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DEMI JÁ estava a bordo do Magdalena quando ligara para Joe no sábado. A decisão de convidá-lo para um passeio de barco naquela tarde tinha sido uma impulsiva. Bem, mais ou menos.
Ela pretendera telefonar-lhe, tendo pensando a noite inteira sobre a sugestão de sua irmã. No mínimo, queria descobrir como ele se sentia sobre a possibilidade de trabalhar “exclusivamente” para ela.
Mas não pretendera levá-lo para passear de barco. Aquilo tinha sido espontâneo. E também uma atitude um pouco sorrateira.
Não seria fácil para Joe rir diante de seu rosto e sair andando, desprezando a ideia, se eles estivessem a quilômetros da praia. A menos que ele fosse um nadador muito, muito bom.
– Meu Deus, eu estou ficando igual a minha irmã – sussurrou ela, sabendo que Selena aprovaria as táticas manipulativas.
Provavelmente também aprovaria o traje de Demi. Apesar de não ter se vestido com Joe na cabeça quando tomara a decisão de sair de barco hoje, estava usando um biquíni vermelho minúsculo debaixo de seu short e uma blusa de cotton.
Demi geralmente saía no barco sozinha, apesar dos protestos frequentes de seu pai. Mas ela era capaz de navegar no lago. E quando estava lá, sozinha, gostava de tomar sol sem usar nem mesmo aquele pequeno biquíni.
O quanto seria divertido fazer isso na companhia de outra pessoa?
Ela lidou com as velas e terminou as preparações quando o avistou andando ao longo do cais na sua direção. Acenando, falou:
– Vejo que você achou o lugar sem problemas.
– Hã-hã. – Ele gesticulou para a lateral do barco, onde o nome Magdalena estava lindamente pintado em letras grandes e coloridas. – Eu gosto do nome.
– O nome da minha mãe – murmurou ela.
Joe assentiu com um gesto de cabeça, não fazendo nenhum comentário vazio do tipo “lamento por sua perda”, como tantas pessoas faziam ao saber que ela perdera a mãe quando era tão pequena. Demi gostava disso nele. Gostava de muitas coisas nele.
Ele olhou para o barco novamente, desde a cabine até o topo do mastro, obviamente impressionado pelo tamanho.
– Eu preciso pedir permissão para entrar a bordo?
– Não. Permissão é concedida a você.
Então ele estava lá, ao seu lado, todo bronzeado e másculo, usando uma camiseta larga, calção de banho e chinelos de couro. Tinha até mesmo pernas e pés lindos para um homem.
Demi não sabia o que dizer, então permaneceu calada, esperando por algum sinal de Joe. Ele estava zangado? Curioso? Otimista?
Quando ele finalmente falou, ela percebeu que nem chegara perto de adivinhar-lhe o humor.
– Eu fiquei feliz por você ter ligado – murmurou ele, dando-lhe um beijo carinhoso na testa. – Muito feliz.
E simplesmente assim, com aquele toque doce e palavras mais doces ainda, ela soube que não poderia enganá-lo, não poderia levá-lo para longe da praia, de modo que ele não tivesse escolha senão ouvir a sua oferta. Também não poderia seduzi-lo a aceitar sua proposta, removendo o short e a blusa e expondo-se como um aperitivo curvilíneo.
Tinha de ser sincera.
– Joe, eu acho que você me conhece o bastante para perceber como isso é difícil para mim.
– Humm, humm. – E ele não estava facilitando as coisas, apenas esperando que ela continuasse.
– É o seguinte… – começou Demi, esfregando as mãos nervosamente no seu short branco, dizendo a si mesma que não estava deixando marcas de palmas suadas ali. – Eu realmente gostaria de passar mais tempo com você.
– Eu também gostaria de passar mais tempo com você.
Ela sorriu, mas não relaxou ainda.
– É só que eu não quero que você passe tempo com... mais ninguém.
Ele inclinou a cabeça, confusão evidente no semblante.
– O que você quer dizer com isso?
Bem, quem começava tinha de ir até o fim, como diziam. Respirando fundo, Demi preparou-se para declarar os motivos racionais para sua oferta ultrajante.
– Isso provavelmente vai parecer estranho e exigente, mas a verdade é que eu gostaria de contratá-lo por período integral. Sei que você é um profissional e muito bom no que faz. – Ah, bom demais. – E, julgando pelo número de mulheres brigando por você no leilão, você provavelmente fica sempre tão ocupado quanto quer, e... clientes nunca lhe faltam.
Os olhos dele se arregalaram. Aquilo era tudo. Então Demi continuou, explicando suas necessidades, suas inibições, suas condições, seus desejos. Ela falou rapidamente, sem olhá-lo, mantendo sua atenção sobre o ombro direito dele, no horizonte, quase gaguejando, enquanto tropeçava nas palavras em sua pressa de falar tudo antes que perdesse a coragem.
– Então, como você pode ver – disse ela, finalmente concluindo o que esperara ser um discurso racional e persuasivo –, isso faz total sentido para nós dois. Você dará seu preço usual... seja este qual for, e tenho certeza que poderei pagar. E eu terei um companheiro, sem sentimentos tolos ou ciúme para atrapalhar. Nós apreciaremos a companhia um do outro por um mês, e nos separaremos satisfeitos.
Ou... talvez não. Talvez nenhum deles quisesse a separação. Talvez decidissem que se gostavam o bastante para continuarem se vendo... dormindo juntos... sem que ela tivesse de comprá-lo mais. E com Joe escolhendo não sair com outras mulheres.
Não se apaixonar, nunca isso, mas, pelo menos, vivenciar um relacionamento construído em atração mútua e desejo genuíno. Em vez de atração mútua e ganância genuína.
Mas ela não disse isso, não querendo espantar o homem antes que ele tivesse uma chance de considerar sua oferta.
Ele estava obviamente pensando sobre aquilo agora. Pensando cautelosamente. Os olhos castanhos de Joe estavam estreitos em concentração, a boca comprimida numa linha fina, o maxilar tenso, mas não se flexionando com raiva. Isso era alguma coisa, pelo menos. Ele meramente parecia intenso, como se analisando a situação de todos os ângulos, como ela fizera.
– Deixe-me ver se eu entendi – murmurou Joe, a voz grossa e séria. – Você gostaria de me pagar uma grande soma de dinheiro para que eu faça sexo com você pelos próximos 30 dias.
– Somente comigo – esclareceu Demi.
– Certo. Sexo somente com você. Muito sexo. Todo tipo de sexo louco.
Ela não podia estar enrubescendo. Não enrubescia desde que era uma garotinha de 12 anos, cujo corpo florescendo atraíra a atenção verbal dos meninos em sua classe. Era apenas o calor do dia de verão esquentando suas faces. Deus, por favor, não me deixe enrubescer, não quando eu cheguei tão longe.
– Bem, não só sexo. – Mas principalmente sexo. Ela pensou depressa, procurando por outros deveres que ele pudesse cumprir, de modo que a coisa toda valesse a pena, e para convencê-lo de que ela não estava pedindo aquilo somente pelo desejo egoísta que a preenchera desde o momento que eles tinham se conhecido.
Teve uma ideia na hora certa.
– O casamento de minha irmã! Será dentro de duas semanas, e eu preciso desesperadamente de uma companhia. Você pode ser meu par. Isso está dentro de sua competência, não está?
– Você quer comprar outro encontro comigo, humm?
– Bem, você é um acompanhante contratado, certo? Não é esse o título usual de seu emprego? Você estaria me acompanhando, em vez de apenas...
– Dando prazer ao seu corpo – completou ele. – Mas suponho que eu poderia ser adequado para levá-la a um casamento social.
Ele seria um companheiro perfeito, alto, forte e absolutamente magnífico num smoking, ela sabia.
Não pensaria sobre Sel rindo nas suas costas por causa disso ou sobre Deborah engasgando durante a refeição. Havia muita coisa em jogo no momento. Até mais do que suspeitara, considerando que ela mal conseguia respirar.
– Então, o que você me diz? Estaria me fazendo um enorme favor – insistiu Demi, esperando que não estivesse tagarelando demais. – Você já sabe, tão bem quanto eu, que não sirvo para os jogos típicos... romance, amor e coisas assim. Eu sou uma mulher de negócios e estou lhe fazendo uma proposta de negócios.
– Estritamente negócios. Esse é o único jeito que você quer isso.
Engolindo em seco, ela assentiu. Aquilo não era exatamente mentira.
Se ela e Joe decidissem, no fim dos 30 dias, que havia mais do que luxúria naquilo, talvez ela considerasse colocar os dedos dos pés nas águas do romance novamente. Talvez.
Quando pensava sobre a situação, achava que tinha encontrado a solução perfeita... um relacionamento sem riscos. Sem embaraços. Sem cenas ou brigas. Era como fazer um teste-drive num pequeno carro esporte por um mês, sem se apaixonar pela bonita cor rosa do mesmo. Sem esperar que lhe parecesse tão belo em 30 dias, como parecera no primeiro dia que o vira.
E sem deixar ninguém mais dirigi-lo até que ela descobrisse um jeito de tê-lo para si mesma.
– Então sexo selvagem constante e acompanhá-la a um casamento por... quanto?
Sexo selvagem constante... pense. Ela rapidamente citou um valor, pensando em quanto um grande executivo num banco ganhava por mês. Mas de súbito, lembrou-se que, antes que ela tivesse começado a ofertar por ele no leilão, os lances estavam acima de 5 mil dólares por um único encontro com o homem. Pensando nisso, e na maneira incrível que ele fazia amor, achou que talvez tivesse oferecido pouco demais.
Ele não respondeu, e não mexeu um único músculo.
– Se isso não for suficiente...
– É suficiente – interrompeu ele. – Deixe-me lhe perguntar uma coisa, Demi. Por que você acha... – Joe pigarreou, começou novamente. – Como sabe tanto sobre mim? Quero dizer, sobre quem eu sou e o que eu faço?
– Minha irmã me contou.
– Eu vou adorar esta sua irmã. Como ela saberia?
– Um dos patrocinadores do leilão contou a ela sobre os serviços de acompanhante, e Sel descobriu, de antemão, que número você seria. E, é claro, a biografia no programa combina. – Com um sorriso triste, ela acrescentou: – Lamento, mas não levou muito tempo para que as mulheres desta cidade desmascarassem você.
– A biografia – murmurou ele, esfregando o queixo. – O que dizia mesmo?
– Eu não lembro exatamente. Alguma coisa sobre você viajar o mundo, ser alguém que aprecia bom vinho e lindas mulheres. Também dizia que você era europeu. Mas eu decidi que isso devia fazer parte de seu personagem... do papel que você representa. Porque se você for alguma coisa além do típico americano que toma cerveja, então eu sou Mary Poppins.
– Eu acho que você é muito esperta para mim, Mary. – Ele cruzou os braços sobre o peito largo, ainda não respondendo à oferta dela. Demi imaginou se ele gostava de torturar coelhinhos em seu tempo livre também.
– Mais uma pergunta. Se você estava determinada a comprar os meus serviços, por que fugiu na noite do leilão, sem, ao menos, me dizer seu nome? Perdeu a coragem? – Ele soava quase esperançoso, por alguma razão, como se essa resposta fosse mais importante do que qualquer outra coisa. – Você mudou de ideia sobre fazer alguma coisa tão... impulsiva?
Ela meneou a cabeça, incerta do quanto admitir. Especialmente uma vez que era provável que Joe conhecesse os membros de sua família – seu pai e a esposa – no casamento de Selena.
Este, todavia, era o verdadeiro problema. Ela não podia deixá-lo entrar numa situação como aquela, despreparado e inconsciente.
– Eu não estava comprando você para mim mesma.
Ele fechou os olhos lentamente, os lábios se movendo, como se estivesse praguejando baixinho. – O que você disse?
– Eu estava contando até dez.
– Por quê?
– Não importa. – Com o tom de voz irritado, Joe perguntou: – Para quem você estava me comprando?
Demi torceu as mãos, encostando-se contra o espaldar da cadeira do capitão e olhando ao redor. Seu pai costumava amar aquele barco... mas a nova esposa não gostava de navegar. E Deborah deixara claro que também não gostava que o marido saísse num barco que tinha o nome de outra mulher, mesmo uma que morrera muitos anos atrás.
– Deixe-me adivinhar. Isso foi ideia de sua irmã.
– Como você soube?
– Intuição. Então por que ela mesma não foi dar os lances no leilão?
– Ela não queria trair o noivo.
Os olhos de Joe se fecharam novamente. A boca bonita se moveu. Ela jurou que podia ler as palavras “onze” e “doze” nos lábios dele, antes que ele a encarasse mais uma vez.
– Que nobre da parte de sua irmã.
Demi estava se atrapalhando naquilo, o nervosismo fazendo-a pular o ponto importante, em vez de ir direto a este. Então ela lhe contou apenas o bastante para que ele entendesse como aquilo era importante, a ponto de levá-la a correr riscos que nunca teria escolhido correr.
Quando terminou de lhe contar sobre seu pai, a nova esposa, assim como sobre Bitsy Wellington e as outras amigas de sua madrasta, concluiu:
– Então não houve intenção de minha parte, ou da de Sel, de fazer qualquer coisa além de impedir que seus serviços fossem desfrutados pela esposa de nosso pai. – Em tom um pouco rancoroso, acrescentou: – Somente que Sel não confiava em si mesma para permanecer inteiramente desinteressada da coisa toda. E eu confiava em mim mesma para tal fim.
Joe não fechou os olhos desta vez. Não resmungou, não contou. Os ombros largos relaxaram um pouco, e, se ela se esforçasse bastante, quase podia ver os cantos da boca bonita se curvando num pequeno sorriso.
– Entendo. E tudo o que aconteceu depois... você e eu... foi porque você não podia confiar em si mesma, afinal de contas?
Ah. Agora ela sabia por que ele estava parecendo tão relaxado. Porque a compreendera. Tinha visto através de todo o resto e chegado ao ponto mais importante.
– Sim. – Ela ergueu uma mão e colocou-a no peito dele, bem acima do coração, cujas batidas eram fortes. – Tudo o que nós compartilhamos depois aconteceu porque eu estava atraída por você. Eu o queria. E ainda o quero.
Ele se aproximou mais, até que seus corpos roçaram de leve, o ar quente de verão entre eles. Rindo baixinho, Joe estendeu o braço e acariciou-lhe o cabelo.
– Ah, Demi, sua mulher louca. Como você pode ser tão inteligente, entretanto tão maluca?
Ela permaneceu rígida, não se derretendo contra ele, mesmo que seus instintos a instigassem a fazer isso. Ele estava dizendo sim? Ou não?
– Eu não vou aceitar o seu dinheiro.
– Ah, sim, vai. Você tem de aceitar. Eu insisto. Ou você aceita, ou não temos um acordo. A mão de Joe parou no ar, perto do cabelo dela, não mais a tocando.
– Você não fala sério.
– Sim, falo. Eu trouxe meu talão de cheques e pretendo pagá-lo adiantado, no minuto em que você concordar.
– Está dizendo que seu eu não concordar, nós nunca mais nos veremos? Você irá me comprar... mas não sairá comigo? Tem ideia do quanto isso parece insano?
Demi tinha. Aquilo era insano, e uma atitude tão diferente de sua personalidade que ela mal se reconhecia.
Mas isso não a fazia mudar de ideia. Demi necessitava estabelecer limites, colocar regras protetoras que lhe permitissem sair daquele relacionamento em 30 dias, com seu coração e seu orgulho intactos, se não desse certo. E, considerando sua história, provavelmente não daria.
– É assim ou não é de nenhuma outra maneira, Joe – disse ela, o tom de voz firme, a coluna ereta. Ele estava agora falando com a negociante durona. A rainha do gelo.
Ela quase arruinou o momento, acrescentando:
– Eu não estou procurando um... um namorado.
Joe deu-lhe um olhar intrigado.
– Nem mesmo um amante de verdade – murmurou Demi.
– Nós somos amantes, querida.
– Associados de negócios com benefícios.
Joe jogou a cabeça para trás e riu, o que fez os músculos do pescoço dele tremerem, e levou a atenção de Demi para as gotas de suor se formando naquela região. Ah, como ela queria lambê-las. E depois, lamber tudo o mais.
Mas ainda não tinha a resposta dele.
– Então?
– Eu não poderia ficar a sua disposição 24 horas por dia, sete dias por semana. Tenho outras obrigações. Uma agenda cheia. – Obviamente vendo-a franzir o cenho, ele esclareceu: – É claro, se nós chegarmos a um acordo, eu garantiria que nenhuma dessas outras obrigações envolvesse contato sexual com mais alguém. Do contrário, muito do meu tempo precisa ser meu. E isso é imperativo.
É claro que ele tinha uma vida privada, todo mundo tinha. Demi já sabia que Joe possuía uma família, em algum lugar. E talvez ele realmente “acompanhasse” outras clientes sem ocorrências de envolvimento sexual. Ela poderia conviver com aquilo... assim esperava.
– Muito bem.
– Ademais, apenas para que tudo fique claro, se eu concordar com essa solução, você não dará todas as cartas. – Joe percorreu os olhos sobre ela, desde seu cabelo despenteado pelo vento até a blusa colada ao corpo, que delineava o biquíni vermelho embaixo. – Você pode estar pagando por minha atenção total quando estivermos juntos. Mas como eu escolho dar essa atenção depende de mim.
Demi tremeu um pouco, apesar do calor do dia. As palavras podiam ter sido frias, mas a expressão nos olhos dele era ardente. Tão ardente. E ela sabia que Joe estava lhe dizendo que era ele quem estaria no controle, no quarto.
Bem, ela concederia aquilo ao especialista. Seria insana se não concedesse, especialmente depois das coisas incríveis que ele lhe fizera na terça-feira à noite.
– Eu concordo com isso também – conseguiu sussurrar Demi, já sentindo os joelhos fraquejarem diante do pensamento de ele lhe dando atenção.
– Uma última coisa.
– Sim?
– Se eu não vou sair com mais ninguém, você também não vai.
Aquilo a surpreendeu, considerando que ela não tinha um encontro havia mais de um ano, não até Joe. O fato de ele se importar também a surpreendeu. Imaginou se ele havia começado a sentir o misto louco de emoções em relação a ela que Demi já sentia por ele. A pergunta também reiterava que ele não seria meramente um empregado.
Demi assentiu com um gesto de cabeça.
– Tudo bem. Isso significa...
– Sim, eu acho que significa. – Joe estendeu o braço, entrelaçou os dedos no cabelo dela, segurou-lhe a cabeça, então puxou-a até pressioná-la contra seu corpo. – Nós temos um acordo, Demetria Lovato – sussurrou ele.
Então cobriu-lhe a boca com a sua... e selou o acordo com um beijo de tirar o fôlego.
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maaais ❤
ResponderExcluirmais pfvr
ResponderExcluiramei <3