20.2.16

Paixão Inesperada - Capitulo 19 - Eu Amo, Tú Amas, Nós Amamos


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Joe
Oito anos atrás...
Deixo meu corpo exaurido cair na cama, e assim como o cansaço, o arrependimento toma conta de mim e me deixa sem reação.
Eu prometi para mim mesmo que isso não iria mais acontecer, e eu estava indo tão bem, tinha até conseguido recusa-la na minha festa de aniversário. Ah, se Eva não fosse tão gostosa...
— Docinho, você é incrível, sabia? — Ela diz se apoiando nos cotovelos, não se preocupando em cobrir seus peitos com o lençol.
— Sim, eu sei. — Digo de forma arrogante, e ela solta uma gargalhada.
— Por isso que eu gosto de você. Somos tão parecidos.
— Acho que não, baby, não somos nada parecidos.
— Você que se engana, somos mais parecidos do que você pensa, e é exatamente por isso que devemos ficar juntos.
— Você é maluca, não é? Só pode. Eu já disse que eu não me comprometo com nenhuma mulher, nunca. E eu já havia dito que todo esse lance de fazermos sexo toda hora e sairmos estava acabado.
— Mesmo assim, aqui estamos. Na sua cama, no seu quarto, no apartamento que você divide com seu amigo. Acabamos de fazer sexo delicioso e selvagem, mesmo você tento me chamado de louca perseguidora e dito que não queria mais me ver.
— Isso é porque eu sou fraco quando se trata de mulheres como você, e você sabe disso. Mas essa foi a última vez. — Ela solta outra gargalhada.
— Foi isso que você disse na vez passada, e na outra, e na outra e na outra...
— Tudo bem, eu já entendi que autocontrole e força de vontade não são o meu forte. Mas estou falando sério dessa vez.
— Claro que está. Porque você não vê de uma vez por todas que nós fomos feitos um para o outro e devemos ficar juntos para sempre, docinho?
Ótimo, tudo de novo. Porque é que eu tive que ceder a tentação? Essa mulher nunca vai me deixar em paz, que saco! Mesmo o sexo sendo sensacional, ela é maluca e eu tenho que ser mais forte na próxima vez que ela começar a arrancar as roupas fora e se esfregar em mim.
— Olha, Eva, se tem alguém aqui que tem que ver alguma coisa, é você. Eu não sinto nada por você além de tesão, bom, na verdade, depois que você começou a me perseguir e bancar a louca, também sinto um pouco de raiva. Mas é só isso. Não te amo, não quero ter um relacionamento com você e não quero mais te ver. Vá embora agora.
— Mas eu te amo, docinho. E eu amo o suficiente por nós dois. — Ela começa a beijar meu peito, seguro-a e a jogo para o lado.
Levanto-me e visto minha calça, então pego suas roupas e joga para ela. — Vista-se e de o fora, rápido.
Ela solta um suspiro, mas levanta-se e começa a se vestir como eu mandei.
— Você vai acabar percebendo que eu tenho razão, e vamos ficar juntos no final. É só uma questão de tempo, você vai ver. — Nem me dou ao trabalho de respondê-la. Toda vez é a mesma merda, a mesma ladainha maluca.
— A gente se vê depois, não precisa me acompanhar até a porta.  — Ela me dá um beijo rápido nos lábios e se encaminha para a porta.
— Eu não ia mesmo.
Deus do céu, que mulher maluca, gostosa, mas muito maluca. Porque ela não aceita que não tem nada entre nós e parte para outra?
A última coisa que eu preciso ou quero é uma mulher grudada no meu pé.
— O que foi? Parece que viu um fantasma, docinho. — Eva diz com evidente satisfação por sua súbita aparição ter me deixado sem fala.
— Eva...O que você está fazendo aqui? Faz tanto tempo.
— Seis anos, quase sete. Eu sei. Senti sua falta, Joe. Você sentiu a minha? — Ela pergunta sugestivamente.
Eu ainda a olho sem conseguir acreditar que ela está mesmo na minha frente, depois de todos esses anos.
Meus olhos viajam por seu corpo, ela não mudou nada. A não ser que agora está muito mais elegante, com ar e uma postura refinados, e com um enorme anel de diamantes no dedo.
— Você é casada? — Pergunto incrédulo encarando seu anel.
— Muito bem casada, por sinal. Não vai ficar com ciúmes, não é? Você teve a sua chance.
Deus do céu, isso é algo que eu nunca imaginaria. Eva casada! Quem será o pobre coitado?
— Ah, Joe, vejo que já conheceu minha esposa. — Carlson Thompson surge atrás de Eva vindo de Deus sabe onde.
Observo abismado seu braço ir até a cintura de Eva e permanecer lá. Isso não pode ser verdade, eu devo estar sonhando.
Eva McKenna é a esposa de Carlson Thompson? Esse mundo é mesmo muito pequeno.
Sabendo que tenho que manter a postura profissional, me recomponho e coloco um sorriso no rosto.
— Ah sim, Sr. Thompson. Acabei de conhecer sua esposa, é um prazer senhora. — Digo voltando meu olhar para Eva e sorrindo.
— O prazer é todo meu, acredite. — Ela diz sugestivamente, e na hora olho para seu marido, mas ele parece alheio aos olhares de sua esposa para mim e sua forma provocadora de falar.
Nesse instante um funcionário do restaurante vem nos dizer que nossa mesa está pronta.
— Com licença, senhores, senhora. A mesa está pronta, queiram me acompanhar, por favor.
Seguimos o funcionário e nesse momento vejo Will chegando, bem a tempo.
— Desculpe o atraso, o trânsito está uma loucura. — Will diz ao se aproximar.
— Sem problemas. Sr. Thompson, esse é Will Stuart, um dos advogados da Townsend, o melhor devo acrescentar.
— Muito prazer, Sr Thompson. — Ele e Will trocam um aperto educado de mãos.
— Muito prazer. Essa é Eva McKenna Thompson, minha esposa e minha advogada.
Will cumprimenta Eva, mas vejo seu sorriso presunçoso quando ela percebe minha reação ao descobrir que ela é a advogada.
Tudo bem, esse dia está muito bizarro. Eva ter se casado já é algo espantoso, com o dono da Thompson Reuters Company é mais ainda, agora, ela ser a advogada dele? Quando eu a conheci ela já tinha idade para ter se formado, mas ela não estava nem na faculdade e gritava para quem quisesse ouvir que nunca iria atender as expectativas da sua família e fazer direito.
— Bom, vamos nos sentar?
Todos concordamos e voltamos a seguir o homem que estava pacientemente no canto esperando as apresentações para poder nos guiar até nossa mesa.
Não sei não, mas essa aparição de Eva não está me cheirando bem. É melhor eu ficar de olhos bem abertos, porque se ela ainda for pelo menos um pouco tão louca como era alguns anos atrás, vai me causar muita dor de cabeça.
Demi
Ainda me sentindo um pouco eufórica, mas sobretudo relaxada, depois dos orgasmos maravilhosos, deito no peito nu de Joe e deixo que seu calor me reconforte.
Acho que ficar em seus braços é uma das dez melhores coisas na vida, e das outras nove, pelo menos seis tem a ver com Joe.
É incrível como ele conseguiu se infiltrar para dentro de mim, sobre minha pele.
Joe é uma grande parte da minha vida agora, e ele nem sabe. Ele tem uma importância, que chega a ser patética, se você parar para pensar na nossa “relação”. Ele é tudo para mim, e eu sou nada para ele.
E podem falar o que for, Joe não é só um rostinho bonito, eu já sabia isso, mas depois do modo que ele agiu comigo quando eu estava deprimida, tive certeza. Ele foi tão fofo, na hora eu o tratei mal, mas depois que ele se foi e eu parei para pensar no seu modo carinhoso, meu coração se aqueceu. Eu sei que ele não é assim com todo mundo, por isso seu gesto significou mais ainda.
Eu meio que entrei em um lugar escuro depois da minha conversa com Vince. Eu fiquei tão magoada, tão dolorida por dentro, foi horrível. Não porque eu ainda sinto algo por Vince, a cada dia que passa eu tenho mais certeza que ele não está mais em meu coração, mas foi muito dolorido descobrir que ele tinha feito aquilo enquanto eu ainda o amava. Eu senti uma dor enorme por saber que enquanto eu o amava com todo o meu coração, ele me traia.
Eu sofri não por amar ele, mas pelo amor que um dia eu senti, porque só eu sei o quanto ele significou para mim.
Mas depois de Joe ir me salvar e me puxar para fora daquele buraco escuro no qual eu estava, eu percebi que Joe tinha razão, eu não podia deixar Vince fazer aquilo comigo.
— Você está quieta hoje. — Joe comenta enquanto acaricia meu ombro nu.
— Isso tem a ver com...Com aquele cara? Você ainda está assim por causa dele?
— Não.
— É só isso que eu recebo? Um ‘não’? — Sorrio. Apoio-me em meu braço e levanto a cabeça.
— Isso não tem nada a ver com Vince. Isso tem a ver com a minha família.
— Como assim, aconteceu alguma coisa? — Ele pergunta preocupado.
— Ah Joe, eu não sei ao certo. Parece que as coisas não estão indo nada bem para Selena e Nick.
— Ainda aquela história da Selena não querer ter filhos?
— Acho que é mais complicado que isso. Não era para eu ou Miley ficarmos sabendo, mas ela escutou uma conversa e me contou. Parece que Selena anda muito estranha ultimamente.
— Estranha como, baby?
— Ela começou a vir para Dallas com muito mais frequência, e quando Nick lhe perguntou sobre isso ela lhe deu uma desculpa que depois Nick descobriu ser uma mentira. Ela anda irritadiça e meio distante.
— Será que ela está com algum problema? Nick tentou falar com ela?
— Parece que sim, mas não adiantou nada. Na conversa entre Nick e mamãe que Miley ouviu, Nick disse algo que...Ele disse que acha que Selena está tendo um caso. — Digo tristemente e a reação de Joe foi igual a minha reação quando Miley me contou. Espanto.
Incredulidade.
— Não. Selena não faria isso, não posso acreditar que seu irmão realmente pense que Selena o trairia. Eles se amam tanto, me recuso a acreditar nisso.
— Nick não comentou nada com você?
— Não, nós nos falamos por telefone algumas vezes depois daquela vez que ele veio aqui, mas ele não me falou nada sobre isso.
— Achei que talvez ele tivesse falado, ou pelo menos comentado alguma coisa, afinal vocês são melhores amigos.
— Talvez seja algo que ele queira manter só entre vocês.
— Estou tão preocupada, Joe. Nem por um segundo eu achei que Selena pudesse estar traindo meu irmão, mas ela tem estado estranha mesmo.
— Linda, não se preocupe com isso. Sei que Nick e Selena vão resolver isso tudo, eles se amam demais.
— Espero, não gosto de ver meu irmão triste e infeliz. — Deito-me novamente em seu peito e envolvo sua cintura com meu braço.
Em momentos como esse, é tão fácil fingir que Joe sente o mesmo que eu. Que ele me ama.
— O que você vai fazer amanhã? — Ele pergunta.
— Eu falei com Dani hoje, amanhã passaremos o dia todo em Austin a procura do vestido de noiva perfeito.
— Ela ainda não comprou um vestido? Mas eles vão se casar em semanas.
— Eu sei. — Rio. — E isso a está deixando maluca. Acho que, sem brincadeira, ela já deve ter provado uns 40 vestidos, e não gostou de nenhum.
— Quem vai com vocês?
— Miley, Mitchie, sua mãe e a minha.
— Mas vocês voltam ainda amanhã?
— Não sei, Dani disse que se precisar, dormiremos lá, porque ela não vai sair daquela cidade sem um vestido.
— Nesse caso, já que possivelmente eu não vou te ver amanhã, vou ter que começar a matar a saudades agora. — Ele diz com uma voz sexy e me vira na cama, me deixando de costas, e sobe em cima de mim. Eu rio enquanto ele beija várias vezes meu rosto. Ele finalmente chega a minha boca e me beija com tanto desejo, que me aquece instantaneamente.
— Joe. — Seu nome me escapa por entre os lábios em forma de suspiro.
Suas mãos viajam por meu corpo e sua essência se mistura com a minha. É como se fossemos um só.
Infelizmente aquela loja da qual eu havia recebido um e-mail não agradou Dani. Ela experimentou vários vestidos e não gostou de nenhum. Ou tinha renda demais, ou era espalhafatoso demais ou simples demais.
E depois de passarmos a manhã toda caçando o vestido perfeito e só recebermos negativas em troca, eu e as meninas começamos a ficar frustradas.
— Nunca imaginei que seria tão difícil, queria que minha mãe estivesse aqui. — Dani diz meio chorosa quando nos sentamos na mesa do Perla’s para almoçarmos.
— Calma Dani, nós vamos encontrar o vestido perfeito, não se preocupe. — Denise tenta reconforta-la e segura à mão de Dani.
— Estamos todas aqui a sua disposição, vamos encontrar esse vestido, nem que tenhamos que rodar Austin inteira, não é meninas? — Mamãe diz e todas concordamos.
Dani faz um sinal com as mãos e balança a cabeça.
— Não quero mais falar sobre vestidos agora. Mitchie, Aaron te falou alguma coisa sobre o que os meninos planejam fazer na despedida de solteiro?
— Não, ele não comentou nada comigo. — Mitchie responde.
— Mas você perguntou para ele? — Mitchie balança a cabeça negativamente.
— Ah Mitchie, mais atitude menina. Você está encarregada de descobrir o que os meninos vão aprontar.
— Como você sabe que eles vão aprontar alguma coisa? — Denise pergunta rindo.
— Desculpa, Denise, mas você conhece seus filhos. Principalmente o
Joe... — A menção do nome dele meu corpo todo se arrepia. —
Aposto que ele e o tarado do primo do Aaron, Jason, vão querer levar todos em algum clube duvidoso.
— Dani! — Mamãe a repreende.
— Tudo bem, Dianna. Você tem razão, Dani. Mas o Kevin não vai aceitar isso, e o Joe, por incrível que pareça, está mais comportado agora. — Ela diz rindo e um leve sorriso no canto dos meus lábios me escapa.
Ela não falaria isso se soubesse o que o Joe anda fazendo e com quem. Como se sabendo que estamos falando dele, recebo uma mensagem:
Joe: Como vai a caça ao vestido perfeito? Acha que consegue voltar a tempo de dormir aqui? Minha cama fica tão vazia sem você!!
Sorrio ao ler sua mensagem e respondo-o imediatamente.
Demi: Infelizmente as noticias não são boas, sem sorte na nossa caçada. Não sei se voltaremos para Dallas hoje :/
— Demi, você está me escutando? — A voz de Dani me traz de volta dos meus pensamentos sobre Joe.
— Oi?
— O que você vai querer, menina distraída. — Mamãe diz e só agora percebo que tem uma moça ao lado da nossa mesa anotando os pedidos.
— Ah sim, eu vou querer... — Pego o menu e peço o primeiro prato que vejo. — Esse Perla’s Bouillabaisse.
Depois do almoço fomos a mais três lojas e agora estamos na quarta. Dani já está provando seu terceiro vestido, estou começando a pensar que teremos que partir para uma quinta loja quando Denise pede que Dani experimente um modelo que ela particularmente achou lindo.
Dani faz uma careta como se não gostando muito do vestido, mas Denise insiste e ela cede.
— Ah meu Deus. — Escutamos a voz de Dani vinda de dentro do provador e todas paramos de conversar na hora.
— Dani, querida, está tudo bem? — Mamãe pergunta, mas não obtém uma resposta. Alguns instantes depois Dani aparece e seu rosto está cheio de lágrimas.
Todas nós nos levantamos quando vemos Dani com o vestido. Ela está linda.
Está tão perfeita e radiante, que ficamos em silêncio por um momento, apenas a encarando.
— Acho que é esse. — Dani diz emocionada. Vejo mamãe e Denise enxugando suas próprias lágrimas.
— Dani, você está linda. — Mamãe diz com admiração na voz.
— Perfeita, minha querida. — Denise complementa o elogio.
O vestido não tem nada demais, na verdade é bem simples, mas é lindo em toda a sua simplicidade e combina perfeitamente com Dani e o estilo do casamento. Ao ar livre e sem muita pompa.
O vestido é longo e tem uma pequena calda, mas não é armado, o tecido cai livremente perto do corpo. Na frente tem algumas flores rendadas e a renda se estende até a parte que cobre os seios, com um decote modesto e tiras que sobem e se mesclam com o detalhe em renda dos ombros.
Dani se vira e eu posso ver que a parte de trás tem um enorme e ousado decote em “v” que termina em um laço, expondo uma grande quantidade da pela clara de suas costas.
— É perfeito, prima. — Digo sorrindo para ela.
— Pela sua reação, é esse mesmo?
— Sim, ele é simples, mas perfeito. É lindo e é como eu queria. — Dani diz com um sorriso enorme.
— Então a caçada ao vestido de noiva perfeito está oficialmente encerada? — Miley pergunta parecendo um pouco mais animada do que deveria.
— Sim, é esse. Tenho certeza. — Ela diz e todas nossas aplaudimos e a abraçamos, rimos e choramos.
Esse casamento vai ser tão lindo. Kevin e Dani se amam tanto e vai ser maravilhoso presenciar a união desses dois.
O dia foi divertido, mas estou exausta e feliz por não ter precisado dormir em Austin e estar de volta ao meu pequeno apartamento em Dallas. Mas feliz ainda por chegar aqui e Aletta não estar presente empesteando o ar com sua presença fétida.
Depois que achamos o vestido, decidimos ficar mais algumas horas na cidade e fazer algumas outras compras. Fomos ao shopping e apesar de Dani já ter comprado lingerie suficiente para umas quatro luas de mel, ela quis comprar mais, o que foi uma experiência meio estranha se levando em consideração que Denise, mãe de Kevin, estava junto.
Aproveitei um momento de distração das meninas e escolhi algumas lingeries sexys para mim. Joe vai pirar quando ver o que eu comprei.
Batemos perna no shopping mais um pouco e compramos algumas outras coisas. Levamos menos tempo nas compras do que havíamos pensado anteriormente, então cheguei em casa por volta das 19 horas.
E assim que cheguei em casa uma ideia me veio a mente. Joe acha que eu vou dormir em Austin hoje, ou então chegar tão tarde que não poderemos nos ver, mas ainda é cedo e eu sei que ele vai gostar se eu aparecer no seu apartamento para lhe fazer uma surpresa.
E eu posso fazer aquilo que eu estava querendo mas sempre me esquecia. Perfeito.
Vou até a cozinha e verifico se tenho todos os ingredientes necessários. Em uma das nossas conversas Joe admitiu que comera os meus biscoitos mesmo sendo horríveis, claro que eu era só uma criança e não sabia cozinhar, mas eu prometi recompensa-lo por isso, e como agora, modéstia a parte, eu cozinho muito bem...Isso vai ser perfeito.
Vou aparecer em sua casa com uma fornada de biscoitos quentinhos e deliciosos e com uma lingerie sexy por baixo das roupas. Uma bela opção para quem passaria a noite sozinho.
Sorrio animada e separo todos os ingredientes para fazer a fornada de biscoitos, depois que os coloco no forno e aciono o timer vou tomar um banho.
“Joe vai ter uma surpresa bem gostosa hoje à noite.” Penso maliciosamente.
Joe
Escuto alguém a porta e vou atender. Quando abro vejo Patrick e Suzana parados com um sorriso animado no rosto.
— Patrick.
— Joe, quanto tempo, cara. — Nos abraçamos animadamente.
— E essa é a pequena Suzana? Nossa, como você cresceu. — Digo lhe cumprimentando com um beijo no rosto.
— Entrem, por favor. — Peço e abro caminho para que um dos meus grandes amigos da época da faculdade e sua irmã mais nova entrem.
— Quanto tempo, cara. — Patrick comenta.
— Pois é. Venham se sentar, fiquem a vontade. — Digo encaminhando-os para o sofá. — Como estão as coisas em Washington?
— Maravilhosas. Mas sabe como é, uma vez cowboy sempre cowboy, sinto muita falta desse lugar.
— Você que quis se mudar assim que se formou. — Lembro-o.
— E me levou junto. — Suzana comenta com ar divertido.
— Você adora Washington, não finja que não.
— Eu adoro mesmo.
— Aceitam algo para beber? Vinho, uísque, cerveja?
— Eu aceito um uísque. Suzana não bebe, não tem idade para isso. — Patrick diz protetor e vejo sua irmã revirando os olhos.
— Um suco então? — Pergunto.
— Não, mas obrigada. — Ela diz sorrindo amigavelmente.
Levanto-me e busco dois copos com uísque, um para ele e outro para mim.
— Vou te falar Patrick... — Digo lhe entregando o copo e sentando-me novamente. — Quando você me ligou hoje dizendo que estava em Dallas e perguntando se poderíamos jantar, fiquei muito surpreso. Reencontrei outra pessoa daquela época uns dias atrás, mas devo dizer que você é uma companhia muito mais agradável. — Digo e ele ri.
— Então, o que te trás de volta?
— Negócios. E aproveitei para trazer Suzana, ela estava com saudades de alguns velhos amigos.
— Fico feliz que você tenha me ligado. Você tem noticias de algum dos rapazes de antigamente?
— Tenho o telefone do Peter e do Derek, mas raramente nos falamos, o que é uma pena. Nick ainda está por aqui?
— Está sim, ele e a esposa, Selena.
— Ainda casados?
— Ainda casados e mais apaixonados do que nunca. — Digo mas então me lembro do que Demi me contou. Não. Tenho certeza que eles vão conseguir passar por isso, o amor deles é forte o suficiente. O amor deles é daqueles que são raros de se encontrar, seja o que for que estiver acontecendo com Selena, eles vão superar isso, juntos.
— Quem diria, não é que esse namoro de ensino médio durou? Que sorte ele tem. Eu me divorciei recentemente. — Ele diz e vejo um pouco de tristeza brilhar em seus olhos.
— Que pena, sinto muito. — Digo.
— Tudo bem, não era para ser. Mas e você, ainda o mesmo Joe que morre de medo de relacionamentos que eu me lembro? — Pergunta divertido e bebe o uísque.
Na hora penso em Demi e em como eu gostaria de ter um relacionamento sério com ela, e um sorriso me vêm aos lábios.
— Hum, devo deduzir que esse sorriso bobo é um não?
— O que eu posso dizer, as pessoas mudam. — Digo sorrindo de canto.
— Mas olha, por essa eu não esperava. Como é o nome da operadora de milagres? Porque fazer Joe Jonas se apaixonar é um verdadeiro milagre, com certeza.
— É segredo.
— Mistério, não é? Gostei, apimenta a relação. — Ele diz com um olhar conspiratório e uma voz malandra.
— Patrick! Estou bem aqui. — Suzana diz. Ela estava tão quieta que por um momento até havia me esquecido que estava presente.
Patrick apenas ri e dá de ombros.
— Espero que estejam famintos, pedi para a Sra. Bennet caprichar porque teríamos convidados muito especiais. Vou ver se está tudo pronto, só um minuto.
— Sra, Bennet, está tudo pronto? — Pergunto enfiando minha cabeça pela porta da cozinha.
— Ah sim, está tudo pronto. — Aquela senhora de meia idade, que me lembra aquelas vovós corujas, me responde.
— Ótimo, obrigado.
— O jantar está pronto. — Digo ao voltar para a sala.
Vamos até a mesa de jantar e o cheiro delicioso proveniente da cozinha atiça meus convidados.
— Hum, que cheiro maravilhoso. — Suzana comenta.
— Muito, se o gosto for pele menos a metade que é o cheiro, a comida estará divina. — Patrick diz.
— Acredite, o gosto estará melhor. A Sra. Bennet é uma cozinheira de mão cheia.
Então o jantar é servido e Patrick e Suzana podem comprovar que eu falava muito sério. A comida estava espetacular como sempre.
— Ah Patrick, deixe-a tomar um gole de vinho. — Digo ao meu amigo quando ele não deixa sua irmã experimentar o excelente vinho que escolhi para o jantar.
— Sim, só uma taça. — Suzana pede.
— Meia taça, e só. — Ele diz lhe dando aquele olhar severo de irmão mais velho e por um momento sinto uma saudade enorme de Holly. Mamãe está certa, tenho que visita-la com mais frequência.
Suzana prova o vinho e sorri.
— Delicioso. — Ela toma todo o conteúdo de sua taça e eu a reabasteço antes que Patrick possa dizer algo.
— Se não fosse por sua mulher misteriosa, diria que está tentando embebedar minha irmãzinha. — Patrick diz e ri.
Estou pronto para lhe dar uma resposta à altura, mas sou interrompido quando Suzana sem querer deixa derramar quase todo o vinho em seu vestido claro.
— Ah droga, meu vestido novo! — Ela exclama se levantando rapidamente e tentando limpar a mancha com o guardanapo, o que só deixa-a pior.
— Não tente limpar, se não vai ficar pior. — Digo.
— Não acredito, esse vestido é novo e muito caro, agora é inútil. — Ela diz tristemente.
— Calma, se agirmos rápido pode ser que tenha salvação. Tire o vestido que eu peço para a Sra. Bennet tentar dar um jeito nisso, ela conhece vários truques domésticos para tirar manchas. Uma vez derrubei vinho no tapete, e ela tirou facilmente.
— Tirar o vestido? E você quer o que, que ela fique nua? — Patrick pergunta levantando a sobrancelha, me questionando.
— Claro que não. Venha, Suzana. Vou lhe emprestar alguma roupa minha enquanto a Sra. Bennet cuida do seu vestido. — Digo levantando-me e ela timidamente me segue.
— Sinto muito mesmo, Joe. Sou uma atrapalhada. — Ela diz com as bochechas coradas de vergonha.
— Não se preocupe. — Dou-lhe um sorriso simpático. — Acidentes acontecem.
Levo-a até meu quarto e por um segundo me pergunto se Demi se importaria se eu emprestasse alguma roupa sua para Suzana, mas decido que é melhor não, afinal são suas roupas e ela não está aqui para consentir, então pego uma calça de moletom com elástico e uma camisa minha e entrego para ela.
— Pode vestir isso, é meu e provavelmente ficará grande, mas é só até limparmos seu vestido.
— Muito obrigada, Joe. E desculpe, de novo.
— Sem problemas. Fique a vontade. Mas troque-se rápido para ter mais chances de salvar seu vestido.
— Tudo bem. — Ela diz.
Fecho a porta do quarto e volto para a companhia de Patrick. Assim que me sento na mesa de jantar, escuto uma batida na porta.
“Quem será?”
— Só um minuto, Patrick. Com licença. — Digo e vou receber a pessoa inesperada.
Quando abro a porta, me pegando desprevenido pois não esperava vê-la essa noite, Demi me encara com um sorriso largo e um pouco safado no rosto. Seus olhos brilham com excitação, e por um momento, a visão do seu belo rosto me deixa sem palavras.
— Oi, Joe.
— Demi? O que você está fazendo aqui? — Pergunto confuso pois achei que ela ficaria até tarde em Austin fazendo compras.
— Voltamos mais cedo. Isso é para você. — Ela diz e só agora percebo que carrega um prato envolto em papel filme e cheio de biscoitos com gotas de chocolate e que parecem deliciosos.
— Eu disse que iria te compensar por você ter comido aqueles biscoitos horríveis anos atrás. Queria lhe fazer uma surpresa, está surpreso? — Ela pergunta ainda sorrindo como se estivesse tramando algo.
— Bem, estou. Não esperava vê-la hoje à noite. — Mas não estou reclamando, de forma alguma.
— E eu tenho outra surpresinha para você, embaixo da minha rou... — Demi se interrompe bruscamente e olha para além de mim, seu sorriso morrendo nos lábios e o brilho do seu olhar se apagando.
Olho para trás e vejo Suzana vinda da direção do meu quarto, usando minha calça e minha camisa, que ficam enormes nela, e seu vestido manchado nas mãos.
— Ah, pelo visto você já tem companhia. — Ela diz com rancor, sua voz trêmula.
Olho novamente para ela para pergunta-lhe o que ela quis dizer com isso, e me deparo com seus olhos cheios de lágrimas.
— Bom, não quero atrapalhar a sua diversão. Adeus. — Ela empurra o prato na minha direção, e se eu não tivesse bons reflexões ele teria se espatifado no chão, se vira e sai andando tão rápido que praticamente está correndo.
Depois de um segundo tentando entender o que acabou de acontecer aqui, minha ficha caia. Olho para Suzana vestida com as minhas roupas, vinda do meu quarto e que me olha com confusão no olhar.
“Ah merda, Demi achou que eu e Suzana...Porra”.
— Segura aqui. — Dou o prato com os biscoitos que Demi fez para mim para Suzana e saio correndo do apartamento.
Não posso deixar Demi pensar que alguma coisa estava acontecendo entre Suzana e eu. De repente a ideia de ela achar que eu estava dormindo com outra me causa náuseas. E medo.
Se ela soubesse que eu só tenho olhos para ela. Olhos e todo o resto, tudo é só dela.
— Demi, espera, eu posso explicar. — Grito, mas é tarde demais. As portas do elevador se fecham com ela dentro, só tive tempo de ter um vislumbre de seu rosto manchado por lágrimas. Caralho.
Quase quebro o botão chamando o elevador, quando ele finalmente vem, aperto o botão do térreo e juro por Deus, esse elevador nunca pareceu tão lento. Por sorte ele não parou em nenhum andar.
Saio para a recepção e procuro por ela, mas não consigo acha-la. Um desespero angustiante começa a tomar conta de mim, como aqueles que precedem algo de muito ruim.
Preciso acha Demi e dizer que ela entendeu tudo errado.
Percebendo que ela não está mais por aqui, saio correndo para fora do prédio. Graças a Deus consigo acha-la. Ela está tentando colocar as chaves na porta do carro, mas posso ver que suas mãos tremem.
Vou correndo até ela, desesperado para esclarecer o mal entendido.
— Demi, espere, por favor.
Quando ela escuta minha voz, se vira imediatamente, e sua expressão é um misto de raiva e magoa.
— O que você está fazendo aqui? Devia estar lá em cima com sua...Amiga. — Ela diz fazendo uma careta.
Paro na sua frente e me corta o coração ver seu rosto manchado pelas lágrimas.
— Você entendeu tudo errado, me deixe explicar. — Imploro com o coração batendo a mil por hora em meu peito.
— Eu entendi tudo perfeitamente. Eu não estaria na cidade para te divertir então você achou outra, não é? Tudo bem, se é isso que você quer, vá em frente. — Ela diz com magoa e percebo que tenta se controlar para não chorar mais, mas seu lábio treme e seus olhos se enchem com mais lágrimas não derramadas.
— Não, Demi. Não é nada disso que você está pensando. Suzana e eu não...
— Quer saber? — Ela me corta, parecendo muito furiosa agora. — Eu achei que a gente tinha combinado que seriamos exclusivos, mas acho que eu fui muito idiota de achar que você se contentaria em ficar só comigo.
— O que? Não, não Demi. Me deixe explicar.
— Não tem nada para ser explicado. Eu cansei disso, Joe. Eu cansei desse nosso lance, cansei de aceitar as migalhas da sua atenção, cansei de me machucar e me iludir achando que algum dia você pudesse mudar, e eu definitivamente cansei de sentir o que eu sinto por alguém como você, que nunca vai corresponder aos meus sentimentos. — Ela está praticamente berrado. Ela se vira para entrar em seu carro, mas eu a seguro pelo braço ainda me sentindo tonto com suas palavras.
Ela disse o que eu acho que disse? Eu imaginei a parte em que ela gritou e admitiu que tem sentimentos por mim?
Ah meu Deus, acho que não consigo respirar.
— O que você disse? — Pergunto desesperado para que ela repita, mas ela não diz nada.
Seguro seu outro braço e a puxo para perto de mim, aproximo meu rosto do seu e luto para controlar essa onda de sentimentos que bate fortemente em mim, vinda de todos os lados.
— O que você disse, Demi? — Minha voz sai mais aguda devido ao desespero.
— Que eu estou cansada do nosso lance. — Ela responde, apesar da raiva e da magoa ainda estarem lá, sua voz vacila.
— Não, a outra coisa, sobre sentimento. O que você quis dizer? — Falo rápido, minhas palavras atropelando umas as outras. Preciso que ela repita, preciso saber se eu imaginei aquilo, se eu interpretei mal suas palavras, ou se ela realmente quis dizer o que eu acho que ela disse.
— Nada, não foi nada. Agora não importa mais. — Ela diz aparentando estar um pouco mais calma, mas as lágrimas escorrem livremente pelo seu rosto.
— Ah Demi... — Sinto meus próprios olhos lacrimejarem e o peso do meu amor por ela esmagar meu coração. Assim tão perto dela, a única coisa que eu quero é beija-la e abraça-la tão apertado e nunca mais solta-la. Eu não aguento mais isso. — Se você não tem nada a me dizer sobre sentimentos, eu tenho. Eu estou cansado também, sabe? Cansado de mentir, de guardar esse segredo. Eu não me importo mais se você não sente o mesmo, não me importo com seu irmão ou nossas famílias. Eu simplesmente não aguento mais guardar algo tão grande e poderoso dentro de mim, isso está me consumindo, eu tenho vontade de gritar para o mundo todo ouvir.
— Do que você está falando? — Ela me olha confusa.
— Eu te amo. — Falo de uma vez. Seus olhos se arregalam e sua boca abre em espanto. Sinto um alivio tão grande por finalmente admitir isso em voz alta, que um sorriso se forma em meus lábios.
Afrouxo um pouco o meu aperto em seus braços, já que ela não está mais se debatendo, e puxo-a para mais perto, nossos corpos pressionados um contra o outro.
— Eu te amo com todo o meu coração, com toda a minha alma. Eu te amo com todas as forças do meu ser, com cada suspiro, com cada pensamento, com cada fôlego. Cada pedacinho de você, eu amo por inteiro. Eu amo tudo o que você toca, tudo o que você ama, tudo o que você pensa, tudo o que você é, eu amo o mundo só porque você está nele. Eu amo você, Demi, e não quero ninguém além de você. — Sinto uma lágrima escorrendo por minha bochecha. —Tudo o que está em meu coração e em meus pensamentos é você, você meu amor, você e mais ninguém. E não quero que sejamos amigos com benefícios, que tenhamos um lance ou nada disso. Eu quero você para mim e só para mim, eu quero que você seja minha, quero ter um relacionamento sério com você como eu nunca quis nada em toda a minha vida. Eu quero você, eu preciso de você. — Minha voz falha, quase não consigo ver Demi e sua reação devido as lágrimas que agora escorrem livremente de meus olhos. Mas ela parece chocada, isso eu posso garantir.
— Mas...Mas eu...Eu achei que você não sentia esse tipo de coisa, e aquela mulher lá em cima...Ela estava...
— Não é nada disso que você está pensando. Suzana é a irmã de um amigo meu, amigo que aliás está lá em cima também, ele veio me visitar e estávamos jantando. Ela derramou vinho em seu vestido e eu lhe emprestei algumas roupas, só isso. — Limpo as lágrimas de meu rosto com uma mão, mas continuo segurando-a por perto com a outra, e então limpo suas lágrimas e aproveito para acariciar seu lindo rosto.
— E você está certa, eu não sentia esse tipo de coisa. Não até pouco tempo atrás, não até começarmos a nos envolver e eu me apaixonar perdidamente por você.
Ela começa a balançar a cabeça e posso ver que está se esforçando para entender tudo o que eu lhe disse.
— Eu sei que você ainda ama Vince, mas ele não presta Demi, e se você me der uma chance eu juro que eu...
— Eu não amo Vince. — Ela me corta e diz com confiança.
— Não? — Pergunto. Agora eu que estou confuso. É claro que ela o ama, eu vi como ela ainda se importa com ele.
— Não, eu não o amo, Joe.
— Mas...E aquela noite, eu vi você sofrendo por ele, eu achei que...Você estava tão mal e eu achei que... — Agora é a minha vez de não conseguir formular uma frase decente devido à confusão.
— Não. Aquilo que aconteceu, o modo como eu me comportei...Não teve nada a ver com o que eu sinto por Vince, tinha a ver com o que eu sentia. É complicado e não tem importância, o que importa agora é que, eu não amo Vince, eu amo você, Joe.
Tudo bem, esse deve ser mais um daqueles meus sonhos super realistas em que ela diz que me ama. Não posso acreditar que seja real, tudo o que eu tenho sonhado há semanas é ouvi-la dizer que me ama.
Ela realmente disse isso? Meu Deus, não consigo falar, não consigo me mover, não consigo nem respirar.
Tenho medo de fazer qualquer coisa que possa me acordar desse sonho. Eu não quero acordar, quero ficar nesse lugar para sempre, um mundo de sonhos onde Demi acabou de confessar que me ama.
— Você ouviu o que eu disse? Você está me ouvindo, Joe?
— Diga de novo. Diga, por favor. — Seguro seu rosto com ambas as mãos e imploro com lágrimas de felicidade transbordando de meus olhos. — Diga que você ama, por favor.
— Eu te amo, Joe. Eu estou completamente, perdidamente e irrevogavelmente apaixonada por você. E eu quero ser sua tanto quando você quer que eu seja.
Ah meu Deus! Sinto uma descarga tão grande de alivio, euforia e pura felicidade que sinto meus joelhos vacilarem por um segundo.
— Ah Demi. Você não sabe o quanto eu sonhei em te ouvir dizendo isso, baby. Eu também te amo, muito, muito, muito. — Digo-lhe e sem demora aproximo nossos rostos e junto nossos lábios.
Deixo que toda a alegria e amor que estou sentindo passem de mim para ela, através de nossos lábios.  
Sinto tanta paixão emanando dela quanto de mim mesmo. É tão mágico, tão puro, tão verdadeiro.
Eu nunca me senti tão bem e tão feliz em toda a minha vida. Sinto como se tivesse passado todos esses 29 anos em um martírio, e agora estivesse finalmente livre. Finalmente vivo.
Agarro Demi e a espremo contra mim, agarro-a, acaricio-a e a beijo freneticamente. E ela, tão igualmente desesperada, me abraça forte e devora minha boca com paixão.
Quando ficamos sem fôlego, nos afastamos somente o suficiente para deixarmos um pouco de ar entrar em nosso pulmões e voltamos a nos beijar ferozmente.
E ficamos assim não sei por mais quanto tempo, e sinceramente não me importo com mais nada, nem com Patrick e Suzana me esperando lá em cima, nem com as pessoas na rua, nem com as pessoas que não aprovarão nosso amor, nem com Vince e nem com ninguém.
A única pessoa que importa é ela. Ela, e somente ela.
“Demi me ama, ela realmente me ama!”

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Gente desculpa a demora, minhas aulas estão voltando e to mega ocupada, mas sempre vou postar assim que der.
xoxo

14.2.16

Paixão Inesperada - Capitulo 18 (2/2) - Love Sucks


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— Meu sentimento por ela só crescia, e nossa amizade também. Jacob logo foi promovido e começou há passar muito tempo trabalhando, e eu e Denise passávamos cada vez mais tempo juntos. Acho que eu era meio masoquista, mas não conseguia lhe dizer não quando ela me ligava para ir encontra-la porque Jacob estava trabalhando até mais tarde. Queria passar cada segundo que eu podia com ela.
— Eu entendo. — Digo sem pensar e me recrimino. Papai me olha com uma cara estranha, mas não pergunta nada.
— Comecei a perceber alguns sinais de que ela também estava sentindo alguma coisa, mas então Jacob aparecia e ela parecia estar super apaixonada por ele. Eu ficava tão confuso, não sabia se aquele interesse por parte dela era só coisa da minha cabeça ou de fato ela gostava de mim. Talvez ela gostasse de nós dois. Teve uma noite que saímos para jantar nós três, mas Jacob recebeu uma ligação do trabalho e teve que ir, então ficamos só ela e eu. Jantamos, conversamos e rimos muito. Na hora de ir embora eu perguntei se ela não gostaria de passear um pouco, ela disse que ainda não conhecia muito bem a cidade e que queria sim. No meio do nosso passeio eu senti que...Como é que vocês jovens dizem mesmo? Rolou um clima.
“Eu estava cansado de não saber se ela gostava de mim ou não, estava cansado dos seus sinais confusos e não aguentava mais não ter ela para mim. Então sem pensar eu a beijei, e para minha surpresa ela retribuiu. Mas depois se afastou, disse que aquilo era muito errado e nós fomos embora. Não consegui dormir naquela noite, só consegui pensar nos seus lábios nos meus. Era enlouquecedor. Alguns outros beijos aconteceram depois daquele, em todos ela parecia querer também, mas sempre se afastava e falava como aquilo era errado. Eu achava que ela estava apaixonado por mim, mas estava com...Medo. Decidi tomar a iniciativa e me declarei para ela, contei que eu a amava desde da primeira vez que eu a vi.” — E ela?
— Ela disse que estava apaixonada por mim, muito. Só que ela não queria magoar Jacob, ela estava confusa e não sabia o que fazer. Mas acabou que nosso amor foi maior que tudo isso, então ela terminou o noivado para podermos ficar juntos e saiu do apartamento que dividia com Jacob.
— Como Jacob reagiu?
— Como você acha? Primeiro ele ficou confuso, querendo saber por que ela estava terminando com ele. Quando ela disse que nós estávamos apaixonados, ele ficou louco. Veio atrás de mim e nós brigamos feio, ele me bateu, mas eu não conseguia bater de volta, apenas tentava me proteger. Acho que era porque eu estava me sentindo muito culpado, ele amava muito ela e eu sabia disso.
— Deve ter sido difícil escolher entre seu melhor amigo e a mulher que você ama.
— Foi, mas eu sabia quem seria minha escolha. Eu amava muito sua mãe, na verdade ainda amo demais, e apesar de ter me doido muito, muito mesmo magoar Jacob dessa forma e perder sua amizade, eu sabia que conseguiria viver sem ele na minha vida, mas não sem sua mãe. Então ficamos juntos mesmo magoando Jacob, nenhum de nós dois ficamos feliz de fazer isso com ele, mas estávamos muito apaixonados um pelo outro e não conseguíamos mais ficar separados. E mesmo que não ficássemos juntos, sua mãe me ama e não amava mais ele, de qualquer forma ela acabaria não se casando com ele. Ele achava que eu tinha feito tudo de propósito, que eu tinha tramado tudo isso pelas suas costas, eu tentei explicar que simplesmente tinha acontecido, mas ele não queria me escutar. Ele disse que me odiava e que nunca iria me perdoar, e nunca perdoou.
— Vocês nunca mais se falaram?
— No começo eu tentei, mas ele dificultava muito as coisas, chegando até a me agredir várias vezes em que eu tentei falar com ele, então eu desisti. Depois de alguns anos de casado, quando você era bebê, eu o procurei e descobri que ele tinha se mudado para Montana, entrei em contato e ele me disse para nunca mais o procura-lo. A última vez que eu tentei fazer contato foi há uns dez anos atrás, ele ainda estava morando no mesmo lugar em Montana, então eu o escrevi uma carta, e ele nunca respondeu.
— Sinto muito, por ter perdido seu melhor amigo.
— Eu também, mas todo dia que eu acordo e vejo sua mãe ao meu lado, eu penso “valeu a pena”.
— E como vocês lidaram com o fato da sua família não gostar de mamãe?
— Na verdade não era bem a minha família, só a minha mãe. Todos ficaram um pouco receosos por mim, pelo modo como tínhamos acabado ficando juntos , eles tinham medo que sua mãe fizesse a mesma coisa comigo que ela fez com Jacob. Mas logo todos perceberam que nós estávamos mesmo apaixonados.
— Menos vovó.
— Menos a sua vó. Ela achava que Denise era uma vadia, e chegou a falar isso para ela em várias ocasiões. Ela não se conformava pelo que tínhamos feito ao pobre Jacob, mas eu ela perdoou, mas a aproveitadora que seduziu seu filho e o fez trair seu melhor amigo, não. Foi difícil no começo. Sua avó não foi no meu casamento.
— Sério? — Pergunto espantado. — Isso é muito triste, sinto muito, pai.
— Foi muito triste não ter ela comigo naquele dia tão especial. E foi mais triste porque eu tive que me afastar dela.
— Por causa da mamãe?
— Sim, sua avó tratava muito mal Denise. Sua mãe não me contava nada, não querendo me fazer ficar com raiva da minha própria mãe, mas quando eu descobri que ela estava infernizando a vida da minha esposa eu parei de falar com ela. Ficamos um tempo assim, até que Denise ficou grávida de você, então sua avó quis se reaproximar. Ela e sua mãe realmente conversaram, acho que pela primeira vez, e acabaram se entendendo. Eu diria que minha mãe tinha passado de odiar Denise para suporta-la, algo que eu não tinha conseguido que ela fizesse, mas você conseguiu. Tinha jeito com as mulheres mesmo antes de nascer, rapaz. — Ele diz e ambos rimos.
— Mas quando eu era criança eu me lembro de vovó tratando mamãe super bem, ela até parecia preferir ela a você. — Papai ri novamente.
— Elas ficaram amigas depois, e sua vó passou a amar sua mãe como se fosse sua própria filha.
Fico em silêncio por um momento, repassando em minha cabeça toda a história de amor dos meus pais.
— Essa é toda a história. Tem algo mais que você queria saber? — Ele pergunta.
— O amor de vocês era meio que...Impossível, não é?
— Esse é um jeito de ver as coisas. Mas eu te digo uma coisa filho, não existe amor verdadeiro que não seja capaz de transformar as coisas impossíveis em possíveis.
— Então você acha que todo amor é mais forte do que as situações impossíveis em que ele se encontra? — Pergunto olhando-o nos olhos.
— Todo amor verdadeiro, sim. Tenho certeza.
— Como você pode ter tanta certeza? Acho que você está sendo romântico demais, pai. Infelizmente existem amores, que mesmo sendo sinceros, não são possíveis.
Ela encara o horizonte por vários minutos, calado, seu olhar pensativo e compenetrado.
— Joe, você está apaixonado, filho? — Ele me pergunta e eu percebo que ele tenta soar normal, mas há uma certa ansiosidade por detrás de suas palavras.
Demoro para responde-lo, eu não admiti isso para ninguém, apenas para mim mesmo, e não foi algo fácil.
Abro a boca mas não consigo fazer isso, não consigo admitir em voz alta, é mais difícil do que imaginava. É como se eu estivesse tentando fazer algo contra a minha natureza.
— Sim. — Digo com uma voz fraca, é a única palavra que eu consigo dizer. Meu pai me olha com um sorriso enorme, aposto que ele está pensando “finalmente”, mas quando vê minha expressão seu sorriso morre.
— É um amor impossível?
— Não sei se é amor, mas e impossível. — Respondo, e é verdade, eu estou apaixonado por Demi, mas ama-la? Se a teoria de papai estiver certa, se o amor verdadeiro é identificável pelo medo que sentimos dele, então eu...Eu acho que eu posso ama-la sim.
Porque eu estou completamente apavorado pela enormidade e pela força do que eu sinto por Demi.
— Por quê?
— Por vários motivos. — Digo tentando me esquivar de sua pergunta.
— Quais? — Não posso ser completamente sincero com ele, se não ele vai descobrir de quem eu estou falando. Mas bem que eu queria finalmente colocar tudo para fora e contar para alguém essa história maluca entre Demi e eu. Capaz de meu pai ter um ataque do coração se ele descobrisse que a mulher que estamos conversando é Demi Lovato.
— O fato de eu ser conhecido por todo mundo como um prostituto. — Digo me lembrando de como Miley me chamou quando descobriu sobre Demi e eu. — Um cara que nunca se apaixona e vive com uma mulher diferente a cada noite, mesmo que eu não seja mais como há alguns anos atrás, a reputação me persegue, e a verdade é que até muito pouco tempo atrás eu continuava dormindo com várias mulheres, eu parei de fazer isso quando eu comecei a me envolver com ela. Mas mesmo assim, eu sempre vou ter essa reputação, e é ela que faz com que a família dela não vá me aceitar, isso e outras coisas também.
— Entendo. — Ele diz pensativo.
— E tem o fato dela ser mais nova também.
— Mais nova quanto, Joe? — Ele me dá aquele olhar desconfiado, e de quem está prestes a me dar um sermão.
— Calma, pai. Ela é maior de idade, não se preocupe.
— Como ela se sente com relação a você? Ela corresponde ao seu sentimento?
— Eu acho que não. — Digo tristemente.
— Como assim acha que não?
— Eu não contei para ela, para ninguém na verdade, você é o único que sabe.
— Então quando você disse que começo a se envolver com ela, você estava falando de sexo e não romanticamente?
— Sim, tudo começou como algum tipo de relação sexual casual em que ambos concordamos. Ela se sentia atraída por mim e eu estava louco de desejo por ela, como nunca havia sentido por outra mulher na minha vida. Ficamos nesse lance casual por alguns meses, ainda estamos na verdade, mas eu acabei me apaixonando e não sei o que fazer.
— Conte para ela como você se sente, é claro.
— Mas eu acho que ela ainda gosta do ex namorado. Ele a magoou muito, mas ela ainda o amava quando a gente começou esse lance, na verdade acho que foi um dos motivos dela querer se envolver casualmente comigo. Ela não demostra ainda ama-lo, mas eu vi como ela o amava muito somente há muito pouco tempo atrás, ela me disse com toda as letras que o amava muito quando começamos a nos envolver.
— E mesmo assim você aceitou ficar transado com ela? — Ele pergunta com aquele tom de reprovação que só um pai sabe fazer.
— Não é como se eu tivesse me aproveitado dela. — Digo me defendendo.
— Na verdade, é isso mesmo. Ela estava frágil e magoada com o namorado, claramente ainda o amava e mesmo assim você a convenceu a se envolver nisso só porque você a desejava como nunca havia desejado outra mulher. Isso foi muito egoísta, filho.
— Eu não a forcei a fazer nada. — Mas eu fiquei a perseguindo. Droga, será que eu me aproveitei mesmo da fragilidade de Demi? Mas que porra, não quero ser um aproveitador.
— Tudo bem, não precisa ficar bravo comigo.
— Desculpe. É só que isso que eu sinto, nunca senti antes, você sabe que eu nunca me apaixonei e eu só estou com muito...
— Medo. — Ele termina minha frase assim como eu havia feito com ele e me dá um sorriso condescendente.
— Sim, estou apavorado. Apavorado porque eu nunca gostei de ninguém antes e de repente eu percebi que eu gosto dela demais, apavorado que ela não goste de mim, apavorado que ela seja o amor da minha vida e eu não seja o dela.
— Se ela for mesmo o amor da sua vida, ela vai gostar de você, mesmo que ainda não goste, ela irá um dia. Isso ou você está enganado e ela não é o amor da sua vida. Você já pensou que todo esse medo que você está sentindo pode ser só porque ela é a sua primeira paixão, e não porque você a ama?
— Você acha? Eu não sei, pode ser. O que você quis dizer com mesmo que ela não goste ela irá?
— Porque se ela for mesmo o seu amor verdadeiro, você será o dela. Não existe amor verdadeiro não correspondido, o que existe são pessoas que acham que amam de verdade e não são correspondidas, mas então elas vão lá e se apaixonam de novo e pensam “agora sim, ela é o amor da minha vida”. Isso não existe filho, as pessoas são muito levianas com esse assunto, acham que qualquer paixão é amor verdadeiro. Mas acontece que quando realmente é, ele é para sempre, você não simplesmente esquece a pessoa e acha outro amor verdadeiro, as coisas não funcionam assim.
— E quando a pessoa morre e o outro se apaixona de novo. Você está dizendo que essa segunda pessoa nunca vai ser o amor verdadeiro da primeira pessoa?
— Para mim, não. Ela pode até amar de novo, mas verdadeiramente e de todo coração, não. Sempre existirá um espaço especial para o amor verdadeiro que morreu no coração. Eu mesmo, se sua mãe morresse... — Ele faz uma careta como se só pensar nisso o machucasse. — Eu nunca amaria outra mulher, nem menos, nem mais e nem igual ao quanto eu amo ela. Simplesmente não consigo me imaginar amando outra mulher, nem que seja só um pouco.
— Então você está me dizendo que se ela for a mulher da minha vida, eu também serei o homem da vida dela, se não, eu estou sendo leviano e apenas estou confundindo uma paixãozinha com amor?
— Exatamente isso que eu estou dizendo. Talvez você só esteja confuso e como essa é a primeira vez que você se apaixona, não saiba lidar com esse sentimento.
— Ou talvez ela só foi capaz de me fazer me apaixonar, porque ela é a mulher da minha vida.
— Talvez. Mas eu nunca ouvi falar de uma pessoa que nunca se apaixonou antes de conhecer o amor da sua vida, com exceção àqueles sortudos que os encontram logo de cara. Mas não ache que só porque ela conseguiu mexer com você e as outras não, que ela é para sempre.
— Acho que você pode ter razão, faz sentido até. Mas é difícil me imaginar sentindo algo mais forte do que isso por outra mulher, mas como você mesmo disse, ela é minha primeira paixão, eu não sei realmente muita coisa sobre esse assunto. Eu posso estar muito errado.
— Mas uma coisa nessa história toda é certa e clara como água.
— O que?
— Você tem que contar para ela como você se sente.
— E se ela não sentir o mesmo, como eu faço para saber que eu devo insistir ou que eu devo recuar porque ela não é mesmo o amor da minha vida.
— Isso só depende de você. Você vai sentir quando a hora de desistir chegar, e se vocês forem mesmo feitos um para o outro, ela se apaixonará antes de você desistir.
— Mas e se eu insistir, ela se apaixonar mas não for o amor da minha vida?
— Eu acho que você faz perguntas demais, meu filho. E infelizmente eu não sei a resposta para todas elas. Mas o que as pessoas normais costumam fazer, é arriscar. — Ele diz com um sorriso divertido, zombando de mim.
— Então acho que eu tenho que arriscar.
— Eu acho que sim. Você vai me dizer quem é a mulher que finalmente conquistou o coração inalcançável do meu filho?
— Sinto muito, mas eu não posso, ainda não. É complicado.
— Tudo bem, apesar de que agora eu estou muito curioso para saber o porquê do mistério todo. Mas eu vou confiar em você e não vou te pressionar a me contar nada. E saiba que não importa o quão complicado ou impossível às coisas possam parecer entre vocês dois, eu vou sempre te apoiar, e no que eu puder te ajudar, é só pedir.
— Obrigado, pai. Obrigado por me escutar e me aconselhar, eu vou dizer tudo o que eu sinto para ela. — Dou lhe um abraço meio desajeitado.
— Que bom, meu filho. Espero que vocês dois se ajeitem e que eu e sua mãe possamos conhecê-la logo. Sua mãe vai ficar louca quando descobrir que você finalmente se apaixonou. Ela se preocupa muito com você e que você nunca vá sossegar.
— É, eu sei. — Rio. — Será que você pode guardar segredo por enquanto? Eu queria muito falar para mamãe sobre isso, mas sabia que ela iria pirar e ficar animada, e você era a minha melhor escolha para me abrir.
— Pode deixar, não vou contar para ninguém. E obrigado pela confiança em mim. Agora acho melhor você terminar essa cerca antes que o sol se ponha.
— Está certo. — Pulo da caçamba e volto até a cerca.
Mesmo morrendo de medo de como Demi vai reagir, eu decido que eu devo contar como me sinto. Talvez ela nem esteja mais apaixonada por Vince e mesmo que ela não goste de mim, eu posso convencê-la a me dar uma chance.
Eu só não posso mais ficar reprimindo o que eu sinto quando estou perto dela, preciso lhe dizer que estou apaixonado e que não quero mais que sejamos amigos com benefícios, e sim namorados. Se ela aceitar, depois eu vejo como lidar com Nick e a reação de nossas famílias.
Pego o martelo e começo a concertar o restante da cerca.
— Então, você vai ficar para o jantar, filho?
Não sei por que não estou conseguindo falar com Demi. A última vez que eu falei com ela foi antes de ontem.
Ontem de dia eu tentei entrar em contato, mas seu telefone estava desligado, imaginei que pudesse estar estudando então não liguei mais, então de noite eu estava em Wills Point jantando com minha família depois de ter uma longa e esclarecedora conversa com meu pai, lhe enviei uma mensagem dizendo que passaria a noite na fazenda e só voltaria para Dallas pela manhã, mas ela não me respondeu.
E agora isso, estou o dia todo ligando para ela e seu celular continua desligado, não sei o número do seu apartamento e nem se ela tem telefone fixo, nunca perguntei.
Por isso, assim que sai do trabalho fui direto para UTD. Preciso saber se aconteceu alguma coisa, porque nós estávamos bem e ela não tem motivos para estar me ignorando. E também estou louco para finalmente lhe confessar que eu estou apaixonado por ela, e estou ansiosa para ver qual será sua reação. Acho que se ela me dissesse que também gosta de mim eu explodiria de felicidade.
Bato na porta do seu apartamento e infelizmente sua desagradável colega abre a porta.
— Olá, bonitão. Você de novo por aqui? — Ela abre um sorriso lento e predatório quando me vê parado a sua frente, e eu juro que sinto um frio na espinha.
— Olá, Demi está?
— Está, mas não sei se ela vai querer falar com você. — Ela diz colocando a mão na cintura.
— É que aquela lá não sai do quarto a dois dias. Nem para ir ao banheiro ou tomar banho. — Ela diz fazendo uma careta de nojo.
— Como assim não sai do quarto? Ela não foi as aulas, não comeu?
— Não que eu saiba, eu não a vi sair do quarto nem uma única vez.
— Mas o que aconteceu, ela está bem? — Pergunto e sinto a preocupação e o medo de que algo a tenha acontecido me deixando desesperado.
— E como é que eu vou saber? — Ela pergunta com descaso.
— Você não foi verifica-la? E se ela está desmaiada lá dentro ou algo assim? — Pergunto indignado com a falta de sensibilidade e querendo estrangular essa mulher. Se algo aconteceu com Demi eu vou mata-la por não ter a ajudado.
— Vou vê-la. — Passo por ela e entro no apartamento mesmo sem ser convidado. Ela dá um passo desiquilibrado para trás e então fecha a porta.
— Não sei o que alguém como você está fazendo com ela. — Ela diz, me fazendo parar no meio do caminho.
— O que? — Pergunto me virando para ela.
— Você é gostoso demais, merece alguém melhor do que ela. Você sabe que eu poderia te oferecer muito mais diversão, não é? — Ela diz ronronando, numa tentativa patética de ser sensual, e se aproxima de mim. Se fosse em outros tempos, eu provavelmente teria aceitado sua proposta. Mas agora ela só me enoja, e eu me pergunto se foi assim que ela seduziu Vince e fez com que ele traísse Demi, ou talvez ela nem precisou ter trabalho com ele, aquele cara é um filho da puta e é nojento igual a essa mulher. Eles se merecem.
— Não existe nada, absolutamente nada que você possa me oferecer. E você está errada, ela é quem merece alguém melhor do que eu. E merece uma colega de quarto melhor também, uma que não seja uma vadia louca e nojenta que fica se oferecendo para o primeiro cara que encontra. — Digo e me afasto, mas não sem antes ver sua expressão de choque pelas minhas palavras.
Vou até o quarto de Demi e bato na porta.
— Demi, você está me ouvindo? Sou eu Joe.
Alguns segundo se passam e eu bato de novo.
— Vá embora. — Um sopro de voz vem de dentro do quarto.
— Demi, você está bem? Abra a porta, você precisa comer.
Nenhuma resposta.
— Demi, se for verdade o que aquela mulher disse, você não sai daí de dentro há dois dias. Você precisa abrir a porta e me dizer o que está acontecendo, baby.
— Só vá embora, por favor. — Ela responde.
— Não, Demi. Você precisa me dizer o que está acontecendo, estou tentando falar com você desde antes de ontem, mas seu celular só dá desligado. Converse comigo, me conte o que aconteceu. Por favor.
Dessa vez ela não responde.
— Por favor, estou ficando preocupado.
Escuto um barulho vindo de dentro do quarto, depois a chave na porta e então silêncio de novo.
Giro a maçaneta e entro no quarto escuro, procuro pelo interruptor e acendo a luz. Meus olhos viajam pelo quarto e encontram Demi encolhida na cama.
Fecho a porta e vou correndo até ela, sento-me da beirada da cama e a olho.
Seus cabelos estão desgrenhados e seus olhos vermelhos, como se ela tivesse passado esse dois dias chorando. Sua aparência está abatida e suspeito que seja pela falta de alimento.
— O que aconteceu, baby? — Pergunto com a voz calma e baixa, já que ela parece tão frágil, como se fosse se quebrar a qualquer momento.
— Não quero falar sobre isso, só me deixe sozinha. — Ela diz com fiapo dolorido de voz e isso corta meu coração. Sou capaz de fazer qualquer coisa para tira-lhe a dor e faze-la voltar a ser aquela Demi sorridente e alegre.
— Isso está fora de questão. Conte-me o que aconteceu e quem sabe eu possa ajuda-la, hum? — Digo e acaricio seus cabelos.
— Você não pode, ninguém pode. — Ela sussurra.
— Diga, o que aconteceu? Você está me preocupando, baby. — Digo agora acariciando sua bochecha.
Só quero puxa-la para meu colo e ficar segurando-a e protegendo-a de tudo que possa machuca-la.
— Foi ele. — Ela diz e eu mal consigo ouvi-la.
— Hã? Ele quem?
— Vince. — Ao ouvir esse nome congelo. Retiro minha mão de seu rosto e trago-a novamente para junto do meu corpo.
Vários sentimentos me dominam. Raiva, ciúmes e medo são os mais dominantes.
— Ele te fez alguma coisa? — Pergunto com ódio.
— Ele me confessou que Aletta não foi a única mulher com quem ele transou quando estava comigo. Ele confessou que ficou com uma garota na mesma festa em que tínhamos ido juntos, ele me deixou sozinha e foi transar com outra, e a idiota aqui achando que ele tinha ido conversar com os amigos. — Ela começa a chorar.
— Filho da puta. — Sinto meu ódio por esse cara crescendo cada vez mais. Fecho os punhos e os aperto com raiva, mas aí um sentimento muito mais desagradável me domina quando percebo uma coisa.
Eu estava certo. Demi ainda gosta de Vince, não estaria desse jeito se não gostasse.
Ciúmes e um enjoo horrível tomam conta de mim, tão forte que conseguem até sobrepor a raiva que estou sentindo daquele pedaço de merda.
— Por que ele foi te dizer isso justo agora? — Pergunto tentando com todas as minhas forças não demostrar a tristeza que estou sentindo.
— Ele disse que queria ser honesto comigo para que possamos ser amigos.
— E dá onde ele tirou essa ideia que vocês seriam amigos? Que idiota. — Digo debochando dele. Esse cara é um fodido mesmo, que ódio.
— É porque nós meio que já éramos amigos de novo. — Ela diz e parece um pouco envergonhada ao dizer isso.
Suas palavras me pegam de surpresa, e parece que eu acabei de levar um soco no estômago. Mais raiva, ciúmes e tristeza vêm como uma onda.
— Como assim? — Pergunto com medo.
— Ele me procurou um tempo atrás e disse que queria que voltássemos a ser amigos. E eu aceitei.
“Ela tinha voltado a ser amiga dele esse tempo todo? Conversando e saindo com ele de novo?”
Ah meu Deus, isso dói. É claro que ela ainda ama ele, eu fui tão idiota de achar que não. Mesmo ele sendo um filho da puta e magoando-a, ela o ama. Ela só está me usando para tentar esquece-lo, é claro. Como eu sou idiota. Ela ama ele, não eu, ela nunca vai sentir nada por mim.
Luto para que as lágrimas que eu quero tanto derramar não caiam, não posso chorar na frente dela. Não posso mostrar que me importo e que saber dessa amizade me machuca tanto assim.
— Ah. — É a única coisa que eu consigo dizer sem quebrar e começar a chorar.
— Desculpa, eu sei que isso pode te incomodar, por causa daquela vez que ele te bateu.
— Tudo bem. — Digo desviando o olhar dela, sabendo que se eu mentisse olhando em seus olhos eu não aguentaria.
Ela acha que o único motivo para eu me importar é por causa daquela noite que o canalha me atacou - noite, aliás, que terá volta – mas nem passou por sua cabeça que eu não gostaria de vê-la com ele porque eu sentiria ciúmes, por que eu gosto dela. Ela não entendeu nenhum dos meus sinais.
— Não vamos falar dele, vamos falar de você. Você tem que voltar para as aulas, tem que sair desse quarto e tem que comer, Demi. — Digo depois que consigo me controlar o suficiente para não correr o risco de chorar na sua frente.
— Eu não estou com fome. — Ela diz desanimada.
— Demi... — Me deixa tão triste vê-la sofrendo, ainda mais sabendo que é por causa dele.
— Eu só quero ficar sozinha agora. Prometo que amanhã eu volto a ir para a aula.
— Tudo bem, mas você tem que comer alguma coisa agora. Eu vou preparar algo para você.
— Não, não quero nada...
— Sem discussão. Você vai comer alguma coisa, vai sair desse quarto e amanhã vai voltar a assistir as aulas e a sua vida normal, entendido?
— Entendido.
— Ótimo, eu vou preparar algo para você comer e enquanto isso você vai tomar um banho.
— Mas...
— Sem mas, vá logo. Você não pode ficar trancada nesse quarto para sempre.
— Seu chato. — Ela diz se levantando da cama.
— Sou chato por que me preocupo com você.
— Você podia se preocupar menos. — Ela diz indo para o banheiro e fechando a porta.
“Eu poderia ‘menos’ muitas coisas com relação a você, Demi. Poderia te amar menos, por exemplo. Deveria te amar menos. Assim não seria tão doloroso.”
Vou até a cozinha e graças a Deus não encontro com Aletta, a cobra deve estar de volta ao seu ninho, também conhecido como quarto.
Vasculho a geladeira e os armários e decido que como ela não come há dois dias, é melhor preparar algo leve e sem gordura. Então faço um sanduiche natural.
Quando Demi sai do banho sua expressão está um pouco melhor e seus olhos não mais tão inchados. Faço-a comer na cozinha e me prometer que mais tarde, quando eu já tiver ido embora, ela vai comer mais alguma coisa.
Sirvo um copo cheio de suco de laranja e a observo comer e beber tudo.
— Você não precisa ficar me observando para ver se eu vou comer tudo, como uma criança.
— Eu sei, mas eu gosto de te ver comer. — Digo sem querer e ela me olha estranhamente por um segundo.
Se ela soubesse que eu gosto de observa-la fazendo qualquer coisa. Principalmente comendo, rindo, dormindo e o melhor de todos, gozando.
— Prontinho, comi tudo, viu? — Ela diz de forma petulante mostrando o prato e o copo vazios.
— Essa é a minha garota. Agora tenho que ir. Mas não se esqueça, você me prometeu comer algo mais tarde e a voltar a ir as aulas amanhã. Mas como eu sou muito chato, vou te ligar para garantir que você faça as duas coisas. — Ela revira os olhos e me acompanha até a porta.
— Tenha uma boa noite, a gente se vê amanhã. E se precisar de alguma coisa, me ligue, qualquer horário, ok? Não deixe aquele filho da mãe fazer isso com você. — Dou-lhe um beijo na testa e vou embora, com o coração pesado como uma âncora.
A manhã toda passou muito devagar. Assim que acordei liguei para Demi para garantir que ela tinha comprido sua promessa e tinha ido para a aula. Fiquei feliz ao ouvir vozes no telefone e uma Demi mal humorada dizendo que estava no meio da aula. Fiquei mais tranquilo por ela não estar mais trancada, mas ainda assim, triste pelo motivo de tê-la deixado naquele estado de ontem.
Constatar que a mulher que você ama, ama outro, não é algo muito agradável e me tirou o sono ontem à noite. Fique abraçado com o travesseiro que tem o seu cheiro, mas nem isso acalmou a tempestade que estava minha mente e meu coração.
Agora já é quase hora do almoço e tenho que ir me encontrar com Carlson Thompson. Espero que ele finalmente marque um dia para assinar esse maldito contrato.
Mesmo não sendo hoje o dia de assinarmos os papeis, ele pediu para que eu levasse algum advogado da empresa, que ele levaria o seu. Assim poderíamos discutir o que quer que seja que o está segurando com relação a essa parceria.
Então entro em meu carro e sigo na direção do caro restaurante onde temos uma mesa reservada. O advogado que eu escolhi foi Will, além de ser meu amigo é o melhor advogado que a Townsend possui, mas essa manhã ele está resolvendo alguns assuntos fora do escritório e deve nos encontrar no restaurante.
Por causa do transito chego apenas alguns minutos antes do horário marcado, e torço para que o Sr. Thompson não esteja adiantado alguns minutos. Deixa-lo esperando não é algo nada bom.
— Olá, estou aqui para encontrar uma pessoa. — Digo para a recepcionista do luxuoso restaurante.
— Possui reserva, senhor?
— Sim, está no nome de Carlson Thompson.
Ela confere o nome no seu aparelho eletrônico, levanta seu olhar novamente para mim com um sorriso de desculpas.
— Sinto muito, mas a mesa ainda não está pronta. Gostaria de esperar no bar, temos as melhores bebidas.
— É claro.
— Quando sua mesa estiver pronta, mando chama-lo, senhor.
— Tudo bem, obrigado. — Digo e sigo em direção ao bar.
O bar está praticamente vazio, também, é hora do almoço. Sento-me no banco de madeira envernizada e com acento de couro, e como estou aqui a trabalho e sei que provavelmente terei que tomar vinho no almoço, peço apenas uma dose de Martini.
Rapidamente o garçom entrega minha bebida e eu a bebo calmamente, olhando o relógio de vez em quando, e procurando o Sr. Thompson e Will, mas nenhum dois chegou ainda.
Deposito o copo vazio em cima do balcão e como a azeitona que veio junto com o drink.
Escuto alguns barulhos de salto alto no mármore do chão, que são mais evidentes porque como havia dito, o bar está quase deserto e está muito silencioso.
— Quanto tempo, docinho. — Escuto uma voz feminina atrás de mim.
Congelo na hora ao reconhecer aquela voz doce e sensual e tão, tão familiar.
Viro-me e dou de cara com ela. A louca perseguidora que eu não via há anos, e que está sorrindo maliciosamente para mim.
Eva McKenna. 

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Maratona começa no próximo capítulo
xoxo