28.2.15

Capitulo 13 - Amor Sem Limites

Amoressss, como vao? Eu vou bem! Me desculpem por n ter postado ainda, dps q cheguei da aula sexta, eu sai e vcs tem visto o jornal? Enchentes no ABC Paulista? Ent, eu moro no B do ABC jajdidkd ta chovendo mt aqui e eu n sofro cm as enchentes diretamente pq moro numa parte alta, mas qd saio, sofro p chegar em casa! Por isso q demorei... sem contar a falta de energia q eh frequente................ enfim, comentem! Amanha vejo se faço uma maratona, ok? Beijos, amo vcs! 
Bruna

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DEMI

–Tem, mas eu não sei que horas meu pai volta. Não podemos simplesmente entrar lá – respondi, sem conseguir deixar de rir.

– Minha doce Demi, se eu não entrar em você logo, muito mais gente além do seu pai vai ficar sabendo que estamos transando. Aquela mesinha da cozinha está me parecendo bem boa no momento.

Estremeci de expectativa quando ele me puxou para o quarto.

– Só uma cama – disse ele ao olhar para o quartinho. – É isso aí.

Subi engatinhando na cama desfeita e ele me seguiu, mas primeiro se virou para trancar a porta de correr. As sacanagens que ele dissera e o meu estado de tesão constante me deixaram tão excitada que não ia ser preciso muito tempo para me fazer gozar. Eu estava tremendo de tanto que queria ser tocada por ele.

– Tire – disse ele, olhando para meu vestido.

Puxei o vestido por cima da cabeça e o joguei no colchão. Não havia colocado sutiã, mas estava de calcinha. Seus olhos se acenderam de tesão quando ele olhou para meus seios. Adorava saber que a gravidez não diminuía o desejo dele por mim. Na verdade, ele parecia ainda mais atraído.

Joe tirou a camisa e ficou de joelhos na minha frente. Segurou meus seios em suas mãos grandes e provocou meus mamilos, fazendo-me gemer e me esfregar ainda mais nele.

Desceu as mãos até a barriga, acariciando-a gentilmente.

– Minha – disse apenas, com admiração e reverência na voz.

Então, deslizou uma das mãos para o meio das minhas pernas e para dentro da calcinha. Descobriu exatamente quanto eu estava excitada.

– Humm, minha doce Demi me quer aí. Gosto disso. Gosto disso pra caralho – gemeu ele, deitando-me de costas no colchão antes de arrancar minha calcinha. Passou o polegar pela sola dos meus pés, então agarrou meus tornozelos e os puxou acima dos ombros dele.

– Joe. – Tentei impedir que começasse a me lamber só porque queria outra parte dele dentro de mim. Mas sua língua estremeceu em meio às minhas dobras e lambeu até meu clitóris, fazendo qualquer pensamento racional desaparecer. Agarrei os lençóis e, me contorcendo de prazer, gritei o nome dele. Já não importava quem fosse me ouvir. O piercing em sua língua provocava meu clitóris incansavelmente enquanto ele ia e vinha pelo meu sexo inchado.

– Tão doce – murmurou ele sem me soltar, e eu desmoronei. Meu corpo estremeceu, e

eu tive certeza de ter gritado seu nome alto o bastante para os vizinhos escutarem. Quando consegui abrir os olhos de novo, ele estava nu e se erguendo entre minhas pernas.

Ergui o quadril ao encontro do pau dele e adorei ver a expressão de prazer em seu rosto quando foi a vez dele de sussurrar meu nome.

Joe segurou minha cintura e me puxou de encontro a suas investidas. Ele entrava e saía de mim num ritmo constante. Senti o prazer aumentando e fiquei louca para explodir de novo. Comecei a levantar o quadril mais alto enquanto agarrava seus braços para me içar mais rápido.

Joe parou e me fez recostar na cama, movimentando-se mais devagar sobre mim. Sua boca cobriu a minha, e ele começou a me beijar como se tivesse todo o tempo do mundo, quando, na realidade, eu estava a poucas estocadas de mais um orgasmo. Ele percorreu minha língua com a dele, brincando com ela e depois lambendo meus lábios antes de me dar beijos castos nos cantos da boca e sugar meu lábio superior.

– Não me deixe de novo – pediu. – Não posso perder você.

Ele moveu o quadril e mergulhou fundo em mim mais uma vez enquanto gemia. Eu enlouqueci, me agarrei a ele e prometi qualquer coisa que ele quisesse. O grito que ele deu ao gozar me fez ter outro orgasmo.

Quando finalmente consegui respirar, Joe estava me acomodando em seus braços e aninhando a cabeça no meu pescoço. Seu hálito quente me provocava e me tranquilizava ao mesmo tempo.

– Eu amo você. Amo pra caralho – disse ele com a voz rouca.

– Também amo você. Amo pra caralho – respondi, com um sorriso feliz.

Ele riu, mas não olhou para mim. Manteve o rosto enterrado no meu pescoço.

– Quero você de novo. Desculpe – disse ele.

Confusa, franzi a testa e me afastei um pouco para ver o rosto dele.

– Está se desculpando por quê?

– Porque talvez eu esteja insaciável esta noite. Foram 24 horas muito longas.

– Quer dizer que você quer mais agora? – perguntei.

Joe deslizou as mãos para o meio das minhas pernas.

– É, gata, eu quero.

Joe estava dormindo quando ouvi meu pai entrar no barco. Fiquei grata por ele não ter testemunhado o que acontecera. Joe caíra no sono de cansaço. Mas antes me deixara completamente satisfeita. Lutei contra o sono porque queria esperar meu pai. Peguei minha roupa, me desvencilhei dos braços de Joe e me vesti. Precisava dizer a meu pai que Joe estava ali. Como não havia lhe contado muita coisa, ele precisava de uma explicação.

Destranquei a porta e olhei para Joe, que ainda dormia tranquilamente. Saí do quarto e subi a escada na ponta dos pés. Meu pai estava sentado à mesa da cozinha, servindo-se de um copo de leite. Olhou para mim e sorriu.

– Não queria acordá-la – disse ele.

– Tudo bem. Eu já estava acordada – respondi. Acenei com a cabeça para a frente do barco, do lado de fora, onde nossas vozes não seriam tão facilmente ouvidas no andar de baixo. – Podemos conversar?

Papai olhou na direção da escada, franziu a testa e então fez que sim com a cabeça e se levantou para voltar para o lado de fora da cabine.

Fechei a porta para abafar nossa conversa e então me virei para meu pai.

– Joe chegou – expliquei. – Ele está dormindo.

Pela expressão no rosto dele, vi que havia compreendido. Ele assentiu.

– Ótimo. Que bom que o garoto foi esperto o bastante para vir buscá-la.

Papai gostava de Joe. Tinha sido por causa dele que nos conhecemos, para início de conversa. Ter a aprovação dele me deixava feliz. Isso tornava as coisas muito mais fáceis. Eu queria manter um relacionamento com meu pai e, por muito tempo, Joe não tinha sido fã dele.

– Foi por causa da família dele que eu vim embora. De Nan, principalmente. Ela é... demais, às vezes.

– Ela é um pesadelo. Ela não é minha lha, pode ser direta ao falar dela. Passei tempo suficiente com ela para saber que precisa de muita atenção de um pai.

Concordei com a cabeça e me sentei no banco localizado na lateral do barco, enfiando as pernas embaixo do corpo.

– Não quero odiá-la, porque Joe a ama. Mas é difícil. Ela está decidida a tirá-lo de mim. Às vezes acho que ela pode conseguir.

Meu pai sentou numa cadeira dobrável desbotada que um dia tivera as cores do arco-íris.

– O garoto ama você mais. Sempre vai amar. Qualquer um vê isso, ursinha. Você só precisa aprender a não deixar Nan intimidá-la.

– Estou tentando. Mas aí, quando ela precisa, ele está lá. Muitas vezes quando eu preciso dele também. Ela sempre ganha. Eu sei que parece bobeira e que estou sendo egoísta, mas preciso que ele me escolha. Preciso que ele escolha a mim e ao nosso lho em vez de todo o resto. Eu não... não sei se ele algum dia vai fazer isso. – Dizer isso em voz alta me deixou com um nó na garganta. É difícil admitir nosso pior medo. Mas eu precisava que alguém me escutasse.

– Você merece ser a número um. Você passou por muita coisa, por culpa minha. Está na hora de um homem fazê-la se sentir a pessoa mais importante do mundo dele. Não é egoísmo. É normal. Aquela irmã mimada dele usa o fato de não ter tido pai como desculpa para ser uma vaca e infernizar todo mundo. Você teve mais problemas do que ela, perdeu a irmã, o pai e a mãe. Sofreu mais do que aquela garota jamais poderia sequer imaginar, mas, ainda assim, você sabe amar. Você sabe perdoar e é forte. Você será uma mãe maravilhosa e uma esposa incrível.

Meu pai soltou um longo suspiro.

– Joe viu Nan como lha dele a vida toda. Ele a criou. Ela é adulta agora, e está na hora de ele deixá-la se virar. Ele está tentando descobrir como fazer isso, e acho que vai conseguir. Joe ama você. Eu sei que ama. Qualquer um pode ver isso no rosto dele.

Eu torcia para que ele tivesse razão.

– Eu o amo tanto que tenho medo de que continue a perdoá-lo, mesmo que ele sempre a escolha.

Papai concordou com a cabeça e se inclinou para a frente para apoiar os cotovelos nos joelhos.

– Se isso acontecer, acho que vou ter que ir a Rosemary dar uma surra no garoto. É só me ligar. Vou estar sempre do seu lado.

Sorri diante da expressão sincera no rosto dele ao ameaçar bater em Joe por mim. Era esse o homem que eu crescera amando. O homem que ameaçara Cain com seu rie de caça em nosso primeiro encontro. Fui até ele e passei os braços ao redor do seu pescoço.

– Eu amo você – sussurrei.

– Amo você também, minha ursinha Demi.

Uma tosse alta me assustou, e eu olhei para trás e vi o cara de mais cedo, outra vez parado no convés de seu barco, nos observando. Ele estava começando a me assustar. Pelo menos desta vez estava usando uma camisa, ainda que desabotoada.

– Boa noite, Capitão – falou meu pai, e o cara levantou a cerveja para cumprimentá-lo.

– Boa noite – respondeu ele. Mas não saiu. Só ficou ali parado.

– Esta é Demi, minha filha.

– Nós nos conhecemos mais cedo – disse ele e piscou para mim de novo. Meu desconforto foi imediato. Joe não ia gostar que ele fizesse isso. Talvez não fosse boa ideia eu passar alguns dias ali. Eu estava grávida. Será que ele não via? Por que flertaria com uma grávida?

– Ah, bem, que bom. Que bom que vocês se conheceram. – Meu pai pareceu nervoso. Alguma coisa estava errada. Será que o cara era perigoso?

A porta da cabine se abriu e um Joe sonolento e amarfanhado surgiu no convés. Desta vez, estava sem camisa e com a calça jeans desabotoada. Duvidava que sequer tivesse vestido uma cueca. Parecia ter acabado de acordar e perceber que eu não estava, então vestira a calça correndo e saíra atrás de mim. Olhou para mim, para o Capitão e para mim de novo. A expressão furiosa no rosto dele me surpreendeu. Ele não tinha visto o sujeito piscar para mim, tinha?

– Oi, Abe – disse ele com a voz arrastada, vindo até mim e puxando-me na sua direção. Sim, definitivamente ele estava reclamando sua propriedade. Por que ele se sentia ameaçado? Não sabia que eu era louca por ele?

– Oi, Joe. Fiquei muito feliz por reencontrar a Demi, mas gostei de ver que você foi inteligente o bastante para vir buscá-la – respondeu Abe. O tom de advertência em sua voz foi muito claro. Ele estava informando a Joe que não gostava que eu me sentisse em

segundo plano.

Joe concordou com a cabeça e deu um beijo na minha testa.

– Não vai acontecer de novo – garantiu ele ao meu pai.

Meu pai fez que sim com a cabeça.

– Que bom. Da próxima vez, não vou ser tão compreensivo – alertou ele.

– Recém-casados? – perguntou Capitão, ainda parado nos observando.

Os músculos de Joe ficaram tensos, e me aproximei para acalmá-lo. Ele queria estar casado. Ficou incomodado por outro cara questionar nosso relacionamento.

– Eles estão noivos – explicou meu pai.

Capitão apontou a cerveja na minha direção, como se estivesse indicando minha barriga.

– Você inverteu um pouco a ordem das coisas, não? – O tom de acusação na voz dele fez Joe se mover antes que eu conseguisse impedi-lo. De repente ele estava atravessando o barco. Estendi a mão e agarrei seu braço no instante em que ele pôs o pé no degrau de fora.

– Muito bem, pode parar – disse meu pai num tom autoritário que eu não estava acostumada a vê-lo usar. – Eu ia esperar e explicar a Demi sem a merda de uma plateia, mas parece que preciso fazer isso agora, já que você irritou Joe. – Ele olhava irritado para Capitão.

Do que meu pai estava falando? Que tipo de explicação?

Joe parou de se mexer e olhou furioso para o meu pai.

– Ninguém fala com a Demi assim. Estou me lixando para quem ele seja.

– Eu não estava falando com a Demi. Estava falando com você – disse Capitão, de um jeito arrastado e entediado, e tomou mais um gole da cerveja.

Peguei o braço de Joe com as duas mãos e o segurei com força.

– Já chega, garoto – disparou meu pai para Capitão. Pensei em argumentar que ele não era um garoto, mas um homem capaz de machucar meu pai sem esforço. Preferia que ele mantivesse uma relação amistosa com os vizinhos.

Capitão levantou as duas mãos e deu de ombros.

– Tudo bem – respondeu ele. Fiquei chocada ao vê-lo recuar tão facilmente.

Papai suspirou e olhou de novo para mim.

– Talvez você queira voltar a se sentar – disse ele.

Eu não tinha certeza se queria ouvir o que ele tinha para me dizer. Por que eu precisava me sentar? Joe se sentou, me puxou para seu colo e passou os braços ao redor da minha cintura.

Meu pai olhou para Capitão e franziu a testa. Qualquer que fosse o assunto a seguir, ele não queria me contar. Isso me deixou nervosa.

– Quando eu tinha 16 anos, engravidei minha namorada de escola – começou ele, e agarrei com força os braços de Joe. – Becca Lynn não estava pronta para ser mãe, e eu com certeza não estava pronto para ser pai. Nós concordamos em dar o bebê para adoção. Os pais de Becca Lynn trataram de encontrar pais adequados para a criança, e assim foi. Não ficamos

juntos. Terminamos por conta do impacto da gravidez e do que havia acontecido. Depois da formatura, ela foi para a faculdade na costa oeste e eu fui para a Georgia. Nunca mais a vi – disse meu pai.

Ele deu um suspiro e me analisou por um instante antes de prosseguir. Os braços de Joe haviam me apertado um pouco mais, e eu estava me segurando nele. Ainda não tinha certeza de como a história terminava, mas fazia ideia.

– Depois que você e Valerie nasceram, eu percebi quanto eram preciosas. Eu amava tanto vocês duas que desabei uma noite e contei à sua mãe sobre o bebê que tivera com Becca Lynn e fora dado para adoção oito anos antes. Pela primeira vez, fiquei triste com a perda daquele lho, que eu achava que não quisesse. Sua mãe tomou para si a tarefa de encontrá-lo. Ela procurou durante anos. Todas as pistas sempre levavam a nada. Eu acabei desistindo. Ela nunca desistiu. – Papai deu uma risada triste. – Então, no ano passado, o investigador que a sua mãe havia contratado entrou em contato comigo, porque tinha descoberto uma pista. Eu não esperava por isso. Não sabia o que fazer com aquela informação. O garoto já era adulto. Eu tinha certeza de que não fazia mais sentido. Então recebi outra ligação. Meu filho queria me conhecer.

Girei o tronco para olhar Capitão. Ele estava encostado em seu barco olhando para a água, mas ouvindo. Estava com o corpo tenso, esperando. Ele era... Eu tinha um irmão?

– Então tudo aquilo aconteceu, e eu admiti meus erros. Precisava recomeçar. Tentar agir direito no que me restava de vida, porque tudo o que eu havia feito até então era ferrar com tudo. As únicas coisas boas na minha vida tinham sido amar sua mãe e ter sido abençoado com você e Valerie. Então, liguei para meu lho e vim conhecê-lo. – Ele fez uma pausa e acenou com a cabeça na direção de Capitão. – River Joshua Kipling, também conhecido como Capitão, é seu irmão.

– Caralho – sussurrou Joe, e fiquei com vontade de dizer a mesma coisa. Será que os segredos do meu pai nunca acabavam?

– Capitão foi o último presente de sua mãe para mim. Se ela não tivesse sido tão determinada em encontrá-lo, eu nunca o teria conhecido.

Meu pai não estava tão sozinho quanto eu imaginava. Mas essa história não me deixava chateada nem magoada. Eu estava... feliz. Estava aliviada. Ele tinha muito o que consertar na vida. Eu sabia que, ao tentar criar laços com o lho, ele estava tentando reparar o erro de não tê-lo assumido. Meu bebê chutou contra as mãos do pai. Não conseguiria me imaginar dando-o para adoção. Nunca chegando a conhecê-lo ou abraçá-lo. Devia ser como perder parte de si mesmo. Meu pai não tinha sido um homem completo desde os 16 anos. Desde que abrira mão de parte de si. Meu coração se partiu de pena dele. Afastei-me dos braços de Joe e fui até meu pai.

Passei os dois braços pelo tronco dele e o abracei. Ainda não sabia como traduzir em palavras quanto estava feliz por ele. E “feliz” talvez nem fosse o termo certo. Eu estava mais do que feliz. Eu estava grata. Estava na hora de ele se curar. Isso fazia parte do processo.

– Isso incomoda você, ursinha Demi? – perguntou ele, prendendo-me num abraço.

– Estou feliz que você o tenha encontrado – respondi sinceramente. Por ora, era tudo o que conseguia dizer.

– Obrigado. – Sua voz estava tomada de emoção.

– E eu estou muito feliz por não precisar dar uma surra em você por ficar olhando para a minha mulher – ouvi Joe dizer e sorri encostada no peito do meu pai.

JOE

Ficamos por mais cinco dias para que Demi pudesse conhecer um pouco o irmão. Foi muito mais fácil tolerar Capitão depois que eu soube que ele não estava olhando para Demi com intenções sexuais. Ele só estava curioso em relação à irmã. Compreendi isso. Mas também fiquei feliz ao fazer as malas e voltar para casa. Faltavam apenas três semanas para o Natal, e eu queria passá-lo em Rosemary com Demi. Na nossa casa. E também queria dar meu sobrenome a ela e bater no peito de orgulho feito um maluco.

Demi fora direto para a cama quando chegamos a Rosemary. Sorriu alegremente quando entramos em casa e então olhou para mim e disse que, a menos que eu quisesse ficar só abraçadinho, era para deixá-la sozinha no quarto para tirar uma soneca. Como eu tinha quase certeza de que não conseguiria ficar apenas abraçado, permaneci no andar de baixo aproveitando o fato de estar em casa.

Peguei um refrigerante na geladeira e fui sentar no deque e inspirar o ar do golfo. Sentira falta dali. Ainda não estava devidamente instalado quando ouvi a porta atrás de mim se abrir.

Grant surgiu fazendo um aceno de cabeça e sentou ao meu lado. Não conversávamos desde antes do jantar de Ação de Graças, quando eu ligara para falar com ele sobre Nan. Eu havia andado ocupado desde então, e tinha certeza de que ele estava me evitando. Pelo visto, a rede de notícias de Rosemary estava funcionando, porque fazia menos de trinta minutos que havíamos chegado, e ele já estava ali. Eu sequer imaginava que Grant estivesse na cidade. Normalmente, ele passava os invernos esquiando. Pelo que eu sabia, ele iria para Vail.

– Como ela está? – Foram as primeiras palavras que ele disse.

Ele não estava perguntando de Demi. Percebi pelo tom triste que era de Nan que ele estava falando.

– Muito ferrada. Você sabe disso.

Grant soltou um suspiro e cruzou os tornozelos.

– É, eu sei. Mas liguei para ela ontem à noite porque estava bêbado, fraco e numa crise de burrice. Sua mãe atendeu. Disse que Nan está em tratamento.

– Ela tentou se matar com remédios. Eu a encontrei e a levei para o hospital a tempo. Ela ficou bem na parte física, mas não na emocional. Kiro é um merda de pai. Harlow sabe disso, mas Nan nunca vai aceitar a situação como Harlow aceitou.

– Quem é Harlow? – perguntou Grant, e me dei conta de que havia partes da minha

história de que nem ele conhecia. Eu havia mantido minha vida em Rosemary separada da minha vida com meu pai.

– A outra lha de Kiro. Dela ele cuidou. Bom, ou pelo menos deixou com a avó que a amava, longe daquele mundo dele. Harlow era o brinquedinho bonito que ele pegava de vez em quando e depois devolvia para a avó quando cansava de ser pai. Funcionou porque Harlow é tranquila, educada e fica na dela, fora do caminho. Nan não é nada disso. Então, ela não serve.

Grant soltou um suspiro.

– Caramba.

“Caramba” era pouco.

Ficamos sentados em silêncio por um tempo, olhando para o mar. Eu não sabia quanto ele havia se envolvido com Nan, mas esperava que conseguisse se afastar. Ela não era estável.

Jamais seria. Não faria Grant feliz.

– Vocês vão se casar logo? – perguntou Grant, afinal.

Sorrindo, pensei em Demi no quarto, enroscada na minha cama... na nossa cama.

– Vamos. Quando ela acordar, vou dizer que ela tem uma semana para planejar o casamento. Não posso esperar mais. Já esperei demais.

Grant deu uma risada.

– Eu sou o padrinho, certo?

– É claro. Infelizmente, acho que você vai acabar entrando com a Bethy, então prepare-se para Jace ficar na sua cola. Não tenho dúvida de que Demi vá escolher Bethy. A alternativa seria Jimmy, mas duvido que você o queira apertando sua bunda.

– Eu me viro com Bethy e Jace – respondeu Grant, num tom divertido. – Mas Jimmy vai mesmo entrar junto com as amigas da noiva?

Sorri e assenti com a cabeça.

– Vai. Ela o convidou quando começamos a planejar o casamento.

Eu havia deixado passagens de avião com Abe e Capitão antes de partir. Demi queria o pai aqui e, depois de vê-la aproximando-se de Capitão, percebi que iria querer o irmão também. Os dois concordaram em vir em uma semana. Mas Demi ainda não sabia disso. Eu não estava com ânimo de discutir, caso ela tivesse um motivo para adiar a cerimônia.

– Nan vem ao casamento? – perguntou Grant.

Eu nunca havia imaginado que iria me casar sem a presença de minha mãe e minha irmã. No entanto, não queria que nada estragasse as lembranças do nosso casamento para Demi, e sabia que elas dariam um jeito de fazer justamente isso. Eu não poderia permitir.

– Não. Ela não pode vir. Ainda odeia Demi – respondi.

Grant fez que sim com a cabeça e seus ombros relaxaram. Ele não queria vê-la. Isso era óbvio. Eu não podia culpá-lo.

– Sabia que o idiota do Woods vai se casar com aquela garota de Nova York porque os pais querem? Ele ainda não está noivo, mas vai ficar em breve. Ele admitiu para mim outro

dia, tomando tequila, que precisava se casar com ela se quisesse ficar com o clube. O pai está pegando pesado. Woods vai ser muito infeliz com aquela mulher toda rígida.

Fiquei chateado pelo Woods. Sabia como era estar ansioso para se casar e passar o resto da vida com a mulher amada. Todo mundo deveria experimentar essa sensação. Não era certo começar um casamento com arrependimento e amargura.

– É escolha dele, eu imagino. Ele poderia dizer não.

– E fugir, como Tripp? Não é um plano muito bom também – respondeu Grant.

Tripp era alguns anos mais velho do que nosso grupo. Era primo de Jace, e todos nós gostávamos dele. Os pais o pressionaram para que organizasse a própria vida de acordo com os planos deles, e ele se mandou. Deixou milhões de dólares para trás e fugiu. Foi imortalizado por nosso olhar de adolescentes porque teve coragem de tocar o foda-se e ir embora. Agora que estávamos mais velhos, compreendíamos melhor o sacrifício que ele havia feito. Eu só esperava que ele fosse feliz.

– É melhor do que se casar com uma vaca mimada – falei.

– É verdade. – Grant fez uma pausa e tomou um gole do meu refrigerante. O cretino sabia que eu não ia mais beber depois disso. – Como está o seu pai?

– Do mesmo jeito. Bebendo e fumando demais. Transando com mulheres da minha idade que ele nem conhece. Você sabe como é.

Grant sorriu.

– Sei. Mas que vidão, hein!

Aquilo não era vida, mas, como sabia que Grant não iria concordar comigo, fiquei quieto.

Ele nunca tivera alguém como Demi, então não fazia ideia de quanto a vida do meu pai era vazia. Ele devia ser muito solitário.

– Todo mundo sabe que vocês estão de volta à cidade. Estão a fim de companhia esta noite?

Não. Eu queria Demi só para mim. Passamos cinco dias dividindo um barco com o pai dela. Tempo de mais.

– Hoje, não. Demi precisa descansar.

– Ou você quer ficar só com ela? Seja sincero, cara.

– É, eu quero ficar só com ela – respondi com um sorriso.

27.2.15

Capitulo 12 - Amor Sem Limites

Amores, aqui está. Me desculpem pela demora, eu pensei q tivesse postado, porém, obviamente, n postei. Eu vou ter apenas tres aulas hj, se tiver 5 comentarios quando eu chegar, eu posto mais um p vcs, ok? Comentem! Beijos, amo vcs ♥
Bruna

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DEMI

–Aqui estamos. Não é muito, mas é meu – disse meu pai ao subir no barco com uma

cabine pequena que certamente tinha só uma cama. Eu tinha esperanças de que houvesse algum sofá lá dentro também.

Tinha cado muito aliviada ao descer do avião no pequeno aeroporto e encontrar Abe esperando por mim. Estava preocupada em talvez ter gastado minhas últimas economias em passagens de avião para ir encontrar um homem que não aparecesse. Desta vez, ele estava lá para me ajudar.

– A boa notícia é que tem um beliche e uma cama de casal. Eu co com o beliche e você pode ficar com a cama. Vai ser melhor para você e o bebê. Também comprei algumas coisas para você no mercado, as que eu sabia que você gostava. A geladeira é minúscula, mas tenho uma caixa térmica também, para as coisas que precisam ficar geladas.

Dentro do velho barco, reconheci traços do meu pai. Seu chapéu preferido, que minha mãe lhe dera no dia dos Pais quando eu era pequena, estava pendurado no gancho da entrada da cabine. A mala de pesca que Valerie e eu havíamos escolhido para ele em um Natal estava no canto, com a vara de pesca que ele comprara em uma de nossas férias de verão em família na Carolina do Norte. Eu não imaginava que ele ainda tivesse essas coisas.

– Está perfeito, papai. Obrigada por me deixar vir para cá. Eu só precisava dar um tempo – falei, virando-me para ele.

O bigode e a barba dele estavam compridos, mas ainda assim pude ver sua boca franzida de preocupação.

– Qual é o problema, ursinha? Você parecia tão feliz há uma semana. Como as coisas ficaram ruins tão rápido?

Eu não queria falar sobre o assunto ainda.

– Peguei no sono no avião, mas dormi mal. Já faz bem mais de 24 horas desde a última vez que deitei numa cama. Posso tirar um cochilo primeiro? – perguntei.

Papai pareceu ainda mais chateado com o fato de eu estar cansada.

– Você não devia estar se cansando assim. Por que voou à noite? Deixe para lá, pode me contar depois. Entre ali, vá para aquele quarto depois dos degraus. Vou trazer sua mala para baixo. Não temos muito espaço, mas podemos dar um jeito.

Nem quis tomar banho no banheiro minúsculo ou trocar de roupa. Estava cansada demais para pensar em qualquer coisa.

– Só quero dormir um pouco – falei.

A cama preenchia todo o “quarto”. Tocava em todas as paredes. Ainda na porta, subi nela engatinhando e deixei meus sapatos caírem, então me enrosquei no colchão e dormi.

Acordei no meio da tarde. O balanço suave do barco era relaxante. Que bom que não me deixava mareada. Não teria sido agradável. Estiquei as pernas, me sentei na cama e enfiei a mão no bolso para ligar o telefone. Vinha evitando fazer isso. A essa altura, Joe já devia saber que eu não estava mais em Los Angeles e devia estar chateado. Ainda não estava pronta para lidar com ele. Ainda precisava de um tempo para decidir o que fazer.

Não conferi meus recados nem as mensagens de texto depois de ligar o telefone. Simplesmente coloquei-o de volta no bolso e subi os degraus que levavam ao convés principal. Meu pai não estava por perto, mas no aeroporto me contara que trabalhava na marina em troca de manter o barco atracado sem custos e que precisava trabalhar naquela tarde.

A geladeirinha tinha algumas garrafas d'água. Peguei uma e também uma banana do cesto de frutas sobre a geladeira e saí para me sentar ao sol. Ventava, mas o dia estava ensolarado. A temperatura regulava com a de Los Angeles.

– Abe sabe que você está no barco dele? Ele não parece ser o tipo de cara que sai com garotas tão novas – perguntou uma voz grave atrás de mim. Virei-me e vi um cara de 20 e poucos anos de pé no barco ao lado. Estava sem camisa, com a calça jeans frouxa no quadril. Era magro, porém forte. Tinha o cabelo castanho comprido com os clareados pelo sol preso num rabo de cavalo baixo. Havia várias mechas soltas.

Não consegui ver seus olhos, porque ele usava óculos estilo aviador.

– Sabe falar? – perguntou ele com um sorriso, tomando um gole da garrafa d'água que tinha na mão.

– Sim – respondi, ainda um pouco perplexa. Não esperava que meu pai tivesse vizinhos. Era um barco, pelo amor de Deus. Quantas pessoas moravam em barcos?

– Onde está Abe? Ou você invadiu? – Ele estava sendo implacável em seu questionamento.

– Não sei. Acabei de acordar, e ele não estava aqui – respondi.

O cara levantou uma sobrancelha.

– Então ele sabe que você está aí?

Ele era o quê, um policial?

– Abe é meu pai. Ele sabe muito bem que estou aqui – respondi, um pouco mais irritada do que gostaria.

Ele abriu um sorriso de dentes brancos perfeitos. Não era o que eu esperava de um sujeito que tinha aquele cabelo e morava num barco.

– Você é a Demi. Muito prazer. Sou o Capitão – apresentou-se ele, e tomou outro gole da garrafa d'água.

– Capitão?– repeti sem querer. Sei que pareci mal-educada.

– É – respondeu ele.

– É... é um nome estranho – comentei.

Ele deu uma risada baixa.

– Na verdade, não. Eu moro neste barco desde os 16 anos. Já faz dez. Se é para alguém ser Capitão, que seja eu. – Ele me deu uma piscadela e então voltou para sua cabine.

Novamente sozinha, eu me recostei na cadeira e apoiei as pernas à frente, sobre um balde virado de cabeça para baixo. Meu telefone começou a tocar, e eu me perguntei se devia conferir quem ligava. Se fosse Joe, eu ia querer atender. Talvez fosse hora de fazer isso. Ele precisava saber onde me encontrar.

Olhei para baixo e, claro, o nome de Joe estava na tela. Atendi a ligação e levei o aparelho até a orelha. Eu estava abalada demais quando fugi. Precisava de espaço e de tempo. Agora sentia falta dele. Como eu poderia me casar se nem ao menos conseguia ficar ao seu lado quando ele precisava de mim? Será que eu caria zangada assim sempre que ele não estivesse por perto e eu precisasse dele?

– Demi? Por favor, meu Deus, me diga que foi você que atendeu o telefone. – A voz de Joe estava repleta de pânico. Me senti culpada.

– Sou eu – respondi.

– Onde você está, gata? Por favor, me diga onde você está. Eu juro que nunca mais vou deixar você. Cansei de lidar com as merdas da minha irmã e de ser o pai que ela não teve. Eu só preciso de você. Por favor, onde você está? Eu estou em Rosemary, e você não está aqui. – Ele estava muito preocupado. Eu o havia assustado. Senti a garganta apertar e os olhos arderem.

– Estou em Key West com meu pai – respondi.

– Droga. Ele foi buscá-la no aeroporto? Você está no barco? Tem comida aí para você? – Joe fez uma pausa nas perguntas e respirou fundo. Percebi que ele tentava se acalmar.

– Ele foi me buscar, e eu estou bem. Foi ao mercado antes que eu chegasse, e já comi – z uma pausa e fechei os olhos bem apertados para conter as lágrimas. Eu não queria chorar. Joe perderia as estribeiras se me ouvisse chorar. – Sinto muito. Fiquei chateada e precisava dar um tempo de tudo. Precisava de tempo para pensar.

– Eu sei que você está chateada. Você tinha todo direito e ficar. Passou por um susto sem mim, e eu me odeio por isso. Era mesmo para ter me deixado. Caramba, eu teria me deixado. – Ele parou e respirou fundo. – Posso ir buscá-la? Por favor? Eu preciso de você, Demi.

Seria sempre assim? Eu sempre viria em segundo lugar, depois de Nan? Nosso lho caria em segundo lugar? Eu sabia que ele acreditava que não ia mais se preocupar com ela, mas também sabia que não seria assim. Ele amava a irmã e ter que ignorá-la quando ela precisasse dele seria a morte. O que eu tinha de perguntar a mim mesma era se conseguiria viver sem ele.

Não. Simples assim. Mesmo com o coração ainda doendo por ele não ter estado comigo e

com o bebê no dia anterior, eu precisava de Joe e ainda não conseguia imaginar a vida sem ele.

– Nan teve uma overdose. Eu a encontrei inconsciente no quarto do hotel. Deixei meu telefone lá quando saí correndo com os paramédicos para levá-la ao hospital. Foi por isso que não atendi. Me desculpe, Demi. Eu sinto muito, muito mesmo. – O tom de súplica em sua voz me partiu o coração. Eu deveria saber que fora algo sério que o impedira de entrar em contato. Joe sempre atendia minhas ligações e respondia minhas mensagens.

– Nan está bem? – perguntei, não por me importar com ela, mas sim com Joe.

– Está. Fizeram uma lavagem estomacal. Minha mãe vai interná-la em uma clínica em Montana. Não posso continuar tentando controlá-la. Tenho que me concentrar em você e no nosso filho.

Ergui o olhar quando meu pai entrou no barco. Ele trazia um saco de papel em uma das mãos e um galão de chá na outra. Eu não conseguiria ir embora tão rápido. Tinha acabado de chegar, e gostava de vê-lo feliz. Ou ao menos contente.

– Quero ficar com meu pai por um tempo – falei, sabendo que ele iria discutir. Estava com muita saudade dele, e sabia que Joe sentia o mesmo

– Tudo bem. Posso ir visitá-lo também? – perguntou ele.

Meu pai estava me observando e deu um sorrisinho. Não precisava dizer a ele o que Joe pedira. Ele já sabia.

– Diga para o garoto vir. Tenho espaço para mais um.

– Seria ótimo. Estou com saudade – respondi.

Joe soltou um suspiro.

– Meu Deus, gata, eu estou com saudade também. Muita saudade. Vou pegar o primeiro voo.

JOE

Eu precisava encontrar Demi. Precisava abraçá-la e ter certeza de que não a havia perdido e

que o nosso lho estava bem. Depois, iria convencê-la a voltar para casa e se casar comigo imediatamente. Eu não queria mais esperar. Não deveria ter esperado tanto tempo.

Meu avião partiu mais cedo e aterrissou trinta minutos antes da hora prevista. Eu não queria ter que esperar até o horário combinado para que Demi chegasse, nem queria que ela viesse ao aeroporto sozinha. Peguei um táxi e pedi ao motorista que me levasse à marina. Poderia achar o barco de Abe. Key West não era uma cidade grande. Eu encontraria Demi antes que ela saísse.

Já no píer que cava entre as leiras de barcos atracados, procurei por algum sinal de Demi ou Abe. Eu havia telefonado, mas a chamada caíra direto na caixa postal. Havia veleiros, pesqueiros e até casas flutuantes naquele lugar. Várias embarcações tinham gente morando nelas. Eu estava chegando à parte final do píer quando vi um cara de pé na popa de um barco. Estava com os braços cruzados no peito nu enquanto olhava fixamente para a embarcação ao lado. Eu estava prestes a lhe perguntar se sabia qual era o barco de Abe Lovato quando acompanhei seu olhar.

Longos cabelos loiros lhe caíam pelas costas e voavam ao vento. O vestido que usava era um dos preferidos dela ultimamente, por ser uma das poucas peças que ainda lhe serviam. A barriguinha que crescera nas últimas semanas estava ocupando mais espaço, deixando a roupa um pouco mais curta do que eu gostaria. Ao vê-la, eu me senti completo de novo... até perceber que era ela que o cara sem camisa encarava. Demi não tinha notado, porque estava de costas, olhando para a água azul cristalina matizada pelo sol poente. Mas eu notei.

O homem das cavernas dentro de mim quis derrubá-lo do barco e atirá-lo na água. Mas eu não podia fazer isso. Por mais furioso que casse por saber que ele estava olhando para o que era meu, eu compreendia. Ela era de tirar o fôlego. Eu também queria parar e admirá-la.

Segui meu segundo impulso de homem das cavernas e fui direto para o barco do pai dela, pulando a bordo e pegando-a nos braços antes que ela pudesse se virar para ver quem era.

– Joe – disse ela, com um suspiro satisfeito, e o homem das cavernas teve vontade de bater no peito. Ela sabia que era eu. Adorei isso. Enterrei o nariz em sua nuca e respirei profundamente. Como era bom aquele cheiro. Naquele momento, seu aroma doce estava misturado com o do mar. Quis arrancar sua roupa e descobrir se o corpo inteiro dela estava com perfume de oceano.

Pus as duas mãos em sua barriga, apenas para lembrar a mim mesmo de que nosso lho estava a salvo. Ele estava saudável e Demi estava bem. Toda vez que eu pensava nela sangrando e com cólicas, meu coração parecia parar. Eu praticamente a abandonara nos últimos dias, tentando controlar Nan para podermos ir embora. As últimas palavras que eu dissera a Demi haviam sido ríspidas, e eu só conseguia pensar nisso quando descobri que ela fora embora. Será que o que eu tinha dito provocara as cólicas? Eu não a merecia, mas não iria abrir mão dela.

– Me desculpe. Meu Deus, Demi, eu sinto tanto, tanto. Eu amo você. Isso nunca mais vai acontecer – prometi, embora as palavras parecessem familiares aos meus ouvidos. Hesitei, percebendo que já dissera aquilo antes. Eu nunca deveria ter ido a Los Angeles.

– Eu amo você – respondeu ela apenas.

– Eu também amo você – falei mais uma vez, abraçando-a enquanto assistíamos ao sol se pôr sob a água.

Quando finalmente escureceu, abaixei a cabeça para falar no ouvido dela.

– Tem um hotel onde possamos dormir esta noite? Quero você, e não vai dar pra ser em silêncio.

Demi se virou e enlaçou meu tronco. Seus olhos verdes estavam brilhando de divertimento.

– Eu consigo ficar quietinha – respondeu ela.

Levantei a mão e passei uma mecha de seu cabelo para trás da orelha, então tracei seu maxilar antes de sentir a maciez carnuda de seu lábio inferior.

– Eu, não.

Um sorriso satisfeito levantou os cantos de sua boca, e ela ficou nas pontas dos pés para me dar um beijo na boca.

– Você pode sussurrar suas safadezas no meu ouvido – atiçou.

Puxei seu lábio inferior com os meus e o suguei um pouco antes de deslizar a língua para dentro de sua boca, para sentir seu sabor. Ela se agarrou aos meus braços e gemeu baixinho, encaixando-se em mim. Porra, de jeito nenhum eu ficaria quieto naquela noite.

– A menos que você queira que seu pai me ouça gemendo por causa do gosto doce da sua bocetinha e gritando seu nome quando entrar em você, acho que vamos precisar de uma porra de um hotel.

Demi colou mais o corpo ao meu e soltou outro gemido.

– Meu Deus, Joe. Se continuar falando assim, vou ter um orgasmo aqui mesmo.

Segurei-a pela bunda e puxei-a contra meu corpo antes de cobrir sua boca de novo com a minha. Se ela estava tão acesa a ponto de gozar só com palavras, eu nunca ia deixar isso passar.

Uma tosse fez Demi se paralisar em meus braços. Ela se soltou lentamente de mim e espiou por cima do meu ombro. Ficou com o rosto vermelho e enfiou a cabeça em meu peito. O fato de ela se grudar outra vez em mim foi a única coisa que me impediu de perder

as estribeiras. Não gostava da ideia de que ela ficasse constrangida por ele nos ver juntos.

Olhei para trás por cima do ombro e vi o cara que observava Demi quando cheguei. Tê-la de novo em meus braços me zera esquecer tudo ao nosso redor. Não que a presença dele pudesse ter feito diferença. Eu queria que ele soubesse que ela era minha. Queria que todo mundo soubesse.

– Talvez seja melhor vocês procurarem um quarto – disse o cara com um sorrisinho, ao acender um cigarro.

– Estamos ótimos aqui. Talvez você precise olhar para o outro lado – respondi. Cuidei para adicionar um tom ameaçador à minha voz.

O cara riu e soltou uma baforada de fumaça.

– Gosto de ver o pôr do sol. Seria uma pena um sujeito perder uma visão tão linda do próprio barco.

O jeito como ele piscou para ela, nos meus braços, fez meu sangue ferver. Demi deve ter notado minha tensão, porque pressionou o corpo contra o meu e me deu um beijo no peito.

– Vamos entrar. Quero ficar a sós com você – disse ela, de forma que apenas eu a escutasse.

Olhei de novo para ela e relaxei. Ela era minha. Eu precisava me acalmar.

– Estou indo atrás de você.

Demi segurou meus braços e me puxou para dentro da pequena cozinha. Dali eu via a porta que levava para o outro cômodo, e a ideia de me enfiar lá com Demi foi extremamente tentadora.

– Quanto tempo seu pai ainda demora para chegar? – perguntei, guiando-a na direção dos degraus.

– Não sei bem – respondeu ela com uma risadinha.

– O quarto tem porta com chave?

25.2.15

Capitulo 11 - Amor Sem Limites

Aqui está o cap 11. Comentem para o próximo! Bjs, amo vcs ♥
Bruna

~

DEMI

Joe ainda não tinha voltado. Ele não havia respondido a nenhuma das minhas ligações

ou mensagens. Eu passara mais de quatro horas na clínica e ele não me ligara nem uma vez. Meu lho estava bem, mas o médico tinha dito que eu precisava descansar, ingerir mais líquidos e não me estressar. Se eu não seguisse suas orientações, precisaria ficar de repouso na cama. Permanecer em Los Angeles lidando com os problemas de família não ia me ajudar. Eu precisava ir embora.

Olhei para meu telefone para conferir se não havia perdido alguma ligação desde a última vez que o conferira, três minutos antes. Estava tentando não me preocupar com Joe.

Tinha que diminuir o estresse. Meu filho precisava disso.

Harlow cara muito quieta no carro. Compreendi que ela não sabia o que dizer. Joe não tinha aparecido nem ligado. Ela também tentara telefonar para ele. Mas o silêncio dela fora bem-vindo. Eu não queria falar sobre o assunto.

Voltar para Rosemary não parecia uma boa ideia naquele momento, porque eu queria distância de Joe também. Rosemary só me faria sentir saudade e pensar nele. Meus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta. Abri-a e encontrei um Dean de aparência cansada.

– Joe ligou para Kiro e disse que Georgianna está vindo para cá. Não sei quanto tempo levará para chegar, nem de onde vem, para começo de conversa. Só achei que talvez você quisesse saber que a rainha má está a caminho.

Só escutei que Joe havia ligado para Kiro. O resto não importava.

– Quando foi que ele ligou? – perguntei.

– Há mais ou menos uma hora, eu acho. Kiro acabou de me dizer.

Joe estava bem. Estava com o telefone. Só não queria me atender. Mais uma vez, deparei com a verdade brutal de que Nan era mais importante. Balancei a cabeça e fechei a porta.

Repassei minha lista de contatos até encontrar o número de meu pai. Ele atendeu no segundo toque.

– Demi? – A voz surpresa dele serviu para me lembrar como era raro que eu lhe telefonasse. Pude ouvir o vento do barco.

– Papai, preciso sair daqui. Posso ir visitar você? – perguntei, recusando-me a chorar. Eu havia feito uma ligação igual a esta uma vez e, embora ele tivesse me decepcionado, no fim achei que havia encontrado a felicidade. Já não tinha tanta certeza.

– Claro que sim. Qual o problema?

– Só não estou mais aguentado. Preciso de um lugar onde possa pensar.

– Venha até o aeroporto de Key West, que estarei esperando por você. É só me dizer que horas seu avião chega.

– Está bem. Eu ligo assim que tiver o horário. Obrigada.

– Não me agradeça. Sou seu pai. É para isso que estou aqui.

Fechei os olhos bem forte e desliguei o telefone. Eu ia mesmo deixar Joe. Isso me partia o coração. Acessei o aplicativo da companhia aérea no telefone e encontrei o primeiro voo que ia de Los Angeles para Atlanta. Lá eu pegaria o voo para Key West. Depois de marcar tudo, arrumei minhas roupas rapidamente e chamei um táxi.

Eu sabia que a atitude adulta seria deixar um bilhete para Joe, mas estava brava demais com ele. Mandaria uma mensagem de texto mais tarde. Talvez depois que ele decidisse que era importante retornar minhas ligações.

Ninguém me viu saindo da casa e entrando no táxi. Fiquei contente por não precisar me explicar. Não tinha obrigação de fazer isso.

JOE

Georgianna estava vindo para Los Angeles. Acompanharia Nan para interná-la na clínica que o médico indicara. Nossa mãe provavelmente faria questão de que fosse a mais moderna, por isso eu me adiantara e havia me assegurado de que fosse a melhor. Georgianna estaria mais preocupada com a aparência do que com o bem-estar mental de

Nan. Alguma coisa estava errada com minha irmã e ela precisava de ajuda. Eu tinha uma família para cuidar. Não podia continuar sendo responsável por ela.

Assim que Nan acordou e conversou comigo, eu lhe disse que nossa mãe estava a caminho. Quando ela caiu no sono de novo, saí e fui buscar meu telefone. Demi havia me ligado várias vezes, assim como Harlow. Eu a havia deixado preocupada e tinha muito do que me desculpar. Abri a primeira mensagem de texto enviada por Demi.

Harlow me trouxe ao médico dela. Eu estava com cólicas. Fizeram um ultrassom, e estou num quarto sendo monitorada.

Senti um nó no estômago. O bebê. Ah, meu Deus, não. Comecei a correr para os elevadores enquanto apertava o botão para ler a mensagem seguinte.

Onde você está?

NÃO! Eu precisava saber se ela estava bem.

Você está bem?

Porra! Ela estava bem? Era só aquilo. Não havia mais mensagens dela. Cliquei na primeira mensagem de Harlow.

Demi está com cólicas e sangramento. Eu a trouxe ao meu médico. Vão mantê-la aqui por algumas horas para observá-la e garantir que esteja bem. Me ligue, que eu explico onde estamos.

Isso havia sido oito horas atrás. PUTA QUE PARIU! Também era a única mensagem de Harlow. Era por isso que ela estava tentando me ligar. CHEGA! CHEGA, PORRA! Eu ia levar Demi para casa imediatamente.

A última mensagem que eu havia recebido de Demi era de cinco horas atrás. Onde ela

estava? Liguei para o número dela, mas caiu direto na caixa postal. Ela estava no hospital? Não, não, ela não podia estar no hospital. Demi tinha que estar bem. Nosso lho tinha que estar bem. Liguei para o número de Harlow. – Alô.

– É o Joe. Como está Demi, onde ela está? Eu estava sem meu telefone. Pelo amor de Deus, me diga que ela está bem. Por favor – implorava descontroladamente enquanto saía correndo do hotel a caminho do meu carro.

– Ela está bem. Acho que está preocupada com você e talvez... magoada – respondeu Harlow.

Senti um nó se formar na minha garganta.

– Estou a caminho. Por favor, diga a ela que estou chegando. Nan tomou uma porrada de analgésicos e eu estava no hospital com ela. Tiveram que fazer uma lavagem estomacal – expliquei. Eu não queria Demi brava comigo, mas, mais importante, não a queria magoada.

– Ah. Eu sinto muito – disse Harlow apenas.

– Por favor, conte à Demi. Estou a caminho daí agora – repeti.

– Ela não desceu para o jantar. Bati na porta do quarto para lhe dar um prato de comida, mas ela não respondeu. Não quero entrar lá caso ela esteja dormindo. Ela teve um dia muito longo.

Ela não tinha descido para comer. Não atendia à porta. O medo de alguma coisa ter acontecido com ela, de encontrá-la como havia encontrado Nan, me apavorou.

– Por favor, abra a porta e veja como ela está. Confira se ela está bem – implorei.

– Está bem – respondeu Harlow depois de uma pausa.

Desliguei e atirei o telefone no assento do carona enquanto acelerava pela Sunset Drive.

Quando abri a porta da frente da casa e encontrei Harlow parada no hall de entrada com meu pai, congelei.

– O que foi? – perguntei, com medo de me mexer.

– Ela foi embora. As malas dela sumiram. E ela não está em outro quarto, porque eu procurei – respondeu Harlow.

Balancei a cabeça e entrei.

– Foi embora? Ela não pode ter ido embora! Para onde teria ido?

– Provavelmente para algum lugar onde não precise lidar com as merdas de Nan e com o noivo saindo correndo e deixando-a sozinha, sem atender às suas ligações. É o que eu acho. Você é um idiota, exatamente como eu, filho – falou Dean com desprezo antes de se afastar.

– Precisei contar. Ele me pegou correndo de um quarto para outro, conferindo se havia alguém dentro – sussurrou Harlow.

– Ela deixou um bilhete? – perguntei, discando o número dela de novo, e mais uma vez a ligação caiu na caixa postal.

Harlow negou com a cabeça.

Passei correndo por ela e subi a escada de dois em dois degraus. Voltei a correr quando cheguei lá em cima. O dia havia passado de ruim a completamente desastroso. Abri a porta do quarto com violência e fui recebido por um silêncio que me deixou com as pernas bambas. Pude ver a cama ligeiramente desarrumada no local em que ela havia se deitado mais cedo. Harlow tinha razão. Ela fora embora. Não havia mais nenhum sinal de Demi no quarto. Ela precisara de mim, nosso lho precisara, e eu estava com Nan, de novo. Bem feito para mim!

Fechei a porta, encostei na parede e deixei o corpo deslizar até o chão para chorar. O medo de perder Nan havia me apavorado, mas a ideia de perder Demi e nosso lho era insuportável. Eu não merecia Demi. Havia prometido que estaria sempre ao seu lado, mas continuava me afastando dela por causa da minha família. Estava na hora de eu parar de permitir que isso acontecesse. E se fosse tarde demais?

Balancei a cabeça e sequei as lágrimas. Eu a encontraria e imploraria seu perdão. Eu me arrastaria aos pés dela. Faria o que fosse preciso. E então nunca mais sairia do lado dela. Por ninguém.

Capitulo 10 - Amor Sem Limites

Mais um p vcs! Comentem e eu posto mais um quando voltar da aula! Beijos, amo vcs ♥
Bruna

~

DEMI

Ao longo dos dias seguintes, as coisas passaram de tensas a ruins e, depois, a péssimas.

Joe mal cava na mansão. Quando cava, era por pouco tempo. Nan e Kiro brigavam, ela saía correndo e Joe saía logo atrás dela.

Eu sabia que este era o motivo pelo qual havíamos viajado para Los Angeles, mas não esperava que as coisas chegassem a esse ponto. Nan era mais imatura do que eu imaginava. Kiro era um idiota. Harlow percebia isso, mas sabia lidar com a situação. Em vez de ficar andando de um lado para o outro da casa berrando que não era amada, ela passava a maior parte do tempo enfiada no quarto, lendo. Às vezes, quando estava quente, ela ia lá para fora comigo.

Eu sentia falta de Joe. Sentia falta de ver seu sorriso. Ele não sorrira muito nos últimos dias. Na noite anterior, eu sugerira que ele desse algum espaço para Nan, para que ela percebesse que ele não sairia correndo atrás dela quando desse um ataque. Para ver como ela lidaria com a situação. Ele cara frustrado: “Ela está ameaçando se matar, Demi. Não posso ignorar isso. Também não acredito que ela vá fazer isso, mas ainda não consigo ignorar.

Alguém precisa se importar com ela e esse alguém sou eu. Ninguém mais dá a mínima.”

Depois disso, eu não disse mais nada. Ele não queria me escutar, e eu não queria que ele estourasse comigo. Eu estava ficando cansada. A situação toda estava me cansando.

Eu começava a compreender por que Harlow se escondia. Por duas vezes eu havia agrado Kiro comendo uma garota que parecia ter a minha idade. Não era uma imagem que eu desejasse ter na cabeça. Ele simplesmente fazia sexo onde quer que lhe desse vontade. Aprendi e ficar bem longe da sala de jogos. Aquela mesa de sinuca não era usada para sinuca.

Uma batida à porta interrompeu meus pensamentos e, para variar, fiquei contente. Não queria ficar remoendo a distância que havia entre mim e Joe naquele momento. Isso me deixava tensa. Harlow enfiou a cabeça pela porta.

– Quer ir até a piscina comigo? Papai não está em casa, então não tem nenhuma rapidinha acontecendo por lá – propôs ela, dando um sorriso tímido.

Nós também havíamos agrado Kiro nu na piscina não com uma, mas duas garotas. Foi constrangedor. Ele riu tão alto que tenho certeza que os vizinhos o escutaram. Em vez de ficar envergonhado, ele achou a situação hilária.

– Parece uma boa ideia. Vou vestir o maiô e me encontro com você lá – respondi.

Harlow era a única coisa boa naquele lugar. Eu ansiava por voltar a Rosemary e ter meu

Joe de volta, em vez daquele Joe tenso e furioso que tomara o lugar dele. Mas ia sentir falta de Harlow.

Vesti rapidamente o maiô e a saída de praia antes de descer para a piscina, que era impressionante. As quedas-d'água e a fonte no meio eram apenas a cobertura do bolo. Os detalhes e o planejamento daquela piscina faziam com que parecesse uma floresta tropical exótica. Só de olhar para ela a pessoa já se sentia mais calma.

Harlow estava sentada em uma espreguiçadeira com seu leitor digital quando cheguei. Sentei ao lado dela e estiquei as pernas. Era o dia mais quente desde que eu chegara. Fazia 27 graus. O que era loucura, se pensássemos que faltavam dois dias para dezembro, que traria o inverno.

Eu tinha acabado de perguntar a Harlow sobre como eles comemoravam as festas de fim de ano quando algo me interrompeu.

A cólica estava de volta. Puxei os joelhos e aninhei minha barriga, fazendo um esforço enorme para não chorar. Queria ter contado a Joe sobre isso depois do último episódio, mas, antes de eu ter a chance, ele saíra de novo com Nan.

– Demi? Você está bem? – perguntou Harlow ao meu lado.

– Não sei – respondi sinceramente. Uma lágrima rolou, e eu detestei que ela me visse daquele jeito. Queria ir para casa.

Harlow se aproximou e sentou na beira da minha espreguiçadeira.

– Está com dor? – perguntou ela.

Apenas assenti. Harlow franziu a testa e olhou ao redor.

– Onde está o Joe?

– Foi ver a Nan – respondi, encolhendo-me quando outra cólica veio.

Harlow se levantou.

– Não acho normal que uma grávida que se encolhendo e chorando de dor. Precisamos ir a um médico. Posso levá-la ao meu. Ele é fã do papai, então vai atendê-la sem hora marcada. Ligo para o consultório dele no caminho.

Eu não queria transformar aquilo numa cena, então a solução mais fácil era deixar que Harlow me levasse. Assenti e ela pegou minha mão e me ajudou a levantar.

– Preciso trocar de roupa primeiro – falei, olhando para o maiô e a saída de praia que eu usava.

– Então vá se trocar, que eu vou também. Depois vou parar meu carro na entrada da frente.

– Obrigada – respondi, então entrei na casa e subi até o quarto de Joe. Pensei em ligar para ele, mas mudei de ideia. Ele já tinha que cuidar da irmã. Talvez o que eu estava sentindo não fosse nada além de gases. Eu ligaria para ele se o médico achasse necessário. Não havia por que estressá-lo mais.

A vozinha na minha cabeça sussurrava o que eu não queria admitir. Você está com medo que você e o bebê não venham em primeiro lugar. Não quer que ele precise escolher.

Afastei esse pensamento. Troquei rapidamente o maiô por uma calcinha, pus o vestido e desci. Eu me sentiria melhor depois que um médico garantisse que eu estava bem. Assim que cheguei ao último degrau, senti outra pontada e precisei me agarrar ao corrimão da escada para me equilibrar. A cólica me fez gemer.

– Você está bem? – O tom preocupado na voz de Dean me surpreendeu.

Forcei um sorriso e assenti.

– Sim, estou. Só vou a uma consulta com o ginecologista da Harlow. Volto logo. Diga ao Joe que ligo se precisar.

– Onde ele está? – perguntou Dean atrás de mim, depois que segui na direção da porta.

– Com a Nan – respondi, então abri a porta e segui para o Audi conversível de Harlow.

Harlow não errara ao dizer que o médico me atenderia imediatamente. Assim que chegamos, a enfermeira nos levou ao consultório, sem me pedir que preenchesse nem assinasse nada.

– Vou esperar aqui fora – avisou Harlow.

Fiquei agradecida por ela não entrar comigo. Eu gostava de Harlow, mas ainda não éramos íntimas o bastante para que ela fosse minha acompanhante num exame.

– Tire a parte de baixo da roupa. Pode ficar com a parte de cima. E cubra-se com o lençol que está na mesa. O médico virá em seguida – informou a mulher. Assenti com a cabeça e agradeci. Depois que a porta se fechou atrás dela, entrei no banheiro e tirei a parte de baixo da roupa.

A mancha vermelha na minha calcinha me fez parar e respirar fundo. O terror começou a invadir meus pensamentos, dificultando a respiração. Fiquei ali, olhando fixamente para a calcinha e me perguntando se aquilo era normal, se estava tudo bem. Eu devia ter ligado para Joe. Comecei a rezar. Não rezava sempre, mas, naquele momento, precisava que alguém protegesse meu filho.

Depois da minha oração silenciosa, saí do banheiro, fui até a mesa de exames e me cobri. Fiquei um pouco aliviada quando alguém bateu de leve na porta e, depois de uma breve pausa, a abriu. A ajuda havia chegado. O médico saberia o que fazer. Eu esperava que sim. Um homem muito mais jovem do que eu imaginava entrou, seguido pela enfermeira que havia me levado até a sala.

– Srta. Lovato, sou o Dr. Sheridan. Harlow me disse que você está sentindo cólicas e que está muito longe do seu médico da Flórida.

Fiz que sim com a cabeça.

– Sim, senhor. Também estou sangrando um pouco. – As palavras saíram engasgadas, de um jeito que eu não esperava.

– Fique calma. Isso pode ser algo simples, como desidratação. Não se preocupe, que isso não vai ajudar – disse ele, sentando-se ao meu lado e me fazendo apoiar as pernas. – O que está fazendo tão longe de casa? – perguntou ele, começando a me examinar.

– Meu noivo e eu estamos visitando o pai dele – expliquei apenas. Não havia por que contar a ele o real motivo de estarmos ali.

– Quanto você conhece Harlow? – perguntou ele.

– O pai do meu noivo é Dean Jonas – falei, imaginando que, se o cara era fã de Kiro, deduziria o restante.

Ele fez uma pausa.

– É mesmo? Então o bebê que estamos examinando aqui é neto de Dean Jonas?

Assenti e desejei que ele parasse de fazer tantas perguntas e continuasse com o exame. Eu precisava saber que meu lho estava bem. Ele pareceu ficar mais sério em relação ao exame.

– Não quero assustá-la, Srta. Lovato, mas precisamos fazer um ultrassom para conferir como está o bebê. Depois disso, quero monitorar você e ele por umas duas horas aqui no consultório. É um procedimento de rotina. Só estou tomando precauções para me assegurar de que tudo esteja bem. Também vou pedir que beba um pouco de líquido. Melanie irá lhe trazer algo para beber assim que terminarmos o ultrassom. Temos uma sala nos fundos só para isso, com uma cama confortável. Melanie irá diminuir as luzes e pôr uma música relaxante enquanto você descansa.

Ele não estava me internando. Isso era bom... não era? Consegui assentir de novo.

– Vou pedir que Melanie diga a Harlow qual vai ser nosso procedimento, caso ela queira fazer outra coisa até você ligar. Tudo bem para você? – perguntou ele.

Eu havia me esquecido de Harlow.

– Sim, é claro. Diga que eu falei para ela ir. Eu a avisarei quando estiver liberada. Não quero que fique esperando aqui todo esse tempo.

O médico fez que sim com a cabeça e saiu. A enfermeira, que eu deduzi ser Melanie, me ajudou a me levantar.

– Vista a parte de baixo de novo, e vou levá-la até o ultrassom.

JOE

Quando cheguei ao quarto de hotel de Nan, estava furioso. Havia deixado Demi

chateada, e era tudo culpa da minha irmã. Se ela não fosse tão egoísta, eu nem estaria ali. Eu tinha de lhe dizer que ela precisava crescer e pronto. Já estava cansado. Não podia continuar fazendo isso. Ela precisava dar um jeito na vida. Eu era sua muleta.

Bati na porta do quarto e esperei. Havia me informado na recepção, e Nan voltara fazia cerca de quinze minutos, portanto eu sabia que ela estava ali. Esperei alguns instantes, bati de novo e nada. Mais joguinhos. Comecei a bater com mais força.

– Nannette, abra esta porta! – gritei.

Um funcionário do hotel parou ao me ver esmurrando a porta.

– Minha irmã está aqui e não está atendendo. Estou preocupado com ela – menti. – Pode abrir a porta?

O sujeito ainda não parecia muito seguro a meu respeito. Pela expressão no rosto dele, percebi que estava prestes a chamar a segurança. Nan adoraria isso. Enfiei a mão no bolso de trás da calça e peguei minha carteira.

– Olhe minha identidade. Sou Joe Jonas. Minha irmã, Nannette, está neste quarto.

Mandar me tirarem daqui é uma péssima ideia.

– Sim, senhor – respondeu o funcionário. Tinha reconhecido meu sobrenome. Em Los Angeles, isso acontecia muito mais do que na Flórida.

Ele abriu a porta e eu entrei na suíte pronto para gritar com Nan por estar sendo infantil.

Foi quando a vi caída no sofá. Ela estava em uma posição estranha. Corri até ela e tomei seu pulso. Senti uma pulsação muito leve nos dedos. Quis chorar de alívio.

– Preciso de paramédicos, AGORA – rugi para o homem, que estava parado na porta, boquiaberto.

– Sim, senhor – respondeu ele, tirando o telefone da cintura e dizendo a quem quer que estivesse do outro lado da linha o que estava acontecendo.

– O que você fez, Nan? – perguntei, com o coração batendo dolorosamente. Sentia a garganta apertada e não conseguia respirar fundo. Eu não tinha acreditado nela. Achara que ela só estava tentando chamar atenção. Eu zera igual a todas as outras pessoas de sua vida. Eu a havia ignorado. Eu era um irmão horrível. Segurei-a junto a meu peito, e meu telefone vibrou no bolso. Tirei-o do bolso, vi o nome de Harlow na tela e o coloquei de lado. Não estava a fim de falar com Harlow. Ela era parte dos problemas de Nan. Eu não tinha nada para dizer a ela naquele momento.

Fiquei ninando minha irmã suavemente. Era tudo culpa de Kiro. Ele iria pagar por isso.

Se alguma coisa acontecesse com Nan, ele pagaria por isso.

– Eu estou aqui, Nan. Não vou deixá-la, mas você não pode me deixar – sussurrei, enquanto esperava pelo socorro.

Pareceu passar uma eternidade antes de eu ouvir passos fortes no corredor e o recepcionista indicando:

– Aqui.

Três paramédicos entraram correndo no quarto, e passei Nan para eles. Começaram checando seus sinais vitais comigo parado ali e observando sem ter o que fazer. Ouvi meu telefone tocar no chão, onde eu o havia atirado. Precisava pegá-lo.

– Ela tomou alguma coisa. Você sabe o que foi? – perguntou um dos homens.

– Não, acabei de chegar aqui – respondi, entorpecido. Ela tivera uma overdose. Puta merda. Corri até o banheiro e encontrei dois frascos de remédios controlados dentro da pia.

Muitos analgésicos. – Puta que pariu! – rugi.

Um paramédico apareceu ao meu lado e pegou os frascos da minha mão.

– Precisamos fazer uma lavagem estomacal. Você é da família? – perguntou ele.

– Irmão – consegui dizer.

– Serve. Vamos tirá-la daqui. Você pode ir na ambulância – falou ele.

Assisti num torpor de descrença enquanto eles punham o corpo inerte de Nan em cima da maca e começavam a carregá-la para fora do quarto. Fui atrás. Meu telefone tocou a distância, mas eu o deixei lá. Naquele momento, precisava salvar minha irmã.

Seis horas depois, eu estava sentado ao lado da cama de hospital de Nan. Ela ainda não havia acordado, mas os médicos acreditavam que ela se recuperaria por completo. Ao que tudo indicava, eu a encontrara a tempo. Quando cheguei, ela havia acabado de desmaiar por causa dos remédios.

Estava sem meu telefone e precisava ligar para Demi. A essa altura, ela devia estar preocupada comigo. Até aquele momento, eu não me sentira pronto para falar com ela. Não era culpa dela o que estava acontecendo, mas eu estava sensível demais para falar com qualquer um. Antes que pudesse pensar em qualquer outro assunto ou qualquer outra pessoa, precisava que me garantissem que Nan ia sobreviver. Agora me sentia culpado por não ter ligado para Demi.

Deixar o telefone no quarto de hotel de Nan não tinha sido nada inteligente. Na hora eu estava em estado de choque e nada fazia sentido. O que eu tinha de fazer agora era procurar ajuda para Nan, tirar Demi de Los Angeles e voltar para Rosemary. Precisava ligar para minha mãe. Era ela quem devia estar lidando com essa situação, não eu.

Kiro não ia fazer nada a respeito. Nan queria algo que jamais teria. Estava na hora de se desapegar. Uma enfermeira abriu a porta e entrou no quarto. Olhei para ela e decidi que era o momento de desistir de tentar ser tudo para Nan, porque eu era péssimo nisso.

– Preciso conversar com o médico. Quando ela puder, quero que seja internada em um lugar onde a ajudem a se recuperar. Ela precisa de ajuda, e não consigo dar conta – disse em voz alta pela primeira vez na vida. Eu estava admitindo que havia falhado com minha irmãzinha. Em vez de me sentir culpado, foi como se tirasse um imenso peso dos ombros.

– O Dr. Jones estará aqui em breve. Ele também vai querer interná-la. Ela realmente precisa de ajuda. Que bom que você está de acordo. Isso sempre facilita as coisas.

Nada em relação àquilo seria fácil, mas era o melhor para todo mundo.

24.2.15

Capitulo 9 - Amor Sem Limites

Amores, aqui está! Agr acho q só posto amanhã pq agr vou estudar p uma prova... Comentem! Beijos, amo vcs ♥ 
Bruna

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DEMI

Eu estava fazendo um esforço tremendo para não parecer um bebê chorão, mas estava

chateada.

– Eu deveria ter ligado mais cedo. Sinto muito. Nan ameaçou se matar, e eu entrei em pânico. Entrei no modo irmão protetor.

Ele sempre estava no modo irmão protetor com Nan. Eu sabia que teria que suportar muita coisa dela ao vir para cá, mas estava sendo mais difícil do que eu imaginara. Principalmente depois da forma como ela me tratara na noite anterior. Nem por um instante eu acreditaria que ela pudesse se matar.

– Ela está manipulando você. Detesto vê-la fazendo isso.

Joe se levantou, passou a mão pelos cabelos e foi até a janela. Ele não concordava comigo. Percebi isso pela forma como seus ombros ficaram tensos. Ele parecia estar na defensiva.

– Ela está perturbada e magoada. Sei que ela foi uma vaca com você no passado, mas agora preciso da sua ajuda. Por mim, você poderia não dizer coisas que a magoassem? Eu estou realmente preocupado com a estabilidade mental dela no momento.

Coisas que a magoassem? Eu não tinha dito nada de mais a Nan. Ele acreditava nisso?

– Fui eu que disse que devíamos vir. Compreendo que ela precisa da sua ajuda. Por que você acha que eu diria algo que a magoasse? – perguntei, levantando-me.

Joe jogou a cabeça para trás e fechou bem os olhos como se não quisesse ter aquela conversa. Havia alguma coisa errada.

– Sei o que você disse a ela ontem, à mesa. Ela me contou. E, sim, você tem todo o direito de dizer isso, mas neste momento eu preciso que você não diga. Quanto antes eu resolver isso tudo, antes estaremos de volta a Rosemary, longe deste pesadelo.

– E o que eu disse a ela ontem? Não estou entendendo – respondi, sentindo um nó no estômago. Nan estava mentindo a meu respeito? Fora ela quem tinha dito coisas agressivas, não eu.

– Ela acha que você tirou sarro dela. Eu... Acho que é melhor você não falar com ela.

Sentei de novo na cama e repassei mentalmente as conversas da noite anterior. Como ela poderia ter achado que tirei sarro dela? Ela havia me atacado!

Uma batida suave na porta interrompeu o que eu estava prestes a dizer, e Joe soltou um resmungo frustrado antes de ir pisando duro até a porta para abri-la.

– Desculpem. Não quero atrapalhar, mas Nan está exigindo saber qual é o quarto do

papai. Eu não iria querer acordá-lo. Seria péssimo. – A voz suave de Harlow parecia ansiosa.

– Merda – resmungou Joe. Ele olhou para mim. – Desculpe. Volto em alguns minutos.

Deite e descanse. Não vou deixar mais ninguém incomodar você.

Depois que a porta se fechou, deixei as lágrimas rolarem. Quando eu disse a ele para vir lidar com os problemas de Nan, achava que seria mais fácil. Eu esperava que, depois do acidente e de ela ter dito algo sobre fazer parte da vida do bebê, Nan estivesse mais flexível. Estava errada. Vir para Los Angeles havia sido uma péssima ideia.

Minha barriga endureceu, e eu congelei. Fiquei sentada, imóvel, esperando que o bebê chutasse para me assegurar de que estava tudo bem. Nada aconteceu. Pus as mãos na barriga e senti outra cólica. Me encolhi e tentei acalmar meu coração, que começou a disparar. Havia alguma coisa errada. Senti uma onda de náusea, deitei e fechei os olhos. Talvez eu tivesse me levantado rápido demais. Precisava começar a tomar mais cuidado. A tensão daquela casa estava me afetando.

Mantive os olhos fechados e respirei profunda e lentamente. A cólica passou e senti um chutinho leve na mão. Então, com esse pequeno conforto, caí no sono de novo.

Quando abri os olhos, o sol havia mudado de posição e brilhava forte pelas janelas. Já devia ter passado do horário do almoço. Peguei o telefone e olhei a hora. Era uma da tarde. Acho que estava mais cansada do que imaginava.

Rolei de lado para me levantar e vi uma bandeja de comida na mesinha de cabeceira. Me enrolei no lençol e me aproximei dela. Sorri ao pegar o bilhetinho com a letra familiar de Joe.

Desculpe por hoje de manhã. Você estava exausta, e eu descarreguei em você. Nada disso é culpa sua. Só quero que tudo termine para levá-la de volta para casa. Coma um pouco. Vou ver se consigo conversar com Kiro.

Amo você mais do que a vida. Joe

Levantei a tampa de prata que protegia meu prato e encontrei morangos frescos e creme, salmão e uma fatia de torrada. Meu estômago ainda não estava muito bem, então decidi ficar longe do salmão, mas peguei um morango, mergulhei-o no creme e dei uma mordida. O sabor doce na minha língua me fez sentir melhor. Terminei os morangos e a torrada sentada na beira da cama, depois me levantei e fui tomar um banho.

JOE

Fazia um calor incomum para o final de novembro. Eu tinha vestido um short e uma camisa de malha e fora aproveitar o sol da Califórnia.

Demi ainda não havia saído do quarto. Se não levantasse logo, eu arrumaria outra bandeja e subiria para lhe dar comida na boca. Era bom que dormisse, mas ela precisava comer também. Harlow tinha dito que não achava que Demi houvesse comido o bastante no jantar. Eu devia ter ficado com ela e ido atrás de Nan depois de Demi estar na cama.

Se minha irmã melodramática não fosse tão instável, eu não precisaria ajudá-la. Só que eu não conseguiria me perdoar se a ignorasse e algo acontecesse com ela. Por mais insuportável que fosse, ela ainda era minha irmã. Ainda via a menininha de rabo de cavalo que me dava sorrisos banguelas. Ela era minha garotinha quando éramos criança. Ninguém mais havia cuidado dela. Para mim era difícil esquecer isso.

– Cadê aquela sua garota? – perguntou Kiro ao sair para o pátio dos fundos, onde eu decidira me esconder de Nan.

– Está dormindo – respondi, satisfeito ao ver que Kiro estava fumando fora, em vez de dentro de casa.

– Ela é um doce. Me lembra a minha Harlow – disse ele, e enfiou de volta na boca o cigarro que segurava.

– É. Ela é absolutamente perfeita – concordei.

– Você precisa protegê-la um pouco mais de Nan. Sua irmã ficou destilando veneno sobre ela ontem à noite. Sua garota se saiu bem. Fiquei muito impressionado. Mas você precisa cuidar melhor dela – disse ele com sua voz arrastada, então bateu a cinza do cigarro e se virou para entrar em casa.

Eu ia perguntar do que ele estava falando, mas Nan passou em alta velocidade pela porta, de biquíni e salto alto.

– O que está fazendo, garota? – perguntou Kiro num tom irritado.

– Vou pegar um sol. Por quê? Quer ir comigo? Talvez conversar comigo? – disparou Nan, cheia de ódio na voz. Tive vontade de sacudi-la e perguntar por que ela precisava ser tão difícil.

– Não. Eu quero é saber quando você vai se mandar da minha casa. Você não para de fazer drama. Harlow nem sai da porra do quarto. Está na hora de você ir perturbar a sua mãe por um tempo e me deixar em paz.

Estremeci ao ver a dor no olhar de Nan. Caramba, Kiro era muito insensível.

– Por que eu estou tentando? Você não quer me conhecer. Você não dá a mínima para me conhecer. Você tem Harlow e isso basta. Eu não sou nada para você – berrou Nan.

– Harlow não é uma vaca egoísta, Nan. Tente ser um ser humano normal, e talvez eu tenha vontade de conhecê-la. Tive motivo para não ficar com sua mãe, garota. Adivinhe qual – rosnou ele, passando por ela e entrando na casa.

Nan ficou com o olhar vazio, parada diante da porta, fitando-a fixamente. Merda.

Levantei e fui até ela. Ela me viu e balançou a cabeça.

– Não. Eu não quero você também. Você também me odeia. Você a escolheu. Todo mundo escolhe outra pessoa. Ninguém me quer – gritou Nan, depois deu meia-volta e disparou para dentro da casa.

Parei na porta e ouvi o barulho dos saltos dela batendo com força no piso até desaparecer. Eu precisava ir atrás dela, conversar com ela, mas ia esperar um pouco até que se acalmasse. Ela precisava de um tempo sozinha.

– Isso não pareceu nada bom – disse Demi, interrompendo meus pensamentos. Eu me virei e a vi descendo a escada. Estava com os longos cabelos presos para cima e vestia um maiô azul-claro com uma saída de praia branca transparente que ia dos ombros até a metade da coxa. Estava com os olhos descansados, mas o que acabara de ouvir havia provocado uma expressão preocupada.

– É, foi horrível – respondi, diminuindo a distância entre nós e puxando-a para mim antes de beijar aqueles lábios rosados e carnudos. Não gostava de vê-la tensa. Ela enlaçou meu tronco e abriu de leve a boca. Senti o sabor de hortelã da pasta de dentes dela e aproveitei o calor suave de seu beijo.

Ela mexeu os lábios nos meus e deixou escapar um gemido baixinho. Levá-la de volta ao quarto pareceu uma boa ideia. Ela começou a recuar e eu fitei seus olhos semicerrados. Ela estava sorrindo satisfeita.

– Harlow disse que estava quente hoje. Pensei em tomar um pouco de sol. Passei muito tempo dentro de casa – disse ela.

Ela precisava de ar fresco.

– Acho uma boa ideia. Por que não vai se deitar em uma das espreguiçadeiras? Faço massagem nos seus pés.

Os olhos dela brilharam de empolgação, e quase dei risada. Ultimamente ela adorava massagem nos pés. Eu sabia que era por não estar acostumada ao peso extra do bebê.

– Que ideia maravilhosa – concordou ela, apressando-se em se instalar na espreguiçadeira mais próxima.

Meu telefone tocou no bolso, mas o ignorei. Demi olhou para mim, que pairava acima dela.

– Não vai atender? – perguntou.

Enfiei a mão no bolso e vi o número de Nan na tela. Eu devia ignorá-la. Aquilo não podia ser coisa boa. Eu queria um tempo com Demi. Queria massagear os pés dela e ver as

carinhas que ela fazia ao meu toque.

– Atenda, Joe. Se não atender, vai ficar preocupado – incentivou ela.

Resmungando um palavrão, apertei para atender e segurei o telefone no ouvido. Antes que eu pudesse dizer alô, fui recebido pelos soluços altos de Nan.

– Não venha atrás de mim. Eu disse para você ontem à noite que queria acabar com tudo e quero mesmo. É isso. Todo mundo me odeia, e eu cansei. Adeus, Joe – gritou ela ao telefone antes de encerrar a ligação.

– Puta que pariu! – rosnei, enfiando o telefone de volta no bolso. Precisava ir atrás dela. Queria acreditar que Demi tinha razão e Nan não faria mal a si mesma, mas não podia simplesmente tomar isso por certo.

– Ela está ameaçando se matar de novo – contei, olhando para Demi e a expressão decepcionada em seu rosto. Eu a estava desapontando. Detestava isso. Queria que não tivéssemos vindo, mas também jamais conseguiria me perdoar se alguma coisa acontecesse com Nan.

– Vá. Tudo bem. Ela precisa de você, então está dando um jeito de chamar sua atenção – respondeu Demi.

Fazia sentido. Ela provavelmente tinha razão.

– Não dá para saber se ela realmente não vai tentar alguma coisa. Não consigo acreditar que seja apenas uma ameaça.

– Eu sei.

– Sou tudo o que ela tem, Demi – disparei, irritado, sem querer. Eu não estava bravo com ela. Estava bravo com o fato de ela ser tão compreensiva sem precisar. Estava bravo porque ela continuava em segundo plano por causa da minha família. Odiava que ela simplesmente me deixasse ir todas as vezes sem fazer pressão para que eu casse. Eu odiava tudo isso.

– Eu sei – repetiu ela. Desta vez, pude ouvir a mágoa em sua voz e me odiei por ser a causa dela.

– Desculpe, eu só...

– Você só precisa ir ver a sua irmã. Eu entendo. – Demi terminou a frase por mim. O tom duro na voz dela me deixou preocupado, mas eu não tinha tempo para tratar disso. Quanto mais eu demorasse ali, pior as coisas cariam. Eu a recompensaria mais tarde. Também diria a Nan que iria interná-la em um hospital psiquiátrico se não parasse de ameaçar se matar. Então voltaríamos para Rosemary. Eu queria minha vida de volta.

Capitulo 8 - Amor Sem Limites

Amores, aqui está! Comentem, se tiver 6 comentarios até wu chegar da aula ppato mais um! Boa leitura! Beijos, amo vcs ♥
Bruna

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DEMI

Nem precisei perguntar para saber o que Joe estava fazendo. Ele ia voltar com algo que

eu pudesse comer. Se não estivesse com tanta fome, tentaria impedi-lo, mas eu realmente queria mais do que pão.

– Você transformou meu irmão no seu cãozinho de estimação. É patético – sibilou Nan do outro lado da mesa.

– Chega de veneno, Nan. Demi está grávida e precisa comer. Joe está cuidando do que é dele – respondeu Dean antes de tirar uma ostra crua da concha e pô-la na boca.

– Nunca ouviu falar de métodos contraceptivos? Ou este sempre foi o seu plano, prendê-lo com um bebê?

Era muito provável que eu tivesse que passar o resto da vida lidando com esse tipo de atitude da Nan. Ficar chateada e me afastar não seria uma opção. Claro, eu não pretendia enfiar uma arma na cara dela de novo, mas não iria deixar que ela falasse assim comigo só porque era irmã de Joe.

– Entendo que você esteja magoada e com raiva, mas eu não z nada para você. Então, por favor, dê um tempo.

Dean riu. Os olhos de Nan brilharam com mais intensidade. Ah, que ótimo. Eu só havia conseguido irritá-la ainda mais.

– Escute aqui, sua vaquinha, não importa o que você pensa que tem, porque você não tem. Eu sou irmã dele. Tenho o mesmo sangue. Ele vai escolher a mim, se chegar a esse ponto. Então, não ouse me ameaçar.

Por mais que eu quisesse voltar para o quarto de Joe e me esconder, sabia que isso só pioraria as coisas. Precisava mostrar que não ia baixar a cabeça.

– Isso não é uma competição. Você é a irmã dele. Eu sou a mãe do lho dele. Ele não precisa amar apenas uma de nós, Nan. É infantil e arriscado pensar assim. Joe está aqui porque ama você e quer ajudá-la. Não dê um tapa no rosto dele me tratando dessa maneira.

Nan abriu a boca, mas a fechou em seguida. Estava com o maxilar tenso, de tanto cerrar os dentes.

– Grande Demi – falou Kiro, e a dor que passou pelo olhar de Nan me fez sentir pena dela. Eu sabia como era ter um pai que não nos quer. Mas também sabia como era ter um pai que nos adora. Ela, não.

– Nem sei por que eu tento. Ninguém aqui me aceita. Joe era tudo o que eu tinha, e agora ele se agarrou a você, que me odeia – gritou ela, levantando-se e atirando o

guardanapo na mesa. – Você pegou Joe. – Ela apontou para mim, e então voltou a atenção para Harlow e continuou: – E você, você tem o amor do meu pai. Eu não tenho nada. – Ela deu meia-volta e saiu correndo da sala.

Joe entrou na hora em que ela se afastava batendo os saltos com força no piso. Ele olhou para Kiro com raiva estampada no rosto.

– O que foi que você fez? Eu só saí por cinco minutos.

Kiro deu de ombros e apontou na minha direção.

– Não olhe para mim. Foi a sua mulher quem a fez sair correndo.

A raiva de Joe se transformou em confusão enquanto ele voltava o olhar para mim. – Demi? O que aconteceu?

Balancei a cabeça.

– Ela estava me acusando, e eu só lhe disse a verdade.

Joe soltou um suspiro e saiu atrás da irmã.

Fiquei ali sentada me perguntando se deveria sair também. Ou se deveria ficar. Meu pão estava esquecido no prato e meu estômago tinha dado um nó.

– Este jantar em família está se transformando num fracasso. Mais alguém quer sair correndo antes da salada? – perguntou Kiro alegremente. Eu não conseguia entender como ele podia fazer piada sobre o que acabara de acontecer.

Dean estendeu a mão e apertou meu braço.

– Ele vai voltar. Às vezes, Nan só precisa do Joe. Ele sabe disso.

Infelizmente, eu sabia também.

Quando o jantar terminou, Joe ainda não tinha voltado. Kiro já estava agarrando o traseiro da atendente por baixo do vestido dela. Harlow ignorava a cena e terminava seu vinho em silêncio. Dean tinha a atenção voltada para a outra atendente. Eu estava convencida de que as duas estavam no cardápio deles. A que era alvo de Dean não parava de rir e arrumar desculpas para se aproximar dele. Por sorte, ele ainda não atacara nenhuma parte do corpo dela. Eu estava mais do que pronta para me levantar e sair.

– Acho que está na hora de você e Demi irem para a cama – sugeriu Kiro a Harlow, sem olhar para ela. Estava concentrado nos peitos da atendente, ainda com a mão enfiada debaixo da saia dela.

– Concordo plenamente – respondeu Harlow, levantando-se e olhando para mim com um sorriso constranigido.

Eu me levantei e comecei a agradecer a Kiro e Dean pelo jantar, mas então vi a mão de Dean no meio das pernas da outra atendente e decidi me apressar para seguir Harlow.

– Sinto muito que você tenha testemunhado aquilo. Papai está bebendo mais agora que tem a Nan para infernizá-lo. Quando bebe, ele... hã... precisa de muitas mulheres.

Em outras palavras, ele saía pegando geral. Assenti. No entanto, qual era a desculpa de

Dean? Acho que era apenas uma lenda do rock cheia de tesão e acostumada a ter o que queria.

– Imaginei que Joe já estaria de volta a essa altura – respondi, querendo mudar de assunto.

Harlow assentiu.

– É, eu também. Estou descobrindo que Nan pode dar muito trabalho.

Dar trabalho era pouco. Eu estava pensando em algo mais na linha de “ser uma vaca”.

– Ela me odeia. Acho que preciso aceitar e aprender a viver com isso – confessei. – Só não gosto do que isso faz com Joe.

Um grito agudo e um gemido vieram da sala de jantar. Harlow fez um som de náusea.

– Argh, venha. Podemos pegar o elevador em vez da escada. Vai abafar o barulho.

– Eles estão simplesmente... transando na sala de estar? – perguntei, impressionada com a falta de privacidade e o fato de as outras pessoas da equipe do bufê poderem ouvi-los da cozinha.

– Eles transam em qualquer lugar. Acredite em mim. Você não ia querer saber o que eu vi ao longo dos anos. Acho que é o motivo pelo qual ainda sou virgem. Bom, isso e o fato de ser tímida demais.

Era um milagre que Harlow ainda fosse inocente com aquele tipo de comportamento do pai.

– Eu era virgem até conhecer Joe. Às vezes é melhor esperar até o cara certo aparecer.

Harlow sorriu e fez que sim com a cabeça.

– É. Mas também existe a chance de isso nunca acontecer. Não sou muito sociável.

Minha vida aqui é muito isolada. Sempre odiei sexo por causa do que ele fazia com meu pai. Mas nos últimos tempos venho me perguntando se talvez eu não precise apenas encará-lo sob um ponto de vista diferente. Você e Joe parecem felizes juntos.

Fiquei triste por ela. Aparentemente, Harlow havia crescido superprotegida pela avó e depois vira apenas o outro extremo, com Kiro. Ela devia estar muito desorientada em relação a isso.

– Você teve namorados na Carolina do Sul? – perguntei.

Ela deu de ombros.

– Não muitos. Minha avó não gostava que eu tivesse namorados. Ela dizia que isso só levava a sexo e que eu devia esperar até o casamento. Era o que a Bíblia dela mandava. Mas se eu não namorasse, como iria me casar? – Harlow deu uma risadinha. – Mas isso não tinha importância. Eu nunca conseguia saber o que dizer quando um cara por quem eu me sentia atraída estava por perto. Ficava tímida e sem jeito. Muito constrangedor. Acho que estou melhorando com a idade.

Harlow tinha uma beleza clássica. Era elegante e perfeita. Era difícil acreditar que não tivesse saído com um monte de caras.

– Vou para o meu quarto. Tenho um livro para terminar. Descobri autores indies no meu Kindle e estou meio viciada.

– Indies? – perguntei.

Harlow fez que sim com a cabeça.

– E-books publicados pelos próprios autores. Encontrei alguns diamantes brutos.

Talvez eu devesse comprar um Kindle.

– Boa leitura! – desejei-lhe e segui para o quarto de Joe.

JOE

Nan estava um caos e em lágrimas. Por mais que fosse egoísta, fiquei arrasado por ela.

Ainda era minha irmãzinha e fora maltratada. Pelo pai e pela mãe. Durante toda a minha vida, eu tentara ser a pessoa com quem ela pudesse contar, mas não tinha sido o suficiente.

Ela precisava se sentir amada e aceita por pelo menos um dos pais terríveis que tinha.

– Ela me odeia. – Nan fungava e soluçava. – Ela me fez de boba bem ali, na frente do Kiro. Nem se importou com o fato de eu estar tentando encontrar uma forma de fazer com que ele me aceite.

Eu tinha certeza de que Nan levara Demi a dizer as coisas que tinha dito, mas não z essa observação. Só agora, depois de uma hora, eu estava conseguindo fazer Nan se acalmar o bastante para conversar comigo. Ela precisava de alguém naquele momento, e eu tinha certeza de que era a única pessoa no planeta que se importava com seus problemas.

– Eu sei que você a ama, mas ela é má. Ela é fria e má. Você se lembra de quando ela apontou aquela arma para mim. – Nan fungou e limpou o rosto encharcado de lágrimas.

– Aquilo foi um pouco diferente. Mamãe e Abe haviam acabado de tirar o chão de debaixo dos pés dela. Ela estava perturbada e você a provocou.

Nan soltou uma risada irônica.

– Você sempre vai ficar do lado dela. Mesmo que ela tire sarro de mim e da minha necessidade de ter um pai que me queira bem ali, na frente de todo mundo. Na frente da Harlow. Do Dean. Do Kiro. Ela não se importa com os meus sentimentos.

Demi estava grávida e com mais dificuldade de controlar suas emoções. No entanto, eu precisava pedir que ela casse calada perto de Nan. Quanto antes eu conseguisse fazer minha irmã e Kiro se entenderem, antes poderíamos ir embora. Eu não gostava de ter que ficar fazendo malabarismos para agradar as duas. Era demais.

– Ela não deveria ter dito o que disse. Embora você também não devesse ter dito nada para ela.

– Eu só estava lembrando a ela que você também me ama. Ela olhava para mim com tanto ódio.

Demi tinha muitos motivos para odiar Nan. Eu sabia disso. Só desejava que ela conseguisse deixar tudo para trás. Quando ela insistiu em que viéssemos a Los Angeles, eu pensei que fosse sua forma de perdoar Nan. Parecia que eu estava enganado.

– Vou resolver as coisas com Demi. Isso não vai voltar a acontecer. Mas você precisa encontrar maneiras de pôr essa amargura de lado, Nan. Não vou conseguir ajudá-la se você

continuar a agir dessa forma na frente de Kiro. Ele está acostumado a lidar com Harlow. Com você, não. Harlow é quieta e fica na dela. É só para isso que Kiro está preparado, e tenho certeza de que ela descobriu isso rápido, ainda criança. Você precisa perceber que Kiro não vai aceitá-la do jeito que você é. Ele é uma lenda do rock, é mimado e egoísta. As pessoas o idolatram e ele adora isso.

– Eu odeio a minha vida. Eu... eu acho que às vezes seria mais fácil para todo mundo se eu simplesmente desse um fim a ela.

Senti uma dor no peito e a abracei.

– Você não pode fazer isso porque eu amo você. Eu quero você por perto. Você precisa de uma chance para encontrar a felicidade, Nan. Não faça isso. E nunca mais, NUNCA mesmo, diga uma coisa dessas.

Ela assentiu encostada em meu peito e começou a chorar baixinho. Imaginei se a mágoa de minha irmã algum dia teria cura.

Só voltei para a casa horas depois. Nan ficou no hotel. Ela se recusava a ficar ali com Kiro e Harlow. Mandei duas mensagens de texto para Demi e não recebi resposta. Fiquei preocupado, mas repetia a mim mesmo que ela estava apenas dormindo.

Subi correndo para nosso quarto e, ao abrir a porta, encontrei-a dormindo enroscada em cima da cama. Ainda estava de vestido e parecia sentir frio. Fui até ela e comecei a tirar sua roupa com todo o cuidado. Não queria acordá-la, mas também não a queria dormindo de forma desconfortável.

Depois de despi-la, pus as cobertas por cima dela. Não conseguia acreditar que ela tivesse dito algo para magoar Nan. Mas minha irmã havia sido enfática ao armar que Demi a atacara. Deviam ser os hormônios da gravidez. Dei um beijo na testa dela, me levantei e fui tomar uma ducha. Não fazia nem um dia que tínhamos chegado, e eu já estava estressado e pronto para ir embora.

Bateram à porta assim que minha cabeça encostou no travesseiro. Ou pelo menos foi a impressão que tive. Demi se revirou em meus braços, e eu notei o sol entrando pelas janelas.

Talvez eu tivesse dormido um pouco.

– Quem é? – perguntou-me Demi com a voz rouca de sono.

Eu não tinha a resposta, mas não a queria sendo despertada daquele jeito. Sabia que havia ficado acordada até tarde esperando por mim.

– Não sei. Fique aqui – respondi, beijando-lhe a testa antes de sair da cama e vestir uma calça jeans.

Abri a porta do quarto e encontrei meu pai com cara de ressaca e furioso.

– Precisa desarmar uma bomba. O que quer que tenha dito a Nan na noite passada não ajudou. Ela está a caminho – rosnou Dean.

Era um passo na direção certa. Ela precisava de uma oportunidade para se acostumar

com Kiro. Seria bom para os dois.

– Então minha conversa ajudou. Está na hora de Kiro aceitá-la e recuperar o tempo perdido.
Dean soltou uma risada sem humor.

– Isso não vai acontecer, Joe. Se foi isso que disse a ela, só falou o que ela queria ouvir.

O Kiro é o Kiro. Porra, ele não é nenhuma figura paterna, e é isso que ela quer.

Talvez. Mas eu precisava pelo menos ajudá-la a tentar.

– Só desça para ajudar antes que tudo vire um inferno – pediu Dean, então se virou e saiu.

Fechei a porta e me virei para Demi. Ela estava sentada na cama com os cabelos desalinhados e o lençol puxado até o peito. O que eu queria mesmo era entrar na cama de novo com ela e me esquecer de toda aquela confusão de Nan.

– Desculpe – disse a ela, voltando para a cama.

Ela franziu a testa.

– A que horas você chegou ontem à noite?

– Tarde. Nan deu trabalho.

Demi assentiu rigidamente, então baixou o olhar. Sentei ao seu lado, pus um dedo sob seu queixo e levantei sua cabeça para que olhasse para mim.

– Ei, o que houve?

Ela soltou um suspiro cansado.

– Você podia ter me ligado. Fiquei esperando. Adormeci preocupada com você.

– Eu liguei – garanti a ela. – Você não atendeu.

Demi pegou o telefone e olhou para a tela.

– Você me ligou depois das onze. Eu já havia caído no sono. Você poderia ter me ligado antes.

Demi tinha razão. Eu deveria ter ligado. Malditos Nan e Kiro. Nunca mais a deixaria em segundo plano. Eu havia jurado que ela viria sempre primeiro – e fora sincero. Ainda assim, na noite passada eu a decepcionara.