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Dizem que o
ser humano passa, em média, um terço de sua vida na cama.
Oito mil
trezentos e trinta e três dias. Duzentas mil horas.
Por que
estou te contando isso? Porque você nunca devia se sentir mal
em gastar dinheiro com roupas de cama decentes. Um bom cobertor é
inestimável. Quando você é criança, ele te protege do
bicho-papão. E quando você não é mais tão jovem, mantém seus
velhos ossos quentes.
Minha mãe puxa meu edredom para cima até meu
queixo, me prendendo na minha velha cama, igual a uma criança de
seis anos durante uma tempestade.
Depois do meu ataque na copa, ela me trouxe aqui
em cima para o apartamento pequeno, porém fofo, de dois quartos
sobre o restaurante onde fui criada. Onde minha mãe ainda vive. O
lar da minha juventude.
Ela seca as lágrimas que escorrem pelas minhas
bochechas. Soluço e gaguejo:
– S-s-sou… t-ã-ã-o… bu-rr-r-a.
Fui oradora da minha turma do Ensino Médio. Me
formei na Faculdade de Administração Wharton.
Ignorância não é algo que conheço. Então, não
consigo deixar de achar que deveria saber, deveria ter previsto que
isso iria acontecer.
Afinal, vivi com Joe durante dois anos. Quanto
tempo leva para um leopardo mudar de lugar?
Ah, claro, eles não mudam.
Minha mãe tira meu cabelo do rosto.
– Acalme-se, Dem.
Meus olhos estão inchados e meu nariz entupido,
fazendo com que minha voz fique nasal e parecida com a de uma
criança.
– O q-que… i-rr-rei… f-f-azer, mãe?
Ela sorri tranquilamente, como se tivesse todas as
respostas. Como se tivesse o poder de levar embora qualquer machucado
– até mesmo este –, tão fácil… Igual quando ela costumava
mandar embora a dor das minhas canelas inchadas e dos meus joelhos
ralados.
– Você vai dormir agora. Está muito cansada.
Ela continua passando os dedos no meu cabelo. É
consolador. Relaxante.
– Durma agora… vá dormir, minha queridinha.
Meu pai me ensinou a tocar violão, mas a voz
puxei a da minha mãe. Deitada na cama, fecho meus olhos pesados
enquanto ela canta. Está cantando uma música da Melissa Etheridge
sobre anjos que sabem que tudo vai ficar bem. É a mesma música que
ela cantou para mim na noite em que meu pai morreu, a noite em que
ela dormiu comigo nesta cama. Porque ela não aguentaria dormir na
cama deles, sozinha.
Com a voz da minha mãe em meus ouvidos, eu
finalmente esqueço.
E pego no sono.
Sabe quando está com febre? Aí você fica
deitado na cama, e vira e remexe os lençóis em volta das suas
pernas? Você não está realmente dormindo, mas também não está
acordado. Tem alguns momentos em que está consciente, quando abre os
olhos e percebe, meio desorientado, que está escuro lá fora. Mas,
na maior parte do tempo, tudo é apenas um borrão nebuloso.
Foi assim que os próximos dois dias passaram para
mim. Uma montagem de luz solar e luar, de lágrimas e vômitos e
bandejas de comida sendo tiradas sem terem sido tocadas.
Os momentos naquele espaço entre insônia e
letargia foram os piores.
Quando comecei a acreditar que tudo aquilo eram
apenas alguns pesadelos horríveis, invocados por tanto assistir a
reprises de Barrados no Baile. Sentia um travesseiro nas minhas
costas e jurava que era o Joe atrás de mim. Ele me acorda do melhor
jeito, é nossa tradiçãozinha. Toda manhã, ele se aperta atrás de
mim e sussurra em meu ouvido, me venerando com suas palavras e mãos.
No entanto, depois abria os olhos e via que o
travesseiro era apenas um travesseiro. E parecia que, a cada nova
casca formada que era arrancada, eu sangrava um pouco mais.
Não existem palavras para descrever o quanto
sinto falta dele. Nenhuma que poderia chegar próximo.
Eu sofria ao me lembrar de seu sorriso, seu
cheiro, sua voz.
Imagine que um carro está andando a noventa
quilômetros por hora em uma rodovia do interior e uma árvore cai e
bate nele. Bum – parada instantânea. Mas, se a pessoa que está no
carro não estiver usando o cinto de segurança? Ela continua a
noventa.
E é assim que é o amor.
Não para. Não importa o quão machucado ou
errado ou nervoso você esteja, o amor ainda está lá.
Te jogando pelo para-brisa.
Na noite do segundo dia, abro os olhos e olho pela
janela. Está garoando.
Isso se ajusta com a nuvem negra sobre a minha
cabeça e tudo mais.
Daí, escuto a porta do quarto se abrir. Viro para
o lado.
– Mãe, você poderia…
Só que não é minha mãe quem está parada lá.
Fico quieta, um pouco surpresa.
– Ah, oi, George.
Você se lembra de George Reinhart, né? O pai
viúvo do Steven? Ele e minha mãe estão juntos. Eles se conheceram
no casamento do Matthew e da Deloris.
Não se preocupe, também tentei esquecer essa
parte.
Mas eles têm ficado mais sérios de um ano pra
cá. Apesar dos grandes esforços do George, minha mãe não quer se
mudar para Nova York. Ela fala que Greenville é seu lar, que gosta
de sua independência. Por isso, George vem pra cá frequentemente
para visitá-la, às vezes durante semanas. E minha mãe faz o mesmo
quando pode.
George é um bom homem. Ele é parecido com o
James Stewart, em A felicidade não se compra, um pouco estúpido,
claro, mas decente. O tipo de homem que você gostaria que cuidasse
da sua mãe.
Seus óculos estão um pouco tortos em seu rosto,
enquanto segura a bandeja.
– Sua mãe está atolada lá embaixo, mas ela
achou que você gostaria de um pouco de chá.
Conduzir seu próprio negócio não é tão fácil
quanto parece. É lógico que você é o seu próprio chefe, mas isso
significa que não pode ligar para falar que está doente, não dá
para vagabundear. E caso um funcionário não apareça? É você quem
tem que assumir o cargo.
George se esforça ajudando com o restaurante. Na
semana passada, minha mãe teve que levar o cozinheiro para o
hospital, depois que ele cortou a mão descascando batatas. George,
então, tentou ficar no seu lugar.
Ninguém se machucou, mas os bombeiros tiveram que
vir para apagar as chamas e o restaurante acabou fechando mais cedo
por causa da fumaça.
Ainda assim, o que vale é a intenção.
Sento e arrumo os travesseiros atrás de mim.
– Adoraria um pouco de chá. Obrigada.
Ele coloca a bandeja no meu criado-mudo e me dá
uma xícara quente. Em seguida, seca as mãos na calça, um pouco
nervoso.
– Posso me sentar?
Dou um gole e aceno. George cai no pufe ao lado da
minha cama. Ele arruma os óculos e se mexe para se ajeitar.
Quase sorrio.
Ele me olha por alguns segundos, tentando
encontrar um jeito de começar. Eu lhe poupo o trabalho.
– Minha mãe te contou, né?
Ele acena, sério.
– Não fique brava com ela. Ela está
preocupada, Demi. Ela precisava desabafar. Nunca espalharia suas
informações pessoais para outras pessoas – ele tamborila a cabeça
com um dedo. – Está guardado a sete chaves.
Isso me faz rir, pois me lembra tanto o seu filho,
Steven.
Em seguida, meu sorriso se desvanece, porque me
lembra muito o Steven.
– John me ligou. Perguntando sobre você. Eu
falei para ele que você estava aqui.
Meus olhos se abrem bruscamente. Questionando.
– Não disse a razão de você estar aqui, não
exatamente. Disse que você estava exausta. Esgotada. Na nossa área,
isso não é muito fora do normal.
Não tenho um plano com relação aos Jonas.
Tecnicamente, vou ter um neto deles, uma parte da família deles. E
mesmo que o filho deles se sinta indiferente quanto a isso, não
tenho dúvidas de que Anne e John vão querer fazer parte da vida do
bebê.
Mas não posso pensar nisso. Ainda não.
George continua.
– Ele falou que é para você ligar para ele
quando estiver melhor. E queria que eu te dissesse que ele, sem
dúvidas, rejeita sua demissão.
Arqueio as sobrancelhas.
– Ele pode fazer isso?
George encolhe os ombros.
– John faz o que ele quiser.
Meu Deus, parece com alguém que conheço.
– Ele disse que não pode perder os dois
melhores bancários de investimento.
Calma, os dois?
– Como assim? O Joe não tem ido trabalhar?
Uma chama pequena e esperançosa queima em meu
estômago. Talvez Joe esteja tão acabado quanto eu. Talvez ele tenha
entrado em estado de hibernação novamente, como fez na última vez.
George, rapidamente, extingue minha pobre pequena
chama.
– Não, não, ele tem ido lá…
Droga.
Droga.
– … na verdade, duas vezes. E mais bêbado que
um estivador de folga, pelo que eu sei. Quando John perguntou para
ele sobre a sua carta de demissão, Joe falou para ele cuidar da vida
dele, claro do jeito mais carinhoso possível. Nem preciso dizer que
seu futuro na empresa está… em jogo… no momento.
Interpreto esta informação do único modo
possível, considerando quem estava com Joe na última vez que o vi.
– Uau. Ele deve estar aproveitando bastante, se
ainda está bêbado na manhã seguinte.
George inclina a cabeça para o lado.
– Não entenderia as coisas desse modo, Demi.
Travo minha mandíbula, teimosa. E minto.
– Não importa. Não me importo mais.
Há um minuto de silêncio, e George fita a
estampa da xícara de chá. Depois, junta os lábios. Sua voz se
acalma, fica com tom de respeito, como se estivesse falando numa
igreja.
– Não sei o quanto Joe te contou sobre a minha
Janey.
Na verdade, bastante. Janey Reinhart foi uma
mulher maravilhosa: meiga, brilhante e gentil.
Ela foi diagnosticada com câncer de mama quando
Joe tinha dez anos e lutou contra ele por quatro. Joe me contou que o
dia em que ela faleceu foi quando ele percebeu que coisas ruins
realmente acontecem, e não apenas para as pessoas nos jornais.
– Quando ela morreu… eu queria morrer também.
E eu teria morrido, se não fosse pelo Steven. Porque as crianças
servem para isso, Demi. Renovação da vida.
Sei que ele quer meu bem. Eu realmente sei. Mas
não posso aguentar isso.
Não estou pronta para lidar com o discurso do
quanto sou sortuda por estar grávida.
E sozinha.
– Mas… ainda assim… foi horrível. Durante
uma época, era um momento pior que o outro. Steven tem os olhos da
mãe. Olhar para ele é como olhar para Janey. E tinham alguns dias,
alguns muito ruins, em que quase o odiei por isso.
Engulo uma respiração rápida. Essa não é a
conversa animada pela qual estava esperando.
– Mas, o tempo passou. E as coisas ficaram…
suportáveis. Ganhei uma nora e uma linda neta. Com o tempo, não
doía mais para respirar.
Meus olhos se enchem de lágrimas. Entendo o que
ele quer dizer. Conheço aquela dor.
– Foi só quando conheci sua mãe que aquela
parte minha que morreu com Janey reapareceu. Foi quando me senti
completo novamente.
Esfrego os olhos para secá-los e caçoo.
– Então, o que está querendo me dizer, George?
Vou encontrar outro Joe de novo? Só que vai demorar uns quinze anos
ou mais.
Amargura? Nada atraente. É, eu sei.
George mexe a cabeça lentamente.
– Não, Demi. Você nunca encontrará outro Joe.
Como eu nunca encontrarei outra Janey, e sua mãe nunca terá outro
Nate. Mas… o que estou tentando te falar é que… o coração se
cura. E a vida continua… e te traz isso… mesmo que você não
queira seguir em frente.
Mordo o lábio inferior. E aceno. Coloco a xícara
de volta na bandeja, terminando a conversa. George se levanta do pufe
e pega a bandeja. Ele anda até a porta, mas vira para mim antes de
sair.
– Sei que você, provavelmente, não quer
escutar isso, mas… conheço o Joe há muito tempo. Eu o vi crescer
com Matthew, Steven e Alexandra. Não estou o defendendo, não tenho
ideia do porquê ele fez essas escolhas. Mas… só posso sentir pena
dele. Pois, um dia, ele abrirá os olhos e perceberá que cometeu o
maior erro da sua vida. E, por eu amá-lo como um filho, a dor que
ele sentirá nesse dia… bom… vai doer no meu coração também.
Ele está certo.
Não quero ouvir isso. Não tenho paciência para
sentir pena do Joe.
Mas agradeço seu esforço.
– Estou muito feliz de você estar com minha
mãe, George. Agradeço por ela ter você. Obrigada.
Ele sorri, docilmente.
– Estarei por perto. Chame se precisar de alguma
coisa.
Aceno. Ele fecha a porta ao sair.
Quero me sentir tocada pelo que George disse.
Inspirada. Motivada a me levantar desta cama. Mas estou apenas muito…
cansada. Então, deito, me cubro com minha cabana de cobertor e
durmo.
No terceiro dia, me levanto de novo.
Não me restam mais muitas opções. Ficar deitada
e sentindo seu próprio fedor não é muito eficaz para animar os
espíritos. Ah, e continuo tendo enjoos matinais, como um relógio,
no mesmo balde que minha mãe costumava colocar ao lado da minha cama
quando estava com virose. Delícia. Além disso, tenho quase certeza
de que, se eu apertar meu cabelo, terei óleo suficiente para
abastecer uma grande frigideira no McDonald’s.
É, acho que é hora de sair da cama.
Me arrasto até o banheiro, com movimentos tesos e
lentos. Tomo um banho longo e quente, quase escaldante. E o vapor
cresce atrás de mim quando volto ao quarto.
Minha mãe guarda tudo. Não igual àqueles
acumuladores que você vê nos programas do Discovery, mas ela
guardou todas as recordações que não levei comigo para a
faculdade.
Está vendo? Naquelas prateleiras recentemente
limpas? Troféus da Liga dos Jovens, medalhas das feiras de ciências
e faixas de campeonatos, próximos a fotos molduradas minhas, da
Deloris e do Billy na colação de grau, no Dia das Bruxas e na festa
de dezoito anos da Deloris.
Tiro meu pote de creme da bolsa, mas quando sinto
o cheiro, congelo. Baunilha e lavanda. O cheiro favorito do Joe. Ele
não resiste a isso. Às vezes, ele arrasta seu nariz até minhas
costas, fungando e fazendo cócegas em mim.
Meu peito se aperta. E jogo o pote no lixo.
Ao olhar de relance a minha bolsa, vejo meu
celular. Estava embaixo do creme, como se estivesse se escondendo ali
de propósito.
Está desligado desde o voo. Penso em ligar para
Deloris, mas rapidamente descarto esta ideia. Por que arruinar as
férias dela, para que ela possa voltar correndo para cometer um
assassinato premeditado?
Beleza, você tem razão, estou mentindo. Ainda
não liguei para Deloris porque tem uma pequena, encolhida, parte de mim
que espera que o Joe mude de ideia. Que ele vai encontrar um jeito de
arrumar isso. E não terei que dar uma razão para minha melhor amiga
odiá-lo. Na verdade, outra razão.
Ligo o telefone e tem quatro mensagens esperando
por mim. E lá está de novo.
Esperança. Está começando a ficar um pouco
patético, né?
Mordo o lábio e dou um suspiro firme. E esmurro
meu código, rezando a todos os anjos e santos para que a voz de Joe
saia pelo áudio.
Mas é claro que isso não acontece.
“Demi? É a Alexandra. Preciso que você me
ligue logo.”
Não sei por que estou surpresa. Alexandra tem um
sexto sentido em relação a Joe. Não me leve a mal, ela é a
primeira a lhe dar um sermão quando ele faz algo errado. Mas se ela
acha que ele está com problemas? Ela se joga como a Batgirl numa
confusão.
“Demi? Cadê você e que merda está acontecendo
com meu irmão? Me ligue.”
Joe e Alexandra são bem parecidos. Fico me
perguntando se é por causa da genética. Um prazer tardio não é
popular entre as crias dos Jonas.
“Demi Lovato, não ouse ignorar as minhas
ligações! Não sei o que aconteceu entre você e o Joe, mas você
não pode apenas abandonar alguém deste jeito! Deus do céu, qual é
o seu problema? Se esta é sua verdadeira cara, então… ele está
melhor sem você!”
Aparentemente, nem estabilidade emocional.
Gostaria de dizer que o que ela diz não me incomoda, mas estaria
mentindo. Aquela última parte me machucou.
Lá vem a última mensagem.
“Demi… é a Alexandra de novo…”
Desta vez, a voz está diferente. Com menos
urgência e impaciência.
Quase como um sussurro.
“… me desculpe. Não deveria ter gritado
daquele jeito. É que estou preocupada. Ele não fala comigo, Demi.
Ele nunca ficou sem falar comigo. Não sei o que está acontecendo
entre vocês dois… e não preciso saber, mas… apenas… volte? O
que quer que tenha acontecido… onde quer que esteja… sei que
vocês podem arrumar isso. Não precisa me ligar… apenas… por
favor… volte para casa. Ele te ama, Demi… e muito.”
Fico olhando para o telefone, respirando
profundamente. Claro que Joe não fala com ela. Ele não vai
conseguir olhar no olho da irmã grávida e dizer que me deu um fora porque também estou grávida.
Ele é muita coisa. Mas ser burro não é uma
delas.
Jogo o telefone para o outro lado do quarto como
forma de me preservar, porque quero ligar. Quero voltar. Mas parece
que ainda me restou dignidade, mesmo que apenas um pouquinho. Por que
eu deveria fazer as pazes? Não fui eu quem começou a briga. John
sabe onde estou agora. Se Joe me quer, não será difícil me
encontrar.
Empurro as mãos pelo meu cabelo, que seca rápido,
e abro a porta do armário. E lá, me encarando, está meu velho e
bom uniforme de garçonete: saia xadrez, blusa de renda, chapéu
branco de caubói.
Faz dez anos desde a última vez que o vesti. Tiro
o cabide, sorrindo. Tive bons momentos com este uniforme.
Tempos fáceis, descomplicados.
Visto, como uma noiva provando o seu vestido um
ano após o casamento, só para ver se ainda serve. E serve. Ao me
olhar no espelho de corpo inteiro, sei o que vou fazer. Porque é bom
ter uma rotina. Qualquer rotina. Até mesmo uma velha.
Não tenho um plano para o resto da minha vida.
Mas, pelo menos, tenho um para o resto do dia.
Sentindo-me bem menos como um cadáver do que nos
últimos dias, sigo até as escadas do fundo que levam até a copa.
No segundo degrau, escuto minha mãe e George conversando lá
embaixo.
Preparem-se, isso é um bafo.
– Foda-se ele! Quem ele acha que é? Quando
Billy e Demi terminaram, fiquei aliviada, até um cego podia ver que
eles cresceram separados. E quando… quando ela me apresentou para o
Joe, pensei que ele era perfeito para ela. Que era mais… parecido
com ela. Uma parte do mundo em que ela vive hoje. E o modo como ele
olhou para ela, George. Estava na cara que ele a adorava. Como ele
pode tratá-la desse modo?!
George fala tranquilo. Compreensivo.
– Eu sei. Eu…
Minha mãe o corta, e imagino que ela esteja
andando de um lado pro outro.
– Não! Não. Ele não vai escapar dessa. Vou…
vou ligar para a mãe dele!
George suspira.
– Não acho que Demi gostaria que fizesse isso,
Carol. Eles são adultos…
Minha mãe fala mais alto, com um tom mais agudo e de defesa.
Minha mãe fala mais alto, com um tom mais agudo e de defesa.
– Ela não é uma adulta pra mim! Ela é minha
filhinha! E está sofrendo. Ele a machucou… e… não sei se ela
vai superar isso. É como se ela tivesse apenas… desistido.
Escuto uma mão bater numa mesa de madeira.
– Aquele… trastezinho! Ele é um traste
desbocado e insolente. E não vai se safar dessa! – ela fala com um
tom de determinação.
É um pouco assustador.
– Está certo, não vou ligar para Anne. Vou
para Nova York. Vou mostrar para ele o que acontece quando alguém
mexe com a minha filha. Ele vai pensar que Amélia Warren é a porra
da Madre Teresa quando eu acabar com ele. Vou arrancar as bolas dele!
Cacete.
Tudo bem. Minha mãe? Ela não xinga. Nunca.
Então, o fato de ela estar jogando bombas de palavrões e pensando
sobre arrancar bolas…?
Francamente, é preocupante.
Acabo de descer os degraus, como se não tivesse
ouvido nada.
– Bom dia.
Minha mãe fica menos tensa. Fica surpresa.
– Demi. Você acordou.
Aceno.
– Sim, estou me sentindo… melhor.
“Melhor” talvez seja muito forte. “Como um
animal atropelado que foi ressuscitado” seria mais apropriado.
George me oferece uma caneca.
– Quer café?
Minha mão cobre meu estômago embrulhado.
– Não, obrigada.
Minha mãe deixa de lado sua surpresa e pergunta:
– O que acha de um pouco de coca-cola morna?
– Pode ser. Ótima ideia.
Ela pega para mim. Em seguida, alisa meu cabelo,
dizendo:
– Quando estava grávida de você, fiquei
enjoada durante sete meses. Coca-cola morna sempre me deixava melhor.
Além disso, se ela voltar, não fica com um gosto tão ruim.
Ela tem razão.
Para sua informação, pasta de amendoim? Não é
muito legal quando volta.
Minha mãe me questiona ao perceber o uniforme.
– Todas suas roupas estão sujas? Precisa que eu
as lave?
– Não, achei que poderia ajudar no restaurante
hoje. Sabe né, me manter ocupada. Aí não fico o tempo todo
pensando.
Pensar é ruim. Pensar é muito, muito ruim.
George sorri.
Minha mãe esfrega meu braço.
– Somente se você quiser fazer isso. Mildred
está trabalhando hoje, então eu, com certeza, gostaria de uma
ajudinha.
Mildred trabalha no nosso restaurante desde que me
entendo por gente. Ela é uma garçonete terrível, acho que minha
mãe só a mantém lá por caridade. Dizem por aí que ela já foi
uma rainha da beleza, Miss Kentucky ou Louisiana, ou algo assim. Mas
ela ficou feia e perdeu o entusiasmo quando seu noivo resolveu dar
uma de corajoso e se jogou na frente de um trem de carga. Só que ele
perdeu o jogo.
Agora, ela vive em um condomínio de apartamentos
no centro e fuma dois maços de cigarro por dia.
Provavelmente ela ainda viverá até uns 107 anos,
se a compararmos a uma mãe de 31 anos que nunca tocou em um cigarro
na vida, mas que ainda assim morre de câncer de pulmão.
Como já tinha falado, Deus… às vezes, ele é
um filho da mãe.
As habilidades de uma garçonete são parecidas
com andar de bicicleta, você nunca esquece.
Apesar de escapar por um triz algumas vezes,
consegui passar a manhã toda sem vomitar nos pratos de panquecas ou
ovos mexidos dos clientes.
Batam palmas para mim.
A parte mais difícil foram as perguntas. Sobre
Nova York, sobre meu lindo namorado, que veio comigo visitar a cidade
há três meses. Sorrio e dou respostas breves e vagas.
Quando chega o meio-dia, já estou praticamente
acabada. Física e mentalmente. Estou quase me retirando para tirar
uma soneca no quarto, quando a campainha na porta apita, e uma voz
chega por trás de mim.
Uma voz que reconheceria em qualquer lugar.
~
E aí?? quem vocês acham que veio ver a Demi??? será o Joe?? hum... :)
Comentem e beijooos <3
OMG OMG OMG OMG OMG
ResponderExcluirESTOU EM PRANTOS
N CONSIGO PARAR DE CHORAR
QUETO MAIS UM PFVR
QUE SEJA O JOE, QUE SEJA O JOE, QUE SEJA O JOE
Quero*
ExcluirAcho que pode ser o Billy ou o John. Já estou ansiosa pro próximo
ResponderExcluir-Nathalia-
Eu acho que é a Dee Dee, ou a Alexandra....... tadinha da Demi.... posta mais 1 hoje por favor!!!!
ResponderExcluirJoe seu merda! Nao é ele --' a nao ser que ele va para humilhar a demi POSTA MAIS
ResponderExcluirOMG POR FAVOR NÃO PARES AGORA....não acho que seja o Joe, mas quem sabe se ele não percebeu que fez merda....POSTA logo please
ResponderExcluir