21.8.14

Seu Melhor Erro - Capitulo 8

 
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Ela nunca vira Joe tão furioso. Também nunca o vira tão magoado. Demi deveria sentir algum tipo de prazer pela dor que claramente lhe causara, mas não sentia. Prova positiva de que vingança nem sempre era tão doce.

Depois de dar uma olhada em Carly, Demi foi procurar Joe a fim de lhe pedir desculpas por ter feito um drama fora de proporção por causa do encontro dos irmãos. Também precisava explicar sua atitude, num esforço de fazê-lo entender por que tinha reagido de modo tão exagerado.

Optando por pegar o mesmo caminho que Joe havia feito quando se retirara da sala, Demi o encontrou sentado no terraço, um braço sobre o encosto almofadado do banco, olhando para a piscina iluminada em azul. No momento que ela se aproximou e parou na frente dele, Joe não reco­nheceu sua presença. Ou estava perdido em pensamentos, ou ignorando-a deliberadamente.

Eu só queria saber se você tem um pouco de sal para o corvo que estou prestes a comer disse ela, sua tentativa de humor fracassando.

Gabinete acima do fogão do lado direito replicou ele, sem olhá-la.

Eu só queria pedir desculpas, Joe. Sei que reagi de maneira exa­gerada. É apenas que...

Desculpas aceitas.

Demi não acreditou naquilo por um minuto, e não ia a lugar algum até que tivesse certeza de que ele a perdoara.

Você se importa se eu me sentar?

Fique à vontade.

Evidentemente, ele não ia ser nem um pouco receptivo. Não importava. Demi tinha uma tendência a persistir quando queria muito alguma coisa, e necessitava que ele a ouvisse. Com isso em mente, ela sentou-se no banco de balanço, mantendo um espaço razoável entre os dois.

Eu tive um dia horrível no trabalho. Sei que isso não é desculpa para o meu comportamento, mas o fato exerceu sua pressão.

Pelo menos aquilo chamou a atenção dele.

O que tornou seu dia pior do que qualquer outro?

Por mais difícil que fosse falar sobre a doença de Brandon novamente, ela se sentiu inclinada a explicar tudo para Joe.

Tive de contar a uns pais que o garotinho deles está terrivelmente doente.

Ele vai ficar bem? perguntou Joe.

É difícil dizer. Ele tem os sinais preliminares de leucemia, mas fará uma biópsia da medula óssea para confirmar de que tipo. Se a sorte estiver do lado deles, a leucemia é do tipo que pode ser tratada com quimioterapia, e talvez ele até consiga a cura permanente.

Quimioterapia é terrível para adultos disse ele com notável con­vicção. Não posso imaginar como uma criança é capaz de suportar isso.

Com muito apoio da família.

Como os pais do menino reagiram à notícia? Joe quis saber. Demi pressionou a ponte do nariz entre os dedos quando a recordação dos rostos deles lhe veio à mente.

Tão bem quanto possível, mas ficaram justificadamente arrasados. Pelo menos, eu fui capaz de lhes oferecer alguma esperança antes que a oncologia pediátrica assuma o caso. Infelizmente, eu não lidei muito bem com a notícia quando soube.

Como assim?

Eu quase desmoronei na frente de uma enfermeira e não posso me permitir esse tipo de reação emocional. Posso sentir compaixão, mas tenho de permanecer imparcial, de alguma maneira.

Você é apenas humana, Demi. E é muito dura consigo mesma. Sem­pre foi assim, no que diz respeito ao seu trabalho.

Eu não tenho escolha, Joe. Possuo muitas responsabilidades para deixar que emoções me guiem. Sempre fui capaz de manter tudo em pers­pectiva até hoje.

Tem certeza sobre isso?

Demi não tinha idéia sobre o que ele estava falando, mas pretendia descobrir.

O que você está dizendo exatamente?

Às vezes me pergunto se cada criança criticamente doente que você cuida é Carl.

Ela esperou que seu espanto diminuísse antes de dizer:

Eu não imaginava que você se lembrava dessa história.

Mesmo se eu não me lembrasse, o fato de que você deu o nome da nossa filha em homenagem a ele teria me feito lembrar. Mas eu jamais me esquecerei da primeira vez que você falou sobre Carl. Naquela noite, eu finalmente entendi o que a levara se tornar uma grande pediatra e uma defensora de crianças desprivilegiadas. Mas também percebi que talvez você tivesse problemas em aceitar o fato de que não pode salvar todas as crianças, assim como salvá-lo não estava em seu poder.

Como ele a conhecia bem. Talvez, algumas vezes, melhor do que ela conhecia a si mesma.

Se esse é o caso, talvez eu esteja na profissão errada.

Talvez o mundo precise de mais médicos como você murmurou Joe. Você apenas precisa aprender a aceitar que terá sucesso mais vezes do que fracassos, e que perda é uma parte inevitável da vida.

Manterei isso em mente. E ela tentaria. Mas é mais difícil agora que estou...

Fazendo malabarismo com maternidade e medicina e funcionando com muito pouco sono.

Quase a mesma coisa que Kathy havia lhe dito naquela tarde.

Certo, admito que não estou dormindo o suficiente.

É por isso que você deveria me deixar cuidar de Carly à noite.

Certo mais uma vez, entretanto...

Ela é meu bebê, Joe. Devo ser capaz de conciliar algum equilíbrio entre meu trabalho e os cuidados com Carly.

Você conseguirá assim que acabar o período de residência. Enquan­to isso, dê um intervalo a si mesma. É para esse fim que estou aqui, para diminuir um pouco o peso do fardo. Eu apenas desejaria que estivesse presente desde o começo.

Demi deu boas-vindas à memória alegre que penetrou seus pensamen­tos. Uma memória agridoce, porque Joe não tinha testemunhado o nas­cimento da preciosa filha deles. Mas pelo menos ela podia compartilhar essas lembranças com ele agora.

Sou provavelmente suspeita para falar, mas Carly era um bebê mui­to lindo quando nasceu. Tinha uma linda cabeça escura e os pés e mãos mais perfeitos. Também era bem pequenininha, não chegando a dois quilos e meio, mas felizmente bastante saudável para sair da unidade neonatal depois de apenas alguns dias.

Então ela não teve nenhum problema respiratório?

A preocupação na voz de Joe levou Demi a tranquilizá-lo.

Eles a colocaram no oxigênio logo após o nascimento, mas Carly não precisou por muito tempo. Ela é uma guerreira.

Ela ganhou isso de herança respondeu ele com um sorriso. Seu trabalho de parto foi difícil?

Demi recostou-se na almofada e retornou o sorriso.

De maneira alguma. Eu mal tinha acabado de chegar ao hospital quando ela nasceu. Na verdade, foi tão fácil que eu disse a J. W. que estava disposta a ter pelo menos mais três ou quatro filhos. Ela hesitou um momento antes de acrescentar: Nas circunstâncias certas.

Joe tornou-se estranhamente triste de novo.

Ele estava lá?

Ela podia adivinhar para onde aquela conversa se dirigia.

Ele não estava na sala quando Carly nasceu, mas chegou ao hospital aproximadamente cinco minutos depois que eu a tive.

Ele a segurou?

Lá vinha o ciúme paterno.

Sim.

Aquele desgraçado.

Demi estremeceu com o tom amargo da exclamação.

Ouça, Joe, eu o conheço há muito tempo. É normal que ele qui­sesse estar lá para me apoiar.

Talvez você queira repensar isso depois do que ele me disse quando ligou esta noite.

Demi tinha esquecido completamente que pedira para J. W. telefonar-lhe. Pela reação de Joe, talvez ela não quisesse saber o conteúdo daque­la conversa. Todavia, precisava perguntar.

O que ele lhe disse?

Nada bom. Joe a encarou com intensidade. Tem certeza de que você quer ouvir, depois do dia que teve?

Ela temeu que J. W. tivesse revelado as particularidades do verdadeiro relacionamento deles.

Fale de uma vez, Joe.

Ele disse que retornaria a ligação daqui a algumas semanas, depois que voltasse de uma viagem com a nova namorada, Cecily.

Demi ficou sem fala e sem saber como reagir. Então, algo totalmen­te ridículo aconteceu... ela riu por um bom minuto antes de cair num acesso de choro. Talvez o assalto de histeria fosse, em parte, alívio porque a farsa estava acabada. Talvez fosse uma liberação da tristeza acumulada pelo diagnóstico de Brandon. Talvez estivesse simplesmen­te enlouquecendo.

Eu sabia que deveria ter esperado para lhe contar disse Joe, enquanto se levantava e andava para dentro da casa. Demi inicialmente pensou que ele a deixara ali no sofrimento, até que ele retornou momentos depois com uma caixa de lenços de papel e entregou-lhe.

Ela enxugou os olhos e tentou recuperar a calma.

Fico feliz que você tenha me contado. E Cecily não é uma namorada nova. Ela e J. W. juntam-se e se separam desde o ensino médio.

Joe reassumiu o lugar ao seu lado.

Você quer que eu dê uma surra nele?

Demi conseguiu outra risada irônica.

Engraçado, ele me perguntou a mesma coisa quando eu lhe contei sobre o nosso rompimento.

Joe sorriu.

Nós deveríamos brigar então e resolver isso de uma vez.

Isso não é necessário, e eu ficarei bem. Não teria dado certo entre nós, de qualquer maneira. Por diversas razões, a primeira delas sendo que J. W. era apenas um amigo, e era isso que ele sempre seria.

Venha aqui. Joe passou um braço ao redor de seu ombro e a puxou para mais perto. Ele não merecia você.

Completamente destituída de energia, e com grande necessidade de consolo, Demi pôs o lenço de papel no bolso e inclinou-se contra ele.

Obrigada por dizer isso, e desculpe por todo o tumulto emocional pelo qual tenho passado ultimamente. Não se trata apenas do que aconte­ceu hoje. Eu me preocupo por não estar sendo uma boa profissional no trabalho. Temo não estar fazendo o bastante por Carly. Você acredita que eu realmente esqueci que ela fez quatro meses ontem?

Anteontem corrigiu ele.

Agora eu me sinto ainda pior.

Joe a apertou levemente.

Você está com muitas coisas na mente, Demi. Precisa relaxar.

Que piada!

Eu não consigo relaxar. Nem mesmo me lembro como se relaxa.

Ele beijou-lhe á testa.

Você é uma excelente mãe. E desde que eu a conheço, sempre teve problemas para relaxar.

Não é verdade. Eu conseguia relaxar com você.

Sim, mas era necessário algum esforço da minha parte.

Tudo que tinha sido necessário era o tom da voz, o toque, a presença de Joe.

Você sempre teve um jeito incrível de me acalmar com conversas quando eu estava tensa.

Pensei que você tivesse dito que nós nunca conversávamos.

Ela queria acreditar que o relacionamento deles tinha sido somente se­xual. Estava errada.

Suponho que tivemos mais do que algumas conversas memoráveis.

Sim, tivemos.

Demi havia intencionalmente bloqueado a maior parte dos bons mo­mentos para tornar o fim mais fácil. Não que tivesse sido fácil de qualquer maneira. Não que ela superara aquele telefonema insensível. Mas quando Joe pôs o balanço em movimento, e eles permaneceram num silêncio amigável, ela secretamente reconheceu que apreciava a proximidade atual dos dois, o ombro de Joe no qual descansar, os conselhos dele. Sem mencionar o aroma maravilhoso, o tipo de cheiro que deixava uma mulher agradavelmente tonta. Um cheiro que trazia lembranças de fazer amor en­quanto eles eram cercados por velas fragrantes, algo que tinham feito algu­mas vezes no apartamento de Joe. Oh, as coisas que haviam feito naque­le apartamento...

A ponta dos dedos que subiam e desciam suavemente ao longo de seu braço agora a lembrava do jeito como ele costumava tocá-la. E quanto mais Joe continuava com as carícias, mais excitada ela ficava.

Joe a excitara muitas vezes, e a lembrança dessas ocasiões, combi­nada com as memórias que ele ressuscitara no galpão naquela manhã, co­meçaram a tomar conta de Demi. Certo ou errado, ela queria alguma coisa que apagasse as lembranças de um dia horrível. Algo íntimo, como um beijo... ou mais.

Quase posso ouvir os pensamentos girando nesta sua cabecinha disse ele.

Você não tem idéia do que eu estou pensando, Joe. Se tivesse, fugiria ou a agarraria.

Você ainda está se castigando por não ser invencível.

Ela parara de pensar naquilo, com a ajuda dele.

Não tanto quanto antes.

Então está fazendo uma lista mental de todas as suas tarefas de amanhã.

Demi estava compondo uma lista mental dos motivos pelos quais deve­ria ignorar o forte desejo carnal que a fazia querer suplicar-lhe menos con­versa e mais ação.

Errado.

Então está pensando que, daqui a algumas horas, assim que você tiver adormecido, Carly vai acordar para uma mamadeira.

Agora ela se sentiu culpada, de alguma maneira.

Não, mas obrigada por me lembrar.

Certo, está refletindo por que está sentada com um homem que a dis­pensou por nenhuma razão aparente além de uma fobia por compromissos.

Um homem sexy que por acaso estava disponível, e lhe era familiar. Além disso, ela não queria um compromisso dele agora, apenas um pouco de conforto.

Demi levantou a cabeça e olhou-o diretamente.

Na verdade, eu estava pensando que gostaria que você se calasse e me beijasse.

Um momento de indecisão cruzou as feições de Joe antes que ele pusesse os cabelos dela atrás de uma orelha e lhe emoldurasse o queixo com a mão. Atendeu ao pedido roçando-lhe os lábios com os seus, mas apenas brevemente. Então repetiu o gesto, demorando-se um pouco mais. Na terceira passagem, ele a beijou completamente, com ardor.

Como ela sentira falta dos beijos de Joe, da gentileza dele, de suas técnicas incrivelmente tentadoras! A habilidade de fazê-la se sentir tão... tão... excitada. Algumas carícias ao luar eram inofensivas, contanto que aquilo não fosse longe demais. Mas quando o beijo continuou, aprofundando-se e intensificando-se, Demi desejou mais.

Como se lesse seus pensamentos, Joe deslizou uma das mãos por baixo de sua blusa e acariciou-lhe as costelas. O bom-senso tentou conven­cê-la a parar com aquela loucura imediatamente, mas quando ela fora ca­paz de chamar o bom senso em momentos que o envolviam? Não levou muito tempo antes que Demi estivesse se contorcendo de modo inquieto contra ele, silenciosamente incentivando-o a avançar. A levá-la ao limite e além, como ele um dia fizera.

Quando Joe deslizou a palma ao longo da curva de seu quadril e curvou-a no interior de sua coxa, bem acima do seu joelho, Demi não podia agüentar mais. Ela puxou-lhe a mão para cima, guiando-o para o lugar onde mais queria a atenção dele.

Demi afastou a boca tempo suficiente para sussurrar:

Eu preciso...

Eu sei do que você precisa disse ele. Algumas coisas a gente nunca esquece.

No momento que Joe a beijou novamente, Demi esperou pelo puxão do cordão em sua cintura, pela sensação dos dedos másculos sob suas rou­pas. Em vez disso, ele a massageou por cima do tecido de algodão, suave­mente no começo, em seguida aplicando mais pressão. O clímax aconte­ceu com tanta rapidez e força que ela estremeceu e gemeu.

Isso não requisitou muito esforço da minha parte disse Joe, acompanhado de uma risada baixa e sexy.

Demi não sabia se devia se sentir mortificada ou grata.

Faz tempo.

E como. Ele abaixou a braço que rodeava o ombro dela. Agora que você está relaxada, é hora de dormir.

Demi não estava tão embaraçada ao ponto de não querer terminar o que eles tinham começado, apesar das circunstâncias.. Apenas sexo conveniente, como Macy colocara de forma tão graciosa. E se ela realmente acredi­tasse que aquele era o caso, então estava louca.

Minha cama ou a sua?

Joe se levantou do banco de balanço e a encarou.

Você vai para a sua cama e eu vou para a minha.

Ela sentiu como se ele tivesse esmagado seu ego.

Obrigada, Joe. Você teve sucesso em me fazer parecer uma tola desesperada. Se não queria terminar isso, então, por que começou?

Eu não comecei.

Oh, Deus, ele estava certo.

Então, por que simplesmente não me falou que não queria isso?

Ele apoiou uma das mãos no encosto do banco e a outra sobre o braço, e inclinou-se para a frente, tão perto que ela poderia beijá-lo novamente.

Se acredita que eu não quero despi-la e estar dentro de você agora, então não me conhece nem um pouco.

Pelo menos aquilo proporcionava alguma salvação para a auto imagem de Demi.

Se isso é verdade, então o que o está detendo?

Joe endireitou o corpo e passou a mão pelos cabelos.

Eu não vou me aproveitar de você quando está vulnerável. E não vou fazer amor com você a menos que tenha certeza que quer estar comi­go, não porque está procurando vingança ou diversão no sexo.

Ela devia lhe contar sobre seu verdadeiro relacionamento com J. W., mas aquele segredo era sua última linha de defesa. Uma linha que tinha começado a se romper.

Eu não sei o que estou procurando, Joe. Aquela era a resposta mais honesta que Demi podia dar.

Foi o que pensei. O tom de voz dele era carregado de desapon­tamento.

Demi se levantou e puxou a bainha da blusa.

Você tem razão. É melhor dormirmos em quartos separados e esque­cer que isso aconteceu. Pelo menos ela poderia tentar esquecer.

Joe apontou para ela.

E eu vou cuidar de Carly esta noite, de modo que você possa ter um sono ininterrupto.

Demi estava muito cansada para discutir.

Tudo bem. Mais alguma coisa?

Quando ela começou a andar, Joe deu um passo atrás.

Sim. Vá para a cama antes que eu dê adeus aos princípios e mude de idéia.

Demi foi tomada por um estranho senso de poder.

Não se preocupe, Joe. Vou tentar resistir ao impulso de violentá-lo no meio da noite. Mas não faço promessas.

Ela virou-se e caminhou para dentro da casa, enquanto refletia como Joe estivera errado sobre sua motivação. Ela não queria diversão. Não gostava de sexo conveniente. Ela o queria... tanto que chegava a doer. Sem­pre o quisera. Mas tê-lo vinha com um alto preço, porque conhecia Joe Jonas.

Conhecia a habilidade inata dele de fazer uma mulher se sentir como se nenhuma outra jamais tivesse existido. Também sabia que ele tinha um hábito de deixar uma trilha de corações partidos... o seu entre eles. Toda­via, Demi era mais forte agora. Podia lutar contra envolvimento emocionai. Poderia aceitar o que Joe estava disposto a dar, contanto que não cruzas­se a linha do amor.

É claro, teria de convencê-lo a participar. Isso exigiria paciência e uma dura batalha. Experiência lhe ensinara que expectativa era o melhor afrodisíaco do mundo.

Mas o risco valia realmente a pena? Oh, sim, valia. Ele valia.

***


Joe rolou na cama, olhou para o relógio e percebeu que tinha dormido a noite inteira... sem acordar nenhuma vez com Carly. Ele se sentou e fo­cou na luz vermelha iluminando o monitor, que indicava que estava fun­cionando. A menos que o receptor tivesse quebrado. Ou que alguém o ti­vesse desligado intencionalmente.

Ele suspeitava quem esse alguém podia ser. Demi, provavelmente, dor­mira no quarto do bebê, afim de assumir o turno noturno, ignorando suas tentativas de lhe dar um descanso. Pelo menos, o arranjo havia durado quase uma semana. E três dias atrás ela finalmente concordara em deixá-lo pegar Carly na creche ao meio-dia.

Desde então, Joe tinha estabelecido uma boa rotina com a filha... ele trabalhava pelas manhãs e brincava de papai durante as tardes. A noite, na companhia de Demi, os dois fingiam que nada havia aconteci­do naquela noite no terraço. Contudo, por seis dias inteiros ele não pensava em outra coisa, enquanto ela se tornara distante, fazendo pro­vocações sutis destinadas a levá-lo à loucura. Um roçar acidental na cozinha, entrando na sala com apenas uma toalha enrolada no corpo, então agindo como se estivesse surpresa ao encontrá-lo diante da tele­visão. Pura tortura.

Forçando-se a reprimir os pensamentos, Joe saiu da cama, vestiu um short de ginástica, e quando entrou no hall, ouviu um baralho vindo da co­zinha. Encontrou Demi parada junto da pia, enchendo a cafeteira de água.., vestida naquele tentador pijama de zebra. Aquele era o pior tipo de puni­ção... olhe, mas não toque.

Ele se sentou num banco de bar e uniu as mãos sobre o balcão num esforço para controlá-las.

Onde está o bebê?

Incrivelmente, ainda dormindo respondeu ela, sem olhá-lo. Chequei poucos minutos atrás.

Quantas vezes você acordou com ela esta noite?

Demi o encarou, parecendo um pouco assustada, meio confusa.

Não tenho idéia sobre o que você está falando. Eu não acordei uma única vez com Carly.

Alarmes tocaram na cabeça de Joe.

Nem eu.

Ele saiu correndo da cozinha para o corredor, Demi o seguindo de perto. Enquanto girava a maçaneta do quarto do bebê, um pensamento horrível lhe ocorreu. Carly estava doente e ninguém estivera lá para ela. Ou estava no berço, chutando os pezinhos e produzindo sons incoerentes de bebê.

Ela está bem? Demi perguntou atrás dele.

Silenciosamente, Joe fechou a porta e sorriu.

Ela está bem. Não tenho certeza o que está dizendo para as próprias mãozinhas, mas parece bastante animada. E uma vez que você não acor­dou com o choro de Carly, e eu também não acordei, isso significa...

Ela dormiu á noite inteira.

Sem aviso, Demi atirou-se nos braços de Joe e envolveu as pernas ao redor de sua cintura. Ele a girou algumas vezes antes de deslizá-la até o chão, colocando-os em contato íntimo com as roupas finas que os separa­vam. Pior, Demi não o soltou imediatamente. Grande erro.

Cem flexões e um banho de 45 minutos toda noite vinham sendo a única maneira de Joe controlar sua libido. Considerando seu estado de excitação atual, teria de fazer 200 flexões e passar uma hora debaixo do chuveiro antes que pudesse começar o dia.

Com o que lhe restava de força de vontade, Joe virou-se de costas para ela, cruzou as mãos atrás da nuca e começou a ir em direção ao seu quarto.

Cuide de Carly, por favor. Eu preciso de alguns minutos. Ele precisava de um balde de gelo dentro de seu short.

Algum problema, Joe?

Ele parou e olhou por sobre o ombro para vê-la sorrindo.

Pode-se dizer que sim.

Por acaso é aquela condição matinal exclusivamente masculina co­nhecida como intumescência peniana noturna?

Ele virou-se de frente novamente, com o risco de confirmar o diagnos­tica dela.

Sabe como eu adoro quando você fala coisas eróticas comigo em termos médicos, mas isso não tem nada a ver com a hora do dia. Você acabou de roçar seu corpo seminu no meu corpo seminu. Adicione isso à sua sedução progressiva e obtenha o que está causando meu problema.

Ela olhou para baixo, vendo o problema em questão, então ergueu os olhos novamente.

Você teve sua chance na outra noite no terraço.

Joe estava bastante ciente daquilo.

Nós já falamos sobre isso, Demi.

Eu sei, e precisamos aprofundar a discussão quando eu chegar em casa esta noite.

Ele lembrou-se do e-mail que tinha recebido na noite anterior, depois que Demi fora para a cama, e o dilema se apresentou.

Eu não estarei aqui quando você chegar em casa. Preciso voar para Atlanta esta tarde.

Ela franziu o cenho.

Porquê?

Porque fui chamado por uma grande revista. Eu tentei me livrar sugerindo uma conferência por telefone, mas eles querem um encontro cara a cara. São só dois dias. Tenho de jogar golfe no sábado com as "fe­ras", mas volto na noite de sábado.

Que conveniente. Agora você tem uma desculpa real para me evitar.

Joe coçou o maxilar.

Isso não é nem um pouco conveniente, e eu não estou evitando você.

Demi cruzou os braços sob os seios.

Sim, está. Quando eu chego em casa, você vai para a academia de ginástica ou para o galpão a fim de se exercitar por horas. Depois do jantar, recolhe-se em seu escritório até que seja hora de Carly ir para a cama.

Certo, então ele a vinha evitando, por bons motivos.

Eu somente estou fazendo o que você pediu, Demi. Deixando-a ter algum tempo de qualidade com Carly.

Você mal me olha, Joe. Sinto que tenho algum tipo de vírus para o qual não existe cura.

Demi tinha... atrativos sexuais virais que o faziam suar frio.

Estou olhando para você agora, e está me matando não levá-la para a cama e cuidar do meu problema. Mas imagino que isso é exatamente o que você pretende, usando esse bendito pijama.

Ela deu de ombros.

Eu não tinha outro traje para dormir, pois não tive tempo de lavar roupa esta semana.

Desculpa esfarrapada, na opinião de Joe.

Minha faxineira vem toda sexta-feira, que por acaso é amanhã. Se você deixá-la lavar suas roupas quando ela lava as minhas e as de Carly, isso não será mais um problema.

Sou capaz de lavar minhas próprias roupas, obrigada.

Vamos, Demi, admita. Você está tentando me manter excitado e per­turbado.

Eu não estou tentando fazer nada, Joe. Além disso, você tem a tendência de se excitar com coisas insignificantes.

Como o fato de que posso praticamente ver através da blusa que você está usando? E o efeito que sua observação tinha nos seios dela.

Demi mudou o peso do corpo de um pé para o outro.

Olha quem está falando. Você nem mesmo está usando uma camisa. Joe deslizou a mão do tórax até o cós de seu short, somente para ver como ela reagiria. E Demi reagiu mordiscando o lábio inferior.

Isso a excita? Porque agora você sabe exatamente como eu me sinto. Ou estamos engajados em algum tipo de competição para ver quem se rende primeiro?

Acredito que eu fiz isso naquela noite no terraço.

Não, você ameaçou fazer.

Eles continuaram parados ali, se olhando, enquanto Joe imaginava pressioná-la contra a parede e beijá-la até tirar aquele sorriso dissimulado do rosto dela. Remover aquele pijama sexy realmente devagar...

O som do choro de Carly suspendeu temporariamente a tensão entre os dois, e serviu como um lembrete do por que ele não poderia agir sobre seus desejos. Mas aquela tensão estaria presente durante todo o tempo que eles estivessem morando juntos? Assim que pudesse pensar com clareza nova­mente, ele teria de decidir o que fazer sobre aquilo.

A que horas você vai sair? perguntou Demi quando começou a ir em direção ao quarto do bebê.

Meu vôo é às 16h. Más ele tinha um compromisso duas horas antes disso. Passar no laboratório, algo que não mencionaria até que tives­se os resultados, se é que falaria sobre o assunto.

Quando ela se virou em direção ao quarto e lhe permitiu uma vista do traseiro firme e arredondado, um dos aspectos favoritos dele, Joe não pôde evitar.

Belo traseiro, Lovato.

Ela abriu a porta parecendo precisar de uma fuga rápida.

Vou ligar para a creche e avisar que Carly ficará lá o dia inteiro.

E eu ligo para você esta noite.




Demi tinha esperado a noite inteira pelo telefonema de Joe. Quando o telefone finalmente tocou, ela estava deitada no sofá da sala, mudando os canais da tevê aleatoriamente e não pensando em nada... exceto nele.

Ela atendeu com um casual "Olá", e ele respondeu com "Oi".

Agora o quê? Algo geral seria melhor.

Você fez um bom vôo?

Estava lotado, graças ao feriado.

Demi nem mesmo considerara aquilo.

Esqueci completamente que este é o fim de semana de 4 de Julho.

Isso me lembra algo disse ele. Espero que você não esteja de plantão este fim de semana, porque falei com minha mãe e ofereci nossa casa para a celebração no domingo.

Nossa casa. Demi ainda não via á Casa como sua.

Não, eu não estou de plantão. O que preciso preparar para essa pe­quena reunião?

Absolutamente nada. Eu irei fazer hambúrgueres na grelha, e o res­tante da família vai levar alguma coisa para colaborar. Eles vêm fazendo isso há tanto tempo que nunca nem consideram mudar a rotina.

Talvez eles sim, mas não Joe. Pelo que ele lhe contara sobre o pas­sado, vinha evitando a maioria das reuniões familiares nos últimos anos.

Parece que este vai ser um grande momento.

E você finalmente poderá conhecer meus pais. Adorável.

Espero que eles não se importem com isso.

Eles não se importarão. Apenas se lembre do que eu lhe falei sobre meu pai. Prepare-se para muitos ditados irlandeses que não fazem o menor sentido.

Ela riu.

Eu me lembrarei.

Como vai a minha outra garota? perguntou ele. O jeito que ele falou outra garota fez Demi refletir.

Ela estava um pouco agitada, mas no momento está dormindo como um bebê. Provavelmente, porque é um bebê. Que brilhante, Demi. Carly sente sua falta.

E eu sinto falta dela. Sinto sua falta também.

Ela não sabia bem como responder, então escolheu mudar de assunto.

Como foi sua reunião?

Bem. Ótima, na verdade. Eles querem que eu me mude para Atlanta e assuma o cargo de diretor-executivo no departamento de criação. Isso significa um bônus e um aumento de salário. Mas também significa mais horas de trabalho e algumas viagens.

Demi censurou-se silenciosamente por se importar se ele viajaria ou não. No grande esquema das coisas, isso não importava. Ela tinha a sua carreira, e Joe, a dele.

Você vai aceitar?

Estou inclinado nessa direção. A casa ficará solitária quando você e Carly se mudarem. Vou precisar de alguma coisa para ocupar meu tempo. Além disso, Atlanta fica a apenas seis horas da área Jackson. Eu poderia fazer essa viagem de carro em um dia para ver Carly.

Quando você não estiver viajando adicionou Demi, uma tensão inconfundível no tom de voz.

Não está nada decidido ainda. Eu disse a eles que darei uma respos­ta até setembro. Enquanto isso, continuo trabalhando de casa.

Outro tópico precisava ser coberto, e agora parecia um bom momento para Demi introduzi-lo.

Sobre está manhã, Joe.

Eu sei. Eu meio que perdi o controle de minha boca. Sinto muito.

Não, você não sente.

Certo, eu não sinto. Mas não fui o único a fazer insinuações.

Demi não poderia discordar daquilo.

Você está certo. E aproveitando que estamos sendo abertos um com o outro, eu tenho uma confissão a fazer.

Sobre?

Ela respirou profundamente e exalou devagar.

Eu inventei a extensão de meu relacionamento com J. W, Na verda­de, ele é apenas um amigo.

Houve um momento de silêncio antes que ele perguntasse:

Então vocês dois nunca foram um casal?

Um casal de amigos de infância, nada mais. Como esperado, ele estava lá para me apoiar quando Carly nasceu, porém, mais como um tio substituto.

Depois de sua reação quando eu lhe contei sobre a namorada dele, pensei...

Que eu estava triste sobre o fim de nosso suposto relacionamen­to. Meu choro foi resultado do estresse acumulado, não da namorada de J.W.

Eu estou confuso, Demi. Por que você mentiu sobre isso?

Achei que se você pensasse que eu estava envolvida com outro homem então o que está acontecendo entre nós não aconteceria. E fun­cionou por algum tempo, até que J. W. estragasse tudo, deixando aquele recado.

Para sua informação, você não precisa se proteger de mim. Como afirmei, não farei nada que você não queira.

E este era o problema. Ela queria que ele fizesse tudo que gostaria... exceto partir seu coração novamente.

Você está zangado?

Não, eu não estou zangado. De modo algum, entendo sua autoproteção. Sou um mestre em construir barreiras.

Ela estivera do lado de fora daquelas barreiras, fazendo o possível para derrubá-las, sem sucesso. Pelo menos até recentemente.

Você parece muito mais aberto do que costumava ser, Joe.

Estou trabalhando nisso, Demi. Mas ainda tenho alguns assuntos com os quais preciso lidar.

Querer continuar solteiro talvez fosse um dos assuntos.

Pode ser mais objetivo?

Vamos apenas dizer que muita coisa aconteceu enquanto nós estáva­mos separados. Tais eventos me levaram a buscar maior autoconhecimento. Conversaremos sobre isso quando tivermos mais tempo. Levará algu­mas horas para eu explicar.

A atitude instigou a curiosidade de Demi. Todavia, se ela o pressionasse por mais informações antes que ele estivesse pronto, aquilo poderia fazê-lo se fechar ainda mais,

Enquanto isso, o que fazemos sobre o que existe entre nós?

O que você quer fazer sobre isso?

Demi detestava quando alguém respondia uma pergunta com outra per­gunta, especialmente quando a resposta era arriscada.

Bem, somos, ambos adultos maduros. Contanto que saibamos nossa posição antes de estabelecermos uma conexão física, que nos dará prazer até o momento de minha partida, então não vejo motivo lógico para que não possamos deixar a natureza seguir seu curso.

Ele deu uma gargalhada.

Sinto como se tivesse acabado de ter uma sessão com uma conse­lheira em relacionamentos.

Ela sempre tendia a ser analítica quando se tratava de conflito.

Em termos leigos, não acho que seremos capazes de impedir o que está acontecendo, a menos que um de nós consinta ser trancado num closet pelas próximas semanas.

Ambos temos livre arbítrio, Demi. O ponto é que nenhum de nós quer parar.

Pura verdade.

Então concordamos que iremos parar de lutar contra isso?

Com uma condição. Eu gostaria de saber se vai me perdoar um dia pela maneira como terminei com você.

Eu perdoei você, Joe. Mas é algo que jamais vou esquecer. Por isso preciso ser cautelosa. Exatamente por que tinha de tratar o ato de amor com Joe de forma casual. Talvez aquilo se provasse ser extrema­mente difícil, se não impossível.

Bastante satisfatório disse Joe. Então deixaremos a nature­za seguir seu curso.

Demi consultou o relógio, e após perceber a hora da noite, decidiu que devia terminar aquela conversa.

Agora que estamos combinados sobre nossos problemas químicos, é hora de dormir.

Parece uma boa idéia, querida, mas uma vez que eu estou aqui e você aí, a cama não é tão atraente. .

Pouco a pouco o Joe que ela conhecera antes tinha subido à superfí­cie. O Joe que sussurrava palavras sexies e doces, que podia levá-la ao prazer extremo somente com o som de sua voz.

Acredite, eu preciso muito dormir. Mas realmente apreciei nossa conversa, a qual me lembrou das conversas que costumávamos ter quando você saía da cidade para uma entrevista.

Sem chance, a menos que eu diga alguma coisa assim. Joe abaixou o tom de voz e sussurrou palavras estimulantes e sensuais que sugeriam o que ele faria se eles estivessem juntos naquele momento.

Demi pôs a mão sobre seu coração disparado.

Ora, Joe Jonas, eu estou chocada.

Está mesmo? Você costumava gostar disso, e se me recordo correta­mente, não pronunciou um termo anatomicamente preciso.

Felizmente, ele não podia vê-la enrubescendo. Isso foi antes de eu ser mãe de uma garotinha.

Não tem problema ser safada, Demi. Ser mãe não deve causar im­pacto em sua sensualidade natural. Além disso, como acha que crianças ganham irmãos?

O sorriso na voz dele a fez dar seu próprio sorriso.

Certamente você não está sugerindo que nós façamos um irmão ou uma irmã para Carly.

Um silêncio ensurdecedor se seguiu, levando Demi a acreditar que o medo dele de se acomodar ainda existia, apesar do amor que sentia por Carly.

Eu estou brincando, Joe.

Eu sei que está. Agora vá para a cama e lembre-se do que lhe falei minutos atrás.

Oh, sim. Eu irei para a cama com o corpo em chamas sem ninguém para me esfriar.

Eu gostaria que pudesse estar aí para ajudá-la, querida. Mas se você quiser continuar conversando ao telefone para que eu lhe cause algum alí­vio, posso fazer isso. Não, Joe. Eu só quero que você volte correndo para casa e para mim.


~
 
Oi gente, eu tinha programado o capitulo no horário certo, mas eu acho que o horário do blog é diferente do nosso hahahaha enfim, irei continuar postando se vocês comentarem e por favor, comentem mais sobre o capitulo!! Comentem, beijoos <3

6 comentários:

  1. Ahhh pode postar mais. Necessito desaa fic

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  2. Pode postra mari. Morrendo de curiosidade !

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  3. Amei amei e esses dois se provocando me mato de rir kkkkkkk
    Continua...
    Fabiola Barboza :*

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  4. MAAAASSS GENTEEE... ARRASOU.. *-----*
    ESPERANDO POR MAIS..
    KISSES!

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