Ultimo da maratona, oficialmente! Me desculpem pelo super atraso e por ter postado dois capítulos de uma vez só... Espero q tenham gostado e se vcs comentarem bastante nesse, posto mais um hj! Beijos, amo vcs ♡♥ Bruna.
~
JOE
Na quarta-feira eu estava disposto a ligar para
Demi. Tinha visto as ligações que fez para mim, mas não atendi. Na
verdade, devia estar pensando que era algum castigo por não ter
vindo ao meu apartamento na segunda, mas era mais que isso. Primeiro,
eu precisava de um tempo longe dela para me controlar, entender o que
era aquela confusão toda que despertava em mim. E segundo, depois da
transa com a ruiva, eu me senti mal.
Tinha sido mecânico, algo que só me perturbou.
Por mais que tivesse minhas razões, pelo menos para mim, e soubesse
que desde o início só armei para levar Demi para a cama, traí-la
assim, tão descaradamente e sem vontade, me encheu de culpa.
Lembrava o tempo todo dela dizendo que me amava, se entregando sem
reservas. E enquanto isso tudo o que fiz foi usá-la.
Tinha que ser sincero comigo mesmo. Estava ligado
nela. Claro que não era amor. Longe disso. Mas gostava de sua
companhia, admirava o fato de trabalhar e estudar, tentar o melhor
para sua família, sustentando a mãe e a irmã. Se fosse outra, já
teria seguido sua vida e saído daquele buraco. Além disso, na cama
nos demos muito bem.
Sabia que não tinha enjoado dela. Eu queria mais.
Com o tempo, me acostumaria e então as coisas voltariam ao normal.
Era só isso.
No meio da tarde, estava em meu escritório quando
meu celular tocou. Vi o número de Juliane e atendi. Já estava
esperando aquela ligação. - Juliane.
- Oi, querido. Saudades de você! Sumiu daqui ...
– Deu uma risadinha debochada. – Até imagino por que.
- E por quê?
- Não está na cara? Arrancou a virgindade da
boba da minha irmã e agora vai aparecer para quê? Bom, por isso
estou ligando. Para lembrar você de sua promessa. - Eu já disse que
vou cumprir. – Disse entredentes.
- Acredito. Mas quando?
- Ainda não me separei de Demi.
- Não? Mas não vai ser logo?
- Talvez. Quando eu terminar com ela, cumpro nosso
acordo.
- Joe, e enquanto isso? O que faço? – Indagou
irritada.
- Espera.
- Espero? Tá falando sério? Demi está no meu
pé! Quer que eu trabalhe e pague o dinheiro do implante a você! O
dinheiro do agrado que me deu, nem pude mexer, ou ela ia desconfiar!
- Deposito mais um pouco.
- Mas não é isso! Preciso de algo concreto.
Droga, já não a fodeu como queria? O que pode querer mais com ela?
- Não sabe o valor da sua irmã? – A raiva
passou para minha voz.
- Valor? Aquela chata? Me poupe! E você, sabe o
valor dela, Joe? Você que praticamente comprou o meu apoio só para
levar a burra pra cama? Aposto que está aí, transando com as outras
a doidado enquanto a panaca anda por aqui toda sonhadora!
A culpa me corroeu ainda mais, pois era tudo
verdade. Apesar de odiar ver Juliane esculachando Demi, que só se
preocupava com ela, quem era eu para julgá-la?
Respirei fundo, muito puto. Tinha que manter
Juliane longe e feliz por um tempo, até me sentir preparado para me
separar de Demi. Então tive uma ideia.
- Tenho alguns amigos no ramo de marketing e
propaganda. Vou arrumar alguma coisa para você em um comercial de
tevê. E não vai dizer a ninguém que fui eu. Levanta uma grana e
Demi não vai poder dizer nada, é trabalho honesto.
- Que maravilha! Agora sim! Sabia que podia contar
com você, meu querido! – Riu, exultante. – Quando vai ser isso?
- Falo amanhã com eles.
- Perfeito! Bom, vou deixar você trabalhar. Ah, e
se por acaso quiser algo mais, uma mulher de verdade, estou por aqui,
meu bem. Não sou cheia de frescura como a minha irmãzinha. Engoli a
vontade de falar que Demi era muito melhor do que ela.
- Até mais, Juliane. – Desliguei.
Recostei na cadeira, pensando a merda que tinha
sido me aliar àquela cobra. Mas agora era tarde demais. Tinha que
dar meu jeito de sair daquilo da melhor maneira possível.
No entanto, aquela conversa me perturbou até o
final da tarde, a ponto de não conseguir me concentrar em mais nada.
A culpa e a raiva de mim mesmo me corroíam, mesmo arranjando um
monte de desculpas. Por fim larguei tudo e liguei para Demi.
Quando ela atendeu, meu coração disparou.
Sozinho em meu escritório, fechei os olhos e fui engolfado por
diversas sensações diferentes. Culpa, desejo, raiva, vergonha,
saudade. - Joe? – Sua voz era suave. Só de ouvi-la, tudo pareceu
mais vivo, mais intenso.
- Sim, Demi.
- Oi. Eu senti sua falta. – Disse baixinho.
- Eu também. – E não era mentira.
Queria ser mais duro, mais controlado, mas estava
feliz ouvindo sua voz. Lembrei da ruiva, de como foi frio e mecânico,
de como nos usamos como animais. Até pior. Mas tentei afastar o
episódio da cabeça.
- Liguei para você ontem. Ficou chateado comigo?
- Um pouco. Mas não foi por esse motivo que não
atendi. Foi um dia corrido. Estava esperando você sair do trabalho
para retornar a ligação.
- Mas agora está tudo bem?
- Sim, Demi, tudo bem. E com você? - Legal.
Senti que parecia mais tímida, mais na dela, sem
saber o que esperar por mim. Suspirei. E antes que eu dissesse algo,
falou:
- Amanhã não terei aula e gostaria de sair.
Pensei se ... se não gostaria de ir à Beija-Flor comigo.
- Ir aonde? – Não entendi.
- Na escola de samba Beija-Flor. Às vezes vou ao
ensaio e é bem legal. Quer ir comigo?
- Preferia que viesse para cá. Quero ficar
sozinho com você.
- Eu também quero, Joe. Mas ... Depois a gente
pode namorar. Quero dizer ...
- Depois que sair do ensaio.
- Isso. Ou então na sexta. É que a Selena e o
Rodrigo vão e convidaram a gente. Quer ir?
Não, eu não queria ir. Nunca tinha ido a um
samba na minha vida. Mas com a barra suja do jeito que estava,
resolvi fazer a sua vontade.
- Tudo bem, Demi.
- Jura? – Deu uma risada, como se não
acreditasse.
- Sim. Onde fica essa escola de samba?
- Em Nilópolis, aqui perto.
- Certo.
- Você me deixou feliz agora.
- É tão fácil assim te fazer feliz? –
Brinquei com a caneta sobre a mesa. Sentia-me mais calmo e em paz
falando com ela.
- Muito fácil. É só ficar perto de você. –
Sua voz era doce.
Sua sinceridade e entrega mexeram comigo.
- Gosto disso. – Murmurei.
Ficamos mais um tempo conversando e depois que
desligamos, fiquei muito quieto, imerso em meus pensamentos.
Era difícil acreditar que existia uma pessoa como
Demi. Linda e humana, lutadora e doce, suave e apaixonada. Devia
haver algo errado. Não era possível que alguém fosse assim, tão
perfeita.
Lembrei da minha avó, sempre tão desconfiada das
mulheres, principalmente depois do que minha mãe fez com meu pai,
até ele se matar. Era uma pessoa lúcida e inteligente. Raramente se
enganava com as pessoas. Estaria ela certa, sobre desconfiar de Demi?
Mas era impossível. Só se fosse uma excelente atriz e enganasse
todo mundo.
Não, era o jeito dela mesmo. Só podia ser. Mas
que era difícil crer que existisse tanta perfeição, isso era. De
qualquer forma, eu era um gato escaldado. Estava sempre alerta.
Cheguei à casa de Demi pouco depois das nove da
noite. Deixei meu carro em frente e toquei a campainha. Quase que na
mesma hora ela abriu a porta e surgiu na varanda. Seu rosto lindo se
iluminou e veio praticamente correndo até mim. Não esperei.
Empurrei o portão velho e entrei, encontrando-a no meio do caminho
enquanto se jogava em meus braços.
Eu a agarrei e beijei com paixão, forte, sentindo
uma euforia se espalhar dentro de mim, uma alegria tão intensa que
me desnorteou. Ao sentir seu corpo, seu cheiro, sua boca na minha,
uma felicidade e um desejo pungente me atacaram e eu me vi perdido.
Beijei-a com tudo e Demi retribuiu da mesma maneira, quente e
apaixonada.
Passei a mão em seu cabelo longo e macio, suguei
sua língua, apertei-a contra meu corpo já desperto, o membro ereto,
pronto e ansioso para entrar nela. Fui invadido por sentimentos
violentos e, enquanto a beijava muito, precisei lutar para não me
entregar a eles.
- Meu amor ... – Murmurou rouca contra meus
lábios, suas mãos percorrendo meus ombros, pescoço, nuca, cabelo,
toda cheia de emoção. – Senti tanto a sua falta ...
Eu não disse nada. Parecia mudo, engasgado,
abraçando-a e fechando os olhos por um momento. Era tão bom estar
ali, daquele jeito, tão envolvente e maior do que tudo, que eu não
sabia como agir, como enfrentar sentimentos tão desconhecidos e
poderosos. Então me entreguei e resolvi parar de lutar. Pelo menos
por enquanto, eu só queria aproveitar. E esquecer todo o resto.
Ergueu o rosto para mim e sorriu, suas mãos indo
em minha barba, passando os dedos em meu maxilar e queixo, como
gostava de fazer.
- Estamos de bem? – Brincou.
- Claro que sim. – Fixei os olhos naqueles lagos
prateados, dizendo baixinho. – Quatro dias longe de você pareceram
uma eternidade.
- Nem me fale! Mas agora estamos juntos, isso que
importa. Pronto para sambar muito hoje?
- Até parece. – Resmunguei, o que a fez sorrir
ainda mais.
- Por quê? Não gosta?
- Nunca fui a um samba na minha vida. O máximo
que sei de dança é uma música lenta e olhe lá. Sou duro e
desengonçado.
- Isso eu queria ver! Você tão perfeito em tudo,
dançando desengonçado.
- Nunca verá isso. Só faço aquilo que sei. E
algumas coisas até que faço bem. – Abaixei o tom de voz, em um
sentido sensual. – Você não acha?
- Sim, tem coisas que você realmente faz bem.
Como dirigir seu carro. – Seu sorriso era amplo, provocante. –
Tomar conta de sua empresa.
- O que mais? – Ergui uma sobrancelha,
esfregando-a de propósito sobre meu pau duro.
- Vou pensar ... Bem, acho que é só. – Viu
minha expressão e caiu na gargalhada, beijando suavemente meus
lábios e me abraçando com força. – Seu bobo. Você é perfeito.
Lindo, um amante quente e maravilhoso, um homem bom, perfeito em
tudo.
Fiquei quieto, pois eu não chegava nem na metade
do que ela dizia. Sempre me achei perfeito mesmo. Um rei, como minha
avó dizia. Inteligente, rico, poderoso, mais bonito que a maioria,
bom de cama. Mas nos últimos dias vinha vendo um lado meu que me
decepcionava cada vez mais. Talvez por influência de Demi eu
começasse a me enxergar.
- Vem, vou terminar de me arrumar. – Segurou
minha mão e foi me levando para dentro de casa.
- Ainda não está pronta?
- Não. Mas não demoro.
Entramos na sala e mais uma vez me surpreendi de
como era feia e pobre. Meu coração chegava a se apertar ao me dar
conta que Demi morava num lugar daqueles. A mãe dela, Tereza, como
sempre estava na frente da televisão, como se tivesse enraizado ali.
Seu rosto se iluminou ao me ver.
- Joe! Como vai, meu filho?
- Bem. E a senhora?
Fui cumprimentá-la enquanto Demi ia para o
quarto. Levantou, me beijou e indicou o sofá.
- Sente-se, fique à vontade.
Nos acomodamos, enquanto eu olhava para o sofá e
sentava com cuidado. Felizmente não tinha nenhuma mola solta. Tereza
balançou a cabeça.
- Essa minha filha tem cada ideia! Onde já se
viu, levar um homem fino como você para a Beija-Flor.
- Não há nenhum problema.
Fiquei lá, ouvindo seu papo chato, pensando o que
levava uma pessoa a viver assim, dentro de casa, grudada na tevê,
sonhando com riqueza e uma vida boa. E felizmente Demi não demorou
mesmo.
Estava maquiada, os olhos parecendo maiores e mais
claros com rímel e delineador, um batom vermelho nos lábios que a
deixou ainda mais linda e sensual. Usava uma camiseta da Beija-Flor
azul e branca, tomara-que-caia, modelando os seios redondos e bem
feitos e a cintura fina, uma saia branca curta e sandálias de salto.
Os cabelos caíam soltos e rebeldes, muito loiros. Estava levemente
bronzeada de nosso passeio no sábado, em Itaipava.
Era realmente espetacular. Passei os olhos nas
belas e longas pernas nuas, nos seios e imaginei que bastava alguém
abaixar sua blusa e os veria nus. Uma onda de ciúme me envolveu.
Senti a língua coçar para mandar ela trocar de roupa, mas fitei
seus olhos luminosos, seus sorriso lindo e soube que só criaria
confusão. Era bem provável que não trocasse e ainda deixasse
aquela felicidade toda de lado. Assim, não falei nada.
Usando jeans, tênis e uma camisa, eu levantei e
me despedi de Tereza. Demi fez o mesmo e saímos de mãos dadas. Ela
disse:
- Achamos melhor chamar um táxi, Joe. Lá não
tem lugar para estacionar e assim todo mundo pode beber, se quiser.
Você pode deixar o carro aqui.
- Tudo bem. – Chegamos ao portão e a fiz virar
para mim. – Olha, Demi, ontem, depois que nos falamos ao telefone,
pedi para um assessor meu comprar um camarote para essa noite. Assim
ficamos mais à vontade.
- Um camarote?
- É. Fui informado que é um dos melhores, com
vista para toda a quadra e com direito a buffet e bebidas. Ficaremos
mais à vontade.
Demi acabou sorrindo.
- Você não quer ficar no meio da muvuca, não é?
- Não é isso. Só não acho uma boa ficarmos
espremidos lá embaixo a noite toda em pé. – Dei de ombros.
Naquele momento Rodrigo e Selena se aproximaram de nós, animados, os
dois com a camisa da escola de samba. Nos cumprimentamos e eles
informaram que o táxi já estava chegando.
- Vamos ficar no camarote hoje. – Demi disse aos
amigos e me provocou: - Tem alguém aqui com medo de levar pisões
nos pés.
- É sério? – Rodrigo se animou. – Cara,
nasci em Nilópolis, passei a vida inteira na Beija-Flor e nunca pus
os pés no camarote! Gente fina é outra coisa!
Ele e Selena começaram a implicar comigo de
brincadeira e logo relaxei, sorrindo e respondendo às provocações.
Felizmente Demi não reclamou e, quando o táxi chegou, partimos para
lá. Tentei pagar a corrida sozinho, mas ninguém aceitou, nem Demi.
Fizeram questão de dividir para quatro e olhei irritado para ela,
mas apenas sorriu de volta.
A quadra era enorme e a rua em frente ficava cheia
de vendedores ambulantes, bares e pessoas. Circulamos no meio deles e
nos encaminhamos à entrada dos camarotes. Era no alto
e rodeavam toda a quadra imensa, divididos em
vários reservados.
O nosso tinha uma visão privilegiada da quadra,
possuía mesas e cadeiras e um espaço para umas vinte pessoas. Uma
senhora já dava os últimos retoques em uma mesa com pequenos
sanduiches e petiscos. Ao lado havia outra mesa com bebidas quentes e
coolers com cervejas em lata. Rodrigo ficou feliz da vida.
- Puta merda, é hoje que tiro o pé da jaca!
- Que vergonha! Se controle. – Selena o cutucou,
rindo. Mas o rapaz bateu no meu ombro, agradecendo:
- Valeu, cara. Valeu mesmo.
- Que nada. – Dei de ombros.
Na verdade, tudo aquilo era muito simples para
mim. Mas pelo menos melhor do que ficar espremido lá embaixo, com
certeza.
- É muito legal aqui. Vou tirar várias fotos. –
Demi ficou na ponta dos pés e beijou suavemente meu queixo. –
Obrigada.
- De nada, meu anjo. – Acariciei suavemente seu
cabelo.
Eles começaram a se servir. Pegaram cerveja e
beliscaram os petiscos. Olhei meio desconfiado para tudo, para o
uísque desconhecido, sem saber o que beber. Por fim, Demi me deu um
pouco de sua cerveja.
- Está geladinha.
Realmente estava o maior calor. Acabei me servindo
de um copo. Quase nunca tomava cerveja. E então eles se debruçaram
na balaustrada para ver as pessoas lá embaixo, se preparando para
começar. Fui para trás de Demi, uma das minhas mãos em sua
cintura, a outra segurando o copo.
Beijei a lateral de sua cabeça, sentindo seu
cheiro, feliz em estar ali só por que estava com ela. Depois olhei
para baixo.
Demi virou um pouco o rosto para mim, sorriu,
beijou suavemente meus lábios e explicou:
- As pessoas no meio da quadra ficam organizadas
em alas. Entra uma ala atrás da outra, contorna a quadra e volta. Os
primeiros são da comissão de frente, depois Mestre-sala e
Porta-bandeira, a ala de passos marcados e assim por diante. Lá no
palco ficam os componentes da bateria, o Neguinho da Beija-Flor e
outros puxadores e os diretores de carnaval.
- Entendi. – Balancei a cabeça.
Naquele momento, um apresentador ainda agradecia a
todos e dizia algumas palavras, enquanto os componentes se arrumavam
nas alas. Eram pessoas humildes em sua maioria, muitos enfeitados já
com roupas brilhosas de carnaval. Mas o que me chamou a atenção era
a alegria das pessoas.
Imaginei que a maioria trabalhava e já passava
bem das dez horas da noite. Na certa tinham chegado do trabalho e
ainda pegariam no batente no dia seguinte, mas isso não os impedia
de estar ali ensaiando e se divertindo.
Chegava a ser impressionante. Me fez lembrar a
música do Chico Buarque:
“ (...) Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval
(Vai passar)
Palmas pra ala dos barões famintos
E o bloco dos Napoleões retintos
E os pigmeus do Bulevar
Meu Deus, Vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear
Ai que vida boa, olerê
Ai que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral vai passar
(...)”
O amor pelo carnaval, por sua escola do coração,
fazia as pessoas esquecerem seus problemas, sua vida dura, a pobreza,
tudo. Em nome da paixão. Era realmente impressionante.
Havia belas passistas morenas, mulatas, umas duas
loiras, em roupas brilhosas, parecendo rainhas na pista, desfilando e
sambando mesmo sem música. Havia uma ala só de crianças. Outra só
de senhoras idosas com colares coloridos e turbantes de baianas. Mas
uma que me chamou a atenção era só de homossexuais.
Eles andavam de lá para cá, rebolavam, jogavam
cabelos, cheios de atitudes exageradas femininas. A maioria usava
roupa comum, mas alguns estavam travestidos. Era estranho ver tantos
juntos assim e indaguei a Demi:
- Tem uma ala só de gays?
- Sim. E eles sambam muito, precisa ver.
Um deles era tão feio e esquisito que parecia
visão do outro mundo. Muito magro e maltratado, usava sandália
prateada altíssima, uma micro saia e um bustiê prateado. Os ossos
apareciam e o peito era anormalmente grande dentro do bustiê. Uma
peruca loira dura caía armada, segura por um arco imitando uma coroa
de princesa. Andava de um lado para outro e acenava para as pessoas
do camarote, olhando para cima e sorrindo, como se fosse realmente
uma princesa ovacionada por seus súditos.
Quando passou embaixo do nosso camarote acenando
para a gente, Demi e Selena acenaram de volta sorrindo e Rodrigo
ficou assoviando “fiu-fiu” de brincadeira, o que a fez ficar toda
prosa e parar para sambar toda requebrada como uma minhoca, dando o
melhor de si. Eu olhava aquilo, impressionado. E enquanto ele se
acabava e vária pessoas aplaudiam, seu bustiê começou a descer,
escorregara para baixo. Até que estava quase na cintura e não
passava de enchimento de espuma, pois sei peito era magro e ossudo.
Percebeu e levantou o bustiê, dando uma última rebolada e seguindo
em frente para cumprimentar outras pessoas.
- Ela se acaba! – Riu Selena.
- Demi, se eu fosse você, abriria os olhos. –
Disse Rodrigo, sério. – Acho que o Joe está te traindo.
Eu o olhei de imediato. O rapaz caiu na gargalhada
e Demi e Selena também e então entendi que brincavam pelo fato de
que fiquei olhando para o filé de borboleta quase sem piscar. Acabei
rindo também.
- É que ele ... ela é engraçada.
- Se é! Está aqui toda quinta e adora dar um
show pro pessoal. – Explicou Rodrigo.
Eles me explicaram mais ou menos como funcionava
tudo. Acabei relaxando, gostando da cerveja geladinha e beliscando
uns salgadinhos. Sorri ao imaginar a cara da minha avó se soubesse
onde eu estava. Aliás, tinha quase uma semana que não a via. No dia
seguinte não poderia deixar de visitá-la.
Quando o Neguinho da Beija-Flor chegou e a bateria
começou, o clima mudou. As pessoas se animaram, pularam, bateram
palmas. E acabei entendendo a paixão que os motivava. O ritmo era
contagiante, uma energia viva e diferente pareceu pulsar no ambiente,
trazendo uma vontade quase incontrolável de se remexer. Até eu, que
nem ligava para samba, fui afetado.
- Eles começam a cantar sambas antigos para
esquentar. Depois puxam o hino da escola e só então começa o
ensaio, com o samba desse ano. – Demi explicou. Já se mexia no
ritmo, rebolando suavemente à minha frente.
Eu senti sua bunda passar roçando no meu pau e na
hora comecei a ter uma ereção. Meu corpo vibrou, intensificado pelo
samba que explodiu na quadra e a encostei mais em mim, minha mão
firme em sua cintura. Ao nosso lado, Rodrigo e Selena bebiam e
conversavam sobre o que acontecia lá embaixo.
Demi olhou para trás, para mim, sorrindo. Tinha
sentido como me deixou e suas bochechas estavam coradas. Mas não
recuou. Pelo contrário, pareceu gostar de me provocar. Rebolou mais,
não de maneira ostensiva ou pornográfica, mas o suficiente para
mexer com a minha libido.
- Mais tarde você me paga por isso. – Murmurei
em seu ouvido. E fiquei satisfeito quando estremeceu.
Foi uma noite surpreendente, muito melhor e mais
divertida do que eu poderia imaginar. A alegria pulsante de todo o
ambiente, das pessoas, da bateria, do samba, de tudo, acabou me
envolvendo. Bebi bastante, acabei até me mexendo um pouco, olhando
para tudo com um interesse renovado.
No espaço grande em que tínhamos, Demi e Selena
sambaram e não consegui tirar os olhos de Demi. Era linda, sambava
de modo maravilhoso, toda feminina e sensual, rebolando, provocando,
me deixando doido. Quando me olhava e sorria, vindo rebolando e
sambando para o meu lado, eu ficava fascinado, meu coração batendo
mais forte sem controle, todo meu corpo reagindo.
- Samba comigo ... – Murmurou e eu já estava um
pouco tonto, tinha entornado mais cervejas do que imaginei.
Estava na minha frente, requebrando, sorrindo,
deixando-me como um garoto bobo e embasbacado. Segurou na minha
cintura e não aguentei. Larguei o copo na mesa e comecei a me
arriscar no samba também. Ela riu. Vi Rodrigo e Selena caindo na
risada, mas nem me importei. Já estava além de qualquer vergonhe ou
controle. Só queria aproveitar, me divertir.
Acabei me soltando de vez. Sambei todo
desengonçado, arrisquei até um rodopio e Demi se divertiu a valer,
incentivando, me agarrando e beijando. É claro que não perdi a
oportunidade de abraçá-la forte e beijar na boca com paixão, nem
ligando se estávamos em um local público. Sentia-me feliz, livre,
solto como poucas vezes fui na vida.
Tirei várias fotos no meu celular de Demi, de nós
dois juntos, de Rodrigo e Selena, do ensaio lá embaixo. Demi também
tirou com o dela e o casal fez a mesma coisa.
Abusei bastante da bebida, mas nem liguei. Ri,
falei com outras pessoas e nem me dei conta, aplaudi o povo dançando
lá embaixo, acenei para quem acenou pra mim, me rocei em Demi em
todas as oportunidades e, quando saímos de lá, estávamos os quatro
rindo,
animados e tontos. Mas sem dúvida eu era o pior
de todos. Estava bêbado.
Pegamos um táxi, que nos deixou na avenida delas.
Já ia dar três horas da manhã e Rodrigo dormiria na casa de
Selena. Nos despedimos e Demi me levou para dentro da casa dela,
dizendo baixinho:
- Você não tem condições de dirigir, Joe.
Dorme aqui comigo.
- Claro, minha deusa da passarela. Ela riu e
entramos em sua casa.
Aí Joe se saltando! Até sambou kkkkk
ResponderExcluirPosta logo
Beijos e eu amo você
Eles já estão bem envolvidos.... não quero nem pensar quando Demi descobrir o acordo dele com a irmã.... posta mais....
ResponderExcluirAí Joe se saltando! Até sambou kkkkk
ResponderExcluirPosta logo
Beijos e eu amo você
Ta perfeita, posta mais!
ResponderExcluirAMEI!! A Maratona.
ResponderExcluirAdorei o Capitulo. Poste logo!!!
Continua, Tá muito perfeito...♡♡♡
ResponderExcluirPosta maaaais!!!perfeitooo
ResponderExcluir