2.1.15

Capitulo 29

8 comentarios para o proximo.... Bjs, amo vcs!
Bruna

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DEMI

Eu me olhei no espelho de novo e através dele fitei Selena, atrás de mim.

- Estou bem mesmo?

- Dem, você não está bem. Você está lindíssima, um sonho! Já é a mulher mais linda que já vi e agora então ... – Acenou com a cabeça, impressionada. – Menina, você vai arrasar. Vai deixar o Joe sem fala!

- Que exagero! – Ri. – Mas o que você fez no meu cabelo e na maquiagem ficou perfeito, amiga. Obrigada.

- Está nervosa?

- Claro! Nunca entrei no Copacabana Palace. – Passei novamente os olhos pelo vestido longo, que havia comprado no dia anterior. Ainda gemia de desespero só de lembrar o preço, mas parcelei no cartão. Ao menos achava que não faria Joe se envergonhar, pois estaria entre seus amigos abastados.

Eu o achei lindo, assim que o vi. Era longo, em um tecido mole e rendado, da cor da pele, com apliques vermelhos de uma delicadeza intrincada, parecendo miolos de flor. Ele franzia um pouco na cintura e no peito, tinha manguinhas rendadas curtas e caía até meus pés, em delicadas sandálias de salto alto, também da cor da pele. Meus cabelos caíam soltos e a maquiagem era suave, com destaque para a boca, no mesmo tom vermelho dos detalhes do vestido.

- Maravilhosa, Dem. Com certeza está mais bonita que a noiva.

- Não fala isso nem brincando! – Ri, pegando a bolsinha de mão.

Saímos do quarto conversando e minha mãe até largou a televisão quando me viu.

- Como está linda! Parece uma princesa! Não é, Ju?

- É. – Juliane, que passava hidratante nas pernas, parou um pouco e me fitou de cima abaixo. – Presente do Joe?

- Não, eu comprei.

- Mas deve ter gastado uma fortuna! – Minha mãe balançou a cabeça. – Por que não deixou ele pagar?

Eu nem me dei ao trabalho de explicar. Selena virou-se para mim e beijou minha face.

- Boa sorte, Dem. E aproveite. O ambiente pode ser requintado, mas é só um lugar, como outro qualquer. E você não vai fazer feio.

- Deus te ouça. – Apertei-a contra mim. – E obrigada por ajeitar meu cabelo e me maquiar. - Conte comigo sempre que precisar.

- Tá bom. – Sorrimos uma para outra.

- Tchau, dona Tereza, Juliane.

- Tchau. – Minha mãe disse de má vontade, já se ligando em sua novela. Juliane nem respondeu.

Depois que Selena saiu, eu respirei fundo, procurando me acalmar. Minha irmã, ainda de olho em mim, comentou:

- Você está ficando chique, hein, Demi? Copacabana Palace?

-Pois é. – Sorri. – Nunca entrei lá.

- É o que sempre digo. – Interferiu Tereza. – Se ficar se relacionando só com as pessoas do seu mundinho, nunca sai daqui. Mas você, minha filha, saiu mais esperta do que o esperado. Nem acredito que finalmente abriu os olhos. Agora só falta deixar de ser um pouco orgulhosa e aceitar os presentes de Joe. Por falar em presente, será que ele ainda tem a televisão?

- Mãe, a senhor nem ouse falar isso com ele. – Olhei-a, séria.

- Tá, mas ...

- Sem mas. Esse assunto já foi resolvido. Por falar nisso, Juliane, e quanto a ...

- Já depositei o dinheiro do implante na conta do Joe. Não devemos mais nada.

Eu sorri para ela, aliviada. Finalmente estava tomando juízo.

- Já tem mais alguma coisa em vista? – Perguntei.

- Tenho. Vou fazer uns testes aí, mas tem outras coisas certas.

Naquele momento tocaram a campainha e fiquei nervosa. Olhei para elas.

- Estou bem mesmo?

- Linda! – Exclamou mamãe.

- É, dá pro gasto. – Debochou Juliane.

- Bem, vou lá. Não esperem por mim, não sei que horas volto.

- Ou se volta hoje. – Completou minha irmã. Ultimamente ficava com piadinhas e comentários irônicos. Não retruquei. Acenei e saí.

Joe estava lindíssimo em um terno preto listrado, com camisa e gravata em um tom champanhe. Seu cabelo estava bem modelado com gel e a barba aparada, certinha.

Sorri apara ele, apaixonada, enquanto levantava a barra do vestido um pouquinho e passava pelo portão. Quando cheguei à calçada, seus olhos negros estavam fitos em mim, passando por cada detalhe meu.

Estava imóvel e parei, um pouco insegura. No entanto, seu olhar de franca admiração, penetrante e cheio de desejo, me acalmaram mais.

- Como estou, Joe?

- Linda. Impressionante. Perfeita. – Sua voz saiu rouca. Segurou minha mão e a levou aos lábios, beijando-a galantemente. Parecia mesmo impressionado e me enchi de alegria. – Já sinto até pena das outras mulheres da festa.

- Ah, pare com isso. Você está lindo! – Aproximei-me um pouco mais e acariciei sua barba, cheia de carinho.

- E você se superou, Demi. – Parecia não conseguir tirar os olhos de mim, ainda segurando a minha mão. – Não vou te soltar a noite toda. Mato quem ousar se aproximar de

você.

- Ah, não comece. – Dei uma risada. – Vamos?

- Sim, vamos.

Como sempre cavalheiro, abriu a porta para mim e esperou eu me acomodar, para dar a volta e ocupar o seu lugar. Senti-me como uma princesa dos contos de fadas, indo a uma bela festa com seu príncipe encantado em uma carruagem dos sonhos.

Antes de sair com o carro, Joe virou-se para mim e afastou de leve meu cabelo, fitando minha orelha com um simples brinco de ouro, pequenininho. Então me estendeu algo e vi uma pequena caixinha preta de veludo em sua mão.

- O que é isso? – Ergui os olhos para ele. - Abra.

Fiquei um tanto sem graça. Peguei a caixinha e, sob seu olhar, eu a abri. Havia um pequeno par de brincos de ouro com um diamante pendurado, que capturava luz e a refletia lindamente. Era um trabalho fino e delicado, de extremo bom gosto. Ergui o olhar e ofereci-lhe, sacudindo a cabeça.

- Não posso aceitar.

- Vai aceitar. São seus.

- Não. Isso é caro demais e ...

- Demi, eu sou rico. Queria te dar um presente. Se fossem bijuterias você aceitaria?

- Mas é que são diamantes. – Estava surpresa.

- Para você deve ser o melhor. Agora pare de besteira ou vou ficar chateado.

Fitei seus olhos sérios e pensei nos conselhos de minha mãe, de arrancar tudo o que pudesse dos homens. Eu optava pelo contrário e não queria que Joe pensasse que estava com ele por interesse. Mas ao mesmo tempo, como recusar sem magoá-lo?

- Joe, não vou me sentir bem usando algo tão caro.

- Vai se acostumar. Agora tire seus brincos e ponha esses. Vai ficar lindo com a sua roupa.

– Seu tom não admitia recusas. Acabei capitulando, deixando o orgulho de lado.

- Obrigada. Não precisava, mas ... São lindos. Sorri e coloquei meus brincos novos, guardando os antigos na bolsinha.

- Linda. Ficaram perfeitos em você, Demi.

Agora o conto de Fadas estava completo. Sorri e, quando o carro se pôs em movimento, a ideia de príncipes e princesas me fez pensar na tatuagem dele de coroa, no braço. Sempre quis perguntar, mas acabávamos fazendo e falando outras coisas.

- Por que escolheu a tatuagem de coroa e de infinito? – Virei um pouco para olhar para ele, mais uma vez maravilhada do quanto era másculo e bonito.

Como sempre, começou a tocar uma música baixinho no carro, uma que eu adorava de Victor e Leo, chamada Na Linha do Tempo.

- Minha avó me chama de reizinho desde que eu era pequeno. Ela acha que sou tudo de bom, quem pode culpá-la? – Sorriu cínico, lançando-me uma olhar.

Eu dei uma risada. E não é que ela tinha razão? Isso me fez pensar que Joe nunca tinha sugerido me apresentar a ela, o que fez meu coração se apertar um pouco. Eu o entendia, nosso relacionamento ainda era recente. Mas talvez demonstrasse que não tinha certeza se o queria levar adiante.

Afastei os pensamentos desanimadores. Ouvia a letra da música e pensava que ela parecia ter sido feita para mim, para o que eu pensava e sentia. Amava tanto Joe que achava que era destino. Ele estava escrito para aparecer na minha vida, para me marcar para sempre. Com ele eu me sentia completa por onde fosse, por que o amava incondicionalmente, mais do

que tudo.

Suspirei e tentei não ficar tão sensível. Me concentrei na conversa:

- E a tatuagem de infinito?

- Gosto da ideia de infinito. De coisas que não podem ser medidas e seguem em frente, sempre em frente. – Ficou um momento em silêncio, então me lançou um olhar. – Nunca quis fazer uma tatuagem?

- Não. Eu tenho medo.

- Verdade? – Sorriu.

- Sim, pavor de agulha.

Enquanto conversávamos, recostei feliz no carro e me dei conta do quanto era feliz. Aquele ano tinha começado bem para mim. Tornei-me secretária oficial do dono da firma de advocacia em que eu trabalhava, o senhor Eduardo Couto, pois Adelaide se aposentara mesmo.

Meu salário tinha dobrado, mas nem falei em casa. Continuei com as despesas normais e estava guardando o resto, talvez para dar uma reformada na casa mais para frente, já que estava caindo aos pedaços.

Era também meu último ano na faculdade e pensava em talvez emendar logo em um Mestrado, pois ganharia muito mais sendo professora universitária do que de Ensino Médio. Mas a grande alegria do ano foi sem dúvida conhecer e namorar Joe. Ele tinha me mostrado um mundo de felicidade suprema, única, inigualável. Eu não conseguia mais imaginar meu mundo sem ele.

Chegamos ao Copacabana Palace e Joe parou o carro. Na mesma hora um guardador uniformizado se aproximou e abriu a porta para mim, enquanto outro dava a volta e ia pegar as chaves com Joe. Agradeci e ergui os olhos para o belíssimo hotel, sem dúvida um dos mais importantes estabelecimentos hoteleiros no Brasil, onde grandes celebridades nacionais e internacionais já haviam se hospedado.

- Vamos? – Joe segurou meu braço e eu sorri, acompanhando-o para dentro.

Já tinha passado diversas vezes ali em frente e sempre admirei o Hotel de longe, por sua beleza clássica e luxuosa, e seus noventa anos de História. E agora nem acreditava que estava ali.

Funcionários de ternos nos receberam com cumprimentos enquanto subíamos a escadaria de mármore Carrara do enorme e luxuoso Hall de entrada. Olhei com admiração tudo, observando outros convidados e hóspedes que chegavam, todos muito bem arrumados e elegantes.

Joe entregou o convite a uma moça com um longo preto, que nos recebeu com sorrisos e indicou os salões Nobre e Golden Room no segundo andar.

A visão de tudo aquilo era deslumbrante. Os salões tinham sido divididos para a cerimônia, a recepção com o jantar e a pista de dança. Havia um toque inconfundível de realeza em tanto luxo e bom gosto, com uma abóboda dourada no primeiro salão, recebendo também uma iluminação no mesmo tom por todo o ambiente amplo.

O piso era de mármore, colunas grandiosas e lustres belíssimos de cristal davam um tom de classe e Art Decó. A vista era deslumbrante em qualquer direção com amplas janelas e portas que davam acesso à praia de Copacabana em frente.

Tudo era imponente, com cúpula dourada. Havia um palco com chão iluminado em frente, como pista de dança. Nesse palco um DJ já esquentava o ambiente em uma música suave, enquanto os convidados chegavam e seguiam para o belíssimo salão onde ocorreria a cerimônia, com um grande tapete creme ao longo do caminho até o altar, tudo iluminado em tons dourados, as fileiras de cadeiras laterais contando com grandes jarros com plantas e

palmeiras.

Olhei apaixonada para a decoração creme, dourada e laranja dos salões de recepção e de jantar, de extremo e fino bom gosto. Várias pessoa circulavam por ali e muitas cumprimentaram Joe e sorriram para mim. Em algumas ele parou e me apresentou. Todos foram unânimes em elogiar a minha beleza.

- Eu sou um dos padrinhos e vou ficar no altar. Ficará bem sozinha? Posso apresentar você a outras pessoas.

- Não, está tudo bem. – Garanti.

Circulamos e fomos até um grupinho que cercava o noivo. Antônio sorria e dizia algo, muito elegante em seu fraque, mas parecia nervoso. Ficou feliz em nos ver e me deu um beijo no rosto e abraçou Joe, dizendo:

- Cara, quem me obrigou a fazer uma loucura dessas? Será que ainda dá tempo de fugir?

- Conhecendo a Ludmila, diria que não há para onde escapar. Ela o caçaria até no inferno.

– Joe sorriu.

- Pior que é! Demi, que bom você ter vindo. Está ainda mais bonita, se é que é possível.

- Obrigada. – Sorri para Antônio.

- Olá. – Uma bela morena se aproximou em um vestido champanhe longo e lindo, cabelos presos, bem maquiada e com joias faiscantes. Estava com uma amiga igualmente bonita e elegante. Como vai, Joe? Sabe que será meu par, não é?

- Como padrinhos, sei sim. Como vai, Fabrícia? – Cumprimentou-a e fez o mesmo com a outra. Percebi que ambas o fitavam sem disfarçar o interesse.

- Vou bem. Confesso que senti sua falta. Já tem um bom tempo que não nos vemos, não

é?

- Sim, é verdade. – Disse educado.

Saquei logo que já havia ocorrido algo entre eles. A mulher nem disfarçava o desejo que ocorresse de novo. Olhou para mim com um sorriso falso, de cima abaixo. Enchi-me de ciúme, ainda mais por saber que faria par com ela como padrinho.

- Lembra da minha amiga Taís? – Fabrícia apontou para a morena ao seu lado. – Fomos a uma boate uma vez juntos, nós três. Noite inesquecível.

- É verdade. – Emendou Taís, fitando-o com um sorriso mais do que sugestivo.

Eu o olhei também, séria, incomodada, enciumada, mas tentando me controlar. Joe parecia um tanto sem graça e olhou para mim. Antônio sorriu da saia justa, bateu no ombro dele e se afastou. As moças pareciam estar dispostas a continuar ali, relembrando os velhos tempos, mas ele segurou meu braço e disse educadamente:

- Com licença. – Já me levando para longe.

Eu não disse nada, até por que fomos abordados por outro grupo de conhecidos e Joe me apresentou. Sorri e conversei, embora o mal estar continuasse. As pessoas já se espalhavam para sentar e aguardar o início da cerimônia. Um pianista a um canto ao lado do altar também já se arrumava. Fotógrafos e cerimonialistas ocupavam seus lugares.

Quando ficamos sozinhos, Joe parou á minha frente e fitou-me nos olhos, como se quisesse ler a minha alma.

- Tudo bem, Demi?

- Claro. Por que não estaria?

- Olha, quanto à Fabrícia e ...

- Não precisa explicar nada. Eu já entendi.

- Mas é passado.

- Eu sei. E ... vamos encontrar mais do seu passado por aqui?

Olhou em volta meio preocupado e me fitou de novo.

- Provavelmente.

Foi até engraçado, mas ao mesmo tempo o ciúme não me deixava rir. Disse baixinho: - To chegando a conclusão que você é um moleque-piranha.

Joe sorriu.

- É, já tive minhas farras por aí.

- E que farras! Duas de uma vez! Impressionante. – falei secamente.

- Sabe que dou conta. – Aproximou-se um pouco mais e murmurou no meu ouvido. – Mais novo então, precisava de duas ou três para me segurar.

- Três? – Olhei-o, irritada.

- No passado, meu bem. Agora só você me basta. – sorriu daquele seu jeito sensual e fui atacada pelas dúvidas cruéis. Será?

Sentia vários olhares sobre nós, de muitas mulheres sobre Joe. Imaginei quantas daquelas não teriam passado pela cama dele e fiquei com a sensação indesejada de ser mais uma apenas. Mas muitas pessoas me olhavam também com admiração, tanto mulheres quanto homens. Até Joe notou e comentou:

- Você está fazendo sucesso, Demi. – Estava um tanto sério e me alegrei ao ver que sentia também ciúmes. – E quem pode culpá-los? É sem dúvida a mulher mais linda aqui. - Você acha?

- Eu tenho certeza.

Acabamos sorrindo um para o outro e ele acariciou meu rosto. Senti seu olhar de desejo e o retribuí. Murmurou baixinho:

- Não vejo a hora disso tudo terminar logo e levar você pro meu apartamento.

- Eu também. – Confessei. Começava a arder só em imaginar ser dele de novo, deixar que fizesse tudo o que queria comigo.

- Melhor mudarmos de assunto ou vou passar vergonha aqui. – Ajeitou o paletó sobre a frente da calça e dei uma risada.

Naquele momento, Matheus chegou e cumprimentou algumas pessoas ao nosso lado. Estava lindo como sempre de terno, os cabelos loiros acertados, um sorriso grande no rosto.

Havia algo doce nele, mesmo sendo um homem másculo.

Joe o viu e suspirou:

- Lá vem o Dom Juan.

- Duvido que ele seja mais do que você, pelo que vi até agora.

Ele apenas sorriu. Matheus ia passando por nós apressado, mas então nos viu e parou. Seu olhar brilhou para mim e seu sorriso se expandiu. Então fitou Joe e apertou a mão dele, dizendo:

- Quase que chego mais atrasado do que a noiva. E aí, cara, tudo bem?

- Tudo certo. – Joe o cumprimentou.

- Demi. Mais linda do que nunca. Entendo cada vez mais por que meu amigo aqui resolveu largar a liberdade. Tudo bem? – Segurou minha mão e a beijou, galante.

- Tudo bem. – Sorri também. – E obrigada.

- Ele lamenta, por que vi você primeiro. – Explicou Joe, atento ao amigo.

- E lamento mesmo. Mas o que me resta agora, a não ser me conformar? – Brincou. – No entanto, se as coisas não derem certo por aqui, lembre-se de mim com carinho.

- Você está dando em cima da minha namorada na minha frente? – Joe franziu o cenho.

Matheus deu uma gargalhada gostosa e acabei sorrindo também, um pouco corada.

- Cara, você é muito possessivo. É só uma brincadeira.

- Sei. – Resmungou.

- Bom, vou deixar vocês em paz. Ainda tenho que procurar a Maria Helena, que vai ser madrinha e meu par no altar. Pelo menos cheguei à tempo. A gente se vê por aí. – Sorriu par mim, acenou para Joe e se afastou.

- O Matheus está querendo ganhar uma surra.

- Deixe de besteira. Só provoca você.

- Sei disso. Mas ficou caidinho desde a primeira vez que te viu. Duvido que não esteja na fila de espera mesmo.

Eu apenas sorri.

Quando foi avisado que a noiva tinha chegado, eu e Joe nos despedimos com um selinho. Fui sentar em uma das cadeiras de frente para o palco, enquanto ele foi se ajeitar com a odiosa da Fabrícia na fila dos padrinhos.

Um senhor por volta de sessenta anos, bem apessoado e com cabelos quase todos brancos, acomodou-se ao meu lado, pedindo licença. Eu sorri para ele e percebi que me fitava atentamente. Indagou:

- Desculpe perguntar, mas você é uma das garotas da capa da revista do Joe ? Fiquei sem graça ao pensar que imaginava que eu sairia nua.

- Não, sou namorada dele.

- Ah, sim. Mas é modelo?

- Não.

- Tem certeza? Com essa aparência? Desculpe, deixa eu me apresentar. Leon Aguiar a seu dispor.

- Demi Devonne.

- Prazer, bela Demi. – Sorriu para mim. – Conheço Joe há muitos anos. Ele sempre teve bom gosto com as mulheres, mas dessa vez ele se superou. Mas me diga, Demi? Em que você trabalha?

- Sou secretária em uma firma de advocacia.

- Entendi. Mas ... Por que não seguiu a carreira de modelo? Teria muito sucesso.

- Não era bem o que eu queria. – Sorri.

Era um senhor agradável e sua conversa não havia nada de sexual. Parecia genuinamente interessado.

- Sabe, Demi, sou dono da indústria de cosméticos BELLA. Já ouviu falar?

- Claro. Os produtos são excelentes.

- Obrigado. Essa é a nossa marca registrada. Sou um empresário das antigas, sabe, gosto de saber tudo que se passa nas minhas empresas e participar de decisões. Ultimamente estamos escolhendo uma modelo para ser a cara de nossos produtos, mas não aprovei nenhuma das que me foram apresentadas. – Observava-me atentamente. – Mas assim que vi você, notei que seria perfeita para campanha. Seu rosto, além de lindo, é doce e expressivo.

Tem uma bela pele e cabelo. Estaria interessada em fazer um teste fotográfico?

Eu estava surpresa com a proposta.

- Bem, eu ... Como eu disse, não sou modelo.

- Mas isso não a impediria de estrelar nossa campanha. O pagamento é excelente e, se for bem aceita no mercado, outras portas se abrirão.

- É que quase não tenho tempo. Trabalho e a ainda faço faculdade.

- Poderíamos dar um jeito. Fazer as fotos em um fim de semana, talvez. – Parecia mesmo interessado. – Quanto mais a observo, mais chego a conclusão de que é perfeita. Vou te dar meu cartão. Converse com Joe, ele lhe falará de minha idoneidade. E marcaremos o teste

fotográfico, só do seu rosto. Não irá se arrepender.

- Está bem. Obrigada. – Peguei o cartão e o pus na bolsinha.

Foi quando o pianista começou a tocar uma suave música clássica e teve início a cerimônia. O noivo entrou com a mãe, familiares e padrinhos dele e da noiva seguindo uns atrás dos outros. Joe me lançou um olhar penetrante ao passar ao meu lado e sorri, admirando-o. A única coisa que estragava era aquela mulher ao lado dele, que me deixava enciumada por ter sido uma ex amante e parecer querer repetir a dose.

O padre já estava preparado na frente do altar e todos ocuparam seus lugares lá. Joe e Matheus estavam do mesmo lado, o do padrinho, ambos lindos e elegantes, um moreno e um loiro. Imaginei o que aqueles dois já não teriam aprontado juntos enquanto mais novos e sorri comigo mesma.

Quando a noiva entrou, lindíssima, todos se levantaram, admirando-a enquanto passava sorridente pelo corredor. Foi entregue pelo pai ao noivo e ambos pareciam felizes ao irem juntos até o altar.

A cerimônia seguiu bonita e emocionante, até que terminou com um longo beijo que emocionou todo mundo. Fizeram o percurso de volta pelo corredor, agora casados, seguindo para o salão de recepção enquanto todos se levantavam.

Sorri para Leon Aguiar, que fez questão de segurar o meu braço e me conduzir ao corredor. Joe veio e nos encontrou no meio do caminho.

- Leon. – Apertou a mão do senhor mais velho.

- Olá, Joe. Conheci sua bela namorada. Parabéns pelo bom gosto, não apenas pela aparência dela, mas por sua personalidade.

Sorri agradada e Joe entrelaçou seus dedos nos meus.

- Você está certo, Leon.

- Pensei que fosse uma das modelos de sua revista, mas Demi já me explicou que não. No entanto, acho que seria perfeita para a propaganda dos novos cosméticos que vamos lançar, faciais. Deixei meu cartão com ela. Espero que não se importe.

- Não, claro que não. – Olhou-me, sério. – Você se interessou, Demi?

- Não sei, nunca pensei em ser modelo.

- O pagamento é excelente e mal não faz. – O senhor sorriu. – Pense com carinho. Nos falaremos brevemente. Joe, Demi.

Depois que se afastou, ele me olhou.

- Parece que você está fazendo sucesso mesmo.

- Nem acreditei quando falou comigo. Parece um senhor honesto.

- Isso ele é. Muito. E você ganharia em uma campanha muito mais do que ganha em um ano sendo secretária. Vale a pena pensar. - Eu sei.

Seguimos para o salão de recepção, onde havia duas mesas enormes e compridas prontas para que todos os convidados sentassem para jantar, cada lugar com uma plaquinha específica.

- Droga, odeio isso. – Resmungou.

- O quê?

- Colocam os pares separados. Com certeza estou longe de você. Vou ter que aturar outras pessoas ao meu lado o jantar inteiro.

- Ah, não vai demorar. Logo vamos para outro salão juntos. – Tentei acalmá-lo, embora isso também me chateasse. Achei meu lugar em uma ponta e Joe em outra. Puxou uma cadeira para mim e afastou-se irritado. Só me restar e esperar, pois várias pessoas se

acomodavam.

No entanto, eu é que fiquei com ciúmes quando vi quem sentava ao lado de Joe. De um lado Fabrícia e de outro Taís, as duas amigas da noiva. Ficou claro que tinha armação ali.

Ambas falavam com ele e se sentavam sorrindo sensualmente.

Desviei o olhar, irritada. Um senhora de uma sessenta e poucos anos sentou ao meu lado direito e nos cumprimentamos. E então alguém puxou a cadeira à minha esquerda. Ergui os olhos e fitei os verdes de Matheus, que sorria e dizia brincando:

- Sei de alguém que vai surtar ao me ver aqui ao seu lado. Mas adorei a coincidência.

- Oi, Matheus.

Acomodou-se e senti seu perfume gostoso. Pelo menos era alguém conhecido. E seria bom eu não ser a única a passar a noite com ciúme.

Voltei meu olhar para Joe. Ele nos olhava fixamente, seu semblante frio, mas seus olhos ardendo. Sorri, sabendo como se sentia. Mas não sorriu de volta.

O jantar começou a ser servido, regado a vinhos, coquetéis e água. Vieram as entradas, a base de uma deliciosa Salada Creme Roquefort com Peras Assadas, Nozes, Tomatinho e Folhas ao molho balsâmico.

Fomos servidos e ele conversava com Fabrícia, sem me olhar, entretido. O ciúme me roía por dentro. Matheus comentou ao meu lado:

- Quer que eu troque de lugar com ele?

Eu o fitei e sacudi a cabeça.

- Não, claro que não.

- Não se incomode com Fabrícia. Joe nunca deu atenção para ela no passado e não vai dar agora, que está com você.

- Eles parecem estar se dando bem.

- Pois eu aposto que Joe está morrendo de ciúme me vendo aqui ao seu lado e vai tentar provocar o mesmo em você. – Tomou um gole do seu vinho. Eu acabei sorrindo.

- Será?

- Pode apostar. E embora eu esteja doido para conversar com você, vou ficar mudo o resto do jantar para não causar problemas.

Fitei seu olhos verdes e sacudi a cabeça.

- Não precisa isso. Eu e ele não somos mais crianças. Não vamos ficar de birra um com o outro.

- Tem certeza? – Ergueu uma sobrancelha.

- Tenho. – Provei um pouco da salada deliciosa, meus olhos voltando automaticamente para ele. Fabrícia parecia próxima demais, logo sentaria no colo dele. E Joe comia, não fazendo nada para impedi-la de falar quase no seu pescoço. Irritada, resolvi ignorá-los. – Você são amigos há muito tempo, Matheus?

- Sim, desde a época da escola. Meus avós são amigos de Dantela, a avó de Joe. – Explicou. – Já a conheceu?

- Não.

- Mas vai acabar conhecendo. Do jeito que a coisa parece séria entre vocês ... – Deixou sua taça na mesa.

- Você acha isso? – Indaguei, em dúvida, percebendo chateada que Joe dava toda sua atenção às duas víboras que o cercavam.

- Tenho certeza. Nunca o vi assim.

- Assim como? – Olhei para Matheus.

- Apaixonado. – Fitou meus olhos, sério.

- Eu não acho ... Não acho que seja isso.

- Eu tenho certeza. – Deu de ombros. Sorriu. – Mas quem pode culpá-lo?

Fiquei corada e voltei a comer minha salada. Matheus ficou em silêncio, como se temesse me prejudicar. E eu não tirei os olhos de Joe, que parecia me ignorar de propósito. A cada segundo minha raiva aumentava. Falava com a morena, dava atenção a ela, que só faltava babar em cima dele, muito perto. Ela nem comia, só tomava seu vinho e jogava charme.

A raiva foi tanta que me deixou cega. Tive vontade de me levantar e ir embora. Tomei meu vinho também, tentando me acalmar. E então resolvi ignorá-lo mesmo. Não ficaria ali, muda e sozinha, enquanto parecia se divertir com sua ex amante.

Não queria fazer ciúme dele. Só não me privaria da presença de ninguém para não incomodar o reizinho, que não estava nem aí para mim. Puxei assunto com Matheus:

- No que você trabalha?

- Eu administro as empresas de turismo da minha família.

- Turismo? Deve ser legal. Viaja muito? - Muito.

E passamos um jantar agradável, falando sobre diversos assuntos. Gostei muito da companhia dele. Além de ser muito bonito e charmoso, era inteligente e percebemos várias coisas em comum em nossos gostos. Foi bom para mim, pois parei de ficar policiando Joe e me sentindo mal. Embora o ciúme e a irritação permanecessem.

9 comentários:

  1. Minha mãe ouviu mto essa música do Victor e Leo ¬¬
    Ai preciso de mais um capitulo

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  2. Posta mais, aí meu Deus. Tá demais a fic
    Beeijos :)

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  3. Já vi tudooo!!!!! O bicho vai pegar de agora em dianteee..,,, continuaa

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  4. Posta mais,muito ansiosa pro proximo.

    Rayane.

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  5. Posta maaaais....perfeitoooo!!!

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  6. O bicho vai pegar mesmo!!
    To doida para ver o que ainda vai acontecer. É muito bom ver esses dois morrendo de ciúmes um do outro.
    Posta mais!!!!

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  7. Ah caramba!! To achando que vai rolar briga!!!
    Ver esses dois com ciúmes é um máximo!!
    Posta logo!!!
    Beijos!

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