8.2.15

Tentação Sem Limites - Capítulo 2

Olá pessoal! se hoje (domingo) eu não sair ou não estiver ocupada eu irei fazer uma maratona para vcs, pq eu sei que a historia é viciante e vcs querem cada vez mais capítulos... Sobre o segredo da Nan ainda tem coisa aí que não foi esclarecida viu? e a Nan vai demorar para deixar de ser uma bitch. haha Beijooos <3

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JOE

As ondas arrebentando na praia costumavam me acalmar. Eu ficava sentado naquele deque olhando para a água desde criança. Isso sempre me ajudou a encontrar uma perspectiva melhor nas coisas. Não estava mais funcionando.

A casa estava vazia. Minha mãe e... o homem que eu queria que ardesse no inferno por toda a eternidade foram embora assim que eu voltei do Alabama, três semanas antes. Eu estava furioso, magoado e louco. Depois de ameaçar a vida do homem com quem minha mãe estava casada, exigi que eles saíssem da minha casa. Não queria ver nenhum dos dois. Em algum momento precisaria ligar para a minha mãe e conversar com ela, mas não conseguia fazer isso ainda.

Perdoar era mais fácil na teoria do que na prática. Nan, minha irmã, tentou me convencer várias vezes, implorando para que eu conversasse com ela. Não era culpa de Nan, mas eu não conseguia falar com ela sobre isso também. Ela me lembrava do que eu havia perdido. Do que eu mal tivera. Do que eu nunca achei que encontraria.

Um som alto de batidas veio de dentro da casa e interrompeu meus pensamentos. Virei, olhei para trás e me dei conta de que havia alguém parado diante da porta. A campainha tocou, seguida por mais batidas. Quem seria? Desde que Demi havia partido, ninguém nunca aparecia, só minha irmã e Grant.

Larguei a cerveja na mesa ao lado e me levantei. Fosse quem fosse, precisava de um motivo muito bom para vir sem ser convidado. Atravessei uma casa que se mantivera limpa desde a última visita de Henrietta, a faxineira. Sem festas ou vida social, era fácil manter as coisas em ordem. Estava me dando conta de que gostava muito mais disso.

Começaram a bater de novo justamente quando segurei a maçaneta. Abri a porta pronto para dizer a quem quer que fosse para dar no pé, mas fiquei sem palavras. Não era alguém que eu esperava ver de novo. Encontrei aquele sujeito uma única vez e o odiei imediatamente. Agora ele estava ali. Eu queria agarrá-lo pelos ombros e sacudi-lo até ele me dizer como ela estava e onde estava morando. Meu Deus, que não seja com ele. E se eles estivessem... não, não, não, isso não havia acontecido. Ela não faria isso. Não a minha Demi.

Cerrei os punhos com força ao lado do corpo.

– Eu preciso saber uma coisa – disse Cain, o garoto do passado de Demi, enquanto eu o encarava, confuso e descrente. – Você... – Ele parou e engoliu em seco. – Você... porra...

Ele tirou o boné e passou a mão pelos cabelos. Percebi os círculos escuros embaixo dos olhos dele e a expressão cansada e aborrecida no seu rosto.

Meu coração parou. Agarrei o braço dele e o sacudi.

– Onde está Demi? Ela está bem?

– Ela está ótima... quero dizer, está bem. Poderia me soltar, antes que quebre o meu braço? – disparou Cain, afastando-se de mim. – Demi está sã e salva, em Sumit. Não é por isso que estou aqui.

Então por que ele estava ali? Nós tínhamos apenas uma conexão: Demi.

– Quando saiu de Sumit, ela era inocente. Muito inocente. Eu tinha sido seu único namorado. Eu sei o quanto ela era inocente. Somos amigos desde crianças. A Demi que voltou não foi a mesma que partiu. Ela não fala sobre o que aconteceu. Não quer falar. Eu só preciso saber se você e ela... se vocês dois... ah, vou ser direto: vocês treparam?

Minha visão ficou turva quando avancei pensando apenas em matá-lo. Ele havia ultrapassado um limite. Não tinha o direito de falar de Demi daquele jeito. Não tinha o direito de fazer esse tipo de pergunta ou de duvidar da inocência dela. Demi era inocente, seu filho da puta. Ele não tinha o direito.

– Puta merda! Joe, larga o cara!

Ouvi Grant me chamando. Eu o escutei, mas sua voz estava distante, como no fundo de um túnel. Eu estava focado no cara na minha frente enquanto meu punho atingia seu rosto e arrancava sangue do seu nariz. Ele estava sangrando. Eu precisava que ele sangrasse. Precisava que alguém sangrasse.

Dois braços agarraram os meus por trás e me puxaram enquanto Cain caía de costas com as mãos no nariz e uma expressão de pânico nos olhos. Bem, em um dos olhos. O outro já estava fechando de inchaço.

– Que merda você falou para ele? – perguntou Grant atrás de mim. Era ele que estava me segurando.

– Não repita! – rugi, quando Cain abriu a boca para responder.

Eu não poderia ouvi-lo falar sobre ela daquele jeito. O que nós havíamos feito não era sujo ou errado. Ele agira como se eu a tivesse destruído. Demi era inocente. Incrivelmente inocente. O que nós tínhamos feito não mudava isso.

Os braços de Grant me apertaram com mais força contra o seu peito.

– Você precisa ir embora agora. Não vou conseguir segurá-lo por muito tempo. Ele tem dez quilos de músculos a mais que eu e isto aqui não é tão fácil como parece. É melhor você correr, cara. Não volte. Você teve sorte por eu ter aparecido.

Cain assentiu e voltou correndo para a picape. A raiva havia se diluído nas minhas veias, mas eu ainda a sentia. Queria machucá-lo ainda mais. Para varrer da cabeça qualquer pensamento de que Demi não era tão perfeita como quando deixou o Alabama. Ele não sabia tudo pelo que ela tinha passado. O inferno a que minha família a submetera. Como ele poderia tomar conta dela? Ela precisava de mim.

– Se eu soltar você, vai sair correndo atrás daquela picape ou vai ficar tudo bem? – perguntou Grant, afrouxando os braços.

– Está tudo bem – garanti enquanto me soltava e ia até a grade para respirar fundo várias vezes.

A dor havia voltado com toda a força. Eu tinha conseguido enterrá-la e amenizá-la, mas aquele merdinha me zera lembrar de tudo. Daquela noite. A noite de que eu jamais iria me recuperar. A noite que me marcaria para sempre.

– Posso perguntar que merda aconteceu aqui ou você vai me dar uma surra também? – indagou Grant, afastando-se um pouco.

Para todos os efeitos, ele era meu irmão. Nossos pais foram casados quando éramos crianças. Ficaram juntos tempo suficiente para nos tornarmos amigos. Dois padrastos depois, Grant ainda era a minha família e sabia o bastante para compreender que aquilo tinha a ver com Demi.

– É o ex-namorado de Demi – respondi sem olhar para ele.

Grant pigarreou.

– Então, hum, ele veio até aqui para se gabar? Ou você só arrebentou a cara dele porque ele tocou nela um dia?

As duas coisas. Nenhuma das duas. Balancei a cabeça.

– Não. Ele veio perguntar sobre mim e Demi. Coisas que não eram da conta dele. Fez a pergunta errada.

– Ah, entendo. Faz sentido. Bom, ele pagou por isso. O cara provavelmente

ganhou um nariz quebrado para combinar com aquele olho inchado.

Finalmente levantei a cabeça e olhei para Grant.

– Obrigado por me arrancar de cima dele. Eu perdi o controle.

Grant assentiu e abriu a porta.

– Vamos entrar. Vamos ver o jogo e tomar uma cerveja.


DEMI


O túmulo da minha mãe foi o único lugar para onde consegui pensar em ir.

Não tinha casa. Não podia voltar para a Vovó Q. Ela era avó de Cain. Ele provavelmente estaria lá esperando por mim. Ou talvez não. Talvez eu o tivesse afastado também. Sentei ao pé do túmulo da minha mãe, apoiei o queixo nos joelhos e abracei as pernas dobradas.

Eu tinha voltado para Sumit porque era o único lugar para onde eu sabia ir. Agora precisava partir. Não podia ficar ali. Mais uma vez, minha vida estava prestes a sofrer uma súbita reviravolta. Uma para a qual eu não estava preparada. Quando eu era pequena, minha mãe nos levava à escola dominical na igreja batista. Naquele momento, recordava-me de uma passagem da Bíblia sobre Deus não nos fazer enfrentar mais do que podíamos suportar. Estava começando a me perguntar se isso valia apenas para quem ia à igreja todos os domingos e rezava à noite antes de dormir. Porque ele não estava pegando leve comigo.

A autopiedade não estava me ajudando. Eu não podia fazer isso. Precisava dar um jeito nas coisas. Ficar com a Vovó Q e deixar Cain me ajudar tinha sido apenas temporário. Quando me mudei para o quarto de hóspedes dela, eu sabia que não poderia ficar por muito tempo. Havia muita coisa entre mim e Cain. Uma história que eu não pretendia repetir. Era o momento de ir embora, mas eu ainda não sabia para onde, como quando chegara lá, três semanas antes.

– Queria que você estivesse aqui, mamãe. Não sei o que fazer e não tenho a quem perguntar – sussurrei, sentada no cemitério silencioso.

Queria acreditar que ela podia me ouvir. Não gostava da ideia de ela estar debaixo da terra, mas depois que a minha irmã gêmea morrera, eu cava sentada naquele mesmo lugar com a minha mãe e nós conversávamos com Valerie. Minha mãe dizia que o espírito dela estava cuidando de nós e que ela podia nos ouvir. Como eu queria acreditar nisso agora.

– O problema sou eu. Estou sentindo muita saudade de vocês. Não quero estar sozinha... mas estou. E tenho medo. – O único som ao redor era o das folhas das árvores balançando ao vento. – Uma vez você me disse que, se eu prestasse bastante atenção, encontraria a resposta no meu coração. Eu estou prestando atenção, mamãe, mas estou muito confusa. Quem sabe você pode me ajudar apontando a direção certa de alguma maneira?

Repousei o queixo nos joelhos e fechei os olhos, recusando-me a chorar.

– Lembra quando você falou que eu precisava dizer ao Cain exatamente como eu me sentia? Que eu não caria melhor enquanto não botasse tudo para fora? Bom, z isso hoje. Mesmo que ele me perdoe, nunca mais vai ser como antes. Não posso continuar contando com ele para tudo. Está na hora de eu me virar sozinha. Só não sei como.

O simples fato de conversar com ela já fazia com que eu me sentisse melhor.

Não importava se eu receberia ou não uma resposta.

Uma porta de carro batendo interrompeu a tranquilidade e me fez soltar as pernas e me virar para o estacionamento, onde vi um automóvel caro demais para aquela cidadezinha. Ao voltar os olhos para checar quem havia saltado, fiquei sem fôlego e levantei de um pulo. Era Bethy. Ela estava ali. Em Sumit. No cemitério... dirigindo um carro que devia ser muito, muito caro.

Estava com os longos cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo. Um sorriso começou a se formar em seus lábios quando nossos olhos se encontraram. Eu não conseguia me mexer. Fiquei com medo de estar imaginando coisas. O que Bethy estava fazendo ali?

– Que coisa chata isso de você estar sem celular. Como é que vou telefonar para dizer que estou vindo buscá-la se não tenho um número para ligar?

O que ela dizia não fazia sentido, mas o simples fato de ouvir a sua voz fez com que eu vencesse correndo a curta distância que havia entre nós.

Bethy riu e abriu os braços para mim.

– Não acredito que você está aqui – falei, depois de abraçá-la.

– Nem eu. Foi uma viagem e tanto. Mas você vale a pena e, considerando que deixou o celular em Rosemary, eu não tinha outra forma de falar com você.

Queria contar tudo a ela, mas não podia. Ainda não. Precisava de tempo. Ela já sabia a respeito do meu pai. Sabia de Nan. Mas o resto... ela não tinha como saber.

– Que bom que você está aqui, mas como me encontrou?

Bethy sorriu.

– Andei pela cidade procurando a sua picape. Não foi tão difícil. Este lugar só tem um sinal de trânsito. Se eu tivesse piscado duas vezes, não o teria visto.

– Seu carro deve ter chamado atenção – falei, olhando para ele.

– É do Jace. Não é lindo?

Ela ainda estava com Jace. Que bom. Mas senti um aperto no peito. Jace me lembrava Rosemary. E Rosemary me lembrava Joe.

– Eu ia perguntar como você está, mas, menina, você está parecendo um esqueleto ambulante. Comeu alguma coisa desde que saiu de Rosemary?

Minhas roupas estavam começando a ficar um pouco largas. Era difícil comer com aquele nó que eu sentia no peito o tempo todo.

– Foram semanas difíceis, mas acho que estou melhorando. Seguindo em frente. Lidando com as coisas.

Bethy voltou o olhar para o túmulo atrás de mim. Para os dois túmulos. Pude ver a tristeza nos seus olhos ao ler as lápides.

– Ninguém pode lhe tirar suas lembranças. Você tem isso – disse ela, apertando a minha mão.

– Eu sei. Eu não acredito neles. Meu pai é um mentiroso. Eu não acredito em nada. Ela, a minha mãe, não teria feito o que eles disseram. Se alguém é culpado de alguma coisa, é meu pai. Ele provocou esse sofrimento. Não a minha mãe.

Nunca a minha mãe.

Bethy assentiu e segurou minha mão com força. O simples fato de ter alguém para me escutar e acreditar em mim, acreditar na inocência da minha mãe, já ajudava.

– A sua irmã era muito parecida com você?

A última lembrança que eu tinha de Valerie era ela sorrindo. Aquele sorriso alegre que era tão mais bonito do que o meu. Tinha os dentes perfeitos. Tinha os olhos muito mais alegres do que os meus. Mas todo mundo dizia que éramos idênticas. As pessoas não viam a diferença. Eu sempre me perguntei por quê. Eu via muito claramente.

– Nós éramos idênticas – respondi. Bethy não compreenderia a verdade.

– Não consigo imaginar duas Demi Lovato. Vocês devem ter partido muitos corações nesta cidadezinha.

Ela estava tentando aliviar o clima depois de ter perguntado sobre a minha irmã morta. Fiquei grata por isso.

– Só a Valerie. Eu fiquei com Cain desde muito cedo. Não parti nenhum coração.

Bethy arregalou um pouco os olhos e desviou-os. Então pigarreou. Esperei que se virasse novamente para mim.

– Embora ver você seja incrível e eu imagine que poderíamos agitar esta cidade, para ser sincera, eu estou aqui com um objetivo.

Imaginei que estivesse, só não conseguia adivinhar qual era.

– Está bem – falei, esperando uma explicação.

– Podemos tomar um café? – Ela franziu a testa e olhou para a rua. – Ou talvez passar no Dairy K, já que foi o único lugar que vi atravessando a cidade.

Ela não estava se sentindo confortável em meio aos túmulos como eu me sentia. Isso era normal. Eu não era normal.

– Tudo bem – respondi, indo buscar a minha bolsa.

– Aí está a sua resposta – sussurrou uma voz suave, tão baixa que quase achei que fosse imaginação minha.

Eu me virei para olhar para Bethy e ela estava sorrindo com as mãos enfiadas nos bolsos da frente.

– Você disse alguma coisa? – perguntei, confusa.

– Depois que sugeri que fôssemos ao Dairy K?

Assenti.

– Sim. Você sussurrou alguma coisa?

Ela mexeu no nariz, olhou ao redor com nervosismo e balançou a cabeça.

– Não... hum... por que não saímos daqui? – sugeriu, pegando o meu braço e me puxando atrás dela na direção do carro de Jace.

Olhei para o túmulo da minha mãe e fui tomada por um sentimento de paz. Teria aquilo sido...? Não. Certamente não. Balançando a cabeça, virei-me para a frente de novo e entrei do lado do carona antes que Bethy me empurrasse para dentro do carro.

7 comentários:

  1. Li cinco vezes a ultima parte. Sim Bethy é a resposta dela espero que ela siga esse caminho, na verdade eu achei que Joe que iria procurar elA, mas tudo ok ele vai aceita-la de volta e ficar feliz quando descobrir que será pai. Cain mereceu jxnsjsjd "treparam" como se Demi fosse alguma vadia.
    Por favor faz a maratona!!!
    Sam, xx

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  2. Perfeito...faz a maratona please!!

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  3. Adoro essa Bethy, tomara que ela consiga levar Demi de volta para Rosemary........ amei a idéia da maratona...... continua.....

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  4. Ela tem que procurar o Joe logo........ a gravidez é de gêmeos? Posta mais.
    Nanda

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  5. Cain mereceu tanto o que a Demi lhe disse como o soco de Joe, pois ele não deve tratar a Demi daquele jeito :) Bethy veio como um anjo do céu, Demi precisa de desabafar e de uma verdadeira amiga, se ela estiver mesmo grávida, que deve estar, ela tem de contar ao Joe :)
    Vou ficar à espera da maratona :)

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