14.2.15

Tentação Sem Limites - Capítulo 17

Capitulo programado ;) Até o próximo e comentem!!! Beijoooos <3

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DEMI


O celular que Joe havia comprado para mim estava em cima do bar da cozinha quando saí do meu quarto. Era a terceira vez esta semana que ele o deixava em algum lugar para que eu encontrasse. Desta vez, tinha um bilhete preso a ele.

Peguei o papel.

Pense no bebê. Você precisa disto para emergências.

Foi um golpe baixo. Sorrindo, peguei o celular e o pus no bolso. Ele não ia desistir enquanto eu não aceitasse. Hoje era a minha segunda consulta com o médico. Eu tinha avisado a Joe sobre a consulta no nosso terceiro encontro, na segunda-feira à noite. Ele estava totalmente determinado a sair comigo a semana inteira. Na noite anterior, eu implorei que ficássemos em casa assistindo a um filme. O recado tinha sido dado. Todo mundo na cidade nos vira juntos. Tinha certeza de que todos estavam cansados de nos ver juntos a esta altura. Essa ideia me fez sorrir ainda mais.

Tirei o celular do bolso de novo. Eu me esquecera de lembrar a Joe sobre a consulta de hoje na noite anterior. Agora podia ligar para ele. O nome dele era o primeiro da minha lista de favoritos. Não quei surpresa. Depois de três toques, ele atendeu.

– Oi, ligo para você daqui a pouco. – A voz de Joe estava com um tom incomodado.

– Tudo bem, mas... – Comecei a dizer quando ele abafou o telefone para falar com outra pessoa.

O que estava acontecendo?

– Você está bem? – disparou ele.

– Estou, sim, mas...

– Então ligo daqui a pouco. – Ele me interrompeu antes que eu pudesse terminar e desligou.

Fiquei ali sentada olhando fixamente para o telefone. O que havia acabado de acontecer? Talvez eu devesse ter perguntado se ele estava bem. Como não me ligou nos dez minutos seguintes, decidi que era melhor me arrumar para a consulta. Ele certamente ligaria antes que fosse hora de sair.

Uma hora depois, ele ainda não havia retornado a ligação. Fiquei me perguntando se devia ligar de novo ou não. Talvez ele tivesse esquecido que eu havia ligado. Eu sempre podia pegar o carro de Bethy emprestado para ir ao médico. Na segunda-feira, quando falei sobre a consulta, ele parecia empolgado com a ideia de ir junto. Eu não podia simplesmente excluí-lo.

Liguei mais uma vez. O telefone tocou quatro vezes.

– O que foi? – A voz de Nan me assustou.

Ele estava na casa da Nan?

– É, hum... – Eu não sabia o que dizer a ela. Não podia contar sobre a minha consulta. – Joe está aí? – perguntei, nervosa.

Nan deu uma risada seca.

– Inacreditável. Ele disse que ligaria de volta. Por que você não dá um espaço para ele? Joe não gosta de carência. Ele está visitando a família. Minha mãe e meu pai estão aqui e nós estamos nos aprontando para um almoço de família.

Quando ele quiser conversar com você, ele liga – falou e desligou em seguida.

Afundei-me na cama. Ele ia ter um almoço de família com a irmã e a mãe dele e o meu pai. Tinha sido por isso que ele havia desligado o telefone na minha cara? Não queria que eu soubesse que estava com eles. O almoço de família deles vinha antes de mim e do bebê. Era o que eu esperava, mas ele vinha sendo tão doce e protetor. Eu estava sendo carente? Eu não era uma pessoa carente, mas havia me transformado em uma. Não havia?

Eu me levantei e deixei o telefone em cima da cama. Não o queria mais. A voz odiosa de Nan ao me dizer que eles estavam almoçando tinha me magoado. Peguei a bolsa. Podia muito bem ir caminhando até a administração para pegar o carro da Bethy emprestado.

Estava suando quando cheguei aos escritórios. Definitivamente não estaria com boa aparência na consulta. Mas isso não tinha importância. Era o menor dos meus problemas. Subi a escada da entrada e encontrei Darla saindo.

– Você não trabalha hoje – disse ela ao me ver.

– Eu sei. Preciso pegar o carro da Bethy emprestado. Tenho uma consulta médica em Destin que eu... havia esquecido.

Eu detestava mentir, mas não suportaria contar a verdade.

Darla me avaliou por um instante, enou a mão no bolso da calça e tirou a chave.

– Leve o meu. Vou ficar aqui o dia todo. Não preciso dele.

Quis abraçá-la, mas me contive. Não sabia ao certo se ela caria confortável com esse tipo de reação a uma simples consulta médica.

– Muito obrigada. Vou abastecê-lo – garanti.

Ela fez um aceno com a mão para que eu saísse. Desci a escada da entrada rapidamente e entrei no Cadillac dela para seguir até Destin.

O trânsito não estava ruim. Eu só precisei esperar quinze minutos até que me chamassem para a sala de exames. A enfermeira era toda sorrisos para mim.

– Como você só está com dez semanas, para ouvir o coração do bebê vamos precisar fazer um ultrassom. Você vai ouvir as batidas do coração e ver um pouco do bebê lá dentro.

Eu ia ver o meu bebê e ouvir o seu coração batendo. Aquilo era real. Nas poucas vezes em que havia imaginado esse dia, eu não estava sozinha. Sempre imaginei que alguém estaria comigo. E se não encontrassem o coração batendo?

E se houver alguma coisa errada? Eu não queria estar sozinha para isso.

O médico entrou com um sorriso reconfortante no rosto.

– Você parece apavorada. Este é um momento feliz. Todos os seus sinais vitais estão bons. Não precisa ficar tão nervosa. Agora, deite-se.

Fiz como ele me instruiu e a enfermeira apoiou as minhas pernas nos estribos da mesa.

– Você ainda não tem tempo de gravidez suficiente para fazermos o exame externamente e conseguirmos ver ou ouvir o bebê. Precisamos fazer um ultrassom transvaginal. Não dói. Você só vai sentir uma pequena pressão do aparelho, só isso – explicou a enfermeira.

Não olhei para eles. A ideia de ele enfiar um aparelho dentro de mim só piorou a situação. Fiquei focada na tela.

– Muito bem, lá vamos nós. Calma, fique parada – instruiu o médico.

Fiquei olhando para a tela em preto e branco, esperando pacientemente por alguma coisa que se parecesse com um bebê. Um pequeno som de batidas encheu o ambiente e tive a sensação de que o meu coração havia parado.

– Isso é...? – perguntei, subitamente sem conseguir dizer mais nada.

– É, sim. A batida está certinha também. Forte e ritmada – respondeu o médico.

Fiquei olhando fixamente para a tela, e a enfermeira apontou para o que se parecia com uma pequena ervilha.

– Ali está ele ou ela. Tamanho perfeito para dez semanas.

Eu não conseguia engolir com o nó que tinha na garganta. Lágrimas rolaram pelo meu rosto, mas eu não me importei. Simplesmente fiquei lá paralisada, olhando para o minúsculo milagre na tela enquanto a batida do seu coração preenchia a sala.

– Você e o bebê estão muito bem – disse o médico ao tirar lentamente o instrumento de dentro de mim.

A enfermeira me ajudou a me levantar.

– Um pouco de corrimento manchado de sangue é perfeitamente normal depois deste procedimento, então, não se assuste – avisou o médico, levantando-se e indo até a pia para lavar as mãos. – Continue tomando as vitaminas pré-natal e volte em quatro semanas.

Assenti. Ainda estava estupefata.

– Aqui está – disse a enfermeira, entregando fotinhos do meu ultrassom.

– São minhas? – perguntei, olhando para as imagens do meu bebê.

– Claro – respondeu ela em um tom divertido.

– Obrigada – falei, olhando em cada uma delas para a pequena ervilha que eu sabia que estava viva dentro de mim.

– De nada. – Ela deu um tapinha no meu joelho. – Você pode se vestir agora.

Está tudo ótimo.

Assenti e sequei mais uma lágrima que rolava pelo meu rosto.


JOE

– Onde ela está, Bethy? – perguntei, saindo do quarto de Demi com o celular dela na mão. – Ela deixou o telefone aqui.

Bethy fez uma careta para mim e bateu a porta do armário da cozinha.

– O fato de você não saber onde ela está só me faz odiá-lo ainda mais.

Qual era o problema dela? Eu tivera um dia infernal. Ter dito para a minha mãe que ela precisava encontrar outra casa para morar e depois que ia pedir a Demi em casamento fez todo mundo pirar. Bem, nem todo mundo. O pai da Demi pareceu tranquilo em relação a tudo. Nan e a minha mãe enlouqueceram. Passamos várias horas gritando uns com os outros e z ameaças que pretendia manter. Nan deveria ir embora para a faculdade na segunda-feira. Ficaria fora até as férias de inverno e eu tinha certeza de que ela iria para Vail com os amigos. Era o que fazia todos os anos. Eu normalmente ia também, mas não desta vez.

– Passei as últimas quatro horas aturando a minha mãe e a minha irmã. Botar

Georgianna para fora de casa e dizer a ela e a Nan que pretendia me casar com Demi em casamento não foi uma briga fácil. Então, me perdoe se preciso de ajuda para me lembrar de onde a Demi está!

Bethy bateu com a garrafa d’água no bar e sua expressão de raiva ficou mais parecida com um ar de desagrado. Pensei que fosse ficar feliz depois que soubesse que eu ia pedir Demi em casamento. Pelo jeito, não.

– Espero que você não tenha comprado um anel. – Foi a única resposta dela. Estava cansado daqueles joguinhos.

– Onde ela está? – rugi.

Bethy espalmou as duas mãos em cima do bar e se inclinou para a frente fazendo uma cara furiosa que eu não sabia que ela era capaz de fazer.

– Vá. Para. O. Inferno.

Porra. O que eu tinha feito?

A porta se abriu e Demi entrou sorrindo, até o seu olhar cruzar com o meu.

Então o sorriso dela estremeceu. Ela estava com raiva de mim também. Isso não era nada bom.

– Demi – falei, indo na direção dela.

– Não – disse ela, recuando e levantando as duas mãos para me impedir de me aproximar mais.

Ela segurava alguma coisa. Pareciam fotos. Por que ela estava segurando fotos? Era alguma coisa do meu passado? Ela estava furiosa por causa de alguma garota com quem eu havia ficado uma vez?

– Isso é o que eu estou pensando? – perguntou Bethy, me empurrando para fora do caminho e correndo para Demi.

Demi fez que sim e entregou as fotos a ela. Bethy tapou a boca.

– Ah, meu Deus. Você ouviu o coração batendo?

Ao escutar as palavras “coração batendo”, tive a sensação de que meu peito estava sendo rasgado ao meio.

Entendi tudo. Era quinta-feira. O dia da consulta de Demi. Ela tinha me ligado para lembrar e eu desligara na cara dela.

– Demi, que merda, gata, sinto muito. Eu estava com a minha...

– Sua família, eu sei. Nan me disse quando liguei de novo. Não quero ouvir as suas desculpas. Só quero que vá embora. – A voz dela estava indiferente, sem qualquer emoção.

Ela voltou a prestar atenção às imagens e apontou para alguma coisa.

– Bem ali. Acredita que está dentro de mim?

Bethy voltou a expressão furiosa para a imagem e o seu rosto foi tocado por um sorriso suave.

– Que incrível.

As duas estavam ali paradas olhando para as imagens do meu bebê. Demi havia escutado as batidas do coração dele hoje. Sozinha. Sem mim.

– Posso ver? – perguntei, com medo de que ela me dissesse não ou, pior, me ignorasse.

Em vez disso, ela tirou as fotos da mão de Bethy e as passou para mim.

– Esta coisinha que parece uma ervilha. É... o nosso bebê.

Estava relutante em chamá-lo de nosso bebê. Eu não podia culpá-la.

– O coração dele estava bem? Quero dizer, batia direitinho e tudo? – perguntei, olhando para a imagem na minha mão.

– Sim. Disseram que está tudo bem – respondeu ela. – Se quiser, pode car com esta. Tenho três. Mas gostaria que você fosse embora agora.

Eu não iria embora. Nem Bethy montando guarda me impediria de car. Eu diria tudo na frente dela, se fosse preciso, mas me recusava a sair daquele apartamento.

– Minha mãe e o seu pai apareceram hoje sem avisar. Nan vai voltar para a faculdade na segunda-feira. Minha mãe achou que eu também iria embora e voltou para passar o resto do ano na casa. Eu lhe informei que não vou a lugar algum e que ela precisava encontrar outro lugar para morar. Também falei a eles que iria ficar até você decidir para onde gostaria que nos mudássemos. Que pretendia pedir você em casamento. – Fiz uma pausa e vi o rosto dela ficar pálido. Não era a reação que eu esperava. – As coisas não saíram muito bem. Houve gritaria. Horas de berros e ameaças. Quando você me ligou, eu tinha acabado de anunciar aos três que vou me casar com você. Estava tudo uma loucura. Eu ia ligar de volta assim que minha mãe e Abe estivessem no carro, saindo da cidade. Não queria que você tivesse que encarar nenhum deles. Mas a minha mãe não se entrega facilmente. Nan arrumou todas as coisas dela e foi para a faculdade hoje à noite. Está se recusando a falar comigo. – Parei e respirei fundo. – Nunca vou conseguir lhe dizer quanto eu sinto pelo que aconteceu. O fato de eu ter me esquecido da consulta de hoje é imperdoável. Continuo tendo que me desculpar com você. Queria conseguir parar de estragar tudo.

– Você não ia almoçar com a sua família? – perguntou ela.

– Minha família? O quê? Não!

A tensão no corpo dela cedeu um pouco.

– Ah… – disse ela em um suspiro.

– Por que você achou que eu estava almoçando com eles? Eu não desligaria o telefone na sua cara para ficar com eles.

– Nan – respondeu ela com um sorriso triste.

– Nan? Quando foi que você falou com ela? Passei a manhã toda com a Nan.

– Quando liguei de novo para você. Nan atendeu e disse que você não tinha tempo para mim porque ia almoçar com a sua família.

Era bom que minha irmã estivesse mesmo a caminho da Costa Leste, porque eu a enforcaria se pusesse as mãos nela.

– Você foi à consulta achando que eu havia trocado você e o nosso bebê por eles? Puta que pariu! – Passei por Bethy e puxei Demi para os meus braços. – Você é a minha família, Demi. Você e esse bebê. Está me entendendo? Jamais

vou me perdoar pelo que perdi hoje. Eu queria estar lá para ouvir o coração batendo. Queria estar segurando a sua mão quando você o viu pela primeira vez.

Demi jogou a cabeça para trás e sorriu para mim.

– Sabe, pode ser uma menina.

– É. Eu sei.

– Então pare de chamar o nosso bebê de “ele” – respondeu ela.

Eu estava chamando o bebê de ele. Sorrindo, beijei a testa de Demi.

– Podemos ir para o seu quarto para você me contar da consulta? Eu quero saber de tudo.

Ela assentiu e olhou para Bethy.

– Você vai continuar fazendo cara feia para ele ou vai perdoá-lo?

Bethy deu de ombros.

– Ainda não sei.

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