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CONHECENDO OS procedimentos hospitalares de cor, assim como sendo amigo de um dos sujeitos da equipe de resgate, Joe sabia que seria mais capaz de manter a família de Jason Turner informada do que qualquer outra pessoa. Portanto, de maneira alguma, iria deixá-las. De maneira alguma, iria deixá-la.
Não quando Demi precisava tanto dele.
Ele levou as três mulheres Lovato para o hospital, dirigindo o carro do sr. Lovato. Esperara levar Demi e a madrasta dela... mas ficara genuinamente surpreso pela decisão de Selena acompanhá-los também.
Se ela fosse sua noiva, Joe não a teria deixado sair do seu lado. Estaria abraçando-a, tranquilizando-a, dizendo que tudo daria certo... exatamente como vinha fazendo com Demi desde que os plantonistas da equipe de resgate tinham chegado e assumido as coisas. Em vez disso, pelo que ele soubera, o noivo de Sel não a apoiara, em absoluto. Na verdade, Bradley ordenara que ela ficasse calada. O homem severo chegara a censurá-la pelo comportamento histérico em relação ao idiota que começara tudo aquilo, Oliver, a quem Sel atacara depois que o pessoal da ambulância tirara seu pai do restaurante.
Joe entendia as ações de Selena.
Não entendia as ações do noivo.
Na mesma posição, Demi poderia ter se retirado atrás de sua parede gelada auto protetora, mas Selena não fizera isso. Ela gritara com o noivo, acusando-o de ser parcialmente responsável pelo o que acontecera. Ela se recusara a ir no carro com ele, subindo ao lado de uma Deborah chorosa e uma Demi de lábios brancos, em vez disso.
– Ele vai ficar bem, não vai? Por favor, diga que ele ficará bem – murmurou Deborah do banco de trás. Ela vinha repetindo estas palavras, com alguma variação, desde o momento que Joe começara a dirigir, ignorando o limite de velocidade com o máximo de segurança que conseguia.
– Eu tenho certeza de que sim – replicou ele, novamente. – Jason recebeu reanimação cardiopulmonar quase no segundo em que o coração parou. Os técnicos da ambulância foram capazes de reverter a situação de fibrilação, e ele tinha uma pulsação no momento que a ambulância partiu.
Uma pulsação fraca... não que ele fosse lhes contar isso. Porque qualquer pulsação era melhor do que se Jason Turner não tivesse respondido à desfribilação e tivesse tido de se submeter à reanimação cardiopulmonar durante todo o caminho para o hospital.
– Graças a Deus – sussurrou Deborah.
– Sim. Mas não graças a você – retrucou Sel.
Joe respirou fundo. Estivera esperando por isso... esperando pelo momento que as acusações começassem. Demi estava silenciosa, seus lábios se movendo, como se estivesse rezando para o pai. O choque de Sel tinha passado, agora ela estava procurando alguém para culpar. Na verdade, procurando mais alguém para culpar, considerando que já atacara Oliver e gritara com o futuro marido.
A mulher era tão diferente da irmã.
– Selena, por favor, não faça isso – murmurou Demi, do banco da frente. Joe estendeu o braço e pegou-lhe a mão, apertando-a. Não queria que ela passasse por mais estresses agora. Endossou o pedido dela.
– Agora não é hora para isso.
– Quando é a hora? Depois que ela o enterrar, vestir sua roupa preta de viúva e sair para se prostituir por aí?
– Cale-se – disse Deborah. – Eu não preciso lhe dar explicações. Você não tem ideia do que está falando.
– Ah, você quer dizer que meu pai não agarrou o próprio peito e teve um enfarto porque descobriu que sua esposa adorada de um ano o estava traindo?
– Não é culpa dela – murmurou Demi. – Papai não suporta a visão de Oliver. Ele já estava passando mal antes de uma única palavra sobre Deborah.
Sabendo que Demi também devia se ressentir da madrasta, Joe se surpreendeu pela defesa. Mas então, Demi conhecia a irmã melhor do que ninguém. Provavelmente o único modo de acalmar Selena fosse tentando diminuir a raiva justa dela.
– Bobagem. Ele caiu até que depois que Oliver anunciou para o salão inteiro que Deborah era uma traidora.
– Ele sabe – murmurou Deborah, soando cansada, e não interessada em brigar.
– O quê? – Demi virou-se em seu assento.
– Não que eu seja uma traidora, o que não sou. – Com sofrimento indescritível na voz, ela acrescentou: – Mas ele me disse que eu me sentisse livre para me tornar uma. – Deborah encontrou o olhar de Joe no espelho retrovisor. – Sinto muito, eu entendi que houve um engano sobre a sua identidade. – Então abaixou o olhar. – Ademais, eu não teria ido até o fim naquilo. Eu vi o jeito que você olhou para ele, Demi.
– Você falou para ele onde me encontrar – murmurou ela, do banco de passageiro.
A mulher deu de ombros.
– O que eu posso dizer? Uma romântica incurável, esta sou eu. – Então ela estragou aquilo, adicionando: – Eu sei que seu pai andava preocupado com você. Ele fala de você o tempo inteiro. Demetria isso, Demetria aquilo.
Havia uma nota dura na voz de Deborah, embora porque ela mostrava mais raiva em relação à enteada quieta e chorosa do que à enteada arrogante e intempestiva, Joe não podia entender.
– Eu tive esperança de que, se você encontrasse alguém, se ocupasse com algum tipo de vida pessoal, talvez seu pai tivesse uma coisa a menos sobre a qual se estressar. Minha esperança era que ele parasse a incessante preocupação com você.
Então o objetivo dela não tinha sido exatamente altruísta.
– Você é tão prepotente – criticou Sel. – Não acredite numa palavra disso, Mad. É tudo mentira.
– Eu não sou mentirosa. Sou uma mulher de 44 anos que não tem sexo há seis meses, cujo marido encorajava-a a sair e encontrar isso em outro lugar, porque ele não tem mais interesse.
Ah, esta era uma conversa da qual Joe não queria fazer parte. Não que houvesse alguma maneira de escapar daquilo.
Julgando pelos olhos arregalados de Demi e pela palidez do rosto, ele não achou que ela quisesse ouvir a história também. Agora que as palavras tinham começado, todavia, Deborah não parecia com pressa de fechar a boca.
– Você imagina como é tentar continuar sendo a esposa feliz quando seu pai não quer me tocar?
– Você é louca – disse Sel.
– É verdade – replicou Deborah. – Da última vez que tivemos sexo, ele me chamou pelo nome de outra mulher. E porque eu sou muito sensível e fiquei magoada com isso, ele decidiu que nós não deveríamos nem mesmo tentar ter esse tipo de casamento.
– Ele ama você – sussurrou Demi.
– Não, querida, ele não me ama. – Agora não havia engano no desgosto vindo da boca da mulher. Mais uma vez, dirigido a Demi, não a Selena, que acabara de chamá-la de louca. – Ele disse que me amava, mas querer estar apaixonado por alguém não é o mesmo que amá-los. Seu pai não sente nada por mim além de afeição. Ele quer apenas uma companhia e uma ocasional parceira de dança. – A voz dela baixou para um sussurro: – Eu pensei que pudesse ser o bastante, um casamento amigável, porém sem amor. – Suspirando profundamente, acrescentou: – Ora, talvez eu tenha acreditado que pudesse mudá-lo, embora nenhuma outra mulher tenha sido capaz disso.
Os olhos de Demi, já molhados de lágrimas derramadas previamente, piscaram com rapidez. Como se inconsciente de que estava fazendo aquilo, ela afastou os dedos dos de Joe e uniu as mãos no colo.
Ele não se ofendeu. O assunto sexo em relação a um pai era ruim o bastante. Saber que o pai podia ser frio, que podia estar num casamento sem amor... bem, Joe nem queria pensar em como isso seria. Para Demi ou para a irmã dela.
– Então não me julgue – continuou Deborah. Ele olhou pelo espelho retrovisor, vendo que agora ela estava falando com Selena novamente. – Não quando você está prestes a fazer a mesma coisa.
– Eu não sei sobre o que você está falando.
– É claro que sabe, querida. Por favor, não finja que eu estou errada. Eu sei como é quando um casal finge estar apaixonado. Você e Bradley não se amam. Pelo menos, no meu casamento, um de nós está apaixonado.
– Sel? – sussurrou Demetria, desta vez, virando-se totalmente no assento. Ela parecia que tinha sido golpeada, pela milésima vez em uma hora. A dor que Joe viu nos olhos dela o golpeou também.
– Isso não é verdade. Você o ama, não ama?
Silêncio. Quando Joe deu uma olhada para trás, viu Selena olhando para a irmã, lágrimas ainda escorrendo pelo rosto... lágrimas que derramava pelo pai. Não por si mesma e pelo futuro que aparentemente tinha escolhido.
– Você me disse...
– Eu pensei que o amasse – replicou a irmã mais velha. – Eu queria amá-lo. Principalmente porque achei que ele me amasse, e eu seria louca em não sentir o mesmo. – Sel olhou pela janela. – Os negócios da família de Bradley não estão indo bem, e ele precisa de dinheiro. Contou-me isso dois dias atrás... falou que não era honroso casar-se comigo sem me contar sobre sua situação financeira.
Demi não parecia pronta para conceder o ponto.
– Certo. Ele deveria ter esclarecido tudo mais cedo, porém ele lhe contou. Então Bradley a ama, e quer uma união em termos abertos e honestos.
Sua irmã riu suavemente. Assim como a madrasta delas. Como se as duas soubessem alguma coisa básica, alguma coisa inegável, e algo que Demi ainda não tinha entendido.
Deus, se dependesse de Joe, ela nunca entenderia. Ou pelo menos, não acreditaria naquilo. Não que as duas mulheres pareciam estar tentando lhe contar.
– Não, ele só teve medo de que eu descobrisse depois do casamento e me divorciasse. Bradley me chamou para uma reunião com os pais dele, onde todos eles me informaram que a nossa seria uma parceria maravilhosa, que me consideravam muito adequada, apesar de minha... como a mãe dele chamou isso? Apesar de minha vivacidade exuberante. – Ela fungou, e Joe não precisou olhar no espelho de novo para ver as lágrimas.
– Aquela bruxa – disse Demi. – E Bradley... ele é um covarde.
– Apenas um homem – murmurou Deborah. – Como qualquer outro homem.
Ah, por favor, ignore-me. Eu não estou aqui.
– Eu não fiquei feliz com a desonestidade.
– Posso imaginar por que não – disse a mulher mais velha. – Quem quereria um relacionamento baseado em mentiras?
– Cale-se – exclamou Sel.
Demi intercedeu novamente.
– Por que vocês não terminaram tudo? Você realmente o ama?
– Não. Mas obviamente não posso confiar em minhas próprias emoções. E um casamento lógico, resultando de reflexões cuidadosas, me parecia uma boa proposição. Ainda parece.
– Não é – declarou Deborah.
– Eu estou falando com a minha irmã.
Ah, como Joe esperava que as garras não saíssem para fora novamente.
Demi balançou a cabeça.
– Ah, não, Sel, você não pode. Diga-me que não irá levar isso adiante.
Antes que ela pudesse responder, eles chegaram ao hospital. Todas as mulheres no carro se inclinaram para frente, suas expressões de medo e ansiedade. Joe quase parou na entrada de emergência, por hábito, mas lembrou-se, no último minuto, de ir para a porta da frente.
– Entrem – falou Joe para elas. – Eu vou estacionar e encontro vocês lá dentro.
Demi mal o olhou. Ainda parecia em estado de choque, atônita pelas revelações feitas durante o curto trajeto de carro.
Ele estava preocupado com Jason Turner. Muito preocupado. No momento, todavia, poderia estrangular a esposa e a filha de Jason por terem exposto seus dramas pessoais – e ódio pelos homens – bem na noite que Demi estava vivenciando sua própria crise.
Antes que ela descesse do carro, ele pegou-lhe a mão, silenciosamente pedindo que Demi fosse forte. Que não se entregasse ao pessimismo que tinha sido incutido em sua cabeça.
– Demi, eu...
– Obrigada por nos trazer – disse ela, desviando os olhos, a voz calma. – Eu tenho de ir.
Ele não gostava do humor de Demi. Nem um pouco. Mas não havia nada que pudesse fazer. Não agora, não até que ela descobrisse se o pai ia sobreviver ou morrer.
Depois disso, todavia, Joe pretendia terminar a conversa que eles haviam começado antes do jantar. E reverter qualquer dano que as duas mulheres na família tinham causado.
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Buguei!!!! A Demi ta brava com o Joe? E ele vai deixar ela ai??????
ResponderExcluirLua tem algumas pessoas no seu blog que estão dispostas a postar a sua fic
ExcluirPosta mais por favor
ResponderExcluirEssa mini-fic é uma das melhores que você já postou
Posta mais por favor
ResponderExcluirTadinho do Joe...... posta mais!!!!
ResponderExcluirPosta+
ResponderExcluirDeixa essa Demi de gracinha! Que eu vou dar uns tapas nela! Uau cada bomba que jogam pra ela.. Tomara que o pai dela fique bem... E ela se resolva com o Joe :)
ResponderExcluirContinua ..
Fabíola Barboza :*