17.7.14

Lento - Capitulo 1

 
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– NOSSA QUERIDA madrasta está prestes a comprar um gigolô para si mesma.

Demetria Lovato, que estivera assinando uma grande pilha de documentos em sua mesa, derrubou a caneta, deixando um borrão de tinta preta sobre o Relatório de Lucros e Perdas de uma grande firma da região. Olhando para cima, não foi capaz de fingir surpresa ao perceber que sua visitante de tom indignado era sua meia-irmã mais velha, Selena, parecendo tão furiosa quanto soava.

Furiosa... porém linda, como sempre. Selena herdara a altura e magreza da mãe, assim como o cabelo negro e a elegância, o que combinava com o estilo de vida dela à perfeição. Demetria, por sua vez, tinha sido presenteada com a figura mais baixa e rechonchuda do pai delas e com o cabelo quase preto de sua mãe falecida, olhos sorridentes e covinhas. O que não combinava nem um pouco com seu estilo de vida, como a gerente de banco que era, trabalhando arduamente.

Selena jogou sua bolsa de grife sobre uma cadeira vazia e fechou a porta com um chute do salto de seu sapato de bico fino de 500 dólares.

– Demi, você me ouviu?

– Eu acho que os pedreiros, que estão 20 andares abaixo, ouviram você – murmurou Demetria, perguntando-se por que Selena sempre tinha de ser tão melodramática. Outra coisa que ela herdara da mãe rica e elegante.

– A vadia interesseira irá trair o nosso pai.

Considerando que Selena havia traído um de seus maridos e um de seus noivos, Demi achou que sua irmã não tinha muita moral para fazer esse tipo de crítica. Entretanto, franziu o cenho, não gostando da notícia de que a mais nova esposa do pai delas... a quarta esposa... já estava procurando por mais aventura do que seu velho marido podia oferecer.

Sel podia detestar Deborah, mas Demi nunca tivera nada contra ela. A mulher não era uma pessoa exatamente carinhosa, muito menos com suas enteadas adultas, mas era muito melhor do que algumas das alternativas. O pai delas poderia ter se casado com uma mulher de 25 anos... alguém mais nova do que Demi ou sua irmã. Pelo menos, Deborah, além de estar na casa dos 40 anos, era educada, graciosa e bem-sucedida. Ela uma vez possuíra seu estúdio de dança bem-sucedido... onde conhecera o pai de Demi... e parecia fazê-lo feliz, primeiro como parceira de dança, agora como esposa.

Então realmente esperava que Sel estivesse enganada.

– Como você sabe disso?

– Fiquei sabendo diretamente através de Bitsy Wellington.

A melhor amiga da madrasta delas.

– Por que ela contaria isso para você?

– Bem, você conhece Bitsy. Ela nunca consegue resistir a uma fofoca.

Verdade. A mulher era completamente venenosa.

– Além disso, ela quer o homem para si mesma. Ele é algum gigolô europeu que será leiloado no grande evento beneficente Dê um Natal a uma Criança, amanhã à noite, no InterContinental.

Um gigolô sendo vendido para beneficiar uma instituição de caridade para crianças. Havia uma grande ironia naquilo. Era típico das mulheres do seriado de tevê Desperate Housewives surgirem com a ideia de comprar um homem bonitão para levantar fundos para uma causa digna. E então, para competir por ele.

Selena sentou-se numa das cadeiras do outro lado da grande mesa de Demi, torcendo o nariz diante dos arquivos bagunçados espalhados sobre o tampo. Sua irmã mais velha gostava do dinheiro que vinha do banco que o bisavô delas fundara, diversas décadas atrás. Não gostava particularmente da carga de trabalho que acompanhava o dinheiro.

Às vezes, Demi imaginava se uma delas tinha sido adotada. Ou achada no degrau da porta da casa. Elas tinham tão pouco em comum, tanto fisicamente quanto em tudo mais.

Em personalidade, diziam que Demi era muito parecida com a mãe, segunda esposa de Patrick Lovato, que morrera quando Demi estava com 4 anos. Supostamente, embora nunca tivesse falado dela, Patrick havia sofrido muito pela morte da mãe de Demi. O que podia explicar por que sua irmã sempre implicava com Demi sobre ser a favorita do pai delas.

Talvez fosse só isso que elas tivessem em comum. Além de se parecer mais com Patrick do que Sel, Demi também era abençoada com um raciocínio rápido, uma mente fascinada por contas e finanças. Ela também tinha o trabalho ético de dirigir os negócios que estavam na família por gerações.

Isso não significava que Selena não herdara alguma coisa do pai delas, também... a leviandade dele. Demi parecia ser a única Lovato que não se apaixonava e desapaixonava com uma frequência absurda.

– Nós precisamos fazer alguma coisa.

– Sobre o quê?

– Sobre a pequena traidora!

Demi suspirou, largou a caneta sobre a mesa e recostou-se na cadeira.

– Mas ela não o traiu ainda, certo?

– Não... e nós nos certificaremos de que isso não aconteça.

Francamente, a atitude de sua irmã veio como uma surpresa. Considerando quão fortemente Selena desgostava da nova esposa do pai delas, Demi teria imaginado que Selena Gomez Lovato querer que Deborah traísse e fosse pega. Seu pai tolerava muita coisa no que dizia respeito às esposas... que gastassem dinheiro, demandassem atenção e tivessem explosões de raiva. Mas nunca toleraria ser traído. Como algumas de suas ex-amantes poderiam certamente atestar. Inclusive a mãe de Selena.

– Eu estou surpresa que você não tenha contratado um detetive para segui-la e descobrir informações secretas.

Selena franziu o cenho, desviando seus bonitos olhos castanho escuro para estudar suas unhas perfeitamente pintadas.

– Você fez isso? Jesus, Sel...

– Ouça, foi estupidez e mudei de ideia quase imediatamente. Eu não quero pegar a vadia traindo.

– Não quer?

Sua irmã finalmente ergueu os olhos, e havia uma expressão genuína neles, uma emoção que Selena normalmente não deixava ninguém ver, mas que Demi sabia que espreitava abaixo da superfície brilhante e frágil de sua irmã.

– Ele a ama, Dem. Realmente a ama, e ela faz nosso pai tão feliz. Ele parece ter remoçado 20 anos. – Ela engoliu em seco, murmurando: – Eu não quero vê-lo machucado. Novamente.

Uau. Aquilo deixou Demi atônita. Tanto que ela não conseguiu responder por um minuto. Porque, embora entendesse perfeitamente o sentimento... e se sentisse da mesma forma... não teria esperado isso de Selena.

Então lembrou-se da única área onde ela e sua irmã eram cem por cento iguais: no amor que sentiam pelo pai.

Largou a caneta mais uma vez, finalmente dando total atenção à irmã.

– Certo. O que você propõe que façamos?

Selena hesitou por um momento, olhando ao redor da sala e para algumas fotos emolduradas na estante de Demi, fotos da família, para as plantas no canto e para a vista de Chicago pela janela.

Ela não ia gostar daquilo, Demi sabia. Selena tinha a mesma expressão que tivera quando elas estavam com 9 e 12 anos, e sua irmã mais velha sugerira que elas “pegassem emprestado” vestidos de grife da nova madrasta... terceira esposa do pai... para brincar de casinha. Demi teve a mesma reação... a pulsação similar em suas têmporas e o suor nas palmas que experimentara naquele dia.

– Sel?

A irmã finalmente encontrou seu olhar, parecendo quase desafiadora.

– É simples, na verdade.

A pulsação nas têmporas intensificou. O suor em suas palmas poderia aguar as plantas do escritório por uma semana.

– É?

– Sim. Ela não pode trair o nosso pai com o sujeito do leilão se alguém oferecer um preço mais alto por ele. – Com uma expressão que mostrava o sorriso de 20 mil dólares que o pai delas concedera à filha mais velha, Selena continuou: – Você compra o gigolô.
 
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4 comentários:

  1. Quero mais....posta logo por favor!!!!!

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  2. Kkk ai ai a Sel é mesmo doida kkk a Demi vai comprar o Joe!!! Estou doida por essa fic Mari!! Bju!!

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  3. Essa Selena! Sinto que ela vai aprontar muito kkkkkk
    Já amei esse capítulo :)
    Continua, Fabíola Barboza :*

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