11.7.14

Blackout - Capitulo 7 - MARATONA 5.10

 
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JOE CRESCERA em Nova York, e nunca vira um cervo de verdade encarando os faróis de um carro, mas, de repente, foi assim que se sentiu.

Droga. Se ele tivesse usado o cérebro em vez de ficar farejando atrás de Demi como algum cão levado pela luxúria, teria previsto isso, teria previsto a pergunta. Como isso não aconteceu, ela o pegou, figurativamente, com a calça na mão. Joe não se sentia muito inteligente agora.

– É meio que um mistério para mim. – Ele era péssimo mentiroso.

– Ahã.

Ela não acreditava nele. E ele podia esconder a verdade para protegê-la do que percebia ser egoísmo de Wilmer, mas não podia mentir para Demi de caso pensado. No entanto, como Wilmer planejava lidar com aquele fiasco iminente era um mistério para Joe.

Demi pegou o celular.

– Vamos ligar para Wilmer. Não é como se ele estivesse ocupado ou coisa assim, se está trancado na galeria sem energia elétrica.

Joe cerrou as pálpebras. Demi ficaria arrasada ao saber o quão ocupado Wilmer poderia estar no momento.

Ela apertou o botão de discagem rápida e tamborilou os dedos no balcão.

– Oi, Wilmer. Está tudo tranquilo por aí? Que bom… Nada. Comemos pizza fria e frutas. Perguntei a Joe sobre o que você queria conversar esta noite. Pelo jeito, ele está tão no escuro quanto eu… Não, esse trocadilho não foi intencional… Então vamos conversar agora… Sei que você queria estar aqui, mas pode muito bem me contar por telefone por que estimulou minha curiosidade. Não me faça esperar mais. Você precisa satisfazer minha curiosidade.

Estimulou… esperar mais… satisfazer. Ela falava desse modo com Wilmer e ainda assim ele saiu com outra pessoa? Aquilo dizia a Joe tudo o que precisava saber sobre o amigo. Como Wilmer não estava morto, devia mesmo ser gay.

– Sim. Ele está bem aqui. Tudo bem. – Demi bufou e esticou o telefone para Joe. – Ele quer falar com você.

Joe pegou o aparelho, relutante.

Demi plantou as mãos nos quadris e o encarou. Brilhante. Esqueça uma conversa em particular. Não que ele a culpasse. Demi não tinha como não se sentir enganada.

O instinto dizia Joe que ele não ia gostar do rumo que aquilo ia tomar.

– Wilmer?

– Demi quer saber sobre o que eu queria conversar. – Wilmer soava horrorizado.

Joe se recostou no balão e cruzou os pés.

– Certo.

– Não posso dizer pelo telefone – disse Wilmer, como se Joe tivesse exigido que ele fizesse desta forma.

Joe dirigiu um olhar para Demi. – Não creio que você tenha escolha.

– Tenho sim.

Joe reconheceu o tom persuasivamente animado de Wilmer. O que quer que fosse ocorrer, os instintos de Joe já estavam berrando não.

– A escolha certa. Você diz a ela.

Joe quase deixou o celular cair.

– Não.

– Sim. Quanto mais penso no assunto, melhor isso funciona.

Talvez para Wilmer. No dia em que o inferno congelasse e coisa e tal.

– De jeito nenhum.

– Ah, vamos lá, Joe. Vocês dois já não se gostam. E sobre o que mais irão conversar? O que vocês têm para fazer, presos aí no escuro, um com o outro? Esse apagão poderia durar várias horas.

– Sem chance.

– Pense nisso. Seria melhor assim.

Fazia só 12 horas que Joe declarara que nada que Wilmer fizesse iria comprometer a amizade deles?

Estava repensando essa posição.

– Você não conhece Demi como eu conheço, Joe. Ela não vai desistir disso até um de nós contar a ela. Posso tentar enrolá-la com alguma coisa sobre os planos do casamento, mas quando ela descobrir a verdade, isso só vai deixar as coisas mil vezes pior.

– Não vejo por que sua conversa não possa esperar.

– Estou dizendo, ela é sexy e doce, mas debaixo daquelas curvas delicadas e dos imensos olhos castanhos ela é implacável quando quer alguma coisa. É uma flor de aço.

Joe reconhecia aquela verdade. Ele havia experimentado isso em primeira mão quando Demi cravou os dentes no assunto da vida amorosa dele. Cogitou bater a cabeça contra o balcão ou talvez contra o armário. Qualquer objeto sólido serviria.

Será que havia jeito de essa noite ficar melhor? Primeiro ele estava preso com uma mulher a quem desejava além da razão. Agora, a dita-cuja estava prestes a acuá-lo infinitamente para receber a notícia que, sem dúvida, a arrasaria. E ele era o pobre-diabo para a dupla função. Não apenas estava na linha de fogo para levar o tiro como mensageiro, como também era o único ali para suportar as consequências da confusão?

E, quando tudo estivesse dito e feito, ele iria ao inferno e voltaria se achasse que ela precisava dele.

– Vou cuidar disso.

– Joe, você é o melhor amigo que um sujeito poderia ter.

– Conversaremos a respeito mais tarde.

Aquilo não era por Wilmer. Era por Demi. Porque merecia mais que ouvir a verdade por telefone enquanto Wilmer estava trancado com seu novo amante. Porque aquilo a deixaria despedaçada, mas ele iria lhe oferecer um ombro forte para chorar, e estaria ali para ela.

– Certo. Agradeço. Serei eternamente grato. Deixe-me falar com Demi por um minuto.

Joe devolveu o telefone para Demi.

– Sim?… Ele vai?… Tudo bem. Fique em segurança aí e eu falarei com você depois. – Ela desligou o celular, encerrando a chamada. Pegou sua taça e a poliu. Colocando a taça vazia sobre o balcão, olhou para Joe, cheia de expectativa, um pouco da irritação anterior se demorando nos olhos e na boca.

– Creio que você tem algo para me contar.

A apreensão deu um nó no estômago de Joe. A sujeira proverbial estava prestes a atingir o ventilador proverbial.

– Vamos para outro cômodo. É melhor que você esteja sentada.
 
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4 comentários:

  1. Necessito de outro capítulo!!!!! Poste lg pf. kiss :*

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  2. NOSSA!!!! Realmente, Wilmer é uma passiva viu.... pra fazer o Joe contar, eu ein kkkkkkkkkkk gosto assim, agora vamos pegar fogo? ♥

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    1. Lua por que você não está mais postando no seu blog?

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