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Stripped - Capitulo 7 - MARATONA 3/10

 
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Eu estou vestida com uma fina saia lápis azul marinho, uma camisa básica de marfim de botões, e um par de sapatos de salto para combinar com a camisa. Meu cabelo está amarrado em um coque, e eu uso maquiagem mínima. Nunca usei um monte de maquiagem, mas eu uso muito menos agora desde que eu comecei a dançar no clube.

Dançar.

Sim, eu já comecei a pensar nisso dessa forma. Estou lá há três meses, e eu sou a dançarina mais popular, de longe. Todos os quartos VIP solicitam-me. Eu faço cinco apresentações numa noite, e eu sempre consigo pelo menos cem dólares por set. Cobro vinte por dança em mesa, cinco para danças eróticas e salas VIP começam em cento e cinquenta.

Ainda me sinto mal antes de cada performance, e eu ainda choro sozinha até dormir algumas noites. Eu odeio ser uma stripper. Uma dançarina exótica. Não é dança, é provocação lasciva. É feita para os homens te cobiçarem. Fui apalpada mais vezes do que eu gostaria de contar, e abordada ainda mais. Já me ofereceram mil dólares para entreter uma celebridade em privado durante uma hora. Eu recusei.

Agora estou indo para minha primeira missão real no estágio na Fourth Dimension. Fui aprendendo as regras até o momento, preenchendo documentos, trabalhando no escritório, fazendo ditados, seguindo os verdadeiros produtores por aí. Eu trabalhei para caramba para conseguir o estágio, e eu trabalhei ainda mais para a Fourth Dimension como auxiliar de escritório, com a esperança de ser notada e trabalhar em um projeto real. Aparentemente funcionou.

John Kazantzidis é um importante produtor, conhecido por ter um bom olho para scripts convincentes e fortes. Ele trabalhou em alguns dos filmes mais vendidos dos últimos dez anos, incluindo a recente adaptação cinematográfica de sucesso de O Sol Também se Levanta. Ele sempre foi educado comigo, e parece me levar a sério como uma estudante de produção. Ele é um sócio do estúdio, trabalhar diretamente com ele é um grande negócio. Meus colegas estão loucos de inveja.

Espero fora de seu escritório até que Leslie, sua secretária, atenda o interfone e mande-me passar. O Sr. Kazantzidis, ou Kaz, como ele gosta de ser chamado, é alto e largo, com cabelos negros e olhos castanhos escuros. Ele exala autoridade, poder e riqueza, embora não seja ostentador. Para um homem mais velho, ele é muito atraente e encantador.

Ele acena na cadeira de couro na frente de sua mesa, um telefone encostado ao ouvido. Ele ouve por alguns momentos e, em seguida interrompe em grego antes de desligar. — Minhas desculpas, Demi. Essa foi a minha mãe. — Ele sorri para mim, mostrando os dentes brancos.

— Não tem problema, senhor. Acho que é bom que você fale com sua mãe.

Ele acena com a cabeça. — As mães são importantes. Você vê a sua família, afinal?

Eu dou de ombros. Eu tento evitar falar sobre mim ou minha família. — Não, na verdade. Minha mãe faleceu e meu pai e eu... bem, nós realmente não nos damos bem, infelizmente.

Kaz franze o cenho. — Eu sinto muito em ouvir sobre sua mãe. Como ela faleceu?

— Um tumor no cérebro. — Eu tiro o iPad da empresa da minha bolsa e abro páginas, pronta para tomar notas. — Qual é a minha tarefa, senhor?

Kaz se inclina para trás e mexe com uma caneta. — Você pode colocar isso de lado. — Ele acena para o iPad. — É muito simples. Você vai trabalhar como elo de ligação direta entre a Fourth Dimension e o ator principal em nosso mais novo filme. Somos parceiros no remake de O Vento Levou, e eu sei que não preciso lhe dizer o quão importante é esse projeto. O original é uma parte emblemática da cultura americana.

— Sim, senhor. — Eu deslizo o tablet de volta na minha bolsa e cruzo a perna por cima do meu joelho, ouvindo atentamente.

— Eu já enviei todos os arquivos pertinentes sobre o filme, incluindo a biografia em sua atribuição. Antes de vir amanhã, estude todos os aspectos do projeto. As filmagens começam no mês que vem, então não haverá muito a fazer até então, mas a sua missão começa a partir de agora. — Kaz se inclina para frente e deixa a caneta de lado. — Demi, você já provou suas qualidades até o momento. Gosto de você. Se você fizer bem essa tarefa, eu vou mantê-la a bordo em tempo integral quando se formar. Até então, você vai receber salário de nível de base.

Eu tento não gritar. Este tem sido um estágio não remunerado até agora. Se eu for paga, eu posso parar de me despir.

— Obrigada, senhor, não vou te decepcionar, eu prometo. — Eu não posso deixar de sorrir.

— Eu sei que você não vai, Demi. — Ele se inclina para trás e desliza seu telefone do bolso do blazer, tocando uma mensagem. — Eu acredito que Leslie tem alguns papéis para você arquivar, e então você pode ir.

A papelada para a atribuição leva apenas alguns minutos, o que é bom, já que eu tenho que voltar ao meu dormitório, terminar um trabalho para a minha aula de literatura, e, em seguida, ir para o trabalho esta noite. Este estágio é uma dádiva de Deus, mas ele me manteve ocupada mais do que nunca. Eu trabalho quatro noites por semana, além das cinco matérias cada semestre e 30 horas por semana no estágio. Eu como mal, durmo mal, e não tive tempo de dançar para o meu próprio prazer em semanas.

Tudo vai valer a pena se eu conseguir ser contratada em tempo integral pelo estúdio.

Eu volto para o meu dormitório e termino o trabalho o mais rápido possível. Eu começo a me debruçar nos arquivos que Kaz me enviou. O Fourth Dimension é o estúdio de produção primária para o projeto, juntamente com o Orbit Sky Films e o Long Acre Productions. Jeremy Allan Erskine está dirigindo, e eu passo o resto do meu tempo de estudo repassando as notas de Kaz sobre o corpo de trabalho do Sr. Erskine e suas ideias gerais para o projeto. Ele é mais conhecido por Red Sky, um drama pós-apocaliptico que ganhou seis Oscars, incluindo Melhor Filme. Ele trabalhou com a Fourth Dimension e meu chefe Kaz em O Sol Também se Levanta, portanto, uma adaptação para o cinema não é novidade para ele. A intenção com este remake, de acordo com as notas de Sr. Erskine no meu arquivo, é manter-se fiel ao romance e homenagear o filme de 1939, enquanto rejuvenesce com uma estética mais moderna.

Kaz não está me tratando apenas como uma assistente, porque eu sei que não é normal para um humilde estagiário-assistente de um ator ter esse tipo de arquivo de projeto. Ele realmente entende a minha paixão pelo cinema, e espero que esteja me preparando para trabalhar com ele em projetos futuros. Ainda assim, ele tem que responder ao objetivo do estágio, o que significa um baixo nível de atribuições de assistente para completar a graduação.

Eu não tenho tempo para ver a lista de elenco antes de ter que sair. Eu tiro minha saia e blusa, coloco um par de calças de yoga e uma camiseta, e saio para pegar o ônibus para o clube. Uma vez lá, eu mudo a minha roupa: shorts curtos e camisa de flanela. Eu faço a maquiagem, destrincho meu cabelo em ondas cor de mel brilhante e verifico no espelho.

Como sempre, eu quase não me reconheço. Meu cabelo é enorme, caindo até o meio das minhas costas e escovado para o volume máximo. A maquiagem transforma meus olhos cinzentos de tempestade e, admito que, parecem hipnóticos. Batom vermelho brilhante, blush, base pesada, rímel...

Eu deveria ter esperado perder peso, como raramente eu como e quanto estou correndo, mas ainda sou eu. Eu ainda sou grande nos quadris e busto. Eu vejo meu corpo de forma diferente agora. Eu não sou apenas uma mulher com roupas. Eu vejo o corpo sob a roupa, que eu nunca olhava antes. Não realmente. Eu não sou apenas uma pessoa, como qualquer outra pessoa. Eu sou um objeto, uma coisa a desejar. Eu estou ciente de meus seios e traseiro e do fato de que os homens desfrutam essas partes minhas.

Eu suspiro, eu afrouxo um pouco o nó da camisa, ajusto meus seios e refaço o nó para meu decote ficar mais acentuado. Eu esfrego alguma base sobre o meu quadril, onde topei com a mesa no meu quarto. Eles não querem ver machucados.

Estou atrasada. Eu sempre demoro. Eu nunca quero sair  do camarim. Eu pensei que iria me acostumar com isso, mas não. Meu coração ainda martela e eu ainda me sinto envergonhada, ainda sinto náuseas. Quando chega o momento que tenho que tirar a minha camisa e mostrar meus seios, eu sempre quero cavar um buraco e puxar a sujeira para cima de mim. Eu odeio os olhares lascivos e as mãos apalpando-me, os assobios e as sugestões.
 
Estou prestes a abrir a porta do camarim, quando Timothy entra. — Demi. Fico feliz que você está aqui mais cedo. — Emoção brilha em seus olhos, me preocupa. — Hoje a noite é sua noite de sorte, Demi. Algum ator figurão alugou todo o clube! E adivinhe? Ele quer uma dança particular na sala VIP com apenas você e ele. Disse-lhe que não faz nada extra, então você não tem que se preocupar com isso. Mas isso é grande, Demi. Grande, muito dinheiro.

Concordo com a cabeça e tento acalmar meus nervos. É apenas mais uma noite. Eu fiz celebridades na sala VIP antes. Somos um pequeno clube fora da badalação, e a maioria dos nossos clientes são homens de trabalho de classe média baixa, e às vezes alguns tipos de Hollywood fora do foco. Mas de vez em quando, um ator ou um astro do esporte aparece, na esperança de obter uma noite longe dos paparazzi. Uma coisa que Timothy é inflexível é sobre ter fotógrafos e jornalistas. Não, nunca.

Eu retoco a minha maquiagem um pouco, verifico novamente o nó na minha camisa, e certifico-me que meu decote está certo, e então eu vou lá fora. Lydia está no palco, no momento, dançando uma música de Ludacris. Ela é uma pequena menina iraquiana, de seios grandes que trilhou o seu caminho na escola de enfermagem. Lydia é doce e uma boa dançarina, e como eu, ela se recusa a fazer festas privadas fora do clube, e nunca faz acréscimos de qualquer tipo. Eu ando no clube, avaliando os caras. São todos de Hollywood, elegantes, atraentes, polidos e falsos encantadores. A maioria já está bêbado, e eu faço meia dúzia de danças eróticas antes que eu mesma vá de um lado do clube para o outro. Eu não vi o ator que alugou o lugar ainda, mas ele está em uma sala VIP. Estes são apenas os puxa-saco, os bajuladores e os assistentes. Eu faço algumas mesas, em seguida, é a minha vez no palco. Parte do meu papel é que a única vez que estou realmente em topless é durante as danças. Eu faço as mesas e danço com a minha fantasia. Os caras entram na minha, eu acho. Eles gostam do mistério. Claro, a camisa de flanela é aberta o suficiente para que eu esteja basicamente de topless, por isso os caras ficam loucos.

Eu faço a minha rotina básica, girando e girando em torno do mastro, provocando ao desabotoar a camisa, mas não os deixo ver nada, então reabotoo e arrebento os botões. Na parte com o topless, eu quase estou insensível. Quase. Ou seja, eu realmente não começo a chorar até que tenha que tirar os shorts e que é o próximo passo. Como eles são apertados, é realmente uma façanha tirá-los graciosamente.

Então eu estou dançando em apenas uma calcinha minúscula. Estou quase chorando o tempo todo. Eles podem ver minha bunda, todo ela. O fio dental é pouco mais que um triângulo minúsculo sobre minha privacidade, e eu nem sei se poderia dizer que ela deixa algo privativo. Quando eu danço e me movimento no palco, eles podem ver tudo.

Eu termino o palco e retiro-me para a área de bastidores para voltar a acalmar os meus nervos. Os caras no clube são da pesada, e eles estão dão gorjetas como uns loucos. Eu ganho cento e cinquenta desde o primeiro set no palco, e eu tenho outros oitenta das danças eróticas e mesa. E eu nem sequer fui às salas VIP ainda. Mas o número do palco... oh, Deus. Os assobios e as cantadas estavam piores do que nunca. As mãos, o que é tecnicamente contra as regras do clube, mas vai realmente de cada dançarina desencorajar... eles me agarram e me tocam e tentam retirar o fio dental. Eles me pedem para ir para casa com eles. Eles gritam em detalhe o que eles fariam comigo. Eu coro quando eles gritam essas coisas. Eu não posso evitar. Eu não acho que eles possam ver o vermelho embaixo da minha maquiagem, mas ele está lá. Eu coro, me encolho e golpeio afastando as brincadeiras com as mãos, mas com firmeza, e eu evito os seus olhos.

Quando estou no backstage e Inês entra no palco, eu sinto meu estômago revoltado. Corro para o camarim e para o pequeno banheiro, onde eu esvazio meu estômago. As lágrimas se misturam livremente com o suor do meu rosto. Quando eu termino levantando, eu caio no chão frio e descanso meu rosto contra a porcelana fria, e eu choro por um momento. Desejo estar em casa, em Macon. Eu não posso deixar de imaginar o rosto de mamãe se ela pudesse ver o que eu estou fazendo para sobreviver.

Punhos batem na porta, e então ela se abre. — Demi, porra, você não tem tempo para isso! — Timothy está me puxando para longe do banheiro e enxugando a minha boca com uma toalha de papel. — Eles querem você na sala VIP. Agora. Sala três. Escove os dentes e, vá!— Ele não parece ter sentimentos e me empurra para a pia e, uma vez que eu estou pronta, fora do camarim e através da porta que leva para as salas VIP.

Eu recupero o meu equilíbrio e minha respiração, e então mando Timothy embora.

Meu coração está batendo forte e minha pele está arrepiada, formigando. Eu estou fora da sala três com a mão na maçaneta, mas eu hesito. Algo dentro de mim está se rebelando, me dizendo para correr, para voltar, para ir embora. Mas eu não posso. Eu vou perder o emprego, e não estou garantida em tempo integral na Fourth Dimension, ainda não.

Eu torço a maçaneta e empurro a porta. Um sofá de couro escarlate posicionado em semicírculo ao redor da sala, que é iluminada por um par de lâmpadas com tons para combinar com o sofá. As paredes são em preto fosco, e mesas laterais nas extremidades do sofá. Uma garrafa de Johnny Walker Blue Label está em uma mesa de canto, cercada por garrafas de Coors e Bud Light, algumas vazias, algumas cheias. O quarto está nebuloso com a fumaça do cigarro, e sob isso, o cheiro acre de maconha. Uma das mesas tem um monte de pó branco sobre ela, com algumas linhas grossas divididas.

Existem quatro homens na sala. Três deles são incrivelmente lindos. O quarto?

Ele é um deus do cinema.

Os três homens estão de um lado, perto da pilha de cocaína. Eu reconheço todos eles. Um deles é Armand Larochelle, que ganhou Melhor Ator por seu papel em Name of Heaven. Armand é alto e magro, com cabelos loiros na altura dos ombros e características esculpidas. O segundo é Adam Trenton, um ator e ator coadjuvante em filmes de ação. Recentemente, ele fez um papel em uma ação de aventura sci-fi na qual ele conseguiu seu primeiro papel principal. O terceiro é Nate Breckner, conhecido principalmente por fazer comédia romântica, mas ele vem fazendo papéis para tirá-lo desse tipo de produção.

O quarto homem é Joe Jonas. Meu coração para, a respiração trava. Eu vi fotos dele, eu o vi em seus últimos filmes. Mas nenhum deles lhe faz justiça. Nem perto disso. Na tela ele é de tirar o fôlego. Características nítidas, penetrantes olhos castanhos, cabelo escuro em algum lugar entre o marrom e o preto. Alto e ridiculamente lindo, com os braços esculpidos e, um peito duro largo. Ele é uma mistura de Brad Pitt e Henry Cavill e Josh Duhamel e muito mais. É assim que ele parece na tela.

Em pessoa... ele é além da perfeição. Eu não posso olhar para longe dele, mas a sua beleza me queima, como olhar para o sol.

E agora ele está no meu clube, e ele está olhando para mim com expectativa, e eu não posso me mover. Seus olhos são mercúrio, uma avelã mutável. Ele é muito bonito para por em palavras, e eu não sei o que fazer. Meu corpo não vai funcionar.

Batidas da música nos alto-falantes, uma canção de Jay-Z. Armand está me olhando, um pequeno tubo em seus dedos, a cabeça balançando ao som da música. Os outros dois homens têm cervejas nas mãos e estão olhando para seus telefones. Eles parecem bêbados. Eles olham para mim e depois me repudiam, olhando para longe.

— Você vai dançar ou o quê? — Joe pergunta. Sua voz é obscura, profunda e envolvente.

A música termina, e uma batida de dança techno começa. Eu não posso tirar meus olhos de Joe, mas eu forço meus quadris se moverem. Eu deixei a música assumir e fluir através de mim. Eu me perco em seus olhos, que parecem escurecer conforme eu balanço mais perto dele. Eu sei que existem outros homens na sala, mas tudo o que posso fazer é me concentrar em Joe Jonas e esperar sobreviver a esta noite.

Eu estou na frente dele agora, aproximando-me dele. Seus joelhos afastados, e suas mãos repousam em meus quadris, suas palmas escovando a pele nua acima do jeans dos meus shorts. Eu nunca deixei um cliente me tocar antes, mas eu não consigo encontrar a força para empurrar as mãos. Minha pele arde onde ele me toca. Seus olhos estão sobre os meus, apesar do meu decote na cara dele.

Eu estou dançando com a música, leve, pequena vibração nos meus quadris, o suficiente para os meus seios saltarem. Meus braços estão sobre a minha cabeça, naquela posição estranha que os homens parecem amar. Seu olhar oscila até meus seios sacudindo e depois se voltam para os meus olhos. Eu não posso ler sua expressão. Os homens sempre mostram o desejo na cara, em seus olhos. Joe não. Mas suas mãos estão enroladas em volta da minha cintura, possessivo. Devo fazê-lo me soltar, mas eu não faço.

Eu nunca fui tocada assim, nunca tiveram mãos de um homem no meu corpo, em qualquer lugar. Não desse jeito. Sempre foram toques roubados, passadas de mão no meu traseiro ou toque de dedos em meus seios enquanto eu danço no palco.

Isso... é uma conexão. Suas mãos me tocam e me prendem, e eu não sou uma stripper, por um momento. Eu estou vestida, e ele está olhando para mim. Para mim. Quase como se ele estivesse vendo Demi, em vez de Gracie, mesmo que ele não possa saber a diferença.

A música muda para Just Give Me a Reason, de Pink e Nate Russ. Eu não sei por que a musica filtra através de minha consciência. Eu me forço para fora de seu alcance e para o centro da sala. Eu danço, e eu me vejo dançando mais como uma dançarina que uma stripper. Eu sei que tenho que tirar a roupa. Eu não posso fugir apenas dançando. Isso não é o meu trabalho. Mas agora, mais do que nunca, eu não quero fazer isso. Eu quero falar com esse homem. Não é porque ele é uma celebridade. Não porque ele era o homem mais sexy vivo ano passado. Não é porque ele foi eleito o Homem Vivo Mais Sexy da Terra do ano passado pela People, embora ele seja. Há algo em seus olhos que está me puxando.

Eu faço os meus dedos desabotoarem o primeiro botão da minha camisa, e eu vejo Armand e os outros se ajeitarem no sofá. Eu ignoro-os e giro no lugar, dobro na cintura de costas para eles, fico de pé, viro novamente, desato o nó e desabotoo meus shorts. Joe nunca desvia dos meus olhos.

Eu me pergunto o que ele vê em meu olhar.

Náuseas explodem através de mim, conforme eu deixo outro botão de camisa livre. Eu odeio essa parte. Meu coração bate com a sensação familiar de vergonha. Agora, a camisa está aberta, e meus movimentos são sinuosos, serpenteando sedosamente. Eu giro meus ombros, e a flanela desliza, mergulhando baixo de um lado. O outro dança e agita nos meus ombros, e a camisa cai nas minhas costas. Meus braços fixam a camisa no lugar, mas os topos dos meus seios são descobertos, os meus braços cruzados cobrindo meus mamilos.

Meus quadris balançam e sacodem ao som da música.

Estou presa em seu olhar de novo, e tudo desaparece, exceto os olhos.

E então eu forço meus braços para longe, deixo a flanela cair no chão. Armand toma uma respiração profunda, e eu ouço um dos outros homens gemer em apreço. Joe não se move, e sua expressão não muda, exceto pela abertura de seus olhos. Seu olhar varre sobre mim, então, da cabeça aos pés e nas costas. Eu volto para dançar, acentuando o balanço dos meus seios, passando minhas mãos sobre eles, levantando-os e fazendo poses, todas as coisas que eu aprendi para ganhar gorjetas.

Isso é mais difícil do que as danças de palco, mais difícil do que as danças eróticas ou outros trabalhos na sala VIP. Isto é pessoal. Outros homens olham para mim e claramente me querem, mas algo no olhar de Joe fala mais do que desejo. Há possessividade em seus olhos.

Eu brinco com o zíper da minha bermuda, olhando para a minha frente, para trás e para Joe, o olhar tímido calculado que eu não sinto. Eu abaixo o zíper e puxo as bordas, mostrando o triângulo de tecido vermelho e a pele pálida embaixo.

Lembro então, sem motivo algum, Candy, no meu primeiro dia, me dizendo que eu tinha que ter minhas partes íntimas depilada. Doeu, e eu quase morri de vergonha.

A música muda também para outro ritmo de dança sem nome, e eu começo a balançar o que leva a minha bermuda a descer. Antes que eu possa terminar de puxar o cós do, a voz de Joe enche a sala.

— Tudo bem, rapazes. Fora.

— Ah, vamos lá, Joe. Agora que está ficando bom. — diz Nate.

Joe não responde, ele só lança um longo olhar duro em Nate, que suspira de frustração. — Foda-se. Tudo bem. — Ele se levanta, e os outros dois homens vão com ele.

Quando a porta se fecha atrás deles, Joe se levanta lentamente. É como assistir a um leão levantar da grama, todo envolto poder e graça sedosa. Ele se move em direção a mim, os olhos quentes e escuros, quase da mesma cor tempestuosa que os meus, de alguma forma. Ele agarra meus pulsos, mãos poderosas enormes.

— Deixe-o aí.

Eu não luto com seu aperto, e eu não estou dançando. Toda vez que eu estou no trabalho, estou dançando. Cada movimento é uma dança. De mesa em mesa, uma cabine para outra, no palco e fora do palco, é uma dança. Mesmo que seja apenas a influência exagerada dos meus quadris e do salto, é uma dança. Eu nunca estou parada.

Mas agora eu estou congelada pelo calor nos olhos de Joe quando ele olha para mim. Eu estou nas botas de salto alto que me fazem com 1,82 metros de altura, mas Joe fica facilmente centímetros mais alto que eu.

— Por quê? — pergunto.

Os homens sempre querem que eu tire tudo. E eu sou uma stripper, então eu faço. Mas este homem está me parando, e eu não entendo. Não me atrevo a pensar na força bruta em seus olhos, a força em suas mãos, a possessividade em seu toque.

Joe não responde. Ele apenas coloca suas mãos sobre meus quadris e me deixa seguir a batida. Ele se move comigo. Ele está dançando comigo, balançando com o ritmo. Eu deixo. Eu não deveria, mas eu faço. Algo na vibração de sua presença apaga a minha capacidade de resistir a ele.

Então suas mãos empurram o jeans, e o medo bate em mim como uma tonelada de tijolos. — Não, você não pode — Eu gaguejo. Em meus nervos, o sotaque da Georgia é grosso.

— Sim, eu posso. Você quer. — Sua voz me envolve, desliza para cima de mim como água quente.

Eu balanço minha cabeça. Nós ainda estamos dançando juntos, nos movendo ao som da música. Estou olhando para ele, perdida. — Eu não... Eu não faço extras. Você não pode me tocar.

— No entanto, aqui estou eu, te tocando. — As mãos dele deslizam até a minha cintura, cobrindo o espaço entre os seios e jeans. Suas mãos são enormes, poderosas, mas incrivelmente gentis.

Seu toque é fogo. Estou trêmula. Eu suspiro quando as palmas das mãos deslizam para baixo novamente, e então seus dedos engancham nos suportes do cinto e puxam para baixo. Ele puxa o jeans, arranca novamente, e então eles estão fora e encolhidos em torno de meus tornozelos. Saio deles e tento respirar.

Suas palmas deslizam como lava ao redor da minha cintura e em meus quadris nus, e eu estou tremendo, assustada, apavorada. Consumida. Ele está me tocando. Ninguém jamais me tocou assim. Ver desejo nos olhos de um homem é uma coisa. Sentir o desejo na força bruta e seu controle sobre a minha pele, é outra coisa. O toque de Joe é o hipnotismo encarnado. Eu não posso resistir. Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas está me aterrorizando. Eu não quero querer isso, mas ele está certo. Eu quero. Estou devorada por suas mãos em meus quadris. Ele não tocou na minha bunda, não tocou meus seios. Apenas a minha cintura e os quadris. E Deus me ajude, algo está corroendo dentro de mim, atiçando algum tipo de necessidade desesperada em mim.

Eu não sei o que é que eu preciso, a não ser que tem algo a ver com esse homem na minha frente, que tem arrancado minha roupa, minha força e minha confiança em um movimento suave. Estou nua na frente dele. O fio dental não é cobertura. Não para o modo como seus olhos veem através de mim.

— Não tenha medo. — Sua voz é calorosa. Quase doce.

Eu dou de ombros. — Eu não vou... Quer dizer, eu não tenho.

Ele ri, uma única bufo. — É mentira, Gracie.

— Do que eu tenho medo, então? — Acho a minha voz de alguma forma, e finjo a indiferença que eu não sinto.

— De mim, — Ele acaricia os meus quadris. — Disso.

Eu tomo um longo, profundo suspiro. — Não me toque. Por favor. Apenas deixe-me dançar.

Ele se afasta, deixando cair suas mãos e cai no sofá, agarrando a garrafa de uísque e puxando-o. — Então, dance.

Então eu danço. Nua, com medo, e humilhada de alguma forma, cheia de algum tipo de desejo que não entendo, eu danço. Não como uma stripper. Não para provocar luxúria. Eu danço. Como Demi, eu danço.

Todo movimento, poder e confiança, eu danço. Eu me perco, na música e movimento, sem me importar com o meu corpo à mostra. Quando eu paro, Joe ainda está no sofá, a garrafa esquecida. Seus olhos são escuros e conflituosos, mas a protuberância no zíper de sua calça jeans apertada, caras calças jeans, me mostram o efeito da minha dança. Ele coloca a garrafa no chão e se levanta. Eu resisto ao desejo de afastar-me dele, mas ele não me toca de novo, embora me alcance.

 — Você não pertence a este lugar. — Ele cautelosamente estende a mão, afasta uma mecha de cabelo da minha boca. É um gesto suave, e isso me confunde, me assusta. Bate em algum lugar dentro de mim.

Sua boca desce para a minha, e seus lábios devoram os meus quente, úmido e macio. Eu não estou respirando. Como eu poderia? Ele está me beijando. Por quê? Meu coração está congelado. Meu sangue é um rio escaldante de fogo em minhas veias, e eu estou me tremendo toda. A seda negra de sua camisa de botão está esticada sobre o peito, e quando ele me beija, me puxa contra ele. A seda é fria contra a minha carne, pecaminosa contra a pele macia e esfrega meus mamilos nus, fazendo-os rígidos. Sua língua desliza até um canto da minha boca e seus dedos enrolam em um músculo das minhas costas, enviando calor através de mim.

Dura um mero momento, e depois acaba.

Ele gira abruptamente, sai com uma batida da porta, e eu fico mole. Vazia de tudo, ofegante e tremendo.

O que aconteceu? Eu colapso contra o sofá e luto para respirar.

Quando eu volto para o piso principal do clube, ele se foi.

E eu estou mudada, totalmente.


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Pensei muito e não vou parar de postar em respeito a todos que ainda leem a mini-fic, eu espero que vcs gostem... Anony, vc falou que eu deveria pedir coments para postar, só não faço isso pq eu acho que é feio, mas tbm se não tiver comentários eu não posto, simples :)

Beijoos <3

3 comentários:

  1. Aeeeee joe jonas na area galera! hehe continue postando essa mini fic esta incrível u.u

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  2. Finalmente Joe chegou!
    Meu Deus, Mari. Que capítulo divo >..<

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