16.9.14

Enroscado - Epilogo (2/2)

 
~
Algumas horas depois, acordo do meu coma induzido por sexo, ouvindo o som da voz de Demi.
– Droga… porcaria de pizza. Quem foi o idiota que inventou isso.
Esfrego os olhos para acordar e olho pela janela. Ainda está escuro lá fora, apenas algumas horas depois da meia-noite. Demi está andando de um lado para o outro no quarto, esfregando sua barriga. Respirando rapidamente.
– Demi? O que está acontecendo?
Ela para de andar e olha na minha direção.
– Nada. Volte a dormir – geme suavemente. – Apenas uma indigestão.
Apenas uma indigestão?
É o que se costuma dizer antes de morrer.
Aí quando você se dá conta, o tio Morty está deitado numa maca no necrotério por causa de um ataque cardíaco destrutivo, que ele nunca soube que estava tendo. Não foi quando estava comigo, garotão.
Rapidamente, pulo da cama, vestindo uma calça de moletom. Paro ao lado de Demi, com a mão em seu ombro.
– Não seria melhor ligar para a médica?
– O quê? Não… não, tenho certeza de que é apenas… ai.... – ela se inclina, segurando seu tronco. – Ah… ai…
E um jato de água estoura entre as pernas dela. Parecem umas dez garrafas d’água.
Nós dois ficamos lá parados. Bobos. Observando as gotas caírem da barra de sua camisola no tapete. Então, como uma cobra deslizando numa grama, a realidade vem à tona.
– Ai. Meu. Deus.
– Cacete.
Lembra daquela bexiga que falei?
Isso, aquela filha da mãe acabou de estourar.
Hee hee.
Whoo whoo.
Hee hee.
Whoo whoo.
Quando tinha dezesseis anos, o time de basquete da minha escola estava empatado no Campeonato Estadual. No último jogo, estávamos perdendo por um ponto, faltando três segundos para terminar o jogo. Adivinha para quem eles passaram a bola? Quem conseguiu ganhar a cesta de três pontos?
Isso mesmo, eu consegui. Porque até mesmo naquela época, eu era uma pedra. Firme no gatilho. Não fico estressado. Medo? Pânico? Isso é coisa de perdedor.
E não sou um perdedor.
Então, por que as minhas mãos estão tremendo como se fosse um paciente com doença de Parkinson sem medicação?
Alguém já te disse que você faz muitas perguntas?
Estou pálido, enquanto seguro o volante bem forte.
Demi está no banco de passageiros, sentada em uma toalha, aplicando todas aquelas técnicas de respirações que aqueles porcarias de instrutores hippies de Lamaze nos ensinaram.
Hee hee.
Whoo whoo.
Hee hee.
Whoo.
Em seguida, no segundo gemido, ela grita:
– Ah não!
Quase bato o carro num maldito orelhão.
– O quê! Qual o problema?
– Esqueci dos pirulitos de maçã verde!
– Do quê?
Ela fala agitada, cheia de decepção.
– Os pirulitos de maçã verde. Alexandra disse que eles eram a única coisa que saciava sua sede quando ela estava no trabalho de parto da Mackenzie. Ia comprar alguns esta tarde, mas esqueci. Podemos parar em algum lugar para comprar?
Tudo bem. Parece que o bom senso da Demi deu tchau, então sou eu quem terá que ser a voz da razão. O que é um pouco assustador, considerando que estou preso por um fio aqui.
– Não, não podemos parar em porra alguma para comprar alguns! Está louca?
Os olhos castanhos enormes da Demi imediatamente ficam cheios de lágrimas. E me sinto como o cara mais idiota do mundo.
– Por favor, Joe? Só quero que tudo seja perfeito… e se eu quiser um pirulito durante o parto, e aí você sai para comprar um e aí tenho o bebê enquanto você estiver fora? Você vai perder tudo – lágrimas escorrem por suas bochechas como dois riozinhos. – Não conseguiria suportar se você perdesse.
Por favor, tomara que não seja uma menina. Pelo amor de Deus, não deixe ser uma garota. Durante todo este tempo, estive rezando por um bebê saudável sem especificar um sexo.
Até agora.
Porque se eu tiver uma filha e as lágrimas dela me dominarem igual às da Demi? Estarei totalmente ferrado.
– Ok, Demi. Tudo bem, amor. Não chore, vou passar em algum lugar.
Ela funga e sorri.
– Obrigada.
Viro o volante para a direita, fazendo uma curva ilegal, e estaciono o carro no meio-fio em frente a uma loja de conveniência. Depois, mais rápido que um pit stop na Fórmula Indy, volto para a avenida, com os cobiçados pirulitos de maçã verde se mexendo no banco de trás.
Demi volta a fazer sua respiração.
Hee hee.
Whoo whoo.
Hee hee.
Até que ela para.
– Será que as enfermeiras vão saber que a gente fez sexo?
Olho explicitamente para sua barriga.
– A menos que você planeje declarar uma gestação imaculada, acho que elas imaginarão que sim.
Depois, aperto a buzina.
– O acelerador é do lado direito, vovozinha!
Se o seu cabelo branco volumoso for a única coisa que dá para ser vista pelo painel? Você não devia estar mais dirigindo.
Hee hee.
Whoo whoo.
– Não, você acha que elas vão saber que fizemos sexo esta noite?
Demi é engraçada com relação a isso. Tímida. Até mesmo comigo, às vezes. Teve um dia que acabei vendo ela no vaso sanitário e, depois, ficou parecendo o fim do mundo. Pessoalmente, acho isso ridículo. Mas não vou discutir com ela agora.
– É uma maternidade, Demi, não o povo da perícia. Eles não vão entrar lá embaixo com uma luz preta procurando esperma.
Hee Hee.
Hee Hee.
– É, você está certo. Eles não vão conseguir saber isso – ela parece ter ficado mais calma com esta ideia. Aliviada.
Whooooo.
Fico feliz por ela. Agora, se eu conseguir não ter nenhum ataque cardíaco, ficaremos bem.
Uma hora depois, Demi está acomodada em um quarto no Hospital Presbiteriano de Nova York, ligada a mais aparelhos do que uma pessoa de noventa anos num aparelho de suporte à vida. Sento numa cadeira perto da cama.
– Você quer alguma coisa? Uma massagem nas costas? Cubos de gelo? Sedativos?
Eu adoraria um copo de uísque agora. Ou uma garrafa inteira.
Demi pega a minha mão e a aperta bem forte, como se estivéssemos em um avião que está prestes a decolar.
– Não. Apenas converse comigo – a voz dela fica com tom de pressa. Baixa. – Estou com medo, Joe.
Meu peito se aperta dolorosamente. Nunca me senti tão inútil na vida.
Mas tento esconder isso ao máximo.
– Olha, esta coisa toda do parto é boba. Tipo assim, mulheres têm filhos toda hora. Li um artigo uma vez que falava que, antigamente, eles tiravam uma criança da barriga bem no meio dos campos. Depois, eles a limpavam, colocavam-na na mochila deles e voltavam ao trabalho. Então, não deve ser muito difícil, né?
Ela bufa.
– Pra você é muito fácil falar. A sua parte foi divertida. E acabou. As mulheres realmente se ferraram neste acordo.
Ela não está totalmente errada. No entanto, as mulheres são muito mais fortes do que os homens. Não, sério, estou falando sério. É claro que ganhamos delas na força da parte de cima do corpo, mas nos outros sentidos – psicológico, emocional, cardiovascular, genético –, as mulheres ficam em primeiro lugar.
– É porque Deus é esperto. Ele sabia que se tivesse que passar por essa merda, a raça humana teria desaparecido com o Adão.
Ela ri.
Em seguida, escutamos uma voz na porta.
– Como estamos nesta noite?
– Oi, Bobbie.
– Oi, Roberta.
S i m, eu uso apenas seu nome completo. Estresse pós-traumático? Provavelmente. Tudo o que sei que escutar o nome Bob? Isso me faz querer cortar meus pulsos com um estilete.
Roberta verifica o quadro na ponta da cama.
– Tudo parece estar bem. Você está com três centímetros de dilatação, Demi, então ainda vai demorar um pouquinho. Tem alguma pergunta?
Demi parece otimista.
– Anestesia epidural?
Aqui vai um conselho: não seja masoquista. Aceite a epidural.
Vou repetir, caso você tenha perdido: ACEITE A EPIDURAL.
De acordo com a minha irmã, é uma droga miraculosa. Ela chuparia o cara que inventou isso com muito prazer, e Steven provavelmente a deixaria. Você arrancaria um dente sem tomar anestesia? É claro que não.
E não venha com essa idiotice de passar por aquela “experiência completa” do parto. Uma dor é uma dor, não tem nada de “maravilhoso” nisso.
Apenas dói pra caralho.
Roberta dá um sorriso tranquilizador.
– Vou arrumar pra já – ela faz algumas anotações na prancheta, colocando-a, em seguida, de volta no cesto. – Volto daqui a pouco para te ver. Peça para as enfermeiras me avisarem se você precisar de algo.
– Beleza. Obrigada, Roberta.
Assim que ela sai, me levanto e pego meu celular.
– Vou ligar para a tua mãe, não consigo sinal aqui dentro. Você vai ficar bem até eu voltar?
Ela acena com a mão.
– É claro. Não vou a lugar algum. Vamos ficar bem aqui.
Me abaixo e beijo a testa de Demi. Em seguida, me inclino, beijo a barriga e falo:
– Não comece sem mim.
Saio correndo para conseguir falar com a médica de Demi no corredor:
– Ei, Roberta!
Ela para e vira:
– Oi, Joe. Como está?
– Estou bem, bem. Queria te perguntar sobre a batida do coração do bebê. Um por cinquenta não é muito alto?
A voz de Roberta é tolerante, compreensiva. Ela está acostumada com isso.
– Está dentro da variação normal. É comum ver algumas oscilações mais baixas na batida do coração do feto no trabalho de parto.
Aceno e continuo:
– E a pressão sanguínea de Demi? Algum sinal de pré-eclâmpsia?
Conhecimento é poder. Quanto mais você sabe, mais controle você terá em alguma situação. Pelo menos é isso o que estive dizendo para mim mesmo durante os últimos oito meses.
– Não, como te disse ontem, e antes de ontem, ao telefone, a pressão da Demi está perfeita. Esteve regular durante toda a gestação.
Esfrego meu queixo e aceno.
– Você já fez o parto de uma criança com distocia de ombro? Porque você sabe que só saberá quando o bebê já estiver…
– Joe. Pensei que tivéssemos concordado que você ia parar de assistir às reprises de Plantão médico.
O Plantão médico devia vir com uma marca de aviso. É perturbador. Se você é um hipocondríaco moderado ou uma pessoa prestes a se tornar um pai ou uma mãe, pode apostar que não vai conseguir dormir algumas noites depois de assistir apenas a um episódio.
– Eu sei, mas…
Roberta levanta a mão.
– Olha, eu entendo como você se sente…
– Entende? – pergunto bruscamente – Já pegou sua vida toda e colocou nas mãos de outra pessoa e pediu para ela cuidar dela para você? Para te trazer de volta sem problema algum? Pois é isso que estou fazendo aqui – coloco uma mão no cabelo e desvio o olhar. Ao falar novamente, minha voz sai abalada. – Demi e este bebê… caso qualquer coisa aconteça…
Não consigo nem terminar o pensamento, imaginar a frase.
Ela coloca a mão no meu ombro.
– Joe, você tem que confiar em mim. Sei que é difícil, mas tente e concentre-se nas coisas positivas. A Demi é jovem e saudável, temos todos os motivos para acreditar que este parto progredirá sem quaisquer complicações.
Concordo com a cabeça. E a parte lógica do meu cérebro sabe que ela está certa.
– Vá ficar com Demi. Tente curtir o momento que te resta. Depois de hoje à noite, não será mais somente os dois, não durante um bom tempo.
Me forço a concordar de novo.
– Ok. Obrigado.
Viro e volto ao quarto. Paro na porta.
Consegue vê-la?
Cheia de travesseiros ao seu redor, acomodada embaixo do edredom que insistiu em trazer de casa. Ela parece tão pequena. Parece quase como uma menininha se escondendo na cama dos pais durante uma tempestade.
Preciso dizer aquelas palavras, para garantir que ela saiba.
– Eu te amo, Demi. Tudo o que é bom na minha vida, tudo o que realmente importa, só existe por sua causa. Se não tivéssemos nos conhecido? Eu estaria totalmente acabado, e provavelmente muito ignorante para perceber.
Ela olha para mim, completamente impassível.
– Estou tendo um filho, Joe, não estou morrendo – seus olhos se abrem mais. – Caramba, não estou morrendo, né?
Isso é o bastante para me tirar de meu pânico.
– Não, Demi. Você não está morrendo.
Ela acena.
– Tudo bem, então. Só para constar, eu também te amo. Adoro o fato de você estar financiando o futuro da Mackenzie porque não consegue parar de falar palavrões. Adoro o jeito que você provoca sua irmã sem piedade, mas que mataria quem a machucasse. Mas acima de tudo… eu amo como você me ama. Sinto isso a toda hora… todos os dias.
Ando até ela e acaricio sua bochecha. Em seguida, me abaixo e beijo seus lábios suavemente.
Ela pega minha mão e dá um apertão. Em seguida, seu maxilar se contrai com determinação.
– Agora, vamos fazer isso.
 
****
 
Acabei me preocupando muito por nada. Pois às 09h57 desta manhã, Demi deu à luz a um bebê cheio de energia. E eu estive ao seu lado durante o tempo todo. Compartilhando sua dor.
Literalmente.
Tenho quase certeza de que ela quebrou minha mão.
Mas quem se importa? Alguns ossos quebrados não significam tanta coisa, pelo menos não quando você está segurando um milagre de uns três quilos e 255 gramas.
E é exatamente o que estou fazendo.
Sei que todo pai acha que seu filho é adorável, mas vamos ser sinceros, ele é um garoto lindo, não acha? Sua cabeça tem um pedaço de cabelo preto. Suas mãos, seu nariz, seus lábios – olhar para essas coisas é como se olhar em um espelho. Mas seus olhos, eles são iguais aos da Demi.
Ele é belo. A perfeição em pessoa.
É claro que ele não nasceu assim. Algumas horas atrás, ele era bem semelhante a um galo sem penas gritando.
Mas ele era o meu galo sem penas gritando, então ainda assim ele era a coisa mais linda que já vi.
É irreal. A adoração. É uma devoção tão poderosa que quase dói ao olhá-lo.
Tipo assim, eu amo a Demi, mais do que minha própria vida. Mas isso demorou. Eu me apaixonei por ela gradualmente.
Isso… foi instantâneo. Assim que meus olhos o viram, tive certeza de que me jogaria de uma ponte para salvá-lo. Meio louco, né? Não vejo a hora de poder ensiná-lo algumas coisas. Mostrar para ele… tudo. Como trocar um pneu, como conquistar uma garota, como jogar beisebol e como se defender. Não necessariamente nesta ordem.
Eu costumava zoar daqueles caras no parque. Os pais, com seus carrinhos e sorrisos de patetas e bolsas de homens.
Mas agora… eu entendo.
A voz de Demi me faz parar de admirar o bebê.
– Ei.
Ela parece exausta. Não a culpo.
– Como está se sentindo?
Ela sorri, sonolenta.
– Bem… imagina como é urinar uma melancia.
Me encolho.
– Ai.

– É.
Seus olhos vão direto para o pacotinho enrolando em um cobertor azul bebê nos meus braços.
– Como está o pequenininho?
– Está bem. Estamos apenas passando um tempo juntos. Falando porcaria. Estou contando sobre as coisas mais importantes na vida, como garotas e carros e… garotas.
– Ah é?
– Sim.
Olho para nosso filho. E minha voz fica com um tom de admiração.
– Você fez um ótimo trabalho, Demi. Ele tem seus olhos. Eu amo seus olhos, já te disse isso? Eles foram a primeira coisa que notei em você.
Ela inclina uma sobrancelha.
– Pensei que minha bunda tivesse sido a primeira coisa que você notou.
Ao lembrar, rio.
– Ah é, é verdade. Mas depois você se virou e… me surpreendeu.
O bebê solta um chiado meigo, conseguindo nossa atenção.
– Acho que ele tá com fome.
Demi acena e passo ele para ela. Ela desamarra a parte de cima do seu pijama, expondo um seio maduro, suculento. Ela traz o bebê para mais perto e ele agarra seu mamilo – como se fosse experiente.
Esperou algo diferente? Esse é meu filho, afinal de contas.
Eu os observo durante um tempo. Acabo tendo que arrumar o pau duro que resolveu brotar na minha calça.
Que doente. É, eu sei.
Demi me dá um sorriso malicioso e olha em direção ao meu testículo.
– Está com algum problema aí embaixo, Sr. Jonas?
Encolho os ombros.
– Não. Nenhum problema. Só não vejo a hora da minha vez.
Olha, tem dois tipos de mulher neste mundo: aquela que acha que se não pode fazer nada abaixo da cintura durante seis semanas após ter dado à luz, o companheiro também não pode. Mas tem também o segundo grupo. Aquela que não vê a hora de se masturbar, de fazer sexo oral, entre outras coisas – porque ela sabe que o favor será retribuído quando a proibição terminar.
Demi, com certeza, fica no segundo grupo. Sei disso e parece que meu pau também.
– Depois do massacre que acabou de ver na sala de parto? Pensei que você nunca mais iria querer fazer sexo comigo novamente.
Fico boquiaberto. Espantado.
– Está me zoando? Achava sua boceta magnífica antes, mas agora que vi do que ela é realmente capaz de fazer? Ela atingiu um nível de super-herói nos meus registros. Na verdade, acho que devíamos chamá-la disso – levanto as mãos, prevendo um outdoor enorme. – Xoxota Maravilha.
Ela mexe a cabeça e sorri para o bebê.
– Falando sobre dar nome às coisas… temos que pensar em um para ele, não acha?
Demi e eu decidimos esperar pelo jogo de nomes até que o bebê tivesse nascido para garantir que caísse bem nele. Nomes são superimportantes. São a primeira impressão que o mundo tem de você. É por isso que nunca vou entender a razão de as pessoas xingarem seus filhos com nomes como Edmundo ou Alberto ou Orvalho.
Por que então não ferra tudo e chama a criança de Imbecil?
Me inclino na cadeira.
– Tudo bem, pode começar.
Seus olhos analisam o rosto da criança.
– Connor.
Mexo a cabeça.
– Connor não pode ser o primeiro nome.
– Claro que pode.
– Não, é um sobrenome.
Com minha melhor voz de Exterminador, digo:
– Sarah Connor.
Demi vira os olhos e diz:
– Sempre gostei do nome Dalton.
– Nem vou te dar o prazer da minha resposta.
– Tudo bem. Colin.
Zombo.
– De jeito nenhum. Parece muito com “cólon”. Vão chamá-lo de idiota assim que ele colocar os pés no parquinho.
Demi me olha, sem acreditar.
– Tem certeza que você estudou em uma escola católica? Parece que você cresceu em um reformatório.
A vida é uma grande escola. Lembre-se disso.
Mentalidade de matilha de lobos. Você precisa aprender a não ser o elo mais fraco. São eles quem são comidos. Vivos.
– Já que você não aprova minhas escolhas, o que sugere? – pergunta ela.
Olho para o rosto de nosso filho, que está dormindo. Seus pequenos lábios perfeitos, seus longos cílios escuros.
– Michael.
– Ah claro. Na terceira série, Michael Rollins vomitou em meus sapatos. Toda vez que escuto este nome, penso em cachorros quentes vomitados.
É justo. Tento novamente.
– James. Não Jim ou Jimmy e, com certeza, não Jamie. Apenas James.
Demi levanta as sobrancelhas e testa:
– James. James. Gostei.
– Sério?
Ela olha novamente para o bebê.
– Sim, será James.
Coloco a mão no bolso de trás e tiro um pedaço de papel dobrado:
– Fantástico. Agora o sobrenome.
Ela está confusa.
– O sobrenome?
Tínhamos conversado sobre utilizar Lovato como o nome do meio. Mas vamos ser honestos, as únicas pessoas que têm nomes do meio são assassinos em série e pais muito putos. Então, pensei em algo muito melhor.
Coloco o papel aberto no colo de Demi.
Dê uma olhada.
LOVATO-JONAS
Ela olha para cima, com os olhos bem abertos e surpresos.
– Você quer hifenizar o nome dele?
Sou um cara meio antiquado. Acho que as mulheres deveriam colocar os sobrenomes de seus maridos. Sim, isso vem da suposição de que uma mulher é uma propriedade. E não, não concordo com isso. Futuramente, se algum besta vier e falar que ele é dono da minha sobrinha, vou lhe comprar uma pá.
Para que ele possa cavar sua própria cova antes de eu colocá-lo lá.
Mas tecnicamente falando, Demi é a última dos Lovato. Pessoas com o mesmo nome não significam mais nada, mas estou quase certo de que significa algo para ela.
– Bom… ele é nosso. E você fez quase todo o trabalho. Você devia receber uma parte dos créditos.
Seus olhos suavizam, ao me lembrar:
– Você odeia dividir, Joe.
Coloco um fio de cabelo atrás de sua orelha:
– Por você, estou disposto a fazer esta exceção.
Além disso, estou contando com o fato de que um dia, em breve, o sobrenome da Demi será igual ao de nosso filho.
É claro que a Demi merece o melhor pedido de casamento do mundo, mas o melhor demora um tempo.
Para planejar.
Está sendo trabalhado neste momento. Estou fazendo aulas de como dirigir um balão nas tardes de sábado, enquanto ela pensa que estou jogando bola com os meninos. Porque vou levá-la para dar uma volta de balão até o Vale do Hudson. Ao pousarmos, haverá um piquenique elegante nos esperando. E é lá que farei a pergunta.
Desse modo, caso a Demi recuse meu pedido, ela estará numa área completamente isolada aonde poderei convencê-la do contrário.
Sou um gênio, né?
Uma limusine nos esperará lá perto, mas não muito próxima, e depois vai nos levar de volta para casa, assim podemos ficar sentados e relaxando no caminho. E, claro, para que possamos transar dentro dela. Você nunca devia perder a oportunidade de transar dentro de uma, pois é sempre divertido.
Os olhos de Demi estão brilhando, cheios de lágrimas. Lágrimas de felicidade.
– Eu amei. James Lovato-Jonas. É perfeito. Obrigada.
Me inclino e beijo a testa de nosso filho. Depois, beijo os lábios de sua mãe.
– Você entendeu tudo errado, amor. Eu que deveria estar te agradecendo.
Ela olha para James, com carinho. E, com aquela voz que poderia deixar um anjo verde de inveja, ela começa a cantar.
There’s a song that they sing when they take to the highway

A song that they sing when they take to the sea

A song that they sing of their home in the sky

Maybe you can believe it if it helps you to sleep

But singing works just fine for me

So good night you moonlight ladies

Rock-a-bye sweet baby James

Deep greens and blues are the colors I choose

Won’t you let me go down in my dreams
And rock-a-bye sweet baby James
Um homem só pode chorar em alguns momentos de sua vida, sem parecer um completo jumento.
Esta é uma dessas vezes.
Quando Demi termina, limpo a garganta. E esfrego meus olhos molhados. Me abaixo na cama ao seu lado.
Sei que deve ser contra as regras do hospital, mas, concordo, alguns daqueles enfermeiros parecem intimidadores pra cacete.
Mas fala sério, são enfermeiros.
Demi vira para mim, para que James se deite entre nós. Meu braço encosta nele, minha mão está no quadril dela, envolvendo os dois.
Os olhos de Demi estão suavemente tranquilos:
– Joe?
– Humm?
– Você acha que ficaremos assim para sempre?
Abro um sorrisinho para ela:
– Com certeza não.
Toco seu rosto, aquele que planejo olhar todas manhãs e noites, até que a morte nos separe.
– Vamos melhorar cada vez mais.
Pronto, você ficou sabendo de tudo.
O que acha deste final feliz, hein? Ou começo… acho… depende de como você enxerga.
Bom, de qualquer modo, passou da hora de eu começar a declamar algumas palavras de minha sabedoria.
Conselhos.
Devido aos acontecimentos do ano passado, ficou cada vez mais claro que não entendo porra nenhuma. Acho que você não devia levar em consideração nada do que falo.
Você ainda quer que eu tente?
Beleza. Mas não diga que não te avisei.
Aí vai:
Número um: as pessoas não mudam. Não existe mágica. Nenhuma porcaria de feitiço.
O que você está vendo, é o que terá. É claro que alguns hábitos podem se ajustar. Podem ser controlados. Como minha tendência a fazer julgamentos errôneos. Só de pensar em assumir que sei tudo, sem verificar com a Demi antes, agora me deixa enojado.
Mas as outras características, elas continuam.
Ser possessivo, Demi ser teimosa, nossa competição coletiva – isso faz tanto parte de quem nós somos que não pode ser totalmente erradicado.
É como… celulite. Vocês, damas, podem passar o dia todo no spa, cobertas em lama e em algas marinhas. Podem gastar milhões com aqueles cremes e esfoliantes ridículos. Mas, no final do dia, aquela pele com dobrinhas e toda enrugada continuará lá.
Me desculpe ser a pessoa a jogar isso na sua cara, mas é um fato. Mas se você ama alguém, se realmente amar, vai aceitá-la com ela é. Não tentará mudá-la.
Você vai querer o pacote completo – bunda de queijo cottage e tudo mais.
Número dois: a vida não é perfeita. Ou previsível. Não espere que seja.
Em um minuto, você está nadando na praia. A água está calma e tranquila, você está relaxada. Aí depois, de repente, uma ressaca te pega.
O que conta é como você age em seguida. Você dá tudo o que pode? Bate na superfície, mesmo que seus braços e pernas estejam doendo? Ou você desiste e deixa se afogar?
O modo como você reage às viradas e mudanças faz toda a diferença.
Então, número três: o que importa é, se você conseguir passar pelos momentos difíceis, inesperados, vale a pena ver aquela luz no fim do túnel depois de tudo o que enfrentou pra chegar até ela.
Isso é algo de que nunca me esquecerei. Me lembro disso toda vez em que olho para a Demi. Toda vez em que olho para nosso filho.
Quando tudo já foi dito e feito? O resultado vale muito a pena.
 
~
 
Infelizmente essa fic maravilhosa chega ao fim :(( agora teremos que esperar outubro chegar para que podemos ter a nossa terceira temporada :/
E aí? gostaram muito da fic??? logo eu começarei a nova fic para vocês, eu tenho 3 prontas mas estou em duvida ainda de qual postar... Comentem!!! Beijooos <3
 
DIVULGAÇÃO:
 
 
Sigam, comentem e acompanhem esse maravilhoso blog da Jubs <3


7 comentários:

  1. Ansiosa pra parte 3, aposto que ainda vem muita confusão por ai.....
    Aaaaah, ja que está indecisa pq nao faz uma enquete pra gente escolher?
    Sou folgada, ok! Mas ajuda eu acho kkkkkkk
    Amei essa fic, mas a minha favorita ainda são as de sua autoria, ou a da rosa escarlate, e ps: DEMI LOVATO É MARAVILHOSA ATÉ EM FIC

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  2. Maravilhosa essa minific... quando vc vai começar a postar a fic?

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  3. Pena que acabou, mas ainda tem o 3 ú.ú Acho que vem mais confusão por ai
    Faz uma enquete se esta em dúvida...
    As vezes eu acho um livro na net, mas quando eu vou ler, no começo eu não, então eu coloco o nome da Demi e a história fica perfeita como essa. But suas fics tbm são boas, mal posso esperar pelo retorno da A Sexóloga

    -Nathalia-

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  4. Amei muitoooooo tipo muitooooo mesmo essa história! Eu não acompanhei ela capítulo por capítulo mais eu li então estou viciada estou ansiosa esperando sair o próximo livro pra você postar *-*
    E já estou ansiosa pra outra história! Estou viciada nesse blog!
    Beijos, Fabiola Barboza :*

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  5. Simplesmente perfeita!!!!! Ansiosa para a terceira temporada. Estou de acordo com as menina em relação a enquete apesar de confiar nas suas escolhas!!!!! Tbém sou viciada nesse blog!!!!!

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