- Emoção: Losing It

EU JURO QUE HAVIA tanta vergonha no ar, que parecia praticamente sólido.

Meu rosto estava pressionado contra a mesa no salão dos alunos enquanto Selena tentava me entupir com batatas fritas e outros carboidratos maravilhosos.

Ela me afagou nas costas meio-sinceramente. Não havia nada sequer remotamente maternal sobre Selena, mas ao menos ela estava tentando. — Você está exagerando, Demi. A única coisa que eu senti no ar foi tensão sexual. Eu quero dizer, ele não olhou para você com frequência, mas quando ele olhou... Alô! Síncope!

— Não há forma alguma que eu possa sobreviver ao semestre nessa aula.

— Isso é ridículo. Você é uma atriz. Atores dormem uns com os outros o tempo todo, e então seguem em frente. Inferno – não se lembra no ano de Calouro quando você não queria ficar com Dom naquela cena, e Eric mandou vocês para a outra sala e disse a vocês se beijarem até que vocês estivessem confortáveis um com o outro?

— Por que você traria à tona o que é, como o dia de hoje, o segundo momento mais mortificante da minha vida?

Ela rolou seus olhos. — Porque você tem que superar isso.

— Eu nunca irei superar a língua de Dom descendo na minha garganta. Eu ainda posso sentir o gosto do idiota.

— Você ficará bem, Demi. São cinco meses. E você apenas tem que vê-lo por 3 horas por semana. Estará terminado antes que você perceba. Em seguida você pode ter relações sexuais com ele mais uma vez antes da sua viagem ao mundo comigo.

— Há tantas coisas malucas nessa afirmação que eu não sei nem por onde começar.

— Você irá começar comendo, ou nós nos atrasaremos para Direção.

Resmungando, eu empurrei algumas batatas fritas na minha boca para agradá-la.

Ela vasculhou na sua bolsa pelo seu celular, mas suas mãos fecharam-se em torno de algo. — Oh, eu esqueci. Eu tenho aspirina... você quer um pouco?

Eu engoli e disse —, Por que eu iria querer isso?

Ela torceu sua cabeça ao lado —, Você não tem uma úlcera... você sabe...quando você surta?

Demi estúpida. Tão malditamente estúpida.

— Oh! Oh, certo. Não, eu estou bem. Eu tomei um monte essa manhã. Eu estou bem, obrigada.

Eu atravessei o resto do dia no piloto automático, pronta para ir para casa e me arrastar para dentro do casulo do esquecimento que é o sono. Eu nem sequer tirei minhas roupas antes que eu caísse na cama.

Meu celular me acordou algumas horas mais tarde. Era Cade.

— Oi, bebê – você está pronta para sair?

Eu espiei com olhos turvos o relógio. Era apenas 7 horas da noite.

Eu bocejei. — Tá... claro. O que você tem em mente?

— Bem, eu estava pensando—

— Sem bebidas —, eu o cortei. — Eu não posso aguentar nenhuma bebida.

Ele riu. — Sem consumo de bebidas alcoólicas como remédio para você? Tudo bem... Lindsay está tocando essa noite no Grind. Como o café soa?

Eu bocejei novamente. Lindsay era uma colega, aluna avançada de teatro. Uma noite escutando sua música seria simples e brando. Exatamente o que eu precisava. — Café soa perfeito.

Quando eu saí cerca de 20 minutos mais tarde, minha cabeça oscilou de um lado ao outro, paranoica que eu esbarraria em Joe. Quando eu estava certa que ninguém estava nas redondezas, eu corri ao estacionamento e subi no velho, batido Honda de Cade.

Ele me cumprimentou com um sorriso. Eu resisti com a urgência de olhar para trás na direção do apartamento de Joe.

— Eu me esqueci de mencionar antes que você estava ótima hoje. Eu quero dizer, menos aquele adorável mérito da ressaca. Você nunca usou saia na aula.

Eu queria dizer ―Só dirige logo!‖ Mas isso soaria louco mesmo para mim. Então eu respondi —, Oh, eu queimei minha perna, e eu não deveria usar roupa apertada sobre ela.

— Sério? — Ele perguntou. — O que aconteceu?

Eu não podia exatamente contar a ele a razão. Porque então ele iria querer saber de quem a moto era e por que eu estava com ele e blá, blá.

— Oh, queimei com minha chapinha.

— Você queimou sua perna com a sua chapinha? Quanto comprido é seu pêlo da perna?

Você pensaria que depois de toda a mentira que eu contei nas últimas vinte e quatro horas que eu estaria ficando levemente melhor nisso. Você está errado.

— Ha-ha. Tão engraçado. — Eu fiz uma careta. — Eu o derrubei do balcão, seu traste, e ele atingiu a minha perna.

Eu brinquei com a ventoinha do ar condicionado mesmo embora ela mal funcionasse nesse pedaço de lixo de carro.

— Apenas não derrame café em si mesmo. Ou melhor ainda... pegue café gelado.

Eu disse. — Sim, sim capitão.

Grind era uma bonitinha casinha na extremidade do campus que tinha sido transformada em uma cafeteria alguns anos atrás. No interior você pedia café, e no exterior havia uma varanda onde eles acolhiam música ao vivo na maior parte das noites. O interior estava lotado. Eu mandei Cade para o lado de fora para encontrar assentos, e disse a ele que eu pegaria as bebidas. Eu peguei um café-mocha gelado para mim e um smoothie para Cade. Ele nem sequer gosta de café, mas ele vem aqui por mim.

Eu fiquei na fila por 10 ou 15 minutos, então no momento em que eu segui para o lado de fora, eu não tinha ideia onde Cade estava. Eu caminhei passando as mesas, acenando para as pessoas que eu conhecia, evitando contato visual com àqueles que eu não conhecia. Eu fiz contato visual com Lindsay acima no palco conforme ela instalava, e ela sorriu.

Finalmente eu localizei Cade em pé junto de uma mesa perto da frente. Era um lugar maravilhoso considerando o quanto lotado esse lugar estava.

Eu apareci atrás dele, e cutuquei meu cotovelo em suas costas.

— Jesus, Cade, eu achei que eu nunca encontraria você aqui fora. Você não poderia ao menos ter mandado mensagem?

Cade olhou por sobre seu ombro para mim, depois envolveu seu braço ao redor do meu ombro, e pegou seu smoothie da minha mão esquerda.

— Desculpe, bebê, eu estava conversando e me distraí. Olhe quem está aqui!

Ele me arrastou para frente, ali estava Joe.

Dessa vez, eu não tive tanta sorte por já ter descartado o meu café. Então quando eu vi Joe, ele escorregou da minha mão, e salpicou por todos os meus pés.

Cade, com seus reflexos super-rápidos, evitou por pouco de ter tudo derramado por sobre seus Toms.

— Caramba, Demi. Eu estava brincando sobre o café gelado, mas eu estou contente que você escutou. Eu juro que você não costumava ser desajeitada assim.

Eu ainda não conseguia falar. Meus pés estavam frios e melados. E meu rosto parecia muito quente.

— Aqui —, Cade disse. — Sente-se, Sr. Jonas disse que nós podíamos dividir a sua mesa.

— É Joe, Cade. — Eu tenho certeza que ele disse a Cade isso uma dúzia de vezes já.

Cade o ignorou e se virou para mim. — Eu irei correr lá para dentro e conseguir para você guardanapos. Você quer outra bebida?

— Não, não. Eu estou bem, Cade. Você fica. Eu irei me limpar.

— Esqueça isso. Você gosta da música de Lindsay muito mais do que eu. Todas as coisas de ―seja aquela a mudar‖ e ―poder das garotas‖. Eu não quero que você perca isso. Sente-se. — Dessa vez, suas mãos empurraram meus ombros para baixo até que meu bumbum atingisse o assento. Depois ele saiu, e eu fui deixada sozinha com Joe novamente.

— O que você está fazendo aqui? — Minha pergunta saiu zangada.

Em comparação, ele estava melodioso e calmo, e possivelmente um pouco triste. — Minha internet ainda não está conectada ao meu apartamento, e eu precisava verificar meu email. Eu posso ir, se você quiser.

SIM.

— Não —, eu suspirei. — Eu não vou despachar você. Eu só desejava que você não tivesse nos convidado para sentar com você.

— Bem, Cade não disse que ele estava aqui com você. Eu estava apenas tentando ser gentil.

— Desculpe... eu só... isso é embaraçoso. Cade não sabe—

— Eu não vou contar a ele, se é o que está te preocupando. Eu gostaria de manter isso profissional, e além disso, sua vida pessoal não é da minha conta. O que aconteceu entre nós acabou.

Sua voz ficou dura enquanto ele falava. Acabou? Por que isso se assemelhava como um soco no estômago? Seus dentes estavam cerrados, atraindo meus olhos para a forte, lisa linha da sua mandíbula.

— Você se barbeou —, eu disse. Claramente... sem censura.

Sua mandíbula se afrouxou, e ele olhou para mim confuso.

— Uh, sim, eu me barbeei.

Nós nos sentamos em silêncio, e eu só não conseguia me impedir de olhar para ele. Seus olhos eram um oceano de água azul, e sem a barba por fazer ele parecia mais novo, menos um sexy rude e mais como o gostosinho do cara-ao-lado.

Seus olhos caíram para meus lábios, e eu percebi que eu estava mordendo o lábio inferior. Deus, eu queria beijá-lo de novo.

Eu me levantei correndo do meu assento. — Isso foi uma péssima ideia. Diga a Cade que eu fiquei doente ou algo.

Ele se levantou, também. — Não, Demi, espere. Me desculpe. Não parta. Eu irei...Merda, eu não sei o que eu farei. Eu irei apenas sentar aqui em silêncio, e vocês dois podem me ignorar completamente. Eu prometo.

Naquele momento Lindsay voltou para cima do pequeno palco improvisado, e as luzes entraram e as pessoas aplaudiram.

Se eu ia partir, eu precisava fazer isso agora. Se eu levantasse no meio da apresentação, Lindsay veria e ela ficaria chateada.

Então contra o meu melhor julgamento, eu me sentei de volta.

Joe seguiu com a sua promessa, e manteve seus olhos grudados na sua tela. Eu me sentei em silêncio conforme Lindsay fazia o seu ajuste de som, meu pescoço resistindo à força para não olhar para ele.

Cade voltou no mesmo momento em que Lindsay estava se apresentando.

— Ei —, Ele sussurrou. — Randy estava trabalhando, e ele me emprestou uma toalha. Eu achei que isso seria melhor do que um punhado de guardanapos.

Em seguida ele ergueu um dos meus pés melados no seu colo, removeu meu sapato, e começou a enxugar minha perna com a toalha úmida. Eu ri quando ele passou por uma seção particularmente sensível.

Eu ouvi Joe parar de digitar.

Apenas por instinto, eu olhei acima para ele, mas ele estava olhando para Cade... e para minhas pernas. Eu limpei minha garganta, e puxei meus pés para trás. Eu peguei a toalha de Cade e disse. — Obrigada, eu acho que eu posso fazer isso. Eu não confio em você para não fazer cócegas em mim.

Joe voltou ao seu computador, Cade se focou em Lindsay, e eu mergulhei minha cabeça para dar uma olhada mais de perto ao meu pé. Quando eu estava certa que eles não estavam olhando, eu fechei meus olhos apertados e soltei um grito silencioso. Um grito verdadeiro teria sido melhor, mas eu aceitaria o que eu poderia ter.

Eu reconheci as primeiras músicas de Lindsay, tendo ouvido-a tocar várias vezes antes, tanto no palco e justamente no greenroom17 durante o ensaio e entre as aulas. Ela tinha esse ótimo, cru, som acústico, e suas letras tinham sempre algum tipo de comentário social, ligando as pessoas com suas falsidades. E é por isso que quando ela se inclinou no microfone e apresentou a sua seguinte música, eu estava tão incrivelmente surpresa.

— Essa próxima é um pouco diferente para mim. O adorável dono desse estabelecimento —, Ela apontou para o lado. — Wave Kenny. — Ele levantou sob coação, mas ele acenou. — Enfim... Kenny fez um pedido que eu tocasse ao menos uma música que não era... como você colocou isso, Kenny? Amarga ou Política, eu acredito que seja o que ele disse. E desde que, eu sou incapacitada de escrever qualquer coisa assim, eu estou cantando uma música escrita por um amigo meu que deseja permanecer anônimo. É chamada Resistir.

A música se abriu gentilmente, com uma simples progressão de acordes, similar ao som normal de Lindsay. Depois ela mudou, se tornou fúnebre, passional, quase desesperada. Ela cantou... e eu desejei que eu tivesse partido quando eu tive a chance.

Sem importar o quanto perto, você sempre está muito longe

Meus olhos são atraídos para qualquer lugar que você está As silenciosas conversas que estavam acontecendo antes pararam. Era uma mudança tão dramática que todos os olhos se fixaram nela. Mas eu podia jurar que eu senti um par de olhos em mim.

Eu estou cansado da forma com que nós dois fingimos

Cansado de sempre querer e nunca ceder

Eu posso sentir isso na minha pele, ver isso no seu sorriso Nós somos mais. Nós sempre fomos.

Pense em tudo que nós estamos perdendo.

Cada toque e cada beijo.

Porque nós dois insistimos.

Resistimos.

O olhar dele era esse peso físico pressionando contra minha pele. Meu coração batia rapidamente no meu peito, e minhas respirações acontecendo mais curtas. Eu não queria resistir. Eu não podia evitar. Eu olhei.

Segure seu fôlego e feche seus olhos

Distraia-se com outros caras

Não é surpresa, seus suspiros derrotados Você não está cansada das mentiras?

Mas ele não estava olhando para mim. Ele não estava digitando, mas seus olhos estavam fixos no seu computador e ele pareceu... inconsciente.

Era apenas eu? Eu estava imaginando tudo isso?

Pense em tudo que nós estamos perdendo.

Cada toque e cada beijo.

Porque nós dois insistimos.

Resistimos.

Sem importar o quanto perto, você está sempre muito longe

Meus olhos são atraídos para todo o lugar que você está Subitamente, eu não queria mais estar ali. Eu não podia estar perto assim dele. Eu ia enlouquecer. Era estúpido... até mesmo mais estúpido do que uma noite de sexo sem compromisso teria sido, mas eu gostava dele. Ele não gostava de Shakespeare, e ele guiava uma moto, e ele era meu professor... mas eu gostava dele.

Eu estou farto. Eu não vou ignorar.

Eu não vou fingir ou resistir.

Eu quero mais.

Oi oi gente! Mesmo com o pouco número de comentários, eu vim postar! Espero que todos tenham lido o capítulo 8, haha'. Sobre as postagens, comigo serão ou durante a tarde, ou durante a noite, ok? Espero que tenham gostado desse capítulo! Comentem, viu? To de olho! Bjs, até mais!