A Historia de Joe e Demi - Capitulo 14

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Quando Joe parou seu caminhão em frente à casa de Demi, ela estava tão chateada que mal conseguia segurar suas lágrimas, apesar de já prever uma reação negativa da sua parte com relação a tudo aquilo, tentou de todas as formas adiar ao máximo possível aquela revelação, esperando a melhor oportunidade de abordar o assunto, mas a um bom tempo estava se sentindo como se estivesse mentindo para ele. 

 Ele parou o caminhão na entrada de sua casa, porem deixou o motor ligado, o que não era o seu habitual. 

 - Falo com você mais tarde. 

 Demi ficou parada apenas olhando para ele, notou que desde que haviam saído da ponte ele não olhou mais para ela, sequer havia se virado na sua direção, pior ainda, não estava fazendo nenhum movimento para levá-la até a porta ou até mesmo para lhe dar um beijo de boa noite. 

 Sentia que ele estava muito chateado, mesmo percebendo o esforço que estava realizando para não mostrá-lo. 

 - Amanhã talvez?

 Fazer aquele questionamento era uma experiência nova para ela já que se falavam todos os dias. 

 - Eu não sei... Neste momento apenas preciso de um tempo para pensar sobre tudo isso. 

 - Pensar? Pensar sobre o que? - Ela não pôde evitar que sua voz ficasse mais alta. 

 Pela primeira vez ele virou a cabeça na sua direção dela. 

 - Que diabos de pergunta é essa? 

 - Acho que não há nada para você pensar, apenas estarei herdando algum dinheiro quando completar vinte e cinco anos. Grande coisa. 

 - É um grande negócio sim, Demi. E só alguém como você poderia pensar que não é. - Quando falou a sua voz estava áspera e irritada. 

 Demi ficou louca da vida com aquele seu comentário infeliz. 

 - Alguém como eu? O que quer dizer com isso? 

 - Nada, esquece. Falo com você mais tarde, ok? 

 Ele estava obviamente tentando fazê-la sair do carro, mas Demi não se importava com isso nem um pouco naquele momento, pois a última coisa que pretendia era entrar na sua casa e deitar na sua cama para ficar rolando de um lado para outro por horas, por estar preocupada com o seu relacionamento. 

 - Será que estamos bem? 

 - Eu não sei. - Ele respondeu de forma sucinta. 

 Seu coração pulou uma batida. 

  - Você não sabe? 

  - Eu não quis dizer nada demais com isso, apenas que tudo isso é uma responsabilidade muito grande, entende? 

 - Sim, mas é algo que ainda está muito longe para se concretizar, que não tem qualquer influência sobre a nossa relação neste momento, Joe. 

 - Isso é uma grande besteira, Demi. 

 - Besteira? Como assim? 

 - Para você é tudo mais fácil, irá continuar andando por aí com essa sua maneira alegre de viver como se nada tivesse mudado, já do meu lado, tenho que conviver com o ridículo das pessoas acharem a todo o momento que não sou nada, apenas a porra de um parasita. 

 Demi estava tão chocada com a raiva que sangrava através de sua voz que, por um minuto não soube ao certo como lhe responder, até que a sua própria raiva se elevou para outro patamar. 

 - A minha maneira alegre de viver? - Ela olhava para ele com os olhos cheios de indignação. - Mas é claro, tenho uma minha vida tão perfeita, tenho várias pessoas batendo na minha porta a todo o momento querendo ser meu amigo, certo? Meu dinheiro me faz ser tão popular. Ninguém nunca sente inveja ou ciúmes deste fato. Não. Sempre tive uma grande vida, agora que você, ‘o meu namorado’, também está chateado com isso, sinto que não há nada que possa fazer para melhorar a situação. 

 - Pobre menina rica. 

 Ele falou através de um murmúrio, mas mesmo assim Demi conseguiu ouvir e isso lhe causou uma dor aguda dentro do seu coração. 

 Respirando fundo falou. 

 - Você não pode falar comigo desta forma. 

 Embora ele olhasse para ela com firmeza, não fez mais nenhum comentário. 

 Demi colocou os dedos ao redor da maçaneta da porta se preparado para sair de perto dele o mais rápido possível. 

 - Eu sabia que você não iria gostar do que tinha para lhe dizer, mas nunca passou pela minha cabeça que você iria tentar me machucar intencionalmente.

 Ela abriu a porta e quando se virou para sair Joe estendeu a mão e a envolveu ao redor de seu pulso, porem continuou calado. 

 Demi olhou para seus dedos ao redor da sua carne e lhe disse.

 - Eu nunca te julguei por quem era o seu pai e nunca permiti que as suas cicatrizes definissem que tipo de pessoa você é. Sempre te olhei apenas focando a pessoa que você é por dentro. Porque você não pode olhar, apenas olhar para quem sou realmente e passar por cima desta questão do dinheiro? 

 Havia tantas emoções passando pelo seu rosto que Demi não conseguiu definir nem a metade delas. Percebia o tamanho do seu desespero e quando preferiu sufocar aquele sentimento, permitindo que o antagonismo e o seu temperamento ganhasse a sua batalha interna. Isso fez com que detonasse as mesmas respostas dentro dela enquanto sentia seus dedos apertando a sua pele. 

 - Dinheiro e terras são algo tangível caso você ainda não tenha percebido isso, Demi. Eles não são objetos que podem ser olhados por cima ou ignorados, pois simplesmente estão lá, e se ficarmos junto isso, será algo que sempre ficará na frente do meu rosto, tenho primeiramente que descobrir se posso lidar com isso. 

 - Se? 

 - Você espera que eu minta para você? Te dizer que está tudo bem quando não está? 

 - Eu não espero que minta para mim, na verdade não espero nada de você. - Ela cuspiu aquelas palavras. 

 Os olhos de Demi se encheram de lágrimas e ela puxou seu braço até ficar livre de suas mãos, quando percebeu exatamente o quanto ele estava chateado com tudo aquilo, ao mesmo tempo sentiu que ele estava lhe alarmando, preocupando e mais que tudo a irritando. Ele não tinha o direito de fazer aquilo com ela, não tinha o direito de deixar um monte de dinheiro ficar no caminho do relacionamento deles, afinal ela não havia feito nada de errado. 

 E ele era o que estava colocando a relação deles em espera? Talvez até mesmo rompendo com ela? 

 - Eu só preciso de um pouco de tempo para pensar, isso é tudo. 

 - Quanto tempo? 

 - Como vou saber? Você age como se isso não fosse um grande negócio, simplesmente está tão acostumada a ter tanto dinheiro que simplesmente não consegue se colocar no meu lugar. 

 Mais do que qualquer outra coisa uma grande onda de fúria corria através do sangue de Demi. 

 - Leve o tempo que precisar.

 Ela pulou para fora do caminhão e virou rapidamente para ficar de frente para ele, ainda segurando a porta aberta. 

 - Eu provavelmente estarei disponível quando você voltar. 

 - Que porra você quer dizer com isso? 

 - Nada na verdade, apenas estou deixando bem claro a você que não pode simplesmente me dizer que precisa de Deus sabe quanto tempo para pensar e depois é que decidirá se consegue superar isso ou não e esperar que eu fique sentada aqui esperando por você simplesmente. 

 - Você está terminando comigo? - Ele rugiu. 

 - Não! Você está terminando comigo! 

 - Isso tudo é uma grande besteira. 

 - Tudo bem, então irei perguntar de novo. Será que estamos bem? 

 - Eu. Ainda. Não. Sei. 

 - Tudo bem então. Adeus Joe. Vejo você por aí.

 Demi bateu a porta com força e entrou em casa pisando duro. 

****

 Demi não conseguiu dormir direito, na manhã seguinte qualquer bravata que havia sentido na noite anterior havia morrido e no seu lugar surgia uma silenciosa onda de pânico. 

 Ela correu para o seu chuveiro, na esperança de se sentir melhor após uma boa ducha, mas não obteve sucesso. 

 Assim que entrou na cozinha e encontrou a mãe começou a descarregar tudo sobre ela, afinal as mães deveriam ser boas ouvintes, certo?

 Como uma boa mãe ela a ouviu e se sensibilizou com a sua dor, mas Demi já contava com esse tipo de reação de sua mãe, porém não conseguia compreender como ela podia ao mesmo tempo entender o ponto de vista de Joe. 

 - Você tem que se lembrar do meu passado, meu bebê, pois naquela época estava quase na mesma situação de Joe. Cheguei à cidade de mãos vazias, fui obrigada a aguentar várias pessoas da cidade fofocarem sobre mim e sobre o meu casamento. Foi um longo, mas um longo período, antes de ser aceita como um deles. Saiba que o que Joe acabou de descobrir é algo muito perturbador e tenho medo que ele esteja certo, você precisa neste momento dar-lhe algum tempo.

 Enquanto apreciava o fato da sua mãe compreender e gostar da atitude do Joe, aquilo não era exatamente o que queria ouvir, no momento. Tudo o que ela queria agora era alguém para lhe dizer que Joe estava agindo como um idiota e quando ouvisse a voz da razão superaria rapidamente tudo isso, pois apesar de refletir muito antes e ficar com medo de dizer aquilo tudo para ele, jamais acreditou em seu coração que ele reagiria com tanta hostilidade. 

 E nunca esperou que ele pusesse a perigo o relacionamento deles. 

 Quando deixou sua mãe lhe dizer tudo o que queria, entrou em seu carro e foi para a cidade. 

 Ela precisava de Selena. 

 O que ela realmente precisava era de Joe, mas Selena era a segunda melhor coisa naquele momento, mas ao chegar a casa notou que parecia muito deserta enquanto batia na porta. 

 - Onde estão seus pais? 

 Selena abriu a porta e deixou Demi passar, enquanto respondia.

 - Eles me disseram que iriam fazer compras em Dallas hoje, mas juro por Deus, que sei que estão mentindo para mim. Acho que foram para um daqueles lugares onde colocam as mães solteiras. Lugares aonde as meninas vão durante os últimos meses de sua gravidez para que o mundo não tenha conhecimento sobre a vergonha que foi lançada sobre as suas famílias, sabia disso? Você pode acreditar nessa merda? Você pode acreditar que em pleno século XXI ainda exista esse tipo de lugar?

 - Não, não tinha nem ideia. 

 - Oh, mas é verdade. Não que passe pela minha cabeça que os meus pais poderão pagar por algo assim. 

 Enquanto Selena ia para a cozinha para pegar um par de garrafas de água para elas, Demi abruptamente percebeu que seus problemas eram ínfimos em comparação com os de Selena, apesar de precisar muito falar sobre si naquele momento, realmente queria muito fazer isso, Selena agia como um rolo cheio de informações, desta forma, jamais seria capaz de interrompê-la com seus próprios problemas que pareciam tão insignificantes diante dos dela.

 - Então, minha suposição é que irão encontrar um bom casal de meia-idade que não podem ter o seu próprio filho, vão solicitar que me sustente num desses lugares em troca do meu bebê.

 A voz de Selena quebrou na última palavra e o coração de Demi ficou apertado. 

 - Arcaico, não é? 

 - Será que eles realmente acham que você vai concordar com tudo isso? 

 - Jesus. Não sei realmente o que se passa na cabeça deles, mas posso testemunhar diante de um júri que estão totalmente insanos se pensam que irei mandar o meu bebê embora. - Selena balançou a cabeça e lágrimas gêmeas escorriam pelo seu rosto. 

 - Sinto tanta falta de Nick, sabia? Eu quase morri de desespero quando ele teve que voltar para a faculdade após as férias de Ação de Graças. Preciso dele aqui. 

 Demi franziu a testa de acordo. Ele deveria estar aqui. 

 - Ele não pode, tem que estar onde está neste momento se quiser ter uma vida decente no futuro. Só sei que... é tão difícil. A separação, quero dizer. 

 O celular de Demi começou a tocar. 

 - Sim, entendo isso. - Respondeu ela um pouco distraída quando puxou seu celular do bolso. 

 Ela olhou para baixo e quando viu o nome de Joe piscando na tela, uma montanha russa de emoções selvagens passou dentro de si. Neste mesmo momento Kevin apareceu pela porta dos fundos, olhando tudo dentro da cozinha, obviamente vendo as lágrimas da sua irmã e provavelmente a preocupação no rosto de Demi. 

 O telefone continuava a tocar, então Demi atendeu enquanto dirigia um sorriso distraído para Kevin.  

 - Olá. - Demi disse ao telefone, conseguindo manter não sabe como o seu tom totalmente neutro. 

 A voz de Joe explodiu no telefone e dentro dela ao mesmo tempo. - Você disse a sua mãe que a gente se separou? 

 - Como você sabe disso? - Demi havia conversado com a sua mãe a apenas trinta minutos atrás. 

 - As palavras viajam e moramos numa cidade muito pequena, sabia? Agora apenas responda à pergunta. Você disse isso a ela? 

 - Sim. 

 - Que porra é essa? 

 Demi não se importou com o seu tom naquele momento, pois estava furiosa com a sua declaração, afinal ela poderia dizer a sua mãe qualquer maldita coisa que quisesse. 

 - É bastante simples, Joe. Nós terminamos, eu precisava de alguém para conversar.

 Quando ela disse aquelas palavras, pôde sentir tanto os olhos de Selena como os olhos de Kevin virarem para sua direção e permanecer colados nela. Droga, ela não queria que eles descobrissem isso agora. 

 O silêncio depois da sua declaração durou apenas um segundo, logo em seguida, Demi tinha tanto Joe como Kevin exigindo a sua atenção ao mesmo tempo. 

 - Que merda, você não precisava sair por aí contando para todo mundo o que acontece conosco. Sua mãe viu a minha tia na cidade e falou logo tudo para ela. A última coisa que precisava agora era me preocupar com isso e todos pensando que você é a pessoa sensata da nossa relação.  - Joe rosnou. 

 - Você terminou com Joe? - A voz de Kevin explodiu do outro lado da pequena cozinha. 

 - Isso é a voz de Kevin? - Perguntou Joe. - Que maldição. É melhor não dizer a ele que estamos dando um tempo, Demi. 

 - O que ele fez para você? Por que você terminou com ele? - Kevin perguntou enquanto dava alguns passos mais perto de Demi. 

 A garganta de Demi se fechou e ela não conseguia formar nenhuma resposta. Olhou para Selena que estava completamente imóvel enquanto absorvia a situação. Demi abruptamente percebeu que suas próprias bochechas estavam molhadas de lágrimas silenciosas, que tremia de choque, só conseguia segurar o telefone um pouco longe do seu ouvido enquanto a voz de Joe continuou a crescer.

 - Responda-me. Você está na casa dos Gomez? - Diga ao Kevin que é melhor para ele se manter longe de você neste momento! 

 Todos na sala ouviram a exclamação de Joe, Kevin foi para o seu lado, tirou o telefone celular de seus dedos dormentes e o colocou no ouvido.  

- Ela está chorando, seu porra. Tudo o que você fez com ela a fez chorar e eu não gosto de vê-la chorar, Jonas. Você está mais que fodido neste momento. 

 Kevin terminou a chamada para em seguida desligar o telefone celular completamente e jogá-lo sobre o balcão da cozinha. Em meio a lágrimas que estavam fluindo fortemente agora, Demi o sentiu puxa-la em seus braços e envolvê-la num forte abraço. Ela ficou completamente imóvel enquanto o seu calor masculino a envolvia. Ele era alto como Joe, com a cabeça contra o seu peito, Demi viu Selena silenciosamente sair da cozinha. 

 Demi não entendia por que Selena a tinha deixado quando sua presença era tão necessária e não a de Kevin, mas naquele momento se forçou apenas a voltar respirar uniformemente e manter as lágrimas sob controle. 

 As mãos de Kevin eram fortes, calmantes e Demi ficou apenas levemente surpresa ao sentir um beijo suave no topo de sua cabeça. Era fraternal e até mesmo paternal, o que a deixou feliz por ter um amigo junto a ela naquele momento, mas quando ele levantou o seu queixo, seus olhos se encontraram e o olhar que havia em seu rosto não tinha nada de platônico. 

 Kevin era bonito, na verdade sempre foi e toda aquela ocorrência estranha, adicionado aos sentimentos revoltos sobre o Joe entorpecia Demi um pouco, não permitindo que notasse o que realmente estava acontecendo. Suas reações estavam mais lentas do que o normal, se sentia quase letárgica, porem se sentia vagamente consciente de que estava em uma situação complicada e precisava voltar o mais rápido possível. Mas assim que este pensamento lhe ocorreu, os dedos de Kevin se espalharam por sua bochecha e entraram em seu cabelo. Ficou apenas levemente chocada ao perceber que ele olhava para ela como se quisesse beijá-la. 

 Sua mão voou contra o seu peito e ela começou a se empurrar para longe dele. Seu pulso acelerou um pouco, mas em algum lugar no fundo de sua mente, sabia que estava fazendo aquilo porque queria ficar longe dele, que ter os seus braços em torno dela certamente não fazia seu coração acelerar como Joe fazia assim que a segurava. 

 Seus pensamentos foram para Joe novamente e a tristeza englobou todo o seu ser e a sensação de letargia arrastou-a para baixo. Ninguém jamais a faria se sentir como Joe fazia. Por que será que ele havia lhe machucado na noite passada? 

 Ela olhou para Kevin e a experiência de estar no círculo de braços de outra pessoa a deixou desconcertada e como não podia lhe dar uma atenção maior, procurou se manter à distância do comprimento de um braço. 

 Suas palavras quando ele falou, soaram quase torturadas, e ela odiava toda aquela dor na sua voz. 

 - Eu estive esperando por quase um ano, para que você terminasse com ele. 

 Ela fez uma careta diante daquele pronunciamento contundente. 

 - Kevin, não. 

 - Ele é um dos meus melhores amigos, mas você não percebe como você é especial, Demi. 

 Ela balançou a cabeça em negação diante daquelas palavras. 

 - Sim, você é. Já me preparava para fazer um movimento na sua direção, quando ele teve uma chance e fiquei completamente ferrado. 

 - Kevin... Eu acho que talvez Joe e eu... Eu acho que nós apenas tivemos uma briga e isso é tudo. 

 - Não, vocês se separaram, ouvi muito bem você dizer isso. 

 Ela começou a se afastar de verdade. 

 - É melhor eu ir embora. 

 - Você já beijou alguém além dele, Demi? 

 Ela foi pega de surpresa e congelou diante do seu toque por apenas um segundo antes de começar a forçar uma saída novamente. 

 - Já beijou? 

 - Não, mas não quero...

 - Ele vai ter você de volta, eu sei disso. Merda, ele merece você. Eu amo ele como um irmão que nunca tive. Joe e Nick. Ambos. Tudo o que tenha feito com você para que chorasse... Irá pedir desculpas por isso, então vocês vão voltar a ficar juntos e viverem felizes para sempre. Eu sei disso. É o destino de vocês. O filho da puta é louco por você e eu sei que você sente o mesmo por ele. 

 Seus olhos procuraram os dela, enquanto ela se mantinha a distância de apenas um braço e ele continuava.

 - Mas então nunca vou poder saber o que estou perdendo e isso irá me matar a cada dia. 

 Demi o empurrou novamente, tentando fugir dali sem ferir os seus sentimentos, mas ao olhar em seus olhos, percebeu que estavam atormentados e sentiu toda a sua dor. 

 - Kevin...

 Suas mãos se moveram para embalar a sua cabeça, enquanto seus olhos a engoliam por completo, Demi foi atingido por um sentimento de culpa quando percebeu que Kevin tinha sentimentos mais profundos por ela do que poderia imaginar, sentimentos esses que jamais seriam correspondidos. 

 Ele tomou uma respiração profunda. 

 - Merda. Estou prestes a quebrar o código de irmãos.

 Demi enrijeceu, mas já era tarde demais. 

 Sua cabeça caiu sobre a dela e ele colocou seus lábios na sua boca. 

 Ela congelou com descrença, mas rapidamente teve uma visão repentina de Joe segurando uma outra menina, isso bateu forte dentro de Demi e ela soube naquele instante que qualquer briga que existisse entre eles deveria acabar logo para que isso jamais acontecesse. 

 Seus braços começaram a forçar Kevin para longe, o empurrando com toda a sua força. Quando se separou dele tropeçou para trás, olhando para ele e balançando a cabeça. Ela não havia repelido o beijo exatamente, mas ficou ciente imediatamente que o que estava sentindo era... Um grande nada. 

 Não, isso não era verdade, estava se sentindo culpada, porque os lábios dela nunca deveriam ser tocados por outra pessoa que não fosse Joe, por nem mesmo um único segundo como havia acontecido. 

 Eles olharam um para o outro através da pequena distância entre eles. 

 - Você não deveria ter feito isso. Você mesmo disse que ele é como um irmão para você. 

 Ela viu a cor carmesim destacar as maçãs do seu rosto com o seu comentário, e pressentiu que em seu rosto refletia um blush rosa também. 

 Demi ouviu a porta batendo atrás e passos imediatos. 

 Ela sabia antes de virar a cabeça que Joe havia entrado na cozinha, o que deixou as suas emoções em conflito. 

 Ela se sentia mal por Kevin e não queria que ele se machucasse, mas suas emoções primordiais ainda eram de raiva e mágoa por Joe. 

 Demi se virou lentamente para enfrentar o espectro sombrio de Joe Jonas, respirando pesadamente na porta e percebendo a situação com um único olhar. Seus olhos pareciam mortos e seu rosto empalideceu de todas as cores. 

 Ele olhou para Kevin com uma expressão assassina, então seus olhos pousaram sobre ela novamente e ela se sentiu empalada por seu calor. 

 Ele soltou uma respiração irregular.

 - Você o deixou beijá-la? 

 Como ele sabia disso? Estava escrito em seu rosto? E não, ela não deixou beijá-la coisa alguma, pelo menos não da maneira que Joe estava pensando. 

 Demi se encolheu com a pergunta e Kevin limpou a garganta antes de tentar falar. 

 - Joe...

 - Cale a boca. Eu vou lidar com você mais tarde.

 Ele virou a cabeça na direção de Demi novamente. 

 - E você? Será que você, Demi, ficou apenas parada e deixou-o colocar as mãos em cima de você? Será que ele colocou a língua na sua boca? 

 A raiva de Joe era palpável e Demi percebeu que se eles tinham algumas desavenças antes haviam se multiplicado neste momento. 

 Kevin tentou novamente. - A culpa foi minha...

 Joe criticou Kevin com um olhar de ódio. 

 - Com certeza... E vou bater em você até virar uma pasta de sangue em cerca de trinta segundos. Mas, por enquanto, FECHE A PORRA DA SUA BOCA! 

 No silêncio que se seguiu após a explosão de Joe, Selena entrou na sala e gentilmente limpou a garganta. Ela segurava o celular de Demi e tentou chamar a sua atenção. 

 - Demi. É sua mãe. Você precisa falar com ela. 

 - Não... Não agora. Diga a ela que já retorno para ela. - Demi não podia arrastar seu olhar para fora da expressão torturada de Joe. 

 - Não, querida. Ela precisa de você agora e você precisa atendê-la.

 Selena pediu suavemente, passando a mão em torno de Demi e a puxando na direção da sala, ao mesmo tempo a levando para longe de Joe e Kevin. 

 Quando Demi deixou a cozinha e colocou o telefone no ouvido, ouviu um baque repugnante e mal registrou o gemido que vinha da boca de Kevin. Ela sabia naquele instante que Joe tinha batido no seu amigo e a sua raiva aumentou. 

 Deus, o seu dia estava uma tragédia grega cada vez maior.

 - Oi, mãe. 

 - Você está bem, querida? 

 - Sim, eu acho que estou bem. - Demi olhou para Selena. - Só chorando os últimos acontecimentos no ombro de Selena. 

 Não, ela absolutamente não estava bem, mas não poderia dizer aquilo a sua mãe por telefone. 

 - Ouça bebê, você pode voltar para casa agora? - A voz de sua mãe quebrou sobre a questão e aquilo chamou a atenção de Demi. 

 - O que há de errado? 

 Demi ouviu sua mãe tomar uma respiração irregular. 

 - Vovó morreu esta manhã. O hospital acabou de ligar.

 Sua mãe se engasgou novamente. 

 - Seu pai está em Dallas com Zach e eu...

 - Estou indo. 

 - Sinto muito, querida. Sei que deveria ser mais forte, mas ela é a minha mãe e eu... Eu preciso de você agora comigo. 

 Lágrimas inundaram os olhos de Demi, tanto da dor por sua mãe como pela perda agonizante de sua avó que tanto amava. 

 - Estarei aí daqui a pouco, estou deixando a casa de Selena agora mesmo. 

 - Venha com segurança, ok? 

 - Sim. 

 - Precisamos fazer as malas rapidamente... Não estou conseguindo pensar direito.

Vamos pegar um voo hoje à noite para Shreveport.

 - Ok, chego daqui a pouco. 

 - Por que você não atendeu diretamente o telefone? 

 - Ele estava num outro cômodo, sei que neste momento precisa de mim e vou estar aí em mais ou menos vinte minutos. 

 - Obrigado, minha querida. 

 - Eu te amo, mãe. 

 - Eu também te amo, minha querida. 

 Demi entregou o telefone de volta para Selena, se virou e correu na direção de Joe. Suas mãos pousaram em seus ombros e Demi viu as linhas de tensão ao redor da sua boca. 

 - O que aconteceu? 

 Demi olhou para longe daquele seu olhar feroz e viu Kevin encostado no batente da porta, havia sangramento na sua boca devido a um corte e o seu olho já estava inchado. 

 Uma grande onda de fúria subia dentro dela pelo dano que Joe havia infligido em seu amigo. 

 - Eu não queria de forma alguma beijá-lo. - Ela respondeu à pergunta que ele havia feito antes. 

 Ela tentou se afastar, mas as suas mãos se fecharam sobre seus ombros como garras.

Ele ignorou sua negação e perguntou de novo.

 - O que aconteceu, Demi? 

 - Minha avó morreu esta manhã. - Ela respondeu afastando-se dele e desta vez conseguindo. 

 Selena veio por trás dela e quando a virou na sua direção a abraçou. 

 - Eu sinto muito. 

 Demi aceitou o abraço. 

 - Ok, ela estava com dor a muito tempo, então acho que foi o melhor para ela. 

 - Mas vocês não se sentem assim, não é? - Selena declarou.

 - Não, isso dói. - Disse Demi, enquanto pegava seu telefone que estava em cima do balcão. 

 - Tenho que ir agora, vamos para Shreveport esta noite. Vejo você em poucos dias. 

 - Eu vou te levar para casa. - Disse Joe. 

 Demi se encolheu para longe dele. 

 - Não, estou bem. 

 - Você não precisa sair dirigindo sozinha e muito chateada. 

 Demi lentamente se virou e olhou para ele enquanto Selena e Kevin a observavam. 

 - Eu posso lidar com isso e você não precisa se preocupar comigo. 

 - Demi...

 Ela o interrompeu. - Por que você não se preocupa neste momento com o seu amigo? Alguém acabou de espanca-lo sem motivo. 

 Demi observou enquanto Joe olhava para Kevin e a bagunça que era o seu rosto naquele momento. Ele fez uma careta e em seguida olhou para ela novamente. 

 - Estarei de volta em poucos dias. Tenho certeza de que toda essa merda ainda vai estar aqui quando voltar. 

 Demi virou e saiu da sala. 

****

 Depois que Demi deixou a sala, Joe viu Selena segurar o sangrento rosto de seu irmão. 

 - Você está bem? 

 - Sim, estou bem. Por que você não nos dá um minuto? 

 Seu rosto refletia a tensão que estava sentindo enquanto olhava de Kevin para Joe e vice e versa. 

 - Tem certeza? - Ela perguntou ao irmão. 

 - Sim. 

 Selena saiu da sala silenciosamente. 

 Quando Joe olhou para Kevin sabia que deveria se sentir culpado pelo dano causado ao seu rosto e ego, mas a única sensação que sentia era de traição misturada com raiva, que corria em velocidade máxima através de sua corrente sanguínea. 

 Ele não disse nada, porque seus punhos já haviam falado com eloquência suficiente. 

 Kevin levou a mão à boca e moveu sua mandíbula a fim de testá-la. 

 - Eu sinto muito. 

 - Seu filho da mãe. - Joe assobiou. 

 - Eu não deveria ter feito isso. 

 - Não brinca seu idiota. 

 - Vocês se separaram?

 - Nós apenas tivemos uma discussão, mesmo se tivéssemos terminado você jamais, deveria cruzar essa linha e você sabia disso.   Kevin abaixou a cabeça. - Sim, sei disso. 

 - Que porra é essa, cara? Por que você fez isso comigo?

 Debaixo daquela fúria toda, Joe estava sentindo a traição como uma faca perfurando uma ferida já aberta. 

 - Eu simplesmente perdi o controle. Você sabe que me importo com ela e que eu...

 - Você tem sentimentos por Demi? - Diante de tudo que pudesse acontecer aquilo soava ainda mais absurdo. 

 - Não tanto sentimentos assim, apenas... 

 Suas palavras sumiram quando abruptamente ele o interrompeu. 

 - Apenas o que? Você só quer transar com ela? Você quer foder a minha namorada, Kevin? - Joe sentiu seus punhos se apertarem diante da grande vontade que sentia por uma luta física. 

 - Não é nada disso. Não olho para Demi da mesma maneira como olho para as outras garotas. 

 - Que diabos isso quer dizer? E por que você está pensando coisas sobre a minha namorada? 

 - Jesus, Joe. Ela é perfeita, você sabe a porra do sortudo que você é. Ela é suave, feminina, doce...

 Joe deu um passo ameaçador para frente. 

 - Eu vou matar você seu filho da puta. 

 Kevin recuou, sinalizando para Joe com um movimento apaziguador de sua mão. 

 - Acalme-se. Sei que estraguei tudo. Sinto muito, mas se você me disser que ainda estão juntos vou respeitar. Sinto muito, cara. 

 - Nós ainda estamos juntos.  - Disse Joe entre dentes cerrados. 

 - Será que ela sabe disso? 

 - Pode apostar que saberá em breve. 

 - Eu sinto muito. 

 - Se você fosse qualquer outra pessoa estaria morto agora. Você entende isso? - Joe trovejou. 

 - Ela não me beijou de volta. Na verdade, ela me empurrou, então fique com raiva de mim, mas saiba que tudo o que está pensando sobre ela é muito errado. - Kevin respondeu. 

 - Será que isso deveria me fazer sentir melhor? Você coloca a porra da sua língua na boca da minha namorada e tudo bem. Ela é minha. Toda minha. Ninguém pode provar da sua doçura exceto eu, agora você experimentou isso. Porra. Você fodeu com tudo para sempre. 

 - Foi apenas um beijo...

 - Eu vou matar você. 

 - Joe, ouça. Você realmente quer que ela passe por toda a sua vida sem ser beijada por outro cara? Você quer que ela fique se perguntando por toda a sua vida o que mais tem lá fora? Pelo menos era eu... E posso dizer para você com todas as palavras que ela não sentiu nada. E não houve nada de língua entre nós, pois seus lábios estavam selados e bem apertados, ela me empurrou antes mesmo de começarmos algo. 

 - Você está louco? Você está tentando me fazer sentir melhor com essa defesa trivial e idiota? 

 - Ela estava chorando. Aproveitei-me disso. Sinto muito. 

 Joe tinha desperdiçado tempo suficiente naquela conversa idiota. Ele precisava ver Demi antes dela sair da cidade, então num movimento ágil tirou as chaves do bolso e se preparou para sair. 

 - Se você tocá-la novamente... Quero dizer, se apenas colocar um único dedo nela vou bater em você tanto, que irá tirar umas férias no hospital durante um mês. Você me entendeu? 

 - Sim, tudo bem. 

 Joe deu um último olhar depreciativo a Kevin e saiu para ir se encontrar com a Demi.

****

 Joe ligou para o telefone de Demi no meio do caminho, mas ela só atendeu após o terceiro toque. 

 - O que foi agora?  - Ela perguntou secamente. 

 - Como está a sua mãe?  - Perguntou Joe. 

 - Nada bem. 

 - Eu sinto muito. 

 - Sim, obrigada. 

 Seu tom de voz soava mal-humorado e Joe começou a sentir a tensão batendo em sua cabeça. 

 - Estou chegando à sua casa. 

 - Não. - Ela disse com firmeza. 

 - Demi... 

 - Eu não tenho tempo para isso agora, preciso ficar sozinha com a minha mãe, lembre-se que a sua mãe acabou de morrer Joe, isso é algo difícil de superar, pois a minha avó tinha apenas sessenta e cinco anos. 

 - Eu preciso te ver, precisamos falar sobre o que aconteceu ontem à noite. 

 Houve um silêncio antes dela falar novamente. 

 - Falar sobre a maneira que você me fez sentir como uma merda por algo que não posso fazer nada a respeito? 

 - Você precisa entender o meu lado Demi, nem por um momento você fez isso. 

 - Você está certo e este não é o melhor momento para isso. Acho que agora sou eu que preciso de um tempo. 

 Ele sentiu cada palavra como ácido queimando através do seu coração.  - Você está jogando as palavras que te disse ontem na minha cara? 

 - Pense o que quiser. Tenho que ir agora, pois há uma pilha de roupa para ajeitar antes de podermos fazer as malas. 

 - Quanto tempo você vai ficar fora? 

 - Cerca de uma semana. 

 - Quando você voltar, vamos resolver toda essa merda entre nós. 

 Ela ficou apenas em silêncio do outro lado da linha. 

 - Demi? 

 - Você me magoou muito Joe. 

 Ela não estava vendo o seu lado naquela história de forma alguma. 

 - Eu machuquei você? Que porra é essa? Você deixou o Gomez enfiar a sua língua maldita na sua boca e ainda acha que eu te machuquei? 

 - Oh meu Deus. Ele não chegou a ir tão longe seu cabeça dura. Eu o empurrei. 

 - É mesmo? Mas será que você está me dizendo à verdade? 

 - Você agora está me chamando de mentirosa? - Demi perguntou, com ódio escorrendo em cada palavra. 

 Joe ficou em silêncio por um momento quando uma sensação de alívio percorreu por todo seu corpo. 

 - Isso ainda está doendo dentro de mim. - Admitiu secamente. 

 - Você não deveria ter rompido comigo. 

 - Eu não quis romper com você! - Ele rosnou. 

 - Parecia que sim na noite passada quando você não conseguia falar se ficaria tudo bem entre nós. - Ela falou. 

 - Olha, sinto muito. Estamos bem agora, tudo bem?

 Joe sentiu sua cabeça latejar como se uma picareta estivesse encostada contra a sua testa enquanto esperava pela sua resposta. 

 - Vamos ver. - Disse Demi. 

 Joe quase perdeu o controle da direção. 

 - Que porra você quer dizer com isso? 

 - Falaremos sobre isso quando voltar para casa. 

 - Demi, estou lhe avisando e é melhor você ouvir e me ouvir bem. Você é minha. Cada centímetro do seu ser doce me entendeu? Você pertence a mim e não importa o tipo de briga que tivermos... Enquanto estiver fora da cidade é melhor lembrar a todo o momento que você pertence a mim e só assim, por isso você saberá que estamos na mesma sintonia, desta forma não terá quaisquer dúvidas pairando sobre sua cabeça... Irei ficar aqui esperando você voltar, porque sou seu e de mais ninguém. Isso está claro o suficiente para você? Estamos juntos e nunca se esqueça disso, caso contrário, haverá um inferno a pagar. 

 - Me ameaçar não irá ajuda-lo de forma alguma Joe. Mas não se preocupe, não vou fazer nada de errado. Minha avó morreu, lembra? O que você acha que eu fazer, hein? Sair para me divertir durante o velório? 

 Joe ouviu sua inalação irregular. 

 - Então te vejo quando voltar, ok? 

 - Acho que não tenho outra escolha.

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Nesse o bicho pegou! Comentem para o próximo, babes ♥ Beijos, amo vcs <3

Bruna