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As baladas da cidade de Nova York.
A música é tão alta que, se você quiser
conversar, só conseguirá se for capaz de ler lábios. Caras suados
com camisas sou-muito-sexy de seda, que acham que, só porque você
respira, significa que já está querendo algo. Filas enormes no bar
e bebidas aguadas extremamente caras.
Não é o meu lugar favorito.
Prefiro muito mais um barzinho. Cerveja de
garrafa, jukeboxes, mesas de sinuca – quando preciso, sou uma ótima
jogadora de sinuca.
Não que não tenha curtido uma ou duas boas raves
na minha vida.
O quê? Você achou que maconha tinha sido a única
substância ilegal a encantar minha corrente sanguínea? Infelizmente
não. Ecstasy, LSD, alucinógenos, já experimentei todos eles.
Acho que te choquei. Não deveria ficar.
Toda essa cultura de drogas começou com
intelectuais em instituições de ensino superior. Não me venha com
essa de que Bill Gates inventou o Windows – um labirinto de
caminhos interconectados e multicoloridos – sem algum suporte
psicodélico.
Bom, de qualquer modo, apesar das minhas
preferências, quatro semanas depois que voltamos de Cabo, Joe e eu
acabamos na balada mais popular do momento. Com nossos melhores
amigos, Matthew e Deloris. Para celebrar o primeiro aniversário de
casamento deles.
Não sabia que eles se casaram? Foi ótimo. Vegas.
Preciso dizer mais alguma coisa?
Deloris adora baladas. Ela curte qualquer tipo de
estímulo sensorial.
Quando tínhamos dez anos, sua mãe, Amélia,
comprou um estroboscópio para seu quarto. Deloris sentava e ficava
encarando-o durante um bom tempo, como se fosse uma bola de cristal
ou uma pintura de Jackson Pollock.
Pensando bem, isso explica muita coisa.
Então, está nos vendo ali? Deloris e Matthew
estão saindo da pista de dança, vindo até onde estou sentada, em
uma roda de cadeiras vermelhas estofadas que estão na moda. Joe saiu
para pegar outra bebida.
Estou muito cansada para dançar esta noite.
Deloris se joga na cadeira ao meu lado, rindo.
Eu bocejo.
– Você tá horrível, Petunia.
Uma boa amiga deve ser capaz de te contar qualquer
coisa. Pode ser a traição de um namorado ou um vestido que faz seus
pneuzinhos te deixarem parecida com um sharpei. Em qualquer situação,
se elas não forem corajosas o suficiente para lhe dizer o que quer
que seja? Elas não são suas melhores amigas.
– Obrigada, Dee Dee. Também te amo.
Ela joga seu longo cabelo loiro para trás,
ondulado, e brilhando com a purpurina que ela colocou para as
festividades desta noite.
– Só estou dizendo que você tá precisando de
um dia em um spa.
Ela não está errada. Estive exausta a semana
inteira, daquele jeito que pega o corpo inteiro, parecendo que você
está com um peso nas costas. Ontem, eu caí no sono na minha mesa.
Acho que peguei aquela gripe que está rolando.
Deloris se abana com a mão.
– Cadê a porra do Joe com aquelas bebidas?
Estou morrendo aqui.
Ele desapareceu há alguns minutos, o que não é
incomum em um lugar como este.
Ainda assim, meus olhos analisam o ambiente.
Aí eles encontram o Joe. No bar, segurando as
bebidas, conversando com uma mulher.
Uma linda loira, com pernas do tamanho do meu
corpo inteiro.
Ela está com um scarpin prateado e um vestido
curto com lantejoulas. Ela parece… legal. Sabe aquele tipo? Uma
daquelas garotas legais com quem os caras adoram sair porque elas
arrotam e gostam de esportes. Ela está sorrindo.
O pior de tudo é que Joe também está.
E está vendo como ela se curva pra ele? A
inclinação da cabeça dela? O embaraço sutil de suas coxas?
Eles já transaram. Sem dúvida alguma.
Filho da puta.
Esta não é a primeira vez que encontro alguma
das ex-ficantes de Joe. Na verdade, isso costuma ocorrer diariamente:
a garçonete no Nobu, a bartender no McCarthy’s Bar and Grill,
diversas clientes aleatórias no Starbucks. Joe é educado, porém
rápido, dando-lhes a mesma atenção que você dá quando encontra um colega da escola do qual nem se lembra
do nome.
Então, isso não costuma me incomodar.
Mas como disse, esta não é uma semana normal. A
fadiga me deixou ranzinza. Sensível demais. Puta.
Porra, ele continua conversando com ela.
Ela coloca a mão no braço dele e aí minha
mulher da caverna interior bate no peito como o King Kong com roupas.
Tem um copo vazio na minha frente. Lembra-se da Marcia Brady e o
futebol? Acha que consigo alcançá-los daqui?
Já repararam que assassinos em série e
terroristas quase sempre são do sexo masculino? É porque os homens
gostam de espalhar agonia. As mulheres, no entanto, guardam a dor
internamente. Guardamos para nós. Até a morte.
Sim, eu fiz aula de Introdução à Psicologia na
faculdade.
Mas o que importa é que, em vez de ir até lá e
arrancar os fios de cabelo da loirinha, como eu realmente gostaria de
fazer, eu me levanto.
– Vou pra casa.
Deloris pisca.
– O quê? Como assim? – aí, ela repara no meu
rosto. – O que aquele idiota fez agora?
Um conselho: quando estiver nervosa com seu
companheiro, tente não contar isso para as amigas. Mesmo depois que
você perdoá-lo, pode apostar que elas nunca se esquecerão.
Em vez disso, recomendo reclamar para a família
dele. Eles já viram seus traços negativos, egoístas e imaturos em
alta definição, então não é como se estivesse abrindo o jogo.
Mexo a cabeça.
– Nada. Estou apenas… cansada.
Ela não engole essa desculpa. E seu olhar se fixa
na direção em que continuo olhando. A Pernuda joga sua cabeça para
trás e ri. Seus dentes são branco-perolados e perfeitos.
Aparentemente, a bulimia ainda não apodreceu seu esmalte.
Ainda.
Deloris vira para o marido.
– Matthew, vá buscar seu amigo. Antes que eu
vá, porque, se eu for, você vai precisar de um esfregão para
pegá-lo.
Mantenho meu queixo erguido, teimosamente.
– Não, Matthew, não vá. Joe está,
claramente, feliz lá. Por que tirá-lo de lá?
Imaturo? Provavelmente.
Eu me importo? Não.
Matthew olha de um lado para o outro para nós. Em
seguida, sai correndo até o Joe.
Dee Dee o treinou direitinho. Ela deixa o
Encantador de Cães no chão.
Dou um abraço de despedida.
– Te ligo amanhã.
Depois, vou até a porta sem olhar para trás.
Nunca vivi sozinha.
Quando fiz dezoito anos, saí da casa de meus pais
e fui morar em uma república. No segundo ano, Billy se juntou a mim
e a Deloris na Pensilvânia, e alugamos uma enorme casa velha fora do
campus com outros quatro alunos. O teto tinha goteiras e o
aquecimento era horrível, mas o aluguel cabia no orçamento.
Depois que Deloris foi embora para Nova York,
enquanto eu ainda estava em Wharton, Billy e eu alugamos um lugar só
para nós dois. Depois nos mudamos para a cidade e o resto você já
sabe.
Por que estou te contando isso?
Porque não sou tão independente quanto pareço
ser. Sou uma daquelas mulheres. Sou do tipo que acende cada luz na
casa quando está sozinha. Sou do tipo que dorme na casa de uma amiga
quando o namorado está fora da cidade.
Nunca estive sozinha. Nunca fiquei sem um
namorado. É uma das razões de Billy e eu termos durado tanto tempo,
pois preferia uma relação acabada a não ter nenhuma.
Quando voltei ao apartamento, fui até o quarto e
coloquei uma blusinha e uma calça de pijama cereja. Ao terminar de
tirar a maquiagem do rosto, escutei a porta da frente se abrir e
fechar.
– Demi?
Não respondo.
Seus passos soam pelo corredor e, um minuto
depois, Joe está na porta do banheiro.
– Oi, por que você me deixou? Voltei com as
bebidas e Deloris começou a jogar gelo na minha cabeça, me chamando
de merda.
Não faço contato visual. Minha voz está firme.
Desdenhosa.
– Estava cansada.
Por que não digo logo o que está me incomodando?
Porque este é o jogo das mulheres. Queremos que vocês arranquem
isso de nós. Para nos mostrar que estão interessados. É um teste
para ver o quanto se importam.
Joe me segue até o quarto.
– Por que não esperou por mim? Teria voltado
com você.
Meus olhos alcançam os dele. Meu rosto está
ríspido, meu corpo está tenso, tudo pronto para a batalha.
– Você estava um pouco ocupado.
Ele olha para baixo, seus olhos se apertam. Está
tentando decifrar minhas palavras.
Depois, desiste.
– Como assim?
Explico tudo para ele.
– A loira, Joe. No bar?
Ele me olha com curiosidade.
– O que tem ela?
– Conte-me você. Você transou com ela?
Joe caçoa.
– Claro que não transei com ela. Saí dois
minutos depois de você. Nós dois sabemos que demoro muito mais que
isso. Ou você quer que eu te lembre disso?
Não, ele não é tão estúpido quanto aparenta.
Na verdade, ele é brilhante. Ele está tentando ser fofo. Sexy.
Tentando me distrair.
É o que ele faz. E costuma funcionar. Mas não
hoje à noite.
– Já transou com ela?
Joe esfrega a nuca.
– Você realmente quer que eu responda isso?
A resposta é um grande sim, caso esteja se
perguntando.
Levanto minhas mãos.
– Claro! Claro que você a comeu, porque, Deus
do céu, não tem um dia em que saímos sem você encontrar alguma
mulher que não seja íntima do seu pau! Tudo bem que, quase sempre,
você não se lembra delas.
Os olhos de Joe se estreitam.
– Então, qual é? Você fica nervosa quando me
lembro delas ou quando não me lembro? Me dá uma dica, Demi, para
que possamos brigar do jeito que você está querendo.
Pego meu creme e passo-o rapidamente nos meus
braços.
– Não quero brigar, só quero saber por que
você se lembra dela.
Joe encolhe os ombros, e sua voz fica neutra.
– Ela é uma modelo. O outdoor dela está no
meio da Times Square. É um pouco difícil esquecer alguém quando
você vê sua foto todo dia.
E isso não faz eu me sentir muito melhor.
– Bom pra você. Então, por que você ainda
está aqui? Por que não volta lá e encontra a sua modelo, já que
ela significa tanto pra você?
Uma pequena parte de mim percebe que estou sendo
um pouco irracional, mas minha raiva está igual a uma avalanche.
Agora que começou, não tem como pará-la.
Joe olha para mim como se eu tivesse enlouquecido
e estica a mão.
– Ela não significa nada para mim. Você sabe
disso. De onde tá vindo essa porra?
Em seguida, um pensamento vem à mente dele.
Ele dá um passo para trás antes de perguntar.
– Você está perto de menstruar? Não surte,
estou apenas perguntando, porque, do jeito que você tem agido
ultimamente, acho que Alexandra está prestes a perder seu título.
Ele pode estar certo. No Ensino Médio, tinha um
corredor, a asa L, que sempre ficava cheio na troca de aulas. E eu
sabia que minha menstruação estava próxima quando andava por lá e
queria espetar meu lápis no pescoço da pessoa à minha frente.
Mas, para vocês, caras, mesmo que o mau humor de
sua namorada seja da TPM, não fale isso para ela. Não vai acabar
bem para você.
Pego um sapato e jogo, batendo bem entre os olhos
azuis brilhantes do Joe.
Ele coloca as mãos na testa.
– Que porra é essa?! Falei pra não surtar!
Todo relacionamento tem um escandaloso. Um
atirador. Uma pessoa que quebra coisas. Neste caso, essa pessoa sou
eu. Mas não é minha culpa. Você não pode culpar o míssil nuclear
por ter disparado depois de ter apertado todos os seus botões.
Pego o outro sapato e jogo também. Joe agarra um
travesseiro e o usa como escudo. Vou até o closet para pegar mais
munição, mas ele conseguiu segurar meu braço antes de eu chegar
lá.
– Quer parar com essa porra! Por que está
agindo assim?
Encaro-o.
– Porque você nem se importa! Estou muito
chateada, e você não tá nem aí!
Seus olhos se abrem, sem acreditar.
– Claro que me importo, sou eu quem estou
levando vários Jimmy Choo na cabeça como se fossem estrelas ninja!
– Se você se importa tanto, por que não se
desculpa?!
– Porque eu não fiz porra nenhuma! Não tenho
problema algum em assumir de joelhos quando faço merda. Mas se você
acha que vou implorar apenas porque você foi possuída pelo demônio
dos hormônios, você deve ter ficado louca, querida.
Escapo dele e o empurro no peito com ambas as
mãos.
– Beleza. Tudo bem, Joe. Não me importo mais
com o que você faz – pego um cobertor e um travesseiro e jogo para
ele. – Mas pode ter certeza que você não vai dormir comigo hoje.
Saia daqui!
Ele olha para os lençóis. Em seguida, para mim.
E seu rosto relaxa, ficando calmo.
Muito calmo, igual antes de uma tempestade.
– Não vou para lugar algum.
Ele se joga na cama, esticando seus braços e
pernas como uma criança fazendo um anjo de neve.
– Acontece que gosto desta cama. É confortável.
Aconchegante. Tenho ótimas lembranças aqui. E este é o único
lugar em que vou dormir.
Não tem por que discutir quando Joe fica assim,
teimoso e infantil. Às vezes, eu realmente acho que ele vai segurar
sua respiração até conseguir o que quer.
Puxo o travesseiro da sua cabeça, deixando-o
estirado no colchão, olhando para mim.
Ele arqueia a sobrancelha.
– O que está fazendo?
Encolho os ombros.
– Disse que não vou dormir com você. Então,
já que você não vai para o sofá, eu vou.
Ele se senta.
– Isso é completamente ridículo, Demi. Diga
que você sabe disso, que estamos brigando por nada!
Minha voz aumenta.
– Então, meus sentimentos não significam nada?
– Eu não disse essa porra!
Aponto um dedo para ele.
– Você disse que estamos brigando por nada, mas
estamos brigando pelo o que você me fez sentir, você acha que meus
sentimentos não valem nada!
Ele abre a boca, como um peixe precisando de
oxigênio.
– Não entendi. Não tenho ideia alguma do que
você quis dizer com isso.
Fecho os olhos. Rapidamente, minha raiva murcha.
Em vez disso, fico cheia de dor.
– Esquece, Joe.
Ao sair pelo corredor, sua voz me segue.
– Que porra acabou de acontecer?
Estou muito cansada para tentar explicar mais uma
vez. Normalmente, quando discutimos, não consigo pegar no sono. Fico
muito cheia de adrenalina e de paixão.
No entanto, esta noite, isso não seria um
problema. Assim que encostei a cabeça no travesseiro, dormi igual a
um doente.
Algum tempo depois, uns três minutos ou umas três
horas, um peito quente e forte encosta nas minhas costas, me
acordando. Sinto sua mão na minha barriga. Ele encosta seu rosto no
meu cabelo e inspira.
– Desculpa.
Viu, garotos, vocês só precisam fazer isso.
Essas são as palavras mágicas, capazes de passar por cima de
qualquer obstáculo.
Até mesmo da TPM.
Me viro em seus braços, e olho em seus olhos.
– Está se desculpando pelo quê?
O rosto de Joe fica vago, procurando pela resposta
correta. Então, ele sorri.
– Por qualquer coisa que você queira que eu me
desculpe.
Rio, mas minhas palavras são sinceras.
– Não. Me desculpe. Você estava certo, eu
estava agindo como uma idiota. Você não fez nada de errado. Devo
estar perto de menstruar.
Ele beija minha testa.
– Não é sua culpa. Eva é a culpada.
Beijo seus lábios suavemente. Em seguida, seu
pescoço. Faço um caminho pelo seu peito, indo até o seu peitoral,
de repente me desperto com vontade de agradá-lo. Olho para ele.
– Você quer que eu te compense?
Seus dedos traçam o que acredito serem círculos
escuros embaixo de meus olhos.
– Você está exausta. O que acha de me
compensar de manhã?
Deito mais perto e encosto minha bochecha em sua
pele. Fecho os olhos, pronta para voltar a dormir.
Até que a voz de Joe quebra o silêncio.
– A não ser que… sabe… você realmente
queira compensar agora. Porque se você quiser, não sou eu quem…
Dou uma gargalhada, cortando suas palavras
enquanto abaixo a cabeça sob as cobertas, lentamente viajando para
baixo para compensá-lo.
Do seu jeito favorito.
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Oii... log vcs irão descobrir o pq que vcs irão ficar com raiva de Joe, já esta chegando perto... por enquanto aproveitem esses momentos safados deles dois jhdasjhsagj Beijoos e eu acho que não conseguirei começar uma maratona hoje :/
Ah, q pena, mas o importante é postar, to mto curiosa pra saber o q o Joe fez
ResponderExcluirPosta logo, to amando essa fic Jemi sao DIVOS
ResponderExcluirA WEB ta cada dia + perfeita, to amando cada vez mais a WEB ela é viciante, posta logo, hj vc vai fazer a maratona?
ResponderExcluirTo amando essa fic, ela é tão engraçada, romântica, safada, a melhor sem dúvidas. To louca pra saber o q o Joe fez ¬¬
ResponderExcluir-Nathalia-