16.2.15

Tentação Sem Limites - Capítulo 21

Mais um para vcs! Esse eh o penúltimo capítulo da temporada... comentem para o próximo! Beijos, amo vcs!
Bruna

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DEMI

Não fazia muito tempo que eu estava dormindo quando o telefone tocou. Era tarde da noite e apenas algumas pessoas tinham o meu número. Senti o estômago embrulhar ao pegar o aparelho. Era Joe.

– Alô? – Quase tive medo do que ele iria me dizer.

– Oi, sou eu. – Pela voz, parecia que ele andara chorando. Ah, meu Deus... por favor, não permita que Nan tenha morrido.

– Ela... está bem? – perguntei, esperando que, dessa vez, Deus realmente tivesse ouvido a minha oração.

– Ela acordou. Está um pouco desorientada, mas me reconheceu quando abriu os olhos. Sua memória está boa.

– Ah, graças a Deus.

Sentei-me na cama e decidi que devia experimentar essa coisa de rezar com mais frequência.

– Sinto muito, Demi. Sinto muito mesmo.

Ele estava com a voz rouca. Podia ouvir a dor em meio às suas palavras e não precisei perguntar o que ele estava querendo dizer. Era isso. Ele só não conseguia dizer.

– Está tudo bem. Apenas cuide da Nan. Eu realmente estou feliz que ela esteja melhor, Joe. Você pode não acreditar, mas rezei muito. Por ela.

Precisava que ele acreditasse em mim. Mesmo que não houvesse amor algum entre mim e Nan, ela era importante para ele.

– Obrigado. Estou indo para casa. Devo chegar no máximo amanhã à noite.

Não sabia ao certo se isso queria dizer que ele me queria fora da casa até lá ou se nos despediríamos pessoalmente. Ir embora seria muito mais fácil. Sem precisar encará-lo. Já era duro demais pelo telefone. Ver o seu rosto seria muito difícil, mas eu não podia deixar aquilo me destruir. Tinha que pensar no nosso bebê. Não dizia mais respeito apenas a mim.

– Até lá, então – respondi.

– Eu amo você.

Ouvir aquilo doeu mais do que qualquer outra coisa. Eu queria acreditar que ele me amava, mas não era o bastante. O amor que ele podia sentir por mim não era suficiente.

– Também amo você – respondi e desliguei o telefone antes de me enroscar em cima da cama e chorar até dormir.

A campainha tocou quando eu estava saindo do banheiro. Peguei as roupas que havia separado e me arrumei rapidamente antes de enrolar os cabelos em uma toalha e descer a escada correndo.

Quando abri a porta e vi meu pai ali parado, não soube o que pensar. Joe o mandara para se livrar de mim? Não, Joe não faria isso. Mas por que ele estava ali?

– Oi, Demi. Eu, hum, vim conversar com você.

Ele parecia não dormir havia dias e estava com as roupas amarrotadas. Ver a filha que ele amava no hospital deve ter sido duro para ele. Afastei essa amargura da minha mente. Não ia pensar nisso. Ele era o pai de Nan também. Pelo menos, estava ali para ela agora, mesmo que tivesse estragado a primeira parte da sua vida.

– Sobre o quê? – perguntei, sem fazer menção de deixá-lo entrar. Não sabia se havia alguma coisa que ele tivesse para dizer que eu quisesse escutar.

– É sobre Nan... e você.

Balancei a cabeça.

– Não quero saber. Não estou a m de ouvir nada que você tenha a me dizer. A sua lha acordou. Estou feliz que ela não tenha morrido. – Comecei a fechar a porta.

– Nan não é minha filha – disse ele.

Aquelas eram as únicas palavras capazes de evitar que eu batesse a porta na cara dele. Fiquei absorvendo o que ele falou enquanto abria lentamente a porta mais uma vez. O que ele queria dizer com isso?

Apenas o encarei. Isso não fazia sentido.

– Eu preciso lhe contar a verdade. Joe vai contar a Nan quando ela estiver pronta, mas queria contar a você pessoalmente.

O que Joe sabia? Ele estava mentindo para mim? Eu tinha a impressão de que não conseguia respirar.

– Joe? – perguntei, recuando para o caso de não conseguir respirar fundo e desmaiar. Precisava me sentar.

– Contei tudo a ele ontem. Ele ouviu a mesma mentira que você, mas agora conhece a verdade.

A verdade... qual era a verdade? Havia uma verdade ou toda a minha existência era uma mentira? Sentei nos degraus da escada e olhei para o homem que eu achava que fosse o meu pai enquanto ele entrava e fechava a porta atrás de si.

– Eu sempre soube que Nan não era minha filha. Mais importante do que isso: sua mãe sabia que Nan não era minha filha. Você tem razão, sua mãe jamais teria me deixado abandonar minha noiva grávida para fugir com ela. Por nada neste mundo. Ela quase não permitiu que eu deixasse minha ex-namorada grávida de outro integrante do Slacker Demon porque ficou preocupada com o que iria acontecer ao Joe. O coração dela era enorme e você sabe disso. Nada do que você conheceu foi mentira, Demi. Nada. O mundo que você conhecia não era uma mentira.

– Não estou entendendo. Eu sei que a minha mãe não estava envolvida em nada disso. Isso nunca passou pela minha cabeça. Mas não entendo. Se você não é o pai da Nan, por que nos deixou para ficar com elas?

– Conheci sua mãe enquanto tentava ajudar minha ex-namorada a lidar com o seu mais recente problema. Sua mãe também estava lá para ajudar. Nós dois nos preocupávamos com Georgianna. Ela precisava de nós e, por isso, tentamos ajudar. Mas enquanto ela saía para a farra e agia como se não tivesse um menininho em casa para cuidar, além da gravidez que estava ignorando, eu me apaixonei pela sua mãe. Ela era tudo o que Georgianna não era. Eu a adorava e, por qualquer que tenha sido o motivo, ela se apaixonou por mim. Dean levou Joe, e Kiro, o vocalista do Slacker Demon e verdadeiro pai de Nan, ofereceu ajuda. Quando Georgianna descobriu sobre mim e Becca, nos expulsou e fomos embora felizes. Sua mãe ficou preocupada com Joe e pediu a Dean que cuidasse dele por um tempo.

– A mamãe conhecia Joe?

Imaginar a minha mãe cuidando de Joe quando pequeno entre dois pais malucos fez os meus olhos se encherem de lágrimas. Ele sabia quanto a minha mãe era maravilhosa, mesmo que não se lembrasse.

– Sim. Ele a chamava de Beck Beck. Preferia ela a Georgianna. Georgie não aceitava isso também, é lógico. Depois que o conseguiu de volta, se recusou a deixar a sua mãe visitá-lo. Sua mãe chorou durante semanas, preocupada com o menininho que ela aprendera a amar. Mas Becca era assim. Sempre se importava demais. O coração dela era maior do que o de qualquer pessoa que já conheci... até você nascer. Você é exatamente como ela, querida.

Levantei a mão para fazê-lo parar. Nós não íamos nos conectar com aquilo. Eu não estava chorando porque minha mãe era inocente das mentiras que eu havia escutado. Estava chorando porque ela também amara Joe um dia, ele não havia sido solitário a infância inteira.

– Estou quase acabando. Deixe-me terminar, então irei embora e você nunca mais vai me ver novamente, eu juro.

Ele também sabia que eu ia embora. Que essa coisa entre Joe e mim estava terminada. A dor que senti no peito era quase insuportável.

– Sou culpado pela morte de Val. Eu passei por aquele sinal vermelho. Não estava prestando atenção e perdi uma das minhas meninas naquele dia. Mas perdi você e a sua mãe também. Vocês duas estavam sofrendo muito e foi tudo minha culpa. Eu não fui homem o suficiente para ficar e suportar ver vocês duas sofrendo tanto. Então fui fraco demais e fugi. Deixei você cuidando de Becca quando deveria ter sido eu. Não podia suportar a ideia de vê-la doente. Isso acabaria comigo. Passei a beber sem parar. Era a única maneira de me manter anestesiado. Então você ligou e disse que ela tinha morrido. Minha Becca não estava mais neste planeta. Eu precisaria contar a Nan a verdade sobre o pai dela e ir embora. Não sabia para onde, mas não me importava de viver ou morrer. Então você telefonou e disse que precisava de mim. Eu nem era mais um homem. Era um imprestável. Mas não podia decepcioná-la. Já a havia feito sofrer demais sozinha. Mandei você para o Joe. Ele não era exatamente o tipo de cara que um pai quer para a filha, mas eu sabia que ele veria em você o que eu vira em Becca. Uma linha de vida. Um motivo para viver. Um motivo para lutar. Ele era forte. Poderia proteger você e eu sabia que ele faria isso.

Aquilo tudo era demais. Eu não conseguia entender nada. Ele me mandou para o Joe? O cara que adorava a irmã e me odiava e me culpava por tudo de errado na vida dela?

– Ele me odiava – falei. – Ele odiava quem eu era.

Meu pai deu um sorriso triste.

– Sim, ele odiava quem achava que você era, mas então a conheceu. Ficou por perto e isso bastou. Você é rara, Demi. Exatamente como a sua mãe foi. Não há muita gente no mundo tão forte quanto você. Tão cheia de amor e disposta a perdoar. Você sempre invejou a forma como Val podia encantar um ambiente. Achava que ela era a melhor de vocês duas. Mas Val e eu sabíamos que nós tínhamos sorte por ter pessoas como você e sua mãe nas nossas vidas. Val adorava você. Ela via que você era a que tinha o espírito da sua mãe. Ambos admirávamos muito vocês duas. Eu ainda admiro. E embora tudo o que z tenha sido magoar você desde o dia em que perdemos a sua irmã, eu a amei. Sempre vou amar. Você é a minha garotinha. Você merece o melhor deste mundo e eu não sou o melhor. Estou indo embora e nunca mais vou incomodá-la. Preciso viver o resto da vida sozinho. Lembrando-me do que um dia tive.

A dor nos olhos dele arrebentaram a minha alma. Ele tinha razão. Havia abandonado a mim e a minha mãe quando mais precisávamos dele. Mas talvez nós também o tivéssemos abandonado. Não fomos atrás dele. Apenas o deixamos partir. O dia em que perdemos Valerie marcou todas as nossas vidas. Mamãe e Val partiram e nunca mais as teríamos de volta. Mas nós dois estávamos aqui. Eu não queria viver o resto da minha vida sabendo que meu pai estava sozinho em algum lugar. Minha mãe não iria querer isso. Ela nunca quis que ele casse sozinho. Ela o amou até o último momento. Val não iria querer isso. Ela também era a menininha do papai.

Eu me levantei e dei um passo na direção dele. Lentamente, lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos. Ele não era mais o homem que um dia tinha sido, mas era meu pai. Um soluço irrompeu do meu peito e eu me atirei nos seus braços. Quando ele me abraçou e me segurou, liberei toda a dor. Chorei pela vida que havíamos perdido. Chorei por ele, porque ele não era forte o suficiente. E chorei por mim, porque estava na hora.


JOE

A casa estava escura e silenciosa quando abri a porta. Será que Demi apagara todas as luzes? Eu estava tão empolgado em voltar para ficar com ela que não pensei naquela possibilidade: ela tinha me deixado. Será?

Subi a escada de dois em dois degraus. Quando cheguei no último, comecei a correr. Meu coração estava disparado no peito. Ela não podia ter ido embora. Eu a amava. Disse que estava voltando para casa. Ela tinha que estar lá. Eu precisava dizer tudo a ela. Dizer que as coisas seriam diferentes. Contar que eu havia me lembrado da mãe dela e das panquecas do Mickey Mouse. Tinha que dizer a ela que eu seria o homem de quem ela precisava. Que seria o melhor pai do mundo.

Abri com força a porta que dava para o meu quarto e subi a escada correndo, desesperado por vê-la. Por favor, Deus, permita que ela esteja lá. A cama estava vazia. Não. Não! Procurei as coisas dela no quarto. Algo que me dissesse que ela não havia me deixado. Ela não podia ter me deixado. Eu iria atrás dela. Eu me ajoelharia diante dela e imploraria. Eu seria a sombra dela até que ela cedesse e me perdoasse.

– Joe? – A voz dela interrompeu o silêncio do quarto e as batidas na minha cabeça.

Eu me virei para vê-la sentada no sofá. Seus cabelos estavam uma bagunça e seu rosto de sono, perfeito.

– Você está aqui.

Caí de joelhos diante dela e deitei a cabeça no seu colo. Ela estava ali.

Suas mãos tocaram a minha cabeça enquanto ela passava os dedos pelo meu cabelo.

– Sim, estou aqui – respondeu ela com a voz insegura.

Eu a estava assustando, mas precisava de apenas um minuto para me assegurar de que ela não havia me deixado. Eu não tinha estragado tudo. Não queria ser como o pai dela. O homem perdido e vazio que vi no dia anterior não era alguém que eu gostaria de me tornar. E sabia que, sem Demi, era quem eu me tornaria.

– Você está bem? – perguntou ela.

Respondi que sim, mas mantive a cabeça em seu colo. Demi tentava me tranquilizar, acariciando suavemente meu cabelo. Quando tive certeza de que conseguiria falar sem desmoronar, levantei o rosto.

– Eu amo você – disse com tamanha ferocidade que quase pareceu um xingamento.

Ela deu um sorriso triste.

– Eu sei e está tudo bem. Eu entendo. Não vou fazer você escolher. Só quero que seja feliz. Você merece ser feliz. Eu tive muito tempo para pensar em tudo e vou ficar bem. Você não precisa se preocupar comigo. Sou forte. Vou conseguir fazer tudo sozinha.

Eu não estava entendendo o que ela estava dizendo. O que ela iria fazer sozinha?

– O quê? – perguntei, repassando mentalmente o que ela dissera.

– Conversei com meu pai hoje. Eu sei de tudo. É difícil compreender, mas tudo faz mais sentido agora.

Abe a visitara? Contara tudo a ela? Ela sabia... mas o que estava dizendo ainda não fazia sentido.

– Gata, talvez seja porque não dormi muito bem nos últimos oito dias, ou porque eu esteja tão aliviado por você estar aqui, mas eu não estou entendendo o que você está querendo me dizer.

Uma lágrima brilhava no seu olho, o que me fez puxá-la para o meu colo. Eu não queria vê-la chorar. Achei que fosse algo feliz. Ela sabia da verdade. Sua mãe era tão pura e honesta quanto ela acreditava que fosse. Eu estava em casa, pronto para ser tudo o que ela merecia na vida. Eu ia morrer fazendo-a feliz.

– Eu amo você. E, por isso, vou deixá-lo partir. Quero que você tire da vida o que deseja. Não quero ser uma corrente presa à sua perna.

– O que você acabou de dizer? – perguntei quando me dei conta das palavras “deixá-lo partir”. O cacete que ela ia me deixar ir.

– Você me ouviu, Joe. Não torne as coisas mais difíceis – sussurrou ela.

Fiquei olhando para Demi, sem acreditar. Ela realmente estava falando sério. Eu a deixara ali pensando em todos os tipos de coisas enquanto eu estava no hospital com Nan. Eu deveria ter ligado, mas não liguei. Era claro que ela estava confusa.

– Escute aqui, Demi. Se você tentar ir a qualquer lugar, eu vou atrás de você. Vou me transformar na sua sombra. Não vou deixá-la sair de perto de mim, porque não consigo viver sem você. Cometi muitos erros e nem vou tentar contá-los, mas vou começar a fazer as coisas certas daqui para a frente. Eu juro que isso não vai voltar a acontecer. Agora sei que é aqui que eu devo estar. Não haverá mais mentiras. Apenas nós dois.

Ela fungou e enterrou a cabeça no meu ombro. Eu a apertei com força contra o meu corpo.

– Estou falando sério. Preciso de você. Você não pode me deixar.

– Mas eu não me encaixo. A sua família me odeia. Eu dificulto a sua vida.

Aí que ela estava enganada.

– Não. Você é a minha família. Minha mãe nunca foi minha família. Nunca sequer tentou ser. Minha irmã talvez não consiga superar completamente, mas ela me disse para perguntar a você se vai poder fazer parte da vida da sobrinha ou do sobrinho. Então, vai se esforçar. E quanto a dificultar a minha vida, você, Demi Lovato, completa a minha vida.

A boca de Demi cobriu a minha e as suas mãos agarraram a minha camisa. Ela enfiou a língua na minha boca e eu a saboreei. Sentira tanta falta dela. Como eu pude ter pensando por um minuto que sobreviveria sem isso... sem ela, não sei.

8 comentários:

  1. Posta mais!!!
    São quantas temporadas??

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  2. Posta mais hj pf pf, to sentindo falta de vários capítulos por dia kkkk

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  3. Ah que pena que esta temporada está terminando, mas ainda bem que finalmente o Abe ganhou coragem e contou toda a verdade, agora o Joe tem de cumprir com aquilo que disse e fazer a Demi feliz :) e ainda bem que a Nan vai tentar fazer um esforço :)

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