14.2.16

Paixão Inesperada - Capitulo 18 (2/2) - Love Sucks


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— Meu sentimento por ela só crescia, e nossa amizade também. Jacob logo foi promovido e começou há passar muito tempo trabalhando, e eu e Denise passávamos cada vez mais tempo juntos. Acho que eu era meio masoquista, mas não conseguia lhe dizer não quando ela me ligava para ir encontra-la porque Jacob estava trabalhando até mais tarde. Queria passar cada segundo que eu podia com ela.
— Eu entendo. — Digo sem pensar e me recrimino. Papai me olha com uma cara estranha, mas não pergunta nada.
— Comecei a perceber alguns sinais de que ela também estava sentindo alguma coisa, mas então Jacob aparecia e ela parecia estar super apaixonada por ele. Eu ficava tão confuso, não sabia se aquele interesse por parte dela era só coisa da minha cabeça ou de fato ela gostava de mim. Talvez ela gostasse de nós dois. Teve uma noite que saímos para jantar nós três, mas Jacob recebeu uma ligação do trabalho e teve que ir, então ficamos só ela e eu. Jantamos, conversamos e rimos muito. Na hora de ir embora eu perguntei se ela não gostaria de passear um pouco, ela disse que ainda não conhecia muito bem a cidade e que queria sim. No meio do nosso passeio eu senti que...Como é que vocês jovens dizem mesmo? Rolou um clima.
“Eu estava cansado de não saber se ela gostava de mim ou não, estava cansado dos seus sinais confusos e não aguentava mais não ter ela para mim. Então sem pensar eu a beijei, e para minha surpresa ela retribuiu. Mas depois se afastou, disse que aquilo era muito errado e nós fomos embora. Não consegui dormir naquela noite, só consegui pensar nos seus lábios nos meus. Era enlouquecedor. Alguns outros beijos aconteceram depois daquele, em todos ela parecia querer também, mas sempre se afastava e falava como aquilo era errado. Eu achava que ela estava apaixonado por mim, mas estava com...Medo. Decidi tomar a iniciativa e me declarei para ela, contei que eu a amava desde da primeira vez que eu a vi.” — E ela?
— Ela disse que estava apaixonada por mim, muito. Só que ela não queria magoar Jacob, ela estava confusa e não sabia o que fazer. Mas acabou que nosso amor foi maior que tudo isso, então ela terminou o noivado para podermos ficar juntos e saiu do apartamento que dividia com Jacob.
— Como Jacob reagiu?
— Como você acha? Primeiro ele ficou confuso, querendo saber por que ela estava terminando com ele. Quando ela disse que nós estávamos apaixonados, ele ficou louco. Veio atrás de mim e nós brigamos feio, ele me bateu, mas eu não conseguia bater de volta, apenas tentava me proteger. Acho que era porque eu estava me sentindo muito culpado, ele amava muito ela e eu sabia disso.
— Deve ter sido difícil escolher entre seu melhor amigo e a mulher que você ama.
— Foi, mas eu sabia quem seria minha escolha. Eu amava muito sua mãe, na verdade ainda amo demais, e apesar de ter me doido muito, muito mesmo magoar Jacob dessa forma e perder sua amizade, eu sabia que conseguiria viver sem ele na minha vida, mas não sem sua mãe. Então ficamos juntos mesmo magoando Jacob, nenhum de nós dois ficamos feliz de fazer isso com ele, mas estávamos muito apaixonados um pelo outro e não conseguíamos mais ficar separados. E mesmo que não ficássemos juntos, sua mãe me ama e não amava mais ele, de qualquer forma ela acabaria não se casando com ele. Ele achava que eu tinha feito tudo de propósito, que eu tinha tramado tudo isso pelas suas costas, eu tentei explicar que simplesmente tinha acontecido, mas ele não queria me escutar. Ele disse que me odiava e que nunca iria me perdoar, e nunca perdoou.
— Vocês nunca mais se falaram?
— No começo eu tentei, mas ele dificultava muito as coisas, chegando até a me agredir várias vezes em que eu tentei falar com ele, então eu desisti. Depois de alguns anos de casado, quando você era bebê, eu o procurei e descobri que ele tinha se mudado para Montana, entrei em contato e ele me disse para nunca mais o procura-lo. A última vez que eu tentei fazer contato foi há uns dez anos atrás, ele ainda estava morando no mesmo lugar em Montana, então eu o escrevi uma carta, e ele nunca respondeu.
— Sinto muito, por ter perdido seu melhor amigo.
— Eu também, mas todo dia que eu acordo e vejo sua mãe ao meu lado, eu penso “valeu a pena”.
— E como vocês lidaram com o fato da sua família não gostar de mamãe?
— Na verdade não era bem a minha família, só a minha mãe. Todos ficaram um pouco receosos por mim, pelo modo como tínhamos acabado ficando juntos , eles tinham medo que sua mãe fizesse a mesma coisa comigo que ela fez com Jacob. Mas logo todos perceberam que nós estávamos mesmo apaixonados.
— Menos vovó.
— Menos a sua vó. Ela achava que Denise era uma vadia, e chegou a falar isso para ela em várias ocasiões. Ela não se conformava pelo que tínhamos feito ao pobre Jacob, mas eu ela perdoou, mas a aproveitadora que seduziu seu filho e o fez trair seu melhor amigo, não. Foi difícil no começo. Sua avó não foi no meu casamento.
— Sério? — Pergunto espantado. — Isso é muito triste, sinto muito, pai.
— Foi muito triste não ter ela comigo naquele dia tão especial. E foi mais triste porque eu tive que me afastar dela.
— Por causa da mamãe?
— Sim, sua avó tratava muito mal Denise. Sua mãe não me contava nada, não querendo me fazer ficar com raiva da minha própria mãe, mas quando eu descobri que ela estava infernizando a vida da minha esposa eu parei de falar com ela. Ficamos um tempo assim, até que Denise ficou grávida de você, então sua avó quis se reaproximar. Ela e sua mãe realmente conversaram, acho que pela primeira vez, e acabaram se entendendo. Eu diria que minha mãe tinha passado de odiar Denise para suporta-la, algo que eu não tinha conseguido que ela fizesse, mas você conseguiu. Tinha jeito com as mulheres mesmo antes de nascer, rapaz. — Ele diz e ambos rimos.
— Mas quando eu era criança eu me lembro de vovó tratando mamãe super bem, ela até parecia preferir ela a você. — Papai ri novamente.
— Elas ficaram amigas depois, e sua vó passou a amar sua mãe como se fosse sua própria filha.
Fico em silêncio por um momento, repassando em minha cabeça toda a história de amor dos meus pais.
— Essa é toda a história. Tem algo mais que você queria saber? — Ele pergunta.
— O amor de vocês era meio que...Impossível, não é?
— Esse é um jeito de ver as coisas. Mas eu te digo uma coisa filho, não existe amor verdadeiro que não seja capaz de transformar as coisas impossíveis em possíveis.
— Então você acha que todo amor é mais forte do que as situações impossíveis em que ele se encontra? — Pergunto olhando-o nos olhos.
— Todo amor verdadeiro, sim. Tenho certeza.
— Como você pode ter tanta certeza? Acho que você está sendo romântico demais, pai. Infelizmente existem amores, que mesmo sendo sinceros, não são possíveis.
Ela encara o horizonte por vários minutos, calado, seu olhar pensativo e compenetrado.
— Joe, você está apaixonado, filho? — Ele me pergunta e eu percebo que ele tenta soar normal, mas há uma certa ansiosidade por detrás de suas palavras.
Demoro para responde-lo, eu não admiti isso para ninguém, apenas para mim mesmo, e não foi algo fácil.
Abro a boca mas não consigo fazer isso, não consigo admitir em voz alta, é mais difícil do que imaginava. É como se eu estivesse tentando fazer algo contra a minha natureza.
— Sim. — Digo com uma voz fraca, é a única palavra que eu consigo dizer. Meu pai me olha com um sorriso enorme, aposto que ele está pensando “finalmente”, mas quando vê minha expressão seu sorriso morre.
— É um amor impossível?
— Não sei se é amor, mas e impossível. — Respondo, e é verdade, eu estou apaixonado por Demi, mas ama-la? Se a teoria de papai estiver certa, se o amor verdadeiro é identificável pelo medo que sentimos dele, então eu...Eu acho que eu posso ama-la sim.
Porque eu estou completamente apavorado pela enormidade e pela força do que eu sinto por Demi.
— Por quê?
— Por vários motivos. — Digo tentando me esquivar de sua pergunta.
— Quais? — Não posso ser completamente sincero com ele, se não ele vai descobrir de quem eu estou falando. Mas bem que eu queria finalmente colocar tudo para fora e contar para alguém essa história maluca entre Demi e eu. Capaz de meu pai ter um ataque do coração se ele descobrisse que a mulher que estamos conversando é Demi Lovato.
— O fato de eu ser conhecido por todo mundo como um prostituto. — Digo me lembrando de como Miley me chamou quando descobriu sobre Demi e eu. — Um cara que nunca se apaixona e vive com uma mulher diferente a cada noite, mesmo que eu não seja mais como há alguns anos atrás, a reputação me persegue, e a verdade é que até muito pouco tempo atrás eu continuava dormindo com várias mulheres, eu parei de fazer isso quando eu comecei a me envolver com ela. Mas mesmo assim, eu sempre vou ter essa reputação, e é ela que faz com que a família dela não vá me aceitar, isso e outras coisas também.
— Entendo. — Ele diz pensativo.
— E tem o fato dela ser mais nova também.
— Mais nova quanto, Joe? — Ele me dá aquele olhar desconfiado, e de quem está prestes a me dar um sermão.
— Calma, pai. Ela é maior de idade, não se preocupe.
— Como ela se sente com relação a você? Ela corresponde ao seu sentimento?
— Eu acho que não. — Digo tristemente.
— Como assim acha que não?
— Eu não contei para ela, para ninguém na verdade, você é o único que sabe.
— Então quando você disse que começo a se envolver com ela, você estava falando de sexo e não romanticamente?
— Sim, tudo começou como algum tipo de relação sexual casual em que ambos concordamos. Ela se sentia atraída por mim e eu estava louco de desejo por ela, como nunca havia sentido por outra mulher na minha vida. Ficamos nesse lance casual por alguns meses, ainda estamos na verdade, mas eu acabei me apaixonando e não sei o que fazer.
— Conte para ela como você se sente, é claro.
— Mas eu acho que ela ainda gosta do ex namorado. Ele a magoou muito, mas ela ainda o amava quando a gente começou esse lance, na verdade acho que foi um dos motivos dela querer se envolver casualmente comigo. Ela não demostra ainda ama-lo, mas eu vi como ela o amava muito somente há muito pouco tempo atrás, ela me disse com toda as letras que o amava muito quando começamos a nos envolver.
— E mesmo assim você aceitou ficar transado com ela? — Ele pergunta com aquele tom de reprovação que só um pai sabe fazer.
— Não é como se eu tivesse me aproveitado dela. — Digo me defendendo.
— Na verdade, é isso mesmo. Ela estava frágil e magoada com o namorado, claramente ainda o amava e mesmo assim você a convenceu a se envolver nisso só porque você a desejava como nunca havia desejado outra mulher. Isso foi muito egoísta, filho.
— Eu não a forcei a fazer nada. — Mas eu fiquei a perseguindo. Droga, será que eu me aproveitei mesmo da fragilidade de Demi? Mas que porra, não quero ser um aproveitador.
— Tudo bem, não precisa ficar bravo comigo.
— Desculpe. É só que isso que eu sinto, nunca senti antes, você sabe que eu nunca me apaixonei e eu só estou com muito...
— Medo. — Ele termina minha frase assim como eu havia feito com ele e me dá um sorriso condescendente.
— Sim, estou apavorado. Apavorado porque eu nunca gostei de ninguém antes e de repente eu percebi que eu gosto dela demais, apavorado que ela não goste de mim, apavorado que ela seja o amor da minha vida e eu não seja o dela.
— Se ela for mesmo o amor da sua vida, ela vai gostar de você, mesmo que ainda não goste, ela irá um dia. Isso ou você está enganado e ela não é o amor da sua vida. Você já pensou que todo esse medo que você está sentindo pode ser só porque ela é a sua primeira paixão, e não porque você a ama?
— Você acha? Eu não sei, pode ser. O que você quis dizer com mesmo que ela não goste ela irá?
— Porque se ela for mesmo o seu amor verdadeiro, você será o dela. Não existe amor verdadeiro não correspondido, o que existe são pessoas que acham que amam de verdade e não são correspondidas, mas então elas vão lá e se apaixonam de novo e pensam “agora sim, ela é o amor da minha vida”. Isso não existe filho, as pessoas são muito levianas com esse assunto, acham que qualquer paixão é amor verdadeiro. Mas acontece que quando realmente é, ele é para sempre, você não simplesmente esquece a pessoa e acha outro amor verdadeiro, as coisas não funcionam assim.
— E quando a pessoa morre e o outro se apaixona de novo. Você está dizendo que essa segunda pessoa nunca vai ser o amor verdadeiro da primeira pessoa?
— Para mim, não. Ela pode até amar de novo, mas verdadeiramente e de todo coração, não. Sempre existirá um espaço especial para o amor verdadeiro que morreu no coração. Eu mesmo, se sua mãe morresse... — Ele faz uma careta como se só pensar nisso o machucasse. — Eu nunca amaria outra mulher, nem menos, nem mais e nem igual ao quanto eu amo ela. Simplesmente não consigo me imaginar amando outra mulher, nem que seja só um pouco.
— Então você está me dizendo que se ela for a mulher da minha vida, eu também serei o homem da vida dela, se não, eu estou sendo leviano e apenas estou confundindo uma paixãozinha com amor?
— Exatamente isso que eu estou dizendo. Talvez você só esteja confuso e como essa é a primeira vez que você se apaixona, não saiba lidar com esse sentimento.
— Ou talvez ela só foi capaz de me fazer me apaixonar, porque ela é a mulher da minha vida.
— Talvez. Mas eu nunca ouvi falar de uma pessoa que nunca se apaixonou antes de conhecer o amor da sua vida, com exceção àqueles sortudos que os encontram logo de cara. Mas não ache que só porque ela conseguiu mexer com você e as outras não, que ela é para sempre.
— Acho que você pode ter razão, faz sentido até. Mas é difícil me imaginar sentindo algo mais forte do que isso por outra mulher, mas como você mesmo disse, ela é minha primeira paixão, eu não sei realmente muita coisa sobre esse assunto. Eu posso estar muito errado.
— Mas uma coisa nessa história toda é certa e clara como água.
— O que?
— Você tem que contar para ela como você se sente.
— E se ela não sentir o mesmo, como eu faço para saber que eu devo insistir ou que eu devo recuar porque ela não é mesmo o amor da minha vida.
— Isso só depende de você. Você vai sentir quando a hora de desistir chegar, e se vocês forem mesmo feitos um para o outro, ela se apaixonará antes de você desistir.
— Mas e se eu insistir, ela se apaixonar mas não for o amor da minha vida?
— Eu acho que você faz perguntas demais, meu filho. E infelizmente eu não sei a resposta para todas elas. Mas o que as pessoas normais costumam fazer, é arriscar. — Ele diz com um sorriso divertido, zombando de mim.
— Então acho que eu tenho que arriscar.
— Eu acho que sim. Você vai me dizer quem é a mulher que finalmente conquistou o coração inalcançável do meu filho?
— Sinto muito, mas eu não posso, ainda não. É complicado.
— Tudo bem, apesar de que agora eu estou muito curioso para saber o porquê do mistério todo. Mas eu vou confiar em você e não vou te pressionar a me contar nada. E saiba que não importa o quão complicado ou impossível às coisas possam parecer entre vocês dois, eu vou sempre te apoiar, e no que eu puder te ajudar, é só pedir.
— Obrigado, pai. Obrigado por me escutar e me aconselhar, eu vou dizer tudo o que eu sinto para ela. — Dou lhe um abraço meio desajeitado.
— Que bom, meu filho. Espero que vocês dois se ajeitem e que eu e sua mãe possamos conhecê-la logo. Sua mãe vai ficar louca quando descobrir que você finalmente se apaixonou. Ela se preocupa muito com você e que você nunca vá sossegar.
— É, eu sei. — Rio. — Será que você pode guardar segredo por enquanto? Eu queria muito falar para mamãe sobre isso, mas sabia que ela iria pirar e ficar animada, e você era a minha melhor escolha para me abrir.
— Pode deixar, não vou contar para ninguém. E obrigado pela confiança em mim. Agora acho melhor você terminar essa cerca antes que o sol se ponha.
— Está certo. — Pulo da caçamba e volto até a cerca.
Mesmo morrendo de medo de como Demi vai reagir, eu decido que eu devo contar como me sinto. Talvez ela nem esteja mais apaixonada por Vince e mesmo que ela não goste de mim, eu posso convencê-la a me dar uma chance.
Eu só não posso mais ficar reprimindo o que eu sinto quando estou perto dela, preciso lhe dizer que estou apaixonado e que não quero mais que sejamos amigos com benefícios, e sim namorados. Se ela aceitar, depois eu vejo como lidar com Nick e a reação de nossas famílias.
Pego o martelo e começo a concertar o restante da cerca.
— Então, você vai ficar para o jantar, filho?
Não sei por que não estou conseguindo falar com Demi. A última vez que eu falei com ela foi antes de ontem.
Ontem de dia eu tentei entrar em contato, mas seu telefone estava desligado, imaginei que pudesse estar estudando então não liguei mais, então de noite eu estava em Wills Point jantando com minha família depois de ter uma longa e esclarecedora conversa com meu pai, lhe enviei uma mensagem dizendo que passaria a noite na fazenda e só voltaria para Dallas pela manhã, mas ela não me respondeu.
E agora isso, estou o dia todo ligando para ela e seu celular continua desligado, não sei o número do seu apartamento e nem se ela tem telefone fixo, nunca perguntei.
Por isso, assim que sai do trabalho fui direto para UTD. Preciso saber se aconteceu alguma coisa, porque nós estávamos bem e ela não tem motivos para estar me ignorando. E também estou louco para finalmente lhe confessar que eu estou apaixonado por ela, e estou ansiosa para ver qual será sua reação. Acho que se ela me dissesse que também gosta de mim eu explodiria de felicidade.
Bato na porta do seu apartamento e infelizmente sua desagradável colega abre a porta.
— Olá, bonitão. Você de novo por aqui? — Ela abre um sorriso lento e predatório quando me vê parado a sua frente, e eu juro que sinto um frio na espinha.
— Olá, Demi está?
— Está, mas não sei se ela vai querer falar com você. — Ela diz colocando a mão na cintura.
— É que aquela lá não sai do quarto a dois dias. Nem para ir ao banheiro ou tomar banho. — Ela diz fazendo uma careta de nojo.
— Como assim não sai do quarto? Ela não foi as aulas, não comeu?
— Não que eu saiba, eu não a vi sair do quarto nem uma única vez.
— Mas o que aconteceu, ela está bem? — Pergunto e sinto a preocupação e o medo de que algo a tenha acontecido me deixando desesperado.
— E como é que eu vou saber? — Ela pergunta com descaso.
— Você não foi verifica-la? E se ela está desmaiada lá dentro ou algo assim? — Pergunto indignado com a falta de sensibilidade e querendo estrangular essa mulher. Se algo aconteceu com Demi eu vou mata-la por não ter a ajudado.
— Vou vê-la. — Passo por ela e entro no apartamento mesmo sem ser convidado. Ela dá um passo desiquilibrado para trás e então fecha a porta.
— Não sei o que alguém como você está fazendo com ela. — Ela diz, me fazendo parar no meio do caminho.
— O que? — Pergunto me virando para ela.
— Você é gostoso demais, merece alguém melhor do que ela. Você sabe que eu poderia te oferecer muito mais diversão, não é? — Ela diz ronronando, numa tentativa patética de ser sensual, e se aproxima de mim. Se fosse em outros tempos, eu provavelmente teria aceitado sua proposta. Mas agora ela só me enoja, e eu me pergunto se foi assim que ela seduziu Vince e fez com que ele traísse Demi, ou talvez ela nem precisou ter trabalho com ele, aquele cara é um filho da puta e é nojento igual a essa mulher. Eles se merecem.
— Não existe nada, absolutamente nada que você possa me oferecer. E você está errada, ela é quem merece alguém melhor do que eu. E merece uma colega de quarto melhor também, uma que não seja uma vadia louca e nojenta que fica se oferecendo para o primeiro cara que encontra. — Digo e me afasto, mas não sem antes ver sua expressão de choque pelas minhas palavras.
Vou até o quarto de Demi e bato na porta.
— Demi, você está me ouvindo? Sou eu Joe.
Alguns segundo se passam e eu bato de novo.
— Vá embora. — Um sopro de voz vem de dentro do quarto.
— Demi, você está bem? Abra a porta, você precisa comer.
Nenhuma resposta.
— Demi, se for verdade o que aquela mulher disse, você não sai daí de dentro há dois dias. Você precisa abrir a porta e me dizer o que está acontecendo, baby.
— Só vá embora, por favor. — Ela responde.
— Não, Demi. Você precisa me dizer o que está acontecendo, estou tentando falar com você desde antes de ontem, mas seu celular só dá desligado. Converse comigo, me conte o que aconteceu. Por favor.
Dessa vez ela não responde.
— Por favor, estou ficando preocupado.
Escuto um barulho vindo de dentro do quarto, depois a chave na porta e então silêncio de novo.
Giro a maçaneta e entro no quarto escuro, procuro pelo interruptor e acendo a luz. Meus olhos viajam pelo quarto e encontram Demi encolhida na cama.
Fecho a porta e vou correndo até ela, sento-me da beirada da cama e a olho.
Seus cabelos estão desgrenhados e seus olhos vermelhos, como se ela tivesse passado esse dois dias chorando. Sua aparência está abatida e suspeito que seja pela falta de alimento.
— O que aconteceu, baby? — Pergunto com a voz calma e baixa, já que ela parece tão frágil, como se fosse se quebrar a qualquer momento.
— Não quero falar sobre isso, só me deixe sozinha. — Ela diz com fiapo dolorido de voz e isso corta meu coração. Sou capaz de fazer qualquer coisa para tira-lhe a dor e faze-la voltar a ser aquela Demi sorridente e alegre.
— Isso está fora de questão. Conte-me o que aconteceu e quem sabe eu possa ajuda-la, hum? — Digo e acaricio seus cabelos.
— Você não pode, ninguém pode. — Ela sussurra.
— Diga, o que aconteceu? Você está me preocupando, baby. — Digo agora acariciando sua bochecha.
Só quero puxa-la para meu colo e ficar segurando-a e protegendo-a de tudo que possa machuca-la.
— Foi ele. — Ela diz e eu mal consigo ouvi-la.
— Hã? Ele quem?
— Vince. — Ao ouvir esse nome congelo. Retiro minha mão de seu rosto e trago-a novamente para junto do meu corpo.
Vários sentimentos me dominam. Raiva, ciúmes e medo são os mais dominantes.
— Ele te fez alguma coisa? — Pergunto com ódio.
— Ele me confessou que Aletta não foi a única mulher com quem ele transou quando estava comigo. Ele confessou que ficou com uma garota na mesma festa em que tínhamos ido juntos, ele me deixou sozinha e foi transar com outra, e a idiota aqui achando que ele tinha ido conversar com os amigos. — Ela começa a chorar.
— Filho da puta. — Sinto meu ódio por esse cara crescendo cada vez mais. Fecho os punhos e os aperto com raiva, mas aí um sentimento muito mais desagradável me domina quando percebo uma coisa.
Eu estava certo. Demi ainda gosta de Vince, não estaria desse jeito se não gostasse.
Ciúmes e um enjoo horrível tomam conta de mim, tão forte que conseguem até sobrepor a raiva que estou sentindo daquele pedaço de merda.
— Por que ele foi te dizer isso justo agora? — Pergunto tentando com todas as minhas forças não demostrar a tristeza que estou sentindo.
— Ele disse que queria ser honesto comigo para que possamos ser amigos.
— E dá onde ele tirou essa ideia que vocês seriam amigos? Que idiota. — Digo debochando dele. Esse cara é um fodido mesmo, que ódio.
— É porque nós meio que já éramos amigos de novo. — Ela diz e parece um pouco envergonhada ao dizer isso.
Suas palavras me pegam de surpresa, e parece que eu acabei de levar um soco no estômago. Mais raiva, ciúmes e tristeza vêm como uma onda.
— Como assim? — Pergunto com medo.
— Ele me procurou um tempo atrás e disse que queria que voltássemos a ser amigos. E eu aceitei.
“Ela tinha voltado a ser amiga dele esse tempo todo? Conversando e saindo com ele de novo?”
Ah meu Deus, isso dói. É claro que ela ainda ama ele, eu fui tão idiota de achar que não. Mesmo ele sendo um filho da puta e magoando-a, ela o ama. Ela só está me usando para tentar esquece-lo, é claro. Como eu sou idiota. Ela ama ele, não eu, ela nunca vai sentir nada por mim.
Luto para que as lágrimas que eu quero tanto derramar não caiam, não posso chorar na frente dela. Não posso mostrar que me importo e que saber dessa amizade me machuca tanto assim.
— Ah. — É a única coisa que eu consigo dizer sem quebrar e começar a chorar.
— Desculpa, eu sei que isso pode te incomodar, por causa daquela vez que ele te bateu.
— Tudo bem. — Digo desviando o olhar dela, sabendo que se eu mentisse olhando em seus olhos eu não aguentaria.
Ela acha que o único motivo para eu me importar é por causa daquela noite que o canalha me atacou - noite, aliás, que terá volta – mas nem passou por sua cabeça que eu não gostaria de vê-la com ele porque eu sentiria ciúmes, por que eu gosto dela. Ela não entendeu nenhum dos meus sinais.
— Não vamos falar dele, vamos falar de você. Você tem que voltar para as aulas, tem que sair desse quarto e tem que comer, Demi. — Digo depois que consigo me controlar o suficiente para não correr o risco de chorar na sua frente.
— Eu não estou com fome. — Ela diz desanimada.
— Demi... — Me deixa tão triste vê-la sofrendo, ainda mais sabendo que é por causa dele.
— Eu só quero ficar sozinha agora. Prometo que amanhã eu volto a ir para a aula.
— Tudo bem, mas você tem que comer alguma coisa agora. Eu vou preparar algo para você.
— Não, não quero nada...
— Sem discussão. Você vai comer alguma coisa, vai sair desse quarto e amanhã vai voltar a assistir as aulas e a sua vida normal, entendido?
— Entendido.
— Ótimo, eu vou preparar algo para você comer e enquanto isso você vai tomar um banho.
— Mas...
— Sem mas, vá logo. Você não pode ficar trancada nesse quarto para sempre.
— Seu chato. — Ela diz se levantando da cama.
— Sou chato por que me preocupo com você.
— Você podia se preocupar menos. — Ela diz indo para o banheiro e fechando a porta.
“Eu poderia ‘menos’ muitas coisas com relação a você, Demi. Poderia te amar menos, por exemplo. Deveria te amar menos. Assim não seria tão doloroso.”
Vou até a cozinha e graças a Deus não encontro com Aletta, a cobra deve estar de volta ao seu ninho, também conhecido como quarto.
Vasculho a geladeira e os armários e decido que como ela não come há dois dias, é melhor preparar algo leve e sem gordura. Então faço um sanduiche natural.
Quando Demi sai do banho sua expressão está um pouco melhor e seus olhos não mais tão inchados. Faço-a comer na cozinha e me prometer que mais tarde, quando eu já tiver ido embora, ela vai comer mais alguma coisa.
Sirvo um copo cheio de suco de laranja e a observo comer e beber tudo.
— Você não precisa ficar me observando para ver se eu vou comer tudo, como uma criança.
— Eu sei, mas eu gosto de te ver comer. — Digo sem querer e ela me olha estranhamente por um segundo.
Se ela soubesse que eu gosto de observa-la fazendo qualquer coisa. Principalmente comendo, rindo, dormindo e o melhor de todos, gozando.
— Prontinho, comi tudo, viu? — Ela diz de forma petulante mostrando o prato e o copo vazios.
— Essa é a minha garota. Agora tenho que ir. Mas não se esqueça, você me prometeu comer algo mais tarde e a voltar a ir as aulas amanhã. Mas como eu sou muito chato, vou te ligar para garantir que você faça as duas coisas. — Ela revira os olhos e me acompanha até a porta.
— Tenha uma boa noite, a gente se vê amanhã. E se precisar de alguma coisa, me ligue, qualquer horário, ok? Não deixe aquele filho da mãe fazer isso com você. — Dou-lhe um beijo na testa e vou embora, com o coração pesado como uma âncora.
A manhã toda passou muito devagar. Assim que acordei liguei para Demi para garantir que ela tinha comprido sua promessa e tinha ido para a aula. Fiquei feliz ao ouvir vozes no telefone e uma Demi mal humorada dizendo que estava no meio da aula. Fiquei mais tranquilo por ela não estar mais trancada, mas ainda assim, triste pelo motivo de tê-la deixado naquele estado de ontem.
Constatar que a mulher que você ama, ama outro, não é algo muito agradável e me tirou o sono ontem à noite. Fique abraçado com o travesseiro que tem o seu cheiro, mas nem isso acalmou a tempestade que estava minha mente e meu coração.
Agora já é quase hora do almoço e tenho que ir me encontrar com Carlson Thompson. Espero que ele finalmente marque um dia para assinar esse maldito contrato.
Mesmo não sendo hoje o dia de assinarmos os papeis, ele pediu para que eu levasse algum advogado da empresa, que ele levaria o seu. Assim poderíamos discutir o que quer que seja que o está segurando com relação a essa parceria.
Então entro em meu carro e sigo na direção do caro restaurante onde temos uma mesa reservada. O advogado que eu escolhi foi Will, além de ser meu amigo é o melhor advogado que a Townsend possui, mas essa manhã ele está resolvendo alguns assuntos fora do escritório e deve nos encontrar no restaurante.
Por causa do transito chego apenas alguns minutos antes do horário marcado, e torço para que o Sr. Thompson não esteja adiantado alguns minutos. Deixa-lo esperando não é algo nada bom.
— Olá, estou aqui para encontrar uma pessoa. — Digo para a recepcionista do luxuoso restaurante.
— Possui reserva, senhor?
— Sim, está no nome de Carlson Thompson.
Ela confere o nome no seu aparelho eletrônico, levanta seu olhar novamente para mim com um sorriso de desculpas.
— Sinto muito, mas a mesa ainda não está pronta. Gostaria de esperar no bar, temos as melhores bebidas.
— É claro.
— Quando sua mesa estiver pronta, mando chama-lo, senhor.
— Tudo bem, obrigado. — Digo e sigo em direção ao bar.
O bar está praticamente vazio, também, é hora do almoço. Sento-me no banco de madeira envernizada e com acento de couro, e como estou aqui a trabalho e sei que provavelmente terei que tomar vinho no almoço, peço apenas uma dose de Martini.
Rapidamente o garçom entrega minha bebida e eu a bebo calmamente, olhando o relógio de vez em quando, e procurando o Sr. Thompson e Will, mas nenhum dois chegou ainda.
Deposito o copo vazio em cima do balcão e como a azeitona que veio junto com o drink.
Escuto alguns barulhos de salto alto no mármore do chão, que são mais evidentes porque como havia dito, o bar está quase deserto e está muito silencioso.
— Quanto tempo, docinho. — Escuto uma voz feminina atrás de mim.
Congelo na hora ao reconhecer aquela voz doce e sensual e tão, tão familiar.
Viro-me e dou de cara com ela. A louca perseguidora que eu não via há anos, e que está sorrindo maliciosamente para mim.
Eva McKenna. 

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Maratona começa no próximo capítulo
xoxo

6 comentários:

  1. Ah adoro maratona :)
    O Joe entendeu tudo mal, a Demi só está magoada porque foi enganada durante muito tempo, ele tem que lhe dizer o que sente.
    E chegaram os problemas para o Joe, quero ver o que essa nova cobra vai fazer para atrapalhar o Joe e a Demi...

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  2. Adorei o Joe dando um chega pra lá na vagaba!!! Tadinho, agora é que ele não vai querer confessar o que sente mesmo. Continua...

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  3. Sinto cheiro de treta no ar. Posta hoje !

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  4. Coitado do Joe, pensa que a Demi não gosta dele e agora ainda aparece essa vadia no almoço. Começa a maratona por favor
    Ass: Sara

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Meu as coisas já tão completamente fodidas e ainda aparece essa tal de Eva para atrapalhar mais pqp.

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