17.7.14

Lento - Capitulo 3 - Maratona 1.5

 
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– COMO O cheque deve ser feito?

Com a caneta acima de seu talão de cheques aberto, Demi arqueou uma sobrancelha expectante, tendo finalmente chegado à frente, na fila para pagar pelo leilão daquela noite. Era falta de sorte que o seu solteiro tinha sido o penúltimo a ser apresentado no evento. Se ele tivesse sido um dos primeiros “prêmios”, ela teria sido capaz de pagar o valor ofertado e escapar mais cedo, sem correr o risco de ter de enfrentar sua mercadoria comprada legalmente.

Essa era a última coisa que queria. Demi tinha feito o que combinara fazer... o que Selena, certificando-se de que ela se sentisse culpada, a levara a fazer. Ela impediria que sua madrasta saísse com outro homem, pelo menos por esta noite. E, pelo menos, com aquele homem em particular.

Julgando pela expressão no rosto de sua madrasta, ela não tivera a menor ideia de que qualquer membro da família do marido estivera na audiência. Quando vira Demi do outro lado do salão lotado, Deborah Lovato empalidecera, os olhos se arregalando em choque e culpa, e ela havia saído correndo, a melhor amiga encrenqueira e perversa seguindo-a de perto.

Uma pena que ninguém dera um lance mais alto do que o seu naquele ponto. Ela poderia ter economizado 25 mil dólares. Porque, apesar de não sair com um homem por um tempo, certamente não estava desesperada ao ponto de se aproveitar do “prêmio” que acabara de ganhar. Se ele fosse um solteiro comum? Talvez. Mas sabendo que era um gigolô que se prostituía? Nunca.

É por uma boa causa, lembrou a si mesma, conhecendo a fundação beneficente de sua família, a qual ela administrava, sempre apoiando os programas importantes para crianças, de qualquer forma.

– Eu estou com um pouco de pressa – disse ela, oferecendo um sorriso à mulher de aparência irritada atrás do guichê de pagamento, a fim de tirar qualquer agressividade de suas palavras. – Esse é um programa maravilhoso, e eu estou muito feliz em ajudar – acrescentou com sinceridade. – Mas tenho outro compromisso.

Isso não era exatamente mentira. Demi tinha um compromisso com seu controle remoto e o DVD de Grey’s Anatomy, segunda temporada. Era melhor assistir aos seriados do que ficar por lá e ter de conversar com um homem que aceitava dinheiro de mulheres ricas, solitárias e enfadonhas.

– Você ganhou solteiro número...

– Dezenove – completou Demi, sem muita chance de esquecê-lo tão breve. Ah, podia não ter respeito pelo homem, especialmente porque sua madrasta quisera trair seu pai com ele. Mas ele era muito lindo. Nem mesmo a fotografia dele no programa do leilão a preparara para vê-lo em carne e osso.

Demi estivera esperando algum homem magro e pálido, como o personagem em Gigolô Americano. Nunca imaginara algo como aqueles ombros, que eram tão largos quanto um ônibus pequeno, ou o peito poderoso, esticado contra o tecido do terno. Nem o cabelo escuro grosso, curto o bastante para tentar uma mulher a acariciá-lo, enquanto observava as sobrancelhas grossas, as maçãs salientes do rosto, o queixo teimoso.

Ele era todo másculo. Nada como ela esperara. Embora, precisava admitir, suas ideias tinham sido baseadas em referências de filmes e em suas próprias interações com homens mais fracos que usavam mulheres. Nem mesmo pense nisso, uma voz em sua cabeça a relembrou.

– Você pode fazer o cheque nominal para Dê um Natal a uma Criança – disse a mulher atraente, de cabelo escuro, atrás do balcão. Ela ofereceu um sorriso agradecido a Demi. – E muito obrigada. A sua doação foi a mais generosa da noite.

– Eu tenho certeza de que o dinheiro será colocado em bom uso.

– Sem dúvida – respondeu a mulher. Então gesticulou para a próxima porta. – A propósito, nós organizamos uma recepção particular no fim do corredor, para que nossas licitantes vencedoras e nossos solteiros se conheçam. Você sabe, para quebrar o gelo antes de... encontros privados.

Missões seria a palavra mais certa.

Escrevendo o nome da instituição beneficente no cheque, Demi apenas sorriu, de maneira educada, sem responder. Então, pagando a mulher e pegando um recibo em retorno, ela deliberadamente virou-se e andou para a direção oposta.

Tinha feito seu trabalho. Agora precisava sair dali. Chegara tarde... tendo sido informada por Selena que seu alvo seria leiloado no penúltimo lugar. Ela não vira ninguém que conhecia, além de sua madrasta e das amigas da mulher. Esperançosamente, poderia escapar sem mais exposições públicas de sua experiência em negociar pessoas.

Ela quase conseguiu. Estava a poucos metros da saída mais próxima do salão de bailes quando foi parada por uma parede movível disfarçada num terno.

Seu coração disparou no peito, batendo em excitação, mesmo enquanto, mentalmente, ela amaldiçoava sua má sorte. Porque Número 19 a seguira.

– Olá – murmurou ele. – Eu sou Joe Jonas.

Demi gemeu baixinho, irritada consigo mesma por sentir um formigamento imediato diante do calor emanando do homem sólido que agora bloqueava seu caminho. E por se inclinar um pouco mais para frente e respirar um pouco mais fundo, a fim de capturar melhor o delicioso cheiro másculo.

– Sei que nós deveríamos nos encontrar no salão de recepção – acrescentou ele –, mas eu também preferiria ir para o bar do hotel, se é para lá que você está indo. Eu não acho que poderia aguentar mais uma hora com aquela multidão.

Engraçado que ele já sabia, de alguma forma, que Demi não fazia parte “daquela multidão”. Ah, ela fazia parte financeiramente e tinha as conexões familiares e linhagem para se misturar com a sociedade mais alta de Chicago. Mas não gostava daquelas pessoas, não se sentia confortável com elas, preferindo ouvir os relatórios diretamente de Selena a experimentar pessoalmente o mundo frívolo dos ricos e desavergonhados. Suas interações sociais geralmente se centravam nos negócios... jantares executivos, eventos para levantamento de fundos. Certamente, não em leilões de homens bonitos.

– Era para lá que você estava indo, não era? Não estava tentando fugir de mim. – Não era uma pergunta, e o tom de voz dele continha uma nota de risada. Demi não achou que o divertimento dele fosse causado por vaidade, e sim pela incongruência de uma mulher que pagava 25 mil dólares para passar uma noite com um homem, e então, saía pela porta sem sequer conhecê-lo.

Aquilo era loucura.

– Eu, hum... o toalete feminino – murmurou ela, detestando-se por deixar que a desculpa vazia saísse de seus lábios. Toalete feminino, realmente. Deborah, sua madrasta socialmente impecável... mesmo que adultera em potencial... estaria bufando em mortificação. Se ela não estivesse se escondendo em algum lugar, imaginando se Demi iria segui-la por tentar comprar este homem. Ele pigarreou.

– É por ali.

O braço dele se moveu, a mão gesticulando para o lado de onde Demi tinha vindo. Aquela mão era bronzeada, forte, com unhas bem cortadas e nenhuma indicação de um homem que cuidava de sua elegância através de meios artificiais. Aquelas pareciam mãos de um trabalhador. E subitamente, diversas partes do corpo de Demi se tornaram um pouco trêmulas diante do pensamento de ser trabalhada por elas.

Não sendo a mulher mais alta do mundo, Demi tinha sido capaz de manter sua atenção focada à frente, como se estivesse interessada no design dos botões da camisa dele. Uma vez que havia sido absorvida pela visão das mãos dele, todavia, decidiu que deveria reunir coragem para confrontar o resto do homem.

Podia fazer isso. Era mulher.

Entretanto, tudo o que conseguiu, quando ergueu seu olhar, foi um gemido involuntário.

O peito era, como ela já sabia, enorme e forte. O pescoço era bronzeado e firme. O maxilar estava num ângulo que evidenciava clássica determinação masculina. O rosto estava recém-barbeado, provavelmente para o evento daquela noite, mas já mostrava uma cor escura que causaria uma pequena fricção de aspereza se o rosto deles se tocassem.

Isso não aconteceria.

Mesmo que Demi reconhecesse o quanto ele era atraente fisicamente, nunca mais se relacionaria com um homem que não podia manter o zíper da calça fechado. Já vivera essa experiência uma vez.

No entanto... ele era bonito. O cabelo grosso era bem cortado e tinha parecido mais claro quando ele estava no palco, sendo exibido como um cavalo puro-sangue à venda. Agora, de perto, ela percebeu que era castanho-escuro, mas com algumas mechas douradas que diziam que ele passava muito tempo ao ar livre. Provavelmente navegando em iates de mulheres ricas, relaxando nos clubes em Mônaco ou atravessando o Mediterrâneo. Fazendo o tipo de coisas que pessoas no círculo social de Demi contavam como garantida também.

Nenhuma das quais interessava a ela.

Exceto, talvez, deitar-se numa espreguiçadeira sob o sol, diante de um mar azul. Demi podia não gostar do tédio e superficialidade que frequentemente acompanhavam extrema riqueza, mas não era tola. Apreciava um luxo ocasional, como qualquer garota nascida em berço de ouro. E um dia de verão passado no barco de 10 metros de seu pai era um de seus poucos prazeres genuínos.

– Por que você não me permite acompanhá-la? – acrescentou ele, finalmente quebrando o silêncio.

– Lamento, mas eu estava indo embora – admitiu ela, sabendo que precisava acabar com aquilo agora, antes que ele oferecesse conduzi-la para o toalete feminino mais próximo. Talvez até mesmo levá-la até o lado de dentro... e tomá-la dentro de um dos compartimentos sanitários.

Ah, Deus, que fantasia.

Ela pigarreou.

– É uma noite de trabalho.

Finalmente, permitindo-se encontrar o olhar dele diretamente, todas as outras palavras morreram nos lábios de Demi. Porque aqueles olhos castanhos, os quais ela não conseguira ver claramente da audiência, eram tão calorosos, amigáveis e acessíveis e tão abertos e envolventes que era impossível imaginar que aquele homem fosse qualquer coisa, exceto um típico americano gentil e inofensivo. Embora o mais bonito que ela já vira na vida.

Havia alegria naqueles olhos calorosos. Olhos que não falavam de arrogância, apenas de... bondade. E puro sex appeal.

Isso não combinava com o que ela sabia sobre o homem. Nem um pouco.

– Trabalho? – perguntou ele, como se nunca tivesse ouvido a palavra.

Bem, talvez ele não tivesse. Demi ergueu o queixo, ignorando aqueles olhos, aquele meio sorriso na boca sensual, e forçou-se a lembrar quem era aquele homem de olhos castanhos e aparência ardente.

Um homem que se vendia.

– Sim, trabalho – replicou ela. – Eu vim aqui para ajudar uma instituição de caridade. Fiz isso e agora estou indo embora.

Ele estendeu uma mão, tocando-lhe o cotovelo de leve, embora não tentando detê-la. De qualquer forma, o toque enraizou Demi no lugar.

– Ouça, eu tenho a impressão de que começamos com o pé errado, de alguma forma. Eu realmente gostaria que nos sentássemos em algum lugar, não como parte de nosso “encontro”, mas apenas para que eu possa agradecê-la por ter oferecido o maior lance por mim. – Ele balançou a cabeça, sorriu e esfregou a mão no maxilar forte. – Você me salvou de ser o sujeito mais barato da noite.

– Como se isso fosse acontecer.

– Nunca se sabe. O agente da bolsa de valores estava oferecendo um fim de semana no norte do estado.

– O que você estava oferecendo? – perguntou ela, apenas por curiosidade. Não por interesse genuíno. Definitivamente não.

Dando de ombros, ele admitiu:

– Um jogo de beisebol no estádio Wrigley Field, seguido por asinhas de frango e cerveja num pub.

As sobrancelhas de Demi se arquearam.

– Você não sabia disso quando desembolsou 25 mil dólares?

Ela meneou a cabeça, murmurando:

– Eu não acho que isso teria importado.

Nem um pouco. Porque nem Bitsy Wellington, nem a madrasta de Demi teria permitido que aquela noite de jogo de beisebol acontecesse. O encontro teria começado e terminado esta noite, num dos quartos de hotel luxuosos acima de suas cabeças. Apesar de ser muito mais velha do que aquele homem, Deborah tinha o dinheiro, a aparência e o charme para se certificar de que conseguisse exatamente o que queria. Independentemente se Joe Jonas tivesse pretendido um encontro “normal” com a vencedora ou não.

Para Demi, todavia, um jogo de beisebol da liga nacional parecia maravilhoso. Ela nunca tinha ido a um jogo profissional, contando com os canais de televisão a cabo para satisfazer seu amor inato por esportes... mesmo se secreto, devido à imagem menos do que mimada da garota rica.

Especialmente esportes que aconteciam num campo de beisebol e envolviam um bastão e uma bola.

Então pegue emprestado o assento no camarote de papai. Porque você não vai com o sr. Caro.

– Entenda por que eu estava esperando o pior. Se alguém tivesse me comprado por 20 dólares, minhas irmãs nunca mais parariam de me zombar sobre isso.

Demi não pôde evitar que uma risada divertida escapasse de seus lábios, diante do mero pensamento de aquele homem saindo da lá por uma quantia tão irrisória. Ele provavelmente cobrava tal valor por minuto.

Ele observou-a rir, aqueles olhos suaves e sonhadores descansando nos lábios dela, seus próprios lábios se curvando nas extremidades, em resposta.

– Você tem covinhas.

Ela apertou os lábios com força, silenciosamente ordenando que suas faces se esticassem. – Elas são lindas.

– São estúpidas.

– Adoráveis.

– Feitas para o rosto de uma criança de 5 anos ou para o bumbum de um bebê.

Ele meneou a cabeça.

– Não. Feitas para uma linda mulher.

Demi tremeu com aquilo. Embora soubesse que o homem era provavelmente especialista em tais tipos de flerte e tinha experiência em fazer todas as mulheres se sentirem lindas e desejáveis, ela não pôde impedir a onda de prazer que percorreu suas veias. Porque ele a fazia acreditar naquilo.

Os lábios de Joe Jonas se curvaram num sorriso.

– Eu quis dizer, feitas para o lindo rosto de uma mulher, é claro.

Lembrando-se da segunda parte de seu comentário, sobre o bumbum de um bebê, ela gemeu silenciosamente, mortificada por ter dado ao homem uma abertura como aquela.

– Você é realmente deslumbrante – murmurou ele, de uma maneira nem um pouco vulgar. Apenas confiante do que dizia. – Uma chama vibrante ao lado de todas aquelas princesas geladas.

Demi engoliu em seco. Não era possível que ele a conhecesse... e conhecesse a sua reputação... era? Não. Ele não poderia. Estava usando truques, dizendo-lhe o que achava que ela queria ouvir, como qualquer bom profissional. Porque, longe de ser a “chama” vibrante, Demi era conhecida como a mulher de negócios mais fria de Chicago.

Ele realmente a enxergava de maneira tão diferente?

– De minha posição naquele palco, você parecia inteiramente viva... a única mulher que capturou meu interesse no meio daquela multidão.

Certo, o típico americano bonzinho ou não, o homem era bom em destruir as defesas de uma mulher com aquele sorriso sexy. Bom demais. Especialmente, uma vez que ela sabia que nunca poderia tê-lo. Apenas o pensamento do que poderia ter acontecido entre ele e sua madrasta, se Demi não tivesse impedido, era o bastante para fazer seu estômago se contorcer.

Além disso, nunca mais estaria com alguém que fazia sexo com mais parceiras numa noite do que ela tivera em sua vida inteira. Já vivera essa experiência. Seu ex apenas não fora pago por isso. Ele não precisara. Gostava de entregar-se de graça para qualquer mulher que abrisse as pernas.

Bem... Demi deveria dar algum crédito a este Joe. Pelo menos, ele era honesto e aberto sobre o que fazia.

Aquilo, todavia, era o máximo que ela estava disposta a conceder.

– Eu tenho de ir.

– Por favor, não vá – pediu ele. – Você, pelo menos, tem de me permitir lhe pagar uma cerveja, por ter me salvado de uma humilhação maior diante daquela multidão sedenta por sangue. – E diante de suas irmãs.

– Que são totalmente impiedosas.

O tom de voz de Joe dizia que ele não se importava, que havia uma ternura genuína entre ele e as irmãs. Bem, Demi entendia isso. Apesar de não ter quase nada em comum com Sel, não significava que não a amasse. Entendia o conceito de amar alguém, mesmo se você não entendesse esta pessoa completamente. Do contrário, nunca teria sobrevivido tantos anos convivendo com sua própria família.

– Eu tenho uma dessas.

– Irmãs?

Ela assentiu.

– E ela também é bastante impiedosa. Especialmente quando quer conseguir alguma coisa.

– De algum modo, eu suspeito que você pode aguentar isso.

– Idem.

– Eu sempre achei que pendurar sutiãs do lado de fora das janelas dos quartos delas fosse uma medida eficaz contra amolações futuras.

Demi não pôde evitar rir de novo, incapaz de não sorrir, expondo covinhas ou não.

– Eu não sei se Selena algum dia já teve um sutiã – replicou ela, pensando na figura graciosa e esguia da irmã.

Ele olhou para baixo, provavelmente nem mesmo cônscio do que estava fazendo. O olhar foi rápido, não ofensivo, talvez quase um reflexo, considerando que a necessidade de olhar para os seios de uma mulher parecia inerente aos genes masculinos.

O olhar dele foi para o rosto dela, mas não antes que Demi notasse o jeito que o maxilar másculo enrijeceu e os olhos castanhos se estreitaram, brilhando com intensidade e apreciação, todos os traços do bom humor desaparecendo.

O bom humor de Demi também desapareceu. Não para ser substituído por raiva... mas por pura consciência física. O passeio daqueles olhos calorosos pelo seu corpo a afetara tanto quanto um toque real de outra pessoa teria feito.

Às vezes, ela não se importava tanto em ser a mais curvilínea das irmãs Turner. Selena possuía o corpo de uma modelo de passarela e mantinha-o comendo tanto quanto um pardal de três dias de idade. Demi, por sua vez, tinha uma forma mais voluptuosa, desde seus seios grandes aos seus quadris generosos, e lutava constantemente contra a vontade de comer batatas fritas e cheesecake para mantê-los assim.

Seu corpo podia brigar com seu guarda-roupa, rejeitando pequenos vestidos sem costas ou sem alças, dos quais Sel tinha uma grande quantidade. Mas no momento presente, ela não se importava. E era tudo por causa do ardor que via nos olhos daquele homem sexy e da qualidade quase audível da próxima respiração lenta dele.

Era luxúria que ela via ali. Pura e não disfarçada, não escondida por exigências sociais ou regras que insistiam que não era educado cobiçar visivelmente uma mulher.

Ele estava cobiçando. Ela estava sendo cobiçada. Os dois estavam presos na tensão do momento.

Apesar de saber, racionalmente, que aquilo era errado, seu corpo não podia evitar responder. Sob o vestido de seda, sua pele estava arrepiada, e os bicos de seus seios enrijeceram contra a renda do sutiã. Sua pulsação estava acelerada, e a respiração, ofegante. O ar que ela inalava parecia preenchido com o aroma delicioso do corpo másculo, o qual estava agora a poucos centímetros do seu.

Tudo isso apenas a partir de um olhar. O que, em nome de Deus, aconteceria com ela se ele a tocasse?

– Por favor, diga sim – murmurou Joe. – Por nenhuma outra razão, exceto porque você quer isso.

O tom da voz dele permanecia leve, não exigente, não intenso, apesar da expressão nos olhos castanhos e da estática no ar entre eles. Como se ele soubesse que insistir com muita veemência poderia assustá-la.

E subitamente, aquilo estava funcionando. As defesas verbais de Demi haviam estado firmes no começo, mas agora... bem, agora ela se permitira vê-lo como uma pessoa... uma pessoa muito sexy... em vez de ver apenas o instrumento que sua madrasta pretendera usar para machucar seu pai.

Se ele tivesse bancado o devasso, Demi já estaria longe de lá. Mas Joe não fizera isso. Meramente soava amigável, envolvente e, ah, tão tentador. Enquanto ele falava de coisas educadas, como sua família, os olhos tinham a conversa mais íntima. Ele a queria, entretanto conseguia permanecer sincero e autodepreciativo. Não combinando com o prostituto que era.

De repente, lembrando-se das outras coisas que Sel lhe contara sobre o homem e do que ela lera no panfleto onde constava o programa do leilão, Demi falou:

– Você não tem um sotaque!

– Eu deveria ter?

Ela comprimiu os lábios, desejando que tivesse se empenhado em descobrir um pouco mais sobre o que enfrentaria naquela noite. Selena lhe contara o essencial, e Demi mergulhara no plano. História típica. Exatamente como costumara a acontecer quando elas eram crianças e Sel tinha sido Lucy segurando a bola, enquanto Demi Charlie Brown corria pelo campo para chutá-la, sabendo que ia acabar caindo sobre o traseiro.

– Ela que deveria ter feito isso – murmurou Demi, embora soubesse que aquela teria sido uma péssima ideia. Até mesmo Selena soubera disso.
 
Demi podia ser confiável para evitar um gigolô sexy. Esperançosamente. Sua irmã não poderia. E Sel parecia verdadeiramente determinada a fazer seu próximo casamento... o qual estava agendado para sua fase inicial na alta sociedade, em algumas semanas... funcionar. Ela nunca teria sido capaz de manter as mãos longe deste pedaço de homem.

Mas Demi poderia. E manteria. A qualquer momento agora. Assim que o ritmo de seu coração diminuísse e o alerta cor de laranja do seu corpo se tornasse, pelo menos, amarelo.

– O quê?

– Nada. – Demi o estudou, procurando alguma coisa na expressão dele, uma dica de que havia um predador sob aquela aparência tão sexy e tranquila de bom sujeito. Devia haver alguma coisa... alguma malícia, ganância ou atitude libertina... por trás do interesse honesto nos olhos castanhos.

Somente porque ela não vira aquilo, não significava que não estava lá.

Tinha de haver mais em Joe Jonas do que ela estava vendo. E Demi quase desejou que tivesse tempo para descobrir.

Talvez, se ela o tivesse conhecido numa festa ou no banco, pudesse ter se permitido ser envolvida pelo comportamento sexy, charmoso e amigável e ser seduzida pelo desejo naqueles olhos calorosos. Teria tentado conhecê-lo melhor, informando-o que o interesse físico dele era definitivamente recíproco.

Todavia, uma verdade inegável impedia isso.

Se ela não tivesse recebido o aviso e ido lá para impedir aquilo, o homem parado à sua frente provavelmente estaria no andar de cima, fazendo sexo com a esposa de seu pai, neste exato minuto.

E esse foi o fim de sua indecisão. Mais uma vez, sentindo repulsa pela mera ideia, Demi deu um passo atrás, removendo o braço do toque dele e o resto de seu corpo do campo de força sensual que envolvia o homem como uma capa. Ela era inume. Mentalmente, e agora, por causa da dura verdade que acabara de se forçar a reconhecer, fisicamente.

Demi adotou a expressão cordial, mas não exatamente amigável, que usava todos os dias enquanto lidava com a interferência entre seu pai e os bajuladores que o atacavam o tempo inteiro.

– Realmente, sr. Jonas, nós não começamos com o pé errado. Você não me deve nada. Fico contente de tê-lo livrado da zombaria de suas irmãs. – Com um sorriso deliberadamente triste, ela pensou em como acabara lá naquela noite e admitiu: – Irmãs, com certeza, podem ser irritantes.

– Certo. Então nós tomaremos um drinque enquanto comparamos nossas famílias loucas, fazemos nossos planos e damos uma olhada na página de esportes para ver quando é o próximo jogo da liga nacional. – Franzindo o cenho, ele acrescentou: – Você é fã do Cubs, não é?

– Acho que é ilegal não ser fã deles por aqui.

– Significando que nada nos impede de sairmos juntos.

– Se eu lhe dissesse que gosto dos Cardinals, isso tiraria essa ideia ridícula de sua cabeça? – Ele levou uma mão ao peito, a boca se abrindo em horror. – Brincadeira.

– Você iria tão longe assim para evitar sair comigo? – perguntou ele, a voz se tornando mais baixa, o sorriso desaparecendo. Como se a resposta dela realmente importasse para ele... como se ele se importasse.

Balançando a cabeça, Demi o rodeou, dando aquele primeiro passo fundamental em direção à porta. E para longe do sr. Sexy.

– Isso não se trata de sair com você. Eu tive minhas próprias razões para estar aqui esta noite, e elas não incluíam um encontro. Então você está completamente livre.

– Mas o dinheiro...

– Foi pelas crianças. – E pelo meu pai. – Não há recompensa para isso. – Mesmo se, cinco minutos atrás, todas as suas partes mais femininas tivessem exigido que ela obtivesse, pelo menos, uma pequena compensação por ter sido tão... despertada por ele.

Essa era uma boa palavra para o sentimento. A conversa breve deles não lhe despertara um desejo físico tão primitivo. Mas definitivamente, despertara-a para as possibilidades. Sobretudo porque, de súbito, descobriu que, assim como se sentir fisicamente atraída por ele, podia também gostar daquele homem caloroso e divertido.

Ah, havia tantas possibilidades.

Não. Havia impossibilidades. Suas partes mais femininas teriam de se contentar em assistir a médicos ardentes tendo casos amorosos em Seattle Grace.

Dizendo a si mesma que não se arrependeria daquilo pela manhã, mas perguntando-se como sobreviveria à noite longa e solitária, sem fantasiar com como poderia tê-la passado... ela murmurou: – Adeus. – E saiu da vida dele.
 
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Querido Anonimo, pare de me aborrecer e ficar falando que eu estou postando aqui e não estou postando no outro blog, estou postando com mais frequência aqui pois as mini-fics que aqui posto são todas adaptações, não sou eu que escrevo, são apenas adaptações, que eu já havia feito a muito tempo, agora por favor, pare de ficar me enchendo, eu irei postar no outro quando eu quiser e poder...

3 comentários:

  1. posta mais por favor ta incrivel! Nao da bola pra esse recalcado anonimo vc posta a hr e do jeito q vc bem entender. bjs tem anonimos q nao sao idiota q esse ser q falou isso

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  2. Aí Demi o que custava você ir beber uma cerveja com um lindo homem por quem você passou 25 mil dólares? Eu já tava lá!
    Amando cada vez mais u.u
    Essas pessoas que ficam te cobrando estão me enchendo a paciência, imagina com você! GENTE IDIOTA, ELA TEM UMA VIDA! Garanto se você tivesse uma não ficava enchendo o saco!
    Continua
    Fabíola Barboza :*

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