11.7.14

Blackout - Capitulo 6 - MARATONA 4.10


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– OBRIGADO PELO seu conselho ao apaixonado. Vou manter o “ir atrás do peixe ou jogar a isca fora”.

Aquilo não era uma confusão? O objeto de afeição não correspondida, e portanto também de culpa intensa – afinal, ela era noiva de seu melhor amigo –, estava sentado do outro lado da mesa, banhado pela luz de velas, usando uma blusa sensual e short, e aconselhando-o a investir nela. Pelo menos, foi assim que Joe interpretou a charmosa expressão coloquial usada por Demi.

Ela encheu sua taça de vinho e também serviu a dele.

– Bem, acho que você deveria mandar ver. O que tem a perder?

O que ele tinha a perder se investisse nela naquele exato instante?

– Nada, na verdade, além daquelas coisinhas como orgulho e autoestima.

– É bem difícil abraçar e se aconchegar a essa coisas. Ou saborear uma taça de vinho ou um banho à luz de velas com elas também.

Joe se esforçava para manter a expressão de diversão sarcástica ao mesmo tempo que, em seu íntimo, as palavras de Demi brincavam em sua cabeça como instantâneos. A ironia de compartilhar uma taça de vinho com ela sob a luz de velas quase o matou. Ele era um total masoquista por participar daquela conversa. Diabos, era um masoquista por ao menos estar ali!

– Mas uma taça de vinho acaba, cedo ou tarde; as velas por fim se queimam inteiras; e a água da banheira esfria. Assim, talvez seja necessário fazer a escolha mais duradoura.

– Só que a vida é passageira. O amanhã pode não chegar antes de o vinho parar de fluir e de a água esfriar.

– Estou na companhia de uma hedonista? – perguntou ele, recordando-se muito claramente das apresentações recentes a Mindinho e Beto Balanço, seus namorados sob encomenda.

Demi enfiou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

– A vida é curta, e é uma pena desperdiçar oportunidades. Essa mulher pode ser o amor da sua vida, e você a está deixando escapar. E quem sabe? Ela pode sentir o mesmo por você.

Ele era mesmo patético. Estava lisonjeado por ela não o considerar tão repugnante a ponto de ser incapaz de imaginar uma mulher atraída por ele.

– Talvez ela apenas não saiba ainda. Ou pode ser tímida e estar com medo de lhe dizer.

Joe gargalhou. Nada disso lhe vinha à mente num exercício de associação de palavras a Demi. Tirando sua aversão ao escuro, ela nunca demonstrara nenhuma característica.

– Não creio que tímida ou medrosa sejam fatores quando se trata da minha amada.

Demi apoiou o cotovelo na mesa e franziu os lábios, tamborilando um dedinho no canto da boca enquanto o espiava com atenção.

Sua boca era mesmo adorável, farta, mas sem os preenchimentos de colágeno tão populares atualmente.

– Bem, talvez seja algum tipo de amor cortês. – Ela estalou os dedos. – É isso! Você sabe, nobreza e tudo o mais. Cavaleiros só amavam suas damas de longe. Vai ver, você só está com medo de se declarar porque o amor não é de verdade. É possível que você não soubesse o que fazer com ela se de fato correspondesse à sua atração.

Demi cruzou os braços como se tivesse resolvido um pequeno quebra-cabeça.

A época da juventude de Joe, quando via a si mesmo como um cavaleiro arrojado, já tinham acabado fazia muito tempo. Não havia nada de cortês ou nobre no turbilhão de emoções que Demi evocava nele.

Joe ardia totalmente por ela. E já estava cansado daquela especulação.

Era hora de dar fim à conversa. Joe conhecia um jeito certeiro de matar o assunto e provar a Demi o quão longe estava de suas percepções românticas.

Ele trilhou o dedo pela borda da taça e sorriu para Demi, do outro lado da mesa, oferecendo um lampejo da paixão obscura que fervia sob sua superfície.

– Não sei nada sobre amor cortês. – Joe escolheu as palavras seguintes com cuidado, cruas e fundamentadas, para expor seu ponto de vista: – Eu sei que transaria com ela de maneira insana durante uma semana, se tivesse ao menos meia oportunidade.

Demi arregalou os olhos e engoliu em seco com força; no entanto, não desviou o olhar.

– Ah… De maneira insana… por uma semana… Tudo bem, então.

Certo. Talvez ele tivesse exagerado um pouco.

– Desculpe se choquei você.

Ela empinou o queixo.

– Não estou nem um pouco chocada. Acho que toda essa paixão é… bem, quente. Não tenho certeza se há uma mulher na terra que não iria querer conhecer um homem com tanto desejo por ela a ponto de ele querer… – Fez uma pausa e enfatizou as palavras que ele proferira: – …transar com ela de maneira insana durante uma semana. Contanto que em algum momento dessa semana ele quisesse conversar um pouco e conhecê-la melhor em meio à maratona sexual.

Longe de ser ofensivo, aquilo soou sexy e excitante quando ela devolveu as palavras. Especialmente quando pronunciou naquele tom baixo e adocicado, com um brilho no olho que falava além de interesse e paixão.

Joe estava atolado na lama até os joelhos, mas ao que parecia não tinha bom senso suficiente para parar de prosseguir.

– Eu nunca agi exclusivamente a partir de um estado de luxúria. O cérebro e a personalidade da mulher correspondem à metade do fator de atração. Do contrário, eu iria desejá-la durante apenas alguns dias. E não me preocuparia com a parte insana.

O sorriso maroto de Demi o destruiu.

– Você é malicioso, Joe Jonas.

Aquilo parecia um flerte sexual perigoso, e Joe precisava pôr um fim nele. E iria fazê-lo. Em breve.

Joe se inclinou para a frente, atraído pelo calor nos olhos de Demi, atraído por seu sorriso.

– Talvez meu amor permaneça não correspondido até definhar porque eu seja malicioso demais para amar.

Ela se curvou adiante, o joelho roçou o dele, e o contato ondulou dentro de Joe. Um sorriso sedutor curvou a boca exuberante de Demi.

– Eu duvido disso. Você não sabe que toda essa malícia simplesmente leva as mulheres à loucura?

Tudo o que ele sabia de fato era que ela o levava à loucura. Para além da cautela.

– Está falando isso por experiência própria?

– Na última vez que verifiquei, eu era uma mulher, então acho que sim.

Havia algo nos olhos dela. Algo que dizia que Demi sabia o quão perverso Joe podia ser, e ela gostava daquilo, apesar de todas as próprias limitações.

O que era ridículo, pois ele fora muito cuidadoso ao limitar sua exposição a Demi.

Ele arqueou uma sobrancelha questionadora. Como se de repente Demi tivesse percebido o que Joe enxergara em seus olhos, ela piscou, e aquilo evaporou.

Demi se recostou na cadeira, impondo uma distância entre eles que ia além de mero espaçamento. Graças a Deus um dos dois tinha algum bom senso.

– O que você faz com toda essa energia reprimida?

Deus do céu, que mulher implacavelmente curiosa! Não era nem um pouco difícil acreditar que ela havia se trancado em um guarda-roupa. O que, aliás, era mais um motivo para ele ter se retirado da esfera da qual Demi e Wilmer faziam parte.

Por um instante, Joe cogitou dizer que se masturbava muitas vezes, só para ver se aquilo a horrorizaria e faria cessar as perguntas, mas tal tática já falhara uma vez. E ele simplesmente não conseguia ser tão bruto. Assim, optou pela verdade:

– Eu corro. Muito. A essa altura devo estar oscilando na faixa de treinamento de maratona. – Ele riu de si. – E nunca subestime a eficácia do proverbial banho frio.

Dito isso, um banho frio soava melhor em muitos aspectos. O suor escorria nele, e a pele de Demi brilhava com uma fina camada de umidade. E ele era um animal doentio se até uma mulher transpirando lhe parecia sexy.

– Eu não sabia que você era corredor. Não estou nem perto do treinamento para maratonas. Corro cinco vezes por semana.

– Também é sexualmente frustrada, Demi? – Já que ele ia levar a fama, era melhor deitar na cama logo de uma vez.

– Não. Tenho um bumbum rechonchudo – disse ela com um sorriso atrevido que continha uma pitada de constrangimento.

Joe conteve o protesto de que o bumbum dela era perfeito e longe de ser rechonchudo.

Demi continuou:

– Podíamos correr juntos qualquer hora dessas.

De algum modo, correr com ela para aliviar o estresse pela luxúria-induzida-por-Demi parecia autodestrutivo e depravado. Joe gostava disso.

– Talvez devêssemos mesmo.

– Que tal amanhã? – sugeriu ela.

Dependendo de quanto tempo levasse para a energia elétrica ser restabelecida, ele definitivamente iria precisar.

– Está marcado o encontro, então. – Péssima escolha de palavras. – Eu não quis dizer encontro como em encontro. – Outro motivo pelo qual ele evitava ficar perto dela. Seu cérebro parecia se transformar em nada mais do que fezes de rato rolando numa cabeça vazia quando Demi estava por perto.

Ela ergueu as sobrancelhas. A diversão diante da trapalhada verbal dele dançava nas pupilas dela, fazendo-a contrair os lábios.

– Entendi o que você quis dizer.

No outro cômodo, o celular dela tocou. Demi arrastou a cadeira para trás, pedindo licença.

Joe continuou na cozinha para lhe dar privacidade, e começou a limpar a mesa. Sem o zumbido da geladeira, do ar-condicionado e de todos os ruídos associados à eletricidade, ele não pôde evitar ouvir a conversa, mesmo com o rádio ligado.

– Sim, mãe, estou bem… Não, ele não está aqui. Ficou preso na galeria… Não, não estou sozinha. Um dos amigos de Wilmer passou por aqui… Sim. Ele é fotógrafo… Não, eles não sabem quando vai voltar… Não. Nenhum sinal de pilhagens ou vandalismo, mas pode deixar, vamos ficar em casa. – Ela baixou a voz: – Mãe, o conceito de impróprio aqui não é o mesmo que aí em casa. E eu preferiria não ficar sozinha… Sim, eu ligo mais tarde.

Wilmer voara para o Sul para conhecer os pais de Demi depois do noivado, enchendo os ouvidos de Joe depois. Muito conservadora, muito sulista, muito adequada. Eram todos membros nobres de sangue azul de Savannah: o pai de Demi era cirurgião, e a mãe, membro vitalício do clube de jardinagem. Eles almoçavam no country club.

Foi necessário menos de um dedal de imaginação para imaginar que a mamãe Lovato censurara Demi pela impropriedade de estar a sós em seu apartamento com outro homem durante um apagão. Deus me livre de a mãe dela ter escutado nossa conversa…

E pelo menos a mãe ligou para ver como a filha estava. Joe duvidava que ele ao menos passasse pela mente dos próprios pais. Achava-se fora do radar deles desde que saíra de casa.

A quem ele queria enganar? Joe nunca fora registrado como ativo na telinha do radar deles.

Demi retornou à cozinha assim que Joe acabara de enxaguar e colocar as tigelas no escorredor.

– Minha mãe – confirmou ela. – Meus pais viram na TV a notícia do apagão. – Percebeu a cozinha limpa. – Você limpou tudo! Se já não tivesse dona, Joe, eu ficaria com você para mim.

As palavras provocadoras foram um punhal no coração dele.

– Ah, mas há o Wilmer, não é? – Joe usou um tom frio de propósito.

– Sim, há o Wilmer. – Demi colocou o celular no balcão e se voltou para ele.

– Mas isso me lembra uma coisa… exatamente por que você e Wilmer combinaram de vir para cá esta noite?
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5 comentários:

  1. Demi é curiosa dms nossa... Joe deveria soltar tudo na cara dela logo kkkkk posta logo, pq to viciada kksjskjsksjsksj

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  2. OMG, será q o Joe cau falar a verdade pra Demi? Posta+! bjos

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  3. Fala a verdade Joseph.. Fala que ele é gay... E vai com tudo querido kkkkkk
    Posta mais :)
    Fabíola Barboza :*

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  4. "Se já não tivesse dona , joe, eu ficaria com você pra mim." Ai que lindo !!!!!!!!! Posta logo!!!!!!

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