7.2.15

Tentação Sem Limites - Capítulo 1

Chegueei!!! Já vou logo avisando que essa temporada será de fortes emoções e vcs irão descobrir mais ou talvez tudo sobre o segredo de Nan. E sim, ela continuará sendo uma "bitche". Beijooos amorzinhos ♡

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JOE


Há 13 anos...

Alguém bateu à porta e ouvi o barulho de pés se arrastando. Já sentia uma dor no peito. Mamãe tinha ligado a caminho de casa para me contar o que havia feito e dizer que precisava sair para beber com as amigas. Eu teria que cuidar de Nan. Minha mãe não conseguiria lidar com todo aquele estresse. Pelo menos foi o que me disse quando ligou.

– Joe? – A voz de Nan saiu com um soluço. Ela estava chorando.

– Estou aqui, Nan – falei, levantando-me do pufe em que estava sentado em um canto. Era o meu esconderijo. Naquela casa, era preciso ter um esconderijo.

Quando não se tinha um, coisas ruins aconteciam.

As mechas dos cachos ruivos de Nan estavam coladas ao rosto molhado. Ela estava com o lábio inferior tremendo ao me encarar com aqueles olhos tristes. Eu quase nunca os via felizes. Minha mãe só lhe dava atenção quando precisava arrumá-la e exibi-la. No resto do tempo, Nan era ignorada. Exceto por mim. Eu fazia o possível para que ela se sentisse querida.

– Eu não o vi. Ele não estava lá – sussurrou ela dando um soluço.

Não precisei perguntar quem era “ele”. Eu sabia. Nossa mãe tinha se cansado de ouvir Nan perguntando sobre o pai e decidira levá-la para vê-lo. Queria que ela tivesse me contado e me levado junto. A expressão ferida no rosto de Nan me fez cerrar os punhos. Se algum dia visse aquele homem, eu daria um soco em seu nariz. Queria vê-lo sangrando.

– Venha aqui – chamei, estendendo a mão e puxando minha irmãzinha para um abraço.

Ela envolveu minha cintura com os braços e me apertou com força. Era difícil respirar em momentos assim. Eu detestava a vida que ela tinha. Eu, pelo menos, sabia que o meu pai me queria. Ele ficava comigo.

– Ele tem outras filhas. Duas. E elas são... lindas. Elas têm cabelos de anjo. E têm uma mãe que deixa elas brincarem na terra. Elas estavam usando tênis.

Tênis sujos.

Nan estava com inveja de tênis sujos. Nossa mãe não permitia que ela estivesse menos do que perfeita o tempo todo. Ela nunca sequer tivera um par de tênis.

– Elas não podem ser mais bonitas do que você – garanti a ela, porque acreditava mesmo no que dizia.

Nan fungou e se afastou de mim. Levantou a cabeça e me encarou com aqueles grandes olhos verdes.

– São sim, eu vi. Vi fotos na parede com as duas meninas e um homem. Ele ama as duas... e não me ama.

Eu não poderia mentir para ela. Nan tinha razão. Ele não a amava.

– Ele é um imbecil. Você tem a mim, Nan. Sempre vai ter a mim.


DEMI

Hoje...

Vinte e cinco quilômetros de distância da cidade. Era longe o bastante.

Ninguém iria a uma farmácia tão longe. A menos, é claro, que tivesse 19 anos e estivesse comprando algo escondido da cidade toda. Tudo o que era adquirido na farmácia local se espalhava por toda a cidadezinha de Sumit, no Alabama, em uma hora. Principalmente se fosse uma pessoa solteira comprando camisinhas... ou um teste de gravidez.

Pus os testes em cima do balcão e não olhei para a atendente. Não consegui. Não queria dividir com uma estranha qualquer o medo e a culpa nos meus olhos. Era algo que eu não havia contado nem a Cain. Desde que obrigara Joe a sair da minha vida, três semanas antes, eu tinha voltado lentamente à rotina de passar o tempo todo com Cain. Era fácil. Ele não me pressionava para falar, mas quando eu queria, ele me escutava.

– Dezesseis dólares e quinze centavos – disse a moça do outro lado do balcão.

Pude ouvir a preocupação na voz dela. Nada surpreendente. Aquela era a compra constrangedora que todas as adolescentes temiam. Entreguei uma nota de vinte dólares sem levantar os olhos da sacolinha que ela colocara na minha frente. Ela continha a única resposta de que eu precisava e aquilo que mais me apavorava. Ignorar o fato de que a minha menstruação estava duas semanas atrasada e ngir que nada estava acontecendo era mais fácil. Mas eu precisava saber.

– Três dólares e 85 centavos de troco – disse a balconista estendendo o braço e pondo o dinheiro na minha mão.

– Obrigada – murmurei, pegando a sacola.

– Espero que tudo fique bem – disse a moça em um tom gentil.

Levantei o olhar e deparei com um par de olhos castanhos solidários. Eu nunca mais a veria, mas, naquele momento, ajudou que outra pessoa soubesse.

Eu não me senti tão sozinha.

– Eu também – respondi, antes de me virar e seguir em direção à porta. De

volta ao sol quente de verão.

Dei apenas dois passos no estacionamento quando bati os olhos na porta do motorista da minha picape. Cain estava encostado nela com os braços cruzados no peito. O boné cinza da Universidade do Alabama, com uma letra A estampada, estava puxado de lado, escondendo seus olhos.

Parei e o encarei. Não dava para mentir sobre aquilo. Ele sabia que eu não estava ali para comprar camisinhas. Havia apenas mais uma alternativa. Mesmo sem ver a expressão nos olhos dele, eu entendi. Ele sabia.

Engoli em seco a sensação na garganta que me acompanhava desde que eu entrara na picape naquela manhã e saíra da cidade. Agora não éramos apenas eu e a estranha atrás do balcão que sabíamos. Meu melhor amigo sabia também.

Obriguei-me a continuar andando. Ele faria perguntas e eu teria que respondê-las. Depois das últimas semanas, ele merecia uma explicação. Ele merecia a verdade. Mas como explicar aquilo?

Parei apenas alguns metros diante dele. Agradeci o fato de ele ter encoberto o rosto. Seria mais fácil explicar se eu não conseguisse ver os pensamentos atravessando os seus olhos.

Ficamos parados, calados. Eu queria que ele falasse primeiro, mas, depois do que pareceram ser vários minutos de silêncio, percebi que ele queria que eu dissesse alguma coisa antes.

– Como você descobriu onde eu estava? – perguntei, por fim.

– Você está hospedada na casa da minha avó. No instante em que saiu agindo de um jeito estranho, ela me ligou. Fiquei preocupado.

Senti meus olhos se enchendo de lágrimas. Eu não choraria por aquilo. Já tinha chorado tudo o que me permitiria. Segurando mais apertado a sacola com o teste de gravidez, endireitei os ombros.

– Você me seguiu – falei. Não foi uma pergunta.

– Claro que segui – rebateu ele e desviou o olhar de mim para se focar em outra coisa. – Você ia me contar, Demi?

Se eu ia contar a ele? Eu não sabia. Não havia planejado nada ainda.

– Não tenho certeza se há algo a contar – respondi sinceramente.

Cain balançou a cabeça e soltou uma risada abafada sem qualquer resquício de humor.

– Não tem certeza, é? Você veio até aqui porque não tinha certeza?

Ele estava com raiva. Ou estava magoado? Não tinha motivo para nem uma

coisa, nem outra.

– Enquanto não fizer este teste, não terei certeza. Estou atrasada. Só isso. Não há o que contar. Não é da sua conta.

Lentamente, Cain virou a cabeça para mim. Levantou a mão e empinou o boné para trás. Pude, enfim, ver os seus olhos. Havia descrença e dor neles. Eu não queria ver aquilo. Era quase pior do que ver reprovação no seu olhar.

– É mesmo? É assim que você se sente? Depois de tudo o que passamos, é assim mesmo que você se sente?

O que nós vivemos juntos estava no passado. Cain era o meu passado. Muitas coisas aconteceram comigo sem ele. Enquanto ele aproveitava os anos de ensino médio, eu me esforçava para manter a minha vida em pé. O que ele achava que tinha sofrido? Aos poucos, meu sangue começou a ferver de raiva e levantei os olhos para encará-lo.

– Sim, Cain. É assim que eu me sinto. Não sei o que exatamente você acha que passamos juntos. Nós éramos melhores amigos, depois viramos um casal, então a minha mãe ficou doente e, como você precisava que alguém o chupasse, me traiu. Eu cuidei da minha mãe sozinha. Sem ninguém em quem me apoiar. Daí ela morreu e eu me mudei. Meu coração e o meu mundo foram destruídos, mas eu voltei. E você estava aqui para mim. Eu não pedi, mas você estava. Sou grata, mas isso não faz com que todo o resto desapareça. Não compensa o fato de você ter me abandonado quando mais precisei de ajuda. Então me desculpe se você não é a primeira pessoa que procuro quando o meu mundo está prestes a desmoronar mais uma vez, mas você ainda não fez por merecer isso.

Eu estava respirando com dificuldade e as lágrimas que eu não queria derramar estavam rolando pelo meu rosto. Eu não queria chorar, caramba. Diminuí a distância entre nós e usei toda a minha força para empurrá-lo para fora do caminho e conseguir agarrar a maçaneta e abrir a porta da picape. Eu precisava sair dali. Ir para longe dele.

– Saia – gritei, enquanto tentava abrir a porta com o peso dele ainda sobre ela.

Esperava que Cain discutisse comigo. Esperava qualquer coisa além de ele fazer o que eu pedi. Sentei atrás da direção e atirei a sacolinha de plástico no banco ao meu lado antes de engatar a marcha a ré. Pude ver Cain ainda parado lá. Ele simplesmente não se mexia. Apenas o suficiente para que eu entrasse na picape. Ele não estava olhando para mim, mas para o chão, como se nele estivessem todas as respostas. Eu não podia me preocupar com ele naquele momento. Precisava ir embora.

Talvez eu não devesse ter dito todas aquelas coisas. Talvez fosse melhor ter mantido aquela fúria enterrada dentro de mim, mas agora era tarde demais. Ele havia me provocado no momento errado. Eu não ia me sentir mal por isso.

Eu também não poderia voltar para a casa da avó dele. Ela estava no meu pé. Ele provavelmente ligaria e lhe contaria. Se não a verdade, algo parecido com a verdade. Eu não tinha mais alternativa. Teria que fazer o teste de gravidez no banheiro de um posto de gasolina. Será que a situação poderia ficar pior?

8 comentários:

  1. Eu sabia que ela estava grávida!!
    Se os segredos já foram revelados, o que mais poderia causar uma grande reviravolta e fazer ela voltar para Rosemary?!?!?? Uma GRAVIDEZ!!!
    só quero ver como vai ser para o Joe quando ela voltar.
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  2. Já começou bombando!!!! Continua.......

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  3. Será que ela está gravida de gêmeos? Não vai poder trabalhar? Será que é gravidez de risco? Posta logo estou ficando loucaa.
    Nanda

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  4. Bah sabia que gravidez era o motivo para ela voltar para rosemary... Joe irá aceita-la é obvio, mas quero saber como a mãe e a chata da Nan se portará diante disso.
    Continua!!!
    Sam,xx

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