A fic só vai até o capitulo 50 e logo tem o epilogo, então se preparem para fortes emoções, e claro ainda terá hots <3 continuem comentando amores, obrigada minhas lindas <3
Mari ;)
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DEMI
Matt me levou em um restaurante perto da praia de
Ipanema, embora nenhum de nós dois tivesse fome após o episódio
com Joe. Eu ainda estava lívida, tremendo, mas fiquei calada o resto
da viagem, a imagem dele furioso e com sangue pingando da boca não
saindo da minha mente.
Como uma pessoa podia ter amado tanto outra e
agora odiar tanto? Eu não o perdoava, não acreditava nele, não
sentia pena. Talvez fosse mais vingativa e rancorosa do que pensei,
pois queria que sentisse a mesma dor que eu, que soubesse o que era
arrasar o coração de uma pessoa, pisar e machucar.
Eu te amo. Aquelas palavras sussurradas enquanto
eu estava fora de mim e Joe me olhava como se realmente me amasse,
estavam gravadas em minha mente. Como desejei ouvir aquilo! Antes de
descobrir toda a traição, aquela declaração seria a maior
felicidade da minha vida. Mas agora, eram palavras vazias, proferidas
por um homem que não gostava de perder.
Joe não me amava. Ele estava com raiva por que
não o aceitei mesmo se desculpando e por que achava que estava
saindo com Matheus. Era seu orgulho de macho ferido. Se eu
acreditasse, o que nunca ia acontecer, tão logo se sentisse seguro e
dono da situação, ele repetiria a traição.
E eu não o perdoaria. Nunca mais confiaria nele.
Mesmo que mudasse de verdade, e isso eu duvidava, o que fez
continuaria marcado a sangue dentro de mim.
Nós nos acomodamos perto da janela e Matt
indagou, observando-me:
- Como você está?
- Bem. E seu rosto? Não é melhor pedir gelo?
- Não, tudo certo. – Estava um pouco inchado,
mas não sangrava como de Joe.
O garçom se aproximou com o menu. Pedi que Matt
escolhesse para mim e, enquanto o fazia, fiquei quieta, olhando para
a praia do outro lado da rua. A voz profunda de Matt me fez sair dos
meus pensamentos:
- Ele ama mesmo você, Demi.
Eu o fitei na hora. Falei com ironia:
- Ama? Deus me livre ser amada dessa maneira!
- Sei que Joe fez um monte de burrada. Ele sempre
foi arrogante e sempre disse que mulher nenhuma o pegaria. Mas com
você foi diferente desde o início. – Seus olhos que ficavam ora
mel-esverdeado, ora verdes bem claros, estavam fixos em mim. –
Apresentou-a como namorada.
- Claro, Matt. Eu fiz jogo duro com ele. Teve que
fingir para me levar no papo. – Retruquei, magoada.
- Mas não é só isso. O modo com que a olhava e
tinha ciúmes...
- Sentimento de posse.
- Dá pra ver que está arrasado, Demi. Está
sofrendo tanto quanto você.
- Duvido! – A irritação me engolfou. – Joe
não sabe o que é se importar com outra pessoa. Ele está é
furioso, pois tudo escapou ao seu controle. Eu engravidei e me
afastei. Ele gostaria que eu estivesse submissa, chorando, comprada
em um apartamento, esperando meu
filho nascer. E enquanto isso, continuaria nas
suas orgias, indo lá de vez em quando matar a saudade comigo.
- Calma, não se altere assim.
- Mas não aguento! Uma pessoa não pode ser tão
cínica e prepotente! Não pode usar e abusar assim das outras!
- Eu sei os defeitos dele, nos conhecemos há
muitos anos. Mas sei suas qualidades também. Sempre foi um homem
forte, trabalhou muito para ampliar os negócios da família, cuida
da avó muito bem. O que eu acho é que ele gostou mesmo de você e
fez essas burradas pois era o que estava acostumado a fazer.
- E eu tenho que aturar?
- Não é aturar. Talvez só tentar entender. Ele
pode estar se dando conta que ama mesmo você. Nunca o vi tão
desesperado, Demi. Nunca pensei que o ouviria dizer que ama uma
mulher e estava sendo sincero.
Nós nos olhamos. Percebi que Matt queria ser
honesto, achava realmente aquilo. Mas eu não.
- Para mim Joe está apostando todas as fichas
para não sair perdendo. É questão de honra dele. Eu disse não e
isso mexeu com seu orgulho.
- Demi ...
- Não quero mais falar nisso. Não acredito nele
e não quero nem saber de nada. Se está sofrendo ou não, problema
dele. Eu tenho que me preocupar comigo e com meu filho. – Suspirei
e tomei a água que o garçom tinha trazido. – Só lamento que
vocês tenham brigado, sendo amigos há tanto tempo. Não queria ter
provocado isso. E peço desculpas por ter fingido que tínhamos
alguma coisa. Na hora eu só quis atingi-lo, mostrar que não me
importo com ele.
- Mas se importa. – Afirmou, sereno.
- Não. Não me importo nem um pouco. Ficaria
feliz nunca mais sabendo de Joe nem o vendo.
O garçom veio com os pratos e o suco. Eu ainda
estava nervosa para saborear a comida. Tinha sido um dia duro, com a
visita da avó de Joe e sua explosão saindo do carro, nos
perseguindo como um louco.
No entanto, me forcei a comer, pois agora não
havia mais aquilo de pular refeições. Tinha que pensar primeiro no
bebê.
Acabei conseguindo me acalmar e apreciar a comida,
graças principalmente a Matt. Ele puxou assunto, me deixou à
vontade, foi me fazendo relaxar em sua companhia charmosa e
agradável. Era como um bálsamo, depois de tanto estresse.
Depois me levou ao estúdio em Copacabana e
aguardou enquanto eu era preparada por uma cabeleireira e uma
maquiadora. Mesmo que a campanha fosse só do rosto e dos cabelos,
tive que colocar um esvoaçante vestido branco.
No início, fiquei sem graça diante da câmera do
fotógrafo. Passei a vida inteira ouvindo que devia ser modelo, mas
fugindo de usar minha aparência para alguma coisa, traumatizada com
as coisas que minha mãe dizia. Mas agora, era um caso de
necessidade. E não seria nada sexual, pelo contrário.
Aos poucos comecei a me soltar, incentivada pelo
fotógrafo, um homem simpático e sorridente. Bateu diversas fotos
séria, sorrindo, sentada, de pé, de perfil, até ficar satisfeito.
Elogiou muito e conversamos um pouco, até que fui dispensada,
dizendo que eu seria procurada ainda na semana seguinte.
Saí de lá mais animada, conversando com Matt.
Era fim de tarde e resolvemos dar uma volta no calçadão de
Copacabana. Falávamos de tudo. Era fácil conversar com ele. Era um
homem inteligente, que gostava de sorrir e tinha
um olhar diferente, algo entre doce e profundo, meigo e intenso. Ele
me lembrava um velho ditado “As águas calmas são as mais
profundas”.
Fiquei curiosa sobre quem seria Matt de verdade.
Por que um homem como ele frequentaria o Clube Catana? Teria desejos
e prazeres diferentes, disfarçados por sua aparência calma? O que
lá chamaria a atenção dele? Fiquei curiosa, mas era um assunto
muito íntimo para ser perguntado.
Andamos na areia e ele perguntou se eu estava com
sede. Enquanto se afastava para comprar uma água de coco, sentei na
areia macia, tirei as sandálias e passei a mão entre os grãos. Sem
querer, a imagem de Joe voltou à minha mente. Imaginei o estrago que
ele não faria naquele clube. Devia ser bem conhecido e pegar todas
as mulheres de lá. Fiquei com nojo, mas não pude impedir que
algumas lembranças retornassem.
Ele beijaria as outras mulheres como fazia comigo,
me segurando firme pela nuca, explorando a boca como se fosse a coisa
mais deliciosa e irresistível do mundo? Seria tão intenso ao
penetrar, tomando tudo, como se fosse dele, exigindo paixão e
entrega?
Irritei-me ao pensar naquilo. Não queria saber.
Tinha nojo dele, de imaginar quantas vezes devia ter me tocado depois
de ter estado com outra, quantas orgias deve ter feito enquanto eu
sonhava com ele como uma tola. Eu queria esquecer cada uma das vezes
em que estive com ele. Sabia que seria difícil, mas com o tempo se
esfumaçariam. E aí talvez eu pudesse refazer a minha vida.
Matt voltou e ficamos lado a lado, conversando,
tomando água de coco e olhando o mar. E pensei comigo mesma por que
não havia me apaixonado por um homem como ele.
JOE
Acordei no domingo com a campainha tocando. Fiquei
meio perdido, até me dar conta que passava das dez horas da manhã.
Não dormia até tarde, mas tinha praticamente passado a noite em
claro.
Sentei na cama e, ao bocejar, soltei um palavrão
quando o lábio inferior partido doeu. A campainha tocou de novo.
Afastei as cobertas e levantei, nu. Catei uma bermuda, esfreguei os
olhos e fui para a sala, todo descabelado e descalço, sabendo que só
poderia ser uma pessoa bem íntima para o porteiro ter deixado subir
direto.
Abri a porta e dei de cara com Matheus. O ódio
veio violento e cerrei o punho, ansiando terminar o que não tínhamos
concluído no dia anterior. Em vinte anos de amizade nunca tínhamos
brigado de nos socar, mas agora era só o que eu tinha vontade de
fazer.
- O que está fazendo aqui? – Indaguei entre
dentes.
- Vim conversar e não brigar. Posso entrar?
Minha vontade foi de escorraçá-lo. Mas
escancarei a porta. Depois que passou, a bati. Seguimos para a sala e
Matheus sentou no sofá. Eu ia permanecer de pé, mas na tarde
anterior, depois de chegar em casa vindo do clube, fiquei bebendo até
de madrugada. Ainda estava tonto, com um gosto horrível na boca.
Sentei em uma poltrona.
- O que é?
Matheus me observou com atenção.
- Você está horrível, cara.
- Veio aqui para isso? – Indaguei irritado.
- Você gosta de Demi de verdade.
- Não vou ficar aqui falando disso para um traíra
como você. – Nossos olhares se
encontraram e o meu era de ódio.
- Traíra por quê? Nunca dei em cima dela. Nem
quando estavam juntos.
- Não eu em cima dela? Faça-me o favor, Matheus.
Ficou louco por Demi assim que a viu!
- E fiquei mesmo. Sabe que não sou cínico como
você e não saio por aí usando todas as mulheres. É uma de cada
vez e são tratadas bem, sem traição nem mentira.
- Sim, são tratadas muito bem. Com seu chicote e
seus objetos de sadomasoquista filho da puta! – Resmunguei. –
Demi sabe que o senhor perfeitinho gosta de submeter as mulheres e
chicoteá-las?
A raiva me consumia, aponto de atrapalhar minha
respiração. Só de imaginar Matheus tocando em Demi ou a levando no
clube e usando-a em uma Cruz, submetendo-a, eu ficava doente.
- Ela está grávida de mim. Se eu souber que
encostou a porra de um chicote nela, eu te mato!
- Eu nunca transei com Demi. Cale a boca e escute.
– Irritou-se também.
O alívio veio na hora, mais forte do que
imaginei. Por isso fiquei quieto. Conhecia Matheus e sabia que não
era mentiroso.
- Eu sei que essa história não é minha. –
Disse baixo, olhos fixos em mim. – Talvez eu devesse mesmo me
manter longe. Mas está sendo um pouco difícil.
Eu não disse nada, esperando.
- Apesar de estar certo sobre meus desejos
peculiares de dominação, isso é apenas um lado meu, que uso em
locais onde me sinto bem. E não espanco as mulheres. Todas são
parceiras que gostam das mesmas coisas que eu e concordam. Nenhuma
delas é seduzida ou enganada.
- Como eu fiz com Demi. Entendi o recado. E aí?
- Estou com 32 anos e nunca senti por mulher
nenhum o que senti quando vi Demi a primeira vez, sentada naquela
boate, linda como uma deusa. Quando olhou para mim e sorriu, eu soube
que era ela. Pode parecer piegas, até ridículo para você, mas foi
amor à primeira vista.
Eu quis debochar. Matheus era como uma moeda,
tinha dois lados bem distintos. De um lado era o perfeito cavalheiro,
responsável, sério, romântico. Não tinha vergonha em dizer que
queria se apaixonar e casar um dia. Coisa que sempre debochei dele.
Mas por outro lado tinha uma personalidade forte, que as pessoas só
conheciam com o tempo. E desejos de dominação, que extravasava no
clube e com parceiras que gostavam de serem submissas.
No entanto, não consegui dizer nada. Por que eu
mesmo fiquei encantado por Demi desde a primeira vez que a vi na
minha porta. Na hora, achei que era só sexo. Mas agora, me dava
conta que ela tinha me pegado ali. Não era apenas sua beleza
excepcional e sim aquele algo a mais que a envolvia, a sensação de
doçura e feminilidade, algo inexplicável, que a tornava única,
- Foi um choque quando você disse que era a sua
namorada. – Matheus continuou, bem sério. – E o pior, Joe, foi
saber que ela sairia machucada dessa história, pois é sempre assim
que você faz, passa como um rolo compressor por cima de tudo. -
Mesmo assim, você não devia ter se metido.
- E não me meti.
- Olhava para ela como se a quisesse inteira para
si. Eu vi no casamento de Antônio.
Ficava sempre rondando.
- Sempre? Encontrei com vocês na praia por
coincidência e pelo tempo julguei que nem
estivessem mais juntos. E sentar ao lado dela no
casamento não foi culpa minha, como não foi encontrá-la no clube.
Acho que foi tudo previsível, sabendo que frequentamos quase os
mesmos lugares.
- Mas não disfarçou que a queria.
- Claro que disfarcei! Não posso impedir de
desejá-la. É mais forte que eu e sabe que não desisto fácil das
coisas. – Ele suspirou, um pouco irritado. – Demi não sai da
minha cabeça. Ainda mais agora, vendo como está fragilizada e
sofrendo. Você fez pior do que pensei, fez uma cagada completa,
arrasou a menina de tudo quanto foi jeito.
- E você está doido para juntar os caquinhos! –
Acusei furioso.
- Não, estou doido para fazê-la sorrir de novo.
Para vê-la voltar a ser doce e esperançosa como antes de você
magoá-la desse jeito. Ela perdeu tudo, cara. Casa, família, o amor
que tinha pela irmã, a crença em você, e ainda de quebra a deixou
grávida, tendo que enfrentar seus ciúmes e os preconceitos da sua
avó. E eu, vendo tudo, devo me manter afastado, quando o que mais
quero é estar perto dela? Por quê?
- Por que era meu amigo. Por que essa história é
minha e quero consertar toda a burrada que fiz. Por que está
tentando tomar a minha mulher!
Fiquei lívido, furioso. Levantei, passando a mão
pelo cabelo.
- Eu quero Demi para mim. – Matheus também se
levantou, mas ficou no mesmo lugar. Sustentou me olhar colérico. –
Tenho certeza que a faria feliz. Muito mais feliz do que a sua a
arrogância permite. Mas vi seu estado ontem, acreditei em seu
arrependimento.
- E o que veio fazer aqui? Me afrontar?
- Não. Vim dizer que não vou forçar nenhuma
barra. Não tocarei nela como um homem toca uma mulher por quem está
apaixonado. Vou apenas oferecer minha amizade, que é o que Demi
precisa nesse momento. Ao contrário das acusações que fez ontem,
ela nunca me deu nenhuma entrada. Mas sabe que posso tentar, posso
convencê-la aos poucos, mas não vou.
Mantive-me em silêncio, apenas observando-o.
- Só vim aqui para esclarecer as coisas. Estou me
abstendo de tentar qualquer coisa com Demi. Como você disse, a
história é sua e vou observar de longe. Mas se você vacilar ou se
Demi não quiser mais nada com você mesmo, não vou ficar quieto
para sempre. Vou entrar na briga.
- Veio aqui me dar um tempo para reconquistar a
minha mulher? Quem é você para isso?
- Sou um homem apaixonado, Joe. Se você fosse
outro cara, eu já estaria fazendo de tudo para que Demi o
esquecesse. Mas é meu amigo. E não estou te dando um tempo. Estou
dando a mim mesmo. Quando eu a tiver, vai ser sem culpa.
- Quando? – Ironizei, com raiva. – Faz um
favor, Matheus. Cai fora daqui. O inferno está cheio de bonzinhos
como você, com boas intenções.
- Sim, eu vou. Já disse o que eu queria. – Ele
se dirigiu à porta e nunca o odiei tanto como naquele momento.
- Pode ser o amigo que quiser, tentar de todas as
formas conquistar Demi. Mas ela me ama e eu a amo. E no final, é
isso que vai pesar. – Avisei.
- Que seja. – Deu de ombros, abriu a porta e
saiu.
Eu fui para o banheiro, nervoso, mais apavorado do
que nunca. Era pior do que eu tinha imaginado. Não era só sexo.
Para Matheus era tão importante quanto para mim e ele não sairia da
briga, pairaria sobre nós como um sombra, esperando o momento certo
de dar o bote. Desgraçado filho da puta!
Fiquei sem saber o que fazer. Era como uma bomba
prestes a explodir em minhas mãos. Demi não queria me ver nem
escutar o que eu tinha a dizer. Como poderia fazê-la acreditar
em mim, em meu arrependimento, como se tivesse uma
maldita contagem de tempo para mim? Caso contrário Matheus atacaria
e com sua presença amiga, poderia ter muito mais sucesso do que eu.
Resolvi tentar. Não havia mais nada a perder. E
mesmo ouvindo não, recebendo socos ou sendo ofendido, ao menos eu a
veria, ouviria a sua voz, e perderia um pouco daquele vazio cada vez
maior dentro de mim. Qualquer migalha era melhor do que nada.
Estava chegando perto da sua casa, quando a vi
sair de sua avenida conversando com um garoto de uns nove anos. Parei
o carro no final da esquina, atrás de outro, e fiquei olhando-a de
longe. Eles pararam na porta de entrada da vila e Demi sorria para
ele, dizendo algo.
O menino ouvia, encantado, sorrindo como um bobo.
Devia estar apaixonado, uma mulher linda daquelas lhe dando atenção.
E como era linda. Parecia ainda mais. Seus cabelos
caíam soltos pelos ombros e costas, pegando a luz do dia. Usava
sandálias rasteiras, jeans claro modelando suas curvas, uma simples
camisetinha branca. Mas para que mais enfeite para tanta beleza? A
simplicidade só parecia torná-la mais gritante.
Terminou de falar com o menino e passou a mão no
cabelo dele com carinho. O garoto só faltou se derreter todo.
Olhando-os, dei-me conta que seria uma mãe maravilhosa. Daquelas que
beijam e acariciam, são carinhosas e preocupadas, amam sem vergonha
nem limites. Imaginei-a com nosso bebê no colo, amamentando-o,
sorrindo de seus primeiros passos, comentando a gracinha do dia. E eu
não estaria com ela vendo tudo aquilo.
Fui engolfado pela dor, pelo medo de que o
pesadelo se tornasse realidade. Não sabia mais o que fazer, o
desespero a ponto de me envolver. E então me dei conta que realmente
não havia como apressar as coisas, nem querer que saíssem conforme
o meu desejo. Seria uma luta, provavelmente inglória. E isso, além
de me desanimar ainda mais, também serviu para me acalmar.
Demi ajeitou a bolsa no ombro, se despediu do
menino e se afastou. Foi até o ponto do ônibus na calçada da outra
rua transversal e ficou lá, esperando. E eu só no carro, olhando-a
de longe.
Quase não pisquei. Senti uma saudade latente de
estar com ela, de abraçá-la e sentir seu cheiro, de ouvir a sua
voz. Saudade do modo como me olhava e como gostava de acariciar a
minha barba. Meu peito se apertou, eu nunca tinha me sentido tão
sozinho e triste. E saber que tinha tido tudo e jogado fora, por
arrogância e ignorância, era pior do que qualquer coisa.
Veio um ônibus azul e branco e, quando se
afastou, Demi não estava mais no ponto. Liguei o carro e o segui, a
uma distância segura.
Depois de uns quinze minutos, ela desceu no NORTE
SHOPPING, que ficava ali perto. Enquanto atravessava a rua e seguia
em frente, eu fui fazer o contorno e segui para o estacionamento, em
uma rua lateral. Fui o mais rápido possível.
Depois que deixei o carro e enfiei o cartão do
estacionamento no bolso, voltei para a entrada que ela tinha pego e
entrei logo, olhando em volta. Eu a vi ao final de um longo corredor
em frente, observando a vitrine de uma loja.
Respirei fundo e me mantive longe, mas com o olhar
fito nela. Como era domingo, havia muita gente ali circulando entre
nós. Quando Demi seguiu em frente, me pus a andar também, sempre
mantendo uma distância segura.
Passei em frente à loja que estivera olhando. Era
de coisas para casa, lençóis, toalhas, etc. Lembrei de sua casinha
quase toda vazia e senti um aperto por dentro, uma raiva absurda de
mim mesmo pelo que a estava fazendo passar.
De vez em quando Demi parava, olhava alguma coisa,
sem entrar. Mas então sorriu e
entrou em uma loja. Eu me aproximei, cauteloso,
com medo que saísse de repente e desse comigo. Parei a um canto e
espiei dentro. Era uma loja de artigos de bebê e tinha tudo que se
pudesse imaginar, desde berços até roupinhas.
Ela circulava por lá, olhando tudo com um
sorriso, dizendo algo à vendedora que a acompanhava. Pegou uma
roupinha branca e a cheirou, emocionada. Meu Deus, que vontade de ir
lá, envolvê-la pela cintura, beijar seu cabelo, sorrir também como
um bobo! Escolhermos juntos o enxoval do nosso filho.
Fiquei pálido, dolorido, senti lágrimas vindo
aos olhos e me horrorizei com as emoções violentas e descontroladas
que me assediaram. Tive medo de chorar ali e me dei conta que não me
lembro de ter chorado um dia. Nunca, nem quando era criança. Nem
quando minha mãe foi embora e eu era bem pequeno, nem quando meu pai
se matou, pois sempre foi distante, mergulhado em sua própria dor
para se preocupar comigo.
E agora eu sentia as lágrimas arderem. Por ter
jogado fora a maior felicidade que poderia ter na minha vida. Por
saber que só um milagre para Demi me deixar voltar. Por correr um
sério risco de nunca mais amar como eu a amava. Só de imaginar
minha vida longe dela, longe de tudo que tivemos, a dor vinha
abissal, terrível.
Observei-a do lado de fora, pelo vidro, como um
cachorro faminto diante de uma refeição. Nunca me senti tão
sozinho, tão triste e perdido. Demi olhava para a roupinha como se a
quisesse, mas a devolveu à vendedora e continuou a andar por ali.
Mexeu em várias coisas, pegou bichinhos de pelúcia, olhou berços e
tudo o mais. Então pegou uma roupinha verde água, dois pares de
meia e um sapatinho minúsculo. Sorrindo e falando com a vendedora,
pagou e já pegava a sacola com tudo.
Saí do meu estado de paralisia e dor. Entrei na
loja ao lado e dei um tempo lá. Quando olhei, ela já seguia em
frente. Não a segui. Fui para dentro da loja de bebês e me dirigi a
vendedora que a tinha atendido.
- Bom dia.
- Bom dia. – Sorriu para mim, corando.
- A moça loira que acabou de sair. Vi que gostou
daquela roupinha branca de bebê?
- Ah, sim. Faz parte de um enxoval com manta,
toquinha, meia, luvas e sapatinho para sair do hospital. Ela disse
que depois volta para comprar.
- Eu quero. Pode me mostrar?
- Claro.
Quando peguei a roupinha macia e branca como
algodão, fiz como Demi. Levei-a ao nariz e cheirei. Fitei aquela
coisa tão minúscula em minhas mãos grandes e fui engolfado pela
emoção.
Eu, que nunca sequer me imaginei como pai, agora
me derretia como um bobo. E sorri para a vendedora.
- Pode embrulhar tudo para mim?
- Sim, senhor.
Saí de lá e busquei Demi rapidamente, meus olhos
varrendo todos os corredores. Fui encontrá-la no andar superior,
indo até uma das mesas no salão de refeições com um copo grande
de vitamina de morango. Sentou, deixando o pacote a seu lado.
Eu me aproximei, sabendo que atrapalharia seu dia,
seu conforto e tranquilidade. E mesmo querendo muito estar perto
dela, me senti mal por isso.
Arregalou os olhos ao me ver sentar à sua frente.
Na mesma hora a raiva tingiu suas feições e já ia se levantar, mas
eu disse baixo:
- Por favor, não vou demorar. Não precisa sair.
Algo em minha voz ou em meu olhar a fez vacilar.
Acho que eu estava tão mal, tão arrasado, que ela sentiu. Falei
logo:
- Não vim brigar nem perturbar você. Só vim
pedir desculpas por ontem.
- Como me achou aqui? – Perguntou fria, sentada
na ponta da cadeira, como se estivesse pronta a fugir na primeira
oportunidade.
Fitei seus olhos prateados duros e raivosos, senti
a tensão que a envolvia e vi a diferença de como estava antes e
como estava agora. Eu fazia mal a ela. E consequentemente ao nosso
bebê. E isso foi pior que toda a tristeza que senti até aquele
momento.
- Fui até a sua casa, conversar. Então a vi
pegar o ônibus e a segui.
- Como ontem. Vai ficar assim agora, me seguindo
em todo lugar? O que preciso fazer para entender que não quero mais
ver você?
- Nada. Eu já entendi. – Falei baixo. Não
desviei o olhar. – Isso não vai mais tornar a acontecer. Vou
deixar você em paz.
Encarava-me, muito séria, seu desgosto e seu
desprezo sendo duros de aguentar. Sentia-me fraco, sensível, prestes
a desabar. Mas continuei:
- Sei que não vai adiantar, mas me perdoe por
tudo que fiz. Por ter feito você sofrer, por ter atrapalhado sua
vida. Por cada coisa. Me perdoe pelas acusações de ontem. Eu, mais
do que ninguém, deveria saber o quanto é honesta e responsável.
Está sozinha e livre para fazer as escolhas que quiser. E prometo
que não vou interferir mais.
Continuava quieta. Era difícil saber se alguma
coisa do que eu disse penetrou sua capa de raiva e frieza.
- Eu só queria pedir uma coisa, Demi. Que me
deixe participar da vida do meu filho.
- Ou o quê? Vai tentar tirá-lo de mim?
- Nunca. Sei que ele não poderia ter mãe melhor.
Eu só queria ver ele se desenvolvendo, ser informado da sua
gravidez, ir ao médico ao menos uma vez com você, ajudar no que
puder.
- Não, Joe. O que você quer é continuar no
controle. – Disse levemente trêmula, sem piscar. – Quer estar
perto, se fingindo de bonzinho, mudando de tática. - Não é isso.
- É isso sim!
Suspirei, exasperado. E o pior era que nem podia
acusá-la por pensar o pior de mim, eu lhe dera todos os motivos para
isso.
- Demi, é meu filho também. Só quero
acompanhar. Ele terá 30% do que ...
- Eu não quero nada! – Me interrompeu na hora.
- É um direito dele. Não tem por que ser
orgulhosa agora, eu também sou pai e posso ajudar.
- Eu não quero. – Repetiu, intransigente.
Ficamos nos olhando. Percebi que estava nervosa,
que seria difícil convencê-la.
- Então me deixe pelo menos acompanhar a
gravidez.
- Não. Nenhuma lei pode me obrigar a isso. Quando
o bebê nascer, você pode correr atrás dos seus direitos. Mas
enquanto está dentro de mim, ele é meu. E quero você longe.
Foi um golpe duro. Tentei me convencer que com o
tempo a raiva cederia e eu poderia tentar novamente. Mas o ódio dela
parecia ser tão grande que não acabaria nunca. Senti um desânimo
tão profundo, que até um cansaço estranho veio sobre meus ombros.
Insistir seria em vão, só a irritaria ainda mais.
- Eu vou embora. Não vou mais seguir nem
perturbar você. Repito e peço para me procurar se precisar de
qualquer coisa. Não sabe como estou arrependido de tudo que fiz, mas
vou
respeitar seu desejo. Cuide-se bem, Demi. E cuide
do nosso filho. – Levantei e depositei a sacola com o kit do bebê
sobre a mesa, à sua frente. – Aceite pelo menos esse presente para
ele.
A dor era tanta que tive medo de fraquejar na sua
frente. Era realmente uma despedida agora para mim. Eu a estava
deixando ir.
- Adeus, Demi.
Não disse nada, olhando-me fixamente. E eu fui,
sem olhar para trás.
Acho que meu coração acabou de quebrar em mil pedaços. Não desista dela, Joe! E não seja tão quarde rancor, Demi, você sabe que ele está falando a verdade, só mente pra si mesma dizendo que não!
ResponderExcluirAlguém me faz um favor, pega o Matheus, coloca um uma caixa, vai pro correio e envia ele pra puta que pariu! Porque pelo amor de Deus, ele tem que parar de se meter na vida dos outros, ele pode até estar apaixonado pela Demi, mas ele sabe que a Demi ama o Joe e vice-versa. Tipo, arranja um hobby, cara, jogar cartas, origami, masturbação.... Contanto que deixe os dois em paz ta valendo.
Posta logo!!
Não é possível que ela não vai amolecer o coração agora..... poxa estou com peninha dele de verdade.... chorando aqui..... continua.......
ResponderExcluirAaaaah posta maaaais!!ta perfeitoooo...
ResponderExcluirMeu deus continua...
ResponderExcluirposta mais por favor
ResponderExcluirMeu coração se partiu agora! Tadinho do Joe, tudo bem eu sei que o Joe a magoou profundamente, mas ela ta pegando muito pesado com ele
ResponderExcluirPosta logo
Posta mais hj um capítulo gigantão, acabe com a minha agonia por favor.
ResponderExcluirCara, que pena do Joe, não é possível que a Demi não perceba o quanto ele está arrependido. E não é possível que a Demi não deixe o Joe participar do desenvolvimento do filho deles, ela está sendo muito rancorosa.
ResponderExcluirPOSTA HOJE POR FAVOR!!!!
OMG PERFEITO!! ~ posta logo pfvr, vou ter um ataque do coração esperando OMG
ResponderExcluirMariiiiiii sua linda. Quanto tempo que eu não venho no seu blog. Mas agora estou de volta e vou me atualizar nas fics. Vou começar com essa que tem bastante coisas pra ler. Saudades de você e sei que a fic é perfeita, como todas que você sempre posta
ResponderExcluirBeijos
fifty shades of matt
ResponderExcluirCoração doendo depois desse "adeus Demi" , não sei mais no que pensar pra essa reconciliação, parece um beco sem saída. Me diz por favor o que vai acontecer?
ResponderExcluirNanda
Ae meu Deus sei que o Joe foi um FDM mas coitado dele :( posta logoo
ResponderExcluirEspera que este não seja o fim deles, a Demi tem que dar uma hipótese ao Joe!!
ResponderExcluirA história é incrível, criatividade e habilidade para escrever é o que não te falta :)
Posta logo por favor :)
Posta mais pf
ResponderExcluirFoi mal não comentar os outros capítulos, fiquei sem internet
ResponderExcluirTo com tanta pena do Joe
Continua
PELO AMOR DE DEUS POSTA LOGO! 'o'
ResponderExcluirEU VOU MORRER SE VCS NÃO POSTAR LOGO, PORQUE PORRA CARVALHO, EU ESTOU ESPERANDO O DIA TODO
ResponderExcluirPOSTA LOGO
ps- Desculpa a linguagem, mas estou estressada agora