23.1.15

Capitulo 23

RETA FINAL!!!!!!! MAIS TARDE POSTO MAIS ♡

----------

Joe subiu a escada mancando. O apartamento de Demi estava escuro. Ele destrancou a porta do apartamento dele, ligou as luzes e foi diretamente ao banheiro para ver o estrago no rosto. Colocou um dedo no lábio superior e tentou ver o dente.

O médico no hospital dissera que ele lascara um dos dentes. Pelo menos, os dentes da frente pareciam estar inteiros. Havia um pequeno curativo em forma de borboleta sobre o corte na sobrancelha esquerda. O olho estava roxo e inchado. Ótimo. Que maravilha.

Em seguida, ele foi até o quarto e vestiu calças e camiseta limpas, jogando as roupas ensopadas de sangue na lata do lixo.

Aquela noite se tornara mais amarga do que doce, mas, ainda assim, tinha um toque doce.

Mais do que tudo, ele quisera encontrar Demi naquela noite. Conversar com ela, saber como estava. Desde que eles fizeram amor, ela estivera presente em todos os pensamentos dele. Joe nunca se sentira assim com ninguém antes, nem mesmo Maggie, e fora isso que percebera no jantar mais cedo. Ele quisera correr para casa, pegar Demi nos braços, olhar bem dentro dos olhos dela e dizer que sentira saudades dela. Mais importante do que isso, dizer que a amava, somente ela, e mais ninguém. Ele só tinha uma semana antes que o treinamento começasse. Planejava aproveitar o tempo ao máximo, passando cada minuto com Demi e Ryan. Faria o que fosse preciso para convencê-la de que ela era a única mulher da vida dele.

Quanto mais ele tentara voltar para Demi naquela noite, mais difícil se tornara a tarefa. Pela primeira vez desde que se mudara para o apartamento, sentia-se frio e solitário. Ele pegou um saco de ervilhas congeladas e colocou-o sobre o olho. Com um olho bom, olhou pela janela sobre a pia da cozinha para ver se as luzes do apartamento de Demi já estavam ligadas. Ryan normalmente acordava para mamar naquele horário. Finalmente, ele tomou dois comprimidos de analgésico e foi até o sofá. Colocando a cabeça sobre uma almofada, fechou os olhos.

Apesar da dor, ele se sentia como se um peso enorme tivesse sido

erguido do coração. Durante todos aqueles anos, ele achara que estivera apaixonado por Maggie. Agora, percebia que só estivera obcecado com a ideia de estar apaixonado por ela. Amar Maggie significava competir e "ganhá-la" no final. Era só isso, uma competição. Ele merecera tudo o que lhe acontecera naquela noite. Tinha muitas desculpas a pedir antes que Aaron e Maggie pudessem perdoá-lo. Não era de se espantar que a família não conseguira entendê-lo, especialmente nos últimos meses. Nem ele mesmo conseguia se entender.

~~~

Joe se sentou subitamente. O sol entrava pela janela, aquecendo o rosto e deixando-o cego. Ele levou um momento para perceber que pegara no sono no sofá. Esfregando a nuca, ele colocou os pés no chão. Sentia-se totalmente destruído. Não havia um músculo que não doía.

Já era meio-dia.

Ele olhou pela janela para o apartamento de Demi e percebeu que ela provavelmente saíra para a consulta de Ryan horas antes.

Com cuidado para não fazer nenhum movimento brusco, ele foi até o banheiro. Escovou os dentes, o que não foi nada fácil, considerando o lábio inchado. Em seguida, jogou água fria no rosto e olhou para o reflexo no espelho. O olho parecia um pouco melhor do que o lábio.

Uma batida soou na porta e ele foi até lá, animado com a possibilidade de finalmente conseguir falar com Demi.

Mas era Maggie que estava do outro lado da porta, vestindo bermudas jeans e uma camiseta cor-de-rosa. Tentando ocultar o desapontamento ao vê-la parada lá, em vez de Demi, ele a cumprimentou com um sorriso torto.

— Ah, olha só, coitado de você — disse ela, passando por ele, entrando no apartamento e fechando a porta atrás de si.

— O que está fazendo aqui? — perguntou ele.

— Precisamos conversar.

Por algum motivo, aquela frase o deixou nervoso.

— Está tudo bem — disse ela, obviamente notando a apreensão no rosto dele. — Eu vim aqui porque não vou conseguir descansar até termos uma conversa final. Tenho algumas perguntas importantes a fazer. — Ok — disse ele, engolindo o nó da garganta. — Vá em frente.

— Você está com uma aparência horrível.

— Obrigado.

— Aaron tem uma direita poderosa, hein?

— Tem mesmo.

— Quem diria?

— Eu não teria dito.

Ela colocou a mão no rosto dele. Ele ficou parado, com o corpo rígido, deixando que Maggie o tocasse, pois parecia que, obviamente, tinha algo muito sério que queria dizer. Em seguida, ele notou um olhar estranho no rosto dela e entendeu. — Não diga isso — pediu ele.

— Não diga o quê?

— Não me diga que lamenta, porque eu sou o único que precisa pedir desculpas. Nós dois podemos pedir desculpas até ficarmos roxos por falta de ar, mas não vai adiantar nada.

— Você tem razão.

Ele continuava olhando de vez em quando pela janela em direção ao apartamento de Demi. Parecia que se passaram meses desde que a vira pela última vez. — Então, o que quer, Maggie?

Ela deixou o braço cair ao lado do corpo, repousando a mão sobre a bolsa pendurada no ombro. — É sobre eu e você.

Ele não gostou do rumo que a conversa tomava. Duas semanas antes, ora, dois dias antes, teria dado o braço direito para passar algum tempo sozinho com ela. Mas, agora, só conseguia pensar em Demi. Ele olhou por cima da cabeça de Maggie novamente para o apartamento de Demi. Ela já deveria ter chegado em casa.

Onde ela estava?

Subitamente, ele se sentiu muito desconfortável tendo Maggie parada diante dele, os dois sozinhos. — O que é, Maggie?

— Tive muito tempo recentemente para pensar nas coisas... para pensar sobre nós.

Fez-se uma longa pausa desconfortável entre eles. Ele foi até a cozinha e serviu um copo d'água. A dor na cabeça estava se tornando intolerável e Joe tomou mais dois comprimidos. — Quer alguma coisa?

— Não, obrigada.

— Ok — disse ele. — Bote para fora, Maggie. O suspense está me matando. O que exatamente está tentando me dizer?

— Eu amo você — disse ela. — Quero ficar com você para sempre. Fuja comigo, Joe. Hoje. Agora.

Ele engasgou e a água ameaçou sair pelo nariz.

Maggie franziu a testa. — Você está rindo?

— Desculpe. É só que você não podia ter escolhido um momento melhor. Eu não amo você, Maggie.

— Então não disse aquilo só porque Aaron estava lá na noite passada?

— Não. Eu falei a verdade. Acho que precisei que alguma coisa me fizesse cair em mim para perceber que não gostava da ideia de perder você para Aaron.

Ela colocou as palmas das mãos no peito dele e empurrou-o com força.

— Ei, o que está fazendo?

Ela o empurrou novamente e bateu no ombro dele com o punho fechado.

Ela era minúscula e ele não sentiu nada, é claro, mas deu alguns passos para trás caso ela decidisse pegar a mesinha de café e jogar nele.

O rosto dela continha todos os tons de vermelho naquele instante. — Então, está dizendo que me procurou sempre que podia, arruinou o meu relacionamento, e fez isso tudo por nada? Só porque é um cara valentão acostumado a ter as coisas do seu jeito? Porque gosta de vencer?

Ela atravessou a sala com passos duros e abriu a porta. Ele a seguiu até o lado de fora. — Eu sei que foi ruim, Maggie. — Ele se aproximou o máximo possível, mas sem ficar ao alcance do punho dela. — Quisera eu poder apagar tudo — continuou. — Quisera eu ter visto o que todos viram há muito tempo. Gosto de você como uma irmã e a verdade é que amo Demi.

Eu não sabia o que era amor até conhecê-la.

Maggie não parecia convencida.

— É loucura, mas é verdade. Acho que amei Demi desde a primeira vez em que coloquei os olhos nela.

Maggie ergueu os braços, fazendo com que ele desse mais um passo atrás. Ela sorriu e deu um passo à frente. Em seguida, colocou as mãos no rosto dele, ficou na ponta dos pés e beijou-lhe de leve o rosto. Antes que entendesse o que ela pretendia, Maggie tirou as mãos do rosto dele e simplesmente o abraçou, apertando-o com tanta força que ele achou que quebraria no meio. Ao terminar, empurrou a alça da bolsa um pouco mais para cima no ombro, parecendo feliz e, talvez, um pouco divertida, como se nunca tivesse esperado que ele realmente fosse concordar em fugir com ela. — Obrigada, Joe. Vejo você no tribunal na segunda-feira.

Ele coçou a cabeça. — Você estará lá? Depois de tudo pelo que fiz você passar? — Nada mais fazia sentido.

— Isso mesmo — disse ela. — Eu não perderia isso por nada.

Maggie desceu a escada e Joe, sentindo que alguém o observava, olhou por sobre o ombro da direção do apartamento de Demi, vendo-a pela janela da cozinha.

~~~

No caminho para casa, voltando da consulta de Ryan com o dr. Lerner, Demi abriu a janela e deixou que o ar quente de Los Angeles esvoaçasse os cabelos ao passar pelos prédios do Warner Brothers Studio e da NBC.

O dr. Nate Lerner expressara prazer ao ver como o filho dela estava progredindo bem. Depois que Nate terminara o exame, ela agradecera as flores e disse a ele que estava com a vida um tanto caótica no momento, que precisava colocar as coisas em ordem antes de sair com ele ou qualquer outra pessoa. Ele fora mais do que compreensivo, pedindo a ela que o avisasse quando estivesse pronta para sair novamente. Prometeu que seria em uma noite em que não estivesse de plantão.

Demi odiava admitir, mas esperara que Joe aparecesse na porta do apartamento dela na noite passada, como dissera que faria, para que pudessem conversar. Ela definitivamente se apaixonara por ele. Não sabia como nem por quê. Apesar de Joe não ter aparecido, ela conseguira dormir a noite inteira. Ryan já tinha mais de um mês de idade e dormira até às cinco horas da manhã. Ela se sentira descansada e ansiosa para começar o dia.

Era quinta-feira e a mediação estava marcada para a manhã de segunda-feira. Depois disso, tudo estaria resolvido, preto no branco, e ela poderia continuar a vida. Não haveria mais joguinhos de adivinhação. Saber que não teria que se preocupar com Ryan ser tirado dela retiraria um peso enorme dos ombros.

Demi estacionou o caro e viu que o carro de Joe ainda estava lá. O coração dela bateu mais forte com a ideia de vê-lo. Não podia evitar.

Com Ryan no carrinho e a sacola pendurada no ombro, ela subiu a escada. Uma brisa leve refrescou-lhe o rosto. Um beija-flor bebia água do lado de fora da janela do vizinho.

Depois de entrar no apartamento, ela tirou Ryan do carrinho e carregou-o para o quarto, sorrindo enquanto ele remexia as pernas e esticava os braços. Deixando-o no berço, ela foi para a cozinha pegar a mamadeira. Enquanto enchia uma panela com um pouco de água para esquentar a mamadeira, ela viu a porta do apartamento de Joe aberta.

E viu Joe e Maggie. Eles estavam conversando, ambos com a expressão séria, até que Maggie pegou o rosto dele e beijou-o. Depois que o beijo terminou, eles ficaram abraçados pelo que pareceu uma eternidade.

O coração dela afundou e a respiração parou. No dia anterior, ela começara a achar que talvez estivesse sendo dura demais com Joe.

Talvez, apesar de tudo o que vira com os próprios olhos, eles ainda tivessem uma chance.

Minha nossa, será que não conseguia enxergar? Ela fora tão idiota. Tentara ignorar a óbvia paixão dele pela mulher, mas, agora, algo lhe dizia que a história era muito maior do que isso. Como se a sentisse observando-o, Joe olhou para cima e viu-a pela janela. Ele não perdeu tempo e foi até o apartamento de Demi.

Ela abriu a porta antes que ele pudesse bater e ficou de queixo caído no momento em que viu o rosto dele de perto. — O que aconteceu com você?

— É uma longa história.

Ele tentou entrar, mas ela bloqueou a porta. — Responda a algumas perguntas e depois poderemos conversar.

— Ok, se é sobre o que acabou de ver...

— Na semana passada, quando levou Hank para a sua casa em Malibu — começou ela, interrompendo-o sem rodeios — e só voltou depois da meia-noite, onde você estava?

As mãos dele se afundaram nos bolsos da frente da calça. — Por toda parte — disse ele. — Se eu me lembro corretamente, foi um dia meio louco. — Os olhos dele se estreitaram e os lábios se apertaram, como se fossem ajudá-lo a se lembrar. — O carro da minha irmão quebrou — disse ele. — Disso eu me lembro.

— Você encontrou Maggie naquela noite? Sabe, antes de vir aqui? — Antes do beijo, pensou ela. Antes de me beijar louca e apaixonadamente, de fazer amor comigo e de virar o meu mundo de cabeça para baixo.

Ele assentiu. — Creio que sim.

— Sim ou não?

— Sim.

— E de novo na noite passada...

— Foi uma coincidência, nada mais que isso.

— Você encontrou Maggie na casa dela na noite passada?

Ele assentiu.

Exatamente o que ela receava. — Vejo você no tribunal na segunda-feira de manhã.

Ela tentou fechar a porta, mas ele manteve a mão no batente.

Ele franziu o rosto. — Você disse que poderíamos conversar.

— Isso foi antes de responder às minhas perguntas.

Novamente, ela tentou fechar a porta.

Ele não se moveu. — Não faça isso, Demi. Não é o que parece.

— Você não entende — disse ela. — Não estou brava com você. Só estou

desapontada. Você não me deve nada e eu não devo nada a você. Se formos pensar bem, nem mesmo nos conhecemos direito.

— Isso não é verdade. Eu sei que você é responsável e trabalha muito. Você é uma mãe incrível e uma pessoa atenciosa. Eu sei que você gosta de sushi e de suflê de chocolate com a crosta firme e o meio mole. Diário de uma Paixão é um de seus filmes favoritos, você prefere gatos a cachorros, e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida em muito, muito tempo.

Ele parecia e soava sincero, mas nada disso importava. Ela não queria ficar com um homem que talvez estivesse olhando para ela, mas pensando em outra. Sabia que ele estava confuso e que a reação dela ao vê-lo com Maggie talvez fosse injusta. Mas ele não a amava e isso, no mínimo, ela merecia. Depois de tudo pelo que passara, ela realmente merecia isso.

— E você é linda — continuou ele, com a voz rouca, o tom beirando o desespero. — Você é exatamente o que aparenta. Não finge ser alguém que não é. E isso é uma das coisas que mais gosto em você.

Lá estava aquela palavra novamente. Gosto. Ele gostava dela. Ele realmente gostava dela. Ela suspirou. Exatamente por isso, ela não poderia deixá-lo passar pela porta. Isso não tinha nada a ver com Maggie e tudo a ver com a forma como ela queria ser tratada. Depois de sete anos, Thomas também não soubera o que queria. Ela sabia muito bem como escolher homens assim. — Lamento, mas não quero um homem que não sabe resolver o que quer. Não sou mais a mulher ingênua que eu era. Mereço coisa melhor.

~~~

A última vez em que Demi vira Joe fora três dias antes. No dia seguinte, ela o veria no tribunal. Ela suspirou. Aquela não era a verdade completa. A última vez em que o vira fora uma hora antes, quando espiara por uma fresta da cortina da janela da sala e observara enquanto ele andava até o estacionamento. Como sempre, ele estava incrivelmente bonito, com uma camisa branca de botões com as mangas arregaçadas e calças que ficavam justas nas coxas. Ela ficou imaginando onde ele iria e o que faria.

Tentando afastar o pensamento dele, ela levou Ryan para o banheiro para dar-lhe um banho. Quando a temperatura da água estava no ponto, ela o colocou dentro da banheira.

— Você é o garoto mais querido do mundo, não é? — Ele era um milagre. Ryan não chorava mais sempre que ela o segurava. Na verdade,

Nate sugerira que o motivo de ele chorar tanto no início talvez fosse porque podia sentir a apreensão de Demi. Mas, em pouco tempo, ela se tornara confiante da capacidade de tomar conta dele. Pelo jeito, os bebês conseguiam sentir quando a mãe estava nervosa.

Ela encheu a palma da mão com água morna da banheira e retirou o sabonete. Em seguida, secou o bebê e enrolou-o em um cobertor quente. Ao se encaminhar para a sala, viu de relance uma silhueta do outro lado da cortina. Alguém estava parado do outro lado da porta. Sandy dissera que talvez passasse lá com alguns dos artigos que escrevera para a nova edição da Culinária para Todos. A revista tivera sucesso no mês anterior e, no mês seguinte, esperavam dobrar as vendas. Chelsey creditava o aumento nas vendas a Joe Jonas, mas Demi preferia acreditar que isso devia às excelentes receitas e aos artigos informativos que a revista continha.

Ela abriu a porta. Nunca, nem em um milhão de anos, esperaria ver Thomas parado sobre o tapete em frente à porta.

— Olá, Demi.

Ela não disse uma palavra. Em vez disso, parou um momento para estudá-lo. Ela sempre gostara dos ternos escuros, das camisas brancas engomadas e do cabelo perfeitamente penteado, mas, por algum motivo, a aparência rígida não ficava mais bem nele. Ou talvez a aparência não mais correspondesse ao que ela gostava, não sabia ao certo. Ele era alto, mas não tinha os ombros largos, como ela se lembrava dos estranhos sonhos que tinha nos últimos tempos. A julgar pela palidez no rosto dele, passara horas demais dentro do escritório, em vez de jogando golfe.

Ele tentou lhe entregar um buquê de tulipas vermelhas, mas as mãos dela estavam ocupadas. Portanto, ela gesticulou em direção à cozinha e seguiu-o até lá. As flores favoritas dela eram lírios, mas Thomas nunca se lembrava de detalhes, nem mesmo depois de passarem sete anos juntos. — Obrigada — disse ela. — São lindas.

— Não tão lindas quanto você.

Ela o observou atentamente, tentando imaginar o que pretendia, pois nunca fora de usar elogios.

— Pegue — disse ela, entregando Ryan a ele para que pudesse colocar as flores em um vaso.

— Ah, não, não acho que seja uma boa ideia.

Tarde demais, ele já estava com Ryan nos braços. Thomas torceu o nariz, como se estivesse segurando um gambá em vez de um bebê. Ela ignorou o olhar de horror dele e procurou um vaso calmamente.

A ideia de que Thomas estava dentro do apartamento dela segurando

Ryan nos braços era totalmente esquisita. Apesar de os pais terem mencionado Thomas mais de uma vez, ela nunca achou de verdade que o veria novamente. Olhando para ele de novo, ficou imaginando se a decisão de visitá-la fora realmente dele. Ela se ocupou cortando os caules e arrumando as flores cuidadosamente no vaso enquanto tentava aceitar o fato de que ele estava lá.

Quando Demi se virou, ficou surpresa ao vê-lo tão próximo. — Sobre o que queria conversar comigo?

— Não é óbvio?

O olhar familiar de cachorrinho que ele lhe lançou sempre funcionara. Mas, daquela vez, ele parecia apenas ridículo. Ela teve que se segurar para não rir. — Você mal disse duas palavras para mim desde que me abandonou no altar. Para ser bem sincera, não faço a menor ideia do motivo pelo qual está aqui.

— Eu nunca deixei de amar você, Demi.

Ela ficou de boca aberta. — Você está brincando? Levou meses para me telefonar depois que eu me mudei. Se realmente me amasse, teria vindo para a Califórnia meses atrás.

— Seus pais me pediram para lhe dar um tempo. Disseram que você voltaria antes do fim do verão. Na outra vez que perguntei sobre você, fiquei sabendo que estava grávida.

Ela sacudiu o dedo para ele.

Ele apertou Ryan um pouco mais contra o peito para se proteger.

— Por que você me largou na igreja, Thomas? Como pôde fazer isso comigo?

— Porque eu sou um idiota.

— Devolva o meu filho. — Ela retirou Ryan dos braços dele.

Thomas olhou para baixo, para a mancha molhada na camisa.

— Parece que ele fez xixi em você. Vou trocar a fralda dele e já volto.

Ela voltou alguns momentos depois segurando o bebê com a fralda limpa. Thomas estava parado na frente da pia, usando uma toalha de papel para passar água fria na mancha da camisa.

— Você tem um berço ou coisa parecida onde possa colocá-lo enquanto conversamos?

— Não. Não está na hora do cochilo dele e ele gosta de ficar no colo.

Thomas gesticulou em direção ao sofá. — Vamos sentar?

Relutantemente, ela se sentou na cadeira em frente ao sofá.

Ele se sentou no sofá e esfregou as mãos nos joelhos, algo que sempre fazia quando estava nervoso. Não importava quantas vezes olhasse para

ele, Demi ainda não conseguia acreditar que, depois desse tempo todo, Thomas estava sentado à frente dela.

Finalmente ele aparecera.

Ela passara meses sonhando com aquele momento e lá estava ele. Mas ela não sabia se gostava da ideia.

— Lembra-se da briga que tivemos na noite anterior ao casamento? — perguntou ele.

Ela assentiu, apesar de não fazer a menor ideia do motivo da briga daquela noite. Os dois estavam nervosos e estressados depois de meses de planejamento para o grande dia.

— Depois que saí da sua casa, entrei no carro e fiquei vagando. Dirigi por muito tempo e nem sabia mais em que cidade estava. Encontrei um hotel, fui diretamente para o bar e bebi até desmaiar. — Ele fez uma pausa e olhou para ela, com os olhos cheios d'água. — Você sabe que não costumo beber. Quando acordei na manhã seguinte, era tarde demais. O casamento já tinha passado. Quando cheguei na sua casa, você se recusou a falar comigo.

Ela esperou que alguma acontecesse dentro de si, achando que sentiria um frio na barriga ou algum rasgo de desejo, mas não sentiu absolutamente nada.

Ele saiu do sofá, parou em frente a ela e apoiou-se em um joelho. Em seguida, colocou a mão na perna dela, pois ela tinha as mãos ocupadas com o bebê. — Eu nunca deixei de amar você, Demi. Volte para Nova Iorque comigo. Eu imploro.

Ela desejou que Sandy estivesse lá com uma câmera de vídeo. Por mais de um ano, fantasiara sobre aquele exato momento, sobre Thomas implorando para que voltasse para ele. Nos sonhos, eles se abraçavam e choravam antes que ele a levasse a uma capela para que finalmente se tornassem marido e mulher. Apesar do que fizera, ela ainda sentia alguma coisa por ele, sentimentos de amor fraternal. Pela primeira vez em muitos meses, soube sem a menor sombra de dúvida que fizera a coisa certa ao se mudar para a Califórnia.

Ela não pôde evitar um sorriso.

Pela primeira vez na vida, ela estava fazendo todas as coisas com as quais sonhara. Era responsável pela própria revista. Tinha um filho, um garoto que era dela. Gostava do apartamento onde morava e não tinha dúvida alguma de que seria uma boa mãe para Ryan. Apesar de ter tido uma decepção amorosa, ela se abrira novamente e nunca se arrependeria do tempo que passara com Joe. Pela primeira vez na vida, ela se sentia

capaz de tomar decisões por conta própria, sem precisar perguntar aos amigos ou à família o que achavam. Além de usar os instintos, seguia os sonhos que sempre tivera e sentia-se bem com isso.

Thomas devia ter tomado o sorriso no rosto dela como um sinal positivo, pois os olhos dele brilharam com esperança. — Lembra-se da casa que eu falei que tinha escolhido para nós dois?

Ela assentiu.

— Eu a comprei. Espere até ver o que fiz no escritório. É todo seu. Você pode contratar uma babá e escrever artigos para a sua revistazinha se tiver tempo. Mais importante do que isso, quero que edite o livro que estou escrevendo. Eu incluirei o seu nome na página de agradecimentos.

Ela precisou de todas as forças para não revirar os olhos nem rosnar pra ele.

— As coisas serão diferentes dessa vez, Demi. Só preciso que me dê uma chance.

Ela ergueu Ryan para que Thomas o visse. — Essa é a minha vida agora, Thomas. Olhe para ele. Olhe para ele com bastante atenção. Ele é a minha vida, o meu amor, é tudo para mim.

Thomas suspirou. — Não é saudável para uma criança ser coberta de amor, sabia?

— Eu sei, mas não posso evitar. — Ela sorriu novamente. — Olhe para ele. É irresistível, não acha?

Thomas olhou para Ryan longamente e coçou a nuca.

— Você quer segurá-lo de novo? Ele está com fraldas limpas.

— Dispenso, obrigado.

O sorriso dela aumentou, pois soubera exatamente o que ele diria. — Eu nunca poderia viver com um homem que não amasse Ryan tanto quanto eu.

— Tenho certeza de que, com o tempo, eu sentiria pelo bebê a mesma coisa que você.

— Eu tenho certeza de que não sentiria, mas esse não é o motivo pelo qual terei que recusar a sua oferta. Eu não amo você. — Ela segurou Ryan perto do peito. — Nossa, isso é incrível.

— O que é?

— Eu poder sentar aqui, olhá-los bem nos olhos e dizer com cem por cento de certeza que não amo você. É libertador, Thomas, tão libertador!

Thomas se levantou e brincou com a gravata. — Acho que está na hora de eu ir embora.

Ela se levantou e, por um momento, eles ficaram parados olhando um para o outro. Mas ela teve uma ideia. Levantou o queixo, fechou os olhos e

espichou os lábios.

— O que está fazendo, Demi?

— Beije-me. — Segurando Ryan com uma das mãos, ela usou a outra para bater com o dedo nos lábios. — Rápido, Thomas, antes que seja tarde demais.

Ele se inclinou para a frente e beijou-a. Aproveitou o beijo por tempo demais e ela gentilmente o empurrou para longe. — Nada. Eu não senti absolutamente nada.

Balançando a cabeça, Thomas andou em direção à porta.

— Eu sinto muito — disse ela, seguindo-o de perto. — Mas realmente aprecio você ter vindo até aqui.

— Tenho certeza disso. — Ele abriu a porta e virou-se para ela. — Eu estarei no tribunal amanhã. Sua mãe e seu pai também estarão lá. Ele mandou dois dos melhores advogados dele comigo. Quando tudo terminar, você terá a guarda total do seu filho.

Então, o pai dela tinha mandado Thomas lá. — E como pretende fazer isso?

— Será bem fácil, na verdade — disse ele. — Será uma questão de abrir e fechar o caso. Confie em mim.

— Bem, não quero ferir os sentimentos de ninguém. Não é preciso que as coisas sejam feias.

— Quer ou não a guarda total do seu filho?

Ela mordeu o lábio inferior. — Bem, sim, mas...

— Então deixe comigo, Demi. Não preocupe mais a sua cabecinha com isso.

Ignorando a menção à "cabecinha", ela se lembrou claramente o motivo pelo qual ele a irritava. — Só estou pedindo que você e seus amigos não exagerem — disse ela. — Eu sei como os advogados do papai podem ser terríveis, como um bando de tubarões frenéticos. Isso não é necessário.

— Eu serei tão gentil que talvez você mude de ideia sobre voltar para casa comigo.

— Adeus, Thomas. Vejo você no tribunal.

6 comentários:

  1. Porra q vontade de dar um soco na Demi, Joe se declara pra ela sempre e ela fica de mimi cadela jsvsjshshshsh posta logoo

    ResponderExcluir
  2. Aah posta mais *-*
    Ta ficando muito boom

    ResponderExcluir
  3. Porque o Joe não disse a ela que a amava logooo.... pq ela não escutou o que ele falou pra Maggie.... meu Deus o que vai acontecer nesse tribunal...... postaaaaa

    ResponderExcluir
  4. Espero que eles se entendam no tribunal e que cheguem a um acordo sem se matarem uns aos outros. Demi e Joe têm de se acertar, ela é orgulhosa, mas porra ele tem de dizer que a ama e tudo ficará bem :)
    Finalmente estou despachada da minha época de testes na escola e vou poder ler as histórias mais antigas :) Posta mais por favor :)

    ResponderExcluir
  5. Quando o Joe tava falando com a Maggie eu jurava que a Demi tava ouvindo tudo, mas ela entendeu tudo errado.
    Cara eles tem que ficar juntos logo!!
    Posta mais!!!

    ResponderExcluir