28.12.14

Capitulo 21 - MARATONA 15/10 *BÔNUS*

Ultimo da maratona, oficialmente! Me desculpem pelo super atraso e por ter postado dois capítulos de uma vez só... Espero q tenham gostado e se vcs comentarem bastante nesse, posto mais um hj! Beijos, amo vcs ♡♥ Bruna.

~

JOE

Na quarta-feira eu estava disposto a ligar para Demi. Tinha visto as ligações que fez para mim, mas não atendi. Na verdade, devia estar pensando que era algum castigo por não ter vindo ao meu apartamento na segunda, mas era mais que isso. Primeiro, eu precisava de um tempo longe dela para me controlar, entender o que era aquela confusão toda que despertava em mim. E segundo, depois da transa com a ruiva, eu me senti mal.

Tinha sido mecânico, algo que só me perturbou. Por mais que tivesse minhas razões, pelo menos para mim, e soubesse que desde o início só armei para levar Demi para a cama, traí-la assim, tão descaradamente e sem vontade, me encheu de culpa. Lembrava o tempo todo dela dizendo que me amava, se entregando sem reservas. E enquanto isso tudo o que fiz foi usá-la.

Tinha que ser sincero comigo mesmo. Estava ligado nela. Claro que não era amor. Longe disso. Mas gostava de sua companhia, admirava o fato de trabalhar e estudar, tentar o melhor para sua família, sustentando a mãe e a irmã. Se fosse outra, já teria seguido sua vida e saído daquele buraco. Além disso, na cama nos demos muito bem.

Sabia que não tinha enjoado dela. Eu queria mais. Com o tempo, me acostumaria e então as coisas voltariam ao normal. Era só isso.

No meio da tarde, estava em meu escritório quando meu celular tocou. Vi o número de Juliane e atendi. Já estava esperando aquela ligação. - Juliane.

- Oi, querido. Saudades de você! Sumiu daqui ... – Deu uma risadinha debochada. – Até imagino por que.

- E por quê?

- Não está na cara? Arrancou a virgindade da boba da minha irmã e agora vai aparecer para quê? Bom, por isso estou ligando. Para lembrar você de sua promessa. - Eu já disse que vou cumprir. – Disse entredentes.

- Acredito. Mas quando?

- Ainda não me separei de Demi.

- Não? Mas não vai ser logo?

- Talvez. Quando eu terminar com ela, cumpro nosso acordo.

- Joe, e enquanto isso? O que faço? – Indagou irritada.

- Espera.

- Espero? Tá falando sério? Demi está no meu pé! Quer que eu trabalhe e pague o dinheiro do implante a você! O dinheiro do agrado que me deu, nem pude mexer, ou ela ia desconfiar!

- Deposito mais um pouco.

- Mas não é isso! Preciso de algo concreto. Droga, já não a fodeu como queria? O que pode querer mais com ela?

- Não sabe o valor da sua irmã? – A raiva passou para minha voz.

- Valor? Aquela chata? Me poupe! E você, sabe o valor dela, Joe? Você que praticamente comprou o meu apoio só para levar a burra pra cama? Aposto que está aí, transando com as outras a doidado enquanto a panaca anda por aqui toda sonhadora!

A culpa me corroeu ainda mais, pois era tudo verdade. Apesar de odiar ver Juliane esculachando Demi, que só se preocupava com ela, quem era eu para julgá-la?

Respirei fundo, muito puto. Tinha que manter Juliane longe e feliz por um tempo, até me sentir preparado para me separar de Demi. Então tive uma ideia.

- Tenho alguns amigos no ramo de marketing e propaganda. Vou arrumar alguma coisa para você em um comercial de tevê. E não vai dizer a ninguém que fui eu. Levanta uma grana e Demi não vai poder dizer nada, é trabalho honesto.

- Que maravilha! Agora sim! Sabia que podia contar com você, meu querido! – Riu, exultante. – Quando vai ser isso?

- Falo amanhã com eles.

- Perfeito! Bom, vou deixar você trabalhar. Ah, e se por acaso quiser algo mais, uma mulher de verdade, estou por aqui, meu bem. Não sou cheia de frescura como a minha irmãzinha. Engoli a vontade de falar que Demi era muito melhor do que ela.

- Até mais, Juliane. – Desliguei.

Recostei na cadeira, pensando a merda que tinha sido me aliar àquela cobra. Mas agora era tarde demais. Tinha que dar meu jeito de sair daquilo da melhor maneira possível.

No entanto, aquela conversa me perturbou até o final da tarde, a ponto de não conseguir me concentrar em mais nada. A culpa e a raiva de mim mesmo me corroíam, mesmo arranjando um monte de desculpas. Por fim larguei tudo e liguei para Demi.

Quando ela atendeu, meu coração disparou. Sozinho em meu escritório, fechei os olhos e fui engolfado por diversas sensações diferentes. Culpa, desejo, raiva, vergonha, saudade. - Joe? – Sua voz era suave. Só de ouvi-la, tudo pareceu mais vivo, mais intenso.

- Sim, Demi.

- Oi. Eu senti sua falta. – Disse baixinho.

- Eu também. – E não era mentira.

Queria ser mais duro, mais controlado, mas estava feliz ouvindo sua voz. Lembrei da ruiva, de como foi frio e mecânico, de como nos usamos como animais. Até pior. Mas tentei afastar o episódio da cabeça.

- Liguei para você ontem. Ficou chateado comigo?

- Um pouco. Mas não foi por esse motivo que não atendi. Foi um dia corrido. Estava esperando você sair do trabalho para retornar a ligação.

- Mas agora está tudo bem?

- Sim, Demi, tudo bem. E com você? - Legal.

Senti que parecia mais tímida, mais na dela, sem saber o que esperar por mim. Suspirei. E antes que eu dissesse algo, falou:

- Amanhã não terei aula e gostaria de sair. Pensei se ... se não gostaria de ir à Beija-Flor comigo.

- Ir aonde? – Não entendi.

- Na escola de samba Beija-Flor. Às vezes vou ao ensaio e é bem legal. Quer ir comigo?

- Preferia que viesse para cá. Quero ficar sozinho com você.

- Eu também quero, Joe. Mas ... Depois a gente pode namorar. Quero dizer ...

- Depois que sair do ensaio.

- Isso. Ou então na sexta. É que a Selena e o Rodrigo vão e convidaram a gente. Quer ir?

Não, eu não queria ir. Nunca tinha ido a um samba na minha vida. Mas com a barra suja do jeito que estava, resolvi fazer a sua vontade.

- Tudo bem, Demi.

- Jura? – Deu uma risada, como se não acreditasse.

- Sim. Onde fica essa escola de samba?

- Em Nilópolis, aqui perto.

- Certo.

- Você me deixou feliz agora.

- É tão fácil assim te fazer feliz? – Brinquei com a caneta sobre a mesa. Sentia-me mais calmo e em paz falando com ela.

- Muito fácil. É só ficar perto de você. – Sua voz era doce.

Sua sinceridade e entrega mexeram comigo.

- Gosto disso. – Murmurei.

Ficamos mais um tempo conversando e depois que desligamos, fiquei muito quieto, imerso em meus pensamentos.

Era difícil acreditar que existia uma pessoa como Demi. Linda e humana, lutadora e doce, suave e apaixonada. Devia haver algo errado. Não era possível que alguém fosse assim, tão perfeita.

Lembrei da minha avó, sempre tão desconfiada das mulheres, principalmente depois do que minha mãe fez com meu pai, até ele se matar. Era uma pessoa lúcida e inteligente. Raramente se enganava com as pessoas. Estaria ela certa, sobre desconfiar de Demi? Mas era impossível. Só se fosse uma excelente atriz e enganasse todo mundo.

Não, era o jeito dela mesmo. Só podia ser. Mas que era difícil crer que existisse tanta perfeição, isso era. De qualquer forma, eu era um gato escaldado. Estava sempre alerta.

Cheguei à casa de Demi pouco depois das nove da noite. Deixei meu carro em frente e toquei a campainha. Quase que na mesma hora ela abriu a porta e surgiu na varanda. Seu rosto lindo se iluminou e veio praticamente correndo até mim. Não esperei. Empurrei o portão velho e entrei, encontrando-a no meio do caminho enquanto se jogava em meus braços.

Eu a agarrei e beijei com paixão, forte, sentindo uma euforia se espalhar dentro de mim, uma alegria tão intensa que me desnorteou. Ao sentir seu corpo, seu cheiro, sua boca na minha, uma felicidade e um desejo pungente me atacaram e eu me vi perdido. Beijei-a com tudo e Demi retribuiu da mesma maneira, quente e apaixonada.

Passei a mão em seu cabelo longo e macio, suguei sua língua, apertei-a contra meu corpo já desperto, o membro ereto, pronto e ansioso para entrar nela. Fui invadido por sentimentos violentos e, enquanto a beijava muito, precisei lutar para não me entregar a eles.

- Meu amor ... – Murmurou rouca contra meus lábios, suas mãos percorrendo meus ombros, pescoço, nuca, cabelo, toda cheia de emoção. – Senti tanto a sua falta ...

Eu não disse nada. Parecia mudo, engasgado, abraçando-a e fechando os olhos por um momento. Era tão bom estar ali, daquele jeito, tão envolvente e maior do que tudo, que eu não sabia como agir, como enfrentar sentimentos tão desconhecidos e poderosos. Então me entreguei e resolvi parar de lutar. Pelo menos por enquanto, eu só queria aproveitar. E esquecer todo o resto.

Ergueu o rosto para mim e sorriu, suas mãos indo em minha barba, passando os dedos em meu maxilar e queixo, como gostava de fazer.

- Estamos de bem? – Brincou.

- Claro que sim. – Fixei os olhos naqueles lagos prateados, dizendo baixinho. – Quatro dias longe de você pareceram uma eternidade.

- Nem me fale! Mas agora estamos juntos, isso que importa. Pronto para sambar muito hoje?

- Até parece. – Resmunguei, o que a fez sorrir ainda mais.

- Por quê? Não gosta?

- Nunca fui a um samba na minha vida. O máximo que sei de dança é uma música lenta e olhe lá. Sou duro e desengonçado.

- Isso eu queria ver! Você tão perfeito em tudo, dançando desengonçado.

- Nunca verá isso. Só faço aquilo que sei. E algumas coisas até que faço bem. – Abaixei o tom de voz, em um sentido sensual. – Você não acha?

- Sim, tem coisas que você realmente faz bem. Como dirigir seu carro. – Seu sorriso era amplo, provocante. – Tomar conta de sua empresa.

- O que mais? – Ergui uma sobrancelha, esfregando-a de propósito sobre meu pau duro.

- Vou pensar ... Bem, acho que é só. – Viu minha expressão e caiu na gargalhada, beijando suavemente meus lábios e me abraçando com força. – Seu bobo. Você é perfeito. Lindo, um amante quente e maravilhoso, um homem bom, perfeito em tudo.

Fiquei quieto, pois eu não chegava nem na metade do que ela dizia. Sempre me achei perfeito mesmo. Um rei, como minha avó dizia. Inteligente, rico, poderoso, mais bonito que a maioria, bom de cama. Mas nos últimos dias vinha vendo um lado meu que me decepcionava cada vez mais. Talvez por influência de Demi eu começasse a me enxergar.

- Vem, vou terminar de me arrumar. – Segurou minha mão e foi me levando para dentro de casa.

- Ainda não está pronta?

- Não. Mas não demoro.

Entramos na sala e mais uma vez me surpreendi de como era feia e pobre. Meu coração chegava a se apertar ao me dar conta que Demi morava num lugar daqueles. A mãe dela, Tereza, como sempre estava na frente da televisão, como se tivesse enraizado ali. Seu rosto se iluminou ao me ver.

- Joe! Como vai, meu filho?

- Bem. E a senhora?

Fui cumprimentá-la enquanto Demi ia para o quarto. Levantou, me beijou e indicou o sofá.

- Sente-se, fique à vontade.

Nos acomodamos, enquanto eu olhava para o sofá e sentava com cuidado. Felizmente não tinha nenhuma mola solta. Tereza balançou a cabeça.

- Essa minha filha tem cada ideia! Onde já se viu, levar um homem fino como você para a Beija-Flor.

- Não há nenhum problema.

Fiquei lá, ouvindo seu papo chato, pensando o que levava uma pessoa a viver assim, dentro de casa, grudada na tevê, sonhando com riqueza e uma vida boa. E felizmente Demi não demorou mesmo.

Estava maquiada, os olhos parecendo maiores e mais claros com rímel e delineador, um batom vermelho nos lábios que a deixou ainda mais linda e sensual. Usava uma camiseta da Beija-Flor azul e branca, tomara-que-caia, modelando os seios redondos e bem feitos e a cintura fina, uma saia branca curta e sandálias de salto. Os cabelos caíam soltos e rebeldes, muito loiros. Estava levemente bronzeada de nosso passeio no sábado, em Itaipava.

Era realmente espetacular. Passei os olhos nas belas e longas pernas nuas, nos seios e imaginei que bastava alguém abaixar sua blusa e os veria nus. Uma onda de ciúme me envolveu. Senti a língua coçar para mandar ela trocar de roupa, mas fitei seus olhos luminosos, seus sorriso lindo e soube que só criaria confusão. Era bem provável que não trocasse e ainda deixasse aquela felicidade toda de lado. Assim, não falei nada.

Usando jeans, tênis e uma camisa, eu levantei e me despedi de Tereza. Demi fez o mesmo e saímos de mãos dadas. Ela disse:

- Achamos melhor chamar um táxi, Joe. Lá não tem lugar para estacionar e assim todo mundo pode beber, se quiser. Você pode deixar o carro aqui.

- Tudo bem. – Chegamos ao portão e a fiz virar para mim. – Olha, Demi, ontem, depois que nos falamos ao telefone, pedi para um assessor meu comprar um camarote para essa noite. Assim ficamos mais à vontade.

- Um camarote?

- É. Fui informado que é um dos melhores, com vista para toda a quadra e com direito a buffet e bebidas. Ficaremos mais à vontade.

Demi acabou sorrindo.

- Você não quer ficar no meio da muvuca, não é?

- Não é isso. Só não acho uma boa ficarmos espremidos lá embaixo a noite toda em pé. – Dei de ombros. Naquele momento Rodrigo e Selena se aproximaram de nós, animados, os dois com a camisa da escola de samba. Nos cumprimentamos e eles informaram que o táxi já estava chegando.

- Vamos ficar no camarote hoje. – Demi disse aos amigos e me provocou: - Tem alguém aqui com medo de levar pisões nos pés.

- É sério? – Rodrigo se animou. – Cara, nasci em Nilópolis, passei a vida inteira na Beija-Flor e nunca pus os pés no camarote! Gente fina é outra coisa!

Ele e Selena começaram a implicar comigo de brincadeira e logo relaxei, sorrindo e respondendo às provocações. Felizmente Demi não reclamou e, quando o táxi chegou, partimos para lá. Tentei pagar a corrida sozinho, mas ninguém aceitou, nem Demi. Fizeram questão de dividir para quatro e olhei irritado para ela, mas apenas sorriu de volta.

A quadra era enorme e a rua em frente ficava cheia de vendedores ambulantes, bares e pessoas. Circulamos no meio deles e nos encaminhamos à entrada dos camarotes. Era no alto

e rodeavam toda a quadra imensa, divididos em vários reservados.

O nosso tinha uma visão privilegiada da quadra, possuía mesas e cadeiras e um espaço para umas vinte pessoas. Uma senhora já dava os últimos retoques em uma mesa com pequenos sanduiches e petiscos. Ao lado havia outra mesa com bebidas quentes e coolers com cervejas em lata. Rodrigo ficou feliz da vida.

- Puta merda, é hoje que tiro o pé da jaca!

- Que vergonha! Se controle. – Selena o cutucou, rindo. Mas o rapaz bateu no meu ombro, agradecendo:

- Valeu, cara. Valeu mesmo.

- Que nada. – Dei de ombros.

Na verdade, tudo aquilo era muito simples para mim. Mas pelo menos melhor do que ficar espremido lá embaixo, com certeza.

- É muito legal aqui. Vou tirar várias fotos. – Demi ficou na ponta dos pés e beijou suavemente meu queixo. – Obrigada.

- De nada, meu anjo. – Acariciei suavemente seu cabelo.

Eles começaram a se servir. Pegaram cerveja e beliscaram os petiscos. Olhei meio desconfiado para tudo, para o uísque desconhecido, sem saber o que beber. Por fim, Demi me deu um pouco de sua cerveja.

- Está geladinha.

Realmente estava o maior calor. Acabei me servindo de um copo. Quase nunca tomava cerveja. E então eles se debruçaram na balaustrada para ver as pessoas lá embaixo, se preparando para começar. Fui para trás de Demi, uma das minhas mãos em sua cintura, a outra segurando o copo.

Beijei a lateral de sua cabeça, sentindo seu cheiro, feliz em estar ali só por que estava com ela. Depois olhei para baixo.

Demi virou um pouco o rosto para mim, sorriu, beijou suavemente meus lábios e explicou:

- As pessoas no meio da quadra ficam organizadas em alas. Entra uma ala atrás da outra, contorna a quadra e volta. Os primeiros são da comissão de frente, depois Mestre-sala e Porta-bandeira, a ala de passos marcados e assim por diante. Lá no palco ficam os componentes da bateria, o Neguinho da Beija-Flor e outros puxadores e os diretores de carnaval.

- Entendi. – Balancei a cabeça.

Naquele momento, um apresentador ainda agradecia a todos e dizia algumas palavras, enquanto os componentes se arrumavam nas alas. Eram pessoas humildes em sua maioria, muitos enfeitados já com roupas brilhosas de carnaval. Mas o que me chamou a atenção era a alegria das pessoas.

Imaginei que a maioria trabalhava e já passava bem das dez horas da noite. Na certa tinham chegado do trabalho e ainda pegariam no batente no dia seguinte, mas isso não os impedia de estar ali ensaiando e se divertindo.

Chegava a ser impressionante. Me fez lembrar a música do Chico Buarque:

“ (...) Seus filhos

Erravam cegos pelo continente

Levavam pedras feito penitentes

Erguendo estranhas catedrais

E um dia, afinal

Tinham direito a uma alegria fugaz

Uma ofegante epidemia

Que se chamava carnaval

O carnaval, o carnaval

(Vai passar)

Palmas pra ala dos barões famintos

E o bloco dos Napoleões retintos

E os pigmeus do Bulevar

Meu Deus, Vem olhar

Vem ver de perto uma cidade a cantar

A evolução da liberdade

Até o dia clarear

Ai que vida boa, olerê

Ai que vida boa, olará

O estandarte do sanatório geral vai passar

(...)”

O amor pelo carnaval, por sua escola do coração, fazia as pessoas esquecerem seus problemas, sua vida dura, a pobreza, tudo. Em nome da paixão. Era realmente impressionante.

Havia belas passistas morenas, mulatas, umas duas loiras, em roupas brilhosas, parecendo rainhas na pista, desfilando e sambando mesmo sem música. Havia uma ala só de crianças. Outra só de senhoras idosas com colares coloridos e turbantes de baianas. Mas uma que me chamou a atenção era só de homossexuais.

Eles andavam de lá para cá, rebolavam, jogavam cabelos, cheios de atitudes exageradas femininas. A maioria usava roupa comum, mas alguns estavam travestidos. Era estranho ver tantos juntos assim e indaguei a Demi:

- Tem uma ala só de gays?

- Sim. E eles sambam muito, precisa ver.

Um deles era tão feio e esquisito que parecia visão do outro mundo. Muito magro e maltratado, usava sandália prateada altíssima, uma micro saia e um bustiê prateado. Os ossos apareciam e o peito era anormalmente grande dentro do bustiê. Uma peruca loira dura caía armada, segura por um arco imitando uma coroa de princesa. Andava de um lado para outro e acenava para as pessoas do camarote, olhando para cima e sorrindo, como se fosse realmente uma princesa ovacionada por seus súditos.

Quando passou embaixo do nosso camarote acenando para a gente, Demi e Selena acenaram de volta sorrindo e Rodrigo ficou assoviando “fiu-fiu” de brincadeira, o que a fez ficar toda prosa e parar para sambar toda requebrada como uma minhoca, dando o melhor de si. Eu olhava aquilo, impressionado. E enquanto ele se acabava e vária pessoas aplaudiam, seu bustiê começou a descer, escorregara para baixo. Até que estava quase na cintura e não passava de enchimento de espuma, pois sei peito era magro e ossudo. Percebeu e levantou o bustiê, dando uma última rebolada e seguindo em frente para cumprimentar outras pessoas.

- Ela se acaba! – Riu Selena.

- Demi, se eu fosse você, abriria os olhos. – Disse Rodrigo, sério. – Acho que o Joe está te traindo.

Eu o olhei de imediato. O rapaz caiu na gargalhada e Demi e Selena também e então entendi que brincavam pelo fato de que fiquei olhando para o filé de borboleta quase sem piscar. Acabei rindo também.

- É que ele ... ela é engraçada.

- Se é! Está aqui toda quinta e adora dar um show pro pessoal. – Explicou Rodrigo.

Eles me explicaram mais ou menos como funcionava tudo. Acabei relaxando, gostando da cerveja geladinha e beliscando uns salgadinhos. Sorri ao imaginar a cara da minha avó se soubesse onde eu estava. Aliás, tinha quase uma semana que não a via. No dia seguinte não poderia deixar de visitá-la.

Quando o Neguinho da Beija-Flor chegou e a bateria começou, o clima mudou. As pessoas se animaram, pularam, bateram palmas. E acabei entendendo a paixão que os motivava. O ritmo era contagiante, uma energia viva e diferente pareceu pulsar no ambiente, trazendo uma vontade quase incontrolável de se remexer. Até eu, que nem ligava para samba, fui afetado.

- Eles começam a cantar sambas antigos para esquentar. Depois puxam o hino da escola e só então começa o ensaio, com o samba desse ano. – Demi explicou. Já se mexia no ritmo, rebolando suavemente à minha frente.

Eu senti sua bunda passar roçando no meu pau e na hora comecei a ter uma ereção. Meu corpo vibrou, intensificado pelo samba que explodiu na quadra e a encostei mais em mim, minha mão firme em sua cintura. Ao nosso lado, Rodrigo e Selena bebiam e conversavam sobre o que acontecia lá embaixo.

Demi olhou para trás, para mim, sorrindo. Tinha sentido como me deixou e suas bochechas estavam coradas. Mas não recuou. Pelo contrário, pareceu gostar de me provocar. Rebolou mais, não de maneira ostensiva ou pornográfica, mas o suficiente para mexer com a minha libido.

- Mais tarde você me paga por isso. – Murmurei em seu ouvido. E fiquei satisfeito quando estremeceu.

Foi uma noite surpreendente, muito melhor e mais divertida do que eu poderia imaginar. A alegria pulsante de todo o ambiente, das pessoas, da bateria, do samba, de tudo, acabou me envolvendo. Bebi bastante, acabei até me mexendo um pouco, olhando para tudo com um interesse renovado.

No espaço grande em que tínhamos, Demi e Selena sambaram e não consegui tirar os olhos de Demi. Era linda, sambava de modo maravilhoso, toda feminina e sensual, rebolando, provocando, me deixando doido. Quando me olhava e sorria, vindo rebolando e sambando para o meu lado, eu ficava fascinado, meu coração batendo mais forte sem controle, todo meu corpo reagindo.

- Samba comigo ... – Murmurou e eu já estava um pouco tonto, tinha entornado mais cervejas do que imaginei.

Estava na minha frente, requebrando, sorrindo, deixando-me como um garoto bobo e embasbacado. Segurou na minha cintura e não aguentei. Larguei o copo na mesa e comecei a me arriscar no samba também. Ela riu. Vi Rodrigo e Selena caindo na risada, mas nem me importei. Já estava além de qualquer vergonhe ou controle. Só queria aproveitar, me divertir.

Acabei me soltando de vez. Sambei todo desengonçado, arrisquei até um rodopio e Demi se divertiu a valer, incentivando, me agarrando e beijando. É claro que não perdi a oportunidade de abraçá-la forte e beijar na boca com paixão, nem ligando se estávamos em um local público. Sentia-me feliz, livre, solto como poucas vezes fui na vida.

Tirei várias fotos no meu celular de Demi, de nós dois juntos, de Rodrigo e Selena, do ensaio lá embaixo. Demi também tirou com o dela e o casal fez a mesma coisa.

Abusei bastante da bebida, mas nem liguei. Ri, falei com outras pessoas e nem me dei conta, aplaudi o povo dançando lá embaixo, acenei para quem acenou pra mim, me rocei em Demi em todas as oportunidades e, quando saímos de lá, estávamos os quatro rindo,

animados e tontos. Mas sem dúvida eu era o pior de todos. Estava bêbado.

Pegamos um táxi, que nos deixou na avenida delas. Já ia dar três horas da manhã e Rodrigo dormiria na casa de Selena. Nos despedimos e Demi me levou para dentro da casa dela, dizendo baixinho:

- Você não tem condições de dirigir, Joe. Dorme aqui comigo.

- Claro, minha deusa da passarela. Ela riu e entramos em sua casa.

7 comentários:

  1. Aí Joe se saltando! Até sambou kkkkk
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    Beijos e eu amo você

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  2. Eles já estão bem envolvidos.... não quero nem pensar quando Demi descobrir o acordo dele com a irmã.... posta mais....

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  3. Aí Joe se saltando! Até sambou kkkkk
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    Beijos e eu amo você

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  4. Ta perfeita, posta mais!

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  5. AMEI!! A Maratona.
    Adorei o Capitulo. Poste logo!!!

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  6. Posta maaaais!!!perfeitooo

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