Eu não suporto a ideia de nem ao menos ver ela, ela é maluca e não vale nada. Quero distância de Eva assim como eu quero que você fique longe dela, ok? Nada de bom pode vir dela então se ela tentar se aproximar de novo, vamos apenas ignora-la, pode ser?

— Será um prazer.

— Ótimo, não vamos deixa-la estragar nossa noite. Venha, o jantar logo vai ser servido. — Ele segura minha mão e nos encaminhamos para nossa mesa.

O jantar estava ótimo, a comida uma delícia e só os melhores vinhos. Fico me perguntando se eles percebem que o dinheiro gasto para organizar essa festa, deve ser pelo menos ¼ do que eles arrecadam a noite inteira.

Enfim, depois do jantar deu-se início aos leilões. Muitos dos aqui presente cederam boa parte do que se estava sendo leiloado.

Um vinho Napa Valley 1941 foi vendido por incríveis 24.675 dólares. Um Cheval Blanc 1947 foi arrematado por 33.781 dólares.

Esse pessoal vai mesmo beber esses vinhos? Porque se fosse eu a compradora, não teria coragem de beber tantos mil dólares.

Um final de semana em uma ilha particular na Tailândia – quem é que compra uma ilha? E na Tailândia! – foi vendido por, pasmem, 267 mil dólares.

Quem vê tudo isso, até pode achar que eles estão mesmo preocupados em ajudar as crianças e os doentes das instituições beneficiadas. O teatro é bem convincente, devo admitir.

O leilão seguiu e muitas coisas foram vendidas por presos absurdos, mas a maioria aqui é milionária, então acho que gastar 200, 300, 500 mil para eles não é nada.

Quando Joe levantou a placa e arrematou um monomotor Cirrus SR20 por 483 mil dólares, me engasguei com meu vinho.

Rindo da minha reação ele sussurrou em meu ouvido que a Townsend sempre lhe dá dinheiro para comprar o que quiser nesses leilões, e que obviamente as coisas adquiridas por ele são propriedades da empresa e não de Joe.

Por isso estranhei quando Joe deu o lance inicial para comprar um final de semana em uma cabana de luxo nas montanhas de Vermont.

O que a Townsend vai fazer com um final de semana em uma cabana? Talvez presentear o melhor funcionário? Séria uma boa tática para incentivar seus empregados.

— Sete mil dólares. — Outro homem dá o lance pela cabana de Vermont.

— Dez mil dólares. — Joe rebate.

— Onze mil. — O mesmo homem diz.

— Doze mil. — Joe oferece.

— Treze mil. — O homem insiste.

— Vinte mil. — Joe diz com um tom de voz autoritário, como se desafiando o homem a superar seu lance.

O homem nada diz, por sua expressão parece aceitar a derrota. Apenas um final de semana em uma cabana em um pequeno estado dos Estados Unidos não parece apetecer mais ninguém, então o leiloeiro diz:

— Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três... — Ele bate o martelo. — Vendido para o cavalheiro por vinte mil dólares.

Todos aplaudem e o próximo item é apresentado.

— O que a Townsend vai fazer com um final de semana em Vermont? — Pergunto curiosa.

— Eles não vão fazer nada, porque fui eu que comprei, não a empresa. Já eu, pretendo fazer muitas coisas em Vermont...Com você. — Ele diz me olhando tão intensamente e com um sorriso tão safado, que sinto o meio das minhas pernas ficar completamente molhado.

Engulo em seco e tenho que me lembrar de onde estamos para não começar a gemer com as imagens que sua promessa me provocam.

— Volto em um minuto. — Sussurro para ele e me levanto. Preciso ir ao banheiro, tenho que fazer xixi e verificar se minha calcinha não está encharcada ao ponto de manchar o tecido do vestido. Não que minha excitação fosse ficar visível no tecido escuro, mas não quero andar por aí com uma mancha úmida.

Abro a porta do banheiro e o encontro vazio, vou até uma das cabines e cuidando com o vestido, sento-me e faço o que tenho que fazer. Olho para minha calcinha e como eu já imaginava, ela está com uma mancha enorme. Culpa de Joe, porque ele tem que me excitar apenas com um olhar, ou com um sorriso, ou com o seu jeito de falar?

Me limpo e arrumo o vestido, abro a porta da cabine e vou lavar minhas mãos na pia. Quando estou terminando de seca-las, a porta do banheiro se abre. Pelo espelho vejo Eva, meu corpo fica tenso na hora.

Ela me lança um sorriso largo e predatório, caminha lentamente até parar ao meu lado.

— Olá. — Ela diz.

— Oi.

— Você por acaso não teria um batom, teria? — Ela pergunta se olhando no espelho e fingindo ajeitar o cabelo.

Droga, ela é tão linda. É maravilhosa, posso ver claramente o porquê Joe a quis, qualquer homem iria querer.

— Não. — Respondo e me viro em direção a porta, mas ela segura meu pulso e pede que eu pare.

— Preciso conversar com você. — Ela diz.

— Não sei se temos algo para conversar. — Ela me segura de novo.

— Temos sim, temos que conversar sobre Joe, tenho que alerta-la. — Desisto de tentar ignora-la, paro na sua frente com os braços cruzados, numa posição defensiva.

— Eu entendo você, entendo o porquê você está com Joe. Sejamos sinceras, que mulher em sã consciência não aceitaria as migalhas de atenção de um homem tão viril e atraente como ele, não é mesmo? Basta uma palavra dele que esquecemos todo nosso autorrespeito e caímos aos seus pés. Foi isso que aconteceu com você, não foi? Aconteceu comigo também. — Ela se encosta da pia e inclina a cabeça, me lançando um olhar analisador dos pés a cabeça. — Não entendo, eu tento compreender, mas não consigo. — Ela comenta.

— O que? — Pergunto.

— O porquê ele estar com alguém como você. Quando ele me disse estar apaixonado, eu imaginei que seria por uma mulher de verdade.

Abro a boca e infelizmente o choque de sua palavras é grande demais para me permitir lhe dar uma resposta a altura.

— Ah, não me olhe assim, você sabe que é verdade. Joe é um tipo único de homem, ele merece muito mais do que você pode oferecer, ele precisa de muito mais do que você pode oferecer.

— Eu posso lhe dar tudo o que ele precisa. — Respondo confiante.

— É mesmo, tem certeza disso? No momento em que eu coloquei meus olhos em você, eu percebi que você não faz o tipo de Joe. Ele tem necessidades muito singulares, e não é toda mulher que é capaz de atendê-las. Você certamente não é.

— E você é? — Pergunto soltando uma risada de escárnio.

— Obviamente.

— Você é maluca mesmo, você não tem nada a oferecer a Joe, nada que ele queira ou precise.

— Não era isso que parecia quando ele me chamava até o seu apartamento para me foder. Ele parecia estar gostando muito do que eu tinha a oferecer. — Ela sorri ao me ver vacilar.

— Isso foi há muito tempo, Joe mudou.

— Eu não acho, não. Joe sempre teve uma certa inclinação se tratando de sexo, uma inclinação muito forte, é algo que faz parte dele e nunca irá embora.

— Seja o que for, eu posso cuidar dele.

— É mesmo? Então talvez eu tenha me enganado com relação a você. Talvez você só aparente ser uma garota inexperiente, inocente e cheia de pudor, mas por dentro você é uma devassa tanto quanto eu. Diga-me, você não adora os sons que Joe faz quando você está chupando ele? Ou então como ele fica excitado quando você está de quatro e deixa-o fazer sexo anal? Ah sim, eu adorava quando ele me comia por trás. Mas nada supera o prazer que eu sentia quando participávamos de uma orgia. Ele parecia uma criança numa loja de doces. Adorava quando eu e alguma outra mulher chupávamos seu pau como se fosse um pirulito. — Ela joga a cabeça para trás e ri. — Deixe eu te contar sobre a vez que ele me fodeu com mais outras três desconhecidas que nós encontramos em um bar...

— Chega! — Grito. Sinto meus olhos se encherem d’água e luto com todas as minhas forças para não derrama-las, não posso chorar, não na frente dela. Sinto meu estômago ficando doente, me sinto enojada ao imaginar Joe, Eva e outras mulheres, todos juntos na mesma cama. Sinto que posso vomitar a qualquer momento.

— Se você nem aguenta escutar sobre, com certeza ainda não fez essas coisas com ele, não é mesmo? Uma pena, porque se você não fizer, se você não for esse tipo de mulher, ele não vai te querer. Joe não gosta de mulherzinhas inocentes e que são extremamente entediantes na cama, ele gosta de ação. Ele gosta de sentir prazer sem pudor, sem restrições, ele gosta de algemar, amarrar, bater, dividir, ele gosta de sexo na sua forma mais suja, mais impura, ele gosta de se enfiar em todos os buracos que você tem e não de fazer amor.

— Cala a boca. — Digo com os dentes cerrados.

— Você está assim porque sabe que é verdade. Ou você se transforma no que ele precisa, faz o que ele realmente gosta, ou sai do caminho e deixa uma mulher de verdade cuidar do seu homem. Sinceramente, eu não acho que você seja capaz de ser o tipo de mulher que ele gosta, então na verdade você só tem duas opções. Ou você se afasta de Joe agora, deixando o caminho livre para mim, ou você fica com ele mais, o que? Um, dois meses? Que é o tempo que eu estimo que vá levar até ele se cansar de você e te dar um pé na bunda, e sai dessa história sem dignidade alguma. Não importa, qualquer que seja o caminho que você escolher, vai acabar com você sozinha e Joe na minha cama. E sabe por quê? Porque eu sou o tipo de mulher que Joe gosta, e ele é o tipo de homem que eu gosto. E quando eu quero algo, eu tenho, custe o que custar.

Ela se vira para o espelho, arruma o cabelo e esfrega os lábios um no outro.

— Considere-se avisada, queridinha. — Ela diz e passa por mim, saindo do banheiro.

Assim que a porta se fecha vou até a pia e me apoio nela, respiro fundo e não consigo mais prender as lágrimas.

Assusto-me quando a porta se abre novamente. Mais uma vez vejo Eva pelo espelho, viro meu rosto rapidamente para ela não ver que estou chorando.

— Ah, já estava esquecendo. Só para o caso de você achar mesmo que ele te ama...Eu e Joe nos beijamos mês passado, no escritório dele. Tenho quase certeza que ele não te contou isso, não é? Só não transamos porque fomos interrompidos. Não se iluda, criança, ele não te ama. — Ela diz e fecha a porta, me deixando sozinha novamente.

Fecho os olhos com força e levo a mão até a boca, para abafar os barulhos que saem.

Sinto uma forte náusea subindo rapidamente, só tenho tempo de correr até a cabine mais próxima e me jogar no chão. Vomito todo o jantar dentro do vaso sanitário.

Espasmos fortes percorrem meu corpo enquanto coloco tudo para fora. Quando finalmente não tenho mais nada no estômago, levanto-me e puxo a descarga.

Vou até a torneira e enxáguo a boca, percebo com alívio que o hotel tem um kit para uso dos hóspedes e convidados. Procuro por um enxaguante bucal e encontro um pequeno frasco, coloco na boca e faço um gargarejo. O tempo todo com lágrimas escorrendo por minhas bochechas.

Quando finalmente tiro o gosto ruim da boca, me olho no espelho. Meu Deus, minha boa aparência já era, estou horrível.

Sinto vontade de me sentar no chão e ficar encolhida, chorando, a noite inteira. Não quero sair daqui e ter que enfrentar todas aquelas pessoas.

Sinto um vazio no peito que é muito doloroso. Sinto medo, não quero perder Joe, eu o amo tanto.

Todas as palavras de Eva ficam se repetindo e se repetindo em minha cabeça, me machucando cada vez mais, toda vez que eu as escuto novamente.

Muitas imagens de Joe fazendo aquelas coisas que ela disse surgem em minha mente, se somando a aquelas que Nick já tinha colocado lá.

Tento bloquea-las com a força das minhas memórias boas com Joe. Todos os momentos carinhosos e cheios de amor. Mas as imagens sórdidas resistem bravamente, imagens do velho Joe lutando com as do novo Joe.

Tento me lembrar se alguma vez Joe demostrou estar insatisfeito com nossa vida sexual. Para mim sempre é tão bom, tão perfeito, não poderia ser melhor. Mas e para ele? Será que ele acha que eu sou muito sem graça, muito...Frígida?

Se eu não consegui satisfazer nem Todd nem Vince, levando-os a ter que me trair, como eu espero conseguir satisfazer um homem como Joe? Ele é muito mais intenso, mais experiente, tem expectativas mais altas.

Eva tem razão, eu nunca fiz aquelas coisas. Meu Deus, eu nunca nem sequer fiz sexo oral em Joe. Foi algo que eu simplesmente não me lembrei.

Eu já fiz isso com Vince, e eu até que gostava, mas eu só fazia quando ele pedia, a iniciativa nunca partia de mim. Não havia percebido que eu nunca fiz isso por Joe, ele já me deu prazer tantas vezes com a boca, e eu nunca retribui.

“Meu Deus, ele deve achar um tédio quando transamos.”

Sinto minha cabeça girar um pouco, levo a mão até a testa e me apoio firme da pia para tentar focar a visão.

Eu tenho que fazer algo, não posso perder Joe. Se ele tiver que ir atrás de Eva ou qualquer outra mulher para satisfazer seus desejos, eu não vou aguentar. Se ele me deixar, não sei como me recuperar dessa vez. O que sinto por ele é único, nunca senti por ninguém mais. Seria devastador se ele não me quisesse mais.

Mas o que mais machuca, o que não sai da minha cabeça de jeito nenhum é: Ela e Joe realmente se beijaram quando nós estávamos juntos? Ou ela está tentando me enganar? Será que eles se beijaram mesmo? Ele ia transar com ela se não tivessem sido interrompidos? Ah meu Deus, eu preciso ir embora, eu quero ir embora desse lugar.

Preciso voltar para lá antes que Joe venha me procurar. Já demorei demais. Só quero que essa noite termine logo.

Pego uma toalha de papel e limpo as manchas de lágrimas no rosto, ainda bem que minha maquiagem é à prova d’água.

Tento voltar a estar pelo menos apresentável, arrumo o cabelo e o vestido, respiro fundo e tento me controlar, mas sei que estou quebradiça por dentro, não posso baixar a guarda e quebrar na frente de todos.

“Se controle, Demi, você lida com isso depois.”

Inspiro e expiro algumas vezes e tomo coragem para voltar para a mesa. Assim que abro a porta do banheiro vejo Joe caminhando na minha direção.

— Ah, aí está você. Já estava ficando preocupado, você demorou. Está tudo bem? — Ele pergunta parando na minha frente. Só de olhar em seus olhos já sinto vontade de desmoronar e chorar.

— Sim, desculpe, está tudo ótimo. — Forço-me a sorrir. Ele me olha franzindo a testa.

— Tem certeza que está tudo bem?

— Sim, tenho. Vamos.

A próxima hora foi um verdadeiro martírio, e quando Joe perguntou se eu queria ir embora, foi com grande alívio que eu respondi que sim.

Permaneci quieta todo o caminho de volta, o que não passou despercebido para Joe.

— Você está tão quieta, encarando a janela como se quisesse derreter o vidro com o olhar. Está realmente tudo bem, amor?

— Só estou com um pouco de dor de cabeça. — Minto.

— Deveria ter me dito, teríamos ido embora antes.

— Você estava lá a trabalho, não queria atrapalhar.

— Você nunca atrapalha, amor. Pode confiar em mim sempre para falar qualquer coisa. — Sei que ele está se referindo a dor de cabeça, ou qualquer outra coisa no geral, mas minha mente vai direto na direção de Eva. Eu deveria contar para ele sobre a visita que ela me fez no banheiro? Deveria contar que eu sei sobre o beijo, ou espero ele me confessar? Já faz um mês, se ele não disse nada até agora não vai dizer mais. O que isso significa? Se eu confronta-lo, ele irá negar?

Oh Deus, são tantas perguntas que aquilo de estar com dor de cabeça já não deve ser mais uma mentira.

4.5.16

Paixão Inesperada - Capitulo 24 - O Segredo de Selena


~

Joe
Desvio meu olhar da janela do hospital quando escuto uma batida na porta. A cabeça de papai aparece e ele entra, fechando a porta atrás de si.
— Que bom que já está acordado, filho.
— É meio impossível dormir muito por aqui. Enfermeiras entrando e saindo, barulhos no corredor, pessoas gemendo. Isso aqui é assustador.
— Você estará em casa antes do almoço. — Papai diz vindo se sentar na beirada da minha cama.
— Não entendo porque tive que passar a noite aqui. Eu deveria estar em casa trabalhando, tenho coisas importantes para resolver para segunda.
— Você acha mesmo que estaria em condições de trabalhar hoje? Sei que você adora seu emprego, mas vai ter que pegar leve pelos próximos dias.
— Queria estar em casa. — Reclamo.
— Você ouviu o que o médico disse ontem. Você não tem nada sério, mas ele queria que você passasse à noite para ter certeza que não sofreu nenhum trauma nessa cabeça dura. — Ele diz batendo de leve na minha cabeça.
— Como está se sentindo hoje, filho?
— Melhor, mas ainda com dor. E por causa desse maldito olho inchado, só consigo enxergar parcialmente. Eu não devo estar nada bonito, não é?
Ele segura meu queixo e vira meu rosto, analisando meus machucados.
— Realmente, ele não pegou leve com você. Mas nada que não esteja melhor daqui a alguns dias.
— Acho que vou ter que trabalhar em casa, então.
Passam-se alguns minutos sem que digamos nada, papai está inquieto, eu o conheço e sei que tem algo que ele quer me dizer. Deixo que tome o seu tempo, porque eu já faço uma boa ideia sobre o que ele vai querer falar.
— Filho, eu não falei nada ontem porque sua mãe estava aqui, mas eu gostaria de te fazer uma pergunta.
— Pode perguntar, acho que já sei sobre o que é.
— Aquela tarde que você me procurou para perguntar sobre mim e sua mãe...Naquela tarde quando você admitiu estar apaixonado. O amor impossível que você disse que estava vivendo, era com Demi, não é?
— Era sim, era ela. Entende agora o porquê eu não podia falar nada? Era complicado, ainda é.
— Coloca complicado nisso. — Ele diz esfregando o queixo. — Se eu me lembro bem, você havia dito que o relacionamento de vocês começou com...Bem, com sexo casual.
— Sim, foi assim que tudo começou.
— Então você estava transando com a irmã do seu melhor amigo, sem intenção nenhuma de levar aquilo a sério. — Isso não foi uma pergunta e o seu tom desaprovador não me passou despercebido.
— Você falando assim até soa como algo ruim. — Digo desviando meu olhar com vergonha.
— Mas é, Joe. Você se apaixonar por ela não, mas o modo como começou...Como você vai explicar como tudo começou para Eddie, para Nick? Você cometeu um erro em se deixar levar, filho, e agora você...
— Eu não vou me afastar dela, se é isso que você vai dizer. — Digo ferozmente. Não importa se ele, mamãe ou qualquer um me pedir para me afastar, dizer que isso é o certo a se fazer, eu não vou deixar Demi.
— Calma, eu não ia dizer isso. Eu só ia dizer que você terá que enfrentar as consequências de um mau começo.
— Eu vou enfrentar qualquer coisa por ela. — Digo seriamente olhando-o nos olhos. Papai franze a testa e me olha com aquele seu olhar analisador.
— Você realmente gosta dela, não é? Quero dizer, realmente gosta dela.
— Eu a amo mais que qualquer coisa, pai. Ela se tornou tudo para mim, tudo. Todo o meu mundo.
— Eu posso ver em seus olhos, que você está sendo sincero.
— Por favor, não me diga que eu devo me afastar dela.
— Eu nunca diria isso, meu filho. Não depois de claramente ver que você a ama. Eu sei que você está sendo sincero com relação aos seus sentimentos e eu vou apoia-lo.
Uma onda de alívio enorme percorre meu corpo, tranquilizando pelo menos um pouco minha alma.
— Que bom que você acredita. Estava com medo que você fosse ficar cético como Nick.
— Eu não. Acredito em você, filho, e sua mãe também.
— É mesmo?
— Sim, eu e ela conversamos sobre isso. Ela sabe que você não seria capaz de fazer o que Nick disse, e ela viu como Demi reagiu ontem. Ela estava desesperada, defendendo você ferozmente das acusações do irmão. Claramente vocês se amam. — Um largo sorriso se forma em meus lábios ao ouvir suas palavras.
— Nos amamos mesmo, pai. Muito. Ela me faz tão feliz que acho que vou explodir.
— Eu não poderia estar mais feliz por você. E sua mãe, está radiante com a ideia de você finalmente ter se apaixonado. Contudo, peço que você tenha cuidado, filho. Os Lovato são nossos amigos há anos, e Demi é uma menina muito especial, cuide bem dela.
— Eu vou, pai. Preferiria morrer a magoa-la.
— Você sabe que vai ter que ter uma conversa com a família dela, não é? E Nick...Realmente não sei como as coisas vão ser com ele, mas você tem que estar preparado para a possibilidade de ter que escolher entre seu melhor amigo e a garota que você ama. Acha que pode fazer essa escolha?
— Eu já fiz. Eu amo Nick como um irmão, não guardo nenhuma magoa pelo que aconteceu ontem e gostaria muito que pudéssemos acertar tudo, mas se ele dificultar as coisas, é ela quem eu vou escolher. E ele não vai me impedir de ficar com a mulher que eu amo. Ninguém vai. — Papai sorri e vejo que me olha com algo muito parecido com orgulho.
— Fico feliz que você esteja tão decidido a correr atrás da sua felicidade, meu filho. É só isso que sua mãe e eu queremos, que você seja feliz.
— Obrigado, pai. Isso significa muito para mim. — Digo segurando sua mão.
— Bem, você está com fome? Quer que eu compre algo para você comer? — Ele oferece mudando de assunto.
— Ah, por favor. Estou faminto e a comida daqui é horrível.
— Granny’s?
— Não se esqueça das rosquinhas. — Digo e ele ri.
— Tudo bem, não vou esquecer. — Ele diz indo em direção à porta.
Quando ele sai e fecha a porta, fico repassando em minha cabeça nossa breve conversa. Meu pai é incrível mesmo, o melhor de todos. Ele sempre esteve disposto a me apoiar, mas sabia ser duro também, quando necessário. Mas sempre foi muito carinhoso, e saber que mais uma vez ele está ao meu lado, principalmente por se tratar de um assunto tão importante, significa o mundo para mim.
Alguns minutos depois, quando alguém bate a porta, me pergunto se papai teria sido tão rápido assim em me conseguir meu café da manhã. Mas quando a porta se abre, é Eddie Lovato quem entra.
— Posso entrar, Joe?
— Claro, por favor.
Um pouco hesitante ele se aproxima da minha cama, faz uma careta quando vê meu rosto machucado de perto.
— Como você está?
— Bem, só com alguns hematomas. — Digo apontando para meu rosto.
— Sinto muito, por Nick ter feito isso com você. Mas não posso dizer que se eu estivesse no lugar dele, teria feito diferente. — Ele diz e eu o olho surpreso. — Bem, você deve entender, ela é minha filha, é irmã dele, faríamos qualquer coisa para protegê-la.
— Eu entendo isso, Eddie.
— É por isso que eu vim aqui, Joe. Eu preciso saber quais são as suas intenções com a minha filha. Preciso ouvir de você, o que é que está acontecendo.
— Eu posso garantir, minhas intenções com Demi são as melhores possíveis...Ela não veio com o senhor? Queria vê-la.
— Não. Eu gostaria que vocês não se vissem até eu ter essa conversa com você. Ela é minha filha, Joe, preciso saber o que você está fazendo com ela. — Posso ver o medo por Demi estampado em seu rosto, o desespero em sua voz.
Meu Deus, será que aos olhos dele eu sou um destruidor de coração que não pensaria duas vezes em magoar sua filha? Por favor, ele me conhece a vida toda, eu entendo que esteja preocupado, mas magoa ver que eu tenho tão pouco crédito com pessoas que eu considerava amigas.
Mesmo ainda sentindo um pouco de dor na área das costelas, me sento na cama, para olha-lo do mesmo nível.
— Pois eu vou te falar o que está acontecendo então, senhor. Como você já deve muito bem ter consciência, sua filha é linda, engraçada, inteligente, simpática e tem um coração maravilhoso. Acontece que eu me apaixonei perdidamente por ela. Eu carrego em meu coração mais amor por ela do que sou capaz de suportar. Eu a amo com todas as minhas forças, e nunca, jamais, seria capaz de engana-la e magoa-la. Eu entendo o seu medo e o do Nick, afinal eu nunca fiz questão de esconder o meu desinteresse em ter um relacionamento sério, mas eu juro Eddie, que isso mudou. Eu amo sua filha, e só quero ela.
Termino de falar e espero pela reação de Eddie, mas ele simplesmente fica parado, me olhando, e não diz nada.
— Você...Você realmente está falando sério. — Ele diz em um sussurro para ele mesmo, parece incrédulo.
— Eu amo Demi, Eddie. E significaria muito para mim, e para ela também eu sei, se você nos apoiasse. — Ele passa a mão pelos cabelos e vai até a janela.
— Nunca imaginei que vocês dois...Ela é uma criança, e você é tão mais velho.
— Eddie, eu sei que você quer acreditar que ela vai ser para sempre a sua garotinha, mas Demi não é mais uma criança. Ela tem 20 anos.
— É que...Eu não quero que ela se machuque. Quando você tiver uma filha, você vai entender.
— Eu te prometo, eu nunca vou fazer algo que possa magoar Demi. — Ele permanece em silêncio por alguns instantes, sempre encarando a paisagem lá fora e nunca os meus olhos. Então ele finalmente solta um suspiro e se vira em minha direção.
— Acho que não a nada que eu possa fazer, não é? Como você mesmo disse, ela não é mais uma criança e eu não posso impedi-la de ficar com quem ela quiser. Você pareceu muito sincero sobre gostar dela, e pelo que eu pude perceber, ela também gosta muito de você. Vou ser franco com você Joe, não estou completamente confortável com vocês dois juntos como um casal, mas vou te dar o meu voto de confiança. Não vou ser contra o relacionamento de vocês, e pelo pouco que eu conversei com Dianna ontem, acredito que depois que eu lhe contar o que você me disse hoje, ela também não vai ficar contra.
— Muito obrigado, Eddie. Eu...
— Mas vou te dizer uma coisa...Magoe a minha filha com esse seu estilo de vida liberal, e eu vou chutar a sua bunda com tanta força que você vai parar em Oklahoma. — Ele diz com aspereza.
— Eu não vou. Mas se isso acontecesse, eu teria o maior prazer em deixar você chutar minha bunda, senhor.
— Ótimo, acho que estamos conversados então.
Demi
Droga. Foi tão difícil conseguir dormir ontem, e quando eu finalmente o fiz, já era muito tarde. Como resultado acabei dormindo demais, preciso me apressar se eu quiser chegar a Dallas antes do horário de visita do hospital acabar. Escutei eles conversando ontem que Joe estava bem, mas passaria a noite em observação.
Arrumo-me apressadamente, pego minha bolsa e as chaves do carro e saio correndo escada a baixo.
— Filha? — Paro bruscamente quando ouço a voz de mamãe. — Filha, o café está na mesa, venha comer... — Ela para de falar quando me vê parada perto da porta.
— Onde você vai?
— Estou indo para o hospital, preciso ver ele, mãe.
— Seu pai disse que não queria você perto dele até os dois conversarem.
— Papai não está aqui agora.
— Tem razão, ele está a caminho do hospital agora mesmo. — Ela diz colocando as mãos na cintura.
— O que?
— Ele saiu faz meia hora.
— Porque vocês não me avisaram para eu ir junto?
— Você não ouviu o que eu disse? Seu pai não quer você perto do Joe até ele saber quais são as intenções dele com você.
— Ah meu Deus. — Digo esfregando a testa. — Isso é ridículo. Eu tenho que ir ver como ele está. — Giro a maçaneta da porta.
— Demi, espere.
— O que foi, mamãe? — Pergunto me virando para ela.
— Como...Como isso foi acontecer? Quero dizer, você e o Joe? Isso é tão estranho e...
— Olha mãezinha, eu sei, e eu vou explicar tudo mais tarde, ok? Agora eu preciso mesmo ir. — Vou até ela e lhe dou um beijo na bochecha, então saio correndo até o carro. Preciso chegar logo naquele hospital e impedir que papai estrague tudo com Joe.
— Oi, bom dia. Gostaria de saber em qual quarto Joe Jonas está. — Digo para a moça atrás do balcão.
— Só um minuto... — Ela digita algo no computar e então diz: — Quarto 633. O horário de visita acaba em dez minutos.
— Tudo bem, obrigada. — Digo e vou apressadamente procurar o quarto de Joe.
Passo pelo quarto 625, 626, 627 e tão distraída procurando o número certo que estou, só vejo papai pouco antes de me esbarrar com ele.
— Demi, o que você está fazendo aqui? Eu não tinha dito que...
— Você viu ele? Como ele está? — Pergunto preocupada.
— Ele está bem, um pouco dolorido, mas bem.
— Preciso vê-lo. O que vocês conversaram? Você não estragou tudo, não é papai?
— Calma, menina. Joe e eu conversamos, e eu acredito que ele goste mesmo de você.
— Sério? — Pergunto com um sorriso se formando em meus lábios.
— Sim, não vou ser contra vocês ficarem juntos, mas vou ficar de olhe nele, hein? E se ele fizer alguma coisa para você que eu não gostar...
— Ah papai. — Não deixo que termine de falar, pois me jogo em seus braços e lhe dou um abraço apertado. — Isso significa muito para mim, obrigada.
— Só quero que você seja feliz, minha princesa. — Ele diz acariciando meus cabelos.
Estou tão feliz que poderia explodir. Estava com tanto medo que a conversa entre papai e Joe fosse mal e que ele quisesse me proibir de namorar Joe, claro que isso não me impediria, mas assim as coisas vão ser bem mais fáceis. Ter o apoio dele me faz sentir mais leve, mais tranquila e menos culpada.
— Vou vê-lo, o horário de visitas já está acabando. — Digo me desvencilhando de seus braços.
— Tudo bem, vá.
— Até logo, e obrigada de novo, por entender. — Viro-me e vou até o bendito quarto 633.
Abro a porta devagar, sem fazer barulho. Joe está deitado na cama, olhando para a janela.
— Posso entrar? — Assim que ouve minha voz, ele se vira rapidamente e abre um sorriso largo.
— Meu amor. — Tento sorrir, mas a visão do seu rosto machucado faz com que o sorriso fique preso nos lábios e meu coração fique pesado, dolorido.
— Joe. — Sussurro seu nome. Caminho até a cama e fico ao seu lado.
— Meu amor, que bom que você está aqui. Acabei de falar com seu pai, e ele...
— Eu sei. Encontrei com ele no corredor, ele me disse. — Digo tentando lhe dar um sorriso reconfortante.
— E o meu pai também entendeu, ele disse que vai nos apoiar.
— Isso é maravilhoso, meu amor. — Digo segurando sua mão.
— Acho que não foi tão ruim quanto havíamos imaginado, quer dizer, com Nick foi. Mas nossos pais, acho que eles estão reagindo melhor do que esperávamos. — Ele diz sorrindo animadamente, mas não consigo retribuir o sorriso, não quando ele está deitado em uma cama de hospital todo machucado por minha culpa.
— O que foi, amor? Você não está feliz? — Ele pergunta.
— Ah meu amor, é claro que eu estou feliz. Ter o apoio de papai significa muito, mas...Você está aí, todo machucado. Não acredito que Nick tenha te batido dessa maneira. — Sinto meus olhos começarem a se encherem de água.
— Ei, não fique assim. Nós dois sabíamos que ele não reagiria bem.
— Eu sei, mas eu achei que ele fosse gritar, ficar bravo, até te dar um soco. Não imaginei que ele te mandaria para o hospital.
— Está tudo bem, eu estou bem.
— Está mesmo? Você não parece muito bem, não está doendo? — Pergunto acariciando de leve seu rosto.
— Dói só um pouco, mas estou bem, juro.
— Sinto muito. — Uma lágrima traidora escorre por minha bochecha.
— Sabe o que você pode fazer para eu me sentir melhor? — Ele pergunta.
— O que?
— Primeiro, pare de chorar. — Ele estica o braço e limpa minha bochecha. — E segundo, você pode me dar um beijo. — Não consigo evitar e sorrio. Inclino-me sobre ele e deposito um beijo carinhoso em seus lábios.
Quando faço menção em me afastar, sua mão vai até meu pescoço e me mantém no lugar. Seus lábios são tão macios, reconfortantes e familiares. Permito-me perder a noção de tudo que não seja Joe, por isso me assusto quando escuto alguém limpando a garganta atrás de nós.
Afasto-me num pulo e me viro, dando de cara com um Paul muito desconcertado.
— Desculpe, não queria interromper, mas trouxe sua comida, filho. — Ele diz levantando uma caixa de padaria e uma caneca do que, pelo cheiro, presumo ser café.
— Tudo bem, pai.
— Oi, Demi. — Paul me cumprimenta com um sorriso tímido.
— Oi, Paul. — Digo também um pouco envergonhada. Ele se aproxima e entrega a comida a Joe.
— Sinto muito, filho, mas vou ter que ir, o horário de visita já acabou e logo vão aparecer para nos tirar daqui.
— Tenho que ir também. — Digo.
— Claro, tudo bem. Daqui uma hora eu devo ter alta, você vai voltar comigo até meu apartamento, não é? — Ele dirige sua pergunta para mim.
— É claro, meu amor. — Respondo.
— Ótimo.
— Até logo. — Me despeço.
— Hey, e o meu beijo? — Olho para ele e depois para Paul, sem graça.
Tudo bem, isso ainda é um pouco estranho.
Dou um beijo de despedida em Joe, e então eu e Paul seguimos para fora do quarto. Caminhamos lado a lado pelo corredor branco e largo. Olho-o de canto e vejo um pequeno sorriso nos lábios de Paul.
— Feliz? — Pergunto.
— Muito. Em 29 anos nunca vi aquele brilho nos olhos do meu menino. O jeito que vocês se olham...Me lembra muito de mim e Denise. — Sorrio com suas palavras. Se ao menos Nick conseguisse ver o que parece que todos estão conseguindo.
Joe
Finalmente em casa. Sei que passei apenas algumas poucas horas no hospital, mas foi suficiente para me deixar angustiado e louco para voltar para o conforto do meu apartamento.
Quando finalmente tive alta, papai e Demi me acompanharam até em casa, logo mamãe também se juntou a nós. Os três ficaram me fazendo companhia por várias horas, até que foram embora, pouco tempo atrás.
Agora estou sozinho, anestesiado pelos comprimidos para dor que o médico me receitou. Gostaria que papai e mamãe não tivessem se demorado muito, queria ficar a sós com Demi, temos tanto para conversar. Quero saber melhor sobre como ela está se sentindo com relação a como o nosso relacionamento foi revelado, e confesso que queria que ela fosse a minha enfermeira. Adoro quando ela se preocupa comigo, quando cuida de mim.
Até poderia ter pedido para que ela dormisse aqui, mas não quero forçar a barra, tenho certeza que mesmo aprovando nosso namoro, Eddie vai querer conversar com a filha, assim como provavelmente Dianna.
Espero que Nick esteja mais calmo e não pegue pesado com Demi.
Sei que mesmo Nick achando que eu estava errado nessa situação toda, ele não deveria ter me agredido, mas não consigo ficar com raiva dele. A verdade é que eu me sinto culpado pelo modo como as coisas entre eu e Demi começaram.
Eu sei que ela é uma mulher adulta, capaz de tomar as próprias decisões, mas se a situação fosse ao contrário, não importa quantos anos minha irmã tivesse, eu ficaria muito puto se o meu melhor amigo estivesse tendo uma amizade colorida com ela. E depois de tudo que eu já disse e fiz na presença de Nick todos esses anos, eu entendo seu receio de deixar sua irmã namorar comigo.
Mas a parte em que ele gritou para quem quisesse ouvir que eu estava me aproveitando dela, magoou. Ele é meu melhor amigo, ele deveria saber que eu nunca seria capaz de dizer para Demi que eu a amo apenas para dormir com ela. Isso está anos-luz além do que eu seria capaz de fazer.
Tenho muito medo que Nick não entenda e não aceite o meu relacionamento com Demi. Tenho medo que ele a influencie contra mim, afinal, eu sei o quanto ela ama o irmão e o quanto sua opinião é importante para ela. Também tenho medo de perder a amizade dele, muito medo.
Espero não precisar chegar ao ponto de ter que escolher ou um ou outro. Claro que eu escolherei Demi, mas sem Nick, para sempre vou ter um vazio em meu peito.
Eu o conheço há tanto tempo, uma vida inteira. Mesmo na memória mais antiga, dos meus mais tenros anos, Nick era uma figura sempre presente.
Como tínhamos a mesma idade, éramos vizinhos e os únicos meninos em um raio de vários quilômetros, o forte laço que criamos logo no começo de nossas vidas era algo inevitável.
Nós sempre tivemos personalidades contrastantes, mas que se completavam. Contávamos tudo um para o outro.
Eu dormia em sua casa e ele na minha, às vezes acampávamos, sempre perto da casa, porque tínhamos medo de ir muito para longe nos limites escuros e silenciosos da fazenda. Claro que nenhum dos dois admitia ter medo de acampar no escuro.
Quando chegou certa idade, começamos a conversar sobre meninas, beijos e amassos e mais tarde sobre sexo.
Falávamos sobre tudo, contávamos tudo, estávamos sempre juntos. A iminência do fim de tudo isso, é desoladora.
Mas se tem algo que me consola, é que no final vai valer a pena. É tudo por ela. Minha princesa, minha linda, meu amor. Minha.
Demi
Sei que tem algo errado assim que abro a porta de casa. É como se eu pudesse sentir a mudança no ar, ficando mais denso, mais pesado.
Fecho a porta cuidadosamente, escutando atentamente para tentar discernir as vozes vindas da sala.
Uma é de Miley, outra de papai, mamãe também está presente e alguém usando um tom severo...Nick. Agora reconheço sua voz.
Caminho em direção à sala e encontro todos com caras sérias. Eles param de falar assim que eu chego, vejo que Selena também está presente, mas sem participar da discussão.  
— Onde você estava? — Nick se vira para mim e pergunta, colocando as mãos na cintura.
Não gosto do seu tom autoritário, então levanto a cabeça, encaro-o nos olhos e digo com confiança.
— Estava com Joe.
— Como assim estava com Joe? Eu disse que você nunca mais veria aquele cara. — Ele diz elevando a voz.
— Sua recomendação foi devidamente anotada, mas eu escolhi ignora-la e continuar vendo meu namorado. — Digo cruzando os braços e com um sorriso de escárnio nos lábios.
— Não acredito nisso. Aquele desgraçado conseguiu mesmo fazer sua cabeça, não é?
— Nick... — Digo tentando apelar para a razão. — Você conhece Joe a sua vida toda, você sabe que ele nunca seria capaz de me enganar. Ele é o seu melhor amigo, acha mesmo que ele faria algo tão cruel comigo?
— Uma coisa certa você disse, eu o conheço a minha vida inteira. E eu sei que suas raízes estão fundas demais nesse estilo de vida, para ele larga-lo agora.
— As pessoas mudam. — Digo começando a perder a paciência.
— Sim, as pessoas mudam. — Ele grita, me fazendo dar um pulo com sua mudança súbita de tom. — Quando elas entram na vida adulta, quando elas estão no começo dos seus vinte e poucos anos, quando elas têm que crescer e começar a agir como gente grande. Elas não mudam aos 30 anos, Demi. Ele não mudou até agora, não vai ser depois de ter vivido metade da sua vida que ele mudará.
— Isso é besteira. Todos tem o direito de mudar.
— Ok, ele mudou. — Ele balança as mãos no ar. — Vamos imaginar que ele tenha mesmo mudado. Você acha mesmo que ele vai conseguir fugir de anos e anos de hábito? Não importa o quanto ele queira mudar, isso se ele realmente quiser mudar, no final, ele vai acabar agindo segundo as vontades do seu pau, como ele sempre fez.
— Nick! — Papai repreende Nick com uma voz autoritária.  
— Ela tem que saber como as coisas são, pai. Por mais feia que a verdade seja, ela precisa ser dita. É melhor ela saber agora, quando ainda dá tempo dela sair disso tudo sem se magoar, do que depois, quando ele fizer alguma merda com ela.
— Controle as palavras, filho. — Papai adverte.
— Você pode até conhecer o Joe há anos, mas você só conhece o velho Joe. O novo, o apaixonado, carinhoso e que me ama, você não conhece.
— Demi...Minha irmã. Eu te amo com todas as minhas forças, eu não posso deixar você se meter em algo em que você claramente vai sair devastada. Tudo o que eu faço é para o seu bem.
— Foi para o meu bem que você espancou o seu melhor amigo?
— Ele não é mais o meu melhor amigo.
— Eu deveria nunca mais falar com você depois do que você fez com Joe. Mas eu te amo demais para fazer isso. Mas o meu amor por você não é maior do que o que eu sinto por Joe, e mesmo me doendo muito não ter o seu apoio, eu não vou me afastar dele.
— Meu Deus, como você é teimosa. — Ele se aproxima e esbraveja em meu rosto. Fico desconcertada com suas mudanças bruscas de humor.
— E você arrogante, não quer admitir que está errado.
— Isso porque eu não estou errado.
— Seu melhor amigo e sua irmã estão apaixonados, e você não consegue aceitar isso. Fica querendo arrumar desculpas e pretextos para nos separar. 
— O que eu estou fazendo é para o seu próprio bem, eu sou seu irmão mais velho e tenho que cuidar de você.
— Eu não sou mais uma criança, você não precisa cuidar de mim.
— Aparentemente eu preciso sim, já que você está agindo pior que uma criança. Você está sendo mimada e burra.— A essa altura já estamos gritando um com o outro.
Abro a boca, surpresa por suas palavras. Sinto a raiva crescendo cada vez mais dentro de mim.
— Não se atreva a me chamar de mimada e burra... — Grito dando de dedo em seu peito. — E não venha descontar as frustrações do seu casamento no meu relacionamento. Você não é feliz com Selena e não quer que ninguém mais seja, não é de admirar que ela não te queira mais.
Nessa hora várias coisas simultâneas acontecem. Papai se levanta de onde estava sentado e grita meu nome, Miley e mamãe levam à mão a boca em surpresa, Selena arregala os olhos e parece envergonhada, e Nick dá um passo para trás e me olha tão chocado como se eu tivesse acabado de lhe dar um tapa. E eu me arrependo das palavras cruéis, tenho vontade de retirar o que eu disse, mas é tarde demais.
— Já chega, essa discussão já foi longe demais. — Papai diz olhando para Nick e eu. — Demi, o que acontece no casamento do seu irmão só diz respeito a ele e Selena, e ninguém aqui tem o direito de se meter. — Nesse momento lanço um olhar para Miley, ela me olha e sei que também está pensando sobre o fato de termos seguido Selena. Ainda temos que falar com ela e contarmos que sabemos que tem algo muito errado acontecendo, provavelmente com sua saúde, isso eu ainda não sei ao certo.
— E Nick, você está certo sobre ser o irmão mais velho e ter que cuidar das meninas. Mas existem certos momentos em que temos que saber quando recuar, e esse é um deles. Eu fui pessoalmente conversar com Joe hoje de manhã, ele me disse como se sente com relação a sua irmã, eu acreditei nele e na verdade dos seus sentimentos. Demi tem a minha permissão para namorar Joe, não que ela precisasse de qualquer maneira, sua irmã já é uma mulher adulta.
— O que? — Nick olha para papai como se tivesse acabado de lhe nascer uma segunda cabeça. — Você vai permitir que ela continue com aquele cara, você está louco?
— Nick, tenha mais respeito com seu pai. — É a vez de mamãe entrar na briga.
— Não posso acreditar que você vai deixar isso acontecer. — Nick diz incrédulo olhando para papai.
— Mesmo que eu quisesse fazer algo, não tenho mais completa autoridade sobre a vida dos meus filhos, vocês já são todos adultos.
— Mas...
— Sem mas, filho. Joe merece uma chance, eles merecem uma chance de nos provar que estamos errados e que se amam. Espero que você não interfira mais no relacionamento da sua irmã. — Papai diz firmemente e eu lhe dou um leve sorriso.
Nick olha para todos na sala, procurando por apoio, mas ninguém – nem mesmo Selena – se manifesta em seu socorro. Então ele sai da sala furioso e sem dizer mais nenhuma palavra, segundos depois escutamos a porta da frente batendo com força, e mais alguns segundos depois, o barulho de sua caminhonete arrancando violentamente.
Selena
Não consigo ficar parada por mais do que poucos segundos. Ando de um canto para o outro remexendo as mãos nervosamente.
Já são onze horas e Nick ainda não voltou para casa. Estou tão preocupada, ele saiu tão transtornado depois da discussão com Demi, tenho medo que ele acabe fazendo alguma besteira.
Dizem que só nos lembramos de Deus nos maus momentos de nossa vida, que ninguém se lembra de agradecer as coisas boas e só querem saber de reclamar e pedir. É verdade, infelizmente. Nunca fui uma pessoa muito religiosa, mas nos últimos dias, depois de ter recebido aquela noticia da minha médica, comecei a rezar todas as noites.
Sento-me no sofá e junto minhas mãos, começo a rezar para que Nick esteja bem, e que volte para mim são e salvo.
Perto da meia noite, escuto um barulho na fechadura e logo depois a porta sendo aberta. Levanto-me e vou confrontar Nick, nos encontramos na porta da sala, ele para na minha frente e me olha parecendo surpreso.
— O que você está fazendo acordada? — Ele pergunta e eu sinto o bafo de bebida.
— Estava te esperando. Você andou bebendo?
— Talvez. — Ele responde passando por mim.
Fecho os olhos e respiro fundo. Essas últimas semanas tem sido tão difíceis, grande parte por minha culpa, se eu tivesse sido honesta desde o começo, mas simplesmente não tive coragem.
— Onde você estava, Nick? — Viro-me para ele. Ele para de andar e me olha com a testa franzida.
— Você se importa?
— É claro que eu me importo, você é meu marido.
— Achei que você ficaria feliz se eu ficasse fora por mais tempo, assim quem sabe, você até poderia trazer seu amante para cá e se divertir um pouco.
Abro a boca para respondê-lo, mas consigo me conter a tempo. É preferível não dizer nada, já que negar não é suficiente para ele, e nossas brigas sempre começam assim.
Não posso culpa-lo por criar diversos cenários para justificar minhas mentiras, mas magoa demais saber que ele pensa que eu ter um amante é uma possibilidade.
Eu o amo mais que minha própria vida, depois que o conheci nenhum outro homem sequer teve espaço em minha mente e em meu coração. Nick é todo o meu mundo, e ele tem me destruído com todas as desconfianças e palavras duras.
— Foi o que eu pensei. Agora se você me dá licença, estou exausto.
— Você estava com outra? — Pergunto com a voz trêmula de medo.
Seria razoável deduzir que já que Nick acha que eu tenho um amante, que ele poderia fazer o mesmo para se vingar.
— Porque, só você tem o direito de se divertir? Você trair os votos que fizemos no dia em que nos cassamos está tudo bem, mas se eu quiser fazer o mesmo, não posso, é isso?
— Você...Você estava com outra mulher, sim ou não? — Minha voz fica presa na garganta, sinto meu estômago se embrulhando e o medo crescendo dentro de mim.
Se Nick tiver beijado outra, dormido com outra mulher, eu juro que posso morrer de tristeza.
Ele me olha apenas por um momento, mas que para mim pareceu uma eternidade.
— Não, eu não estava com outra mulher. Ao contrário de você, eu ainda sou fiel ao nosso casamento.
— Pare, por favor, pare com isso. Eu já disse mil vezes que eu nunca te trai, me machuca tanto que você pense isso de mim.
— E o que você queria que eu pensasse, hum? Você tem ficado tardes inteiras fora e mentido sobre onde estava, tem agido estranha, tem me afastado, não me quer mais por perto.
— Eu sei, mas eu não tenho um amante, eu juro. Não é sobre isso que se trata tudo.
— Então sobre o que é? Diga-me, se você não tem um amante, qual o motivo de tudo isso?
Abro a boca mas as palavras não veem, é tão difícil juntar a coragem necessária. E se ele não me quiser mais depois que eu lhe contar a verdade? Eu quero contar, mas não consigo.
— Quer saber, esquece. Vou pegar minhas coisas e dormir no sofá. — Ele diz e se vira. Cada passo que ele dá para mais longe de mim, mais eu sinto que nosso casamento está indo por um caminho sem volta. Sinto que estamos ficando cada vez mais distantes, rumando para a separação que eu sei que no fundo nenhum de nós quer.
“Você pode impedir isso, Selena, apenas conte. Conte de uma vez...Ande, conte logo. Conte! Não seja covarde, conte!”
— Eu tenho um tumor. — As palavras jorram por entre meus lábios. Nick congela no lugar, sinto meus olhos ficarem embaçados pelas lágrimas não derramadas.
— No útero...Eu tenho um tumor no útero. Está em um estado muito avançado, não tem outra alternativa se não a cirurgia. Minha médica disse que como demorei em ser diagnosticada, é possível que o tumor tenha me tornado...Tenha me tornado infértil. Quando eu mentia sobre onde eu estava, era porque eu estava no médico, ou em algum outro lugar, chorando. — Digo sem mais conseguir segurar as lágrimas.
Nick continua parado, olho ansiosamente suas costas, esperando sua reação. Mas ele não diz nada e sai. Apenas vai embora.
Nesse momento sinto algo dentro de mim se quebrando, talvez seja meu coração, já que ele está doendo muito.
Minhas pernas fraquejam e eu tenho que ir me sentar no sofá. Sinto como se algo tivesse apertando meu peito, tornando a respiração difícil. Escondo o rosto nas mãos e choro violentamente, fazendo todo o meu corpo tremer.
Sinto o peso esmagador da solidão, sinto frio, muito frio. Até que braços quentes me envolvem, reconfortavelmente.
Não preciso olhar para saber que é Nick, então permaneço com o rosto enterrado nas palmas de minhas mãos.
Ele me puxa para si e me abraça com força, sinto toda a rigidez dos seus músculos e o calor familiar de seu corpo.
— Me perdoa. — Ele sussurra. Levanto a cabeça e olho em seus olhos. Seu rosto está coberto por lágrimas. — Me perdoa, meu amor, por favor. — Ele esconde o rosto em meu pescoço e chora ruidosamente. — Por favor, me diga que isso não vai te tirar de mim. Me diga que você vai ficar bem. Por favor.
— Eu vou ficar bem. — Digo levando minha mão até seus cabelos e acariciando-os.
— Não quero te perder. — Sua voz sai abafada pelo meu pescoço.
— Você não vai. — Tento me controlar e parar de chorar, mas é difícil.
— Sinto muito, me perdoe por ter sido um idiota, por ter sido um péssimo marido. Eu sinto tanto. — Seu corpo treme e eu o abraço forte.
— Me perdoe por não poder te dar um filho, acredite, é o que eu mais queria. — Sussurro para ele.
— Não me peça perdão, você não tem por que.
— Tenho sim. Eu sei que o quanto você quer um filho, e eu não posso te dar, eu não posso fazer de você o homem mais feliz do mundo, porque eu não sou fértil.
— Eu já sou o homem mais feliz do mundo. — Ele diz e me beija. Não é um beijo apaixonado e cheio de desejo, e sim carinhoso e completo de adoração e amor. Aquece meu coração.
— Você é maravilhosa, eu te amo tanto e você me faz muito feliz. Sinto muito por não ter percebido que algo tão sério estava acontecendo, sinto muito por ter pensado o pior de você, sinto muito por todas as palavras duras que eu disse e a maneira fria que eu te tratei. Espero que um dia você possa me perdoar.
— Eu já te perdoei, meu amor. Eu te amo tanto, que mesmo você machucando meu coração, ele ainda quer ser seu.
— Selena, você é minha vida, não sei o que eu faria sem você, por isso eu agi como um idiota. A ideia de você estar com outro, de você amar outro...Me matava lentamente todos os dias. Sei que eu deveria ter confiado em você, mas...Eu sou um idiota, o maior dos idiotas e não mereço alguém como você.
— Eu te amo, Nick. Por favor, me beije.
Ele atende ao meu pedido e mais uma vez junta seus lábios com os meus. Sua língua invade minha boca e acaricia a minha, me fazendo gemer. Nick me puxa para seu colo e eu vou de bom grado. Nos beijamos com toda a força do nosso amor.
— Vai dar tudo certo, você vai ver. — Ele diz quando nossos lábios se desgrudam. — Você vai fazer essa cirurgia e eu estarei lá ao seu lado. Você vai voltar a ficar saudável e nunca, nunca vai me deixar. — Ele me aperta em seus braços e eu me aconchego nele.
— Estou com medo. — Admito.
— Tudo bem. Tudo bem ter medo, mas você é uma mulher forte, tenho certeza que vai passar por isso.
— Mas e se esse tumor realmente tiver me deixado com problemas e eu nunca poder ter um filho?
— Então adotaremos um. — Ele diz limpando as lágrimas do meu rosto.
— Você faria isso?
— Mas é claro, eu sou capaz de fazer qualquer coisa se você estiver ao meu lado. E tenho certeza que seriamos tão felizes com essa criança como se ela fosse realmente nossa, e eu a amaria como se ela tivesse nascido daqui. — Ele diz espalmando a mão em minha barriga.
Sinto meus olhos se encherem de água de novo, mas dessa vez de alívio e amor.
“Eu amo tanto esse homem, meu Deus.”
— Seja o que for que aconteça, enfrentaremos isso juntos.
— Juntos. — Repito.
— Será que você pode me perdoar por ter sido um idiota completo e me dar outra chance?
— É claro, meu amor. — Digo e depois o beijo.
Ele me segura firme e então se levanta do sofá, me carregando em seus braços.
— O que você está fazendo? — Pergunto quando ele começa a andar comigo no colo.
— Vou te levar para o quarto e vou fazer amor com você à noite inteira.— Ele diz sem tirar os olhos dos meus.
— Te amo, sabia? — Encosto minha cabeça em seu peito e digo com um pequeno sorriso nos lábios.
— Eu também te amo, muito. Vou te mostrar o quanto.