A Historia De Joe e Demi - Capitulo 7

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   Por volta das duas da manhã, Demi ouviu uma porta bater na sua casa e isso a despertou completamente. Miley, que estava deitada no sofá de uma forma engraçada, porém apenas abriu lentamente os olhos.

 Passos altos podiam ser ouvidos, mas antes que Demi pudesse entrar em pânico e pensar que era um intruso, Zachary passou pela porta da sala de TV, contornou a mesa de café para pegar o controle remoto e colocar a televisão no mudo e acabar com aquele chiado suave. 

 Ele jogou o controle remoto de volta no sofá e prendeu seus olhos em Demi. 

 - Ei, dorminhoca.

 - Oi - ela sussurrou com muito prazer ao ver Zach, mas não querendo acordar totalmente Miley do seu sono.

 - Onde estão nossos pais? - Ele perguntou com a sua voz profunda.

 - Eles foram para Shreveport, ver outra vez a nossa avó.

 - E eles deixaram você ficar aqui sozinha, apenas com a Selena? 

 Zach desviou o olhar de Demi e se virou para a garota que estava se levantando ate ficar numa posição sentada. Seu corpo ficou imóvel, seus olhos se estreitaram em Miley enquanto as suas feições endureceram imperceptivelmente. 

 - Você não é a Selena.

 - N-não. Eu sou... Sou a Miley.

 Quando Miley respondeu, Demi pôde ver a angústia em seu rosto. 

 Será que Miley sabia sobre o caso também? 

 Será que todo mundo sabia que a mulher de Zach estava dormindo com Chris Jonas?

 Os olhos de Zach brilhavam calorosamente como carvões quando eles caíram do rosto de Miley e deslizou para baixo, por seu corpo. Lentamente, seus olhos encontraram os dela mais uma vez. Sua voz ficou cheia de desprezo enquanto ele falava: - Eu sei quem você é.

 Demi ficou perturbada quando ela entendeu que Zachary estava chateado com a presença de Miley na sua casa e tentou atenuar a situação com uma conversa fiada. 

 - Nós adormecemos enquanto assistíamos filmes.

 - Isso é óbvio. – Enquanto respondia a Demi, seus olhos nunca deixaram Miley e de repente o momento tornou-se muito estranho.

 Demi observou quando o rosto de Miley perdeu toda a cor e ela voltou sua atenção para a televisão, mesmo que não houvesse imagens, exceto uma tela em branco e estática. Enquanto olhava resolutamente para a tela, Miley puxou a colcha que tinha escorregado para o chão para cima e cobriu o seu corpo.

 Sentindo a tensão entre Zach e Miley, uma dor atingiu profundamente dentro do ventre de Demi quando ela percebeu o quão ruim seria para Zachary se ela e Joe se tornassem realmente um casal. 

 Como seria se Zach tivesse que ver Joe aqui a todo instante? 

 Será que ele seria lembrado constantemente da sua esposa traindo ele?

 Será que ele ficaria ressentido de Joe por causa disso? 

 Sem dúvida, naquele momento, Demi sabia exatamente o que Joe quis dizer quando falou que ele era apenas um Jonas e ela era uma Lovato. Ela sabia o que ele queria dizer, porque podia sentir no ar em torno dela agora, quando Zach ficou com um ar de ameaça olhando para Miley.

 Nossa... E Miley era apenas a sobrinha de Chris Jonas, enquanto Joe era o filho do homem.

 Merda. Porcaria.

 Demi tentou quebrar o silêncio novamente.

 - Você está... Você vai para a sua casa?

 Zach e Cindy tinham uma pequena casa na fazenda, cerca de meia milha de distância, o qual eles utilizavam para se hospedar quando estavam aqui. 

 Demi sabia que muito recentemente Cindy tinha se instalado lá, enquanto Zach ficava em seu apartamento localizado em Dallas, a maior parte do tempo.

 Zach ficou agitado com comentário e olhou de volta para Demi. 

 - Não. Vou ficar no meu antigo quarto, se você precisar de mim.

 - Ok, boa noite.

 - Boa noite. 

 Com isso ele se virou, saiu da sala e Demi ainda teve tempo de pegar a expressão de Miley, quando a outra garota parecia soltar um suspiro de alívio. 

 Demi queria lhe perguntar se ela sabia do caso, mas não sabia como realmente, precisava ter essa conversa com Joe antes de todos.

 Miley levantou-se, começou a dobrar o cobertor, mas sem encontrar os olhos de Demi. 

 - Eu me diverti muito Demi, mas agora você realmente não precisa mais de mim, desta forma vou voltar para a minha casa.

 - Oh, não... Você não tem que ir embora.

 - Não, na verdade, mas preciso acordar na minha casa amanhã. Tenho um enorme teste de física na segunda-feira e preciso estudar. Você vai ficar bem, certo? Seu irmão agora está aqui.

 Com isso Miley pegou o seu telefone, digitou uma mensagem de texto, o qual recebeu uma resposta de volta quase imediatamente.

 Havia poucas dúvidas na mente de Demi que Joe estaria a caminho para buscar Miley em poucos minutos. 

 - Ok... Bem, muito obrigada por ficar comigo, foi uma coisa muito doce da sua parte, apesar de Joe ter lhe obrigado a fazer isso.

 - Joe não me obrigou a fazer nada, eu gosto de você Demi... Realmente gostei de ficar com você.

 Demi já gostava muito de Miley e se sentia profundamente triste pelo que ela teve de suportar com Jesse Whitaker. 

 - Talvez a gente possa sair um dia desses. Ir às compras ou ficar apenas à beira da piscina quando estiver mais quente.

 - Claro, eu gostaria muito disso.

 Demi levantou-se, começou a caminhar com Miley para a porta da frente ao ouvir o barulho do caminhão de Joe. Quando as meninas chegaram à porta, Miley virou-se para ela. 

 - Você tem certeza que não há nada acontecendo entre você e o Joe? Vocês parecem estar muito juntos ultimamente.

 - Ele é amigo de Kevin e minha melhor amiga é a Selena, então nos vemos muito, apenas isso.

 Miley a estudou com preocupação. - Ok, mas lembre-se do que te disse. Você é muito doce para se machucar Demi.

 Depois de um abraço espontâneo, Miley abriu a porta da frente e saiu para encontrar Joe no meio-fio. 

 Demi assistiu Miley subir no caminhão e ficou imóvel até que o caminhão estivesse fora de vista, suspirou quando fechou a porta, pois realmente não gostava de mentir. 

 Mas o que ela deveria dizer a Miley? 

 Que ela já tinha sentimentos por Joe? 

 Que ele estava apenas ganhando tempo até que ela tivesse idade suficiente para sair com ele sem repercussões? 

 Miley provavelmente ficaria preocupada o suficiente para enfrentar Joe e em seguida, Joe ficaria irritado com Demi.

 Então era melhor apenas manter tudo para si mesma.

 Mas ela podia dizer a Selena. Graças a Deus ela tinha Selena para confiar seus segredos.

****

 Demi acordou na manhã seguinte com o cheiro de café e encontrou Zach sentado sozinho na cozinha, comendo seu cereal frio. Ela se ofereceu para cozinhar para ele, mas ele estava quase terminado de comer e dispensou sua oferta, apesar de ter uma conversa animada, ele nunca mencionou o porquê de estar hospedado em seu antigo quarto, Demi seguiu o conselho de sua mãe e não perguntou ou comentou qualquer coisa.

 Mas Zachary comentou. - Desde quando a menina Jonas é sua amiga?

 Eram amigas? Demi esperava que sim, quem sabe talvez um dia fossem grandes amigas. 

 - Eu não sei. Isso é bem recente, eu acho.

 - Como?

 Seu irmão era um macho típico, com muito poucas palavras e muita opinião. 

 - Bem, você sabe que Selena tem um irmão, o Kevin.

 - Sim?

 - Kevin é muito amigo de Joe, o primo de Miley. Então todos nós temos andado um pouco, recentemente.

 Ela deu um suspiro silencioso, pois essa era apenas a verdade parcial, facilitaria Zach saber que ela estava perto de Joe, assim como Miley.

 - Essas crianças são bem mais velhas do que você, não são?

 - Selena tem a minha idade, é claro. Mas sim, Kevin, Joe e Miley são realmente mais velhos.

 - Mamãe e papai sabem que isso está acontecendo?

 - Nada está acontecendo, Zach. Nós somos apenas amigos e isso é tudo.

 - Você precisa ter alguns amigos jovens, mas as crianças da sua idade é que é mais apropriada para você.

 - Não há nada de impróprio sobre eles. E você não acha que não tentei? Sei que não vive aqui por muito tempo, mas você não pode ter visto que todo mundo por aqui me odeia?

 Uma carranca surgiu entre as sobrancelhas e seus olhos semicerrados.

 - Odeia você? Por que você acha isso?

 Os ombros de Demi caíram. - Eu não sei, acho que é apenas ciúmes.

 - Bem, eu posso entender o porquê disso com certeza. Você se tornou uma menina muito bonita.

 Demi olhou para o irmão. – Isso não é verdade e não minta para mim para me fazer me sentir melhor, Zach. Eu estou falando sobre elas estarem com ciúmes de todo esse dinheiro fedorento que existe por aqui. - Seus olhos se estreitaram nele. - E não sou mais uma menina.

 Zach soltou uma risada áspera. - Dinheiro Fedorento? Você quer me empurrar e a nossos pais em alguns investimentos ruins? Que ajude-os a ir à falência? - Zach brincou.

 - Não. - Demi sorriu de volta.

 - Você quer me ver de fora de um grande sucesso porque algumas crianças estão tornando a sua vida miserável?

 - Não é engraçado! Mas não, mesmo se você falasse realmente sério, não. Rebecca vai se formar antes de mim e espero que saia imediatamente da cidade. Estou esperando as coisas melhorarem depois disso.

 Zach ficou sério. - Eu espero que sim, também. Mas se ficar muito ruim me diga imediatamente. Você não deveria ter que passar por isso, se quiser posso falar com o papai e você irá morar comigo em Dallas, vou colocar esse seu pequeno bumbum em uma escola particular mais rápido do que você pode piscar. Eu não quero que você seja infeliz - esguichou.

 Quando Demi olhou para seu irmão, ela sabia que ele estava sentindo por ela profundamente e estava falando sério sobre sua oferta. Isso era o que tornava a ligação entre eles tão forte. Mesmo que houvesse a diferença de doze anos entre eles e nenhum DNA compartilhado, Zach sempre seria seu irmão e ela sempre seria sua irmã. 

 - Obrigada.

 Ele se levantou e bagunçou o cabelo dela. - Não tem problema, agora, tenho que voltar para a cidade.

 - Tudo bem.

 Ele caminhou, porem parou na porta e se virou para ela. 

 - Mas você precisa começar a perceber uma coisa e logo Demi. Você é linda. Sério. Eu não sei se a mamãe não lhe disse, se você ainda não olhou para si mesma através do espelho ultimamente, mas acredite em mim quando lhe digo que as meninas na escola não estão apenas com ciúmes do nosso dinheiro. É você. E você precisa tomar cuidado, porque esses adolescentes malditos vão estar em cima de você logo, logo, se é que eles já não estão.

 Demi ficou sem fala, pois nunca em sua vida tinha ouvido Zach falar tantas palavras juntas, ele geralmente falava através de grunhidos de aprovação ou desaprovação. 

 Claro, ela não acreditava no que ele estava dizendo nem por um segundo. Talvez ele estivesse tentando apenas lhe dar um pouco de autoconfiança, talvez ela tivesse se mostrando apenas razoavelmente bonita, mas bonita de verdade? Jamais. Seu irmão poderia mentir sempre com as melhores intenções. 

 - Isso é tão doce.

 - É a verdade.

 Demi pensou em como Joe era lindo. Seus olhas eram totalmente incríveis, ela só esperava que tivesse o que seria necessário para pegá-lo e em seguida após agarra-lo, mantê-lo com ela. 

 Miley era parecida com Joe, exceto por ser o oposto, de uma forma suave e feminina. 

 Demi abriu a boca e antes que pudesse detê-las as palavras foram derramadas de sua boca.

 - Miley é tão bela. Ela é muito alta, tem aqueles olhos verdes de arrasar e cabelos muito escuros. Eu gostaria de ter o cabelo igual ao dela.

 Demi poderia ter chutado a si mesma, pois apenas com a menção de um dos Turners, Zach se endureceu e um ar de imposição cheio de raiva parecia prendê-lo no lugar. Seu humor cheio de luz desapareceu e um desprezo gelado saiu através da sua voz. 

 - Ela não tem nada de especial. Nenhum dos Jonas têm. Lembre-se disso Demi.

 Ele bateu a porta ao sair.

****

 Na segunda-feira à tarde, Demi estava ao lado do armário de Selena quando sua amiga derramou tudo sobre Nick, enquanto Selena sussurrava sobre o ocorrido, Demi levantou-se e ouviu em silêncio extasiado, segurando seu livro de ciências contra o peito. 

 - Eu não sei como aconteceu, pois estava comendo aquelas batatas fritas como você mesma viu, então olhei para baixo e vi que havia sal na minha coxa, aí comecei a retirar, logo em seguida... - Selena respirou fundo. - E então, do nada, a mão de Nick estava na minha coxa, primeiramente ele meio que estava me ajudando com a retirada do sal, mas em seguida, ele deixou isso de lado e... - Selena engoliu em seco e parou de falar.

 - E o quê?

 Selena olhou em volta para ver se elas estavam sozinhas naquele momento. 

 - E então seus dedos se espalharam sobre o meu joelho e ele passou a mão por todo o caminho até a minha coxa... Até a bainha da minha bermuda.

 - Nossa. - A boca de Demi estava aberta e ela começou a balançar a cabeça para trás e para frente.

 - Simplesmente... Uau.

 - E ele simplesmente a deixou lá?

 - Sim, muito bonito né? Ele meio que continuou correndo a mão para cima e para baixo pela minha coxa, da bainha do meu short até o meu joelho e depois tudo de volta novamente.

 - Vocês estavam ambos olhando para debaixo da mesa, você percebeu isso?

 - Nós estávamos? Não, realmente não notei qualquer outra coisa naquele momento. Estou morrendo aqui, Demi, pois quero beijá-lo tanto que literalmente isso está me matando.

 - Eu sei agora, me diga o que o Kevin falou para você quando lhe puxou para fora do restaurante?

 Selena revirou os olhos. - Oh, você não vai acreditar, ele gritou muito, me falou várias vezes que o Nick era um bastardo e tudo o que ele queria fazer era entrar nas minhas calças, que ele e Joe iriam bater muito nele se fosse contra. E então ele ameaçou contar aos meus pais para que eles me mantivessem trancada dentro de casa. - Ela respirou fundo quando terminou de dizer tudo isso em um só fôlego. - Mas ele não vai, você sabe. Kevin não vai dizer nada aos nossos pais, porque sei de muita merda sobre ele, eu poderia seriamente tornar a sua vida muito miserável e ele sabe disso.

 - Você falou com Nick novamente?

 - Não. O que eu diria a ele, afinal?

 - Eu não sei, eu só queria saber se ele... - A voz de Demi ficou presa em sua garganta quando ela olhou para cima, seu olhar se fixou em alguém andando na direção delas.

 Os olhos de Selena ficarão grandes quando viu a expressão no rosto de Demi. 

 - O que você está olhando?

 Demi esticou o braço e colocou a mão no braço de Selena. - Não se vire agora. - Demi afundou as unhas na pele de Selena. - É melhor você pensar sobre o que você vai dizer a ele, porque ele está vindo atrás de você, neste exato momento.

 O rosto de Selena ficou branco, mas rapidamente foi inundado com uma cor. 

 - De jeito nenhum.

 Demi colou um sorriso falso no rosto e apertou o pulso de Selena, pois sabia que qualquer coisa que falasse neste ponto seria ouvido por Nick. 

 - Ok, então. Vejo você depois do quinto período.

 Demi olhou além de Selena e sorriu para Nick, que estava pairando atrás de Selena. 

 - Oi.  - Oi.

 Quando Selena virou para Nick, Demi teve apenas um momento para ver a expressão de dor no rosto dele antes de não ter mais nenhuma escolha, a não ser deixá-los sozinhos.

 Enquanto caminhava pelo corredor, ela cruzou os dedos mentalmente por Selena. 

 Ela realmente esperava que Nick se decidisse por Selena o mais breve possível.

****

 Demi passou a semana se perguntando onde estava Joe, mas ele ou era muito ocupado ou estava fugindo dela. 

 Ela teve dois testes essa semana e havia passado muito tempo estudando para eles, quando não estava completamente ocupada com os trabalhos de casa, sua mente se voltava para Joe, embora ela tentasse o seu melhor para não pensar nele.

 Mas isso era impossível.

 E por mais que tentasse, Demi não conseguia ficar longe da pequena cerca que separava a fronteira entre as terras Lovato e Jonas. Mas quase todas as tardes, quando o tempo permitia, ela subia num trator e ia até aquela linha da cerca, sempre avançando até que ficava parada no lugar que dava para as terras dos Jonas. 

 Ela fez isso por dias seguidos, mas nunca viu ninguém daquele lado.

 Quando fez o mesmo trajeto na sexta-feira à tarde, ela viu a sua sorte mudar bruscamente, pois Joe estava trabalhando no velho poço da casa que ficava a mais ou menos vinte pés sobre a linha da cerca.

 Ela o viu olhar para cima quando ouviu o zumbido do motor e os seus nervos se apertaram no estômago enquanto ele mostrava toda à sua altura máxima e se virava para onde ela se aproximava da cerca. 

 Ela estava esperando por isso há dias e não importava o quanto ela mentia para si mesma. 

 Quando ele começou a limpar a testa na manga da camisa e andar até a cerca, ela colocou o motor em ponto morto e ficou esperando.

 Ela não podia ler a expressão em seu rosto, mas tinha uma sensação de naufrágio na boca do estômago, que lhe dizia que isso não era nada bom.

 Ele parou em frente a ela, do lado oposto da cerca de arame farpado, com seus brilhantes olhos verdes passeando sobre ela. Ela ficou em silêncio e se concentrou no tique em sua bochecha, enquanto tentava acalmar aos seus batimentos cardíacos que estavam descontrolados.

 Suas palavras quando falou saíram baixas, muito controlada e tão suave como uísque. 

 - Eu estou achando que isso não pode ser uma coincidência, princesa.

 Envergonhada pela verdade, Demi pensou imediatamente em negar o fato, mas não queria mentir para ele, então permaneceu em silêncio enquanto tentava pensar numa resposta que não iria humilhá-la completamente.

 Ela esperou muito tempo e ele começou a protestar.

 - Eu meio que tive a ideia de que já havia sido claro com você. Talvez você não tenha entendido tudo, é isso? - Suas palavras eram baixas e aquecidas, mas ao mesmo tempo ela podia ouvir toda a raiva controlada, o que fez com que a sua voz passasse através de Demi como um banho de água fria, num dia quente de verão.

 - Eu sinto muito - ela conseguiu pedir desculpas baixinho.

 Joe continuou a olhar para ela sem falar, numa onda única de movimento a sua bota pisou no segundo fio de arame farpado e forçou-a para baixo, com a mão enluvada puxou simultaneamente o terceiro fio, executou com tanta facilidade aquele movimento que os pecuaristas vinham usando há décadas, ele se inclinou, deslizou incólume através do fio traiçoeiro e ficou em frente à Demi.

 Ele tirou as luvas de trabalho de couro fora, uma de cada vez e as enfiou no bolso de trás, então estendeu a mão e desligou completamente o motor com um toque da chave.

 Ele estava sobre ela, que ficou paralisada no assento de vinil rachado do trator, apenas seu corpo virou ligeiramente para o dele sem que percebesse. Ele estava tão perto que ela podia ver as gotas de suor no seu rosto e sentir o inebriante e delicioso aroma de suor que encharcava a sua camiseta, aquela combinação masculina era quase mais do que podia suportar.

 Seus olhos começaram a fechar devido a uma forte e chocante agonia de excitação.

 Eles se abriram novamente quando sentiu os seus dedos ásperos em seu queixo e notou que os olhos brilhavam para ela e as suas narinas estavam dilatadas.

 - Demi minha criança, nós temos que chegar a um entendimento direito do que ocorre entre nós. Talvez fosse melhor escrever para você algumas coisas sobre o babaca e caloteiro que se diz meu pai, que está sempre bêbado ou dentro e fora da prisão? Ou que sempre que possível o xerife me observa como um falcão, porque ele acha que sou igual a ele e que sempre espera que eu cause problemas de uma forma ou de outra.

 Seu polegar acariciou seu queixo delicadamente em contraste direto com o ardor da sua voz. 

 - Agora, o que você acha que o xerife faria se eu de repente, começasse a sair com uma garota que tenha apenas quinze anos de idade, para piorar a princesa da cidade?

 Seus olhos brilharam para ela, dando-lhe um momento para digerir suas palavras, antes que a sua mão apertasse a sua mandíbula mais uma vez antes dele continuar.

 - Você precisa ficar longe de mim. Não faça isso ser para mim mais difícil do que já é. Você não sabe o que está fazendo com o meu interior, sabendo que posso ter você... Mas realmente não podendo. - Seus dedos apertavam todo o seu queixo, para em seguida, suavizar e voltar a lhe acariciar mais uma vez. 

 - Você me entendeu?

 Demi tentou responder, ela lambeu seus lábios e abriu a boca para falar, mas as palavras se paralisaram novamente quando os olhos de Joe caíram para a sua boca e seus dedos voltaram a apertar seu rosto.

 Sua garganta fechou e as palavras não vieram.

 Seus olhos se enroscaram com o dela e permaneceram assim até que um olhar agoniado e feroz cruzou por suas feições e ele mordeu fora.

 - Repita comigo, princesa. Joe me quer.

 Choque e calor afetaram o seu sistema e ela engasgou.

 Seus dedos mudaram de lugar e entraram em seu cabelo quando sua voz assobiou para fora.

 - Estou falando sério. Repita comigo. Joe me quer.

 - Joe, por favor...

 - Não! - Ele gritou e ela pulou de susto.

 - Joe me quer - sua voz saiu trêmula e macia.

 - Joe me quer tanto que as suas entranhas estão amarradas em nós de dor constantemente. - Ele falou as palavras entre os dentes e esperou.

 Seus olhos fitavam ferozmente os dela e ela tentou com todas as suas forças repetir. 

 - Joe me quer tanto... - Ela descobriu que era impossível dizer aquelas palavras quando a sua voz começou a sumir.

 Ele estendeu a mão, percorreu os seus dedos por seu cabelo até que voltou a segurar seu rosto com as duas mãos fortes. Ele continuou a colocar para fora as suas palavras na terceira pessoa. 

 - Ele pensa em mim constantemente.

 Enquanto falava, seu olhar passou por cima dos seus lábios, pelo seu nariz e por seus cabelos que estavam novamente sob suas mãos. 

 - Ele passa de uma hora para a próxima, todos os dias, apenas imaginando o momento de poder se afundar em mim.

 As entranhas de Demi foram dilaceradas por aquelas suas palavras primitivas e isso era quase mais do que a sua juventude e inocência poderiam absorver. Ao mesmo tempo, um prazer requintado se infiltrou no seu sistema com o que ele estava dizendo a ela. Ele estava dizendo a verdade. Ele a queria tanto quanto ela o queria. Seu corpo tremia como a profundidade da sua necessidade que ele estava tentando transmitir a ela.

 Ele continuou ainda, num tom cortante e duro.

 - Mas eu não quero que Joe vá para a prisão.

 Ela ficou em silêncio enquanto tremia diante daquela declaração.

 - Diga. – Bruscamente ele mordeu fora.

 Uma única lágrima escapou do seu olho.

 - Diga isso. - Ele rosnou quando seu polegar disparou e enxugou aquela lágrima solitária.

 Demi respirou e estremeceu. 

 - Eu n-não quero que o Joe vá para a p-prisão. 

 Seus olhos se fecharam à medida que mais lágrimas brotaram novamente.

 Suas mãos se afastaram dela e ele deu um passo para trás.

 - Boa menina. - Elogiou. - Faça-nos um favor e lembre-se disso da próxima vez que você vier me procurar. Repita isso a si mesmo se isso lhe ajudar. Estou falando sério, Demi. Você pode se sentir como uma adulta...Você pode até saber o que quer, mas as leis do Estado do Texas não concordam com você.

 Ele deu mais um passo em direção ao muro e virou-se mais uma vez para olhar dentro dos seus olhos. 

 Sua voz só se suavizou ligeiramente. - Você tem que ter misericórdia de mim, princesa. Há muita coisa a se perder se a gente não conseguir esperar, ok?

 Seus olhos se agarraram aos seus e ela prometeu a si mesma que não iria procurá-lo novamente. 

 - Tudo bem.

****

 Fiel à sua palavra Joe ficou longe dela, mas durante aquelas semanas seguintes ela percebia que ele sempre estava lá, no fundo de sua vida. 

 Ela não foi mais procurá-lo, mas moravam em uma cidade pequena e ela acabava sempre se encontrando com ele, de vez em quando. 

 Olhares aquecidos passavam entre eles e Demi sabia que ele estava sentindo a mesma atração que ela sentia. Ele, obviamente, tratava de uma forma muito séria o assunto sobre ficar longe dela e isso quase a matava, mas perseverou, porque afinal, não tinha outra escolha.

 O que tornou ainda pior para ela foi o desenvolvimento da relação entre Selena e Nick. Nick finalmente havia colocado tudo em pratos limpos com o Kevin e agora ele e Selena estavam oficialmente juntos. 

 Demi tinha ouvido tudo ou pelo menos ela pensou que tinha ouvido tudo. Selena disse a ela com detalhes explícitos como Nick a beijou, o que ele falava para ela, o que tentava fazer com ela e o que ela o deixava fazer. 

 Apesar de não ter ciúmes, sentia muita inveja. Ela estava feliz por Selena, muito feliz, mas ela desejava ter a mesma chance de um relacionamento normal com Joe, mas isso não estava acontecendo. 

 E para piorar a situação, Kayla havia feito algum tipo de movimento que deixou muito frustrado o Kevin, pois agora ele e Kayla estavam juntos novamente e muito bem. 

 Então, agora sempre que Demi ia à casa de Selena, ela geralmente acabava sobrando e segurando vela.

 E isso a estava destruindo.

 Ela não viu Joe na casa dos Gomez e sabia que ele estava se afastando de lá por causa dela. Ela considerava este gesto muito bonito e muito solitário, o que quase quebrou o seu coração, pois ele estava evitando seus amigos por causa dela.

 Logo após tudo isso, o seu décimo sexto aniversário estava a apenas alguns dias de distância. Sua mãe queria fazer uma grande festa, mas isso era absolutamente a última coisa que Demi queria. Na verdade, apenas a ideia a horrorizara completamente. Quem queria uma festa que ninguém iria aparecer? 

 Talvez se pensasse melhor iria perceber que apenas estava muito triste, mas não conseguia encontrar energia suficiente para tal e tudo o que passava ultimamente na sua cabeça era assuntos referente à escola e Joe. 

 Esse era um resumo incrivelmente triste para a sua vida chata, mas essa é a maneira que ela era e o jeito que sempre foi. 

 Apesar de pensar a todo o momento em Joe, ela raramente o via e quando isso ocorria os sentimentos que ele induzia sobre o seu corpo quase a paralisava, de tanta necessidade.

 Naquele momento estava estudando numa pequena mesa na biblioteca da escola, ao lado de um dos nerd mais doces da cidade. Steven era um júnior e ele a ajudava com a matéria de trigonometria avançada. Ele era incrivelmente brilhante e Demi reconhecia que algum dia ele seria uma daquelas pessoas que se afastariam de Redwood Falls e ficaria rico em algum lugar como Dallas, ou Houston ou até mesmo em Seattle, se envolvendo com uma empresa de tecnologia iniciante. O cara tinha um grande potencial, mas Demi não estava interessada em quaisquer daqueles seus atributos, apenas o de trigonometria avançada. 

 Assim, quando Steven se sentou ao seu lado, ela não pensou em nada disso, até que levantou os olhos do caderno e viu Joe em pé, a poucos metros de distância, a observando com uma expressão indecifrável no rosto.

 Por alguns segundos, ele ficou completamente imóvel, com os pés colados ao chão e o olhar fixo sobre ela. Sua respiração ficou parada em seus pulmões quando seus olhos viajaram sobre os seus lábios e depois lentamente desceram para os seus seios. 

 O olhar que via em seu rosto era perfeitamente inebriante quando suas feições revelaram uma fome tão intensa, que a deixou sem fôlego. Seus músculos se apertaram, mil borboletas enlouqueceram em seu estômago e ela mal conseguiu levar oxigênio suficiente para sustentar a sua vida. 

 Ela lambeu os lábios, seus olhos se encontraram com os dela novamente quando as suas narinas se dilataram. E então, ele olhou para a sua direita e quando seus olhos caíram sobre o menino que estava sentado com ela, ele visivelmente enrijeceu.

 Steven que era o seu parceiro de estudo, deve ter sentido a tensão tomar conta dela, porque ele olhou para cima de seu livro de matemática e seu olhar viajou na direção que ela estava olhando fixamente. Assim que percebeu o seu objeto de atenção, seus ombros se sacudiram e ele engoliu em seco, ele sem dúvida notou que era Joe Jonas a razão do seu nervosismo.

 Joe ficou ereto com os ombros quadrados, enquanto seus olhos se afastavam de Steven, voltava para Demi e logo depois, lentamente, voltava para Steven novamente. 

 Seus punhos ficaram cerrados, a boca achatada quando seu olhar se estreitou sobre o menino mais novo. Houve um endurecimento severo e distinto nos olhos verdes de Joe, Demi ficou discretamente alarmada de como a sua postura parecia crescer quando ele respirava, fazendo o seu peito aumentar e os braços se enrijecerem de uma forma muito agressiva. 

 Não havia dúvida de que ele estava muito chateado, mesmo que ficasse claro que estava tentando ao máximo se controlar. As cicatrizes faciais que sempre lhe davam um ar de ameaça se destacava ainda mais do que de costume, quando o seu rosto ficava cheio de calor.

 Nem uma palavra foi falada, mas Demi quase podia sentir o suor frio sair de Steven. Joe não deu nenhum passo, não disse uma única palavra, apenas ficou em silêncio e esperou com toda aquela sua hostilidade mais do que evidente.

 Steven recebeu a mensagem em silêncio e levantou-se com pressa, para sair o mais rápido possível daquela sala.

 Os olhos de Joe permaneceram em Steven até que a porta se fechou atrás do outro menino, somente após aquela saída é que seu olhar deslizou de volta para Demi. Quase que imediatamente a sua postura ficou relaxada enquanto seus olhos bebiam dela mais uma vez. 

 Sua expressão visivelmente se suavizou e mesmo sabendo que deveria estar perturbada por sua exibição de propriedade, ela não estava. 

 Suas vísceras eram como marshmallows e uma vez que não podia sair com ele, ou tocá-lo, ou até mesmo falar com ele, esta era a única fonte de comunicação que tinha com ele. 

 Sua exibição de ciúme era como um bálsamo que lavava tudo através dela.

 Demi tinha cerca de dez segundos, doces segundo que os seus olhos a devorariam e que toda a sua atenção ficaria focada exclusivamente sobre ela. E durante esses segundos uma certeza veio a ela, que isso não era apenas uma paixão colegial. Ela não estava apenas apaixonada por ele. Esta era uma profunda emoção em sua alma e naquele momento ficou com muito medo de que nunca isso iria embora.

****

 O aniversário de Demi caiu numa quinta-feira e quando o ônibus a deixou em frente à sua casa, ela imediatamente viu, pelos veículos na garagem, que tanto Zachary como seus pais estavam em casa. 

 Embora estivesse contente em finalmente completar dezesseis anos, a única coisa que realmente se importava era que tinha que completar logo dezessete e cobrar a promessa que Joe havia feito para ela. 

 Ela entrou na casa quando um coro barulhento de 'feliz aniversário' e um monte de bobagens sobre seu 'doces dezesseis’ explodia ao seu redor. Ela sorriu e abraçou a sua família, notou com alegria que Zachary estava no canto da sala e sorria muito feliz para ela. Depois de todos os abraços ela abriu os presentes que havia ganhado. Adorou o pequeno e delicado colar de diamantes e o mais recente telefone celular que estava querendo há dias, antes de agradecer a sua mãe começou a balbuciar e lhe agarrou a mão a conduzindo para fora da porta traseira, com Zach e seu pai se arrastando logo atrás delas.

 Atrás da casa havia um reluzente e novíssimo carro vermelho, quando a sua mãe ficou ao lado dele com um sorriso bobo no rosto, seu pai estendeu as chaves para ela. Demi olhou para seus pais sorrindo, logo após para o Zach e depois de volta novamente para seus pais. 

 - De jeito nenhum.

 - Pegue querida - respondeu o pai.

 - Vocês estão me dando um carro?

 - Claro. Você quer me levar para um passeio?

 Zach falou: - Eu vou com você, esguicho. Você não quer que a mamãe e o papai fazendo o primeiro giro com você, não é? - Ele brincou.

 Ela olhou novamente para seus pais. - Tudo bem?

 - Claro. Apenas coloque o cinto de segurança e seja cuidadosa.

 Quando ela entrou no banco do motorista e Zach deu a volta para o lado do passageiro, Demi sabia que deveria estar sentindo alguma emoção monstruosa, porem tudo o que podia pensar era que o carro só deixaria as meninas da escola ainda mais ciumentas, mas como não queria que seus pais soubessem como se sentia, então ela apertou o cinto e sorriu para Zach. 

 - Ok, camarada, você está pronto?

 - Sim.

 Demi suspirou. - Eles não deveriam ter comprado um tão caro e chamativo.

 - Eles não têm ideia do que você está passando na escola. Você não vai dizer a eles?

 Demi sacudiu a cabeça. - Não, não vou fazer isso e nunca fale algo sobre isso, ok.

 Ela ajustou o espelho retrovisor e sorriu para o irmão. - Você está pronto para isso?

 Ele sorriu de volta. - Pode apostar.

 Demi cuidadosamente acelerou o seu carro e partiu, apenas por um momento se esquecendo completamente do que todas as outras pessoas pensavam sobre ela.

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Mais 'procêis' aqui! Comentem para o próximo! Beijos, amo vcs ♥

Bruna.