9.2.15

Tentação Sem Limites - Capítulo 8 MARATONA

Aqui está, acabei de chegar! Se daqui duas horas tiver 8 comentarios, posto mais um! Comentem!!!!!!! Beijos, amo vcs!
Bruna

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DEMI

Meu coração estava batendo tão forte que eu tinha certeza de que ele podia ouvir. Aquela tinha sido uma péssima ideia. Estar perto dele me deixava muito confusa. Era fácil esquecer quem ele era. Ele me tocar, ainda que só o meu rosto, me deu vontade de chorar. Eu queria mais do que aquilo. Sentia saudade dele. De tudo o que lhe dizia respeito. E estaria mentindo se dissesse que a ideia de estar tão perto dele o dia todo não havia me mantido acordada a maior parte daquela noite.

Como eu não disse nada, Joe aumentou o volume do rádio de novo. Eu devia falar alguma coisa, mas o quê? Como reagir àquilo sem simplesmente causar mais dor a nós dois? Dizer a ele que sentia saudade dele e que também o queria não facilitaria as coisas. Só seria mais difícil.

Desta vez, quando o telefone tocou, a tela do painel do carro dele exibiu o nome “Grant”. Joe apertou um botão e atendeu.

– Oi.

Arrisquei olhar para ele, já que o seu foco não estava mais em mim. As rugas de preocupação em seu rosto me deixaram triste. Não queria que elas estivessem lá.

– É, estamos a caminho – respondeu Joe ao telefone. – Não acho que seja uma boa ideia. Ligo para você quando voltar. – Ele cerrou o maxilar e eu soube que o que quer que Grant estivesse dizendo o estava deixando irritado. – Eu disse que não – resmungou e encerrou a ligação antes de atirar o telefone no porta-copos.

– Tudo bem com você? – perguntei sem pensar direito.

Ele virou a cabeça para mim. Era como se estivesse espantado pelo fato de eu estar falando com ele.

– Sim. Tudo bem – respondeu, em um tom muito mais calmo, então voltou os olhos para a estrada.

Esperei alguns minutos e decidi fazer algum comentário sobre o que ele me dissera. Se eu não começasse a falar sobre isso com ele, sempre teríamos aquele silêncio estranho entre nós. Mesmo que eu fosse embora em quatro meses e nunca mais o visse... não, eu o veria de novo. Eu teria que vê-lo, não teria? Será que eu poderia mesmo nunca contar a ele sobre o bebê? Afastei esse pensamento. Ainda não tinha ido ao médico. Pensaria nisso quando chegasse o momento. Naquela manhã eu vomitara de novo ao abrir o compactador de lixo e sentir um resquício do cheiro de peixe frito que Jace jogara fora na noite anterior. Eu não era tão sensível normalmente. O chá quente de gengibre que eu estava tomando quando Joe foi me buscar havia acalmado o meu estômago. Eu podia fingir que aquele teste de gravidez estava errado ou encarar a realidade.

– Sobre o que você falou... eu, hum, não sei bem como responder àquilo. Quero dizer, sei como me sinto e gostaria que as coisas fossem diferentes, mas elas não são. Eu quero que a gente... quero que a gente encontre um jeito de ser amigos... talvez. Eu não sei. Isso parece tão esquisito. Depois de tudo – parei, porque a minha tentativa de conversar com ele estava sendo um caos.

Como nós poderíamos ser amigos? Foi como tudo aquilo tinha começado e ali estava eu, apaixonada e grávida de um homem com quem eu não podia ter um futuro.

– Eu serei o que você me deixar ser, Demi. Só não me tire da sua vida de novo. Por favor.

Assenti. Tudo bem. Daria um tempo àquela história de amizade. Depois... depois eu contaria a ele sobre a gravidez. Ou ele sairia correndo, ou iria querer fazer parte da vida do nosso bebê. De qualquer maneira, eu precisava de tempo para me preparar. Porque não deixaria meu filho ter qualquer coisa a ver com aquela família. Nunca. Isso estava fora de cogitação. Eu odiava mentirosos... mas estava prestes a me tornar uma por um tempo. Desta vez, era eu quem tinha um segredo para guardar.

– Tudo bem – respondi, mas não disse mais nada.

Meus olhos estavam ficando pesados. A falta de sono da noite anterior e o fato de que eu não podia tomar cafeína para me despertar estavam me pegando. Fechei os olhos.

– Calma, doce Demi. Sua cabeça estava caindo para a frente e você iria acabar com um baita torcicolo. Vou só deitar o seu encosto.

Um sussurro profundo e quente soprou no meu ouvido e eu estremeci. Eu me virei para ele, mas estava tão sonolenta que não consegui despertar por completo. Algo suave roçou meus lábios e eu caí no sono de novo.

– Você precisa acordar, dorminhoca. Estou aqui, mas não faço ideia de para onde ir.

A voz de Joe, acompanhada por um apertão suave no braço, me despertou.

Esfreguei os olhos e os abri. Estava deitada. Olhei para Joe e ele sorriu.

– Não podia deixar você ficar com o pescoço caído. Além disso, estava dormindo tão profundamente, que quis que você se sentisse mais confortável.

Ele soltou o cinto de segurança e se aproximou de mim para apertar um botão na lateral do meu assento. O encosto voltou devagar à posição normal e eu vi o sinal de trânsito de Sumit, no Alabama, à minha frente.

– Sinto muito. Dormi o caminho todo. Deve ter sido uma viagem muito chata.

– Eu fiquei com o controle do rádio, então não foi nada mau – respondeu Joe com um sorriso irônico, olhando para o sinal. – Para onde eu vou daqui?

– Siga em frente até ver uma grande placa vermelha de madeira anunciando “Produtos frescos e lenha à venda” e vire à esquerda. Vai ser a terceira casa à direita, mas fica mais ou menos três quilômetros depois de entrar na estrada.

Depois de mais ou menos uns quatrocentos metros, acaba o asfalto.

Joe seguiu as minhas orientações e não falamos muito. Eu ainda estava acordando e um pouco enjoada. Não havia comido nada. Tinha biscoitos salgados que a Bethy me dera na bolsa, mas comer um deles na frente do Joe seria uma má ideia. Se eu passasse mal, poderia deixá-lo desconfiado.

Quando paramos na porta da garagem da casa da Vovó Q, eu estava suando frio. Vomitaria se não comesse alguma coisa. Abri a porta para sair antes que Joe pudesse ver o meu rosto. Provavelmente devia estar pálida.

– Quer que eu vá com você ou é melhor esperar aqui? – perguntou Joe.

– Ah, hum... talvez seja melhor você ficar aqui – respondi ao ver a caminhonete do Cain estacionada.

Não queria que Joe e Cain brigassem de novo. Também não confiava em

Cain para ficar de bico fechado sobre o teste de gravidez. Fechei a porta do carro e segui na direção da casa.

Cain abriu a porta de tela e saiu antes que eu chegasse ao primeiro degrau. A expressão no seu rosto era uma mistura de preocupação e raiva.

– Por que ele está aqui? Ele trouxe você para casa, agora pode ir embora – resmungou Cain, olhando para Joe atrás de mim.

É, tinha sido uma ótima ideia Joe ficar no carro. Senti o estômago embrulhar e lutei contra a náusea.

– Ele vai me levar de volta. Acalme-se, Cain. Você não vai brigar com ele.

Você é meu amigo. Ele é meu amigo. Vamos conversar sobre isso lá dentro. Preciso pegar minhas coisas.

Cain deu um passo para trás e me deixou passar, então me seguiu para dentro da casa, batendo a porta atrás de si.

– O que quer dizer com “levar de volta”? Aquele teste deu positivo? Você vai voltar para ele agora, mesmo depois de ter sido tão magoada a ponto de voltar para cá arrasada três semanas atrás? Eu vou cuidar de você, Demi. Sabe disso.

Levantei a mão para que ele parasse de falar.

– Uma coisa não tem nada a ver com a outra, Cain. Ele é um amigo que me deu uma carona. Sim, nós fomos mais do que isso antes... aconteceram coisas, mas agora não estão mais acontecendo. Eu não estou correndo para ele. Vou reaver meu emprego em Rosemary e ficar morando com a Bethy por um tempo. Depois vou para outro lugar recomeçar a vida. Só não posso continuar aqui.

– Por que não pode ficar aqui? Caramba, Demi, eu me caso com você hoje mesmo. Sem perguntas. Amo você. Mais do que a minha própria vida. Você tem que saber disso. Pisei na bola quando éramos mais novos e aquela história com a Callie não significa nada para mim. Ela é só uma garota que me distrai. Você é tudo o que eu quero. Venho lhe dizendo isso há anos. Por favor, me escute...

– Cain, pare com isso. Você é meu amigo. O que nós tivemos acabou há muito tempo. Eu agrei você fazendo coisas que não devia com outra garota. Naquela noite, tudo mudou. Amo você, mas não estou apaixonada por você e nunca mais estarei. Preciso arrumar as minhas coisas e tocar a minha vida.

Cain deu um soco na parede.

– Não diga isso! Essa história não acabou. Você não pode fugir assim, sozinha.

Não é seguro! – Ele fez uma pausa. – Você está grávida?

Não respondi. Fui até o quarto onde estava hospedada e comecei a arrumar a minha mala.

– Está? – insistiu ele, me seguindo até o quarto.

Não respondi. Continuei focada nas minhas coisas.

– Ele sabe? O filho do astro de rock vai assumir a responsabilidade? Ele está mentindo, B. O bebê vai chegar e ele vai fugir. Ele não vai conseguir dar conta. Um bebê não se encaixa na vida dele. Você sabe disso. Caramba, o mundo todo sabe disso. Ele mesmo pode ser um astro de rock. Vi a casa de praia onde ele mora. Ele não vai estar presente quando as coisas ficarem difíceis. Esse tipo de gente não fica. Posso ter pisado na bola, mas não vou fugir. Sempre estarei aqui.

Dei meia-volta.

– Ele não sabe, está bem? Nem sei se vou contar a ele. Não quero alguém para me salvar. Posso fazer isso sozinha. Não sou uma inútil.

Ele começou a abrir a boca para argumentar quando a Vovó Q entrou no quarto. Eu não tinha me dado conta de que ela estava em casa.

– Pare de implorar, Cain. Você fez a cama, rapaz, agora deite-se nela. Demi seguiu em frente. O coração dela seguiu em frente. Ela mostrou a todos nós que era capaz de estudar enquanto cuidava da mãe doente e dela mesma.

Vovó Q então olhou para mim e um sorriso triste tomou conta dos seus lábios.

– Parte o meu coração que você tenha outro fardo como este para carregar ainda tão jovem. Este quarto é seu, se precisar. Mas, se estiver decidida a ir embora, abençoo essa decisão também. Apenas se cuide. – Ela se aproximou e me abraçou. – Eu amo você como se fosse minha neta. Sempre a amei – sussurrou Vovó Q nos meus cabelos.

Senti os meus olhos se encherem de lágrimas.

– Eu também amo a senhora.

Ela deu um passo para trás e fungou.

– Não deixe de dar notícias – pediu, começando a se afastar. Então olhou de novo para mim. – Todo homem merece saber que tem um filho. Mesmo que não vá fazer parte da vida dele, um pai precisa saber. Não se esqueça disso.

Ela saiu do quarto, deixando Cain e eu a sós. Guardei as minhas últimas coisas na mala e fechei o zíper. Levantei-a pela alça. Meu enjoo havia piorado. Cobri a boca com a mão.

– Merda, B. Você não pode fazer isso. Me dê isso aqui. Você não pode carregar peso. Está vendo, você não pode fazer isso sozinha. Quem vai garantir que você está se cuidando direito?

O melhor amigo que eu tivera em toda a minha vida estava de volta e o cara maluco que achava que estava apaixonado e prestes a sacrificar a própria vida havia desaparecido.

– Eu contei à Bethy. Ela sabe e eu estou tomando cuidado. Eu não estava pensando. Isso tudo é muito novo para mim. E acho que vou vomitar.

– O que eu posso fazer? – perguntou ele, com um olhar de pânico no rosto.

– Biscoitos de água e sal ajudam.

Ele largou a mala e saiu correndo do quarto para buscar biscoitos. Voltou em menos de um minuto com uma caixa e um copo.

– A Vovó Q ouviu você. Ela já estava com a caixa de biscoitos e um copo de refrigerante nas mãos. Disse que isso vai aliviar o enjoo.

– Obrigada – falei, sentando na cama para comer um pouco.

Nós dois ficamos em silêncio. Minha náusea começou a diminuir e eu aprendi, por experiência própria, que aquele era o momento de parar de comer. Se comesse demais, passaria mal logo em seguida. Fiquei de pé e devolvi a caixa e o copo a Cain.

– Deixe aí. Guardo depois. – Ele pegou a minha mala. – Passe aquela caixa também. Você não pode carregá-la – disse ele, pegando as coisas que eu não havia desencaixotado depois da última mudança. Peguei a última sacola pequena e ele seguiu para a porta sem dizer mais nada. Seguir atrás dele rezando para que não fizesse nenhuma bobagem quando visse Joe.

Cain parou quando chegamos à porta de tela que levava à varanda. Depois de largar a mala, virou-se para mim.

– Você não precisa ir com ele. Eu disse que posso consertar isso. Você tem a mim, B. Sempre teve a mim.

Cain acreditava no que estava dizendo. Eu podia ver em seu rosto. Se eu precisasse de um amigo, sabia que Cain estaria lá. Mas ele não era salvador de ninguém. De qualquer maneira, eu não precisava de um salvador. Eu tinha a mim mesma.

Ajeitei a sacola no ombro e pensei com cuidado em como explicar aquilo a ele mais uma vez. Tentei de tudo. Ele não iria compreender a verdade. Falar sobre como ele havia falhado comigo quando minha mãe estava doente e eu estava completamente sozinha só iria magoá-lo ainda mais.

– Eu preciso fazer isso.

Cain soltou um grunhido frustrado e passou a mão pelos cabelos.

– Você não cona em mim para cuidar de você. Isso me magoa demais. – Ele deu uma risada derrotada. – E por que confiaria, não é? Eu já decepcionei você antes. Com a sua mãe... eu era um garoto, B. Quantas vezes preciso dizer que as coisas são diferentes agora? Sei o que quero. Eu... meu Deus, B, quero você. Sempre foi você.

Senti um aperto na garganta. Não porque eu o amasse, mas porque me importava mesmo com ele. Cain era uma parte importante da minha história. Ele estava na minha vida desde que eu conseguia me lembrar. Diminuí a distância entre nós e peguei sua mão.

– Por favor, entenda. Eu preciso fazer isso. Preciso encarar. Eu tenho que ir.

Cain deu um suspiro cansado.

– Eu sempre estou deixando você ir, B. Você já me pediu isso antes. Eu continuo tentando, mas está me destruindo aos poucos.

Um dia ele iria me agradecer por tê-lo deixado.

– Sinto muito, Cain. Mas tenho que ir. Ele está me esperando.

Cain pegou a mala de novo e abriu a porta com o ombro. Joe desceu da picape assim que nos viu.

– Não diga nada a ele, Cain – sussurrei.

Cain assentiu e eu o acompanhei até o último degrau. Joe nos encontrou ali. – Isso é tudo? – perguntou, olhando para mim.

– Sim – respondi.

Claramente Cain não queria entregar a mala e a caixa para Joe. Um músculo no maxilar de Joe se mexeu e eu soube que ele estava fazendo um esforço muito grande para se comportar.

– Dê as coisas para ele, Cain – falei, cutucando-o nas costas.

Cain suspirou e deu a mala e a caixa ao Joe, que a pegou e seguiu para a picape.

– Você precisa contar a ele – murmurou Cain quando se virou para mim.

– Eu vou contar. Preciso pensar.

Cain olhou para a minha picape.

– Vai deixar a picape?

– Achei que talvez você conseguisse deixá-la na oficina para vender. Conseguir uns mil dólares por ela. Daí você poderia ficar com metade e me mandar a outra metade.

Cain franziu a testa.

– Eu vendo a picape, B., mas não vou ficar com dinheiro nenhum. Mandarei tudo para você

Não discuti com ele. Se ele fazia questão, eu aceitaria.

– Está bem. Mas pode dar pelo menos um pouco para a Vovó Q? Por me deixar ficar aqui e tudo mais?

Cain ergueu as sobrancelhas.

– Você quer que minha avó vá até Rosemary lhe dar umas palmadas?

Sorrindo, me aproximei dele e, segurando seus ombros, fiquei na ponta dos pés e beijei-o no rosto.

– Obrigada. Por tudo – sussurrei.

– Você pode voltar se precisar de mim. Sempre. – A voz dele ficou embargada e eu soube que precisava ir embora. Dei um passo para trás e z um aceno com a cabeça antes de voltar para a picape.

Joe estava com a porta do carona aberta quando cheguei e a fechou atrás de mim. Notei quando ele olhou de novo para Cain antes de se sentar à direção. Eu estava mesmo fazendo aquilo. Deixando o que era seguro e dando o primeiro passo para encontrar o meu lugar no mundo.


JOE

Demi parecia estar prestes a chorar e fiquei com medo de perguntar se ela estava bem. Tive medo de que ela mudasse de ideia e casse em Sumit. Por isso, fiquei em silêncio até estarmos seguramente fora dos limites da cidade. Ver as suas mãos tensas no colo estava me incomodando. Queria que ela dissesse alguma coisa.

– Está tudo bem? – perguntei, sem conseguir me conter. Minha necessidade de protegê-la assumiu o controle.

– Está. É só um pouco assustador, acho. Desta vez, sei que não vou voltar. Também sei que não tenho um pai esperando para me ajudar. É mais difícil ir embora dessa maneira.

– Você tem a mim.

Ela inclinou ligeiramente a cabeça e me olhou.

– Obrigada. Eu precisava ouvir isso agora.

Caramba, eu gravaria aquilo para que ela pudesse ouvir quantas vezes quisesse, se fosse ajudar.

– Nunca pense que você está sozinha.

Ela me deu um sorriso débil e voltou a atenção de novo para a estrada.

– Se quiser dormir, você sabe que eu posso dirigir...

A ideia de ficar livre para contemplá-la quanto eu quisesse era tentadora. Mas ela caria esperando que eu dormisse e eu não ia desperdiçar qualquer tempo que eu tivesse com ela dormindo.

– Estou bem, mas obrigado.

Eu tinha passado por um drive-thru e comprado algumas coisas para comer no caminho. Mas Demi estava dormindo naquela hora, logo devia estar com fome.

– Quer comer alguma coisa? – perguntei, entrando na estrada interestadual que nos levaria de volta à Flórida.

– Hum... eu não sei. Que tal sopa?

Sopa? Que pedido estranho. Mas, caramba, se era isso que ela queria, eu daria um jeito.

– Então vai ser sopa. Vou ficar de olho e encontrar algum lugar bom...

– Se você está morrendo de fome, pare onde quiser. Posso comer em qualquer lugar. – Ela pareceu nervosa de novo.

– Demi, eu vou achar sopa para você – falei, olhando para ela. Ainda sorri, para deixar bem claro que era aquilo que eu queria.

– Obrigada – disse ela, olhando para as próprias mãos no colo.

Ficamos em silêncio por um tempo, mas foi bom simplesmente tê-la no carro comigo. Eu não queria que ela se sentisse pressionada a conversar.

Na primeira saída com restaurantes, apontei para a placa:

– Aqui parece bom. Escolha um lugar – pedi.

Ela deu de ombros.

– Não tem importância. Sabe, se você não quiser descer e continuar na estrada, posso comer alguma coisa dentro do carro mesmo.

Eu queria prolongar aquele dia o máximo possível.

– Nós vamos tomar sopa – respondi.

Uma risadinha me chamou a atenção. Demi estava sorrindo. Eu tinha uma nova meta agora: fazê-la sorrir mais.

Demi estava dormindo de novo quando paramos no estacionamento do condomínio de Bethy naquela noite. Eu havia cuidado para manter a nossa conversa tranquila. Depois de um tempo, nós nos acostumamos a um silêncio confortável e ela caiu no sono.

Parei a picape e fiquei sentado contemplando-a. Tinha olhado rapidamente para ela um milhão de vezes no caminho para casa. Por apenas alguns minutos, queria a liberdade de vê-la dormindo. Suas olheiras profundas me preocupavam. Ela não estava dormindo o suficiente? Bethy devia saber. Eu poderia conversar com ela sobre isso, mas fazer perguntas como esta a Demi não era uma atitude sábia.

Uma batida de leve na janela me trouxe de volta à realidade. Jace estava

parado do lado de fora do carro com uma expressão divertida no rosto. Abri a porta e saí do carro antes que ele a acordasse. Não queria plateia.

– Você vai deixá-la dormindo para sempre? Está pensando em sequestrá-la? – perguntou Jace.

– Cale a boca, seu idiota.

Jace riu.

– Bethy está ansiosa. Quer saber como foi a viagem. Eu ajudo você com as coisas dela se você a acordar e a levar para dentro.

– Ela está cansada. Bethy pode esperar até amanhã.

Eu não queria que Demi tivesse que acordar para enfrentar a enxerida da Bethy. Ela obviamente precisava de mais sono e mais comida. Mal havia tomado a sopa mais cedo. Eu tentei alimentá-la de novo, mas ela não estava com fome. Isso precisava mudar. Estávamos voltando para a história dos malditos sanduíches de manteiga de amendoim.

– Então você diz isso para a Bethy – respondeu Jace quando eu enfiei a caixa nas mãos dele e tirei a mala do banco de trás do carro.

– Eu levo a mala. Você leva a caixa. Pode deixar que eu a acordo.

– Momento particular? – Jace sorriu e eu empurrei a caixa para ele com um pouco mais de força. Ele tropeçou para trás, o que só o fez rir ainda mais.

Ignorando-o, passei para o lado do passageiro. Acordá-la e permitir que ela me deixasse não era exatamente o que eu queria fazer. Isso me assustava demais. E se fosse o m? E se Demi nunca mais deixasse eu me aproximar dela assim novamente? Não. Eu não poderia permitir que isso acontecesse. Eu trabalharia devagar, mas cuidaria para que isso não acontecesse. Ter passado o dia com ela já tornaria a minha rotina solitária muito mais difícil.

Abri o cinto de segurança, mas ela mal se mexeu. Uma mecha de cabelo havia caído sobre o seu rosto e eu cedi à vontade de tocá-la. Prendi os seus cabelos atrás da orelha. Ela era tão linda! Eu nunca iria esquecê-la. Não era possível.

Precisava encontrar uma forma de reconquistá-la. De ajudá-la a se curar.

As pálpebras dela se abriram e ela fixou seu olhar no meu.

– Chegamos – sussurrei, sem querer assustá-la.

Ela se sentou e me deu um sorriso tímido.

– Desculpe. Dormi e deixei você sozinho de novo.

– Você precisava desse descanso. Não me importei.

Queria ficar ali e mantê-la no meu carro, mas não podia fazer isso. Recuei para que ela pudesse sair. Quase perguntei se podia vê-la no dia seguinte, mas me contive. Ela não estava pronta para isso. Eu precisava dar espaço para ela.

– A gente se vê por aí, então – falei.

Seu sorriso, no entanto, estremeceu.

– Está bem... A gente se vê. E obrigada de novo por me ajudar hoje. Vou pagar a gasolina.

De jeito nenhum.

– Não, não vai. Não quero o seu dinheiro. Fiquei feliz de poder ajudar.

Ela começou a dizer mais alguma coisa, mas fechou a boca. Assentindo de maneira contida, seguiu para o apartamento.

9 comentários:

  1. Ela tem que contar logooo.... que agoniaaaa.....postaaaa.....

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  2. Tô ansiosa por que ela não conta logo pra ele
    Posta mais!!!!

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  3. Estou roendo as unhas de ansiedade, já estão sangrando algumas. Ele errou feio com ela, mas está tão fofo tentando consertar as coisas. Poxa, queria saber logo qual vai ser a reação dele quando souber que vai ser pai. Posta mais. Estou surtando aqui.

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  4. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo. Posta logo.

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  5. Adoro a história, haha. Posta mais
    Beeijao :)

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  6. "Eu serei o que me deixar ser Demi, só não me tire da sua vida de novo por favor". Estou morrendo de dó dele, tadinho. :( posta outro

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  7. Joe ama mesmo ela, aquele bebé representa bem o amor dos dois :)

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