15.7.14

Blackout - Capitulo 25

 
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DEMI BEBIA um café gelado que tinha gosto de água de esgoto gelada – ou pelo menos era o gosto que imaginava que água de esgoto gelada devia ter – e ignorava Richard a duas mesas de distância.

Ela não se lamentava por ter perdido Wilmer, mas não estava muito preparada para aceitar o novo objeto de desejo dele. Sentia-se feliz porque Wilmer e Joe tinham ficado do lado de fora da cafeteria conversando. Precisava de alguns minutos sozinha para organizar a cabeça.

Não tinha certeza se ria ou se chorava. Estava apaixonada por Joe. Em algum lugar entre “Wilmer está saindo com outra pessoa” e “É assim mesmo entre eles dois”, ela se apaixonara perdidamente por ele.

Mas que droga, e não é que ela conseguira exatamente o que queria: o amor tipo salto alto? Não havia nada de chinelo velho confortável a respeito de Joe. Ele era alternadamente cáustico e carinhoso, corajoso e vulnerável. Demi sabia com uma certeza quase assustadora que a intensidade do que sentia seria a mesma dali a 1 ano, ou 20, ou 50.

Talvez tivesse começado quando eles passaram o dia juntos fazendo o ensaio fotográfico para Wilmer, e seus sonhos eróticos tivessem sido uma tentativa de dizer a ela o que seu coração e sua mente não estavam prontos para ouvir.

Por estar perdida em conjecturas, Wilmer a assustou quando se jogou na cadeira ao lado.

– Joe disse que precisamos conversar.

Ela estava apaixonada, de um jeito grandioso. Um arrepio a atingiu ante a mera menção do nome dele. Wilmer, no entanto, continuava no topo da sua lista de idiotas.

– Então fale.

– Lamento, Demi.

Tinha que lamentar mesmo.

– Wilmer, você é um mero arremedo de ser humano. Não apenas me traiu como mentiu esta noite quando liguei para falar da mãe de Joe. Você me fez achar, de propósito, que ainda estava trancado na galeria.

– Sei disso. Foi um erro. Você não tem como me xingar de nada do que eu já não tenha me xingado. Eu sabia que você ficaria furiosa e, se Joe descobrisse, ele também ficaria. Só não queria encarar o problema esta noite. Não queria lidar com ele.

– Você criou o monstro, dr. Frankenstein. Lide com isso.

– Você está certa.

– Estou.

Como era possível continuar a repreender alguém que concordava com você? O que ela queria dizer a ele quando o visse cara a cara era que esperava que seu pênis caísse, mas agora… Wilmer decerto concordaria com ela; e onde estaria a satisfação nisso?

– Peço desculpa por tantas coisas, Demi… Por não ter tido a coragem de contar como eu estava em conflito com minha sexualidade antes de as coisas irem além com Richard. E aí eu devia ter sido homem o suficiente para ficar a sós com você e lhe contar. E desculpe por ter sido um cretino mais cedo.

Demi nunca fora do tipo que guarda rancor. Ela perdoava até fácil demais. Não sabia se isso era uma bênção ou uma maldição.

E a habilidade dela de perdoar tão facilmente a traição dele também revelava que não o amava do jeito que deveria amar o homem com quem iria se casar.

E apesar de sua lógica e seu raciocínio estarem impugnados esta noite, Demi era uma mulher muito lógica. Se Wilmer não tivesse se comportado do jeito como se comportara, a noite de hoje com Joe poderia nunca ter acontecido. E ela estava imensamente, intensamente feliz por esta noite com Joe ter ocorrido. Não tinha arrependimentos.

– Acho que isso resolve nossa situação. Aceito suas desculpas e não espero mais que seu pênis caia.

A surpresa, seguida de perto pelo alívio, transpareceu no rosto dele, que riu.

– Eu não queria que você ficasse chateada comigo para sempre.

– Não posso dizer que gosto de Richard, mas se você se importa com ele, e ele o faz feliz, então estou feliz por você.

– Obrigado. Isto é mais do que mereço.

– É sim, não é? – Demi sorriu.

Wilmer esticou a mão e colocou o cabelo dela atrás da orelha.

– Você é uma mulher e tanto, Demi. Uma parte de mim queria que as coisas tivessem dado certo entre nós.

– Nunca teria dado certo, Wilmer. E devo dizer que estou feliz porque não deram. Eu estou bem, mas você resolveu as coisas com Joe?

Wilmer assentiu.

– Conversamos sobre o que aconteceu mais cedo, e esclarecemos tudo. – Ele fez uma careta. – Eu tive que comer bastante torta da humildade esta noite.

– Só a fatia que lhe era justa.

– Será que poderia facilitar as coisas para mim?

– Não sei se você merece, mas vou tentar.

– Nós conversamos sobre os pais dele.

– É estranho. Eu os detestava pelo jeito como haviam tratado Joe, mas não consegui evitar gostar deles quando os conheci.

– Bem-vinda ao meu mundo. Eles acabaram totalmente com a cabeça de Joe… que está uma bagunça… mas não são cruéis de propósito, só descuidados. Sempre foram corteses. Nunca me senti mal recebido na casa deles quando éramos adolescentes, mas sempre havia essa distância. Não tem problema quando se é um amigo, mas é terrível quando se é o filho. Joe finge que isso não tem importância, finge que não liga, mas tudo o que ele queria era que os pais o notassem. – Pareceu profundamente desgostoso. – Eles nem mesmo foram à nossa formatura do ensino médio.

Demi se doía por Joe, e pensava nele mais do que nunca.

– Joe não hesitou quando o pai telefonou e lhe pediu para vir. E, pelo jeito, isso é muito mais do que eles mereciam. Joe merece pais melhores.

Wilmer esboçou um fraco sorriso diante da veemência dela.

– Muitas pessoas merecem. Mas temos que jogar com a mão de cartas que recebemos. Joe é um dos melhores sujeitos que já conheci, mas eles o deixaram cheio de cicatrizes.

Ela suspirou e pisou no fundo do poço com os dois pés.

– Eu amo Joe, Wilmer.

Tudo pareceu renovado, fresco e mais real ao ser verbalizado. Mesmo agora, quando Demi estava ciente da presença dele do outro lado da sala com cada fibra de seu ser.

A melancolia nos olhos de Wilmer a emocionou. Ele assentiu.

– Eu sei.

– Sabe? Como poderia…?

– Eu soube no segundo em que vi vocês dois juntos no quarto da dra. M. – Wilmer vincava um guardanapo que estava entre eles na mesa.

Ela riu, constrangida.

– Isso é ridículo, não é? Ontem você e eu estávamos noivos; agora estou sentada aqui lhe dizendo que estou apaixonada por Joe.

– Eu não diria que é ridículo de jeito nenhum. É apenas o jeito como as coisas são, da mesma forma como foi comigo e Richard.

– Você é o melhor amigo dele. Preciso que esteja de acordo em relação a isso, Wilmer. – Não era particularmente fácil pedir pela bênção dele.

– Eu preciso estar de acordo com isso, do contrário você irá me atormentar até a morte e acabar comigo até lá.

Ambos riram.

Wilmer ficou sério.

– Você terá de lutar por ele, Demi.

Ela sentiu um aperto no estômago.

– Sei que Joe está apaixonado por outra pessoa… ou pelo menos pensa que está. Quem é ela?

– Eu sei que tem alguém… Alguém sobre quem Joe não vai falar, o que não é incomum para ele, porque é muito reservado. Mas não é disso que estou falando. – Os olhos dele tinham um vestígio de dó. – É contra Joe que você vai ter de lutar.

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3 comentários:

  1. Agr to confusa! Poste assim que poder pf. Kiss :*

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  2. Gente será que eles não percebem que o Joe é apaixonado pela Demi? E qual é a do " É
    contra Joe que você vai ter de lutar."????
    Continua por favor!
    Fabíola Barboza :*

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