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TENDO DE escolher alguns turnos extras para compensar pelo tempo de folga que precisaria para acompanhar Demi tanto ao jantar de ensaio desta noite quanto ao casamento na tarde seguinte, Joe descobriu-se com uma saudade louca dela, depois de apenas alguns dias que eles haviam ficado separados. Era como se Demi fosse uma droga na qual ele se viciara completamente. E, para ser honesto, nunca se sentira dessa forma em relação a alguém antes em sua vida.
– Você está se apaixonando, homem – murmurou ele esta manhã, enquanto preenchia uma papelada para um paciente que ele e seu parceiro tinham acabado de levar para o hospital. – Apaixonando-se perdidamente.
E, ora, a sensação não era boa? Contanto que, mais cedo ou mais tarde, Demi também se apaixonasse.
Setenta e duas horas. Era tempo demais. Ele não a via desde terça de manhã, quando ela o levara de volta para sua picape, a qual estivera parada do lado de fora do mesmo restaurante onde eles haviam tentado jantar no domingo... antes da interrupção de Jenny. Tinham reagendado para segunda-feira e, finalmente, conseguido um encontro completo. Um excelente encontro, preenchido com risadas, boa comida e mais das brincadeiras provocantes que Demi parecia querer experimentar... e nas quais estava ficando boa. Era tão adoravelmente sexy observá-la perdendo as inibições, uma por uma.
Falando em sexy, o vestido de madrinha... Uau! Apesar de ter correspondido a todas as suas expectativas ardentes, ele se descobria com medo de que Demi o usasse no casamento. Não sabia se estava preparado para o jeito como outros homens a olhariam, ela acreditasse nisso ou não. A última coisa que Joe queria era ter um ataque de ciúme no meio da recepção chique do iate clube, porque algum idiota com a cabeça cheia de champanhe olhasse para ela da maneira errada.
Ela pode cuidar de si mesma, ele forçou-se a reconhecer, lembrando-se do homem embriagado no jogo de beisebol.
– Você terminou? – perguntou a enfermeira a serviço, interrompendo seus pensamentos. Jesus, não era frequente que ele se distraísse de seu trabalho, especialmente com um caso sério como este.
Talvez fosse porque este caso era muito sério. E por causa da aparência da esposa da vítima quando ela chegara lá, alguns minutos atrás.
Total e completamente apavorada.
Demetria Lovato podia não ter visto muito amor verdadeiro em sua vida, mas, ah, Deus, isso existia. Joe via todos os dias... via a angústia e a dor profunda que vinha com o pensamento de perder alguém que era tão amado que seus parceiros não conseguiam imaginar a vida sem eles. Como a esposa desta manhã.
– Sim, eu terminei – murmurou ele. – Espero que o cara se recupere.
O paciente que Joe e seu parceiro, Raoul, tinham levado para dentro era uma vítima de tiros, ferida numa aparente invasão domiciliar. Ele fora encontrado inconsciente no chão de sua própria casa. Um vizinho ouvira os tiros e ligara para a polícia. Joe e Raoul haviam chegado atrás da polícia, e Joe tinha sido o primeiro a tocar o peito ensanguentado do homem.
– Eu acho que vai se recuperar.
Ótimo. O sujeito era de meia-idade, tinha uma casa bonita e uma esposa adorável, que, aparentemente, tinha acabado de sair para o trabalho quando tudo acontecera. Ele merecia muito mais do que morrer por abrir sua porta da frente para o estranho errado.
Embora eles precisassem voltar para o prédio do corpo de bombeiros, ele e Raoul ficaram por lá, ambos para ficar de olho na condição do homem, e porque eles já sabiam que provavelmente teriam de fazer uma declaração à polícia. O suspeito parecia ter uma natureza vil, e os policiais o queriam muito.
Raoul tinha ido proteger a picape e mandar um rádio para o posto, a fim de avisar que eles ficariam por mais alguns minutos. Pegando um copo descartável de café do saguão, Joe andou perto do balcão de informações do pronto-socorro, observando o relógio, esperando que a equipe de detetives aparecesse logo. Havia técnicos de enfermagem no corpo de bombeiros, mas ele era o único paramédico em serviço hoje.
Finalmente, uma mulher troncuda, com cabelo curto grisalho e uma atitude sensata se aproximou dele.
– Você é Jonas?
– Sim, sou.
– Detetive Harriet Stiles. – Ela mostrou um distintivo. – Meu parceiro viu o seu dentro da picape e está pegando o depoimento dele.
Ela começou a fazer perguntas, coisas de rotina. Joe apenas desejava que pudesse, realmente, ser de alguma ajuda. Ele falou de forma clara e concisa, contando o pouco que sabia, uma vez que não tinha visto o agressor, apenas a vítima deitada no chão.
Quando Joe acabou, detetive Stiles fechou seu notebook.
– Tudo pronto? – perguntou a voz de um homem para a oficial.
Joe olhou para cima e viu que um homem de cabelo escuro, com um corpo forte, alguns centímetros mais baixo do que ele, juntou-se a eles.
– Parece. Você?
– Hã-hã.
– Sr. Jonas, este é meu parceiro, detetive Santori – falou Harriet.
– Prazer em conhecê-lo. Hum... Santori. Este nome é familiar.
O outro homem riu suavemente.
– Há muitos de nós.
Joe subitamente lembrou-se de onde conhecia o nome. A mulher do leilão beneficente... aquela que tentara ajudá-lo a localizar Demetria. Ela chamava Santori.
– Eu conheci uma mulher... Nicole Santori, talvez? Foi num leilão beneficente, algumas semanas atrás.
O outro homem enrijeceu.
– Você está falando da minha esposa, Noelle? Ela fundou o programa Dê um Natal a uma Criança.
Subitamente entendendo por que o outro homem tinha ficado tenso... uma vez que a esposa era, ele lembrava, muito bonita... Joe levantou as duas mãos num gesto universal que indicava inocência.
– Ei, eu não quis ofender. Eu só perguntei porque queria tentar mandar um recado para ela. Houve uma grande confusão de troca de identidade nas biografias dos solteiros naquele programa. Santori relaxou visivelmente.
– Ela não vai gostar de saber disso.
– Ouça, no final, isso acabou sendo bom, ótimo, na verdade, para mim.
– Você fala como um homem apaixonado – disse a detetive Stiles com uma risada baixa. Ela não parecia exatamente do tipo romântico.
Ora, ele devia estar usando um sorriso tolo de homem apaixonado. Francamente, todavia, Joe não se importava. Era um tolo apaixonado.
– Como eu disse, estou bem. Mas não sei como o solteiro que foi confundido comigo, e ficou com a minha biografia, está se sentindo. Qualquer mulher que o tenha “ganhado” estava esperando um membro de uma equipe de resgate de colarinho azul. E, hum, eu realmente não acho que foi o que ela obteve.
– Entendo – murmurou Santori, os olhos castanhos brilhando. Notando as linhas de riso no rosto do detetive, Joe sentiu que ele era uma pessoa tranquila, quando não bancava machista em relação à esposa. – Noelle me contou sobre alguns caras mais exigentes que apareceram naquela noite.
Joe não tinha ideia se o gigolô real era exigente ou não. Apenas sabia que ele provavelmente não era o tipo de homem que oferecia jogo de beisebol e cerveja para uma mulher. Portanto, a mulher que acabara com o homem provavelmente tivera uma grande surpresa nas mãos.
– De qualquer forma, eu só queria alertá-la. Nós éramos números 19 e 20, eu acho.
– Entendi. Obrigado por me informar, eu avisarei a minha esposa. – Ele estendeu a mão, e Joe apertou-a. – Prazer em conhecê-lo... Wallace, não é? Joe assentiu.
– Bem, eu sei que minha esposa ficou radiante com o dinheiro arrecadado naquela noite. O valor total a fez chegar bem mais perto de sua meta anual. – Ele sorriu. – Pelo que parece, vocês, rapazes, tiveram uma experiência difícil.
Gemendo, Joe confirmou aquilo.
– Você não tem ideia. Eu agora sei como um escoteiro se sente nos Vigilantes do Peso.
Os dois oficiais estavam sorrindo enquanto se despediam e se viravam para partir, embora Joe soubesse que seus sorrisos não permaneceriam durante o logo dia que eles teriam pela frente.
Antes que eles dessem mais do que alguns passos, se separando, Joe lembrou-se de uma coisa. Uma coisa importante.
– Espere! – Enfiando a mão no bolso traseiro, ele sacou sua carteira, tirando de dentro o pedaço de papel dobrado que guardara ali no dia que ele e Demi tinham ido navegar.
Ela dissera que não se importava com o que ele fizesse com o dinheiro...
– Eu tenho outra contribuição a fazer – murmurou ele, não hesitando, nem por um segundo, na atitude que considerava correta. Tinha, afinal de contas, prometido para ela. – Você pode dar isto para sua esposa?
– É claro.
Pegando uma caneta emprestada, Joe desdobrou o cheque, olhando-o pela primeira vez. Imediatamente, sentiu-se aliviado por não ter perdido o cheque, porque Demi preenchera o valor, mas não o nome. Como se ela não tivesse certeza se ele usava um nome diferente para “negócios” ou estava tentando esconder a renda. Ótimo. Ou ela achava que ele sonegava impostos ou que ele tinha se incorporado no mercado de prostituição.
Então novamente, considerando que Demi achava que ele era um gigolô, Joe supôs que não deveria estar surpreso.
Pondo o cheque nominal à instituição beneficente, e sorrindo ao visualizar o rosto de Noelle Santori, passou o cheque para o detetive, que o pegou e começou a guardar no bolso, de maneira descuidada.
– Hum... acho melhor você colocar na carteira, ou algo assim.
– É? – Santori finalmente olhou para a folha, notou o número de zeros, e exclamou: – Meu Deus.
– O cheque é bom.
– Eu espero que sim. Que tipo de imbecil com cérebro de rato tentaria dar um cheque sem fundo, em benefício de crianças carentes, para um policial?
– Eu já fui acusado de muitas coisas, mas nunca de imbecil com cérebro de rato.
A parceira, que tinha se inclinado sobre o ombro de Santori para espiar o cheque, assobiou.
– Bom.
Muito bom. Muito compensador. E agora que o cheque havia saído do seu bolso, Joe se sentiu muito leve... como se tivesse perdido 30 quilos. Ou 30 mil dólares.
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ResponderExcluirQuando o cheque for descontado a Demi vai saber ne? Ela vai descobrir será, que houve a troca de perfis?
ResponderExcluirTô gamada nessa fic!! Gente quero que chegue logo esse jantar!! Estou ansiosa pra saber o que vai acontecer!!
ResponderExcluirContinua...
Fabíola Barboza :*