~
Algumas horas depois, acordo do meu coma induzido
por sexo, ouvindo o som da voz de Demi.
– Droga… porcaria de pizza. Quem foi o idiota
que inventou isso.
Esfrego os olhos para acordar e olho pela janela.
Ainda está escuro lá fora, apenas algumas horas depois da
meia-noite. Demi está andando de um lado para o outro no quarto,
esfregando sua barriga. Respirando rapidamente.
– Demi? O que está acontecendo?
Ela para de andar e olha na minha direção.
– Nada. Volte a dormir – geme suavemente. –
Apenas uma indigestão.
Apenas uma indigestão?
É o que se costuma dizer antes de morrer.
Aí quando você se dá conta, o tio Morty está
deitado numa maca no necrotério por causa de um ataque cardíaco
destrutivo, que ele nunca soube que estava tendo. Não foi quando
estava comigo, garotão.
Rapidamente, pulo da cama, vestindo uma calça de
moletom. Paro ao lado de Demi, com a mão em seu ombro.
– Não seria melhor ligar para a médica?
– O quê? Não… não, tenho certeza de que é
apenas… ai.... – ela se inclina, segurando seu tronco. – Ah…
ai…
E um jato de água estoura entre as pernas dela.
Parecem umas dez garrafas d’água.
Nós dois ficamos lá parados. Bobos. Observando
as gotas caírem da barra de sua camisola no tapete. Então, como uma
cobra deslizando numa grama, a realidade vem à tona.
– Ai. Meu. Deus.
– Cacete.
Lembra daquela bexiga que falei?
Isso, aquela filha da mãe acabou de estourar.
Hee hee.
Whoo whoo.
Hee hee.
Whoo whoo.
Quando tinha dezesseis anos, o time de basquete da
minha escola estava empatado no Campeonato Estadual. No último jogo,
estávamos perdendo por um ponto, faltando três segundos para
terminar o jogo. Adivinha para quem eles passaram a bola? Quem
conseguiu ganhar a cesta de três pontos?
Isso mesmo, eu consegui. Porque até mesmo naquela
época, eu era uma pedra. Firme no gatilho. Não fico estressado.
Medo? Pânico? Isso é coisa de perdedor.
E não sou um perdedor.
Então, por que as minhas mãos estão tremendo
como se fosse um paciente com doença de Parkinson sem medicação?
Alguém já te disse que você faz muitas
perguntas?
Estou pálido, enquanto seguro o volante bem
forte.
Demi está no banco de passageiros, sentada em uma
toalha, aplicando todas aquelas técnicas de respirações que
aqueles porcarias de instrutores hippies de Lamaze nos ensinaram.
Hee hee.
Whoo whoo.
Hee hee.
Whoo.
Em seguida, no segundo gemido, ela grita:
– Ah não!
Quase bato o carro num maldito orelhão.
– O quê! Qual o problema?
– Esqueci dos pirulitos de maçã verde!
– Do quê?
Ela fala agitada, cheia de decepção.
– Os pirulitos de maçã verde. Alexandra disse
que eles eram a única coisa que saciava sua sede quando ela estava
no trabalho de parto da Mackenzie. Ia comprar alguns esta tarde, mas
esqueci. Podemos parar em algum lugar para comprar?
Tudo bem. Parece que o bom senso da Demi deu
tchau, então sou eu quem terá que ser a voz da razão. O que é um
pouco assustador, considerando que estou preso por um fio aqui.
– Não, não podemos parar em porra alguma para
comprar alguns! Está louca?
Os olhos castanhos enormes da Demi imediatamente
ficam cheios de lágrimas. E me sinto como o cara mais idiota do
mundo.
– Por favor, Joe? Só quero que tudo seja
perfeito… e se eu quiser um pirulito durante o parto, e aí você
sai para comprar um e aí tenho o bebê enquanto você estiver fora?
Você vai perder tudo – lágrimas escorrem por suas bochechas como
dois riozinhos. – Não conseguiria suportar se você perdesse.
Por favor, tomara que não seja uma menina. Pelo
amor de Deus, não deixe ser uma garota. Durante todo este tempo,
estive rezando por um bebê saudável sem especificar um sexo.
Até agora.
Porque se eu tiver uma filha e as lágrimas dela
me dominarem igual às da Demi? Estarei totalmente ferrado.
– Ok, Demi. Tudo bem, amor. Não chore, vou
passar em algum lugar.
Ela funga e sorri.
– Obrigada.
Viro o volante para a direita, fazendo uma curva
ilegal, e estaciono o carro no meio-fio em frente a uma loja de
conveniência. Depois, mais rápido que um pit stop na Fórmula Indy,
volto para a avenida, com os cobiçados pirulitos de maçã verde se
mexendo no banco de trás.
Demi volta a fazer sua respiração.
Hee hee.
Whoo whoo.
Hee hee.
Até que ela para.
– Será que as enfermeiras vão saber que a
gente fez sexo?
Olho explicitamente para sua barriga.
– A menos que você planeje declarar uma
gestação imaculada, acho que elas imaginarão que sim.
Depois, aperto a buzina.
– O acelerador é do lado direito, vovozinha!
Se o seu cabelo branco volumoso for a única coisa
que dá para ser vista pelo painel? Você não devia estar mais
dirigindo.
Hee hee.
Whoo whoo.
– Não, você acha que elas vão saber que
fizemos sexo esta noite?
Demi é engraçada com relação a isso. Tímida.
Até mesmo comigo, às vezes. Teve um dia que acabei vendo ela no
vaso sanitário e, depois, ficou parecendo o fim do mundo.
Pessoalmente, acho isso ridículo. Mas não vou discutir com ela
agora.
– É uma maternidade, Demi, não o povo da
perícia. Eles não vão entrar lá embaixo com uma luz preta
procurando esperma.
Hee Hee.
Hee Hee.
– É, você está certo. Eles não vão
conseguir saber isso – ela parece ter ficado mais calma com esta
ideia. Aliviada.
Whooooo.
Fico feliz por ela. Agora, se eu conseguir não
ter nenhum ataque cardíaco, ficaremos bem.
Uma hora depois, Demi está acomodada em um quarto
no Hospital Presbiteriano de Nova York, ligada a mais aparelhos do
que uma pessoa de noventa anos num aparelho de suporte à vida. Sento
numa cadeira perto da cama.
– Você quer alguma coisa? Uma massagem nas
costas? Cubos de gelo? Sedativos?
Eu adoraria um copo de uísque agora. Ou uma
garrafa inteira.
Demi pega a minha mão e a aperta bem forte, como
se estivéssemos em um avião que está prestes a decolar.
– Não. Apenas converse comigo – a voz dela
fica com tom de pressa. Baixa. – Estou com medo, Joe.
Meu peito se aperta dolorosamente. Nunca me senti
tão inútil na vida.
Mas tento esconder isso ao máximo.
– Olha, esta coisa toda do parto é boba. Tipo
assim, mulheres têm filhos toda hora. Li um artigo uma vez que
falava que, antigamente, eles tiravam uma criança da barriga bem no
meio dos campos. Depois, eles a limpavam, colocavam-na na mochila
deles e voltavam ao trabalho. Então, não deve ser muito difícil,
né?
Ela bufa.
– Pra você é muito fácil falar. A sua parte
foi divertida. E acabou. As mulheres realmente se ferraram neste
acordo.
Ela não está totalmente errada. No entanto, as
mulheres são muito mais fortes do que os homens. Não, sério, estou
falando sério. É claro que ganhamos delas na força da parte de
cima do corpo, mas nos outros sentidos – psicológico, emocional,
cardiovascular, genético –, as mulheres ficam em primeiro lugar.
– É porque Deus é esperto. Ele sabia que se
tivesse que passar por essa merda, a raça humana teria desaparecido
com o Adão.
Ela ri.
Em seguida, escutamos uma voz na porta.
– Como estamos nesta noite?
– Oi, Bobbie.
– Oi, Roberta.
S i m, eu uso apenas seu nome completo. Estresse
pós-traumático? Provavelmente. Tudo o que sei que escutar o nome
Bob? Isso me faz querer cortar meus pulsos com um estilete.
Roberta verifica o quadro na ponta da cama.
– Tudo parece estar bem. Você está com três
centímetros de dilatação, Demi, então ainda vai demorar um
pouquinho. Tem alguma pergunta?
Demi parece otimista.
– Anestesia epidural?
Aqui vai um conselho: não seja masoquista. Aceite
a epidural.
Vou repetir, caso você tenha perdido: ACEITE A
EPIDURAL.
De acordo com a minha irmã, é uma droga
miraculosa. Ela chuparia o cara que inventou isso com muito prazer, e
Steven provavelmente a deixaria. Você arrancaria um dente sem tomar
anestesia? É claro que não.
E não venha com essa idiotice de passar por
aquela “experiência completa” do parto. Uma dor é uma dor, não
tem nada de “maravilhoso” nisso.
Apenas dói pra caralho.
Roberta dá um sorriso tranquilizador.
– Vou arrumar pra já – ela faz algumas
anotações na prancheta, colocando-a, em seguida, de volta no cesto.
– Volto daqui a pouco para te ver. Peça para as enfermeiras me
avisarem se você precisar de algo.
– Beleza. Obrigada, Roberta.
Assim que ela sai, me levanto e pego meu celular.
– Vou ligar para a tua mãe, não consigo sinal
aqui dentro. Você vai ficar bem até eu voltar?
Ela acena com a mão.
– É claro. Não vou a lugar algum. Vamos ficar
bem aqui.
Me abaixo e beijo a testa de Demi. Em seguida, me
inclino, beijo a barriga e falo:
– Não comece sem mim.
Saio correndo para conseguir falar com a médica
de Demi no corredor:
– Ei, Roberta!
Ela para e vira:
– Oi, Joe. Como está?
– Estou bem, bem. Queria te perguntar sobre a
batida do coração do bebê. Um por cinquenta não é muito alto?
A voz de Roberta é tolerante, compreensiva. Ela
está acostumada com isso.
– Está dentro da variação normal. É comum
ver algumas oscilações mais baixas na batida do coração do feto
no trabalho de parto.
Aceno e continuo:
– E a pressão sanguínea de Demi? Algum sinal
de pré-eclâmpsia?
Conhecimento é poder. Quanto mais você sabe,
mais controle você terá em alguma situação. Pelo menos é isso o
que estive dizendo para mim mesmo durante os últimos oito meses.
– Não, como te disse ontem, e antes de ontem,
ao telefone, a pressão da Demi está perfeita. Esteve regular
durante toda a gestação.
Esfrego meu queixo e aceno.
– Você já fez o parto de uma criança com
distocia de ombro? Porque você sabe que só saberá quando o bebê
já estiver…
– Joe. Pensei que tivéssemos concordado que
você ia parar de assistir às reprises de Plantão médico.
O Plantão médico devia vir com uma marca de
aviso. É perturbador. Se você é um hipocondríaco moderado ou uma
pessoa prestes a se tornar um pai ou uma mãe, pode apostar que não
vai conseguir dormir algumas noites depois de assistir apenas a um
episódio.
– Eu sei, mas…
Roberta levanta a mão.
– Olha, eu entendo como você se sente…
– Entende? – pergunto bruscamente – Já
pegou sua vida toda e colocou nas mãos de outra pessoa e pediu para
ela cuidar dela para você? Para te trazer de volta sem problema
algum? Pois é isso que estou fazendo aqui – coloco uma mão no
cabelo e desvio o olhar. Ao falar novamente, minha voz sai abalada. –
Demi e este bebê… caso qualquer coisa aconteça…
Não consigo nem terminar o pensamento, imaginar a
frase.
Ela coloca a mão no meu ombro.
– Joe, você tem que confiar em mim. Sei que é
difícil, mas tente e concentre-se nas coisas positivas. A Demi é
jovem e saudável, temos todos os motivos para acreditar que este
parto progredirá sem quaisquer complicações.
Concordo com a cabeça. E a parte lógica do meu
cérebro sabe que ela está certa.
– Vá ficar com Demi. Tente curtir o momento que
te resta. Depois de hoje à noite, não será mais somente os dois,
não durante um bom tempo.
Me forço a concordar de novo.
– Ok. Obrigado.
Viro e volto ao quarto. Paro na porta.
Consegue vê-la?
Cheia de travesseiros ao seu redor, acomodada
embaixo do edredom que insistiu em trazer de casa. Ela parece tão
pequena. Parece quase como uma menininha se escondendo na cama dos
pais durante uma tempestade.
Preciso dizer aquelas palavras, para garantir que
ela saiba.
– Eu te amo, Demi. Tudo o que é bom na minha
vida, tudo o que realmente importa, só existe por sua causa. Se não
tivéssemos nos conhecido? Eu estaria totalmente acabado, e
provavelmente muito ignorante para perceber.
Ela olha para mim, completamente impassível.
– Estou tendo um filho, Joe, não estou morrendo
– seus olhos se abrem mais. – Caramba, não estou morrendo, né?
Isso é o bastante para me tirar de meu pânico.
– Não, Demi. Você não está morrendo.
Ela acena.
– Tudo bem, então. Só para constar, eu também
te amo. Adoro o fato de você estar financiando o futuro da Mackenzie
porque não consegue parar de falar palavrões. Adoro o jeito que
você provoca sua irmã sem piedade, mas que mataria quem a
machucasse. Mas acima de tudo… eu amo como você me ama. Sinto isso
a toda hora… todos os dias.
Ando até ela e acaricio sua bochecha. Em seguida,
me abaixo e beijo seus lábios suavemente.
Ela pega minha mão e dá um apertão. Em seguida,
seu maxilar se contrai com determinação.
– Agora, vamos fazer isso.
****
Acabei me preocupando muito por nada. Pois às
09h57 desta manhã, Demi deu à luz a um bebê cheio de energia. E eu
estive ao seu lado durante o tempo todo. Compartilhando sua dor.
Literalmente.
Tenho quase certeza de que ela quebrou minha mão.
Mas quem se importa? Alguns ossos quebrados não
significam tanta coisa, pelo menos não quando você está segurando
um milagre de uns três quilos e 255 gramas.
E é exatamente o que estou fazendo.
Sei que todo pai acha que seu filho é adorável,
mas vamos ser sinceros, ele é um garoto lindo, não acha? Sua cabeça
tem um pedaço de cabelo preto. Suas mãos, seu nariz, seus lábios –
olhar para essas coisas é como se olhar em um espelho. Mas seus
olhos, eles são iguais aos da Demi.
Ele é belo. A perfeição em pessoa.
É claro que ele não nasceu assim. Algumas horas
atrás, ele era bem semelhante a um galo sem penas gritando.
Mas ele era o meu galo sem penas gritando, então
ainda assim ele era a coisa mais linda que já vi.
É irreal. A adoração. É uma devoção tão
poderosa que quase dói ao olhá-lo.
Tipo assim, eu amo a Demi, mais do que minha
própria vida. Mas isso demorou. Eu me apaixonei por ela
gradualmente.
Isso… foi instantâneo. Assim que meus olhos o
viram, tive certeza de que me jogaria de uma ponte para salvá-lo.
Meio louco, né? Não vejo a hora de poder ensiná-lo algumas coisas.
Mostrar para ele… tudo. Como trocar um pneu, como conquistar uma
garota, como jogar beisebol e como se defender. Não necessariamente
nesta ordem.
Eu costumava zoar daqueles caras no parque. Os
pais, com seus carrinhos e sorrisos de patetas e bolsas de homens.
Mas agora… eu entendo.
A voz de Demi me faz parar de admirar o bebê.
– Ei.
Ela parece exausta. Não a culpo.
– Como está se sentindo?
Ela sorri, sonolenta.
– Bem… imagina como é urinar uma melancia.
Me encolho.
– Ai.
– É.
– É.
Seus olhos vão direto para o pacotinho enrolando
em um cobertor azul bebê nos meus braços.
– Como está o pequenininho?
– Está bem. Estamos apenas passando um tempo
juntos. Falando porcaria. Estou contando sobre as coisas mais
importantes na vida, como garotas e carros e… garotas.
– Ah é?
– Sim.
Olho para nosso filho. E minha voz fica com um tom
de admiração.
– Você fez um ótimo trabalho, Demi. Ele tem
seus olhos. Eu amo seus olhos, já te disse isso? Eles foram a primeira coisa que
notei em você.
Ela inclina uma sobrancelha.
– Pensei que minha bunda tivesse sido a primeira
coisa que você notou.
Ao lembrar, rio.
– Ah é, é verdade. Mas depois você se virou
e… me surpreendeu.
O bebê solta um chiado meigo, conseguindo nossa
atenção.
– Acho que ele tá com fome.
Demi acena e passo ele para ela. Ela desamarra a
parte de cima do seu pijama, expondo um seio maduro, suculento. Ela
traz o bebê para mais perto e ele agarra seu mamilo – como se
fosse experiente.
Esperou algo diferente? Esse é meu filho, afinal
de contas.
Eu os observo durante um tempo. Acabo tendo que
arrumar o pau duro que resolveu brotar na minha calça.
Que doente. É, eu sei.
Demi me dá um sorriso malicioso e olha em direção
ao meu testículo.
– Está com algum problema aí embaixo, Sr.
Jonas?
Encolho os ombros.
– Não. Nenhum problema. Só não vejo a hora da
minha vez.
Olha, tem dois tipos de mulher neste mundo: aquela
que acha que se não pode fazer nada abaixo da cintura durante seis
semanas após ter dado à luz, o companheiro também não pode. Mas
tem também o segundo grupo. Aquela que não vê a hora de se
masturbar, de fazer sexo oral, entre outras coisas – porque ela
sabe que o favor será retribuído quando a proibição terminar.
Demi, com certeza, fica no segundo grupo. Sei
disso e parece que meu pau também.
– Depois do massacre que acabou de ver na sala
de parto? Pensei que você nunca mais iria querer fazer sexo comigo
novamente.
Fico boquiaberto. Espantado.
– Está me zoando? Achava sua boceta magnífica
antes, mas agora que vi do que ela é realmente capaz de fazer? Ela
atingiu um nível de super-herói nos meus registros. Na verdade,
acho que devíamos chamá-la disso – levanto as mãos, prevendo um
outdoor enorme. – Xoxota Maravilha.
Ela mexe a cabeça e sorri para o bebê.
– Falando sobre dar nome às coisas… temos que
pensar em um para ele, não acha?
Demi e eu decidimos esperar pelo jogo de nomes até
que o bebê tivesse nascido para garantir que caísse bem nele. Nomes
são superimportantes. São a primeira impressão que o mundo tem de
você. É por isso que nunca vou entender a razão de as pessoas
xingarem seus filhos com nomes como Edmundo ou Alberto ou Orvalho.
Por que então não ferra tudo e chama a criança
de Imbecil?
Me inclino na cadeira.
– Tudo bem, pode começar.
Seus olhos analisam o rosto da criança.
– Connor.
Mexo a cabeça.
– Connor não pode ser o primeiro nome.
– Claro que pode.
– Não, é um sobrenome.
Com minha melhor voz de Exterminador, digo:
– Sarah Connor.
Demi vira os olhos e diz:
– Sempre gostei do nome Dalton.
– Nem vou te dar o prazer da minha resposta.
– Tudo bem. Colin.
Zombo.
– De jeito nenhum. Parece muito com “cólon”.
Vão chamá-lo de idiota assim que ele colocar os pés no parquinho.
Demi me olha, sem acreditar.
– Tem certeza que você estudou em uma escola
católica? Parece que você cresceu em um reformatório.
A vida é uma grande escola. Lembre-se disso.
Mentalidade de matilha de lobos. Você precisa
aprender a não ser o elo mais fraco. São eles quem são comidos.
Vivos.
– Já que você não aprova minhas escolhas, o
que sugere? – pergunta ela.
Olho para o rosto de nosso filho, que está
dormindo. Seus pequenos lábios perfeitos, seus longos cílios
escuros.
– Michael.
– Ah claro. Na terceira série, Michael Rollins
vomitou em meus sapatos. Toda vez que escuto este nome, penso em
cachorros quentes vomitados.
É justo. Tento novamente.
– James. Não Jim ou Jimmy e, com certeza, não
Jamie. Apenas James.
Demi levanta as sobrancelhas e testa:
– James. James. Gostei.
– Sério?
Ela olha novamente para o bebê.
– Sim, será James.
Coloco a mão no bolso de trás e tiro um pedaço
de papel dobrado:
– Fantástico. Agora o sobrenome.
Ela está confusa.
– O sobrenome?
Tínhamos conversado sobre utilizar Lovato como o
nome do meio. Mas vamos ser honestos, as únicas pessoas que têm
nomes do meio são assassinos em série e pais muito putos. Então,
pensei em algo muito melhor.
Coloco o papel aberto no colo de Demi.
Dê uma olhada.
LOVATO-JONAS
Ela olha para cima, com os olhos bem abertos e
surpresos.
– Você quer hifenizar o nome dele?
Sou um cara meio antiquado. Acho que as mulheres
deveriam colocar os sobrenomes de seus maridos. Sim, isso vem da
suposição de que uma mulher é uma propriedade. E não, não
concordo com isso. Futuramente, se algum besta vier e falar que ele é
dono da minha sobrinha, vou lhe comprar uma pá.
Para que ele possa cavar sua própria cova antes
de eu colocá-lo lá.
Mas tecnicamente falando, Demi é a última dos
Lovato. Pessoas com o mesmo nome não significam mais nada, mas estou
quase certo de que significa algo para ela.
– Bom… ele é nosso. E você fez quase todo o
trabalho. Você devia receber uma parte dos créditos.
Seus olhos suavizam, ao me lembrar:
– Você odeia dividir, Joe.
Coloco um fio de cabelo atrás de sua orelha:
– Por você, estou disposto a fazer esta
exceção.
Além disso, estou contando com o fato de que um
dia, em breve, o sobrenome da Demi será igual ao de nosso filho.
É claro que a Demi merece o melhor pedido de
casamento do mundo, mas o melhor demora um tempo.
Para planejar.
Está sendo trabalhado neste momento. Estou
fazendo aulas de como dirigir um balão nas tardes de sábado,
enquanto ela pensa que estou jogando bola com os meninos. Porque vou
levá-la para dar uma volta de balão até o Vale do Hudson. Ao
pousarmos, haverá um piquenique elegante nos esperando. E é lá que
farei a pergunta.
Desse modo, caso a Demi recuse meu pedido, ela
estará numa área completamente isolada aonde poderei convencê-la
do contrário.
Sou um gênio, né?
Uma limusine nos esperará lá perto, mas não
muito próxima, e depois vai nos levar de volta para casa, assim
podemos ficar sentados e relaxando no caminho. E, claro, para que
possamos transar dentro dela. Você nunca devia perder a oportunidade
de transar dentro de uma, pois é sempre divertido.
Os olhos de Demi estão brilhando, cheios de
lágrimas. Lágrimas de felicidade.
– Eu amei. James Lovato-Jonas. É perfeito.
Obrigada.
Me inclino e beijo a testa de nosso filho. Depois,
beijo os lábios de sua mãe.
– Você entendeu tudo errado, amor. Eu que
deveria estar te agradecendo.
Ela olha para James, com carinho. E, com aquela
voz que poderia deixar um anjo verde de inveja, ela começa a cantar.
There’s a song that they sing when they take to
the highway
A song that they sing when they take to the sea
A song that they sing of their home in the sky
Maybe you can believe it if it helps you to sleep
But singing works just fine for me
So good night you moonlight ladies
Rock-a-bye sweet baby James
Deep greens and blues are the colors I choose
Won’t you let me go down in my dreams
And rock-a-bye sweet baby James
Um homem só pode chorar em alguns momentos de sua
vida, sem parecer um completo jumento.
Esta é uma dessas vezes.
Quando Demi termina, limpo a garganta. E esfrego
meus olhos molhados. Me abaixo na cama ao seu lado.
Sei que deve ser contra as regras do hospital,
mas, concordo, alguns daqueles enfermeiros parecem intimidadores pra
cacete.
Mas fala sério, são enfermeiros.
Demi vira para mim, para que James se deite entre
nós. Meu braço encosta nele, minha mão está no quadril dela,
envolvendo os dois.
Os olhos de Demi estão suavemente tranquilos:
– Joe?
– Humm?
– Você acha que ficaremos assim para sempre?
Abro um sorrisinho para ela:
– Com certeza não.
Toco seu rosto, aquele que planejo olhar todas
manhãs e noites, até que a morte nos separe.
– Vamos melhorar cada vez mais.
Pronto, você ficou sabendo de tudo.
O que acha deste final feliz, hein? Ou começo…
acho… depende de como você enxerga.
Bom, de qualquer modo, passou da hora de eu
começar a declamar algumas palavras de minha sabedoria.
Conselhos.
Devido aos acontecimentos do ano passado, ficou
cada vez mais claro que não entendo porra nenhuma. Acho que você
não devia levar em consideração nada do que falo.
Você ainda quer que eu tente?
Beleza. Mas não diga que não te avisei.
Aí vai:
Número um: as pessoas não mudam. Não existe
mágica. Nenhuma porcaria de feitiço.
O que você está vendo, é o que terá. É claro
que alguns hábitos podem se ajustar. Podem ser controlados. Como
minha tendência a fazer julgamentos errôneos. Só de pensar em
assumir que sei tudo, sem verificar com a Demi antes, agora me deixa
enojado.
Mas as outras características, elas continuam.
Ser possessivo, Demi ser teimosa, nossa competição
coletiva – isso faz tanto parte de quem nós somos que não pode
ser totalmente erradicado.
É como… celulite. Vocês, damas, podem passar o
dia todo no spa, cobertas em lama e em algas marinhas. Podem gastar
milhões com aqueles cremes e esfoliantes ridículos. Mas, no final
do dia, aquela pele com dobrinhas e toda enrugada continuará lá.
Me desculpe ser a pessoa a jogar isso na sua cara,
mas é um fato. Mas se você ama alguém, se realmente amar, vai
aceitá-la com ela é. Não tentará mudá-la.
Você vai querer o pacote completo – bunda de
queijo cottage e tudo mais.
Número dois: a vida não é perfeita. Ou
previsível. Não espere que seja.
Em um minuto, você está nadando na praia. A água
está calma e tranquila, você está relaxada. Aí depois, de
repente, uma ressaca te pega.
O que conta é como você age em seguida. Você dá
tudo o que pode? Bate na superfície, mesmo que seus braços e pernas
estejam doendo? Ou você desiste e deixa se afogar?
O modo como você reage às viradas e mudanças
faz toda a diferença.
Então, número três: o que importa é, se você
conseguir passar pelos momentos difíceis, inesperados, vale a pena
ver aquela luz no fim do túnel depois de tudo o que enfrentou pra
chegar até ela.
Isso é algo de que nunca me esquecerei. Me lembro
disso toda vez em que olho para a Demi. Toda vez em que olho para
nosso filho.
Quando tudo já foi dito e feito? O resultado vale
muito a pena.
~
Infelizmente essa fic maravilhosa chega ao fim :(( agora teremos que esperar outubro chegar para que podemos ter a nossa terceira temporada :/
E aí? gostaram muito da fic??? logo eu começarei a nova fic para vocês, eu tenho 3 prontas mas estou em duvida ainda de qual postar... Comentem!!! Beijooos <3
DIVULGAÇÃO:
Sigam, comentem e acompanhem esse maravilhoso blog da Jubs <3
Ansiosa pra parte 3, aposto que ainda vem muita confusão por ai.....
ResponderExcluirAaaaah, ja que está indecisa pq nao faz uma enquete pra gente escolher?
Sou folgada, ok! Mas ajuda eu acho kkkkkkk
Amei essa fic, mas a minha favorita ainda são as de sua autoria, ou a da rosa escarlate, e ps: DEMI LOVATO É MARAVILHOSA ATÉ EM FIC
Maravilhosa essa minific... quando vc vai começar a postar a fic?
ResponderExcluirPena que acabou, mas ainda tem o 3 ú.ú Acho que vem mais confusão por ai
ResponderExcluirFaz uma enquete se esta em dúvida...
As vezes eu acho um livro na net, mas quando eu vou ler, no começo eu não, então eu coloco o nome da Demi e a história fica perfeita como essa. But suas fics tbm são boas, mal posso esperar pelo retorno da A Sexóloga
-Nathalia-
Amei muitoooooo tipo muitooooo mesmo essa história! Eu não acompanhei ela capítulo por capítulo mais eu li então estou viciada estou ansiosa esperando sair o próximo livro pra você postar *-*
ResponderExcluirE já estou ansiosa pra outra história! Estou viciada nesse blog!
Beijos, Fabiola Barboza :*
Simplesmente perfeita!!!!! Ansiosa para a terceira temporada. Estou de acordo com as menina em relação a enquete apesar de confiar nas suas escolhas!!!!! Tbém sou viciada nesse blog!!!!!
ResponderExcluir* meninas
ResponderExcluironde está a terceira temporada?
ResponderExcluir