DEMI
Uma semana se passou. O mês de dezembro chegou e
com ele as provas de fim de ano na faculdade, que me fizeram
aproveitar cada momentinho livre para estudar cada vez mais. Lia no
ônibus, no trem, no intervalo das aulas, na hora do almoço, onde
fosse possível. Logo viriam as férias na faculdade e eu teria as
noites para descansar.
Juliane continuou saindo sem dizer pra onde ia,
cada vez mais arrumada, com roupas novas e dinheiro na bolsa, pois
Tereza estava exultante e comprara várias guloseimas como sorvete,
chocolate, doces e seus biscoitos preferidos, além de encher a
geladeira de refrigerantes. Como a mãe e a irmã não trabalhavam,
eu compreendi que Juliane estava ganhando dinheiro e presentes de seu
amante, ou de seus amantes.
Na quarta feira, ao chegar em casa à noite, vinda
da faculdade, eu encontrei minha irmã com os olhos vermelhos de
chorar e a nossa mãe consolando-a. Preocupada, quis saber do que se
tratava, mas elas não quiseram dizer nada e Juliane ainda acabou
gritando que eu tinha inveja dela, torcia para que se desse mal, mas
que isso não ia acontecer.
Eu perdi a cabeça e a chamei de fútil, mimada,
egoísta. Por fim, disse que nunca teria inveja de uma prostituta.
Desde então, Juliane não falava mais comigo.
Tinha horas que cansava lutar contra elas. Até
então, Juliane era menor de idade e eu tentei evitar que caísse
naquela vida de prostituição, mas agora era maior de idade e os
conflitos entre nós só aumentavam. Só eu trabalhava e pagava as
contas. E era sempre aquele inferno em casa. A cada dia mais tinha
vontade de arrumar um cantinho e sair dali, sem me preocupar como as
duas iam se virar. Mas no fundo, ainda tinha esperanças de recuperar
a minha irmã.
Na quinta-feira, Juliane dormiu fora de casa. Na
sexta à noite, fez questão de sair impecável num novo vestido e de
mostrar a mãe, na minha frente, os brincos e o colar de ouro puro
com pedras preciosas, que o amante dera de presente.
Em vez de despertar a suposta inveja em mim,
deixou-me mais preocupada ao ver a minha irmã sair com aquelas
joias, com risco de ser assaltada. Mas não falei nada. De que
adiantaria?
No sábado de manhã, dei um jeito na casa e
preparei o almoço. À tarde estudei, pois na semana seguinte seriam
minhas últimas provas daquele período. À noite, preocupada com a
irmã que não via desde sexta-feira, não consegui mais me
concentrar em meus textos e fui pra sala.
Vi novela com a minha mãe, sem prestar atenção.
Tereza deliciava-se com um chocolate branco em barra, sem tirar os
olhos da trama. Sem que eu perguntasse nada, começou a explicar
porque os dois personagens principais haviam brigado, emocionada. A
culpa era da maldita vilã, que queria o mocinho pra si.
Não sabia mais o que fazer, quando bateram na
porta da frente. Já passava das sete horas da noite.
Eu me levantei e abri a porta de ferro e vidro.
Luana, a amiga de Juliane, estava ali, sem maquiagem e com o cabelo
solto. Na certa não saíra com minha irmã.
-Oi, Luana. Juliane não está.
-Eu... eu sei.
Percebi que algo estava errado. Luana, sempre fria
e metida, parecia tensa e nervosa. Olhava-me, um pouco incerta.
-O que houve? - Segurei a maçaneta da porta com
força, sentindo um frio estranho percorrer meu corpo. Murmurei: -
Aconteceu algo com ela?
Luana fez que sim com a cabeça.
“Oh, Deus, não... Por favor, não”, Implorei
em pensamento, sentindo um medo atroz. Não queria que nenhum de meus
pressentimentos ruins se concretizassem. Respirando fundo, consegui
perguntar:
-O que foi? Diga, Luana!
-Hei, o que está havendo aí? – Indagou Tereza,
de seu sofá – Luana, é você?
-Sim, dona Tereza. Não aconteceu nada. – Luana
levou os dedos aos lábios, pedindo silêncio. – Vim pedir um
negócio à Demi. -Ah...
-Vem aqui. Sua mãe não precisa saber de nada
agora. – Luana me puxou pelo braço e fechou a porta. Eu estava
transtornada. Ela continuou, falando baixo: - Olha, ela está lá em
casa. Acalme-se.
O alívio fez com que eu soltasse o ar.
-Na sua casa? Ela está bem?
-Mais ou menos. Nem sei direito o que aconteceu.
Ela chegou lá ainda pouco, num táxi. Estava muito nervosa e não
falava coisa com coisa. Só pedia pra deixá-la entrar, pois não
queria vir pra casa naquele estado.
-Que estado? Pelo amor de Deus, Luana, fale tudo
de uma vez!
-Calma! – Luana passou as mãos pelo cabelo,
tensa. Depois me encarou. – Olha, ela tem saído com um cara aí e
durante a semana ele deu um fora nela. Deu-lhe joias de presente e
mandou-a passear. Sabe como Juliane é! Ela não se conformou muito
com isso.
-Você está falando de Joe Adam.
-Ele mesmo. Bem, ontem ia ter uma reunião na casa
dele e a Ju cismou de ir, mesmo sem ter sido convidada. Ela achava
que poderia fazer Joe mudar de ideia. Falei que era loucura e não
quis ir. Ela foi assim mesmo. Droga! Como me arrependo de não a ter
acompanhado! Se eu...
-O que ele fez com ela? – Perguntei baixo,
cerrando os punhos.
-Nem sei se foi ele! Como eu disse, Juliane chegou
confusa, chorando, não entendi nada! Só sei que ela não queria vir
pra cá e... ela estava toda machucada.
-Oh, meu Deus...
-Calma, Demi. Olha, meu tio é médico e ele já
cuidou dela. Agora Juliane está bem e dormindo. Tomou um
tranquilizante e só acorda amanhã. Graças a Deus ela não corre
risco de vida.
-Quero vê-la.
-Demi...
-Eu quero vê-la!
-Está bem. Vamos lá.
-Tá, espere um pouco.
Tentando controlar o nervosismo, eu entrei em
casa.
-O que Luana queria? – Tereza lambia os dedos
com chocolate derretido.
-Ela... quer uma... uma bolsa de Juliane
emprestada. Eu... – Já ia para o corredor. – Vou pegar uma pra
ela e depois vou ali, na casa de uma amiga. Não demoro.
-A Ju não gosta que mexam nas coisas dela.
Corri para o quarto, já tirando o short. Enfiei
uma calça jeans, sandálias rasteiras e peguei minha bolsa. Passei
pela sala tão rápido que a mamãe só foi me ver na porta.
-Qual bolsa da Ju você vai pegar? – Indagou
Tereza.
-A pequena – Inventei, já saindo – Volto
logo, mãe.
Já no carro de Luana, perguntei quais os
machucados da minha irmã.
-Parece que bateram no rosto dela. Um dos olhos
está inchado e ela tinha sangue no nariz e na boca. Meu tio disse
que o nariz não foi quebrado, mas... – Ela hesitou -O que foi?
-Ela... quebrou os dois dentes da frente.
Eu fechei os olhos por um momento, arrasada.
Coitadinha ... Como ela devia ter sofrido e sentido dor!
-Continue.
-O corpo também está machucado. Ah, Demi, é
horrível! Que merda!
-Continue, Luana.
-Mordidas, marcas de queimaduras nos seios e no
bumbum... Meu tio disse que pareciam ser de charutos. Alguém judiou
muito dela.
-Ela precisa ir para um hospital!
-Não! Ela implorou que não! Se fosse para o
hospital, iam chamar a polícia!
-Mas é isso que eu vou fazer! Acha que vou deixar
esse maldito Joe Adam livre, como se não tivesse culpa de nada? –
Quase gritei, cheia de raiva e revolta.
-Nem sabemos se foi ele!
-E quem poderia ser? Ela não foi na casa dele?
Talvez tenha ficado com raiva porque ela apareceu sem ser convidada e
foi insistente! Então, resolveu lhe dar um castigo! Mas ele vai
pagar! Ah, vai!
- Demi, se você fizer algo sem que a Juliane
queira, ela vai te odiar. Não chame a polícia agora. Ao menos
espere ela acordar e contar o que aconteceu. Por favor, Demi.
Chegamos em frente à casa de dois andares que
Luana morava, bem no centro de Nova Iguaçu. Saí do carro
rapidamente, tremendo, e segui Luana para dentro como um robô,
automaticamente, pois minha vontade era a de não ver seus
machucados. Teria dado tudo para que ela não passasse por aquilo.
Luana morava com a mãe, uma mulher divorciada e
de pouco mais de quarenta anos, que era bonita, esguia e mais parecia
a sua irmã. Ela era alegre, faladeira e jogava charme para todo
homem que passava em seu caminho. Eu a tinha conhecido em uma festa.
Cláudia nos recebeu na sala.
- Oi, Demi. Lamento nos encontrarmos novamente em
um momento tão ruim! Meu irmão, que é médico, já cuidou da Ju.
Agora ela está dormindo.
- Obrigada. – Murmurei.
- Venha, Demi. – Luana me levou ao andar de
cima.
Juliane estava num quarto rosa, cheio de bonecas e
ursos de pelúcia nas prateleiras. A luz do abajur iluminava seu
rosto pálido, inchado e cheio de hematomas. Uma colcha branca a
cobria até os ombros.
Eu não aguentei vê-la tão machucada e comecei a
chorar baixinho. Inclinei-me e acariciei os cabelos dela, arrasada,
indagando a mim mesma como a garotinha doce e carinhosa da minha
infância tinha se tornado tão irresponsável.
- Ju, eu te pedi tantas vezes para você tomar
cuidado ... – Murmurei, me erguendo de novo.
Tinha passado as últimas semanas preocupada com
ela, rezando, temendo que algo ruim acontecesse. E agora meus temores
se confirmavam.
- Desgraçado ... – Falei baixo, enxugando os
olhos, cheia de raiva. – Esse desgraçado covarde! Eu queria matar
esse covarde!
Uma onda de ódio me engolfou e virei para Luana,
de pé ao meu lado.
- Eu vou falar com esse Joe Adam.
A moça arregalou os olhos.
- Pra que? Não vai adiantar nada! E se ...
- Vou descobrir agora o que aconteceu. –
caminhei até a porta do quarto e Luana me seguiu. – Quero saber se
foi ele! Não vai escapar impune dessa!
- Demi ...
- Você sabe onde ele mora, pode me lavar lá.
- Você está nervosa e descontrolada.
Saímos para o corredor e virei para olhá-la.
- Se você não me der uma carona, vou à uma
delegacia e apareço lá com a polícia! - Mas e se não foi ele?
- É o que vou descobrir!
- Espere até Juliane acordar amanhã.
- Amanhã esse cara pode estar em outro estado ou
país! E eu vou explodir com essa revolta! – Olhei-a determinada e
raivosa. _ Você vem ou não comigo?
Luana suspirou, sem saber o que fazer.
- A Ju vai te odiar! – Eu a encarava e ela
capitulou de má vontade: - Tá bom! Ah, que droga!
A viagem foi feita em um silêncio tenso entre
nós. Luana estava preocupada e irritada. E eu sentia a raiva
borbulhar dentro de mim, cegando-me. Queria ser um homem bem forte
para quebrar a cara daquele maldito Joe Adam.
~
Gente sagsd eu terminei de ler a história e ela eh maravilhosa! Vms marcar a maratona, p q dia dessa semana vcs acham legal? 10 capítulos ou menos? Vamos lá!
Essa história tem 50 capítulos e o epílogo...
Comentem!
No próximo capítulo o bicho pega (nem tanto) uheueeuh
Beijos, amo vcs ♥
Bruna
Quero maaais!! Posta loogo pelo amor.
ResponderExcluirFlor e der divulga meu blog
jemieternamentejemi97.blogspot.com
Louca pra ver esse primeiro encontro.... adorei a idéia da maratona pode começar hj mesmo...., postaaaaa.....
ResponderExcluirPosta logooooooo !!!!!! Mulher
ResponderExcluirPode começar essa maratona hoje ,agora ...anda!!!
Posta logoooo kkk maratona logo tbm pff
ResponderExcluirPosta logoooooooooo
ResponderExcluirComeça hj a maratona please
-Nathalia-
N sei se digo bem feito ou coitadinha pra Juliane. Se foi msm esse Jonas ele é uma masoquista. MARATONA PRA HJ
ResponderExcluirposta hoje a maratona por Favooooor *-*
ResponderExcluirOii nunca comentei aqui antes, faz pouco tempo q comecei a seguir o blog...
ResponderExcluirTo adorando essa fic
Maratona pra hj, 10 cap pfvr