1.7.14

Stripped - Capitulo 2

 
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O último do ano escolar passa sem incidentes. As dores de cabeça da mamãe diminuíram ou ela as esconde. Eu dancei em diversos recitais, com mamãe e papai no público. Papai ainda não chega a aprovar, e ele definitivamente lança olhares para as outras meninas — que fazem solos mais abertamente sensuais. Ele sabe que eu sou talentosa, porém, e isso lhe agrada. Eu danço durante o verão, e eu chego a conhecer Devin, Lisa e algumas outras garotas do estúdio. Papai me deixa sair com elas, enquanto eu respeito o cheque-in regularmente. Para a maior parte, nós não fazemos nada além de sair no shopping e assistir TV na casa de Devin. Alguns meninos vem algumas vezes, mas nenhum de nós diz nada para os adultos. Devin é um duende, mal tem um metro e meio e pesa cerca de 45kg. Ela tem cabelo castanho e olhos castanhos e é uma cabeça quente, ardente, enérgica e franca. Ela praticamente tem a casa só para ela desde que seus pais trabalham o tempo todo. Tanto quanto o papai sabe, é só eu, Devin e Lisa e um saco de queijo, e filmes como Flashdance, Footloose e Girls Just Wanna Have Fun.
 
Ele não sabe sobre as ocasionais festas de Devin nos fins de semana enquanto seus pais estão em Atlanta ou em outro lugar para algum negócio. Em comparação com as histórias que eu ouço na Central High School, estas festas são geralmente muito dóceis, é basicamente o mesmo, mais ou menos vinte pessoas, algumas meninas do estúdio da Sra. LeRoux, alguns caras do time de futebol, e algumas meninas do programa de dança do Central. Alguns tomam um pouco de cerveja ou uísque, mas eu não. Papai sentiria cheiro de álcool em mim antes mesmo que eu entrasse em casa. Tentei beber cerveja uma vez, mas é desagradável. Tomei um pequeno gole de uísque e quase engasguei. Eu bebo Coca-Cola e me divirto assistindo os outros agirem como idiotas.

Em uma dessas festas, perto do fim do verão, eu me vejo sentada no deck atrás da casa de Devin, observando como seis ou sete rapazes bêbados jogam uma partida turbulenta de futebol, meninas torcendo e ficando no caminho. Uma das meninas da Central de Dança está sem a sua camisa, o sutiã rosa brilhante no final da noite. Estou envergonhada por ela. Como ela poderia estar bem assim, seminua, sabendo que cada indivíduo daqui está olhando para ela? Quero cobri-la. Vários caras chegam a ela, tentam levá-la com eles para dentro, mas ela consegue sem esforço algum expulsá-los sem ferir quaisquer sentimentos. Ela está claramente embriagada, dançando a música tocando nos alto-falantes portáteis do iPod de Devin. Ela tem as mãos em seu cabelo, junta-as na parte de trás de sua cabeça. Ela está contorcendo os quadris ao ritmo da música, rodando ao redor lentamente, girando os quadris, pele bronzeada piscando sob a luz da lua e o brilho amarelo pálido da casa. Todo mundo está olhando para ela. Todos. Ela é uma dançarina, ela sabe o que está fazendo. Ela sabe que tem atenção. Ela desliza as mãos sobre a barriga, sobre seus quadris, empurrando o cós de sua calça jeans apertados. Sua dança assumiu uma vida própria, girando no lugar, jogando seu cabelo em volta, empurrando para fora e balançando os quadris. Cada movimento é provocativo. Os caras estão congelados, e eu vejo como os garotos estão ajeitando suas partes de baixo. Mesmo que eu esteja na escuridão, ainda estou corando.

A voz baixa e rouca vem da minha esquerda. — Você pode dançar daquele jeito? 

Eu pulo, assustada. Procuro nas sombras e vejo um menino que vem com frequência as festas de Devin, um jogador de futebol chamado Craig. — Não, — eu disse, balançando a cabeça. — Definitivamente, não.

Ele ri, apoiando-se no corrimão. — Claro que você pode. — Seus dedos tocam sobre meu ombro, e eu tremo. — Você deveria tentar. Você seria quente. Ela é bem bonita, mas você? Você é bonita pra caralho, garota.

Eu coro tanto que meu rosto fico quente. E rio nervosamente. — Você é louco.

— Não, eu não sou. Só sei o que eu gosto. — Seu tom indica que ele está se referindo a mim.

Eu ainda não consigo vê-lo. Ele está nas sombras, na grama além do deck. Eu já o vi antes. Ele é alto e loiro, o tipo de cara que a maioria das meninas gaguejam ao falar com ele. Ele está vestindo uma blusa vermelha que mostra seus braços musculosos e um par de shorts pendurados baixo. Ele é bonito, isso é certo. Meu estômago faz flip-flops. Ele gosta de mim. Ele está inclinando-se para me ver melhor, com os olhos pálidos e amplos na escuridão.

Abruptamente, ele planta as mãos no corrimão do deck e ele está bem na minha frente. Eu dou um grito silencioso de surpresa e recuo para longe dele. Ele anda até mim. Ele é tão alto, e eu estou com medo do que eu vejo em seus olhos. Desejo. Fome.

Eu não sei como lidar com isso, com ele. Este é um novo território. Sei que eu sou bonita, então os meninos estão sempre interessados. Eu sou alta para uma menina, de 1,72 m com os pés descalços. Tenho cabelo loiro-mel que é longo, fino e reto. Meus olhos são cinza, a cor de ferro escuro de uma tempestade que se aproxima, ou então é o que Devin diz. Eu tenho o corpo de uma dançarina: curvas, coxas poderosas, quadris mais largos do que eu gostaria, uma cintura bastante fina, e seios generosos. Por ―generoso‖, quero dizer que eles são enormes, mesmo para a minha altura e constituição, o que é uma espécie de desafio, quando eu estou dançando. Eu costumo usar sutiãs esportivos porque eles se balançam muito, mesmo quando eu não estou dançando.

É lá que os olhos de Craig estão colados agora. Eu estou usando uma camiseta solta azul e uma saia até o chão cinza. Completamente conservadora. Sem pele a mostra, apenas meus braços e um aro fino acima da gola alta de minha camisa. Mesmo assim, Craig não pode tirar os olhos do meu peito. De repente estou irritada com isso. Mas, então, ele dá mais um passo, e ele está perto o suficiente para que eu possa sentir o cheiro da cerveja em seu hálito e ver a luxúria em seus olhos.

— Vamos lá, Demi, me mostre como você dança. — Ele coloca as mãos nos meus quadris, baixos, e se esfrega contra mim.

Estou congelada, porque ninguém jamais me tocou assim. Devo reagir? Parte de mim gosta, mas essa parte é pecaminosa. A pecadora sensual em mim gosta.

Com uma ingestão aguda de respiração, puxo-me para fora de seu aperto. — Acho que não, Craig.

Ele apenas ri, como se eu estivesse jogando um jogo. Seguindo-me, ele pressiona seu corpo duro contra mim, ele não permite que uma polegada esteja entre nós. Antes que eu saiba o que está acontecendo, sua boca está na minha, a respiração azeda pela cerveja e seu odor corporal leve. É uma fração de segundo de contato, mas estou revoltada. Eu o afasto e tropeço para trás, em seguida, bato nele com força. Eu não me incomodo de falar, e vou para dentro da casa, fechando o vidro da porta do pátio atrás de mim.

Através de uma janela aberta, ouço a voz de Devin o chamando para fora do quintal. — Ela não é assim, Craig. Você não pode vim com essa merda para cima de Demi Lovato. Você não sabe quem é o pai dela? 

— Quem? Eu deveria saber? — Eu o ouço responder.

— Eddie Lovato. Pastor da Igreja Batista Macon Contemporânea.

— Não é a enorme igreja na 75? 

— Sim. Esse é o seu pai. Ela é filha de um pastor, C. Ela não é o tipo de garota que vai fazer uma festa com você. Então, esqueça. Esqueça-a.

— Puta merda, — Craig murmura. — Ela é quente como o inferno.

— Bem, ela está fora dos limites. Vai dar em cima da Amanda.

Craig ri. — Sim, certo. Cada indivíduo em Macon com idade inferior a vinte e cinco anos já deu em cima da Amanda. Eu não quero subir nesse trem.

Devin ri com ele. — O que significa que ela é uma aposta certa, não é? 

— Aposta certa para herpes, você quer dizer. — Eu ouço uma mudança na voz de Craig. — E você, Dev? Que tipo de garota é você?

Devin não responde imediatamente. Eu não posso acreditar que ela vai cair em uma cantada assim, mas sua voz é baixa e ofegante. — Pegue-me outra bebida, e você certamente poderia descobrir.

Recuo para dentro da casa, sem querer ouvir mais nada.

Eu pulo a próxima festa de Devin, e acho que ela percebe. Aquela conversa atravessa minha cabeça pelo resto do verão, no entanto. Eu sou a garota que está fora dos limites. Eu sou a filha do pastor. Não sou fora dos limites porque respeitam as minhas crenças sobre o casamento, ou por causa de quem eu sou, mas por causa do papai. Devin estava certa de que eu não sou esse tipo de garota, mas isso não significa que eu odiei totalmente o avanço de Craig, ao menos não até que ele me agrediu com a boca. Eu gostei de me sentir desejada.

***

Eu tomei um monte de aulas avançadas nos meus primeiros três anos do ensino médio, por isso meus horários no último ano tem algumas grandes janelas, onde eu posso pegar algumas optativas. Estou tentando escolher algumas aulas que me interessem, mas não há nada. Eu já fiz fotografia, teatro, jornalismo e dança. Eu não quero repetir nenhum deles, exceto talvez a aula de teatro. Foi divertido ficar em cima do palco, fingir, e agir. Foi ainda mais divertido assistir os outros. Nós ainda tivemos nossa própria cena, e foi onde eu brilhava.

Resolvi por pegar uma aula de introdução ao cinema, ministrada pelo Sr. Rokowski, que havia trabalhado em Hollywood como cinegrafista durante a maior parte de sua vida antes de ir para Macon com sua esposa. Ele é um homem baixo, com uma barriga redonda e cabelo grisalho longo preso para trás em um rabo de cavalo.

O semestre voa. A maioria das minhas aulas são chatas, difíceis e maçantes. Todas, exceto a de cinema. Nós assistimos filmes, estudamos, falamos sobre fotografia, ângulos de câmera, a razão para uma dúzia de tomadas para cada cena. Algo sobre o processo me prende. Ouvir o Sr. Rokowski falar sobre estar por trás da câmera durante as filmagens de filmes como Ghost ou Dirty Dancing, ser uma
parte de algo tão duradouro, tão icônico... Eu amo isso, eu amo cada história que ele conta. Gosto de ver as coisas diferentes que um filme pode fazer você sentir, apenas a música em segundo plano ou o ângulo de um close-up, ou como uma cena passa de um lugar para outro. A manipulação da luz, som e emoção. Cada filme é uma obra de magia. É como a dança é para mim. Quando eu danço, eu me perco. Eu posso ser qualquer pessoa, fazer qualquer coisa. Eu posso dizer o que penso, o que sinto. Com filmes, posso ficar perdida em um outro mundo, nas vidas de outras pessoas com problemas diferentes dos meus.

No final do último dia do semestre, o Sr. Rokowski me puxa para o lado. — Demi, eu só queria dizer que foi um prazer tê-la em minha sala de aula neste semestre. Algumas raras vezes, esta aula trás algo de bom para um aluno, são por essas vezes que eu vivo. Leciono Cinema porque é o que eu sei e o que eu amo, mas quando sou capaz de mostrar a um estudante a magia nos filmes, essa é a melhor parte. — Ele puxa um folheto de sua pasta. — Eu ensino na The Film Connection. É um instituto de cinema com uma filial aqui em Macon. É um programa incrível que realmente ensina os truques da indústria. Você atravessa o processo de produção de seu próprio filme, e ainda se conecta com executivos de Hollywood. Acho que você pode ser uma grande candidata para o programa. É algo para se pensar. Você poderia até mesmo entrar como uma cooperada. E eu poderia fazer a recomendação para você.

Eu sinto algo como esperança florescendo dentro de mim. — É um instituto de filme de verdade?

— Absolutamente. É uma ótima maneira de adquirir experiência e fazer alguns contatos na indústria.

— Eu aprendendo a como realmente fazer um filme? Tipo, de verdade? — quero tanto isso que posso até sentir o gosto, até que eu me lembro de papai. — Meu pai não vai deixar. — ouço-me dizer ao Sr. Rokowski.

   — Por que não? 

Dou de ombros, pois não queria ter que explicar. — Ele é... muito rigoroso. Ele não aprova Hollywood. 

— Mas é isso o que você quer? Quero dizer, e se você conseguir uma bolsa? É inteiramente possível. Conheço pessoas. Você realmente mostrou uma paixão pelo cinema neste semestre, Demi. Acho que você poderia realmente chegar a algum lugar.

Eu balancei minha cabeça. — Vou pensar sobre isso. Gostaria de poder, eu realmente gostaria. Mas... Eu conheço meu pai.

Sr. Rokowski enxuga o rosto com a mão, os olhos castanhos olhando para mim e depois se distancia. — Seu relacionamento com seu pai é uma coisa que só você pode lidar. Basta pensar nisso, ok? Eu odiaria ver tanto talento indo para o lixo.

Eu penso sobre isso... oh meu, eu queria tanto. Estou sentada na cozinha, girando um lápis em meus dedos. Estou trabalhando em uma ideia para um filme, escrevendo o roteiro e pensando sobre o script. Eu tento falar com a mamãe sobre isso, mas ela não acha que é uma ideia muito boa.  

— Você sabe como o seu pai é, Demi. Hollywood é imoral e toda a indústria do cinema está cheia de tubarões. Você ficaria exposta a tantas coisas impuras. É uma glorificação de tudo o que é pecaminoso sobre a nossa sociedade.

Ela está falando por papai.

— Eu não acho que você realmente pensou sobre o que estaria se metendo, querida. Continue com a dança. Encontre um homem bom e piedoso.

— Você quer dizer um pastor, para que eu possa ser como você.

— Há algo de errado com isso? — A voz da minha mãe é afiada.

— Não, mas não é o que eu quero. Adoro filmes. Eu amo a dança, e eu adoro isso para mim. Não quero dançar profissionalmente, porque isso tiraria toda a diversão. Quero uma carreira no cinema. — Não quero ser a esposa de um pastor. Eu penso nisso, mas eu não digo.

— Eu só não acho que isso é uma possibilidade, querida. — Ela empurra cuidadosamente o cabelo loiro do rosto. Dois dedos apertam a ponta do seu nariz, e ela respira lentamente. — Basta pensar sobre isso novamente, meu bem. Vale a pena fazer seu pai recuar novamente? Ele ficaria tão decepcionado.

Ela tropeça, então, como se estivesse tonta ou desorientada. Eu salto fora do banco e a seguro contra mim. — Mãe? Você está bem? 

— Estou bem, querida. Acabei ficando tonta por um instante. Não tive muito apetite ultimamente, então eu só posso estar com fome.

Isso não faz qualquer sentido para mim. — Mãe, sério. Suas dores de cabeça voltaram?

— Elas nunca realmente acabaram, honestamente. — Ela se inclina para trás contra o balcão da cozinha. — Eu vou ficar bem. Vou tomar um Tylenol, e vou ficar bem.

Eu a deixo ir, mas a preocupação está de volta.

Na semana seguinte, eu me aproximo de papai durante seu estudo. É uma terça-feira, o que significa que ele está apenas começando seu sermão para a semana, que é o melhor momento para falar com ele. Depois de quarta-feira ele fica irritado quando é interrompido.

Eu me sento na cadeira de couro do lado oposto da mesa de carvalho enorme. — Oi, papai. Como está o sermão? 

Ele se senta novamente, tirando seus óculos. Ele passa a mão pelo cabelo. — Olá, Demi. Vai muito bem. É um discurso sobre praticar o bem em um mundo onde não há bondade. — Ele me olha.

— Eu sinto um ―Pai, eu posso...? chegando.

Eu sorrio o mais encantadoramente possível. — Talvez.

Ele sorri para mim e toma um gole de seu chá doce. O gelo bate no copo, e uma gota de suor escorre pelo lado do vidro, enquanto abaixa o copo. — Bem? Diga o que você quer.

— Então, eu fiz uma aula de cinema neste último semestre. Eu realmente, realmente gostei, papai. Foi muito divertido. Aprendemos muito sobre filmes. O instrutor era um camêra-man, e ele trabalhou em "Ghost", você sabe, o filme com Patrick Swayze e Demi Moore? 

 — Você quer dizer aquele sobre o homem que assombra sua esposa? Fantasmas são servos do diabo, Demi. Ferramentas do Maligno. Não é assunto para o entretenimento.

— É romântico, papai. Ele a amava. Ele não queria deixá-la sozinha.

— Ele não podia aceitar o plano de Deus para sua vida.

Eu suspiro. — Bem, de qualquer maneira, eu gostei do filme, e amei as aulas. O Sr. Rokowski pensou que eu poderia ser uma boa candidata para o The Film Connection.

Eu mostro-lhe o folheto e ele folheia-o lentamente, lê a explicação e os depoimentos.

— Eu adoraria, adoraria, adoraria fazer isso. Seria uma oportunidade de realmente aprender sobre a indústria. O Sr. Rokowski acha que ele poderia até me ajudar a conseguir uma bolsa de estudos para que você não tenha que pagar muito, ou nada, para isso.

Papai desliza os óculos e lê o folheto de frente para trás, em seguida, liga seu computador e digita o endereço do site. Sento-me em silêncio, esperançosa. Após longos minutos, em silêncio, ele tira os óculos novamente e se inclina para trás. — Você está falando sério? 

Concordo com a cabeça vigorosamente. Eu pensei muito sobre as melhores táticas para apresentar isso. Eu tinha que fazê-lo pensar que era sobre o ministério. Eu tinha que mostrar a ele como eu poderia fazer a diferença em Hollywood. — Absolutamente. Isso é o que eu quero fazer com a minha vida. Eu não quero ser uma atriz ou algo assim. Quero contar histórias. Há tantas maneiras de contar uma boa história, de mover as pessoas, e no cinema é uma dessas maneiras. Poderia ser a minha missão. Assim como Kirk Cameron em "Fireproof". 

Ele sopra um longo suspiro. — Eu esperava mais de você, Demi. — Sua voz de repente é dura, como um chicote, e eu recuo. — Eu realmente esperava. Escola de cinema? Isso é pior do que qualquer dança sensual. Você estaria trabalhando com a escória da terra. Pessoas que pensam que está tudo bem glorificar assassinato, desonestidade e perversão sexual.

— Mas papai, não tem que ser assim...

— Seria, no entanto. Eles iriam se aproveitar de você. Uma bela garota inocente como você em Hollywood? Eles vão comê-la viva.

 — Mas essa é a melhor parte sobre este programa. Ele está aqui em Macon. Eu não teria que me mudar para Los Angeles para fazer isso.

Ele não responde por um longo momento. Quando ele faz, seus olhos são duros como pedra. — Essa conversa acabou. Você não vai ser uma parte dessa indústria. — Ele gira sua cadeira para longe de mim, em direção a tela de seu computador, me evitando com clareza.

Eu puxo uma fungada. — Você não entende.

— Eu entendo sim, muito bem, aliás. — Ele não está olhando para mim, agora. Ignorando-me. — Você é a única que não entende. Como as pessoas são, o que elas vão fazer. Eles vão perverter você. É o meu trabalho como seu pai te proteger, te manter longe desse caminho.

Meus punhos apertam e tremem, minha garganta fecha como se bebesse água quente, sinto a raiva impotente. — Mas isso é tudo que você faz! Proteger-me. Você não me entende! Em nada. Você nunca tenta entender. Isto é o que eu quero. Só porque você é um pastor não significa que eu não posso viver minha própria vida com as minhas coisas. Nem tudo é pecaminoso, e é assim que você age, como se cada coisa que não é um estudo bíblico ou uma reunião de oração fosse pecado! 

Eu estou de pé, chorando e gritando. — Deus, você é tão... tão mente fechada sobre tudo!

Vermelho de raiva, papai se levanta e derruba um porta canetas. — Não se atreva a tomar o nome do Senhor em vão dessa forma, Demetria Devonne Lovato. — Ele aponta o dedo para mim, e agora ele está em modo de pregador total. — Sou seu pai, e Deus me deu a responsabilidade de cuidar de você. Eu sou responsável por sua alma.

— Não, você não é! Vou ter dezoito anos em breve. Posso tomar minhas próprias decisões. — Estou dividida entre o medo e o orgulho.

Eu nunca, nunca respondi para papai antes.

Neste momento tudo muda, de alguma forma.

— Enquanto você morar em minha casa vai seguir as minhas regras e fazer o que eu digo. E eu digo que você não vai fazer esse programa. — Ele se senta e arruma o porta canetas. — Por sua atitude rebelde e por me responder, todos os privilégios de dança serão revogados.

Eu afundo na cadeira. — Não, papai. Sinto muito... Farei uma apresentação na segunda-feira. Se eu não dançar, eles terão que reformular toda a peça.

— Então, eles terão que reformulá-la. — Ele não olha para mim novamente depois disso.

Deixo seu estudo em lágrimas, vou para o meu quarto. Eventualmente mamãe entra e se senta na cama. Eu olho em sua direção, e sento imediatamente. Ela parece pálida e magra, o rosto comprimido. — Mãe? Você está bem? 

Ela encolhe os ombros. — Eu estou bem, querida. — Ela acaricia minha mão. — Eu lhe disse para não pressioná-lo, querida. Vou falar com seu pai e ver se consigo convencê-lo a deixá-la se apresentar na segunda-feira. Mas... você realmente deve deixar de lado essa coisa de cinema. Sei... Eu sei que você pode não querer ser a esposa de um pastor, e eu entendo isso. Mas o cinema? Não é para você.

Eu não respondo. Sei que ela não vai entender, nem mesmo a minha mãe. Quando está claro que eu terminei de falar com ela sobre isso, ela se levanta, batendo na minha mão novamente. — Eu vou falar com ele. Apenas... pense sobre suas escolhas, ok? Pense sobre o plano de Deus para sua vida. Será que esta súbita obsessão com filmes pecaminosos o glorificaram? 

Eu só suspiro, percebendo a futilidade de discutir com ela sobre a diferença entre as suas ideias do plano de Deus para minha vida e o meu plano para a minha vida. Ela sai, e eu estou sozinha novamente. Eu deito na minha cama e olho para o teto, honestamente tentando pensar através dele. Eu poderia entender sua reação se eu dissesse que queria me mudar para Los Angeles e ser uma atriz, ou para Nashville para ser cantora. Mas eu estou propondo que eu fique perto de casa e em seu círculo de influência após o ensino médio. Papai só se preocupa com a sua própria ideia do que é certo e errado. Tudo é em preto e branco para ele, e a maioria das coisas são negras. Existe mais do que é pecaminoso e errado do que coisas boas.

Eu me pergunto como ele sabe que Deus desaprova todas as minhas reivindicações. Eu sei que ele teria versículos da Bíblia para apoiar tudo o que ele acredita. Eu só... Eu simplesmente não posso deixar de me perguntar se isso não é manipular as Escrituras para encaixar o que ele não gosta ou não está disposto a entender. E, honestamente, ele nunca deixou a Georgia. Ele cresceu aqui em Macon, se formou em teologia pela Trinity Baptist Seminary, em Jackson, uma hora ao norte. Ele não pode saber tudo.

Quanto mais penso nisso, mais furiosa eu fico.

Começo a imaginar todos os argumentos inteligentes e espirituosos que eu poderia ter feito para o papai. Eu nunca vou dizer qualquer um deles, mas esse é o jeito que eu sou. Vou mastigar um argumento durante dias, pensando no que eu poderia ter dito, o que eu deveria ter feito, e como eu poderia ter feito para sair de forma diferente.

Fico surpresa quando minha porta se abre e papai aparece. Eu esperava que fosse mamãe, mas ao invés disso ele está ali parecendo assustado.

— Papai? Que há de errado? 

— Sua mãe, ela... Ela desmaiou. Uma ambulância está a caminho. É essas dores de cabeça que ela está tendo. Ela apenas caiu, Demi. Bateu à beirada do fogão e quebrou o pulso. Ore por ela, Demi. Ore para que o Senhor a proteja.

Eu tremo, as lágrimas não derramadas fechando minha garganta. Isso é ruim. Muito ruim.
 
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Oiii!!! mais um capitulo, eu acho que poucas pessoas gostaram da fic, mas no começo é assim meio chata, mas logo vai melhorando, continuem lendo... Beijoos <3

5 comentários:

  1. Amei posta logo!! Olho eu sei que é chato fica pedindo pra divulgar, mas é que estou começando agora e queria uma opinião. então se puder passa lá ficarei muito feliz.e se puder divulgar tbm XD
    In Real Life>http://ddlovatod.blogspot.com.br/

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  2. Oh meu Deus (espero que o pai da Demi não se chateie cmg por ter falado em Deus) Mas agr a sério o epi. tá perfeito! Poste lg Kiss :* Ps: O que será que se passa com a Dianna????

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  3. Adoreeeei :)
    Amo demais capítulos grandes. Esse pai da Demi é um chato, não gosto dele. Aí cara o que a mãe dela tem??
    Quando o Joe delícia vai aparecer?
    Continuaa
    Fabíola Barboza

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  4. Ei Mari estou adorando a fic!!!
    Acho o pai da Demi muito rude com ela e com a mãe dela!! As duas vivem com medo!! Espero que não seja nada de muito grave com a Dianna.... tadinha da Demi...
    Enfim, estou amando!!! Bju!!

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