11.12.14

A Historia de Joe e Demi - Capitulo 11


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 Mais tarde, quando Joe sufocou a sua boca com a dela, fogos de artifícios explodiram em seu cérebro, seus sentidos foram sobrecarregados com o seu cheiro, o seu toque e o seu gosto. 

 Quando ele a pegou naquela noite em sua casa estava totalmente calado, não disse nada quando a colocou dentro do seu caminhão com uma expressão sombria e dirigiu diretamente para perto da ponte de madeira abandonada. 

 Quando Demi reparou no olhar estampado em seu rosto percebeu que Joe já sabia que seu pai havia deixado a cidade e seu coração sangrava por isso. 

 Assim que estacionou o carro e desligou o motor, o negrume da noite começou a girar em torno deles e abrangeu todos os lugares dentro do veículo. 

 Sua cabeça caiu no volante e Demi estendeu uma mão para tocar em seu ombro. 

 - Você está bem? - Ela perguntou, com uma voz incapaz de disfarçar a sua preocupação. 

 Sua cabeça se levantou virando automaticamente em sua direção, durante um momento ficou apenas observando-a atentamente, quando uma expressão primordial surgiu em seu rosto. 

 Ele estendeu a mão e a puxou na sua direção com tanta força que a respiração dela ficou presa na garganta. 

 - Agora estou.

 Ele murmurou ao mesmo tempo em que seus dedos se afundavam em sua carne demonstrando todo o seu sentimento de posse. 

 Ela foi imediatamente eclipsada para dentro do círculo de seus braços e o mundo desapareceu enquanto lhe segurava com força, proporcionando ao mesmo tempo todo o refúgio que ele precisava.

 Como desejava que ele pudesse segurá-la para sempre daquela forma. Diante daquele pensamento e das sensações que estava sentindo, lentamente algo como uma lava quente começou a se espalhar através do seu corpo, suas mãos começaram, involuntariamente, a circular ao redor de seus ombros, prendendo-o junto a si para poder mantê-lo o mais próximo possível dela. 

 Demi queria fazê-lo esquecer de tudo o que estava lhe incomodando naquele momento e tentava desesperadamente expressar isso através do seu toque. 

 Quando empurrou seu corpo contra o dele, ele reagiu automaticamente se movimentando sobre ela no banco, colocando seu joelho dobrado entre suas pernas e imediatamente inclinando seu corpo contra a união de suas coxas. 

 Suas mãos voaram para o seu rosto, a sua boca caiu sobre a dela logo em seguida, o sentimento que surgiu dentro de si era tão novo e tão requintado que todos os seus sentidos foram instantaneamente saturados com uma pulsante necessidade. 

 Ela se empurrou contra ele, gemendo em sua boca até que sentiu o seu gemido de resposta. O beijo foi à loucura quando ele acariciou a sua língua, depois os seus lábios, para em seguida, refazer todo o movimento numa dança rítmica que, mesmo em sua inocência, sabia que eram réplicas de movimentos efetuados durante o sexo. 

 Eles se beijaram daquela forma por vários minutos, até que uma mão caiu do seu rosto e foi para um dos seus seios, lhe apertando duramente como se fosse uma propriedade sua. 

 Ele apertava a sua carne através do material da sua camisa e do seu sutiã, até que encontrou o seu mamilo com os dedos e começou a estimula-los. Ela arqueou as costas sob a intensa e repentina sensação de prazer que a consumiu, enquanto ele continuava a provocá-la tanto em seu mamilo quanto a sua boca. 

 Quando sua excitação cresceu ela começou a ondular inconscientemente contra ele, fazendo com que os seus beijos se tornassem mais ásperos, mais energéticos e ainda mais apaixonantes. 

 Ele levantou a boca da dela em busca de oxigênio, mas os dedos de uma mão continuavam afundados em seu couro cabeludo, enquanto a outra moldava seu seio. 

 Quando abriu seus olhos, o encontrou olhando fixamente para a mão que segurava seu seio. Seus olhos queimavam sobre a sua pele enquanto a sua mão esquerda deslizava para o outro seio lhe dando a mesma atenção que o primeiro. Rolou seu  mamilo entre o polegar e o indicador e antes que Demi pudesse enfrentar toda a intensidade da excitação que estava sentindo, seus dedos deixaram seus seios e num piscar de olhos, ele soltou os botões de sua camisa e a empurrou para o lado. 

 Demi se manteve totalmente focada em seu rosto e percebeu quando ele olhou para o seu sutiã de algodão branco que parecia brilhar na escuridão da noite, enquanto tentava puxar o oxigênio em seus pulmões. Suas maçãs do rosto ficaram vermelhas e as suas narinas dilataram. 

 Seus olhos se ergueram na sua direção e um escaldante calor inundou seu corpo quando ele afundou a mão sobre o material do seu sutiã aumentando a pressão entre os seios. Enquanto ele segurava seus olhos com os dele, puxou o seu sutiã para baixo até que seus seios foram liberados, ao mesmo tempo em que empurrava a sua coxa com força contra a sua suavidade entre as pernas. 

 O choque que recebia pelas suas ações intensificou ao máximo a sua excitação lhe enviando correntes de prazer por toda a sua espinha. 

 Joe deixou todas as sensações que estava sentindo e o cheiro de Demi assumir todos os seus sentidos enquanto dava um basta naquela angústia que estava sentindo. 

 Ele não se importava com mais nada e com certeza não se importava com o fato de seu pai querer ficar com ele ou ir embora para sempre. 

 Joe impiedosamente compartimentou os acontecimentos em sua vida e focou apenas em Demi e deixou o bálsamo que ela representava lavar sobre ele. 

 Com aqueles seios nus abaixo de sua linha de visão, o olhar de Joe entrou em confronto com o dela deixando ambos ofegantes, ficou totalmente fascinado com a forma que seu peito subia e descia e ao notar a expressão em seu rosto, decidiu que aquilo era algo que ele queria memorizar e levar com ele para sempre. 

 Ela era lindíssima e extremamente preciosa para ele, principalmente agora que lhe fitava com total confiança e uma necessidade inocente brilhando em seus olhos. 

 Não aguentando mais adiar aquele momento, abaixou seus olhos na direção daqueles seios firmes, que mais pareciam serem cobertos por uma camada de seda branca prensada e mamilos rosados, sentiu que sua excitação cresceu até se tornar uma dor física. 

 Ele sentiu sua respiração ficar ainda mais ofegante e não conseguia parar de passar os polegares através daquelas pontas de rosa que pareciam implorar pela sua atenção. 

 Demi deixou escapar um gemido pequeno e doce enquanto empurrava ainda mais seu torso para ele, neste instante ele percebeu que estavam perdendo totalmente o controle. 

 Se ele continuasse assim ia perdê-la completamente. Sentindo-se como se estivesse dividido em dois, obedeceu apenas o seu lado protetor, se negando a atender o predador que existia dentro dele, quando respirou fundo seu cheiro, deu uma última olhada em seus seios pequenos e brancos, puxando o sutiã de volta para o lugar. 

 Demi deixou escapar um som áspero de decepção, mas ele tinha que cobri-la de volta, afinal conhecia-se muito bem, sabia que não podia confiar em si mesmo se ela continuasse daquele jeito, tinha plena convicção que jamais se aproveitaria dela... Jamais iria tirar proveito de sua inocência. 

 Ela choramingou novamente até que ele se inclinou sobre ela e a beijou mais uma vez. Ele a achava tão doce e tinha um gosto tão bom. 

 Quando ela gemeu baixinho em sua boca, ele colocou a sua mão entre eles até encontrar o seu mamilo novamente. Fortalecendo a sua coragem contra aquela necessidade viciosa que lhe segurava a garganta, permitiu- se acariciá-la sobre o material do sutiã. 

 Rapidamente ela começou a ficar ofegante, enquanto ele a acariciava cada vez mais forte, seu cérebro involuntariamente deu permissão a sua outra mão deslizar para o calor entre suas coxas e se apertar contra ela. 

 Seu apetite sexual voraz enlouqueceu quando sentiu o calor úmido contra sua mão, fazendo com que começasse beliscá-la com mais força, ao mesmo tempo em que a acariciava com mais firmeza. 

 Enquanto se beijavam, ela choramingava suavemente com a parte baixa de sua garganta, do jeito que estava lhe respondendo se tornou refém de todos aqueles sons, movimentos e daquele seu perfume feminino próprio que seguia como um feitiço para as suas narinas. 

 Ele começou a afundar ainda mais sob seu feitiço irresistível, apesar de ter a certeza que tinha que parar logo ou ele ia acabar lhe tirando aquela calça maldita. Mas, ainda conseguiria lidar com mais alguns segundos sem perder o seu estrito controle, teria apenas mais alguns segundos para tocar o seu pequeno mamilo duro, de sentir seu calor úmido através do material de sua calça jeans... Só mais alguns segundos para beijá-la intensamente, simplesmente porque ela lhe pertencia... Beijando-a como se ela pudesse ser para sempre apenas dele. 

 Joe sentiu o momento exato em que ela se endureceu contra ele e seus gemidos se tornaram uma exalação contínua. Pego de surpresa, percebeu que ela estava chegando, que estava desmoronando em seus braços. Uma grande euforia começou a atingi-lo por todos os lados, fazendo com que a acariciasse com mais força, desejando estar dentro dela... Querendo consumi-la completamente. 

 Seus gritos de paixão finalmente se acalmaram, parando completamente quando ela caiu contra ele. Um sentimento de posse percorria por seu corpo enquanto ele ainda a beijava, aproveitando todas as células do seu ser e saboreando imensamente o presente que ela lhe dera, enquanto sentia o quente e profundo prazer inunda-los. 

 Ela ainda não tinha conhecimento, mas com aquele orgasmo que havia lhe dado de presente havia selado o seu destino, ainda que houvesse uma dúvida residual sobre a quem ela pertencia até agora, havia sido completamente destruída num piscar de olhos. 

 Ela era sua e com os seus beijos estava lhe dizendo exatamente isso e também lhe mostrava que deveria aprender o mais rápido a ceder tudo na vida para ficar apenas com ele, porque ela era irrefutavelmente dele. 

 Ele terminou o beijo lentamente tentando lhe dar um momento para se ajustar, mas continuou a lhe acariciar suavemente na junção de suas pernas por mais alguns segundos antes de apertar com firmeza uma última vez, para logo depois levantar a sua mão de entre suas coxas e agarrar o lado do seu rosto. 

 Lentamente ela abriu seus olhos e começou a fita-lo. 

 Ela era tão linda... E tão dele.

 Tão linda... Tão doce e ainda assim... O queria. 

 Ele teve que morder o seu lábio inferior para não beijá-la novamente, não se segurou e começou a sorrir por causa dos seus olhos aturdidos. 

 - Oi minha querida - ele sussurrou. 

 - O que... O que... 

 Ele segurou seus olhos, desejando jamais deixá-los ir embora. 

 - Foi apenas um orgasmo. Você veio lindamente para mim, Demi. 

 Seus olhos ficaram grandes e largos, mas continuou em silêncio. 

 Joe não queria de forma  alguma envergonhá-la, sabia que ela nunca esteve com um homem antes dele aparecer. Inferno, ela jamais havia beijado antes dele ataca-la. Ele não queria envergonhá-la lhe fazendo um monte de perguntas íntimas que ela ainda não estava pronta para responder, mas realmente precisava saber, então soltou de uma vez aquela pergunta simples. 

 - Primeira vez, princesa? 

 Seus olhos se fecharam, mas ela balançou a cabeça e nesse momento Joe sentiu o vício que ele tinha por ela crescer ainda mais forte. Ele teve o seu primeiro beijo e agora o seu primeiro orgasmo. 

 Droga, se ele não queria ser o primeiro em tudo para ela, mesmo sabendo que estava cavando a sua própria sepultura ainda mais profunda com esta menina, ao se permitir todo aquele sentimento dentre de si, mas tinha absolutamente certeza de que se a tivesse para sempre, iria morrer um homem feliz. 

 Apenas um olhar, isso foi o suficiente para deixa-lo de quatro por ela. Demi Lovato tinha ido até a área de alimentação naquele maldito jogo de futebol e o deixou daquele jeito. 

 Era difícil de acreditar, pois mal sabia da sua existência antes disso, afinal o seu radar não havia lhe detectado e isso jamais havia ocorrido. E agora olhe para ele, totalmente fodido da cabeça aos pés desde então e por tudo o que era sagrado, totalmente feliz com o fato. 

 Sim, ele havia sido infeliz durante toda a sua vida por causa do seu pai, mas agora que o idiota foi embora e estava de vez fora da sua vida, ele esperava coisas melhores para si e tinha certeza que a partir de hoje seria possível se concentrar em coisas mais importantes. 

 E Demi era sem dúvida a mais importante de todas. 

 Agora sim, estava tudo bem com ele. 

****

 Joe tentou ao longo dos próximos meses fazer com que Miley concordasse em prestar queixa sobre Jesse na delegacia, mas ela nem sequer queria ouvi-lo mencionar este assunto e todas as vezes que levantava o assunto ou ela ficava totalmente pálida e depois se trancava no banheiro, ou apenas começava chorar e ia embora. 

 Mas como estava sem sorte com ela, tudo o que Joe podia fazer era ficar diligente e ajudar o xerife a ser mais um par de olhos e ouvidos observando Jesse e esperando que ele realizasse o seu próximo movimento. 

 Joe pensava cada vez mais e mais sobre o que o delegado havia lhe proposto, então decidiu que daria uma chance para aquela porta que foi inesperadamente aberta para ele, até mesmo porque gostaria de ficar naquela cidade e próximo de casa. Talvez estivesse cego antes para as possibilidades aqui mesmo, mas hoje não queria tentar encontrar um trabalho muito longe, até porque, precisava manter Demi próxima aos seus pais, pois, tinha sem sombra de dúvida, a certeza de que por ele, Demi estaria presente em seu futuro. 

 Inferno, Demi já era o seu futuro. 

 E também tinha a consciência de que se ficasse por perto, seria um grande alívio para sua tia, que era tão pegajosa como qualquer mãe tinha o direito de ser. Naquele momento pensava sobre isso com uma sensação suave de prazer dentro do seu coração, pois sentia como se seus sentimentos maternos sempre eram estendidos para ele, e somente para si, admitia que gostava muito deste fato. 

 Ele havia sido criado sem mãe, o único amor materno que tinha conhecido tinha vindo de sua tia Diana, mesmo sendo sua tia apenas de consideração pelo casamento com o seu tio. Mas todos aqueles anos, que seu pai o manteve isolado do resto da família tinha deixado suas marcas. 

 Ele tinha uma memória nebulosa de uma vez, quando tinha apenas sete ou oito anos, sua tia havia lhe visto sozinho, sem seu pai por perto e colocou os braços em volta dele e disse que o amava. Claro que hoje ela falava isso regularmente, mas, naquela época, quando ele era apenas uma criança, foi à primeira vez que alguém dizia que o amava. Lembrou-se de se sentir confuso, desconfiado, pois realmente não entendia o que era o amor, nunca tinha experimentado esse sentimento em sua vida e para ele a palavra ‘amor’ era apenas um conceito, era mais como algo que significava roupas novas para os meninos e fitas cor de rosa para as meninas, ou mamães de mãos dadas com seus filhos até os portões da escola, ou seja, era algo que as outras crianças da escola tinham. 

 Até Joe completar seus treze anos, tudo o que tinha eram contusões frescas, cicatrizes antigas de fivelas de cintos, queimaduras de cigarros que pontilhavam todo o seu corpo e certamente, ninguém com disposição para levá-lo para a escola, mesmo havendo a existência de um ônibus escolar que levava a todos da sua região para a escola todos os dias, desde o primeiro dia do jardim de infância. 

 Cinco anos após a sua fuga do inferno, Joe tinha plena certeza do amor de sua tia, podia sentir que seu amor por ele era muito grande e forte. Ela era suave e gentil e jamais iria permitir que algo ou alguém a machucasse. 

 Ela o tocava várias vezes por dia, lhe acariciando os cabelos e pedindo que ficasse quieto e protegido dentro dos seus braços, até que ele acabou permitindo lentamente a tomar conta do seu coração, afinal de contas, ela também tocava e abraçava Miley o tempo todo, desde que se mudou para lá. 

 No começo ele só queria se sentir seguro e por isso, havia se tornado o melhor filho que alguém poderia ter, também porque estava morto de medo que sua tia e seu tio lhe devolvessem para o seu pai, afinal, ainda era muito jovem para perceber que eles morreriam antes de fazer isso, mas naquela época, ele não sabia o quão duro eles lutaram para levá-lo para longe de seu pai. 

 Não deve ter sido fácil, Joe sabia que o coração do seu tio David tinha se rasgado ao meio, pois teve que se virar contra o seu único irmão para salva-lo.

 Joe sempre se lembrava da noite em que seu tio lhe resgatou com uma espingarda na mão. David Jonas tinha planejado tudo muito bem, havia contado com a ajuda do xerife e o seu ajudante numa noite escura e chuvosa. O fator de intimidação já estava instalado enquanto os homens da lei ficavam fora de seus carros de patrulha com as luzes piscando de forma brilhante, mas em silêncio na calada da noite. Seu pai o entregou sem lutar, sem uma palavra de arrependimento, nem uma palavra para tentar mantê-lo consigo, apenas o entregou como se fosse um pedaço de lixo indesejado, como se ele fosse nada mais do que um pedaço de merda que estava mais que pronto para expulsar de sua vida. 

 Sua tia havia chorado baixinho naquela primeira noite, quando se sentou ao seu lado no quarto que tinha preparado para ele, enquanto limpava cortes recentes nos seus lábios e testa, se apavorando ainda mais quando percebeu o machucado em sua bochecha e quase sofrendo uma parada cardíaca quando viu as velhas cicatrizes que espalhavam sobre o seu torso.

 Aquela foi a primeira vez que sua tia e seu tio haviam entendido exatamente o quanto a vida de Joe havia sido ruim, pois nunca havia falado para ninguém o que estava acontecendo com ele e como nos últimos meses seu pai sempre tinha o cuidado para não marcar seu rosto, ninguém suspeitava do inferno que era o seu dia a dia. 

 Sua tia havia lhe beijado a testa carinhosamente enquanto lhe assegurava que jamais haveria de se preocupar novamente, saindo logo em seguida. Joe fingiu que estava dormindo quando ela retornou ao seu quarto com o seu tio e levantou as cobertas para mostrar o estado do seu corpo. Com os olhos firmemente fechados ouviu o rosnar aflito do seu tio. 

 - Eu vou matá-lo, Diana. Juro por Deus, que vou matar meu irmão. 

 Sua tia sussurrava através de lágrimas. - Você não pode fazer isso, pois precisamos de você aqui com a gente.  

 Contendo seu fôlego e com os olhos bem fechados, Joe sentia a sua mão suavemente passar sobre seu cabelo através de uma carícia suave e amorosa. 

 - Nós temos dois filhos agora e eu preciso de você aqui comigo para cuidar deles, não dentro de uma prisão. 

 Aquela noite foi à primeira vez em sua vida que se lembrava de ter sentido um pouco de segurança, e somente após a sua tia lhe falar outra vez que o amava naquela noite foi que se permitiu acreditar que pelo menos ela o amasse um pouco. 

 Joe empurrou aquelas lembranças desagradáveis para o lado e focou apenas em seu futuro, notou que a cada dia que passava, pensar em seu futuro tornava-se um ritual, na verdade uma obsessão diária. 

 Supôs que na sua idade e com uma universidade de quatro anos fora de questão, pelo menos por enquanto, que tudo aquilo que estava sentindo era normal, afinal, todo mundo passava por algumas dores de crescimento, indecisão e confusão. 

 Entrou no banheiro imerso em pensamentos e com uma grande necessidade de tomar um segundo banho antes de ir pegar Demi, o que também havia se tornado um ritual, pegou o sabonete e começou a deslizar sobre seu corpo, com o rosto erguido na direção da água quente, com  sua mente voltada para Demi e como diabos faria para não rasgar as suas roupas por mais um dia, enquanto isso a sua mão vagava para cima e pra baixo, deslizando por cima do seu membro molhado e escorregadio devido ao sabão. 

 Seus dentes se cerraram diante da visão que se infiltrou na sua mente, como seria quando ela estivesse fazendo isso por ele, quando o seu abdômen ficou tenso de tanto tesão, apertou ainda mais o seu punho sobre seu pênis o bombeado loucamente, imaginando a pequena mão de Demi englobando a sua ereção. Suas bolas se apertaram diante do grande prazer erótico ao visualizar Demi de joelhos e levando o seu eixo dentro da sua boca, gemeu profundamente e empurrou duramente mais cinco vezes. 

 Ele se apoiou pesadamente contra a parede do chuveiro com uma mão ao mesmo tempo em que soltava um gemido gutural e matinha firme a imagem de Demi a seus pés, sentia todas as suas forças concentradas apenas no seu prazer e quando explodiu foi rápido e duro, atingindo forte a suavidade de sua barriga. 

 Respirando com dificuldade, deixou morrer a sua imaginação cheia de luxúria enquanto olhava para baixo e via o seu sêmen ser lavado e desaparecer pelo ralo. 

 Joe baixou a cabeça contra a parede de azulejo e tentou acalmar a sua respiração, odiava de coração fazer aquilo, mas na sua atual situação uma punheta era a única maneira possível de manter seu controle e entregar Demi intocada de volta a sua casa esta noite. 

 Mais um dia a vencer... Toda aquela espera ainda seria demais para ele. 

****

 O Natal chegou e foi embora, logo em seguida veio o Dia dos Namorados e eles continuavam com o relacionamento sólido. 

Joe trabalhava todas as horas disponíveis na loja de ração, a fim de ganhar o máximo de dinheiro possível. Ele não tinha uma grande fonte de renda disponível para presentes caros, mas conseguiu comprar para Demi um bracelete no Natal, que ela parecia ter adorado. Pelo menos, ele pensava assim já que ela usava a todo o momento e isso com certeza acrescentava um encanto maior à sua namorada. 

Todos na escola estavam começando a falar sobre o próximo baile, fazendo Joe pensar se não deveria ir, anteriormente havia mencionado que não iria à frente de sua tia e ela não havia gostado. Miley, após o que aconteceu, havia anunciado que não iria e ninguém conseguiria dizer nada para mudar a sua decisão, o que fez Joe se sentir mal por ela. 

Havia até mesmo se oferecido para levá-la, mas ela educadamente recusou, lembrando com essa recusa que tinha alguns dos mesmos problemas que ele, lógico que a falta de dinheiro encabeçava a lista de ambos, mesmo se não existissem aquelas outras razões, ela não teria como ir, pois um vestido teria que ser comprado, ainda havia os bilhetes a ser adquiridos e outros itens que no final custaria uma fortuna para eles. 

Sua tia queria tanto que ele fosse, que ele chegou até a abordar o assunto com Demi, numa noite de sábado. 

- Você acha que o seu pai deixaria você ir ao baile comigo? 

Seus olhos queimavam sobre ele, fazendo com que reconhecesse logo de cara que aquele era o seu olhar de 'garota má’. Uma alegria imensa ameaçou transbordar, mas de alguma forma conseguiu conte-la a tempo. 

- Eu nunca mais irei falar com ele se não permitir que vá ao baile com você - ela retrucou com seus olhos em chama. 

- Ok, tudo bem, você quer que eu pergunte a ele? 

- Não, farei isso. 

- Eu realmente estou apenas querendo ir hoje para a casa da minha tia, o que não será grande coisa, mas como você não pode ficar fora até tarde, acho que não precisa se preocupar com esse detalhe. 

Joe mantinha-se neutro com relação ao baile que lhe parecia mais um aborrecimento do que qualquer coisa, mas Demi parecia querer ir, então faria tudo o que estivesse ao seu alcance para leva-la. 

Depois que deixou Demi na segurança de sua casa, retornou imediatamente para a sua. De alguma forma, Demi tinha conseguido dobrar seu pai para ter um toque de recolher à meia-noite nos fins de semana, Joe sempre tentava chegar à sua casa por volta das 23:30.

Quando entrou na cozinha da sua casa ainda era 11:45, porem deu de cara com seus tios ainda acordados, sentados na mesa da cozinha esperando por ele, imediatamente ao olhar as suas expressões sabia que algo estava errado, como havia acabado de deixar Demi na sua casa, sabia que não era relacionado a ela, por isso, transferiu a sua preocupação imediatamente para Miley.

- Onde está Miley? - Perguntou com uma voz áspera, pois não conseguiu se controlar a tempo. 

Sua tia respondeu: - Ela está bem, fique tranquilo, neste momento está em seu quarto, meu querido. 

Joe olhou de sua tia para seu tio desconfiado, logo em seguida notou uma garrafa de Jim Beam que nunca, mas nunca mesmo, alguém se atreveu a tocar, até aquele momento, porem agora, estava aberta na frente de David Jonas. 

Seu tio pegou um copo alto na frente dele com as mãos trêmulas e tomou um grande gole, como se estivesse limpando a sua garganta antes de falar. 

- Sente-se, Joe. 

O tom que ele usou era de longe o mais suave que Joe poderia se lembrar de ter ouvido de seu tio. 

Um grande terror serpenteava por sua espinha e o impedia de se sentar, deixando-o completamente imóvel e com seus músculos do estômago amarrados devido ao pânico. 

- Apenas me diga o que aconteceu. 

Diana se aproximou dele ao mesmo tempo em que mantinha uma mão no seu marido, dando apenas um pequeno aceno de cabeça, liberou o seu esposo a responder aquela pergunta. 

Joe preparou seus nervos quando os olhos avermelhados do seu tio se dirigiram para os seus. 

- Seu pai está morto. 

As palavras bateram em Joe como um punho de ferro, mas assim que sentiu a dor as suas emoções secaram, ele congelou por dentro. 

Ele sentiu uma ponta de dor seguida de um toque de pânico, mas não conseguia explicar o motivo, até mesmo porque estava completamente dormente. 

Fechou os olhos por um momento e quando reabriu manteve o seu olhar focado no único e verdadeiro pai que havia conhecido, notando como ele havia trabalhado duro durante os seus anos de formação e como naquele momento deveria estar sentindo muito mais dor do que ele, afinal David havia acabado de perder seu irmão, apesar de nunca ter se orgulhado deste fato, sempre manteve acesa a esperança da sua redenção. 

O que jamais iria acontecer, a partir de hoje. 

Joe engoliu em seco. 

- Eu sinto muito.

Notou que as suas palavras causaram ainda mais dor no seu tio, pois imediatamente ele fechou os olhos e bateu seu punho na mesa numa demonstração de fúria reprimida, fazendo sacudir violentamente o copo e a garrafa e quando seus olhos se abriram, fitaram novamente Joe. 

- Você sente muito? Você não tem nada do que se desculpar, filho. Estou apenas arrependido. Estamos muito arrependidos... 

Ele fez um sinal entre ele e sua esposa. - Lamentamos que a sua vida tenha sido uma merda por causa do meu próprio irmão - sua voz quebrou - um homem que eu amava e que poderia tratá-lo....

Suas palavras cessaram quando outro soluço escapou de sua garganta. Joe ficou congelado diante da profundidade da agonia que seu tio estava sentindo, doendo mais do que qualquer outra coisa. 

Joe sabia no fundo de sua mente que teria várias merda para resolver devido à morte de seu pai, imaginou que provavelmente ainda iria se sentir magoado ou até mesmo triste, após o choque que no momento o mantinha anestesiado. 

Inferno, seu pai havia transformado a sua vida numa miséria e com um vago sentimento de culpa, Joe teve um lampejo de esperança, que com a morte dele a dor que todos sentiam ao seu redor iria embora de vez, talvez essa fosse à última vez que seu pai faria com que eles passassem por esse sentimento. 

Joe olhava seu tio de perto e não conseguia imaginar a dimensão do que ele estava sentindo, mas tentou com toda a suas forças atenuar sua dor. 

- Isso não é culpa sua e nunca foi. O senhor não é como ele e eu também não sou.

Quero que saiba que jamais deve se culpar pelo que ele fez para mim. 

 Uma emoção crua devastou o semblante do seu tio. 

- Você se lembra de quantos anos sofreu antes que soubéssemos o que estava acontecendo? Quanto tempo demorou para que pudéssemos provar e garantir o direito de trazê-lo para nós? 

 Joe, obviamente, sabia que tinha treze anos quando veio morar com a sua tia e seu tio, mas isso não parecia ser o que seu tio estava lhe perguntando. Era como se seu tio estivesse sentindo uma dor extremamente dolorosa por cada ano que Joe tinha sido forçado a viver com seu pai. 

 - Eu... Eu não sei. 

 - Muitos anos, porem deveríamos ter tomado alguma atitude bem mais cedo e não há desculpa para você ter vivido como viveu durante seus treze primeiros anos de vida. Treze malditos anos! Sim, eu me culpo e vou continuar me culpando até o dia em que morrer. 

 Diana virou em seu assento quando o marido usou essa palavra e Joe sabia o porquê, David Jonas nunca havia xingado, nunca havia levantado à voz e jamais em sua vida havia levantado a mão para alguém. 

 Joe sacudiu a cabeça e limpou a garganta, tentando manter as suas emoções emaranhadas e fortes no controle.

 - Temos que ultrapassar tudo isso... Como uma família. De alguma forma teremos que descobrir como superar o que ele fez para todos nós. 

 Diana começou a chorar baixinho. 

 - Se a sua mãe estivesse viva teria muito orgulho de você.

 Joe sacudiu a cabeça com um sobressalto e olhou para ela. Um nó difícil de confusão se estabeleceu em seu estômago enquanto ele estudava o rosto encharcado de lágrimas da sua tia. 

 - O que você disse? 

 Suas sobrancelhas se enrugaram e a sua respiração parou quando olhou para ele, obviamente abalada. 

 - Se a sua mãe tivesse vivido...

 Joe a cortou. - Como você sabe que ela está morta?

 Ele não conseguia controlar o seu tom de voz e sua voz saiu dura e abrasiva, mas não conseguia se controlar, pois o choque que estava sentindo era forte, como uma flecha de agonia mergulhada profundamente em seu coração. 

 Diana olhou de Joe para David com total confusão e então estabeleceu o seu olhar apenas em Joe novamente.

 - Ela morreu quando você nasceu meu querido - ela respondeu suavemente. 

 A dor que Joe estava segurando explodiu em seu cérebro e se estabeleceu no seu coração ferido como um pedaço de lava ardente. O choque da descoberta bateu com força total, ele não conseguiu mais manter o controle sobre as suas reações. 

 Ele se virou abruptamente e pegou as chaves do caminhão que estavam em cima do balcão, onde havia deixado quando entrou em casa, tinha apenas um pensamento e era para sair de lá, agora. 

 Ele parou mais uma vez quando outro eixo de dor e raiva queimou através dele e procurou antes de tudo tentar dar uma razão para as suas ações. 

 - Ele me disse que ela me deixou... Meu próprio pai...  - Ele cuspia aquelas palavras -me falou durante toda a minha vida que a minha mãe não me queria e que ela o deixou, porque ela não me queria. 

 Diana começou a chorar e rios de lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto enquanto ela balançava a cabeça freneticamente de um lado para outro. 

 - Não! - Ela colocou a mão na boca e olhou para o marido que estava totalmente pálido, quando se voltou para Joe respirou fundo e continuou.  - Querido, ela amou muito você. Sua mãe queria você mais do que a própria vida. - Sua tia estendeu a mão para tocá-lo, mas ele não estava perto o suficiente, então ela deixou que ela caísse para o seu lado. 

 - Ela sabia antes de todos que você seria um menino e lhe deu o nome Joe, pois amava esse nome. Ela lhe segurou nos braços, enquanto entrava e saía da consciência e todos os médicos tentavam salvá-la. 

 Sentia uma raiva imensa do homem morto que havia arruinado a droga da sua vida. Uma dor que nunca havia sentido ao ser espancado por ele batia por sua espinha e quase o deixou paralisado. 

 Ele sentia muito por sua tia e tio naquele momento, mas se quisesse reter qualquer sanidade tinha que sair de lá por um tempo.

 Mas primeiro tinha que fazer uma última pergunta. 

 - Onde ela está? Ela está enterrada aqui? 

 - Não, querido. Ela não tinha família, seu pai preferiu crema-la. 

 - E as cinzas? 

 Diana balançou a cabeça. - Não temos nenhuma ideia. Sinto muito.

 Um novo lote de lágrimas brotou dos seus olhos. 

 - Eu não tinha ideia que ele havia mentido para você sobre ela. Deveríamos ter falado sobre isso mais cedo. Sempre tentei... Tentei protegê-lo de mais dor, sabe? 

 Joe estendeu a mão e lhe puxou de encontro ao peito, abraçando forte e em seguida, beijando-lhe a testa. 

 - Obrigado por isso.

 Ele limpou a garganta. - Você sabe que eu te amo, né? - Ele olhou por cima da cabeça da sua tia com os olhos borrados. - Os dois na verdade. Vocês sabem disso, né? 

 Sua tia começou a balançar a cabeça freneticamente e os olhos do seu tio nadaram cheios de lágrimas. 

 - Nós sabemos meu querido e também te amamos muito. 

 - Eu tenho que ir agora, ok? Estarei em casa daqui a pouco. Não se preocupem comigo. Eu só tenho que sair um pouco. 

 Os olhos de Diana estavam frenéticos quando se agarrou a ele.

 - Para onde você está indo? 

 Joe a soltou gentilmente, mas com firmeza e caminhou até a porta dos fundos. 

 - Até Demi. Preciso de Demi. 

 O pânico diminuiu de seus olhos, mas depois uma expressão diferente tomou conta dela quando olhou novamente para seu tio. Joe reparou nos sinais não verbais com outro sentimento agudo de pânico e exigiu uma resposta.

 - O que foi agora? 

 - Querido, você não perguntou como ele morreu. - Ela lambeu os lábios e continuou. - Foi num acidente de carro e... E Cindy Lovato morreu junto com ele. 

 Outra onda de emoção bateu sobre Joe, mas ele não permitiria que isso o impedisse de ficar com Demi. Dane-se tudo. Droga, ele estava mandando tudo para o inferno, pois tinha que ver Demi e que se danasse aquele seu maldito toque de recolher, que danasse Zach Lovato, se estivesse por lá neste momento. Maldição. Queria ver quem seria capaz de tentar impedi-lo de ver Demi esta noite.

 - Será que eles já sabem? Será que os Lovato já tem conhecimento que eles estão mortos? 

 - Sim, liguei para eles antes de você chegar, pedi para Janet não lhe falar nada sobre o assunto até que pudéssemos conversar com você. Acho que a essa altura ela já deve ter dito tudo a Demi. 

 Ele acenou com a cabeça uma vez e deslizou porta a fora. 

****

 Era quase uma da manhã e chovia torrencialmente quando Joe tocou a campainha da casa de Demi. Ele percebeu que deveria ter ligado ou até mesmo lhe enviado uma mensagem, mas não estava raciocinando direito, apenas havia ligado seu caminhão com as suas emoções agitadas dentro de suas entranhas lhe crucificando e tudo o que conseguia pensar durante o seu destino era como Demi cheirava, que tinha que estar próximo a ela, tê-la em seus braços e se não podia ter isso, não sabia o que iria acontecer. 

 Ele precisava dela agora se não iria quebrar ao meio. 

 Sua respiração estava irregular quando pressionou a campainha uma segunda vez, em seguida apertou as mãos atrás da cabeça entrelaçando os dedos para evitar tocar de novo. 

 Quando a porta se abriu e a Sra. Lovato apareceu no portal com lágrimas nos olhos e o estudou, apenas sussurrou.

 - Querido. 

 Joe fechou os olhos por alguns instantes deixando passar por ele aquela simpatia e quando ele levantou as pálpebras novamente ela empurrou a porta larga em convite e seus braços foram mantidos abertos para ele num convite. 

 Surpreendendo-se ele pegou o que ela estava oferecendo e foi para dentro dos seus braços sendo recebido num abraço apertado. Seu abraço cheio de amor materno tomou conta dele e sentiu uma notável semelhança com a maneira como se sentia ao ser abraçado pela sua tia. 

 Imediatamente aquele novo conhecimento de que sua mãe o amava, bateu-lhe com força novamente e fez com que experimentasse um sentimento de perda do qual não tinha conhecimento antes. Ele não conseguia explicar, talvez isso fosse ridículo, mas estava sentindo como se tivesse perdido a sua mãe neste momento, o que era uma loucura, pois o seu pai que havia morrido e durante aquele momento Joe podia sentir um grande buraco no peito devido a uma grande perda, mas por uma mãe que nunca havia conhecido. 

 Quando Joe lutava contra as lágrimas, ouviu uma tosse masculina vinda de dentro da sala, ele levantou a cabeça e deu um passo para trás, saindo de dentro dos braços da mãe de Demi. O Sr. Lovato caminhou na sua direção, mas parou quando estava apenas no meio da sala, com uma expressão torturada no rosto. 

 - O que você quer aqui?

 As palavras não eram exatamente cruéis, mas foram grossas o suficiente para que Janet Lovato virasse e lançasse à seu marido um olhar duro. 

 Joe inclinou a cabeça brevemente para em seguida, olhar para cima de novo e encontrar diretamente os olhos do outro homem. 

 - Demi. Apenas Demi. 

 De sua visão periférica, Joe viu Demi aparecer do corredor que levava aos quartos e ficar completamente parada na entrada da sala de estar. Ele não tirava os olhos do seu pai, porque no segundo que fizesse isso, sabia que não seria capaz de ficar parado, bastaria apenas um olhar, apenas sentir a sua presença, já era o suficiente para que a necessidade de segurá-la fizesse com que as suas mãos se retesassem ao lado do seu corpo. 

 O pai de Demi olhou para a filha e depois de volta para Joe, com uma expressão angustiada no rosto. 

 - Nós perdemos o nosso neto esta noite.

 As palavras foram secas e cáusticas e se tiveram a intenção de lhe ferir atingiu o seu objetivo, pois Joe sentiu outra pontada de raiva pelo seu pai e compaixão pelo desespero que ele podia ver nos olhos do outro homem. 

 Joe endureceu a sua espinha e ergueu ainda mais o queixo. Demi era sua há seis meses, desde aquele primeiro beijo e por Deus, ele precisava dela agora. 

 - Sinto muito, senhor. Sinto muito pela sua perda.

 Joe sabia que não podia evitar ser a cópia do que seu pai era há vinte anos, até mesmo porque existia várias fotos para lembrar sobre este fato, e como Sr. Lovato sempre esteve no conselho da cidade era obrigado a conviver com este fato, mesmo agora. O coração de Joe batia fortemente no peito enquanto esperava por uma resposta. 

 - Já é muito tarde, o melhor será você voltar amanhã de manhã. 

 - Papai!

 O grito de raiva de Demi veio do outro lado da sala e depois de lançar um olhar de fúria para o seu pai atravessou a sala e se atirou sobre Joe. 

 Seus braços se estenderam automaticamente a prendendo contra ele, logo em seguida abaixou a cabeça na curva do seu ombro, continuou segurando firme para em seguida, lhe embalar, para lá e para cá, até que a essência de Demi se espalhasse por ele e acalmasse seus nervos esticados. 

 Apenas com uma pequena parte do seu cérebro, percebeu quando a Sra. Lovato fechou a porta da frente e em seguida, se moveu na direção do seu marido, enquanto ele fechava os olhos e segurava ainda mais forte Demi, o Sr. Lovato resmungou: 

 - Fique nesta sala. - Ele limpou a garganta. - Demi... Está me ouvindo? Ele pode ficar, mas vocês dois tem que permanecerem nesta sala, entendeu? 

 Demi assentiu com a cabeça e resmungou uma resposta afirmativa, então ela pegou Joe pela mão e o puxou na direção do sofá. 

 Ele estava ciente que seus pais logo em seguida foram para a cozinha, quando estavam fora de vista pegou Demi até que ela estava montada sobre ele, passou os braços em torno dela e a segurou com força. 

 Ele lhe apertou naquele instante contra si e aqueles sentimentos mais profundos que estava segurando a várias horas chegaram até à superfície. Ele nunca disse nada parecido antes para alguém, nunca havia dito nada parecido para qualquer garota, mas como isso estava crescendo a cada dia mais dentro dele há meses, não conseguia segurar por mais tempo. 

 Joe ergueu o queixo e olhou em seus olhos. 

 - Eu amo você, Demi. 

 Seus olhos tornaram-se brilhantes com lágrimas não derramadas. 

 - Eu também te amo. 

 Quando eles se olharam novamente, Joe tentou memorizar cada detalhe de seu rosto. Ele estava perfeitamente consciente da conexão que pulsava entre eles, que era tão forte que chegava até ser quase palpável. Ele correu os dedos pelos cabelos até que saiu daquele estado de transe, depois de um momento ela apoiou sua cabeça no ombro dele. 

 Joe não sabia quanto tempo ele a segurou assim até que ela levantasse a cabeça novamente e colocasse as suas mãos em seu rosto para examina-lo com cuidado. 

 - Eu sinto muito -  ela sussurrou baixinho. 

 Sua visão ficou turva e ele teve que lutar internamente para manter aquele pequeno controle que ainda restava dentro dele. Ele não chorava desde que tinha dez anos de idade e não queria de forma alguma começar com isso agora, pelo menos, não por alguém tão inútil quanto o seu pai. 

 Ele limpou a garganta antes de responder. - Sim. 

 Seu olhar deixou o seu e começou a vagar sobre o seu rosto, ela pressionou um dedo delicadamente sobre a cicatriz que separava as suas sobrancelhas, depois alisou um pouco mais o lado do seu rosto até que mais uma vez seu dedo pousou em outra cicatriz. Esta era uma das mais atrozes em seu rosto, mais umas das queimaduras de cigarro que seu pai tinha lhe infligido, quando o dedo de Demi ficou aterrissado lá, seus olhos endureceram. 

 - Estou muito feliz por ele estar morto. Eu o odeio por tudo o que ele fez com você. Ele merecia morrer e espero que tenha sofrido muito antes disso. 

 Chocado com a raiva absoluta que estava estampada em seus olhos, seus lábios se retorceram numa espécie de sorriso torcido. Ele alisou novamente o seu cabelo até as pontas enroladas que chegava a sua coluna vertebral. 

 - Deixa isso sair de você, meu amor... Deixe essa raiva ir embora... Você não pode permitir que ela more dentro de você. Saiba que a última coisa que quero nesta vida é que aquele filho da puta estrague a sua doçura. 

 Ela exalou um profundo suspiro. - Como se faz isso, Joe? 

 Ele balançou a cabeça enquanto pensava nisso. 

 - Eu não sei. É apenas algo que decidi fazer a muito tempo. Nós só temos uma vida, sabia? Eu poderia deixá-lo arruinar a minha vida inteira ou batalhar a cada dia por coisas boas e tentar superá-lo. Eu poderia já ter morrido ou estar em um orfanato ou algo assim, mas não, foi me dada uma grande família que me ama, nós temos a terra que está na nossa família há anos e me sinto muito feliz por fazer parte de tudo isso, sabia? 

 - Sim - ela concordou em voz baixa. 

 - Eu sei que o que temos não é comparável com o que a sua família tem, mas o sentimento é o mesmo. Talvez você não se sinta desta forma por não ser uma verdadeira Lovato, mas existe um sentimento de pertencer a alguma coisa e devido ao modo fodido como o meu pai me tratou durante anos, nunca consegui sentir esse sentimento longe deles. Tenho certeza que só consegui isso graças a minha tia e meu tio e sou totalmente grato a eles por isso. 

 Demi ficou em silêncio por um longo momento. 

 - Você não me vê como uma verdadeira Lovato? 

 Seus olhos estavam cautelosos. 

 - Eu não tive a intenção de ferir os seus sentimentos. 

 - Você não fez isso, apenas quero saber por que você sente desta forma. 

 - Porque você é uma Smith. Seu último nome não é Smith-Lovato, pelo menos tecnicamente, certo? 

 - Sim, legalmente. Mas meu pai me adotou quando era uma bebe, você sabe disso não é? 

 Pânico deslizou como um rio de água fria por suas costas e se estabeleceu no intestino de Joe. 

 - Não, não tinha esse conhecimento. 

 - Isso aconteceu há muito tempo atrás. 

 - E por que o 'Smith' ainda está ligado ao seu nome? 

 - Minha mãe sempre quis que me lembrasse de que meu pai biológico me amava. 

 Joe tinha a sensação de que agora que sabia a verdade sobre a sua própria mãe, ele e Demi tinham outra coisa em comum. Cada um deles tinha um pai que havia morrido quando eram crianças, porem naquele momento algo estava ocupando o primeiro lugar em sua mente. 

 Ele tinha certeza absoluta que Demi jamais herdaria nada de sua família, porque ela não estava relacionada com eles através do sangue, mas isso provavelmente não era verdade, jamais esperou que herdasse algo, mas nem sempre teria direito a uma escolha. 
 Ele sequer se importou com o carro que ela dirigia por aí, aquilo apenas sublinhava a diferença entre a sua família cheia de dinheiro e da falta dele por parte da sua família. Naquele momento tinha a maldita certeza de que não gostava da ideia dela herdando toneladas e toneladas de dinheiro.

 Será que isso era muito egoísmo da sua parte? 

 Obviamente após refletir um pouco reconhecia que era, e novamente não havia nada que realmente pudesse fazer sobre isso, mas ele queria apenas Demi, sem quaisquer ônus ou recompensa por isso. 

 Já era ruim o suficiente saber que tinham toda aquela situação criada por seu próprio pai entre as suas famílias, mas era fácil de lidar com isso até mesmo porque não tinha outra opção. 

 Inferno, ele não tinha escolha em qualquer uma delas. 

 Ele não queria de forma alguma que alguém pensasse que ele queria Demi, por qualquer razão que não fosse ela mesma, pois isso era tudo o que ele realmente queria, sabia que outras pessoas poderiam levar o relacionamento deles para este lado. 

 Joe colocou de lado todas essas questões e esperava sinceramente que seus pais vivessem por muito tempo, afinal, ele não tinha que lidar com qualquer uma dessas merdas por enquanto. 

 Ele começou a correu as mãos para cima e para baixo na sua coluna vertebral, tinha certeza de que o fato de ser adotada naquela família proporcionava uma boa vida a ela, o que lhe agradava muito. 

 - Você é feliz aqui, Demi? 

 - Sim e você? 

 - Fico feliz com tudo o que te faz feliz. 

 - Você me faz feliz, Joe Jonas. 

 Diante daquele brilho de verdade em seus olhos, pela primeira vez em muito tempo Joe sorriu, enquanto deixava ir embora a culpa que estava sentindo devido ao grande alívio causado com a morte de seu pai. 

 Pelo amor de Deus, era muito errado se sentir daquela forma, mas isso é o que sentia e não podia mudá-lo. 

 Será que não merecia algo de positivo em sua vida? 

 Com suas duas mãos envolveu o rosto de Demi e ergueu seus lábios para os dele.

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Aqui está! Descobri que consigo postar pelo tablet, alok jsjcnfjf 
Comentem para o próximo! Temos mais 7 capítulos e o epílogo.
Beijos, amo vcs!
Bruna

6 comentários:

  1. Não sei nem o que dizer com esse capítulo, chorando aqui. A infância dele foi muito triste. A carga de emoções desse capítulo foi muito forte. Posta mais, preciso saber o que vai acontecer.

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  2. Bru, tem como eu falar com você de alguma forma? Pfvr <3

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    1. Meu twitter, @lightweightszx ou meu fb facebook.com/bruna.avila.demi

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  3. Que capítulo fera. Amando
    Posta mãos *-*

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  4. Eu sou uma pessoa mto chorona, e sim, eu chorei litros nesse capítulo.
    Joe teve uma vida tão difícil, ninguém deveria passar por isso, todo mundo deveria receber amor. Tô mto feliz q ele conseguiu ser uma pessoa mto melhor q o pai dele.
    Tava fantástico esse capítulo, chorei de vdd.
    Posta mais

    -Nathalia-

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