DEMI
Na segunda-feira cheguei em casa logo depois do
trabalho, pois tinha entrado de férias na faculdade. Passava um
pouco das dezenove horas e encontrei minha mãe e Juliane na sala.
- E então, como passou o dia?
Observei seu rosto. Os hematomas tinham ficado
pretos e o inchaço diminuíra um pouco. Juliane respondeu:
- Com dor.
- Não melhorou nada?
- Um pouco.
- Foi ao dentista hoje?
- Sim, mamãe me levou para fazer o orçamento.
Sentei na beira do sofá, suspirando:
- E quanto ficou essa brincadeira?
- Quatro mil e oitocentos reais.
Arregalei os olhos. Passei a mão pelo cabelo,
nervosa.
- Tudo isso?
Ela deu de ombros. Fiquei pensando como arrumaria
dinheiro para pagar aquilo. Por fim me levantei, cansada. E notei que
minha mãe tinha um sorrisinho satisfeito nos lábios. Lancei um
olhar a Juliane, que também não parecia preocupada, até mesmo um
pouco alegre, apesar de tudo.
- O que houve?
- Nada! – Minha mãe exclamou na hora, corada,
trocando um olhar cúmplice com a caçula. Fiquei logo desconfiada.
- O que vocês estão aprontando?
- Por que está perguntando isso? – Juliane me
encarou.
- Parecem muito felizes para toda essa tragédia.
Nem sei como vamos pagar por seus dentes. Não tenho esse dinheiro.
- Vou dar meu jeito.
- Que jeito? Você não trabalha.
- Tenho meus meios.
Fiquei ainda mais nervosa e franzi o cenho,
indagando:
- Veja se não vai se meter em mais confusão,
está ouvindo, Juliane?
- Sim, mamãe. – Debochou e acabou rindo com
Tereza.
Eu me senti uma palhaça ali, preocupada, cansada,
cheia de contas para pagar, enquanto elas ficavam vendo televisão e
se divertindo com a minha cara. Irritada, fui para meu quarto. Não
ia me estressar com aquilo nem correr como uma desesperada para me
endividar e pagar dentes novos para Juliane. Tão logo o fizesse, ela
sairia correndo de novo atrás de homens
ricos.
Na terça-feira cheguei em casa depois das oito da
noite, pois tinha dado um problema na linha férrea e os trens
estavam um horror. Tinha sido um dia extremamente cansativo no
trabalho também. Dei graças a Deus por não precisar ir à
faculdade pelo menos por um mês.
Só queria chegar em casa e descansar. Entrei na
sala e ouvi risadas da minha mãe. Estava no sofá, ela em um e
Juliane em outro, ambas tomando sorvete. Mas não foi isso que me
surpreendeu e sim a enorme televisão fininha de tela plana, de 51
polegadas, que estava sobre a mesa. Era tão grande que nem cabia na
estante. Passava um filme e elas riam.
Bati a porta, meus olhos fixos na tevê. Quando as
olhei, entendi as risadinhas do dia anterior. As duas me encararam
sorrindo.
- O que é isso?
- Uma televisão. – Debochou Juliane.
Engoli em seco, sem paciência, o sangue subindo.
Minha mãe disse logo: - Foi um presente.
- De quem?
- Joe. – Juliane me olhava com atenção. –
Acho que ele ficou com pena da nossa tevê e
...
- Você vai devolver. – Avisei, começando a
tremer.
- Nem morta! – Arregalou o olho bom.
- Não vai mesmo! – Emendou Tereza, me olhando
de cara feia. – Mandou de presente pra mim! É minha!
- Vocês não tem vergonha? – Perdi a cabeça,
furiosa, jogando minha bolsa no sofá. – Jogaram indiretas aquele
dia! Só faltaram pedir descaradamente!
- Mas para ele não é nada! – Juliane
completou, amansando um pouco. – E não pense que há algum
interesse sexual nisso. Saí com ele só algumas vezes e Joe me
explicou que não me ama. Acho que deve ficar livre para se
interessar por outras pessoas, sabe? Somos só amigos!
- E tem mais. – O sorriso de Tereza se ampliou.
– Ele pagou o tratamento dentário da Ju.
Todinho! Já mandou o dinheiro para a conta dela.
Eu não podia acreditar. Respirei fundo, tentando
me acalmar. Olhei para minha irmã. - Me passe o número dele.
- Para quê?
- Eu quero falar com ele, Juliane.
- Nem pensar! Vai querer devolver a tevê e o
dinheiro, mas não pode! Não são seus!
- Quero o número dele! – Exigi, com muita
raiva.
- Não! E não! – Gritou.
- Não vai devolver nada! – Emendou minha mãe,
histérica.
- Como vocês podem ser assim, sem vergonhas! Pelo
amor de Deus, isso é um absurdo!
Esse homem não é nada nosso!
- Ele foi namorado da Ju! Ainda deve ser
apaixonado por ela!
- Não, mãe. – Juliane negou rapidamente, me
lançando um olhar, explicando: - Somos só amigos! É que Joe é uma
pessoa muito boa e generosa! Só quis nos ajudar, viu onde vivemos, o
meu estado e ...
- Não precisamos de esmolas! Juliane, me dá o
telefone dele agora! – Estava a ponto de perder a cabeça.
- Não! – Gritou decidida.
Eu tentei me controlar, mas tremia, um véu
vermelho parecia ter descido sobre os meus
olhos. Peguei minha bolsa no sofá e me dirigi
para a porta.
- Aonde você vai, Demi? Está maluca? Demi!
Ignorei minha irmã e saí. Não pensei que estava
cansada, com fome e que já era tarde. Voltei à estação de trem e
peguei o primeiro rumo à Central do Brasil. Lá eu desci e peguei um
ônibus para a Zona Sul. Desci No Leblon, perto do prédio onde Joe
morava. Já passava das dez da noite quando falei com os porteiros e
eles ligaram para o apartamento dele.
Esperei impaciente. Não estava mais tão furiosa,
mas a raiva ainda fervia baixa dentro de mim, como em banho-Maria.
Quando o porteiro liberou a entrada para mim, fui decidida a deixar
umas coisas bem claras com Joe Adam.
Maaaais
ResponderExcluirUhu é agora que o bicho pega.... continuaaaaa.....
ResponderExcluirMeu Deus!!!
ResponderExcluirO Bicho vai pegar!! Joezinho meu bem aguenta que a Demi tá chegando. Acho que vai rolar um beijo no próximo capítulo.
Posta logo!!! Preciso de mais!! Não acredito que o próximo capítulo será o último da maratona de hoje :,(((
Eita.. Agora a porra ficou séria..
ResponderExcluirMaaiss..
Postaaaaaa Logooo Estou Amando a história *-*
ResponderExcluirVc quer me matar, continua por favor! !!
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