~
Ele
podia
lidar com um simples beijo. Um beijo casto
de boca fechada, um beijo de amigos. Mas um beijo de boca aberta, um
beijo profundo e íntimo era
mais do que Joe podia suportar.
Se não acabasse
com aquilo imediatamente, corria o risco de levar Demi direto para
seu quarto, sem pensar duas vezes. Se não
controlasse suas mãos, as
quais, de algum modo, tinham viajado para o traseiro dela, poderia
conseguir chegar apenas na saleta de televisão.
E se Demi não parasse
de pressionar o corpinho doce contra o seu, talvez eles tivessem de
se reencontrar na ilha da cozinha.
Mas ele não ia
levá-la a nenhum lugar, e
não porque não
queria. Se fizesse um movimento errado, comprometeria suas boas
intenções, assim como sua
honra recém-encontrada. E,
sim, isso era horrível.
Com a pouca resistência
que lhe restava, Joe rompeu o contato, dando um passo muito
necessário para trás.
E enquanto Demi permanecia atônita
e silenciosa, ele rodeou a ilha, colocando uma massa sólida
de granito e madeira entre os dois, e ocultando o efeito incendiário
que o beijo tivera sobre seu corpo.
Ele mal conseguia respirar, mas pelo menos tinha mantido
o zíper fechado. Seu
pai ficaria orgulhoso.
Demi apoiou os cotovelos sobre a ilha e cobriu o rosto
momentaneamente, antes de olhá-lo.
— Eu não
acredito no que acabou de acontecer.
Joe ergueu ambas as mãos
com palmas viradas para a frente.
— Eu não fiz
isso. — Ele parecia uma
criança que tinha sido pega
colando na prova.
— Você devia
ter dito alguma coisa para me deter.
— Difícil
falar quando tenho sua língua
dentro da minha boca. E realmente é
difícil pensar quando você
tem suas mãos sobre mim.
— Eu sei, eu sei. —
Ela bateu as palmas das mãos
no balcão e endireitou
o corpo.— Fiz isso duas
vezes agora.
Duas vezes? Ele havia perdido alguma coisa?
— A menos que tenham feito isso quando eu estava em
coma, só aconteceu uma
vez.
— Eu quis dizer que quebrei as regras duas vezes. O
beijo e a conversa sobre o passado, a qual levou ao beijo. Se você
não tivesse começado
com a história
"senti saudade sua, querida", então
isso não teria acontecido.
— Oh, então
agora a culpa é minha.
— É culpa de nós
dois, e isso não vai se
repetir.
Se Joe pudesse opinar, aquilo iria
se repetir. Diversas vezes. Um dia. Uma
noite.
— Lembre-se, fui eu quem me afastei antes que as
coisas fossem longe demais. E ambos sabemos aonde teríamos
chegado se eu não tivesse
parado.
Ela franziu o cenho.
— O Joe Jonas que eu conheci antes não
teria interrompido o beijo. Então,
por que você fez isso?
— Em primeiro lugar, eu não
sou o mesmo homem que você
conheceu um ano atrás.
Segundo, você não
tinha um namorado na época.
— E aquilo levou a uma
pergunta que ele vinha querendo fazer a algum tempo. —
A propósito, por que ele não
lhe telefonou?
Demi não o
olhou quando respondeu:
— Ele tem somente o número
do meu celular, e nós dois
andamos ocupados.
Hora de um pequeno interrogatório
necessário.
— O que ele faz para viver exatamente?
Ela o fitou.
— Por que a pergunta?
— Porque quero saber um pouco sobre o homem que talvez
crie minha no futuro.
— Ele é
mecânico.
Aquilo era totalmente inesperado.
— Oh, sério?
— Algum problema com isso, Joe?
Joe tinha um único
problema com o sujeito... o envolvimento dele com Demi.
—Não tenho
nada contra mecânicos. Eu já
os usei antes. Mas você não
falou que ele possuía um
negócio próprio?
Ela suspirou.
— Sim. Quer saber mais alguma coisa? Talvez o partido
político que ele apóia, ou
o número do sapato que usa?
Joe estivera esperando o momento certo para fazer a
pergunta mais importante, e aquele momento chegara.
-— Ele sabe
que você está
morando aqui?
Uma expressão
de culpa cruzou o semblante de Demi.
— Não, mas
pretendo contar em breve. Apenas não
tive chance.
Como se ele acreditasse naquilo...
— Ele não vai
gostar disso, vai?
— Ele não vai
se importar. Confia... —As
palavras falharam enquanto ela desviava o olhar.
Joe teve uma idéia
que poderia ajudar. Ajudá-lo
a descobrir se poderia gostar do cretino.
— Se você
quiser que eu fale com ele...
— Não! —A
exclamação veemente ecoou
no cômodo.
— Tudo bem. Se ele ligar, finjo que sou o jardineiro.
Demi suspirou.
— Vou tomar um banho agora.
— E quanto ao seu jantar?
— Eu não
estou com fome.
— Todos os sinais indicam o contrário.
Ou talvez eu deva dizer que todas as bocas apontam o contrário.
Ela deu um sorriso forçado.
— Cale-se, Joe.
— Certo, mas antes eu tenho um pedido.
Demi lhe deu um olhar desconfiado.
— Se você vai
me pedir para...
— É sobre Carly. Quero começar
a apanhá-la na creche ao
meio-dia, começando de
amanhã.
— Você pode
pegá-la às
16h.
Não bom o
bastante, na opinião de Joe.
— Àsl3h.
— Àsl5h.
— Combinado.
Joe ficou surpreso por ela não
ter continuado a discussão.
Ou estava muito cansada para argumentar, ou decidira compensá-lo
pelo beijo.
Quando um chorinho soou do monitor sobre a bancada perto
do fogão, Demi disse:
— Eu não a vi
o dia inteiro, então
cuidarei de Carly. A menos que você insista
em fazer isso.
Normalmente, ele insistiria. Mas se saísse
de trás da ilha, revelaria o
estado exato de sua excitação.
— Vá em
frente. Eu pego o próximo
turno. No momento, vou ficar aqui mais alguns minutos e me acalmar.
Finalmente ela sorriu.
— Oh, aquilo.
— Sim, aquilo.
E "aquilo" poderia mantê-lo
acordado pela maior parte da noite.
Homens
bonitos
e seus brinquedos deveriam ser algo
proibido, pensou Demi ao entrar no galpão
no meio da manhã e encontrar
Joe levantando pesos. Uma vez que o banco estava virado
horizontalmente para ela, ele não
viu quando ela entrou. E isso deu a Demi alguns momentos para fazer
numa pequena inspeção
secreta.
Ela havia passado seu treinamento médico
estudando anatomia, não
somente das crianças, mas
também de homens e mulheres
de todos os formatos e tamanhos. A essa altura, não
deveria se sentir afetada pelo corpo
humano. Pelo corpo humano de Joe. Um corpo
incrivelmente humano e másculo.
Todavia, cada músculo
forte dos braços e das
pernas expostos pelo short curto e justo que ele usava, cada veia
proeminente que aparecia quando ele levantava os pesos, cada plano e
ângulo da anatomia de Joe
capturava sua atenção.
Mesmo quando ele estava suando e ofegando com o esforço.
Ela precisava dizer o que pretendia antes que se
encontrasse num lamentável
estado de excitação. Já
caíra naquela armadilha na
noite anterior. E mesmo nesta manhã,
quando ela lhe entregara o bebê
para que pudesse tomar banho, havia precisado de toda a sua força
de vontade para não
explorar a boca de Joe novamente.
No exato momento que Demi ia pigarrear para lhe chamar a
atenção, Joe derrubou o
peso sobre a barra, desceu o banco, sentou-se e balançou
as pernas sobre a lateral. Quando ela moveu-se para o campo de visão
dele, Joe pareceu muito surpreso.
— O que você
está fazendo aqui? —
perguntou ele se levantando e passando um braço
sobre a testa suada. —
Esqueceu alguma coisa?
Ela esquecera de si mesma na noite anterior. Poderia ter
um lapso de memória neste
momento se não parasse de
olhar para aquelas coxas bem torneadas, e uma área
não muito distante, acima
das coxas.
— Na verdade, eu deixei Carly na creche e subitamente
me lembrei que a fórmula
estava acabando. Depois que acabei de atender os pacientes no
hospital, passei no mercado e comprei mais. —
Somente uma desculpa para retornar, e não
muito boa.
Claramente, ele percebia que era uma desculpa.
— Você
poderia ter me ligado, em vez de dirigir todo o caminho de volta até
aqui.
— Certo, este não
foi o único motivo pelo qual
eu voltei. Quero conversar sobre o que aconteceu na cozinha.
— O café não
estava tão ruim esta manhã.
Talvez um pouco forte, mas já
tomei piores. — O sorriso
de Joe era provocativo, assim como o tom de voz.
— Eu não me
referia ao café, e você
sabe disso. Ele apontou para uma prateleira à
esquerda de Demi.
— Pode me passar uma toalha?
Em vez de arriscar muita aproximação,
Demi pegou a toalha branca e jogou para ele. Após
cair no chão, Joe pegou do
piso de cerâmica marrom
e esfregou-a lentamente no pescoço
e no peito. Como ela desejou ser aquela toalha...
— Como eu estava dizendo —
continuou ela —, preciso
explicar minhas ações
da noite anterior.
Ele jogou a toalha sobre a barra lateral da esteira. —
Não
precisa explicar nada, Demi. Eu sei o que está
acontecendo com você.
Ela devia ser muito transparente.
— Oh, sabe mesmo?
— Sim. Seu namorado está
a quilômetros de distância
e seus hormônios estão
sobrecarregados. Isso acontece.
Ele estava tão
longe da verdade que aquilo nem mesmo era engraçado.
Exceto talvez pela teoria dos hormônios.
— Você não
tem idéia do que está
falando.
— Eu sei exatamente do que estou falando. Quando nós
estávamos juntos, por
aproximadamente três ou
quatro dias do mês, eu não
podia me aproximar que você
me agarrava. Não importava
onde estávamos. Em
restaurantes, você
punha a mão sobre minha coxa
debaixo da mesa e me provocava. Lembro-me de uma vez no cinema quando
tivemos de sair no meio do filme porque você
ficou completamente excitada com uma cena de amor. Não
conseguimos chegar nem ao estacionamento. Não
que eu esteja reclamando. Espero ansiosamente por dias como aqueles.
— Isso é
ridículo. — Mas verdade.
Quando ela ovulava, seus hormônios
a deixavam num enlouquecedor estado de excitação.
Na realidade, com Joe, costumava se sentir assim quase todos os dias
do mês.
— Diga-me uma coisa, Demi —
murmurou ele com aquela voz sexy e desafiadora. —
Seu namorado tem vigor suficiente para lidar com você
nos dias que sua excitação
leva horas para ser aplacada? Ele sabe precisamente onde tocá-la
e o que falar para levá-la à
extremidade do prazer, como eu sei?
Uma série de
imagens do passado surgiu na mente de Demi, envolvendo seu corpo
inteiro em calor.
— Isso não é
da sua conta.
Ele teve a audácia
de tentar um olhar inocente.
— Eu só
estava curioso.
— Bem, pode parar com sua curiosidade. Preciso voltar
ao trabalho. — Antes que
ela se encontrasse em outra situação
complicada. — Não
se esqueça de apanhar Carly
esta tarde.
— Não se
esqueça de pôr
a fórmula ao lado das três
latas que eu comprei dois dias atrás.
Ela virou-se e caminhou para a porta, o som da risada de
Joe seguindo-a para dentro da casa, onde Demi tomou a decisão
de impedir-se de retomar o que tivera com Joe um dia... uma vida
sexual plena e ardente.
Talvez dar o telefonema não
fosse uma idéia tão
agradável, mas Demi sentia
que não tinha outra opção.
Seguiu o corredor, entrou em seu quarto, pegou o celular do bolso da
calça e acessou o número
na memória. O telefone
tocou cinco vezes, e no momento que ela estava prestes a desligar,
uma voz irritada atendeu:
— Camp's Automotive.
— Ei,J.W.,é Demi.
Uma longa pausa se seguiu antes que ele dissesse:
— É bom ter notícias
suas, doce de coco, mas estou mais ocupado do que um asno durante a
estação de mosquitos. Posso
lhe telefonar mais tarde?
Ela detestava o apelido que ele lhe dera anos atrás,
mas não ia corrigi-lo agora.
— Na verdade, eu quero que você
me ligue de volta, mas preciso lhe dar meu novo endereço
e número de telefone.
— Eu não
sabia que você havia-se
mudado.
—No último
fim de semana. É uma longa história.
— E aquilo era tudo que ele
precisava saber no momento. —
Eu não entrarei em detalhes
agora, mas ligue para mim esta noite, no telefone de casa. Eu
explicarei então.
— Eu ligarei. Há
algumas coisas que preciso lhe contar também.
— Você tem
papel e caneta?
— Pode falar.
Demi ditou as informações,
depois disse:
— Lembre-se, ligue no número
de casa. É importante.
— Entendi. Como vai doce de coco júnior?
E ela não fez quatro meses
ontem?
Deus, Demi não
se lembrara do aniversário
da própria filha. Que bela
mãe estava se saindo.
— Sim, ela tem oficialmente quatro meses de idade. E
está crescendo muito
depressa. Você não
irá reconhecê-la
quando nós nos mudarmos para
aí em agosto.
— Provavelmente não.
Dê um beijinho nela de J.
W., certo?
— Farei isso. Agora volte ao trabalho, e conversaremos
logo.
Após desligar,
Demi guardou o telefone no bolso e instantaneamente se sentiu
envergonhada. A situação
estava fugindo do controle, mas ela não
sentia que podia fazer algumas revelações
para Joe. Especialmente agora. Não
depois do beijo perturbador da noite anterior. Não
depois que ele tinha admitido que o fator namorado o ajudara a manter
o controle. Ótimo que ele
tivesse se controlado, porque Demi parecia estar perdendo tal
capacidade.
Manter a farsa até
sua partida poderia se revelar uma tarefa árdua.
Ela temia que pudesse escorregar em algum momento. Talvez devesse
fechar a boca com esparadrapo toda vez que estivesse perto de Joe.
Talvez isso fosse benéfico
em dois níveis: não
cometeria lapsos verbais nem iria dar mais beijos nele.
O beijo ardente tinha sido a maldição
de sua existência, tanto na
noite anterior quanto durante toda a manhã.
Mas o dever a chamava, e talvez este dever a ajudasse a tirar Joe e o
beijo da cabeça.
Depois
que
chegou à
clínica, Demi aproximou-se
da mesa de recepção para
dar uma olhada nos seus compromissos mais urgentes, mas no meio do
caminho Kathy, uma das enfermeiras, interrompeu seu progresso.
— Dra. Lovato pensei que quisesse ver isto.
Do jeito que seu dia tinha começado,
Demi não se surpreendia que
houvesse alguma coisa errada.
— O que houve, Kathy?
— São os
resultados de laboratório do
menino Myesky.
Brandon Myesky... um garotinho agitado de quatro anos
que podia encantar a equipe médica
inteira com apenas um sorriso que revelava uma covinha. Somente que,
nos últimos tempos, o
menininho não sorria mais, e
Demi temia que seus piores medos se concretizassem.
—A notícia é
muito ruim?
— Diagnóstico
de leucemia...
Embora já
esperasse por isso, ela levou um momento para registrar a
confirmação.
— Tem certeza?
A mulher abriu um gráfico,
virou-o e apontou para o resultado do laboratório.
— Está bem
aqui.
Após ler os
resultados, uma onda de náusea
embrulhou o estômago de
Demi.
— Os Myesky têm
alguma hora marcada em breve?
— Eu liguei para eles uma hora atrás.
Estarão aqui em
aproximadamente duas horas. Pedi que não
trouxessem Brandon, de modo que você possa
ter a total atenção deles.
Um véu de
lágrimas nublou a visão
de Demi antes que ela fechasse os olhos por um momento e as
reprimisse.
— Quando eles chegarem, leve-os à
sala de conferências e
certifique-se de que eu tenha tempo suficiente para responder as
perguntas deles.
Kathy pôs a mão
sobre o braço de Demi.
— Ninguém
pensaria menos de você se eu
pedisse que outro dos atendentes lhes desse a notícia.
Ela endireitou os ombros e assumiu uma atitude que não
sentia nem remotamente.
— Isso é
parte do trabalho, Kathy. —
A parte que ela mais detestava. —
Tive de lidar com esse tipo de situação
em diversas ocasiões. Posso
lidar com isso.
— Tem certeza? Porque é
bastante óbvio que você
está prestes a desmoronar.
Criar um bebê e cuidar de
crianças doentes irá
esgotá-la. Eu sei disso
porque criei três filhos
depois de meu divórcio e
trabalhava em turnos de 12 horas. Você
precisa dormir mais.
Ela também
precisava de menos distração.
— Você está
certa. Eu passarei a descansar mais. —
Como se isso fosse acontecer com tantos problemas em sua mente, e com
o fardo adicional de dizer àqueles
pais que eles estavam prestes a enfrentar uma jornada médica
sofrida com o único filho
que tinham.
A enfermeira lhe deu um tapinha nas costas.
— No que diz respeito a Brandon, você
identificou os sintomas bem cedo. Se isso for tudo, e aposto que é,
com o tratamento ele tem boas chances de cura permanente. Mas,
na realidade, não preciso
lhe dizer isso.
Demi sinceramente apreciava as tentativas da enfermeira
de fazê-la focar no
positivo, apesar da notícia
negativa.
—Você tem
razão, Kathy. Ele tem uma
chance sólida de
sobrevivência. —
E era exatamente isso que ela diria aos Myesky, embora o diagnóstico
ainda fosse arrasador.
De qualquer forma, Demi precisava espantar a melancolia
que podia embotar seu julgamento. Pelo menos mais uns 12 pacientes
necessitavam de sua atenção
total na clínica, e tinha
visitas a fazer no hospital antes que pudesse pensar em encerrar seu
expediente. Pelo andamento das coisas, teria sorte de chegar em casa
antes da meia-noite. Felizmente, Carly estava em boas mãos.
Assim
que
pôs
Carly para dormir e retomou à
sala, Joe deparou com um coro de risadas, graças
ao bando de seus irmãos
felizes e um cunhado. Uma hora atrás,David,
Logan, Nick, Kevin e Carlos haviam aparecido numa limusine...
cortesia da companhia de transporte de elite de Logan... prontos para
comemorarem, ou lamentarem, o fim do estado civil de solteiro de
Nick. Uma vez que Joe não
pudera comparecer a festa, eles tinham levado a festa até
ele. Mas Joe não estava
exatamente no humor de comemorar.
Ele sentou-se no sofá
e apoiou os calcanhares sobre a mesinha de centro.
— Podem me dizer o que é
tão engraçado?
— Você —
disse Logan. — Este paninho
cor-de-rosa está na última
moda.
Joe tirou a pequena toalha do ombro e jogou-a sobre a
mesa, produzindo outra rodada de gargalhadas.
— Você todos
estão se divertindo, não
estão?
— Estamos apenas surpresos ao ver quão
bem você se encaixa no papel
de pai — acrescentou David.
Nick teve a audácia
de rir novamente.
— Uma pena que ele não
tenha acesso direto à mãe.
Joe não queria
explicar aquilo, mas se não
explicasse nunca se livraria da situação
atual.
— Nós
concordamos em ser amigos, pelo bem de Carly.
Logan pareceu perplexo.
— Quer dizer que vocês
dois estão vivendo nesta
casa e não...
— Não, não
estamos, portanto, pare com isso. —
Joe não se incomodou em
esconder sua irritação.
Carlos meneou a cabeça
— Ele deve estar louco. Vocês
a viram? Ela é uma das
mulheres mais bonitas com quem ele já
saiu.
— Ela também
tem um namorado — adicionou
Joe.
Considerando o telefonema que Joe recebera poucas horas
antes, aquele namorado não
era mais um problema. Infelizmente, ele agora estava encarregado
de dar o recado a Demi. Como e quando faria isso, ainda não
sabia.
— Sabem, eu sou o único
que ainda não a conheceu —
disse Dévin.
— Uma pena que não
trabalhemos no mesmo hospital. Eu poderia ter encontrado um
jeito de vê-la, apenas para
confirmar se ela é tão
ardente como todos dizem.
— Ela é,
acredite — murmurou Joe. —
Mais quente do que o incêndio
florestal do Texas.
Quando a porta da frente se abriu, Carlos declarou:
— Parece que você
terá a chance de conhecê-la,
Kev.
Joe baixou os pés
para o chão e praticamente
saltou do sofá, parecendo
um pouco ansioso demais para alguém
que não estava interessado
em ter "acesso direto" a Demi. Os outros homens também
se levantaram e ficaram silenciosamente atentos.
— Joe, por que tem uma limusine parada aqui na frente?
— perguntou Demi,
entrando na sala e parando de repente. Ela então
olhou para cada um dos homens antes de voltar sua atenção
para a garrafa de cerveja na ponta da mesa. Foi quando Joe percebeu
que estava encrencado.
— Oi — disse
ele. — Nós
estávamos assistindo o jogo
de beisebol. Parece que vai ter prorrogação.
— Desde quando assistir a um jogo de beisebol requer
uma limusine? — Ela
conseguiu um sorriso, mas o tom de voz não
soava nada amigável.
— Nós
estávamos no centro da
cidade — explicou David. —
Porque tínhamos tomado
alguns drinques, Logan nos emprestou uma de suas limusines.
Quando Demi olhou para Joe, ele ergueu as mãos
em defesa.
— Eu fiquei aqui a noite inteira.
— Entendo —
disse ela, embora parecendo não
gostar de ver aquele bando de Jonas invadindo seu domínio.
— Onde está
o bebê?
Joe notou que a postura corporal dela estava muito
tensa.
— Dei um banho em Carly e a coloquei para dormir
alguns minutos atrás.
O irmão mais
velho de Joe se apresentou.
— Eu sou Kevin, Demi.
Ela pegou a mão
que ele ofereceu para um breve aperto.
— É bom finalmente conhecê-lo,
dr. Jonas. Imagino que não
esteja de plantão esta
noite.
— Não, mas
nós já
estamos de saída. —
Ele gesticulou para os outros irmãos
apenas com um olhar. — Até
mais, Kev. E foi um prazer conhecê-la,
Demi. A propósito, você
faz um grande trabalho na pediatria.
Ela forçou
outro sorriso.
— Obrigada.
Os garotos Jonas e Carlos se despediram e foram embora,
deixando Joe sozinho para enfrentar a fúria
de Demi. Assim que todos saíram,
Joe voltou-se para Demi e tentou uma expressão
pesarosa.
— Eu sei que isso não
parece bom, mas antes que você
se irrite completamente...
— Eu deveria ficar feliz ao ver você
no meio de uma festa quando está responsável
por nossa filha? — Ela
jogou as chaves sobre uma mesa lateral e o jaleco sobre o braço
do sofá. —
E pensei que você tivesse
superado esse comportamento.
A determinação
de Joe de permanecer composto começou
a diminuir. — Eu estava
cuidando dela, Demi. E você
vê uma festa aqui?
Ela andou até a
ponta da mesa e pegou uma garrafa de cerveja.
— Quantas dessas você
bebeu?
— Nenhuma. Eu lhe disse que não
bebo mais. Todavia, mesmo se eu tivesse decidido participar esta
noite, teria tomado apenas uma. Não
o bastante para me impedir de cuidar do bebê.
Demi pôs a
garrafa novamente sobre a mesa e o encarou, as mãos
fechadas nas laterais do corpo.
— É assim que vai ser, Joe?
Quando eu lhe telefono e aviso que vou chegar tarde, você
reúne os rapazes aqui?
Ele se ressentiu da acusação.
— Eles quiseram vir conhecer a sobrinha, e eu queria
que ela conhecesse os tios. Não
há nada de errado com isso.
— Exceto que você
não pode entreter um bando
de homens, assistir a um jogo de beisebol e fazer um trabalho
adequado de pai.
Joe experimentou a primeira onda de raiva
verdadeira.
— Em primeiro lugar, eles ficaram aqui por menos de
uma hora. Segundo, pessoas têm
vidas, Demi. Visitam amigos e família
e ainda cuidam de seus filhos, sem incidentes.
— Não se eles
estiverem bebendo.
— Eu lhe disse que não
bebi. Na verdade, Logan era o único
com uma cerveja. Ele a trouxe consigo.
Ela parecia tanto cética
quanto irada.
— Sim, foi isso que você
falou. Mas então já
falou coisas antes que não
eram verdade, certo?
A raiva o dominou.
— Talvez eu mereça
isso, pelo que fiz com você.
— Joe pausou apenas o
bastante para respirar fundo. —
Mas, certamente, fico ressentido com a insinuação
de que eu faria alguma coisa para machucar Carly. Eu preferia morrer
antes disso.
Ele virou-se e foi em direção
à porta dos fundos antes que
dissesse algo de que se arrependeria... novamente.
Quando ela falou "Eu não
terminei ainda", Joe ignorou o comentário
e saiu para o terraço,
batendo as portas francesas e fazendo os vidros tremerem com a
força de sua frustração.
Ele sentou-se num banco de balanço,
inclinou o corpo para a frente e levou ambas as mãos
ao rosto.
Soubera o tempo todo que Demi tinha uma opinião
negativa a seu respeito, e com razão.
Mas não percebera o quanto
ela o detestava. O quão
pouco confiava nele. Depois do telefonema do namorado dela naquela
noite, ele se enganara ao pensar que ainda podia haver uma
chance de recuperar o que eles tinham tido um dia, somente que
melhor. No mínimo, Joe teria
uma chance de finalmente ganhar o respeito de Demi. Porém,
alguns minutos atrás, ela
destruíra qualquer esperança
que ele pudesse ter. E isso o devastava, mais do que ela jamais
saberia.
~
Capitulo Programado ;) Beijoos e comentem!!! <3
Ahhh posta
ResponderExcluirPosta+
ResponderExcluirDemi esta sendo muito má com o Joe!! Certo ele merece e tudo mais, mas acho que ela deveria pegar mais leve! Amei posta mais...
ResponderExcluirFabiola Barboza :*
Lindi e triste ao mesmo tempo, demi esta sendo má para o joe...e ela tem que descobrir logo porque ele acabou com ela..beijos posta mais
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