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Joe subiu a escada mancando. O apartamento de Demi
estava escuro. Ele destrancou a porta do apartamento dele, ligou as
luzes e foi diretamente ao banheiro para ver o estrago no rosto.
Colocou um dedo no lábio superior e tentou ver o dente.
O médico no hospital dissera que ele lascara um
dos dentes. Pelo menos, os dentes da frente pareciam estar inteiros.
Havia um pequeno curativo em forma de borboleta sobre o corte na
sobrancelha esquerda. O
olho estava roxo e inchado. Ótimo. Que maravilha.
Em seguida, ele foi até o quarto e vestiu calças
e camiseta limpas,
jogando as roupas ensopadas de sangue na lata do lixo.
Aquela noite se tornara mais amarga do que doce,
mas, ainda assim, tinha um toque doce.
Mais do que tudo, ele quisera encontrar Demi
naquela noite. Conversar com ela, saber como estava. Desde que eles
fizeram amor, ela estivera presente em todos os pensamentos dele. Joe
nunca se sentira assim com ninguém antes, nem mesmo Maggie, e fora
isso que percebera no jantar mais cedo. Ele quisera correr para casa,
pegar Demi nos braços, olhar bem dentro dos olhos dela e dizer que
sentira saudades dela. Mais importante do que isso, dizer que a
amava, somente ela, e mais ninguém. Ele só tinha uma semana antes
que o treinamento começasse. Planejava aproveitar o tempo ao máximo,
passando cada minuto com Demi e Ryan. Faria o que fosse preciso para
convencê-la de que ela era a única mulher da vida dele.
Quanto mais ele tentara voltar para Demi naquela
noite, mais difícil se tornara a tarefa. Pela primeira vez desde que
se mudara para o apartamento, sentia-se frio e solitário. Ele pegou
um saco de ervilhas congeladas e colocou-o sobre o olho. Com um olho
bom, olhou pela janela sobre a pia da cozinha para ver se as luzes do
apartamento de Demi já estavam ligadas. Ryan normalmente acordava
para mamar naquele horário. Finalmente, ele tomou dois comprimidos
de analgésico e foi até o
sofá. Colocando a cabeça sobre uma almofada, fechou os olhos.
Apesar da dor, ele se sentia como se um peso enorme tivesse sido
erguido do coração. Durante todos aqueles anos,
ele achara que estivera apaixonado por Maggie. Agora, percebia que só
estivera obcecado com a ideia de estar apaixonado por ela. Amar
Maggie significava competir e "ganhá-la" no final. Era só
isso, uma competição. Ele merecera tudo o que lhe acontecera
naquela noite. Tinha muitas desculpas a pedir antes que Aaron e
Maggie pudessem perdoá-lo. Não era de se espantar que a família
não conseguira entendê-lo, especialmente nos últimos meses. Nem
ele mesmo conseguia se entender.
~~~
Joe se sentou subitamente. O sol entrava pela
janela, aquecendo o rosto e deixando-o cego. Ele levou um momento
para perceber que pegara no sono no sofá. Esfregando a nuca, ele
colocou os pés no chão. Sentia-se
totalmente destruído. Não havia um músculo que não doía.
Já era meio-dia.
Ele olhou pela janela para o apartamento de Demi e
percebeu que ela
provavelmente saíra para a consulta de Ryan horas antes.
Com cuidado para não fazer nenhum movimento
brusco, ele foi até o banheiro. Escovou os dentes, o que não foi
nada fácil, considerando o lábio inchado. Em seguida, jogou água
fria no rosto e olhou para o reflexo no
espelho. O olho parecia um pouco melhor do que o lábio.
Uma batida soou na porta e ele foi até lá,
animado com a possibilidade de finalmente conseguir falar com Demi.
Mas era Maggie que estava do outro lado da porta,
vestindo bermudas jeans e uma camiseta cor-de-rosa. Tentando ocultar
o desapontamento ao
vê-la parada lá, em vez de Demi, ele a cumprimentou com um sorriso torto.
— Ah, olha só, coitado de você — disse ela,
passando por ele, entrando
no apartamento e fechando a porta atrás de si.
— O que está fazendo aqui? — perguntou ele.
— Precisamos conversar.
Por algum motivo, aquela frase o deixou nervoso.
— Está tudo bem — disse ela, obviamente
notando a apreensão no rosto dele. — Eu vim aqui porque não vou
conseguir descansar até termos uma conversa final. Tenho algumas
perguntas importantes a fazer.
— Ok — disse ele, engolindo o nó da garganta. — Vá em frente.
— Você está com uma aparência horrível.
— Obrigado.
— Aaron tem uma direita poderosa, hein?
— Tem mesmo.
— Quem diria?
— Eu não teria dito.
Ela colocou a mão no rosto dele. Ele ficou
parado, com o corpo rígido, deixando que Maggie o tocasse, pois
parecia que, obviamente, tinha algo muito sério que queria dizer. Em
seguida, ele notou um olhar estranho no
rosto dela e entendeu. — Não diga isso — pediu ele.
— Não diga o quê?
— Não me diga que lamenta, porque eu sou o
único que precisa pedir desculpas. Nós dois podemos pedir desculpas
até ficarmos roxos por falta de ar, mas não vai adiantar nada.
— Você tem razão.
Ele continuava olhando de vez em quando pela
janela em direção ao apartamento de Demi. Parecia que se passaram
meses desde que a vira pela última vez. — Então, o que quer, Maggie?
Ela deixou o braço cair ao lado do corpo,
repousando a mão sobre a
bolsa pendurada no ombro. — É sobre eu e você.
Ele não gostou do rumo que a conversa tomava.
Duas semanas antes, ora, dois dias antes, teria dado o braço direito
para passar algum tempo sozinho com ela. Mas, agora, só conseguia
pensar em Demi. Ele olhou por cima da cabeça de Maggie novamente
para o apartamento de Demi. Ela já deveria ter chegado em casa.
Onde ela estava?
Subitamente, ele se sentiu muito desconfortável
tendo Maggie parada diante dele, os dois sozinhos. — O que é, Maggie?
— Tive muito tempo recentemente para pensar nas
coisas... para pensar sobre nós.
Fez-se uma longa pausa desconfortável entre eles.
Ele foi até a cozinha e serviu um copo d'água. A dor na cabeça
estava se tornando intolerável e
Joe tomou mais dois comprimidos. — Quer alguma coisa?
— Não, obrigada.
— Ok — disse ele. — Bote para fora, Maggie.
O suspense está me matando. O que exatamente está tentando me dizer?
— Eu amo você — disse ela. — Quero ficar
com você para sempre. Fuja comigo, Joe. Hoje. Agora.
Ele engasgou e a água ameaçou sair pelo nariz.
Maggie franziu a testa. — Você está rindo?
— Desculpe. É só que você não podia ter
escolhido um momento melhor. Eu não amo você, Maggie.
— Então não disse aquilo só porque Aaron estava lá na noite passada?
— Não. Eu falei a verdade. Acho que precisei
que alguma coisa me fizesse cair em mim para perceber que não
gostava da ideia de perder você para Aaron.
Ela colocou as palmas das mãos no peito dele e empurrou-o com força.
— Ei, o que está fazendo?
Ela o empurrou novamente e bateu no ombro dele com
o punho fechado.
Ela era minúscula e ele não sentiu nada, é
claro, mas deu alguns passos
para trás caso ela decidisse pegar a mesinha de café e jogar nele.
O rosto dela continha todos os tons de vermelho
naquele instante. — Então, está dizendo que me procurou sempre
que podia, arruinou o meu relacionamento, e fez isso tudo por nada?
Só porque é um cara valentão
acostumado a ter as coisas do seu jeito? Porque gosta de vencer?
Ela atravessou a sala com passos duros e abriu a
porta. Ele a seguiu até o lado de fora. — Eu sei que foi ruim,
Maggie. — Ele se aproximou o máximo possível, mas sem ficar ao
alcance do punho dela. — Quisera eu poder apagar tudo —
continuou. — Quisera eu ter visto o que todos viram
há muito tempo. Gosto de você como uma irmã e a verdade é que amo Demi.
Eu não sabia o que era amor até conhecê-la.
Maggie não parecia convencida.
— É loucura, mas é verdade. Acho que amei Demi
desde a primeira vez em que coloquei os olhos nela.
Maggie ergueu os braços, fazendo com que ele
desse mais um passo atrás. Ela sorriu e deu um passo à frente. Em
seguida, colocou as mãos no rosto dele, ficou na ponta dos pés e
beijou-lhe de leve o rosto. Antes que entendesse o que ela pretendia,
Maggie tirou as mãos do rosto dele e simplesmente o abraçou,
apertando-o com tanta força que ele achou que quebraria no meio. Ao
terminar, empurrou a alça da bolsa um pouco mais para cima no ombro,
parecendo feliz e, talvez, um pouco divertida, como se nunca tivesse
esperado que ele realmente fosse concordar em fugir com
ela. — Obrigada, Joe. Vejo você no tribunal na segunda-feira.
Ele coçou a cabeça. — Você estará lá?
Depois de tudo pelo que fiz você passar? — Nada mais fazia sentido.
— Isso mesmo — disse ela. — Eu não perderia isso por nada.
Maggie desceu a escada e Joe, sentindo que alguém
o observava, olhou por sobre o ombro da direção do apartamento de
Demi, vendo-a pela janela da cozinha.
~~~
No caminho para casa, voltando da consulta de Ryan
com o dr. Lerner, Demi abriu a janela e deixou que o ar quente de Los
Angeles esvoaçasse os
cabelos ao passar pelos prédios do Warner Brothers Studio e da NBC.
O dr. Nate Lerner expressara prazer ao ver como o
filho dela estava progredindo bem. Depois que Nate terminara o exame,
ela agradecera as flores e disse a ele que estava com a vida um tanto
caótica no momento, que precisava colocar as coisas em ordem antes
de sair com ele ou qualquer outra pessoa. Ele fora mais do que
compreensivo, pedindo a ela que o avisasse quando estivesse pronta
para sair novamente. Prometeu que
seria em uma noite em que não estivesse de plantão.
Demi odiava admitir, mas esperara que Joe
aparecesse na porta do apartamento dela na noite passada, como
dissera que faria, para que pudessem conversar. Ela definitivamente
se apaixonara por ele. Não sabia como nem por quê. Apesar de Joe
não ter aparecido, ela conseguira dormir a noite inteira. Ryan já
tinha mais de um mês de idade e dormira até às cinco horas da
manhã. Ela se sentira descansada e ansiosa para começar o dia.
Era quinta-feira e a mediação estava marcada
para a manhã de segunda-feira. Depois disso, tudo estaria resolvido,
preto no branco, e ela poderia continuar a vida. Não haveria mais
joguinhos de adivinhação. Saber que não teria que se preocupar com
Ryan ser tirado dela retiraria um peso enorme dos ombros.
Demi estacionou o caro e viu que o carro de Joe
ainda estava lá. O
coração dela bateu mais forte com a ideia de vê-lo. Não podia evitar.
Com Ryan no carrinho e a sacola pendurada no
ombro, ela subiu a escada. Uma brisa leve refrescou-lhe o rosto. Um
beija-flor bebia água do lado de fora da janela do vizinho.
Depois de entrar no apartamento, ela tirou Ryan do
carrinho e carregou-o para o quarto, sorrindo enquanto ele remexia as
pernas e esticava os braços. Deixando-o no berço, ela foi para a
cozinha pegar a mamadeira. Enquanto enchia uma panela com um pouco de
água para
esquentar a mamadeira, ela viu a porta do apartamento de Joe aberta.
E viu Joe e Maggie. Eles estavam conversando,
ambos com a expressão séria, até que Maggie pegou o rosto dele e
beijou-o. Depois que o
beijo terminou, eles ficaram abraçados pelo que pareceu uma eternidade.
O coração dela afundou e a respiração parou.
No dia anterior, ela
começara a achar que talvez estivesse sendo dura demais com Joe.
Talvez, apesar de tudo o que vira com os próprios
olhos, eles ainda tivessem uma chance.
Minha nossa, será que não conseguia enxergar?
Ela fora tão idiota. Tentara ignorar a óbvia paixão dele pela
mulher, mas, agora, algo lhe dizia que a história era muito maior do
que isso. Como se a sentisse observando-o, Joe olhou para cima e
viu-a pela janela. Ele não perdeu tempo e foi
até o apartamento de Demi.
Ela abriu a porta antes que ele pudesse bater e
ficou de queixo caído no
momento em que viu o rosto dele de perto. — O que aconteceu com você?
— É uma longa história.
Ele tentou entrar, mas ela bloqueou a porta. —
Responda a algumas perguntas e depois poderemos conversar.
— Ok, se é sobre o que acabou de ver...
— Na semana passada, quando levou Hank para a
sua casa em Malibu — começou ela, interrompendo-o sem rodeios —
e só voltou depois da meia-noite, onde você estava?
As mãos dele se afundaram nos bolsos da frente da
calça. — Por toda parte — disse ele. — Se eu me lembro
corretamente, foi um dia meio louco. — Os olhos dele se estreitaram
e os lábios se apertaram, como se fossem ajudá-lo a se lembrar. —
O carro da minha irmão quebrou — disse ele. —
Disso eu me lembro.
— Você encontrou Maggie naquela noite? Sabe,
antes de vir aqui? — Antes do beijo, pensou ela. Antes de me beijar
louca e apaixonadamente, de
fazer amor comigo e de virar o meu mundo de cabeça para baixo.
Ele assentiu. — Creio que sim.
— Sim ou não?
— Sim.
— E de novo na noite passada...
— Foi uma coincidência, nada mais que isso.
— Você encontrou Maggie na casa dela na noite passada?
Ele assentiu.
Exatamente o que ela receava. — Vejo você no
tribunal na segunda-feira de manhã.
Ela tentou fechar a porta, mas ele manteve a mão no batente.
Ele franziu o rosto. — Você disse que poderíamos conversar.
— Isso foi antes de responder às minhas perguntas.
Novamente, ela tentou fechar a porta.
Ele não se moveu. — Não faça isso, Demi. Não é o que parece.
— Você não entende — disse ela. — Não estou brava com você. Só estou
desapontada. Você não me deve nada e eu não
devo nada a você. Se formos
pensar bem, nem mesmo nos conhecemos direito.
— Isso não é verdade. Eu sei que você é
responsável e trabalha muito. Você é uma mãe incrível e uma
pessoa atenciosa. Eu sei que você gosta de sushi e de suflê de
chocolate com a crosta firme e o meio mole. Diário de uma Paixão é
um de seus filmes favoritos, você prefere gatos a cachorros, e
foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida em muito, muito tempo.
Ele parecia e soava sincero, mas nada disso
importava. Ela não queria ficar com um homem que talvez estivesse
olhando para ela, mas pensando em outra. Sabia que ele estava confuso
e que a reação dela ao vê-lo com Maggie talvez fosse injusta. Mas
ele não a amava e isso, no mínimo, ela
merecia. Depois de tudo pelo que passara, ela realmente merecia isso.
— E você é linda — continuou ele, com a voz
rouca, o tom beirando o desespero. — Você é exatamente o que
aparenta. Não finge ser alguém que
não é. E isso é uma das coisas que mais gosto em você.
Lá estava aquela palavra novamente. Gosto. Ele
gostava dela. Ele realmente gostava dela. Ela suspirou. Exatamente
por isso, ela não poderia deixá-lo passar pela porta. Isso não
tinha nada a ver com Maggie e tudo a ver com a forma como ela queria
ser tratada. Depois de sete anos, Thomas também não soubera o que
queria. Ela sabia muito bem como escolher homens assim. — Lamento,
mas não quero um homem que não sabe resolver o que quer. Não sou
mais a mulher ingênua que eu era. Mereço coisa melhor.
~~~
A última vez em que Demi vira Joe fora três dias
antes. No dia seguinte, ela o veria no tribunal. Ela suspirou. Aquela
não era a verdade completa. A última vez em que o vira fora uma
hora antes, quando espiara por uma fresta da cortina da janela da
sala e observara enquanto ele andava até o estacionamento. Como
sempre, ele estava incrivelmente bonito, com uma camisa branca de
botões com as mangas arregaçadas e calças que ficavam justas nas
coxas. Ela ficou imaginando onde ele iria e o que faria.
Tentando afastar o pensamento dele, ela levou Ryan
para o banheiro para dar-lhe um banho. Quando a temperatura da água
estava no ponto, ela o colocou dentro da banheira.
— Você é o garoto mais querido do mundo, não
é? — Ele era um
milagre. Ryan não chorava mais sempre que ela o segurava. Na verdade,
Nate sugerira que o motivo de ele chorar tanto no
início talvez fosse porque podia sentir a apreensão de Demi. Mas,
em pouco tempo, ela se tornara confiante da capacidade de tomar conta
dele. Pelo jeito, os bebês
conseguiam sentir quando a mãe estava nervosa.
Ela encheu a palma da mão com água morna da
banheira e retirou o sabonete. Em seguida, secou o bebê e enrolou-o
em um cobertor quente. Ao se encaminhar para a sala, viu de relance
uma silhueta do outro lado da cortina. Alguém estava parado do outro
lado da porta. Sandy dissera que talvez passasse lá com alguns dos
artigos que escrevera para a nova edição da Culinária para Todos.
A revista tivera sucesso no mês anterior e, no mês seguinte,
esperavam dobrar as vendas. Chelsey creditava o aumento nas vendas a
Joe Jonas, mas Demi preferia acreditar que isso devia às
excelentes receitas e aos artigos informativos que a revista continha.
Ela abriu a porta. Nunca, nem em um milhão de
anos, esperaria ver Thomas parado sobre o tapete em frente à porta.
— Olá, Demi.
Ela não disse uma palavra. Em vez disso, parou um
momento para estudá-lo. Ela sempre gostara dos ternos escuros, das
camisas brancas engomadas e do cabelo perfeitamente penteado, mas,
por algum motivo, a aparência rígida não ficava mais bem nele. Ou
talvez a aparência não mais correspondesse ao que ela gostava, não
sabia ao certo. Ele era alto, mas não tinha os ombros largos, como
ela se lembrava dos estranhos sonhos que tinha nos últimos tempos. A
julgar pela palidez no rosto dele, passara horas
demais dentro do escritório, em vez de jogando golfe.
Ele tentou lhe entregar um buquê de tulipas
vermelhas, mas as mãos dela estavam ocupadas. Portanto, ela
gesticulou em direção à cozinha e seguiu-o até lá. As flores
favoritas dela eram lírios, mas Thomas nunca se lembrava de
detalhes, nem mesmo depois de passarem sete anos juntos. —
Obrigada — disse ela. — São lindas.
— Não tão lindas quanto você.
Ela o observou atentamente, tentando imaginar o
que pretendia, pois nunca fora de usar elogios.
— Pegue — disse ela, entregando Ryan a ele
para que pudesse colocar as flores em um vaso.
— Ah, não, não acho que seja uma boa ideia.
Tarde demais, ele já estava com Ryan nos braços.
Thomas torceu o nariz, como se estivesse segurando um gambá em vez
de um bebê. Ela
ignorou o olhar de horror dele e procurou um vaso calmamente.
A ideia de que Thomas estava dentro do apartamento dela segurando
Ryan nos braços era totalmente esquisita. Apesar
de os pais terem mencionado Thomas mais de uma vez, ela nunca achou
de verdade que o veria novamente. Olhando para ele de novo, ficou
imaginando se a decisão de visitá-la fora realmente dele. Ela se
ocupou cortando os caules e arrumando as flores cuidadosamente no
vaso enquanto tentava aceitar o fato de que ele estava lá.
Quando Demi se virou, ficou surpresa ao vê-lo tão
próximo. — Sobre o que queria conversar comigo?
— Não é óbvio?
O olhar familiar de cachorrinho que ele lhe lançou
sempre funcionara. Mas, daquela vez, ele parecia apenas ridículo.
Ela teve que se segurar para não rir. — Você mal disse duas
palavras para mim desde que me abandonou no altar. Para ser bem
sincera, não faço a menor ideia do motivo pelo qual está aqui.
— Eu nunca deixei de amar você, Demi.
Ela ficou de boca aberta. — Você está
brincando? Levou meses para me telefonar depois que eu me mudei. Se
realmente me amasse, teria vindo para a Califórnia meses atrás.
— Seus pais me pediram para lhe dar um tempo.
Disseram que você voltaria antes do fim do verão. Na outra vez que
perguntei sobre você, fiquei sabendo que estava grávida.
Ela sacudiu o dedo para ele.
Ele apertou Ryan um pouco mais contra o peito para se proteger.
— Por que você me largou na igreja, Thomas?
Como pôde fazer isso comigo?
— Porque eu sou um idiota.
— Devolva o meu filho. — Ela retirou Ryan dos braços dele.
Thomas olhou para baixo, para a mancha molhada na camisa.
— Parece que ele fez xixi em você. Vou trocar a fralda dele e já volto.
Ela voltou alguns momentos depois segurando o bebê
com a fralda limpa. Thomas estava parado na frente da pia, usando uma
toalha de papel para passar água fria na mancha da camisa.
— Você tem um berço ou coisa parecida onde
possa colocá-lo enquanto conversamos?
— Não. Não está na hora do cochilo dele e ele gosta de ficar no colo.
Thomas gesticulou em direção ao sofá. — Vamos sentar?
Relutantemente, ela se sentou na cadeira em frente ao sofá.
Ele se sentou no sofá e esfregou as mãos nos
joelhos, algo que sempre
fazia quando estava nervoso. Não importava quantas vezes olhasse para
ele, Demi ainda não conseguia acreditar que,
depois desse tempo todo, Thomas estava sentado à frente dela.
Finalmente ele aparecera.
Ela passara meses sonhando com aquele momento e lá
estava ele. Mas ela não sabia se gostava da ideia.
— Lembra-se da briga que tivemos na noite
anterior ao casamento? — perguntou ele.
Ela assentiu, apesar de não fazer a menor ideia
do motivo da briga daquela noite. Os dois estavam nervosos e
estressados depois de meses de planejamento para o grande dia.
— Depois que saí da sua casa, entrei no carro e
fiquei vagando. Dirigi por muito tempo e nem sabia mais em que cidade
estava. Encontrei um hotel, fui diretamente para o bar e bebi até
desmaiar. — Ele fez uma pausa e olhou para ela, com os olhos cheios
d'água. — Você sabe que não costumo beber. Quando acordei na
manhã seguinte, era tarde demais. O casamento já tinha passado.
Quando cheguei na sua casa, você se recusou a falar comigo.
Ela esperou que alguma acontecesse dentro de si,
achando que sentiria um frio na barriga ou algum rasgo de desejo, mas
não sentiu absolutamente nada.
Ele saiu do sofá, parou em frente a ela e
apoiou-se em um joelho. Em seguida, colocou a mão na perna dela,
pois ela tinha as mãos ocupadas com o bebê. — Eu nunca deixei de
amar você, Demi. Volte para Nova Iorque comigo. Eu imploro.
Ela desejou que Sandy estivesse lá com uma câmera
de vídeo. Por mais de um ano, fantasiara sobre aquele exato momento,
sobre Thomas implorando para que voltasse para ele. Nos sonhos, eles
se abraçavam e choravam antes que ele a levasse a uma capela para
que finalmente se tornassem marido e mulher. Apesar do que fizera,
ela ainda sentia alguma coisa por ele, sentimentos de amor fraternal.
Pela primeira vez em muitos meses, soube sem a menor sombra de dúvida
que fizera a coisa certa ao se mudar para a Califórnia.
Ela não pôde evitar um sorriso.
Pela primeira vez na vida, ela estava fazendo
todas as coisas com as quais sonhara. Era responsável pela própria
revista. Tinha um filho, um garoto que era dela. Gostava do
apartamento onde morava e não tinha dúvida alguma de que seria uma
boa mãe para Ryan. Apesar de ter tido uma decepção amorosa, ela se
abrira novamente e nunca se arrependeria
do tempo que passara com Joe. Pela primeira vez na vida, ela se sentia
capaz de tomar decisões por conta própria, sem
precisar perguntar aos amigos ou à família o que achavam. Além de
usar os instintos, seguia os
sonhos que sempre tivera e sentia-se bem com isso.
Thomas devia ter tomado o sorriso no rosto dela
como um sinal positivo, pois os olhos dele brilharam com esperança.
— Lembra-se da casa que eu falei que tinha escolhido para nós dois?
Ela assentiu.
— Eu a comprei. Espere até ver o que fiz no
escritório. É todo seu. Você pode contratar uma babá e escrever
artigos para a sua revistazinha se tiver tempo. Mais importante do
que isso, quero que edite o livro que estou
escrevendo. Eu incluirei o seu nome na página de agradecimentos.
Ela precisou de todas as forças para não revirar
os olhos nem rosnar pra ele.
— As coisas serão diferentes dessa vez, Demi.
Só preciso que me dê uma chance.
Ela ergueu Ryan para que Thomas o visse. — Essa
é a minha vida agora, Thomas. Olhe para ele. Olhe para ele com
bastante atenção. Ele é a minha vida, o meu amor, é tudo para mim.
Thomas suspirou. — Não é saudável para uma
criança ser coberta de amor, sabia?
— Eu sei, mas não posso evitar. — Ela sorriu
novamente. — Olhe para ele. É irresistível, não acha?
Thomas olhou para Ryan longamente e coçou a nuca.
— Você quer segurá-lo de novo? Ele está com fraldas limpas.
— Dispenso, obrigado.
O sorriso dela aumentou, pois soubera exatamente o
que ele diria. — Eu
nunca poderia viver com um homem que não amasse Ryan tanto quanto eu.
— Tenho certeza de que, com o tempo, eu sentiria
pelo bebê a mesma coisa que você.
— Eu tenho certeza de que não sentiria, mas
esse não é o motivo pelo qual terei que recusar a sua oferta. Eu
não amo você. — Ela segurou Ryan
perto do peito. — Nossa, isso é incrível.
— O que é?
— Eu poder sentar aqui, olhá-los bem nos olhos
e dizer com cem por
cento de certeza que não amo você. É libertador, Thomas, tão libertador!
Thomas se levantou e brincou com a gravata. —
Acho que está na hora de eu ir embora.
Ela se levantou e, por um momento, eles ficaram
parados olhando um
para o outro. Mas ela teve uma ideia. Levantou o queixo, fechou os olhos e
espichou os lábios.
— O que está fazendo, Demi?
— Beije-me. — Segurando Ryan com uma das mãos,
ela usou a outra para bater com o dedo nos lábios. — Rápido,
Thomas, antes que seja tarde demais.
Ele se inclinou para a frente e beijou-a.
Aproveitou o beijo por tempo demais e ela gentilmente o empurrou para
longe. — Nada. Eu não senti absolutamente nada.
Balançando a cabeça, Thomas andou em direção à porta.
— Eu sinto muito — disse ela, seguindo-o de
perto. — Mas realmente aprecio você ter vindo até aqui.
— Tenho certeza disso. — Ele abriu a porta e
virou-se para ela. — Eu estarei no tribunal amanhã. Sua mãe e seu
pai também estarão lá. Ele mandou dois dos melhores advogados dele
comigo. Quando tudo terminar, você terá a guarda total do seu filho.
Então, o pai dela tinha mandado Thomas lá. — E
como pretende fazer isso?
— Será bem fácil, na verdade — disse ele. —
Será uma questão de abrir e fechar o caso. Confie em mim.
— Bem, não quero ferir os sentimentos de
ninguém. Não é preciso que as coisas sejam feias.
— Quer ou não a guarda total do seu filho?
Ela mordeu o lábio inferior. — Bem, sim, mas...
— Então deixe comigo, Demi. Não preocupe mais
a sua cabecinha com isso.
Ignorando a menção à "cabecinha", ela
se lembrou claramente o motivo pelo qual ele a irritava. — Só
estou pedindo que você e seus amigos não exagerem — disse ela. —
Eu sei como os advogados do papai podem ser
terríveis, como um bando de tubarões frenéticos. Isso não é necessário.
— Eu serei tão gentil que talvez você mude de
ideia sobre voltar para casa comigo.
— Adeus, Thomas. Vejo você no tribunal.
Porra q vontade de dar um soco na Demi, Joe se declara pra ela sempre e ela fica de mimi cadela jsvsjshshshsh posta logoo
ResponderExcluirPosta cara essa fic e de deus
ResponderExcluirAah posta mais *-*
ResponderExcluirTa ficando muito boom
Porque o Joe não disse a ela que a amava logooo.... pq ela não escutou o que ele falou pra Maggie.... meu Deus o que vai acontecer nesse tribunal...... postaaaaa
ResponderExcluirEspero que eles se entendam no tribunal e que cheguem a um acordo sem se matarem uns aos outros. Demi e Joe têm de se acertar, ela é orgulhosa, mas porra ele tem de dizer que a ama e tudo ficará bem :)
ResponderExcluirFinalmente estou despachada da minha época de testes na escola e vou poder ler as histórias mais antigas :) Posta mais por favor :)
Quando o Joe tava falando com a Maggie eu jurava que a Demi tava ouvindo tudo, mas ela entendeu tudo errado.
ResponderExcluirCara eles tem que ficar juntos logo!!
Posta mais!!!