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QUANDO A MANHÃ VEIO Selena estava desmaiada ao meu lado da cama, e havia cinco pessoas na minha sala de estar e uma mais na minha banheira. Eu sorri disso por meio segundo antes que minha ressaca não-tão-gentilmente me relembrasse do quanto eu odiava o mundo.
Eu escovei meus dentes e borrifei meu rosto com água antes de retornar para o meu quarto. Eu ouvi minha porta da frente abrir e fechar silenciosamente, e eu espiei minha cabeça para fora da cortina para ver quem era.
Cade retornou com bastante café da manhã gorduroso para alimentar a todos nós.
Eu respirei fundo e entrei na sala.
— Você é um salva-vidas! — eu sussurrei.
Ele olhou para cima, sorrindo, e me entregou um maciço burrito de bacon, ovo e queijo.
— Como você está se sentindo?
Eu franzi o cenho. — Como se eu tivesse sido atingida por um ônibus. E um realmente pesado, cheio de lutadores de sumô.
Eu pulei em cima do balcão, e me arrependi disso por outros dez segundos enquanto minha cabeça girava. Ele se sentou na banqueta abaixo de mim.
O burrito estava perfeito. Grosso, com tortilha macia, ovos quentes, salsa deliciosa.
— Eu estou apaixonada por esse burrito. Eu me casaria com ele se eu não quisesse comê-lo tão malditamente.
— A tragédia do amor verdadeiro —, Cade sussurrou.
Eu meio que sorri e ele meio que sorriu, e pela primeira vez em anos, eu me senti estranha com Cade. Eu afastei o olhar e me foquei nas pessoas desarrumadas pela minha sala de estar.
— Como foi tudo depois que eu fui para cama?
— Basicamente o mesmo. Como se ele já não estivesse, Jeremy estava apaixonado por Selena. Victoria deixou meio maço de pontas de cigarros no chão do lado de fora. E Rusty estava cruelmente enjoado no seu banheiro.
Eu enruguei meu nariz.
— Não se preocupe. Está tudo limpo. Eu sabia que você teria um ataque do coração se você acordasse com isso.
Eu engoli e um peso se acomodou fundo no meu estômago.
— Você é muito bom para mim, Cade.
Ele apenas encolheu de ombros. Ele sempre tinha sido muito bom para mim.
— Escute —, eu comecei. — Sobre a noite passada...
Ele coçou a parte de trás da sua cabeça, e sua boca se levantou em um sorriso meio-sincero.
— É, eu imagino que nós devemos falar sobre isso, hein?
Suas mãos se acomodaram em cima do balcão ao meu lado, como se ele precisasse se apoiar para o que estava por vir. Eu limpei minha garganta, mas isso não tornou nada mais fácil falar. — Então... você?
Suas mãos se apertaram até seus nódulos ficarem brancos. Depois, tudo de uma vez, ele soltou e respondeu —, É, eu gosto. Eu tenho... por um tempo.
Eu olhei para cima, mas seu rosto estava ilegível.
— Por que você nunca me contou nada?
— Porque... eu estava assustado. Você é minha melhor amiga. E você quase nunca namora... eu só não achei que você estaria interessada.
Eu estava interessada? Eu podia sentir lágrimas sem sentido pressionando nos cantos dos meus olhos, e eu pisquei-as para longe. Cade era um cara ótimo. E eu amava passar tempo com ele. E o beijo definitivamente tinha sido bom. Fazia sentido gostar dele. Eu queria gostar dele, porém... Joe era o porém. Eu poderia parar de pensar sobre Joe? Parar de querê-lo?
Eu ouvi Cade suspirar. — Você não está interessada, está?
Deus, os seus olhos tinham que ser tão expressivos? Eu podia ler cada desapontamento, cada insegurança neles. Eu o amava; esse tanto era certo.
E eu acho que eu poderia um dia estar apaixonada por ele, mas eu tinha que me livrar dos meus sentimentos por Joe primeiro. Se isso tivesse acontecido no semestre passado, eu sequer estaria despedaçada?
— Honestamente, Cade? Eu não sei. Talvez é uma resposta terrível?
Ele pensou sobre isso por um momento, e eu não podia suportar o silêncio.
— Não é que eu não goste de você. Eu acho que você é muito perfeito realmente. Eu só... você é meu melhor amigo, também, e eu não tenho certeza. Eu preciso ter certeza.
— Eu quero estar certo, também. — Ele respirou fundo e sorriu. Era um sorriso bom, mas não tão brilhante quanto eu estava acostumada dele.
— Eu posso viver com um talvez.
***
Quando eu cheguei ao teatro na Segunda de manhã, a lista de re-chamada26 já estava postada.
As listas do elenco (e de re-chamadas) eram os próprios monstros. É só um simples pedaço de papel na parede, mas cercadas por pessoas que já sabiam nosso destino e se tornava como caminhar para a forca. Olhos se viraram na minha direção. Eu lutei para aferir suas reações. Eles estavam olhando para mim com pena? Eles estavam apenas ocultando sua animação? Sessenta centímetros de distância, e eu existia em um mundo inteiramente diferente do deles, a pressão não me impediria. Na lista, você não podia mostrar emoção. Você não podia chorar sobre um papel que não era seu ou reclamar para quem o papel ficou. Você não podia gritar de excitação ou de raiva. Você apenas tinha que lê-la, e não representar emoções. O qual não parecia tão difícil, exceto que nós éramos atores. Emoção era o que nós éramos.
Cade me encontrou alguns metros de distância.
— Você já olhou?
Ele negou com sua cabeça. — Não, eu estava esperando por você.
As coisas ainda estavam esquisitas de onde nós tínhamos conversado no dia anterior. Nós não descobrimos muito bem o que aquele todo-importante talvez significava para nós. Mas naquele momento, não importava. Nós éramos dois atores, prestes a encarar a rejeição ou outra batalha. Todos nós estávamos cheios até a borda de ansiedade, mesmo se nós tentássemos não transparecer isso, e não havia nenhum espaço para as múltiplas emoções que tínhamos acontecendo entre nós naquele momento.
Ele pegou minha mão, e eu não me deixei ficar preocupada sobre o que isso poderia significar. Eu precisava do conforto. Eu precisava que ele me equilibrasse. E eu estava fracamente certa que ele precisava do mesmo.
Nós demos os últimos poucos passos em direção a lista rapidamente, e a multidão ali se ajustou para nos deixar passar.
Hippolytus era o primeiro da lista; ele era o enteado.
Havia sete rapazes chamados para retornarem, Cade e Jeremy dentre eles.
Eu olhei acima para ele, e ele estava completamente estóico. Nenhuma coisa transparecendo no seu rosto. Sem excitação, sem nervosismo. Sete significava que o diretor não estava certo. Isso significava que ele não tinha visto o que ele queria ainda. Isso significava que o papel era um jogo para qualquer um, quem se esforçasse mais durante as re-chamadas.
Eu apertei a mão de Cade, e imediatamente ele apertou de volta.
Eu sabia que as pessoas falavam sobre seus corações acelerados todo o tempo, isso nem sequer parecia uma coisa tão importante assim. Mas conforme eu olhei de volta para a lista, meu coração estava acelerado como se toda a minha vida repousasse naquela linha final. Sons estavam imprecisos nos meus ouvidos, e minha visão tinha se estreitado, e eu me sentia como se eu estivesse no limite, na beirada de algo terrível e glorioso que poderia significar voar ou cair – sucesso ou desastre.
Meus olhos encontraram o negrito PHAEDRA bem abaixo disso.
E depois eu vi meu nome, nada além do meu nome, como se fosse a luz no final do túnel. Era melhor do que cruzar qualquer linha de chegada. Era como dar aquela primeira respirada de ar quando eu tinha certeza que eu estava me afogando, certa que eu estava morrendo. Eu reprimi o alívio e a alegria, porque as pessoas estavam observando, e porque essa era apenas a lista de re-chamada. Apenas significava que eles não tinham me descartado ainda.
A outra mão de Cade tinha se unido a nossa já unida, cobrindo a minha completamente.
Meus olhos continuaram descendo.
THESEUS
Isso não podia estar certo. Theseus era um personagem. Meus olhos voltaram para cima, procurando pelo que eu tinha deixado escapar. Havia sete nomes abaixo de Hippolytus. E ali, abaixo de Phaedra, havia apenas um nome.
Eles não estavam chamando mais ninguém.
Era apenas eu.
Eu tinha conseguido o papel.
E em seguida, quebrando todas as regras da lista, eu gritei. Cade riu, e me ergueu pela cintura, me girando. As pessoas ao nosso redor estavam aplaudindo, e eu soube que alguns tinham ouvido os rumores do nosso beijo baseado na forma que eles estavam olhando para nós. Mas por um momento, por um feliz momento, nada disso importou.
Eu tinha conseguido o papel.
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Desculpem-me a demora, só consegui postar agr! Comentem! Bjs <3
Não creio que ela vai ficar na dúvida entre os dois,........ Joe querido reage nè...posta
ResponderExcluirDesde que o Cade apareceu na história sabia que ele era apaixonado pela Demi! É bom que ela não fique em dívida se não eu vou dar uns belos tapas nela!
ResponderExcluirContinua..
Fabiola Barboza :*
Nossos melhores amigos sempre se apaixonam pela gente kkkkkk
ResponderExcluirJoe ta mto mole, tem que ir pro ataque
Continua :D
-Nathalia-