~
– Dem
Lovato com uniforme de caubói. Estou realmente vendo isso ou é
apenas algum flashback excêntrico bem real?
Tinha seis anos quando vi Billy Warren pela
primeira vez. Sabe aquela época em que Joey Martino estava
abandonando Amélia naquele quarto de hotel? Sua irmã mais nova,
Sophie, também estava sendo expulsa de casa.
Porque ela também estava grávida.
Aparentemente, a velha senhora Warren seguia o
estilo de criação de Mamãezinha Querida – cabides de arame e
tudo mais. De qualquer modo, cinco anos depois, Sophie morreu em um
beco de drogas, de uma overdose de metanfetamina. O Estado acabou
assumindo a custódia de Billy até que conseguissem rastrear seu
único parente vivo, Amélia Warren.
Deloris ficou conosco naquele final de semana
quando sua mãe foi buscá-lo na Califórnia. Amélia entrou no
abrigo e viu um menininho com olhos cansados, usando uma camiseta
preta rasgada. A partir daquele momento, Billy era dela, mesmo sem
ter saído de sua barriga.
Durante os primeiros quatro meses em que Billy
morou com Amélia e Deloris, ele não falava. Nada. Ele nos seguia,
fazia tudo que fazíamos. Quando brincávamos de escolinha, ele era a
lousa; quando procurávamos pelo tesouro enterrado, era ele quem
carregava o peso.
Mas não falava.
Até que um dia, Amélia estava comprando umas
coisas na Avenida Principal e passaram por uma loja de penhores.
Billy parou no caminho. Ficou observando a vitrine.
Olhando para uma guitarra vermelha brilhante.
Amélia entrou e comprou para ele. Naquela época,
já tocava muito bem, então achei que meu pai podia ensinar Billy
também. Mas, veja, antes de meu pai conseguir lhe ensinar uma lição,
Billy já sabia tocar. Ele era um garoto prodígio, como Mozart. Um
verdadeiro gênio musical.
Às vezes, ele é um chato com relação a isso.
– Billy!
Jogo meus braços em seu pescoço. Ele me aperta
bem forte na cintura e meus pés saem do chão. Minha voz abafa, por
causa de seu ombro.
– Caramba, como é bom te ver!
Sei que você o acha um idiota. Mas ele não é.
Sério.
Você só o viu através das lentes coloridas de
Joe.
Billy se afasta, com as mãos em meus antebraços.
Já faz uns oito meses desde a última vez que o vi. Ele está
musculoso e bronzeado, saudável. Está bonito. Exceto pela barba.
Não estou curtindo a barba. Está grossa e desgrenhada, me lembra um
lenhador.
– Digo o mesmo, Dem. Você está… – arqueia
a sobrancelha. O sorriso se torna um questionamento. – Porra. Você
tá parecendo uma merda velha.
Sim, esse é o Billy. Ele sempre soube o que dizer
para uma mulher.
– Uau. Falando desse jeito, você deve estar
pegando todas lá em Los Angeles, né? Aliás, você sabe que tem um
rato pendurado no rosto?
Ele ri e esfrega a barba.
– É meu disfarce. Preciso de um agora, sabe.
De repente, um garoto, que parece ter uns dez
anos, chega perto de nós um pouco hesitante.
– Senhor Warren, pode me dar um autógrafo?
Billy abre um sorrisão. E pega a caneta e o papel
oferecidos.
– Claro – ele rabisca algo rapidamente,
devolve o autógrafo e diz: – Não pare de sonhar, garotão, pois
os sonhos realmente se tornam realidade.
Depois que o fã vai embora, Billy se vira de novo
para mim, com os olhos cintilando.
– Isso não é demais?
Hoje em dia, ele está bem popular no ramo
musical. Seu último álbum ficou em primeiro lugar durante seis
semanas, e estão falando que é um forte concorrente para ganhar o
Grammy neste ano. Estou orgulhosa dele. Ele está aonde sempre achei
que fosse chegar.
Mas, provoco:
– Cuidado. Você ainda tem que sair com esse
cabeção daqui.
Ele sorri.
– O que está fazendo por aqui? Eu ia para a
cidade para encontrá-la na semana que vem.
Antes de poder responder, um rosto aparece do
nada, pelo outro lado da porta de vidro.
Me dando o maior susto.
– Ah!
É uma mulher de cabelos claros, com olhos
castanhos enormes, que não piscam. Como se fosse um ET com peruca
loira.
Billy se vira.
– Ah, aquela é Evay.
– Evie?
– Não, E-vay. Como eBay. Ela tá comigo – ele
abre a porta e a ET entra, com as mãos cruzadas, fortemente, na
cintura. Está com calça legging preta e uma camiseta do Bob Marley.
Magra é algo longe de descrevê-la. Ela me lembra um daqueles
esqueletos da aula de biologia, com revestimento fino e colorido na
pele.
Ela até que é bonita, se considerarmos um campo
de concentração.
– Evay, esta é Demi. Demi, Evay.
No mundo profissional, apertos de mão são
importantes. Eles dão aos potenciais clientes uma visão de como
você faz negócios. Eles podem fazer ou acabar com o acordo. Sempre
garanto que meu aperto seja firme, forte. Não é apenas porque sou
pequena e mulher que alguém poderá pisar em mim.
– Prazer em te conhecer, Evay – estendo a mão.
Ela apenas olha, como se fosse uma aranha se
arrastando para fora do ralo do banheiro.
– Não faço contatos diretos de mulher para
mulher. Isso acaba com as células de embelezamento.
Tu-do bem. Olho para Billy. Ele parece não se
incomodar. Coloco o dedão para trás, sobre os ombros.
– Bom, vocês querem comer alguma coisa? O que
acham de sentarem em uma mesa?
Quando Evay responde, seu tom é irreal,
atordoado, como se tivesse sido vítima de uma concussão. Ou como um
professor de atuação: seja a árvore.
– Meu almoço está logo aqui – ela abre a
palma da mão para mostrar uma seleção de cápsulas, que fazem meus
comprimidos pré-natais parecerem balinhas de bebê. – Mas preciso
de água. Você tem água limpa, que venha direto de uma fonte de uma
montanha cheia de neve?
Uau.
Alguém pode chamar o Will Smith, pois
alienígenas, com certeza, pousaram aqui.
– Hã… não temos muita neve por aqui, nesta
época do ano. Mas temos a melhor água direto da torneira de
Greenville.
Ela mexe a cabeça. E ainda não piscou. Nem a
porcaria de uma vez.
– Só bebo água limpa que venha direto de uma
fonte de uma montanha cheia de neve.
Billy levanta a mão.
– Estou morrendo de vontade de onion rings.
Sorrio e anoto o pedido.
– Claro.
Evay funga o ar, como um esquilo antes de uma
tempestade. Em seguida, parece um pouco assustada.
– Isso é óleo? Vocês cozinham com óleo?
Dou um passo para trás. Ela deve ser uma daquelas
garotas veganas loucas, que adoram o PETA e se ofendem com
subprodutos animais, e a possibilidade de ser atacada não me é
muito atraente no momento.
– Ah… sim.
Ela cobre o nariz com seus dedos ossudos.
– Não posso respirar este ar! Vou ter um treco!
– ela se vira para a porta.
E espera.
Acho que não é só com garotas que ela não
entra em contato.
Billy abre a porta e ela sai correndo. Olho para
ele, boquiaberta.
– Ok, que porra foi essa?
– Aquela era uma californiana. Elas são todas
assim. Acho que é por causa do sol em excesso… e da maconha. Elas
fazem a Dee Dee parecer comum. Além do mais, Evay é modelo, então
ela é muito mais estranha. Ela não consegue cheirar óleo, mas fuma
igual a uma chaminé.
É por isso que adoro morar em Nova York.
Onde as pessoas normais estão.
Bom, adorava viver, na verdade.
Vou até o balcão para pegar uma caixa para
viagem para o pedido de Billy. Ele coloca os cotovelos no balcão, se
inclinando.
– Então, cadê o Dr. Manhattan?
Ele está falando do Joe. Sabe, por causa daquele
físico arrogante, inumano e melancólico dos quadrinhos do Watchmen?
– Ele não está aqui.
Billy parece surpreso. De um jeito agradável.
– Tá falando sério? Nunca pensei que ele
pudesse te deixar longe, sozinha, fora do Estado. O que aconteceu?
Encolho os ombros.
– Longa história.
– Parece promissora. Vamos sair mais tarde. Para
botar o papo em dia. Tenho que levar Evay de volta ao hotel para ela
tirar uma soneca, depois volto e te pego.
Fecho um pouco os olhos.
– Uma soneca?
Ele levanta o queixo, defensivo.
– Sim. Muitas pessoas dormem doze horas por dia.
Eu entrego os onion rings.
– Eu sei. Chamam-se vampiros, Billy.
Ele ri.
Em seguida, minha mãe sai da cozinha.
– Billy! Amélia disse que você estava fazendo
uma visita.
Ela o abraça e ele lhe dá um beijo na bochecha.
– Oi, Carol.
Ela olha para a barba dele e não aprova.
– Ah, querido, você tem um rosto tão bonito.
Não o cubra com tudo… isso.
Minha mãe é tão mãe, né?
Billy defende seu pelo facial.
– Por que todo mundo está odiando tanto a
barba? Gosto da barba – em seguida, dá uma nota de cem dólares. –
Pelos onion rings.
Ela nega e empurra a mão dele.
– Seu dinheiro não vale nada aqui, você sabe
disso.
Um barulho de copo quebrado soa por trás da porta
da cozinha. E a voz de George Reinhart:
– Carol!
Minha mãe morde a língua.
– Ah, querido. George está tentando arrumar a
lava-louça de novo.
Ela corre para a cozinha. Billy e eu rimos juntos.
Depois, ele me dá a nota de cem dólares.
– Coloca dentro da caixa registradora quando sua
mãe não estiver olhando, tá?
É difícil quando você chega a um ponto na sua
vida, como este, em que consegue ajudar seus pais financeiramente,
mas eles não aceitam por serem muito teimosos.
– Claro.
Ele dá uma batida no balcão.
– Beleza, te pego às quatro. Fique pronta. E
não vista nenhum terno social ou alguma merda desse estilo, esta é
uma missão de jeans e tênis.
É isso o que tinha planejado vestir. Mas, preciso
perguntar.
– Por quê? O que vamos fazer?
Ele mexe a cabeça para mim.
– Você sumiu durante um bom tempo, garota Dem.
O que mais poderíamos fazer? Vamos sair para empinar.
Claro. Que tola eu fui. Lógico que vamos.
Billy se inclina no balcão e me dá um beijo
rápido na bochecha.
– Até mais.
Em seguida, pega a comida e vai embora.
Já saiu para dar uma volta de carro depois da sua
última prova final ou no começo de um longo final de semana depois
do trabalho? E a estrada está totalmente vazia, você está usando
seus óculos de sol e sua música favorita está tocando bem alto no
rádio?
Ótimo. Então, já conhece a sensação.
Empinar.
Como explicar isso? Tenho certeza de que existem
diversos nomes para isso, dependendo de onde você mora, mas aqui, é
assim que chamamos. É como escalar uma montanha… só que… com um
carro. Ou um caminhão. Ou qualquer outro veículo com tração nas
quatro rodas.
O objetivo é escalar o morro mais íngreme que
você encontrar e ficar o mais vertical possível, o mais rápido possível, sem
virar o carro. É divertido, meio bobo, perigoso e feito para quem é
louco por adrenalina.
Não se preocupe com a minha frágil condição
atual. O caminhão do Billy é um veículo off-road com equipamentos
de segurança, não só apenas os cintos. Então, mesmo se
capotarmos? Não vou a lugar algum.
Estamos dirigindo para os morros neste exato
momento, em alta velocidade.
Ohio não é muito conhecido por seu terreno
montanhoso, mas tem alguns pontos em que são abundantes. Para nossa
sorte, Greenville é perto deles.
As janelas estão abertas, o sol está brilhando
e, hoje, está uma agradável temperatura de 21 ºC. Grito por cima
do som do rádio.
– Outro carro novo, hein?
Billy sorri e esfrega carinhosamente a mão pelo
painel.
– Sim. E este bebê não polui nada por causa da
obra da minha prima.
Viro os olhos. Eu, com certeza, preciso checar as
finanças de Billy. O vento joga meu cabelo no rosto. Coloco-o para
trás e grito de novo.
– Não se torne aquele cara.
– Que cara?
– Aquele que tem um carro diferente para cada
dia do mês. Gaste seu dinheiro com coisas mais práticas.
Ele encolhe os ombros.
– Falei para Amélia que ia comprar uma casa pra
ela. Mas que ela não poderia contar para Deloris aonde seria.
Billy e Deloris adoram encher o saco um do outro.
A música muda no rádio e Billy aumenta no volume
máximo. Ele olha para mim. E está sorrindo.
Ambos estamos.
Porque, há um tempo, esta foi nossa música. Não
de um jeito romântico. De um jeito adolescente, rebelde sem causa.
Era nosso hino, nosso “Thunder Road”.
Alabama canta sobre sair da cidadezinha, quebrando
barreiras, vivendo por amor. Cantamos a plenos pulmões, juntos.
É ótima. É perfeita.
Billy pisa no acelerador bem forte, levantando uma
nuvem de poeira por onde passamos, e me sinto com dezesseis anos
novamente. Quando a vida era fácil, e o problema mais grave era
saber para onde iríamos na sexta à noite.
Dizem que a juventude é desperdiçada pelos
jovens, e estão certos. Mas não é culpa dos jovens. Não importa o
quanto digam para aproveitarem cada dia que vivem, eles apenas não
conseguem.
Pois não têm como compará-los com outros. É
apenas mais tarde, quando é tarde demais, com contas a pagar e
prazos para cumprir, que os jovens percebem o quão legais, inocentes
e preciosos aqueles momentos foram.
A música fala sobre Thunderbirds, sobre dirigir a
noite toda e viver sua vida. O primeiro carro do Billy era um
Thunderbird. Você deu uma olhadinha nele em Nova York, lembra? Era
uma lataria velha quando ele comprou, mas, nos finais de semana, ele
arrumava e, por muitos dias, acabou cabulando aulas.
Perdi minha virgindade no banco de trás daquele
carro. No final de semana do baile de formatura. Sim, faço parte das
estatísticas. Naquela época, achava que era a personificação de
um romance, a coisa mais perfeita.
Mas, novamente, não tinha mais nada com o que
comparar.
Billy amava aquele carro. E posso apostar meu
diploma de Administração que ele ainda o tem guardado em sua
garagem em Los Angeles.
Ainda cantando, me seguro nas duas correias de
segurança com ambas as mãos, quando Billy roda o carro em uma curva
de 360 graus. É uma manobra fantástica. Você pisa no acelerador,
puxa o volante e freia no freio de emergência. É a melhor forma de
executar um zerinho, a menos que a transmissão não abandone o fundo
do carro ou algo do gênero.
Pó sobe do chão e sujeira se espalha pelo
para-brisa. Sempre foi assim conosco. Confortável. Descomplicado.
Bom, pelo menos enquanto estávamos aqui em Greenville.
Conforme meus anos de faculdade e de pós-graduação
passavam, nós nos arrastamos. Mudamos de Bonnie e Clyde para Wendy e
Peter Pan. Mas aqui, quando éramos apenas nós dois e o resto do
mundo não existia, conseguíamos ser aquelas crianças de novo.
Crianças com os mesmos desejos, com os mesmos sonhos.
As rodas viram e Billy desvia de um pedaço de
terra sem asfalto e plano. E parece que estamos voando. Como se
estivesse livre. Sem pensar em mais nada.
E a melhor parte? Pela primeira vez em quase
quatro dias, não penso nadinha em Joe Jonas.
~
Hum... essa reaproximação de Demi e Billy não vai ser muito legal... mas, Billy esta sendo uma boa pessoa para Demi e esta com ela quando Joe não esta, não é mesmo?? já podemos esquecer um pouquinho a raiva que provavelmente a gente ficou dele na temporada anterior ;)
Beijoos e obrigada por terem acompanhado a maratona! <3
Posta+
ResponderExcluirAcertei tuts tuts tuts Que bom q a Demi conseguiu esquecer Joe um pouco, ninguém merece ficar sofrendo por homem. Pq a reaproximação não vai ser mto legal? O que ele vai apronta? Ansiosa pro próximo
ResponderExcluir-Nathalia-
Meu Deus........ o que vai acontecer agora? Joe não vai dar sinal de vida logo não? Posta mais please!!!
ResponderExcluirBilly .......... ai ai ... Joe voltaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluirpossta logoo