28.1.16

Paixão Inesperada - Capitulo 13 - Invadindo Um Baile de Formatura


~

Joe
Oito anos atrás...
— Você tem certeza que quer fazer isso? — Pergunto. Quando ele não me responde viro-me e o vejo encarando fixamente a porta do ginásio.
— Nick, cara, você está me ouvindo?
— O que? — Ele pergunta parecendo sair de algum tipo de transe e seu olhar encontra com o meu.
— Você tem certeza quer ficar? Quer dizer, são 9 horas ainda, eles só vão sair lá pela meia noite, ou mais tarde.
— Tenho certeza. Não vou sair daqui até que eles saiam também. — Ele diz voltando a observar através do vidro do carro quem entra e quem sai do ginásio.
— Tudo bem, você quer ficar aqui e bancar o perseguidor, tudo bem para mim, mas eu estou dando o fora. — Antes que eu possa sair, sua mão pesada repousa sobre meu ombro.
— Nem pense em ir embora, você causou isso então você vai me ajudar a concertar.
— Cara, o que a gente pode fazer se ela quiser fazer alguma coisa com ele? — Nick vira a cabeça lentamente e eu juro que nunca vi um olhar tão assassino em seu rosto como agora.
— Ela.Não.Vai.Fazer.Nada.Com.Ele. — Ele diz com os dentes cerrados e as mãos fechadas em punho.
— Tudo bem, então o que estamos fazendo aqui? Você acha que ele vai tentar algo com ela e você espera ir lá, salva-la e se tornar o seu herói?
— Mais ou menos isso.
— E se ele não tentar nada? — Pergunto e Nick dá uma risada seca.
— Ele vai tentar. Ela é linda, ele é um moleque que só tem uma coisa na cabeça e hoje é a noite da formatura deles. Todos os garotos lá dentro estão esperando transar depois do baile e você sabe muito bem disso.
— Tudo bem, então você vai garantir que ele a leve direto para casa depois do baile. — Ele apenas assente. — E vai ser só isso, não é? Você não vai se meter em nenhuma confusão, vai?
— Meu Deus, Joe, quando foi que você virou uma garota? Achei que você corresse em direção de problema, e não corresse dele.
— Isso é ferrado, cara, só digo isso. — Digo soltando um suspiro de derrota e me reclinando mais no banco do carro.
Ficamos alguns minutos em silêncio, imersos no completo e absoluto tédio, até que Nick começa a resmungar.
— Ele deve estar nesse momento dançando com ela, segurando na sua cintura e sussurrando em seu ouvido. Bastardo. Eu que deveria estar com ela lá dentro...Maldito Ryan Johnson.
— Aposto que ele está imaginando como vai se dar bem hoje a noite, idiota, a única coisa que ele vai ganhar hoje se tentar algo com ela é um olho roxo.
— Não acredito que estou perdendo esse momento da vida dela, eu queria estar com ela lá dentro, dançando juntos uma musica romântica, pegando ponche quando ela estivesse com sede, emprestando meu paletó quando saíssemos e ela estivesse com frio. Levar ela para algum lugar e faze-la se sentir amada.
— Eu que deveria estar lá dentro com ela. — Ele diz mais uma vez e eu reviro os olhos com impaciência. Deus do céu, não aguento mais ouvi-lo reclamando e não fazendo nada.
— Então entre lá. — Digo de saco cheio.
— Como assim? — Ele me olha curioso. — O que você quer dizer?
— Isso que você ouviu. Entre lá e dê um chega para lá naquele garoto e dance com a sua garota.
— Ela não quer me ver nem pintado de ouro, Joe. Ela nunca vai largar ele para dançar comigo, ela foge toda vez que me vê.
— Você não parou para pensar o motivo dela fugir e não querer ficar perto de você? — Ele me olha confuso e eu continuo. — Ela sabe que se ficar tempo suficiente perto de você, ela vai ceder. Ela te ama e quem ama é fraco.
— Ela não me quer por perto porque ela não me suporta, ela está magoada.
— Cara, entre lá dentro e a faça te escutar por pelo menos cinco minutos. Ela nunca te deu chance de explicar o que realmente aconteceu. Já passaram meses desde a festa, ela está de cabeça fria agora. Se você insistir, ela vai ceder.
— Mas na festa de formatura dela? Você está dizendo para eu simplesmente entrar lá e arranca-la dos braços daquele moleque e obriga-la a me escutar?
— Exatamente isso que eu estou dizendo.
— Muito cavalheiro. Não vai funcionar, não tem como eu ir lá, afastar o idiota e faze-la me escutar.
— Bem, nisso você tem razão. Você tem que conversar com ela longe do idiota.
— Só se você me ajudar com isso. — Ele diz me olhando com um sorriso lento e diabólico surgindo em seus lábios e iluminando seu rosto.
— Como assim te ajudar? Ajudar como?
— Vamos entrar lá, localizar os dois e esperar o melhor momento. Então quando chegar a hora, você arranca o moleque de lá e leva para algum lugar, o banheiro, os fundos do ginásio, amara ele e joga na caçamba de lixo...Sei lá, qualquer coisa que vá mantê-lo afastado dela tempo suficiente para que eu a convença a me escutar.
— Cara, isso vai dar merda. — Digo tendo uma sensação ruim sobre isso.
— Você me deve essa, Joe. — Ele joga na minha cara e a culpa por ter dado aquela maldita festa onde tudo aconteceu me atinge como um soco no estômago.
— Tudo bem, vamos nessa. — Digo saindo do carro.
— Se eu soubesse que iriamos invadir a festa tinha me vestido melhor. — Nick diz arrumando a camisa de flanela verde e passando as mãos na calça jeans.
“Depois eu que sou menina.”
Passamos pela porta e andamos pelo corredor, mas paramos quando vemos uma mesa com duas garotas bem ao lado da porta fechada que leva para a festa.
— Merda, sujou. Só entra quem tem ingresso. — Nick diz virando para mim e passando a mão pelos cabelos.
— E agora? — Pergunto.
Ele vira a cabeça discretamente e observa as duas garotas que estão conversando.
— Você tem que ir lá e persuadi-las a nos deixar entrar.
— Com persuadi-las você quer dizer...
— Quero dizer dar em cima delas. Mas isso não vai ser um problema, não é? Você vive para isso.
— É, mas em cima de garotas gostosas, essas daí... — Olha para as duas garotas com seus vestidos estranhos. Nick sabe que quem fica encarregado de recolher os ingressos na entrada são as pessoas que não receberam nenhum convite para ir ao baile. Ou seja, normalmente garotas estranhas que nenhum cara quer ser visto com.
— Ou você faz isso ou não vamos conseguir entrar.
— Vamos tentar a porta dos fundos. — Digo com esperança.
— Você sabe que a porta dos fundos do ginásio só abre por dentro. Você já estudou nesse colégio, cabeção. — Ele diz me dando um tapa na parte de trás da cabeça.
— Tudo bem então, e se oferecermos dinheiro? — Sugiro outra opção.
— Elas tem cara de quem vão gostar mais de um cara bonitão como você dando em cima delas do que de algumas notas, meu amigo. — Ele diz com uma cara divertida.
Ele está se divertindo as minhas custas. Filho da mãe.
— Porque não vai você falar com elas, você também é bonitão, amigo. — Digo com raiva contida.
— Eu sou um homem comprometido. Não vou dar em cima de outra mulher enquanto a mulher que eu amo está do outro lado da porta.
— Você é um fodido mesmo, sabia? — Pergunto e começo a caminhar em direção à mesa com as duas meninas, posso ouvir a risada de Nick e tenho que me lembrar de que só estamos nessa situação por culpa minha, e que eu devo isso para ele.
Paro em frente da mesa com o meu melhor sorriso “arranca calcinha”, as duas param de conversar quando percebem minha presença e se viram em minha direção. As duas abrem a boca e me olham como se quisessem me devorar.
Sinto um arrepio e o meu sorriso vacilar, mas disfarço e continuo sorrindo para elas. Apoio ambas as mãos na mesa e me inclino para frente.
— O que moças tão lindas estão fazendo aqui que não estão lá dentro se divertindo?
Elas se olham com sorrisos tímidos no rosto, as bochechas da loirinha se transformam com tons de vermelho e sua amiga, a morena, abre a boca e gagueja:
— Esta-tamos recolhendo-do os ingressos.
— É, porque nenhum garoto nos convidou para o baile. — A loira diz olhando para baixo e com um tom de voz que faz me sentir mal.
Sua amiga morena rapidamente tenta a cutucar disfarçadamente repreendendo-a por ter contato o fato vergonhoso.
— Pois eu acho que é eles que saíram perdendo. — Digo com a voz baixa e sedutora e pisco para elas.
Elas soltam risinhos e não conseguem me olhar direto nos olhos.
— Acho que vocês deviam largar o posto, ir lá dentro e mostrar para aqueles idiotas o que eles estão perdendo. — Digo e acaricio a bochecha da morena e depois da loira. Quando as toco dão a impressão que estão prestes a entrar em combustão ali mesmo, bem em frente aos meus olhos.
— Todos os garotos já possuem um par, não teríamos ninguém com quem dançar. — A loira diz e me dá um sorriso triste.
— Qual é o nome de vocês, lindas? — Pergunto.
— Sandy. — A morena responde.
— Amber. — A loira responde em seguida.
— Muito bem, eu vou dizer o seguinte Sandy e Amber, eu dançarei com vocês, o que acham? 
— É sério isso? Você vai dançar com nós duas? — Sandy pergunta com um sorriso animado.
— Você não estuda aqui, não é? Você é mais velho. — Amber diz me olhando curiosa.
— Não, linda, não estudo. Eu estudo na UTD.
— Você está na faculdade! — As duas exclamam juntas e eu tenho que rir. Garotas de ensino médio sempre terão esse fetiche com caras da faculdade.
— Isso mesmo, lindas.
— E o que você esta fazendo no nosso baile? — Amber pergunta.
— E se oferecendo para dançar conosco? — Sandy complementa.
— Estão vendo aquele cara ali? — Viro-me parcialmente e aponto para Nick, que está com as mãos no bolso da calça e olha em nossa direção, quando ele vê as meninas o observando sorri para elas.
Quando me viro para elas de novo, vejo que estão praticamente babando enquanto olham para Nick.
— Podem tirar o cavalinho da chuva, lindas, aquele ali tem namorada. E é por isso que eu estou aqui. Aquele ali é o meu melhor amigo, ele se chama Nick e namora uma garota que estuda aqui. Resumindo a ópera, os dois brigaram e ele quer fazer uma surpresa para ela hoje a noite, acontece que ela está lá dentro. — Aponto para a porta fechada de onde uma musica abafada ecoa. — E eu precisava muito mesmo que vocês deixassem nós dois entrarmos, mesmo sem um convite.
As suas se olham com um misto de desconfiança e medo.
— Não sei não. — Sandy diz parecendo indecisa.
— Nós não temos permissão de deixar ninguém entrar sem convite ou que não estude aqui. — Amber complementa.
— Ah, por favor, lindas. Vocês tem a chance de ajudar o meu amigo de coração quebrado e vocês realmente não vão fazer isso? Não custa nada. Olhe, nós entramos lá, ele e a Selena se reconciliam e depois nós três dançamos até não aguentarmos mais, o que vocês me dizem?
— Espera um momento, você disse Selena?
— Selena Mahler? — Amber pergunta.
— Essa mesma, vocês a conhecem?
— Conhecemos. — Elas respondem juntas.
— As meninas daqui sempre são umas vadias com a gente, menos a Selena, a Selena sempre é legal.
— Então, deixem Nick e eu entrarmos. A Selena vai ficar muito feliz.
Elas ficam em silêncio um momento enquanto decidem, depois de alguns segundos sorriem e assentem com a cabeça.
— Tudo bem, mas não vão fazer nada que vá nos colocar em confusão, ok?
— Ok. — “Não posso prometer nada”. Penso.
Viro-me para Nick e faço sinal para que ele se aproxime, ele caminha em minha direção com um olhar determinado.
— Essas lindas liberaram para entrarmos. — Digo para Nick e ele lhes dá um sorriso de agradecimento.
— Muito obrigado.
Elas ficam tímidas e apenas sorriem como resposta para ele.
— Obrigado, lindas. — Digo e dou um beijo na bochecha de cada uma, seguindo Nick para dentro do ginásio sem ficar para ver a reação delas.
Deixo a porta se fechar atrás de mim e observo o ambiente. O local está lotado de adolescentes dançando ao ritmo da musica tocada por uma banda também de adolescentes, que se encontra no palco do outro lado do ginásio.
A decoração me lembra Mardi Gras, acho que esse deve ser o tema. Há balões por todo lugar, muitas cores e a maioria das pessoas estão usando máscaras.
— Fique de olho, se você ver ela me avise. — Nick grita no meu ouvido e eu apenas concordo com a cabeça.
Depois de alguns minutos passando os olhos pelo local e sem obter sucesso, finalmente localizo Selena e...Merda! Ela está dançando com o idiota.
Os dois estão de máscaras, mas eu sei que são eles. Tenho que avisar Nick que os localizei, mas ele não ficará nem um pouco feliz quando ver os dois dançando juntos, mas que droga, a musica é animada então porque esse idiota está espremendo Selena contra seu corpo?
Bato no ombro de Nick e aponto para a pista de dança, na direção dos dois. Assim que Nick os vê sinto-o ficar tenso.
— Calma. — Digo em seu ouvido. Ele observa os dois dançando com um olhar muito zangado e fico com medo que ele decida encher o cara de porrada na frente de todo mundo.
— Eu vou tirar o cara daqui e você pega o lugar dele. Dança com ela e vê se pelo amor de Deus fazem as pazes logo, ok? — Ele apenas assente, então nos encaminhamos para onde os dois estão dançando.
Vou na frente e Nick vem logo atrás de mim, tomamos o cuidado para que Selena não nos veja antes da hora. Chego por trás dela e a seguro pelos braços, sem dar tempo dela ou do idiota reagirem, puxo-a rapidamente dos braços dele e a giro, jogando-a nos braços de Nick que está atrás de mim.
Não fico para ver o que acontece, com um aperto firme agarro Ryan e o empurro para fora daquele amontoado de adolescentes.
Ele começa a se debater e a tentar se soltar e começa a me xingar, mas não o escuto claramente por causa da musica, algumas pessoas nos encaram rapidamente com curiosidade mas logo voltam sua atenção para seu par.
O arrasto sem maiores dificuldades até a porta dos fundos, abro-a e o jogo para fora do ginásio, ele cambaleia e quase cai no chão. Saio para o ar fresco e ameno da noite e deixo a porta se fechar atrás de mim.
— Você está louco, cara? Quem diabos é você? — Ele pergunta bravo e retira a máscara preta que cobria apenas metade do seu rosto.
— Joe Jonas, amigo do Nick, muito prazer. — Digo me divertindo com a situação.
— Posso saber por que você me arrastou aqui para fora, idiota?
— Para o Nick poder dançar com a Selena em paz e para que eles façam as pazes sem ter a sua presença apaixonada para incomoda-los. — Digo com um sorriso falso.
— Seu idiota, a Selena está comigo agora. — Ele diz e pelo bem estar do coração de Nick e pelo bem da cara desse moleque, espero que ele não esteja se referindo a ela estar com ele como namorada.
— Ele a traiu e agora vem querer ela de volta? Bom, é tarde demais. Ela merece alguém melhor.
— E esse alguém melhor seria você? — Pergunto rindo.
— Seria sim. A Selena estava começando a se curar e eu estava a ajudando, não vou permitir que ele a machuque de novo. — Ele diz todo corajoso e começa a caminhar para a frente do ginásio.
— Epa, onde você pensa que vai? — Digo dando um passo grande e o segurando pelo braço.
— Me solta, otário Eu vou voltar para a minha garota. — Ele diz tentando se livrar do meu aperto de aço. Jogo minha cabeça para trás e solto uma gargalhada, sinto algumas lágrimas escorrerem dos meus olhos de tanto rir. Quando me recupero olho-o seriamente.
— Olha aqui babaca, primeiramente, ela não é a sua garota. Ela é do Nick e sempre será, porque aqueles dois nasceram para ficarem juntos, ok? E olha que eu estar dizendo essa palhaçada toda é um grande negocio, porque eu não acredito muito nisso, mas enfim...Segunda coisa, ele não traiu ela, não que eu tenha que dar alguma satisfação para você, mas ele nunca faria isso. E terceiro, acho melhor, para o seu próprio bem, você ficar longe dela. O Nick é um cara ciumento e se você continuar dando em cima da garota dele, não vai ser nada bonito.
— Você está me ameaçando?
— Eu não, estou apenas te avisando, dando um conselho se preferir. O Nick e a Selena se amam, muito mesmo. De um jeito tão forte que eu nunca vou ser capaz de compreender, e apesar de eu ser muito cético com relação a essas baboseiras de amor e achar que isso é sinônimo de problema, o meu amigo não acha. Ele acredita no amor e se entregou de corpo e alma nessa relação com a Selena. Demorou um pouco para eu entender e até mesmo aceitar essa relação deles, e mesmo ainda não compreendendo muito bem, eu respeito. Ela faz o meu amigo feliz então o que me importa se eu acredito no amor ou não? Nick está feliz, então eu estou feliz, e qualquer um que quiser atrapalhar essa felicidade, vai ter que se ver com o Nick e comigo. Você está entendendo o que eu estou dizendo, bro? — Acabo falando mais do que deveria, mas pelo menos acho que atingi o resultado esperado. Vejo o idiota engolindo em seco e parecendo amedrontado. Sorrio internamente.
Ninguém vai atrapalhar a felicidade do meu melhor amigo. Nick não é meu irmão de sangue, mas é de coração, e depois de ver ele se transformar em um lixo ambulante com o termino do namoro, meio que caiu a minha fixa. Prometi para mim mesmo que apesar de achar que o amor o transformou em uma menininha chorona e que ele deveria estar pegando o maior número possível de mulheres ao invés de uma só, eu não faria mais piadas sobre isso, ou diria como ele esta cometendo um grande erro ou ainda brincar com ele e dizer que se ele quisesse eu poderia arrumar um rabo gostoso para ele para dar uma variada. Não farei mais isso. Vou respeitar a escolha do meu melhor amigo, se ele quer se amarrar a só uma garota apenas com 21 anos, então vou dar apoio total. E se alguém ameaçar esse relacionamento, eu brigarei como se a causa fosse minha. Porque afinal, é isso que irmãos fazem um pelo outro.
— E se ela não quiser se afastar de mim? — Ele pergunta.
— Não me interessa, é melhor você se afastar dela, porque se você continuar essa amizade com segundas intenções, eu acabo com você. E sim, isso sim foi uma ameaça.
— Será que você pode me soltar?
— Se você tentar ir lá dentro e atrapalhar o dois você vai se arrepender. — Digo e solto o idiota.
Alguns minutos se passam e eu continuo do lado de fora do ginásio vigiando o Ryan “babaca” Johnson. Ele não tentou fugir nenhuma vez, mas mesmo assim por precaução, fico perto dele e de olhos bem abertos e atentos.
— Não acredito que estou perdendo meu baile de formatura. Qual é, cara, me deixe voltar lá para dentro.
— Para que? Para você ir lá dentro e atrapalhar os dois? Nem sonhando. Se o Nick ou a Selena não deram sinal de vida ainda significa que ele conseguiu pelo menos conversar com ela. Nós vamos esperar aqui até que Nick apareça, se tivermos que esperar a noite toda, esperaremos.
Ele solta um grunhido de frustração misturado com raiva e chuta a parede.
— Será que eu vou ter que gritar pedindo ajuda? — Ele me lança um olhar raivoso e eu sorrio maliciosamente.
— Igual a uma donzela em perigo? — Provoco-o e ele fica vermelho de raiva. — Além do mais, pode gritar, ninguém vai te ouvir com o barulho da musica lá dentro.
Mais alguns poucos minutos passam até que a porta pela qual saímos abre e uma Selena sem máscara aparece. Ela sai e anda em nossa direção, vejo Nick vindo logo atrás dela. Pela sua cara posso começar a cantar vitória, Nick parece mais relaxado, mais feliz e aquele antigo brilho está de volta em seus olhos.
O velho e bom Nick está de volta. Graças a Deus.
— Olá, Joe.
— Oi, Selena. — Cumprimento-a sorrindo. Ela olha para Ryan e lhe dá um sorriso tímido, como se desculpando-se.
Não me passa despercebido que Nick passa seu braço em volta dos ombros de Selena possessivamente quando ela se dirige a Ryan. Ele está deixando claro para o idiota a quem ela pertence e eu acho isso engraçado, obviamente não rio, mas por dentro me divirto e começo a me questionar como será isso. Como deve ser sentir ciúmes de alguém, como será agir possessivamente? Esse sentimento é um campo totalmente desconhecido para mim e sinceramente eu acho tão engraçado quando eu presencio alguma cena de ciúmes de um cara com a sua garota. Quer dizer, tem tantas mulheres por aí, porque ter medo de ficar sem aquela se é só procurar outra caso ela vá embora?
— Ryan, sinto muito ter deixado você só com o Joe, aqui fora. — Ela me lança um olhar mas logo se vira para o idiota de novo.
— Selena, o que está acontecendo, você voltou com esse cara? — Ele pergunta olhando para Nick com uma expressão de nojo, que não é muito diferente de como Nick está encarando ele.
— Sim, Nick e eu voltamos. — Ela confirma.
— Isso. — Dou um grito vitorioso e um soco no ar, animado. Eu já tinha percebido, mas ouvi-la confirmando é muito melhor.
Os três me olham. O idiota com raiva, Selena com estranheza e Nick com diversão.
— Foi mal. — Digo dando um sorriso tímido e eles voltam a conversar.
— Você vai mesmo voltar com esse cara depois do que ele fez? — O idiota pergunta parecendo indignado e vejo a mão de Nick que pende ao lado do seu corpo se fechar em punho, mas ele se controla e não diz anda.
— Ryan, eu e Nick conversamos e eu acredito nele...
— Não é possível. — Ele a corta. — O cara te trai e você o perdoa? Você não tem amor próprio, Selena?
— Não ouse falar assim com ela, seu merdinha. — Nick retira seu braço dos ombros de Selena e avança para cima do idiota, mas Selena toca nele e lhe olha com olhos suplicantes. Nick recua imediatamente.
— Olha Ryan, eu vim aqui para me desculpar por te deixar esperando e por não poder mais ser a sua companhia hoje à noite, eu vim aqui por que eu te devo isso. Mas eu não te devo explicações de nada mais. Eu amo Nick e ele me convenceu que é inocente, eu acredito nele e acho que fiz uma enorme burrada ao duvidar dele. Então sim, eu voltei com ele e você não tem nada a ver com isso. — Selena diz com a voz controlada e calma e Nick nem tenta disfarçar o sorriso enorme que domina seu rosto, ele laça a cintura dela e lhe dá um beijo no topo da cabeça.
— Não tenho nada a ver com isso? Tudo bem, talvez você tenha razão. Mas você já se esqueceu qual ombro amigo estava lá quando você precisou? Quem te ouviu quando você precisava desabafar e quem te abraçou e te ajudou a ajuntar os cacos quando você estava despedaçada? — O sorriso de Nick desaparece e uma expressão de raiva e náusea passa por suas feições.
— Não, eu não me esqueci, Ryan. Você sabe muito bem que eu sou muito grata por você ter estado lá por mim. Eu não quero que a nossa amizade termine assim, eu me importo com você. — Ao ouvir isso Nick aperta o maxilar e seu corpo todo fica tenso. — Mas eu amo Nick e é com ele que eu quero ficar para sempre. Gostaria muito que você pudesse aceitar isso e que nós continuássemos sendo amigos.
O idiota solta uma risada debochada e passa a mão pelos cabelos. Ele balança a cabeça devagar enquanto encara o chão e fica em silêncio alguns segundos.
— Se você prefere acreditar nesse cara, que assim seja. Mas na próxima vez que ele te machucar, não venha correndo para mim.
Nick solta um grunhido e Selena rapidamente lhe lança um olhar, pedindo silenciosamente que ele não se exalte.
O idiota se vira e sai caminhando, Selena encara suas costas com tristeza, certamente lamentando a perda de um amigo.
Começo a respirar mais aliviado, finalmente as coisas estão bem de novo, e nenhum sangue foi derramado.
— Só mais uma coisa. — O idiota para e diz, se vira e caminha de volta até nós, mas dessa vez parando mais longe de nós três do que ele estava antes.
“Merda, cedo demais para falar.”
— O que foi, Ryan? — Selena pergunta.
O idiota coloca as mãos no bolso da calça social preta e encara Nick com um sorriso diabólico no rosto.
“Merda, isso não vai prestar.”
— Você pretende contar para o seu namoradinho tudo o que aconteceu entre nós? — O super, mega, idiota sem noção pergunta.
— Do que você está falando? O que aconteceu entre vocês? — Nick pergunta se virando para Selena. Ela o olha assustada e segura em seus braços.
— Calma, Nick. Não aconteceu nada. — Ela diz.
— Como não? Selena, está se esquecendo daquela noite em que...
— Cala a boca, Ryan. — Ela diz irritada.
— Não, cala a boca por quê? Deixe ele falar. Que noite? O que aconteceu? — Nick diz tremendo de raiva.
— Não é nada, não significou nada. — Selena diz se desculpando.
— Ah então aconteceu alguma coisa? — Ele pergunta e meu corpo todo fica em alerta. Se o Nick se exaltar eu vou ter que apartar a briga ou se não esse idiota vai acabar indo para o hospital, não que eu pessoalmente queira evitar isso, por mim ele podia ir para o raio que o parta, mas Nick teria sérios problemas.
— Sim, quer dizer não, quer dizer, mais ou menos. — Selena se enrola e está claramente nervosa.
Droga. Por favor Deus, que ela não tenha feito nada com o idiota, ou ele é um homem morto.
— O que aconteceu, Selena? — Nick pergunta sem paciência, se exaltando um pouco e fazendo Selena recuar um passo.
— Eu e...Bom, foi uma noite que eu estava muito mal e...A gente acabou meio que... — Ela tenta explicar mas sem conseguir formar uma frase compreensível, começa a gaguejar e os olhos se enchem de lágrima e eu tenho vontade de chorar também.
“Estava tudo indo tão bem, se não fosse esse filho da puta. Eu vou acabar com ele.”
— Não consegue? Tudo bem, eu conto. Eu e Selena dormimos juntos. — O idiota diz com um sorriso presunçoso no rosto. Antes que eu posso fazer qualquer coisa, antes que Selena possa abrir a boca para se defender e sem mesmo perguntar se aquilo era verdade, Nick desfere um soco bem no queixo do idiota.
Selena solta um grito e cobre a boca com as mãos, o idiota grita de dor e cambaleia para trás com a mão no queixo e Nick sem dar tempo para que ele se recomponha, parte para cima com uma fúria sanguinária.
Nick acerta socos e chutes no idiota, que tenta revidar, mas não consegue acertar Nick nem uma única vez. O meu amigo é o melhor lutador não profissional que eu conheço.
Selena grita e pede que Nick pare.
— Nick, por favor, pare com isso...Nick, é mentira, eu e ele não dormimos juntos, pare por favor. — Selena pede desesperada e assim que ouve as palavras, Nick para, deixando o idiota muito machucado caído no chão.
— Como assim? Você não dormiu com ele? — Ele pergunta com confusão e raiva misturados no olhar, e Selena balança a cabeça.
— Então sobre o que você estava tão nervosa? O que aconteceu que você não estava conseguindo me contar? — Ele pergunta se aproximando dela.
— Nick, meu amor...Eu e o Ryan não dormimos juntos, pelo menos não do jeito que ele deu a entender e que você acha que foi. — Ela diz enxugando as lágrimas do rosto.
— Como assim? — Nick pergunta frio como gelo.
— Eu e ele dormimos juntos, mas não desse jeito, nós literalmente dormimos na mesma cama. — Ela explica e vejo as expressões duras do meu amigo se transformarem em alivio.
— Não se esqueça de contar o que aconteceu antes, querida. — O idiota diz quase como um gemido, Nick vira para ele e antes que a pancadaria recomece eu vou até o idiota caído no chão e o levanto puxando-o pelo colarinho da camisa e o coloco de pé.
— Cale essa porra dessa boca se você não quiser que ele te mate, filho da puta. — Digo, eu mesmo querendo dar uma lição nesse cara para ele deixar de ser tão otário.
— O que aconteceu antes? — Nick pergunta com um misto de ansiedade e medo na voz.
— Foi numa noite, fazia umas cinco semanas que a gente tinha terminado e eu estava muito mal. Tinha encontrado uma foto nossa, daquele feriado que a gente passou na Florida, lembra? Aí eu procurei o Ryan, precisava conversar com alguém e ele estava me ajudando tanto nas últimas semanas. A gente foi para o quarto dele e ficamos deitados na cama escutando a chuva enquanto eu alternava entre chorar e desabafar.
Nick escuta atentamente cada palavra de Selena, ele não se mexe nem um milímetro, toda sua atenção no que ela está contando. Provavelmente está decidindo se ele vai matar ou não o idiota, que por sorte está de boca fechada.
— A gente ficou horas daquele jeito, conversando ou então em silêncio enquanto eu chorava. Eu estava tão triste, eu estava morrendo de saudades e queria correr de volta para os seus braços, mas sempre que eu pensava em fazer isso a imagem de você com aquela mulher seminua se beijando voltava a minha cabeça. Várias vezes eu pensei se eu teria me precipitado em não te ouvir, talvez você realmente fosse inocente, pensando bem, eu sabia que aquele cara não era o Nick de verdade. Mas eu estava machucada demais somente com a possibilidade de ter me enganado tanto com relação a você e aquela imagem de vocês dois no seu quarto não saia da minha cabeça. — Selena começa a chorar e Nick a puxa para seus braços, ele a abraça firme e apoia o queixo no topo da sua cabeça.
— Shhh, baby, está tudo bem. Eu te amo. — Ele diz para ela e ela chora mais.
Quando ela se recompõe, se afasta e limpa as lágrimas, respira fundo e continua.
— Logo nossa conversa foi indo em outras direções, Ryan foi me distraindo da minha dor e era por isso que eu estava andando muito com ele nas últimas semanas, ele sempre conseguia me distrair nem que fosse por um momento. Fomos conversando sobre diversos assuntos até que em um momento, não sei exatamente como, surgiu um clima. Nós nos aproximamos e ele me beijou, fiquei surpresa mas não o afastei, e acabei retribuindo. O beijo foi se tornando cada vez mais intenso e menos inocente, até que quando me dei por mim, eu estava deitada de costas na cama e o Ryan estava em cima de mim me beijando.
Nick e eu escutamos o relato de Selena sem emitir som nenhum, os dois muito interessados em saber o que de fato aconteceu entre eles.
— Mesmo pensando que você tinha me traído, eu estava me sentindo péssima, muito culpada por estar beijando outro. Quando ele começou a me acariciar eu me senti doente, sabia que não podia continuar com aquilo, então pedi que ele parasse. Ele parou e eu pedi desculpas por ter deixado aquilo ir longe demais, ele pediu desculpas e disse que tinha sido um momento de fraqueza e que não queria se aproveitar do meu estado, mas que não pode resistir. Eu disse que estava tudo bem, mas o problema era que eu ainda te amava. E foi isso, depois disso eu deitei em seu braço e nós conversamos até ambos cairmos no sono.
— Um nos braços do outro? — Nick pergunta com dor na voz.
— Sim. — Selena diz tão baixo que mal a escuto, ela olha para o chão envergonhada.
— Sinto muito, Nick. Mas eu te amo, por favor, me perdoe.
Nick encara o chão e não diz nada.
— Nick...Você vai me deixar? — Selena pergunta engasgando com as próprias lágrimas.
O silêncio perdura, o ar carregado com tensão.
 — Acho melhor você ir embora, antes que eu me arrependa por não acabar com você por ter beijado e acariciado a minha noiva. — Nick diz e eu, o idiota e Selena o olhamos com os olhos arregalados em surpresa.
— Noiva? — O idiota e Selena perguntam ao mesmo tempo. Mas eu rapidamente compreendo o que ele quer dizer.
Nick já havia falado diversas vezes sobre a vontade de pedir Selena em casamento. Ele disse que queria comprar um anel lindo e fazer algo especial, e que isso seria muito em breve, mas aí todo esse mal entendido aconteceu. Acho que o meu amigo não quer perder mais tempo.
— Sim, noiva. Quer dizer, se você aceitar se casar comigo, é claro. — Selena cobre a boca aberta em surpresa com as mãos e começa a chorar, mas dessa vez de felicidade.
Ela começa a balançar a cabeça freneticamente e pula nos braços de Nick.
— Sim, sim, sim, sim...Mil vezes sim, meu amor. Eu aceito me casar com você, Nick. Eu te amo tanto. — Ela diz apertando-o forte e descendo sua boca na dele. Nick a envolve com seus braços e a beija tão intensamente e apaixonadamente que eu sinto a necessidade de desviar o olhar.
— Ah meu Deus, estou tão feliz. — Selena diz sem fôlego quando eles param de se beijar.
— Eu também, meu amor. O que eu mais quero é que você seja minha mulher para sempre. Eu te amo mais que tudo, Selena Mahler. — Eles sorriem um para o outro e se beijam apaixonadamente de novo.
Por um momento, e eu disse apenas por um momento, sinto uma dor aguda no peito. Por um momento, por um breve momento, que assim como rapidamente surgiu rapidamente foi embora, eu senti no fundo da minha alma o desejo de ter aquilo que Nick e Selena tinham, junto com o desejo veio à dor, por saber que eu nunca encontraria aquilo.
A verdade é o seguinte; Eu vivo falando que não acredito no amor, mas na real, eu acredito. Eu digo que não porque eu tento convencer a mim mesmo que eu sou o único normal e o resto do mundo é que tem algum problema. Mas isso é uma grande e deslavada mentira. Eu sou o que tem problemas.
O fato é, eu simplesmente não entendo o amor, e não consigo senti-lo – o amor que um homem sente por uma mulher, eu quero dizer – porque é claro que eu amo meus pais, irmãos e amigos. Eu não consigo querer amar alguém, o que eu quero mesmo é desejar o sentimento de querer amar alguém. Dá para entender?
Eu sei, é confuso. Eu também muitas vezes não entendo. E apesar de 99% do tempo eu estar bem com o fato de não conseguir amar uma mulher e ter um relacionamento sério, de não sentir falta disso e achar que tudo bem se eu nunca me apaixonar, tem 1% do meu tempo, quando eu presencio momentos como esse entre meus pais, ou os pais de Nick, ou meus tios, ou meus primos ou meus amigos, que eu sinto uma dor muito forte em meu peito.
Uma dor que dói não pela falta de amor, mas por ser uma pessoa incapaz de amar, ou de pelo menos sentir falta de possuir a capacidade de ter esse sentimento.
Nick se afasta de Selena e se vira, encarando o idiota. Limpo as lágrimas dos meus olhos antes que elas caiam me denunciando ou que alguém perceba meus olhos marejados. Agradeço a Deus por a dor sempre chegar e ir embora tão rápido, não sei se aguentaria ela por mais que um breve instante, e morro de medo que um dia ela chegue e não vá mais embora.
Não sei se tenho mais medo dessa dor, ou da dor que eu sentiria se eu pudesse amar e tivesse meu coração despedaçado, como Nick.
Talvez essa incapacidade de amar seja uma benção disfarçada de desgraça.
— Pelo amor de Deus, Joe. — Nick diz meu nome me trazendo de volta à realidade. — Tire esse cara da minha frente antes que eu mude de ideia e termine o que eu comecei.
— Você ouviu. Se mande, cara. — Digo me abaixando para pegar a máscara do idiota e lhe entregando.
Acompanho-o até um pedaço do caminho e depois volto para ficar ao lado de Selena e Nick. Olho para ver se o idiota está mesmo indo embora e alivio percorre minhas veias quando vejo que ele de fato se foi.
— Você tem certeza que quer casar? Você não precisa tomar essa decisão agora e...
Nick a cala com um beijo, quando se afasta aposto que Selena não se lembra mais o que estava falando.
— Eu quero me casar com você, quero muito. E eu não decidi isso assim, de uma hora para outra.
— Ah não? — Ela pergunta enlaçando seu pescoço e sorrindo apaixonadamente.
— Não. Já faz um tempo que eu venho pensando nisso, eu até cheguei a olhar alguns anéis, e só não comprei um porque não achei nenhum que fosse perfeito o suficiente para você.
— Oh Nick. Eu não preciso de nada disso, você pode amarrar um barbante em meu dedo que eu serei a mulher mais feliz do mundo. — Ela diz e o beija de novo.
“Talvez eu deva ir embora.”
— Nada disso, você terá o anel mais lindo do mundo, e eu não medirei esforços para encontra-lo. Sinto muito não poder te dá-lo agora, sinto muito também por esse pedido nada romântico. Eu estava planejando algo muito mais perfeito, mas eu meio que tive que improvisar. — Ele ri e a beija na ponta do nariz.
— Ah meu amor, isso foi perfeito, pode apostar.
— Quer curtir o resto do seu baile, só que com o acompanhante certo dessa vez? — Nick lhe pergunta.
— Eu gostaria. Você faria isso por mim?
— Minha Selena, você ainda não percebeu que eu faço tudo por você? — Ele pergunta a olhando com amor enquanto acaricia sua bochecha.
— Percebi, mas eu ainda pergunto por que às vezes acho que estou sonhando, e que alguém tão perfeito como você só pode ser fruto da minha imaginação.
Nick ri e a abraça. Já estava com saudades da risada do meu amigo, fazia muito tempo que não a escutava.
— Então vamos. Vou rodar você por aquela pista até você ficar tonta. — Ele repousa o braço nos ombros dela e ela enlaça a cintura dele com o braço.
— Joe, você vem ou vai ficar parado aí a noite toda? — Selena para, se vira e me pergunta.
Nick me olha e o sorriso no rosto dele é contagiante. Permito deixar pela primeira vez em alguns meses o peso da culpa escorregar de meus ombros e cair no chão. Sinto-me muito mais leve. Eu não arruinei a vida do meu melhor amigo para sempre. Ele está feliz de novo, e eu ajudei isso acontecer. Sorrio largamente para os dois e pisco para Nick quando digo:
— Eu vou com vocês. Tem duas garotas a quem estou devendo uma dança.

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Mais um cap pra vcs!
xoxo

26.1.16

Paixão Inesperada - Capitulo 12 - Bastardo Romântico


~

Joe

— Não, você não fez isso. — Demi me encara com a boca aberta e uma expressão perplexa no rosto, a qual só me faz gargalhar mais ainda.

— Sim, eu fiz baby.

— Joe, não acredito. Você era mesmo um pestinha quando criança hein, coitada da tia Denise. — Ela diz rindo e esse som, eu juro, é o mais relaxante que eu já ouvi. A risada dela faz coisas comigo, com meu corpo, e faz com que eu tenha vontade de faze-la rir o tempo todo.

—  Não se esqueça que o seu irmão estava junto comigo nessa.

— Mas quem que foi “o cabeça” e planejou tudo? — Ela pergunta levantando uma sobrancelha e me olhando desconfiada.

— Tudo bem, admito que foi eu. Eu arrastei o pobre Nick comigo nessa, mas se serve de consolo quando a gente foi pego, eu levei toda a culpa por ele.

— Isso foi antes de eu nascer, não foi?

— Foi, eu tinha uns 6 ou 7 anos.

É tão estranho quando eu paro para pensar que a mulher ao meu lado, a mulher com quem eu venho mantendo relações sexuais muito frequentemente, é a mesma pessoa que eu vi crescer. Deus, eu segurei ela ainda bebê, isso é estranho demais. Praticamente uma década de diferença.

— Demi, você não liga para a minha idade? — De repente pergunto, pegando-a de surpresa.

— Como assim, o que você quer dizer?

— Eu sou bem mais velho que você, você não liga para isso?

— Você liga?

— Eu? Não sei, na verdade não. É que com você é diferente. Acho que com outras mulheres da sua idade não seria tão estranho, é que quando eu penso que vi você crescer...

— Eu não me importo nem um pouco com a nossa diferença de idade, Joe. Admito que foi um pouco estranho no começo, você me viu crescer e eu te vi como o melhor amigo do meu irmão mais velho a minha vida toda, muitas vezes te via como um segundo irmão. O mais estranho para mim é isso, eu acho, o fato de um dia eu ter o considerado como um irmão e não os 9 anos que nos separam.

— Entendi. Sabe, eu estou gostando muito do tempo em que estamos passando juntos. Digo, não só o sexo, que é incrível por sinal, mas eu aprecio os momentos como esse também. — Digo encarando o Jardim Botânico de Dallas onde estamos fazendo um piquenique.

— Eu também, sinto pela primeira vez que somos próximos de fato. Amigos. Eu gosto de pensar em você como um amigo, acho que em algum momento a nossa relação foi cortada totalmente, e nenhum de nós dois percebemos. Mas eu gosto que estejamos retomando isso, só espero que quando esse lance de amigos com benefícios acabar, que ainda possamos manter a parte do amigos. — Ela diz me encarando com um sorriso amigável no rosto.

Não sei o porquê, mas com a menção da palavra “acabar” um mal estar tomou conta do meu estômago. Não quero que isso acabe, ainda não, minha necessidade por ela ainda é grande demais.

— Claro que sim. Não vamos mais nos afastar como fizemos antes, ok? Mesmo quando a parte do beneficio acabar, vamos continuar saindo e conversando como agora. — Digo e deposito um beijo suave em sua mão.

— Eu adoraria isso, Joe.

Nesse momento uma bola de futebol americano aterrissa perto dos pés de Demi, fazendo-a dar um pulinho de susto. Olho na direção que a bola veio e vejo um cara vindo correndo até nós.

Ele usa uma bermuda e uma regata branca, deixando a mostra seus braços fortes.

— Hey, foi mal, acho que eu não medi muito bem minha força. — O loiro estilo surfista diz com um sorriso no rosto quando para em frente de Demi, ela olha para cima com a mão na testa e os olhos semi fechados e o nariz franzido por causa da luz do sol.

— Sem problemas. — Ela diz, o cara se abaixa, pega a bola e coloca-a em baixo do braço. Ele dá um passo para o lado, ficando de perfil para mim e protegendo Demi do sol.

— Espero que não tenha te acertado. — Ele diz dando-lhe um sorriso que eu conheço muito bem.

“Oh não cara, ela não vai cair na sua.”

— Não se preocupe, não acertou. — Demi retribui o sorriso e eu juro que vi os joelhos do moleque vacilarem.

Filho da mãe, seus olhos viajam por Demi avaliando-a, e seu sorriso fica maior. Não posso culpa-lo por isso, ela com esse vestido de verão com suas belas pernas de fora é de chamar a atenção de qualquer um. No momento que ela apareceu em meu apartamento eu tive vontade de cancelar o piquenique e leva-la direto para meu quarto.

— Tudo bem então, a gente se vê por aí. — Ele diz e pisca para ela.

“Aposto que você gostaria disso, idiota.”

— Tudo bem.

O mala sem alça me ignorou o tempo todo, nem se dignou a olhar para mim, se virou e correu de volta para o seu grupo de amigos.

Demi pega um morango e leva até a boca, mordendo um pedaço. Observo-a mastigando e ela percebe meu olhar sob ela, então sorri.

Ela não faz a mínima ideia do quanto é atraente. Ela nem percebeu que o aspirante a Andrew Brees ali jogou a bola nessa direção de propósito.

Aposto que se ela quisesse, ela facilmente conseguiria ter qualquer cara fazendo o que ela pedisse. Droga, ela conseguiu me convencer a vir até aqui, sentar ao lado desse jardim colorido de tulipas e fazer um piquenique, e ela só precisou me olhar com seus lindos, grandes e expressivos olhos verdes e dizer a palavra “por favor” e eu já estava igual a um idiota arrumando a porcaria de uma cesta de vime.

Mas devo admitir, isso não esta nada mal, na verdade, ficar aqui sem fazer nada, conversando com ela e sentindo o frescor do vento e admirando o céu azul é bem gostoso. Sinto-me relaxado como não me sentia a um bom tempo.

Demi está sentada tão perto de mim, enquanto ela olha para cima e observa os desenhos das nuvens – um hábito que ela tem desde pequena – eu a observo. Seus cabelos sendo jogados para trás pelo vento, sua pele se eriçando com o frio de final de tarde, o sol que faz seu caminho para se pôr e ilumina seu rosto, fazendo com que ela pareça um ser divino, iluminado, tão inconcebivelmente belo.

“Preciso capturar esse momento. Para sempre.”

Sem que ela perceba, pego meu celular e tiro uma foto sua de perfil. Ao ouvir o barulho que o celular fez, Demi se vira e rapidamente cobre o rosto com a mão.

— Joe, o que você está fazendo? — Ela pergunta indignada.

— Tirando uma foto sua, não é obvio? — Ela abaixa sua mão do rosto, olha para mim com uma sobrancelha erguida e parecendo brava agarra meu pulso e abaixa minha mão, eu a levanto de novo e tento tirar mais uma foto dela, mas ela não deixa.

— Não, Joe. — Ela diz e vira o rosto para o outro lado.

— Só mais uma foto, vamos lá Little Nips. Vamos guardar a lembrança dessa tarde para sempre.

— Não, eu não gosto de tirar foto. — Ela diz ainda com o tronco virado parcialmente para o outro lado.

— E o porquê disso? — Pergunto curioso.

— Eu só não gosto...Minhas fotos sempre ficam estranhas.

— Claro que não, já vi várias fotos de você com o seus irmãos e seus pais, você estava linda em todas.

Ela não diz nada mas vejo sua cabeça balançando, ela discorda de mim.

— Ah é, está discordando do senhor-sabe-tudo aqui? — Pergunto em um tom divertido.

— Senhor-sabe-tudo? — Ela se vira e me pergunta rindo.

— Vou te mostrar que sempre tenho razão. — Digo e tento tirar mais uma foto dela, mas ela diz não e me pede para parar. Seguro seu braço e tento faze-la se virar para mim.

— Não, Joe. Chega. Para com isso.

Jogo meu peso em cima dela, fazendo-a se desequilibrar e cair deitada para trás em cima da toalha, ela solta um gritinho que me faz rir. Não lhe dou tempo de se levantar, sento-me em cima dela, tomando o cuidado de sustentar a maior parte do meu peso com minhas pernas para não esmaga-la.

— Joe Jonas, saia de cima de mim agora mesmo. — Ela diz em um tom autoritário, o que só me faz rir mais ainda dela.

— Depois que eu tiver a minha foto, baby. — Digo levantando o celular e tiro a foto.

Olho na tela, a foto teria ficado perfeita se não fosse a mão de Demi cobrindo a maior parte do seu rosto.

— Qual é, Little Nips. Você me conhece, eu não vou desistir.

— Se eu deixar você tirar uma foto, só uma, você vai sair de cima de mim?

— Vou. — Respondo.

— Tudo bem. — Ela diz e tira a mão da frente do seu rosto. — Vai logo com isso.

Por um momento, um breve momento, sinto que não consigo me mexer. A visão de Demi deitada com seus cabelos espalhados para todos os lados, seus olhos verdes parecendo mais claros do que nunca, suas bochechas coradas e seus lábios rosados me faz perder o fôlego.

— Anda logo com isso Joe. — Ela diz e só então eu percebo que estava segurando minha respiração, deixo o ar sair lentamente enquanto tento me controlar para que as batidas do meu coração voltem ao normal.

— Não se mexa, ok? Eu já volto. — Digo saindo de cima dela.

— Joe?

— Fique assim, não se mexa nem um milímetro. — Digo me levantando e indo até o jardim bem perto de onde estamos.

Arranco uma tulipa roxa do jardim e volto para onde Demi ainda está deitada, como eu pedi. Sento-me em cima dela novamente e coloco a tulipa roxa atrás da sua orelha esquerda, lentamente deslizo minha mão e sutilmente acaricio seu rosto macio, Demi solta um suspiro e fecha os olhos.

— Sorria. — Eu peço. Ela abre os olhos e dá um sorrisinho tímido para meu celular, tiro a foto e mostro para ela.

— Viu? Nem um pouco estranha.

— Ficou bonita.

— Ficou mesmo. — Concordo admirando a tela do meu celular. Guardo-o no bolso e sorrio para ela, ela sorri e então distraidamente morde seu lábio inferior.

“Ah Deus, esse lábios!”

De repente sou tomado por uma vontade incontrolável de beija-los. Me curvo sobre Demi, me abaixando lentamente, a deixando saber qual é a minha intenção. Ela não me impede, apenas me encara intensamente, abre um pouco os lábios, num convite silencioso.

Passo meu dedo por sua bochecha, fazendo um carinho gentil, e então quebro a distância que nos separava e a beijo.

Seus lábios são tão macios, tão gostosos de serem provados. Tão lentamente quanto vou mexendo meus lábios contra os dela, vou deslizando meu corpo, para que toda a extensão do meu corpo esteja encostando no dela.

Ela abre a boca e eu a invado, sua língua vem de encontro com a minha e uma brinca com a outra.

Demi geme e o som viaja por todo meu corpo, me causando sensações que até então, eram desconhecidas para mim. Sinto a necessidade de aprofundar o beijo, e bem quando eu vou fazer isso, um estrondo alto rompe a bolha de sensações estranhas mas boas em que estávamos. Demi treme em baixo de mim e eu relutantemente afasto nossos lábios, olho para cima e deixo uma maldição sair.

Cinco minutos atrás o céu estava limpo e o sol estava brilhando fazendo seu caminho para se pôr, agora o céu está cheio de nuvens cinzas e o sol está escondido atrás delas.

De repente, escuto mais um estrondo de trovão e saio de cima de Demi.

— Droga, acho que vai cair um temporal. É melhor irmos. — Digo me levantando.

— De qualquer forma logo já iria escurecer mesmo. — Ela diz e começa a me ajudar a guardar as coisas na cesta.

Guardamos tudo e vamos em direção a onde estacionei meu carro, quase chagando lá a chuva começa a cair. Demi e eu corremos a distância que falta, pego a chave e destravo as portas, quando entramos no carro ela começa a rir.

— Isso foi divertido, acho que eu não me molhava toda assim com chuva faz muito tempo.

— Vamos trocar de roupa antes que você acabe pegando uma pneumonia. — Digo colocando a cesta no banco de trás e ligando o carro.

— Exagerado. — Ela diz sorrindo, reviro meus olhos e guio o carro até meu apartamento.

No tempo em que chegamos ao meu prédio, a alegria de Demi já tinha me contagiado e estávamos ambos conversando e rindo enquanto entravamos na recepção.

— Boa tarde, Carlos. — Digo sorrindo para ele.

— Boa tarde, senhor. — Ele diz mas me olha de uma forma estranha.

Demi e eu subimos até meu andar, vejo-a tremer então envolvo seu corpo com meus braços. Quando entramos no apartamento deixo a cesta de piquenique em cima do primeiro móvel que vejo e puxo Demi comigo.

— Vamos nos secar antes de ficarmos doente.

Levo-a até meu banheiro e começo a tirar minhas roupas.

— O que você esta fazendo?

— Tirando minhas roupas. Não podemos tomar banho vestidos, podemos?

Entro no box e faço sinal para que ela me acompanhe. Seus olhos lentamente viajam por meu corpo nu e param na minha ereção. Ela morde o lábio inferior e quando seus olhos voltam a encarar os meus, vejo desejo neles, fazendo meu pau pulsar.

Ela começa a tirar a roupa e eu a observo atentamente, como um leão faminto observa sua presa, ansioso para devora-la.

Ligo o chuveiro na água quente e quando ela entra no box, puxo-a para debaixo da água comigo. Suas curvas delicadas se encaixam perfeitamente com meu corpo. Beijo-a como se fosse a última vez, quase a devoro. Suas mãos viajam por minhas costas e apertam minha bunda, nesse momento perco meu controle e a espremo contra a parede, levanto sua perna e deslizo para dentro do calor do seu corpo.

Ela geme, eu gemo, e nós dois nos perdemos um no outro.

Termino de me secar e coloco uma calça de moletom, Demi vai direto ao espaço no guarda-roupa que eu liberei para ela e começa a pegar uma calça, eu vou até ela e tiro a calça da sua mão.

— Nada de roupa, baby. Quero você andando pela minha casa como veio ao mundo. — Digo sorrindo maliciosamente.

Ela me olha de um jeito que me faz ter vontade de me enterrar nela novamente. A seguro na cintura e puxo seu corpo para junto do meu, seus seios nus roçando contra os meus. Essa é uma porra de sensação deliciosa.

— Quero você de novo, Demi. — Sussurro para ela.

Demi agarra meu pescoço e ataca minha boca, gemo enquanto deslizo minhas mãos por todo seu corpo. A conduzo até minha cama e a deito, depositando vários beijos por seu pescoço.

— Joe. — Ela suspira meu nome e levanta o quadril, ansiosa para me ter dentro dela.

Suas mãos vão até minha calça e começam a abaixa-la, mas então uma batida forte na porta nos para. Caralho!

“Eu vou matar quem quer que seja!” — Ah merda! — Demi reclama.

— Shh, vamos ficar quietos, quem quer se seja vai embora logo. — Sussurro para ela e então outra vez a pessoa bate na porta.

— Acho melhor você ir atender. — Ela diz e eu solto um suspiro frustrado.

— Nem pense em mexer seu corpinho nu daqui. Vou dispensar quem quer que seja e volto logo para continuarmos de onde paramos. — Dou-lhe um beijo rápido nos lábios e me levanto, arrumando minha calça.

Furioso com quem quer seja que esta do outro lado da porta por interromper meu momento com Demi, vou abrir a porta de cara feia.

“Tenho que falar com Carlos, para ele interfonar antes de deixar alguém subir.”

Abro a porta e a imagem de Nick parado ali, bem na minha frente, me congela no lugar. Olho para ele com os olhos arregalados e meu coração começa acelerar.

— Nick? O que diabos você está fazendo aqui? — Pergunto nervosamente depois que me recupero do susto.

— Nossa, isso é jeito de tratar o seu melhor amigo?

— Desculpa, é só que você me pegou de surpresa. — Digo implorando mentalmente para que Demi fique no quarto e bem quieta.

Se Nick pegar sua irmã na minha casa, na minha cama, e ainda por cima nua...Sou um homem morto. Ele nunca entenderia que ela é uma adulta e que consentiu com tudo que aconteceu entre nós. Ele ainda vê as gêmeas como duas crianças.

— Está tudo bem, cara? Você está meio pálido. Cheguei em um mal momento?

— Na verdade sim.- Digo fechando um pouco a porta e bloqueando a visão do meu apartamento com meu corpo. Será que Demi deixou algo dela à vista? Deus, Nick tem que ir embora agora.

— Sinto muito, mas eu preciso conversar com um amigo, vai ser rápido. — Ele diz abrindo caminho e entrando no apartamento.

Merda! Merda! Merda!

— Então Nick, me fale o que aconteceu. — Digo quase gritando para que Demi me escute e se esconda.

Ele se senta no sofá e esfrega o rosto, vou me sentar com ele.

— Eu e a Selena tivemos uma briga.

— Qual o motivo? — Pergunto.

— Filhos. — Nick diz tristemente.

— Ela quer começar uma família, esse é o problema? — Pergunto e Nick ri sem humor nenhum.

— Antes fosse. É justamente o contrário, cara. Eu acho que já está na hora de termos um filho, mas ela quer esperar mais. Você sabe que eu sempre quis formar uma família com ela, meu sonho é ver a barriga dela crescer e saber que uma vida está se formando lá dentro, uma vida que nós dois criamos juntos. Eu quero tanto isso, cara, mais que tudo. Então uns meses atrás eu toquei no assunto com ela.

— E ela?

— Ela disse que é cedo ainda, que ela quer muito ter filhos comigo só que não agora. Eu venho tentando conversar com ela desde então, mas ela sempre diz que não, que devemos esperar mais, que ainda não é o tempo certo e um monte de desculpas. Mas eu não quero esperar mais, cara. Eu quero ter um filho com a mulher da minha vida, mas ela não quer.

— Calma, Nick. Vocês vão ter filhos na hora que for para ser, não se preocupe com isso.

— E se ela não quiser mais ter filhos comigo, e se ela estiver usando isso de não ser a hora certa apenas como desculpa? — Ele me olha com preocupação nos olhos e eu tenho que rir da sua insegurança.

— Por favor, Nick. Você e a Selena, junto com o pé no saco do meu irmão e a Dani, são os casais mais apaixonados que eu conheço. O jeito que vocês se olham, cara, não precisa dizer mais nada. É óbvio que a Selena te ama, e eu sei que ela sempre quis ser mãe. Vocês tem que sentar com calma e conversar sobre isso, sem brigar.

— Mas eu tentei conversar com ela, ela está irredutível. Ela disse que quer esperar pelo menos mais uns dois ou três anos até pensarmos em filhos.

— Três anos não é muito. — Digo e me arrependo na hora que as palavras saem da minha boca, Nick me olha parecendo estar prestes a perder a paciência.

— É muito para mim. Sei que você não é capaz de entender esse sentimento, mas eu quero mais do que tudo ter um filho para ensinar a pescar, caçar, jogar futebol...Ou uma menina, para mima-la e ser a minha princesa para sempre. Eu quero ter isso com a Selena, eu a amo e quero que o nosso amor de frutos. Mas é claro que você não entende, nem sei o porquê eu vim aqui. — Ele diz irritado e se levanta, indo em direção à porta.

— Hey, calminha aí cara. Eu sou o seu melhor amigo, você pode sempre contar comigo, você sabe disso.

Ele pare de andar e se vira para mim, colocando as mãos na cintura e parecendo muito frustrado.

— O que eu faço, Joe? Eu quero ter uma família com ela mais do que tudo. Nós estamos casados há um tempo agora, aproveitamos esse tempo só nós dois e foi maravilhoso, mas eu estou pronto para ter filhos, eu quero muito ter filhos.

— Nick, eu não sei exatamente qual o melhor conselho...Mas eu acho você deve deixar a poeira abaixar um pouco e então vocês dois tentarem resolver isso juntos, como um casal. Não deixem que algo que seria um motivo de alegria para vocês seja o motivo de vocês se afastarem um do outro.

Nick passa a mão pelos cabelos e lentamente concorda com a cabeça.

— Soa como algo sensato a se fazer. — Ele diz olhando fixamente o chão. — Acho que eu vou fazer isso.

— Ótimo. E se você precisar de mais conselhos sábios é só me pedir.

Nick solta uma gargalhada e vem me dar um abraço.

— Valeu, cara. Sempre soube que apesar dos pesares, eu posso contar com você.

— Sempre, irmão. — Digo dando dois tapas em suas costas.

— Bom, obrigado por me escutar, acho que agora eu vou deixar você voltar para a sua garota.

— Como assim? — Pergunto olhando assustado e Nick solta mais uma gargalhada.

— Ah cara, é óbvio, não? Você atendeu a porta com uma baita ereção. Sinto muito se atrapalhei vocês, mas eu realmente precisava conversar.

Olho para ele e abro a boca, mas não sei o que dizer. Deus, se ele soubesse quem é que está no meu quarto...Não gosto nem de pensar na sua reação. Ele se sentiria traído, e com toda razão, se eu não desejasse tanto Demi que chega até a doer, eu nunca faria isso com ele. Às vezes eu me sinto tão culpado quando eu penso no que estou fazendo, mas é mais forte do que eu.

— Sem problema, cara. — Nick olha para além de mim com a testa franzida, depois dá um sorriso brincalhão.

— Piquenique? — Ele aponta para algo, me viro e vejo a cesta de piquenique. Droga!

— Levando ela em um passeio antes de para sua cama? Nossa, quem é você e o que você fez com o meu amigo?

— Muito engraçado, Nick. — Digo empurrando ele para a porta.

Assim que ela está fora do meu apartamento fecho a porta e encosto-me nela.

— Cara, não acredito que isso acabou de acontecer. — Digo para mim mesmo.

— Ele já foi? — Escuto a voz sussurrada de Demi vindo do corredor.

— Sim, ele já foi.

— Ah me Deus, não acredito que ele veio aqui enquanto a gente estava... — Ela aparece enrolada no lençol e vem até mim.

— Eu sei. Você precisava ter visto a minha cara quando eu abri a porta. Quase morri de susto.

— Coitado do meu irmão, eu sei que ele sempre quis ter um filho com a Selena.

— Você ouviu nossa conversa?

— Só um pouco. — Ela diz envergonhada.

— Pois é, mas infelizmente isso só eles podem resolver, não podemos fazer nada.

— Eu sei mas...Não gosto de ver ele sofrendo. — Ela diz com uma carinha triste e sinto imediatamente vontade de consola-la.

— Hey, não fique assim. Sei que aqueles dois vão resolver tudo logo, logo. — Digo abraçando-a.

— Espero que sim, eu ia adorar ter um sobrinho ou uma sobrinha. — Ela diz e eu sorrio ao imaginar Demi segurando um bebê. Sei que ela seria uma tia maravilhosa, assim como ela será uma mãe maravilhosa algum dia. Tudo o que ela quiser ser, ela será maravilhosamente bem.

— Que tal voltarmos para a cama agora, hein? — Ela se afasta e me dá um sorriso safado.

— Excelente ideia.

Demi

Não consigo parar de encarar Nick durante todo o jantar. Coitado do meu irmão, eu sei o quanto ele ama Selena e o quanto ele quer uma família com ela. O pior é que eu não posso nem ao menos lhe oferecer uma palavra de apoio, se ele soubesse como eu descobri sobre a briga entre ele e Selena, bem, então eu teria que dizer que eu era a mulher com quem Joe estava naquela tarde. Isso com certeza seria uma tragédia.

Ele e Selena estão sentados um ao lado do outro, como sempre, mas a tensão entre eles é perceptível, todos na mesa devem estar sentindo também.

— Então Dani, como estão os preparativos para o casamento? — Mamãe pergunta.

— Nossa tia, nem comecei a ver nada ainda. Minha formatura foi semana passada, preciso descansar um pouco. — Ela diz rindo e tomando um gole do seu suco.

— Mas vocês querem se casar daqui a dois meses, temos pouquíssimo tempo para preparar tudo. Temos que começar a providenciar as coisas o mais rápido possível. — Mamãe diz ansiosa. Olho para Miley e nós duas sorrimos uma para a outra. Nós duas sabemos que o grande sonho de mamãe é ajudar nos preparativos do nosso casamento, ver suas menininhas se casando, mas como isso está bem longe de acontecer ela está direcionando todas as suas expectativas e animações para a coitada da Dani.

— Vocês vão querer se casar aqui na fazenda, não é mesmo? Eu tomei a liberdade de comprar algumas revistas com decorações lindas para casamentos ao ar livre, você tem que ver Dani, dá vontade de fazer vários casamentos só para poder usar aquelas decorações, você vai amar. — Mamãe e Dani passam o jantar todo conversando sobre os preparativos para o casamento dela e de Kevin, e Miley, Selena e eu acabamos sendo recrutadas para ajudar.

Depois do jantar mamãe serviu a sobremesa, torta de maça. Algo mais tradicional impossível. Mas ninguém ousa reclamar, a torta de maça da dona Dianna é a melhor de todo o Texas.

Digo boa noite para papai e mamãe, Nick e Selena, e Dani, eu e Miley subimos e quando vou me despedir dela e entrar em meu quarto ela segura meu braço e entra no quarto comigo.

— O que foi, Miley? — Ela fecha a porta e vai se sentar na minha cama.

— Preciso falar com você, sis.

— Agora? Estou com sono, conversamos amanhã, pode ser?

— Ah Demi, eu preciso mesmo falar com a minha irmã e melhor amiga, por favor.

— Tudo bem, desembucha de uma vez. — Digo me sentando ao seu lado na cama.

— É que eu conheci um cara. — Ela diz com um sorriso apaixonado.

— Ah meu Deus, Miley, isso é demais. Quem é ele? Eu conheço? — Pergunto animada pela minha irmã.

— Sabe o Colin Bailey que está no time de baseball da faculdade? — Ela pergunta animada e eu faço uma cara de nojo.

— Ah não, Miley, você está apaixonada pelo Colin? Aquele cara é nojento. — Digo indignada, como minha irmã pode se apaixonar por aquele cara?

— Urgh! Claro que não, Demi. Colin é um idiota.

— Então por que você disse...

— Quer deixar eu terminar, fazendo o favor? — Ela diz irritada.

— Tudo bem, tudo bem.

— Então, umas três semanas atrás eu estava sentada no jardim do campus, embaixo daquela árvore que fica perto do prédio de anatomia. Eu estava lendo e o idiota do Colin estava treinando arremessar e pegar a bola com algum amigo dele ali perto. Acontece que aquele filho da mãe acertou aquela maldita bola de baseball em mim, bem no meu olho.

Abro a boca e xingo Colin e suas últimas três gerações. Aquele desgraçado acertou minha irmã? Mas isso não vai ficar assim.

— Calma, Demi, posso ver daqui a fumacinha de raiva saindo da sua cabeça.

— É claro que eu estou com raiva, aquele idiota te acertou com uma bola, e no olho.

— Não foi nada realmente, quer dizer, na hora doeu para caramba e até ficou um pouco roxo mas...

— Ficou roxo? Mas como é que eu perdi um olho roxo? Eu não te vi com nenhum hematoma. Você passou maquiagem?

— Você teria visto se você não andasse tão ocupada fazendo Deus sabe-se lá o que no último mês e não tivesse me ignorado completamente. Mas agora não é hora de falar disso, foco aqui Demi.

Sinto-me um pouco mal por que sei que é verdade, eu tenho ignorado minha irmã e até alguns dos meus amigos por causa do tempo que eu tenho passado com Joe. Eu até deixei de visitar minha família alguns finais de semana por que estava com ele, se não fosse Miley insistir eu estaria com ele agora e não na fazenda passando o fim de semana com minha família.

Eu sou uma péssima filha e irmã!

— Tudo bem, desculpe. Continue.

— Então, como eu estava dizendo...Na hora doeu muito e eu até achei que tinha ficado cega. O idiota do Colin veio me pedir desculpas e dizer que tinha sido sem querer, aham sei. Enfim, eu fiz ele me levar até a enfermaria para darem uma olhada no meu olho. Achei que iria ter que enfrentar a assustadora Marta quando chegasse lá, mas fazer o que, estava doendo muito. Acontece que quando eu cheguei lá, Demi, não era a Marta que estava na enfermaria para atender os alunos. — Ela diz com um sorriso de orelha a orelha.

— Não? Então quem estava lá? — Pergunto ansiosa.

— Era o novo enfermeiro...Ah Demi, quando eu vi ele eu...Eu me esqueci de tudo. Da dor, do meu nome e até mesmo de respirar. E quando ele falou comigo então, meu Deus achei que iria morrer. Aquela voz sexy dele é de matar qualquer uma. — Ela diz ainda sorrindo e com um brilho nos olhos que eu nunca tinha visto até então.

— Miley do céu, me conta tudo sobre esse cara. Como ele se chama? — Pergunto dobrando minhas pernas e sentando em cima delas, quase pulando em cima de Miley de tanta empolgação.

— O nome dele é Miguel Villareal. Acho que ele deve ser descendente de mexicano, espanhol ou alguma coisa do tipo. Ele é lindo, Demi. Tem cabelos pretos enrolados, olhos âmbar e pele dourada. E quando ele tocou meu rosto para examinar meu olho, eu achei que iria desmaiar.

— Nossa, sis...Acho que eu não te vejo animada assim por causa de um cara desde, bem, eu acho que nunca te vi animada assim por causa de um cara. — Digo rindo para ela.

— Eu sei, eu sei. Não sei o que está acontecendo comigo, só sei que não aguentava mais e precisava falar com você. Desde daquele dia na enfermaria eu fico tentando arrumar desculpas para aparecer por lá. Eu já até fingi torcer o tornozelo e uma dor de estômago só para ir lá ver ele.

— Mas por quê? Se você gosta dele não precisa ficar arrumando desculpas para vê-lo, apenas convide-o para sair.

— Não sei se eu consigo. E se ele tiver namorada? E se ele disser não? Ah meu Deus. — Ela diz colocando as mãos no rosto.

— Ele demostrou algum interesse em você? — Pergunto.

— Não sei, quer dizer...Ele sempre é muito gentil e amável, ele sempre sorri quando eu apareço lá, e faz piada e diz que eu sou desastrada e frequento mais a enfermaria do que a sala de aula, e ele me olha de um jeito diferente. Mas não sei, pode ser tudo coisa da minha cabeça.

— Eu acho que você tem que parar de ser uma menininha, seja uma mulher e vá lá e pergunte se ele quer sair com você, se ele disser que não, você sai de lá com o queixo erguido como se não fosse nada demais.

— Mas vai ser demais, não sei se eu consigo ser rejeitada por ele. E se ele disser que tem namorada acho que eu vou passar mal. — Ela diz mexendo as mãos impacientemente.

— Não seja medrosa, Miley.

— Não implique comigo. Se a situação fosse o contrário você também não teria coragem de ir falar com ele.

— Claro que teria. — Digo indignada e ela apenas levanta uma sobrancelha e cruza os braços.

— Todo bem, eu também não teria. Mas não estamos falando de mim, e sim de você. Se você gosta dele tem que tentar, sis.

— Eu não sei, Demi. Toda vez que eu chego perto dele me dá uma coisa estranha na barriga, não sei se conseguiria convidar ele para sair. Eu iria gaguejar, passar a maior vergonha e depois sair correndo de lá.

— Miley você não... — Paro de falar quando escuto meu celular. Pego ele e vejo que é uma mensagem de Joe. Tento não demostrar nenhuma emoção para que Miley não perceba.

Joe: Olá, Little Nips, só queria te desejar uma boa noite. Vou sair com alguns amigos do trabalho então a gente se fala na segunda. Até lá, bjos!

Franzo a testa ao ler a mensagem dele. Sair com os amigos? O que ele quis dizer com isso, será que ele vai sair para se embebedar e ficar com alguém, algum mulher?

Pensar nele com outra mulher me faz ficar imediatamente com raiva. Sei que a gente não falou nada sobre ser exclusivo, mas eu achei que estava implícito no nosso acordo. Eu não estou nem um pouco a fim de dividir o Joe com alguma dessas vadias que ele encontra nas suas noitadas.

O que nós temos é só sexo, ok eu entendi e aceitei isso, mas eu não vou dividir a cama dele com outra, ou outras.

E porque nos falamos só na segunda? Por acaso ele vai estar ocupado o domingo todo brincando com a vadia que ele vai pegar hoje na balada?

— Urgh! — Digo jogando meu celular na cama.

— O que foi, sis? Algum problema? — Miley pergunta e eu tento desfazer a minha cara emburrada.

— Não, não é nada.

— Você parece bem frustrada para ser nada. — Ela comenta me olhando desconfiada.

— Não é nada, é sério.

— Ok, é assim então? Eu aqui abrindo meu coração para você e você aí escondendo coisas da sua própria irmã?

— Miley, não faça drama, não é nada, sério.

— Tudo bem, então. — Ela diz se levantando.

— Hey, onde você vai?

— Eu vou dormir e ter um sonho muito agradável com o meu enfermeiro lindo.

— Você vai chama-lo para sair ou vai ficar só no sonho? — Pergunto.

Ela não diz nada, apenas me dá um sorriso fraco e então vai embora.

Essa minha irmã...Ela pode parecer não ter um pingo de vergonha e ser super extrovertida, mas quando se trata de um cara que ela gosta, não somente está interessada, mas um que ela realmente gosta, ela fica mais tímida do que eu. Espero que ela tome a iniciativa e convide esse tal de Miguel para sair.

Levanto-me e vou me preparar para dormir, coloco meu pijama e vou ao banheiro escovar os dentes. Quando volto para meu quarto vejo a luz do meu celular piscando, indicando que tenho uma mensagem. Pego o celular achando que pode ser alguma coisa do Joe, mas quando vejo o nome de Vince paro um momento antes de abri-la.

Vince: Pensando em você...

Não acredito. Quando passa alguns dias sem noticias dele e eu começo a pensar que ele esqueceu da minha existência, boom, ele aparece de novo.

Qual é a do Vince? Quer dizer, se ele me amasse mesmo ele não teria feito o que fez, por que ele continua insistindo nisso, ele não percebe que isso me faz mal? É inevitável, por mais que meus sentimentos por ele agora não estejam nem perto do que eram antes, eu ainda sinto uma tristeza por tudo o que aconteceu. Eu ainda não consegui bloquear totalmente os momentos incríveis que tivemos juntos, assim como não consegui bloquear a imagem dele com Aletta. Ainda machuca, não tanto, mas machuca.

Deixo o celular na cômoda ao lado da cama e me deito, apago o abajur e fecho os olhos tentando relaxar.

Quando estou quase adormecendo escuto meu celular apitar indicando mais uma mensagem.

Maldição.

Minha curiosidade é maior que meu sono, então estendo o braço e agarro o aparelho.

Vince: Ainda pensando em você...

Logo em seguida vem outra mensagem.

Vince: Pequena, por favor, me responda. Vamos conversar.

Olho a mensagem e por um momento me sinto tentada a responde-lo. Deixo o celular descansando em meu peito enquanto encaro o teto fixamente.

Alguns minutos se passam e outra mensagem chega. Vince: Quando penso em você me sinto flutuar, me sinto alcançar as nuvens, tocar as estrelas, morar no céu... Tento apenas superar a imensa saudade que me arrasa o coração, mas, que vem junto com as doces lembranças do teu ser.

É através desse tal sentimento, a saudade que sobrevivo quando estou longe de você.

Ela é o alimento do amor que encontra-se distante...

Tudo isso acontece porque amo e penso em você...

Leio sua mensagem e sinto um calor se espalhar por meu peito e um frio na barriga. Isso não é justo.

Várias imagens dos momentos felizes que eu passei com Vince invadem minha mente. Eu amei tanto ele, tanto.

Se ele não tivesse me traído, se ele não tivesse matado meu amor por ele...Ah Vince!

Sinto uma lágrima solitária escorrendo por meu rosto. Seguro meu celular e clico em responder.

Fico encarando a tela por alguns minutos, para então finalmente digitar uma resposta.

Pequena: Citando Shakespeare? Nunca achei que esse dia chegaria!

Aberto em enviar antes que eu possa mudar de ideia. Menos de um minuto depois recebo uma resposta.

Vince: Para você ver o que você faz comigo, Pequena. Pelo menos fez com que você me respondesse ;)

Pequena: Só respondi pq fiquei surpresa. Achei que alguém poderia ter pegado o seu celular e estar mandando msgs românticas!

Vince: Tão difícil assim de acreditar que era eu? Eu sempre fui romântico com você, Pequena!

Pequena: Não me faça rir...

Vince: Ai, assim você machuca meu pobre coração, e olha que ela já está bem judiado. Como assim? E aquela vez que eu paguei para o vigia do planetário deixar a gente entrar depois do horário? Eu te mostrei todo o universo naquela noite, isso pra mim é super romântico.

Sinto minhas bochechas pegarem fogo e um pequeno sorriso se formar em meus lábios. Eu lembro muito bem daquela noite. Vince me levou até o planetário, estendeu uma coberta no chão e nós dois ficamos horas deitados olhando para cima vendo as projeções dos planetas. Depois fizemos amor lenta e apaixonadamente enquanto a imagem de várias estrelas giravam em nossas cabeças.

Pequena: Ok, admito, aquilo foi muito romântico.

Vince: Eu nunca vou me esquecer daquele dia, de nenhum dia em que passamos juntos. Como eu queria voltar no tempo, garantiria que eu não seria um idiota e não te perderia.

Pequena: Infelizmente o que está feito está feito, não tem como voltar atrás.

Vince: Você está em Dallas?

Pequena: Wills Point.

Vince: Que pena, queria tanto te ver, estou com tanta saudades :(

Pequena: É melhor continuarmos mantendo distância, assim as coisas ficam mais fáceis.

Vince: Não tenho certeza sobre isso, as coisas estão bem difíceis para mim, Pequena.

Não fique com dó dele, Demi, não fique. Foi ele quem provocou isso, foi ele quem causou esse sofrimento todo, não você.

Vince: A gente poderia pelo menos voltar a se falar, a se ver...Você está me matando me afastando da sua vida assim, Pequena.

Pequena: Você me magoou muito...

Vince: Eu sei, e você não tem ideia do quanto eu me odeio por isso!

Pequena: O que está feito está feito. Vou dormir agora, boa noite!

Vince: Espera! Deixa eu te pergunta uma coisa...

Pequena: O que?

Vince: Se eu fosse romântico, tipo, muito romântico mesmo, eu teria alguma chance de voltar com você?

Pequena: Não.

Vince: Não? Assim, sem dó nem piedade? Um talvez teria machucado menos.

Pequena: Mas teria sido uma mentira.

Vince: O quão romântico é um cara aparecer na janela do quarto da garota que ele ama a noite, com toda a sua família dormindo, e recitar Shakespeare?

Pequena: Muito romântico, pq?

Vince: Vá até a sua janela, Pequena!

“O que, como assim?”

Jogo meu celular e saio correndo da cama, me embolando na coberta. Chego até a janela do meu quarto, que fica no lado da casa, e a abro.

— Ah meu Deus! — Exclamo surpresa quando eu vejo alguém lá embaixo. Está muito escuro, mas o cara iluminado pela luz da lua e que segura um buquê de flores é, sem sombra de duvidas, Vince.

— Deus do céu, o que você está fazendo aqui? — Sussurro rezando para que meus pais não acordem.  

— O meu amor eu guardo para os mais especiais. Não sigo todas as regras da sociedade e às vezes ajo por impulso... — Ele começa a dizer.

 — Shhh, você vai acordar meus pais.

—...Erro, admito. Aprendo, ensino. Todos erram um dia: por descuido, inocência ou maldade...

— Se meu pai ver você aqui ele vai te matar, cala essa boca.

—...Conservar algo que faça eu recordar de ti seria o mesmo que admitir que eu pudesse esquecer-te. — Ele fica em silêncio por um momento e se aproxima mais da casa.

— Eu nunca vou te esquecer Demi. Eu te amo.

Ah meu Deus. Ah meu Deus!

Esse filho da mãe traidor sabe como fazer uma garota ficar balançada. Mas que droga.

— Vince, isso foi lindo. Mas você tem que ir, se meu pai te pegar aqui ele...

— Você me chamou de Vince. — Ele diz com um sorriso e só então percebo que o chamei pelo apelido carinhoso e não por seu nome, Vincent.

— Chamei. — Admito.

— Venha aqui embaixo ou eu subirei até aí. — Ele diz.

— O que? Não, você tem que ir embora. Como você entrou aqui, aliás?

— Nada é impossível para um homem apaixonado.

Maldito bastardo romântico! Mas que droga, não caia nessa, Demi.

— Então, devo subir até aí?

Desvio meu olhar dele e olho para além, para o horizonte distante e penso por alguns minutos.

— Eu estou descendo. — Digo e fecho a janela antes de poder ouvir sua resposta.

“Não acredito que estou fazendo isso! Vou descer apenas para dizer que ele vá embora, nada mais.”

Calço minha bota ugg e desço as escadas o mais silenciosamente possível. Acendo a luz da varanda e destranco a porta.

Quando abro a porta vejo Vince parado no final da escada, eu fecho a porta atrás de mim e ele sobe os degraus e para na minha frente. Seus olhos viajam pelo meu corpo, olho para baixo e percebo que estou apenas de pijama, um short curto e uma regata de algodão.

Ele lambe o lábio e me olha com desejo, cruzo os braços da frente do meu peito e me sinto desconfortável.

— Você não deveria estar aqui. — Digo-lhe.

— Talvez, mas eu precisava te dar isso. — Ele estica o braço e me entrega o buquê de rosas vermelhas.

— Sinto muito que você não tenha recebido o anterior. — Ele diz com aquele sorriso que ele sabe que faz meus joelhos fraquejarem.

— Você poderia me entregar segunda na faculdade. — Digo cheirando as rosas.

— E perder a chance de agir como os mocinhos dos livros românticos que você lê? — Ele diz e eu não consigo evitar que um sorriso tímido se espalhe por meu rosto.

— Elas são lindas, obrigada.

— De nada. — Ele diz e acaricia meu rosto.

— Não, por favor. — Peço e ele afasta a mão com um olhar triste nos olhos.

— Sinto muito. — Ele sussurra e olha para baixo. — Por tudo. Espero que algum dia você não me odeie mais.

— Vince, eu não te odeio. — Digo sentindo pena dele.

— Não? — Ele levanta o olhar e me encara. Sinto meu coração amolecendo cada vez mais.

— Não. Eu te odiei quando eu abri aquela porta e vi você na cama com ela, eu te odiei naquela festa quando eu vi você com ela de novo, mas agora, eu não te odeio mais. O que eu sinto agora é tristeza...Tristeza pelo que poderia ter sido, mas nunca será.

— Ainda pode ser, Pequena, ainda pode ser.

— Não, Vince. Não pode.

— Por favor, me dê mais uma chance.

— Eu não posso...Não consigo. — Digo e sinto meus olhos se enchendo de lágrimas, forço-as a não se derrabarem.

— Eu te amo. — Respiro fundo, lutando para não quebrar na frente dele.

— É melhor você ir agora.

— Por favor, Pequena.

— Vince...

Ele coloca as mãos no bolso da jaqueta e assente tristemente algumas vezes.

— Entendi, você não vai mesmo me dar uma segunda chance, não é?

— Sinto muito.

— Será que podemos voltar a ser amigos? Ou pelo menos conversar de vez em quando?

— Talvez, não posso prometer nada.

— Acho que já é um começo, algo para eu ter esperança. — Ele diz com um sorriso fraco.

Ele se aproxima e me dá um beijo rápido na bochecha e então se afasta, indo embora.

— Vince? — Chamo-o e ele se vira.

— Sim?

— A gente se fala segunda, na faculdade, pode ser? — Pergunto e vejo um brilho em seu olhar que rapidamente identifico como esperança.

— Só como amigos, quero dizer. — Rapidamente acrescento, mas o brilho no seu olhar ainda está lá e lentamente um sorriso alegre se espalha pelo seu rosto.

— Claro. Até segunda então.

— Obrigada pelas flores, de novo.

— O prazer é meu, Pequena. — Ele diz e então se vira e começa a caminhar para longe, provavelmente para seu carro que deve ter ficado na estrada, já que a porteira sempre fica fechada a noite.

Observo-o até ele ser tragado pela escuridão da noite.

Entro em casa e tranco a porta, me encosto nela e solto um suspiro.

Mas que droga. O que acabou de acontecer aqui? Eu perdoei Vince? Estou disposta a voltar a ser sua amiga? Porcaria.

Fecho os olhos e os esfrego com os dedos. Quando olho para cima vejo Miley me olhando com um sorriso reconfortante.

— Você estava aí o tempo todo, hein? — Pergunto.

— Quase. Mas ouvi uma boa parte da conversa, sinto muito.

— Tudo bem, antes você do que papai ou mamãe.

— Porque você não me contou que o motivo de você e o Vince terminarem foi porque ele te traiu?

— Não queria que ninguém soubesse, acho que fiquei com vergonha, com medo que vocês me dissessem “eu te avisei”.

— Ah sis, ninguém diria isso. — Ela diz e vem me abraçar.

— Sinto muito mesmo que ele tenha feito isso com você. Mas me parecesse que ele está mesmo arrependido.

— Você acha?

— Foi o que pareceu.

— Eu não sei o que fazer, Miley.

— Acho que retomar a amizade com ele aos poucos pode ser um bom começo, desde que isso não vá machucar você, é claro. Agora se você não conseguir ser amiga dele novamente, então é só me falar que eu o faço ficar longe de você. Ninguém mexe com a minha irmã. — Ela diz toda protetora e eu rio.

— Eu te amo, Miley.

— Eu também te amo, sis. Faça o que você acha que é o certo, não importa o que seja, eu sempre vou te apoiar. Sempre.

Escuto suas palavras e meu coração se enche de amor por ela, mais do que eu já sentia antes. Eu amo tanto minha irmã, Nick e meus pais. Preferiria morrer a machuca-los.

Eles são as únicas pessoas que eu tenho certeza que nunca vão me trair.

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xoxo