11.7.14

Blackout - Capitulo 10 - MARATONA 8.10

 
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SERÁ QUE Demi poderia ter deixado mais claro do que se segurasse um cartaz convidando-o a beijá-la outra vez? E mais uma vez. E então ir além. Recomeçar de onde pararam, com dedos roçando sua calcinha úmida…

Eles desejavam um ao outro, isso era óbvio. Joe sentira a roupa íntima úmida dela, e Demi experimentara a ereção dura como rocha dele. E ela acabara de dizer com todas as letras que não tinha mais futuro com Wilmer.

O cabelo de Joe estava arrepiado no lugar onde Demi correra seus dedos. Ela gostava disso, porque aquilo o fazia parecer muito menos intimidador e provava que era humano.

– As pessoas dizem e fazem muitas coisas que não são verdadeiras quando estão com raiva – comentou ele em tom apaziguador.

Será que aquilo era uma insinuação de que ela era irracional e deveria fazer concessões ao pênis errante de Wilmer? Ora… Joe estava muito em contato com o pensamento racional.

– Não estou com raiva.

Joe a encarou.

– Tudo bem. Talvez eu esteja um pouco furiosa porque ele me traiu e por ter sido com um homem. – Demi se encolheu por dentro, sentindo-se gorda, feia, carente e indesejada. – Como posso ao menos competir quando não tenho o mesmo equipamento?

Joe balançou a cabeça, um toque de raiva marcando seu rosto e o gesto.

– Você não entende… Por mais difícil que seja acreditar, não é você o problema.

Fácil para ele falar.

– Alguma namorada sua já confessou ter descoberto sua lésbica interior depois de transar com você?

– Hum, não…

– Achei mesmo que não. Não acha que isso poderia fazê-lo se sentir um pouco deficiente? Como se seu equipamento não fosse páreo ou tivesse um erro grave de operação acontecendo?

Joe pareceu um homem diante de um pelotão de fuzilamento.

– Sei que a sensação é essa, mas não é porque há um problema com você, Demi. Wilmer é quem tem um problema. E eu, com certeza, gostaria que ele tivesse falado comigo antes de fazer algo estúpido que arruinasse o relacionamento com você.

A veemência e aparente reprovação ao comportamento de Wilmer a surpreenderam. Em geral, estando certos ou errados, os homens eram unidos. E Demi sempre sentira que Joe não gostava dela. Assim, a reação dele a surpreendeu duplamente.

Demi pegou um exemplar da People no revisteiro de bambu e se abanou.

– Estou surpresa por você não achar que é o dia de sorte dele por ter conseguido se livrar de mim.

Joe sentou-se ereto.

– Lamento por você ter se enganado assim em relação às minhas atitudes.

O quê? Como se ela fosse uma diaba neurótica que interpretara mal o comportamento amigável dele? Demi estava furiosa, com calor e suando. Joe escolhera o dia e a garota errados para vir com aquela bobagem de “tenho mais virtudes que você”.

Ela ficou de pé, apoiando um joelho no sofá, e plantou as mãos nos quadris.

– Opa! Pode parar. Você lamenta por eu ter interpretado mal suas atitudes? Se vai pedir desculpas, faça direito. Se não, poupe seu fôlego. Mas nem mesmo sonhe em me oferecer algum pedido de desculpas indireto.

Joe teve a decência de parecer um tanto envergonhado, mas ainda arrogante. E muito, muito sensual sob a luz da vela bruxuleando da mesinha ao seu lado.

– Você está certa. Agi como um idiota, e ainda estou agindo como tal.

Aquilo a surpreendeu. Mas enfim, Demi nunca sabia direito o que esperar de Joe. E isso não mudara.

– Não o chamei de idiota. Não exatamente. Bem, talvez eu tenha insinuado isso. – Estava farta de todas as tergiversações. De que adiantava? – Vamos direto ao ponto, sim? Você nunca gostou de mim. Mal se esforçava para ser civilizado comigo, e eu nunca soube o motivo. Naquele dia em que você me fotografou, achei que foi diferente… Eu pensei que… bem, não importa. Sou crescidinha, e depois de descobrir que meu noivo prefere homens, não acho que as coisas podem ficar piores. Desse modo, enquanto estamos sentados aqui sem mais nada para fazer, por que não esclarece as coisas, Joe? Diga-me por que nunca me suportou. Dizem que confessar faz bem para a alma.

– Eu não acho que…

– Ah, qual é, Joe? Deixe disso. Há algo na escuridão da noite que incita a ousadia. Você sabe como é. Pensamos coisas nas quais nunca pensaríamos à luz do dia. Dizemos aquilo que jamais diríamos em outra ocasião. É incrível, mas, de algum modo, tudo isso parece certo quando está escuro.

O beijo quente entre eles – a língua de Demi na boca de Joe e as mãos dele no traseiro dela, puxando-a mais de encontro à ereção – ainda permanecia entre os dois. Ela via isso no rosto dele.

– Nós dois sabemos que eu nunca tive coragem de perguntar isso antes e provavelmente não terei para repetir a pergunta. Na verdade, depois desta noite creio que nossos caminhos não tornarão a se cruzar. Portanto, vamos ousar na escuridão e ter uma conversa de verdade – disse ela.

A ideia de não ver Joe de novo era bem mais inquietante que a possibilidade de não tornar a encontrar Wilmer. Demi estava alfinetando Joe, mas era melhor que se jogar em cima dele.

O que ela realmente queria fazer era se perder nos braços dele, sentir as batidas pesadas do coração de Joe junto ao seu, saborear o calor da paixão dele, chafurdar no desejo que a deixava ávida, úmida e sentindo-se desejável.

Demi ansiava por descobrir em primeira mão se a paixão real entre eles era tão potente e incrível como aquela de seus sonhos.

– Se nossos caminhos não vão mais se cruzar, que diferença faria? – argumentou ele.

A luz oscilante pregava peças nela.

Por um breve segundo Demi poderia jurar ter visto desânimo nos semblante de Joe.

– Porque isso vai me incomodar até eu ter uma resposta. Meu apelido quando criança era buldogue, porque eu não conseguia largar nada. O motivo de você não gostar de mim vai ficar atormentando o fundo da minha mente, como um negócio pendente, até, daqui a dez anos, eu precisar caçar você e exigir uma resposta, de modo que eu possa parar de tomar antidepressivos.

Joe franziu a testa, confuso.

– Está tomando antidepressivos?

Demi sorriu para ele. É meio esquisito tentar encantar um homem para convencê-lo a dizer por que não gostava de você. Mas nada a respeito dos sentimentos que Joe despertava nela era normal ou confortável. Entre Joe e Wilmer, a jornada de autodescobrimento havia tomado um rumo abrupto.

– Não, mas se você não me der uma resposta, isso vai me enlouquecer, e terei de começar a tomar. Então, vá em frente e livre-se disso.

Joe balançou a cabeça, porém pareceu relaxar, alongando o braço pelo encosto do sofá.

Ele tinha belos braços. A quantidade exata de músculos e um punhado de pelos escuros.

A quem ela tentava enganar? Tudo nele ficava registrado em seu sexômetro. E, uhuuu, ela não precisava mais se sentir culpada por causa disso! Podia entregar-se completamente à luxúria sem nem mesmo uma pontada na consciência.

– Mais alguém na sua família se comunica deste jeito, Demi?

– Não. – Ela riu e jogou a bola de volta para ele: – Mais alguém na sua família tenta se esquivar do assunto enfiando outro tópico na conversa?

Joe sorriu, e uma dose saudável de luxúria livre de remorso a atingiu.

– Não. Eles simplesmente não conversam.

Aquele era o máximo que Joe já revelara sobre sua família, e ela estava curiosa de saber mais.

– Britânicos emburrados?

– Algo assim. E a cabeça deles é cheia de artefatos e civilizações antigas.

De acordo com Wilmer, o pai de Joe era curador de um museu, e a mãe, professora de arqueologia; ou talvez de antropologia.

– Eles consideram o mundo moderno uma espécie de inconveniente.

Foi necessário um nanossegundo para Demi sentir a solidão do garotinho que sempre pairava na periferia da atenção dos pais. Demi sabia com a mesma certeza que tinha do próprio nome que Joe fora uma espécie de inconveniente também.

Ela revelou:

– Eu não fui uma inconveniência, mas sempre uma decepção.

– Nunca disse que fui uma inconveniência.

– Não precisava ter dito.

Joe inclinou a cabeça para o lado.

– Como é possível seus pais considerarem você uma decepção?

Tudo bem. Então Joe tentava desviar o foco da conversa de sua pessoa. Mas parecia genuinamente confuso pela afirmação de Demi de ter decepcionado o dr. e a sra. Dianna Hart Lovato.

– Fácil demais. Não sou exatamente a empreendedora que minha irmã Dallas é… magna cum laude da Universidade de Yale e membro em ascensão do tribunal de Savannah.

Como num tique nervoso, Demi começou a girar a aliança no dedo e percebeu que não estava mais lá. A unha arranhou o dedo nu.

– Maddie, minha irmã caçula, se casou com o filho de um dos sócios de papai. Ela e Ted têm uma casa linda em Wilmington Island, em um prestigiado condomínio fechado. Eu? Não sou tão inteligente quanto Dallas nem tão refinada e graciosa como Maddie. Falo demais, sou assertiva demais. Graduei-me em administração, porém ganho a vida planejando eventos. Cometi o pecado definitivo de ir embora de Savannah, na Georgia. Quando voltei para casa com Wilmer, eles ficaram encantados, embora ele não fosse sulista. Agora ficamos sabendo que é gay.

Ela estava se saindo melhor do que o esperado naquela situação. E tudo enquanto expunha todos os seus defeitos para averiguação…

– Ah, sim, e Dallas e Maddie puxaram a meus pais, que são altos e magros. Graças aos genes recessivos, puxei à minha avó Burdette, baixinha e com traseiro grande. – E acrescente falar demais e dizer a coisa errada na lista. Por que diabos ela mencionara seu traseiro imenso?

Joe cruzou os braços, a força concentrada no músculo esguio, sinuoso.

Ele nivelou um olhar firme em Demi.

– E você tem certeza de que quer a verdade, aqui, no escuro?

Oh-oh… Algo no tom dele a fez se lembrar de Jack Nicholson no filme Questão de honra, assegurando a todos que não conseguiriam aguentar a verdade. Demi pedira por isso, mas agora não tinha tanta certeza assim de querer.

No entanto, Demi nunca fugia de nada, nem enfiava a cabeça na areia.

Não iria começar a fazê-lo agora.

– Totalmente.

– Se é mesmo assim que seus pais se sentem, tudo o que você precisa fazer é superar. Largar essa festa de auto piedade e enxergar as coisas como de fato são. Você diz que planeja eventos como se fosse uma conquista menor. Você é uma organizadora de eventos para um escritório de advocacia com 150 advogados ativos. De acordo com Wilmer, realiza um trabalho incrível de planejamento, Demi, e executa uma infinidade de funções. Isso requer uma tremenda organização e capacidade de negociação.

Ela abriu a boca para dizer que tinha uma assistente, mas Joe se antecipou erguendo a mão.

– Deixe-me terminar, e então o espaço será seu. Acho que você veio para Nova York para fugir da censura de seus pais, mas pode muito bem fazer as malas e voltar para casa se pretende continuar a se enxergar através dos olhos deles e se julgar sob um padrão mítico.

Joe abrandou o tom:

– Nunca será livre para ser você mesma até aceitar e gostar de quem é. Não sei como suas irmãs são, e não me importo. Seu corpo deixaria a maioria dos homens de joelhos. Qualquer homem com meia dose de testosterona iria dizer que você tem o traseiro perfeito. Eu gostaria de achar que os homens não são tão superficiais a ponto de se apaixonar pelo seu traseiro e se esquecerem de todos os seus outros atributos e qualidade óbvios; mas garanto que qualquer um iria amar seu bumbum. Ele seria capaz de levar um sujeito à loucura.

Bem, era a vez dela de falar, e Demi não sabia o que dizer. Joe tomara a palavra e dissera muito. E talvez estivesse certo. Ela teria se mudado para a Big Apple para se livrar dos limites e das restrições da aristocracia de Savannah, mas ainda se media de acordo com os padrões?

E quanto de sua atração por Wilmer e seu noivado subsequente tinham a ver com a necessidade de receber a aprovação evasiva deles?

Demi pensaria a respeito disso tudo. Mais tarde. Agora, seu ego frágil e ferido pelo noivo que sucumbiu ao charme de um homem, se agarrava à parte que dizia que seu corpo deixaria qualquer um de joelhos e que seu traseiro o levaria à loucura.

– Mesmo? À loucura?

Joe arqueou uma sobrancelha para Demi como se para dizer que sabia de onde ela estava vindo, e então sorriu-lhe; o primeiro sorriso que Demi recebera dele que de fato chegara aos olhos.

A respiração dela ficou presa na garganta. Mesmo agora, o sorriso de Joe não o englobava totalmente. Ela sempre tivera a sensação de uma parte dele ser fechada, como se Joe mantivesse um segredo muitíssimo bem guardado.

– Pelo menos, à distração.

Em um breve espaço de tempo, a auto percepção de Demi mudava drasticamente. O jeito como enxergava a si mesma começava a se modificar.

Talvez tivesse começado com os sonhos dela com Joe e sua reação a ele esta noite; o jeito como se enxergava desde que descobrira a infidelidade de Wilmer; o modo como Joe a retratava em relação a seus pais.

Durante uma janela temporal muito curta, o mundo dela se deslocara e se alterara, deixando-a perdida. Talvez o último ano em Nova York tivesse sido um aquecimento, e o mais perto que Demi estivera de descobrir seu verdadeiro eu tivesse surgido nos últimos minutos.

E aquilo entre ela e Joe estava ficando real. Demi tivera um vislumbre do verdadeiro Joe quando ele a fotografara para Wilmer. O que Demi veria em si agora, se ele fosse fotografá-la de novo? Ela não queria que ele voltasse a recuar. Não queria sonhar com Joe esta noite. Queria o homem de carne e osso em sua cama.

Uma ideia começou a tomar forma.

Joe ficava tão mais acessível quando estava atrás da câmera… Se Demi pudesse convencê-lo a fotografá-la, ela também teria uma boa chance de levá-lo para a cama.

– Joe, você faria uma coisa por mim?

– Depende. Do que se trata?

Ah, o sempre cauteloso e sempre reservado Joe não estava mais tateando em um limbo de escuridão.

– Estou mais do que disposta a pagar a você por isto.

Um sorriso malicioso fez o coração dela trovejar.

– Você tem toda a minha atenção agora.

Havia algo de obscuro e sensual sob o tom de gracejo divertido na voz dele, algo que enviou uma onda de desejo por Demi. Atenção era bom para começar, mas ela definitivamente queria mais.

– Você me fotografaria enquanto esperamos a luz voltar? Não para Wilmer, mas para mim, desta vez?
 
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Meninas, ignorem se aparecer um "Simon" no capitulo, deve ter sido algum erro meu enquanto adaptava, me desculpem, não existe nenhum Simon na fic ;)

3 comentários:

  1. Já to imaginando o Joe fotografando a Demi nua e fazendo outras gracinhas!! Posta, por favor!! bjos

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  2. Eu amei e tipo mal terminei de ler um capítulo e já tinha mais e eu amo você, because you é demais kkkkkk
    Posta mais por favoor.!! Ficou tão perfeito <3
    Fabíola Barboza :*

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