~
Joe pareceu
tão
perplexo quanto Demi ficara quando confirmara a gravidez meses
atrás. Ela esperou
pacientemente pela reação
verbal dele, e quando não
ocorreu nenhuma, disse:
— O nome dela é
Carly.
Carly, tirado de Carl, o garotinho que seus pais haviam
criado quando Demi era adolescente. Um garotinho especial que ninguém
queria por causa de seus incontáveis
problemas de saúde. Mas Demi
o amara com paixão, ajudara
a tomar conta dele até o dia
que ele foi para o hospital e não
voltou. Ele fora a razão
pela qual ela escolhera pediatria como sua especialidade, mas Joe
sabia disso.
Joe olhou para a foto antes de voltar a encará-la.
— Quanto tempo ela tem?
— Três meses.
— E só agora
você está
me contando?
Ela considerara não
lhe contar em absoluto, mas mudara de idéia
depois que sua mãe a
lembrara de todas as crianças
que tinham ido para elas sem histórico
médico, sem saber quem eram
os pais verdadeiros.
— Telefonei para você
uma semana depois que confirmei a gravidez. Uma mulher atendeu e eu
desliguei. Planejei ligar novamente, no mês
que Carly era esperada, mas antes que pudesse fazer isso entrei em
trabalho de parto, quatro semanas mais cedo.
— Ela está
bem?
—Está ótima.
Perfeita. Um pouco abaixo do peso, mas está
recuperando rapidamente.
Ele passou a mão
pelos cabelos.
— Não sei
como isso aconteceu. Nós
éramos sempre cuidadosos.
— Nem sempre, Joe. Lembra-se daquela nossa viagem
louca a Cabo no verão
passado? — A viagem onde
Joe não tinha sido ele
mesmo. Ela descobrira a razão
para a atitude dele uma semana depois, quando ele a dispensara. —
Eu tomei margueritas
demais na última
noite que estivemos lá. Você
tinha testosterona em excesso.
— Mas eu saí...
— Não tão
rapidamente. Além do mais,
ambos sabemos que coito interrompido não
é forma eficaz de controle
de nascimento. — Todavia,
naquela noite, ela não
estivera pensando com clareza, e aquilo tivera pouco a ver com
álcool, porque não
estava embriagada. A paixão
avassaladora e descontrolada entre eles fora a única
coisa que importara. Uma paixão
que costumava anular seu bom senso com freqüência.
Quando ele ainda parecia em dúvida,
Demi acrescentou: — Tudo
que você tem a fazer é
olhar para ela, Joe. Ela é a
sua imagem. — Tanto
que doía todas as vezes que
Demi olhava para sua menininha. A menininha deles.
— Onde ela está
agora? — perguntou ele
enquanto continuava olhando para a foto.
— Com a amiga que divide a casa comigo, Macy. —
Razão pela qual Demi
precisava ir embora o mais cedo possível,
antes que o bebê acordasse
da soneca e Macy, que assumidamente tinha fobia de crianças,
tivesse de lidar com Carly.
Joe olhou para a foto por mais alguns momentos e quando
Demi não podia mais suportar
o silêncio, murmurou:
— Diga alguma coisa.
Ele nivelou o olhar com o dela.
— Não sei o
que dizer, Demi. É um
tremendo choque.
Ela entendia isso muito bem. Também
reconheceu que ele podia levar algum tempo para se acostumar com a
revelação. Talvez Joe
decidisse que não queria
lidar com aquilo. Por isso, ela retirou um envelope da bolsa e
entregou-lhe.
— Pegue.
Depois de breve hesitação,
ele pegou o envelope.
— O que é
isso?
— É um documento que acaba com
seus direitos paternais se você
assiná-lo. Você
não é
obrigado a envolver-se na vida dela, emocional ou financeiramente.
Um brilho de desprezo cruzou a face de Joe.
— Depois de tudo que você
me contou sobre crianças
abandonadas que seus pais recolheram, está
querendo criá-la sozinha?
Se tivesse escolha, Demi preferiria criar sua filha em
um lar com dois pais. Mas aquela não
era uma opção, pelo menos
não com Joe.
— Nós estamos
indo bem. — De modo geral.
— Eu também
tenho um bom sistema de apoio em casa.
— Você quer
dizer com seu novo namorado?
Demi optou por não fazer qualquer comentário.
Demi optou por não fazer qualquer comentário.
— Meus pais insistem que eu vá
morar com eles quando eu voltar ao Mississipi. Você
não precisa se preocupar se
terá alguém
para cuidar de Carly, se decidir assinar os papéis.
Sem oferecer qualquer resposta, Joe abaixou a cabeça,
o envelope e a foto ainda nas mãos.
Ele parecia tão visivelmente
abalado que Demi lutou contra a vontade de abraçá-lo.
Em vez disso, pegou a bolsa e se levantou.
— Percebo que é
uma revelação muito forte,
coisa para você absorver de
repente, portanto, vou lhe dar algum tempo para pensar. Se preferir
escapar dessa situação,
entenderei perfeitamente. Tudo que tem a fazer é
assinar os documentos, reconhecer a firma e me
enviá-los pelo correio. Já
coloquei o endereço
no envelope. Nesse ínterim,
estou com o mesmo número
de celular, se você precisar
entrar em contato.
Foi necessária
toda força de vontade para
que Demi saísse sem qualquer
resposta de Joe. Ela não
estava certa do que esperar... que ele assinasse os papéis,
abrindo mão de seus direitos
paternais, finalizando assim o relacionamento deles para sempre,
ou que decidisse ser um pai para Carly, ocupando um lugar permanente
na vida da criança... e na
sua vida... pelos anos que viriam. Qualquer que fosse o resultado,
ela teria de lidar com as conseqüências
de suas ações. De seus
erros.
Mas Demi não
via seu bebê como um erro.
Apaixonar-se pelo pai de Carly tinha sido um erro grave.
O problema era que uma parte sua ainda o amava, e
provavelmente sempre o amaria.
***
Logo após o
raiar da aurora na manhã
seguinte Joe viajou para Bodies by Jonas, a academia de ginástica
de seu irmão gêmeo,
Nick. Seus motivos por trás
da visita eram dois: exercitar-se para clarear a mente e um
conselho de alguém em quem
podia confiar.
Apesar de mal ter dormido na noite anterior, adrenalina
mandou Joe através das
portas duplas rapidamente, direto ao escritório
de Nick, onde ele encontrou o irmão
sentado atrás da mesa.
— Você tem
alguns minutos para mim? —
perguntou Joe quando parou na soleira da porta, segurando a sacola de
ginástica.
Nick levantou os olhos de uma pilha de papéis
e deixou a caneta de lado.
— Entre. Você
está me salvando de aprovar
faturas, e sabe o quanto detesto essa parte dos negócios.
Falando como um personal trainer durão,
Joe pensou.
Mas salvar Nick da contabilidade não
era nada comparado ao que Nick fizera por ele... salvando-o
da morte certa, doando-lhe sua medula óssea.
Um presente fundamental, no que dizia respeito a Joe. Desde aquela
época, eles haviam posto de
lado suas diferenças e se
tornado tão íntimos
quanto costumavam ser quando garotos, uma das poucas coisas positivas
que resultara de sua doença.
Joe atravessou a sala e sentou-se na cadeira em frente
da mesa.
Decidiu entrar devagar na conversa enquanto preparava o
ponto crucial do assunto que o levara até
lá.
— Como vão
indo os planos do casamento?
Nick sorriu.
Nick sorriu.
— Pelo menos agora temos um local, o que é
bom, considerando que a cerimônia
vai acontecer em menos de um mês.
— Onde vocês
decidiram realizar o casamento? —
perguntou Joe.
— O sogro de Logan ofereceu seu jardim. Vai estar
terrivelmente quente, mas Miley quer um casamento ao ar livre. E
não vai ser tão
ruim ao pôr do sol. Você
ainda estará do meu lado com
tais condições climáticas?
— É claro que sim. —
Joe enfrentaria alegremente qualquer clima para cumprir seu dever
como padrinho de Nick.
Nick inclinou a cabeça
e observou o irmão.
— Se você não
fizer um corte de cabelos antes do casamento, as pessoas não
serão capazes de nos
distinguir. Não quero minha
noiva beijando o homem errado.
Joe passou a mão
pelos cabelos e riu.
— Pensarei a respeito disso. Nesse ínterim,
vou deixar os cabelos crescerem. Tenho satisfação
de deixá-los um pouco mais
compridos do que o normal, uma vez que perdi tantos durante a
quimioterapia. — A mesma
quimioterapia que poderia ter alterado suas chances de ter um filho,
o que o fez recordar-se da razão
de ter ido ver seu irmão.
Preparando-se para a notícia
bombástica, Joe deu um
profundo suspiro.
— Demi passou na minha casa ontem.
Nick reclinou-se na cadeira giratória e coçou o queixo.
Nick reclinou-se na cadeira giratória e coçou o queixo.
— Não
acredito! O que ela queria?
Joe pegou a sacola de ginástica
e retirou os papéis que Demi
lhe dera no dia anterior, entregando a foto para Nick.
— Ela me levou isto.
Nick pegou a
fotografia e olhou-a por um longo momento antes de voltar sua atenção
para Joe.
— É o que eu penso que seja?
— Se você
está pensando que ela é
minha filha, está certo. —
Minha filha. Nunca, em
mil anos, ele acreditaria que diria aquilo. Nem esperava sentir o que
sentira depois de receber a notícia.
— É igualzinha nossas fotos de bebê.
— Nick balançou
a cabeça. —
Homem, isso é um choque.
— Sim. Que bela maneira de começar
a semana. — Que maneira de
mudar sua vida em questão de
minutos.
Nick colocou a foto na mesa e empurrou-a para Joe.
— Não posso
acreditar que Demi esperou esse tempo todo para lhe contar.
— Considerando o que eu fiz para ela, não
posso realmente culpá-la. E
na verdade Demi tentou me contar. Ela desligou o telefone quando uma
mulher atendeu, e estou quase certo de que a mulher era uma
enfermeira de plantão lá
em casa, que fazia as transfusões
na ocasião. Mas eu entendo
por que Demi interpretou de modo diferente.
— Ela presumiu que tinha sido substituída
— disse Nick.
Joe não podia
culpar Demi por aquilo, também.
— Ela ia tentar me contar novamente logo antes de o
bebê nascer, mas entrou em
trabalho de parto prematuro.
Nick franziu o cenho.
— O bebê está
bem?
Exatamente a mesma coisa que Joe perguntara à mãe do bebê.
Exatamente a mesma coisa que Joe perguntara à mãe do bebê.
— Ela é
saudável, de acordo com
Demi. E uma vez que Demi é
pediatra, deve saber.
Nick fez uma careta
— Em minha opinião,
Joe, essa é uma boa notícia.
Meu conselho é que você
lhe conte a história
inteira, e talvez tenha outra chance com Demi.
Se ao menos aquilo fosse uma possibilidade. Se ao menos
ele tivesse feito as coisas de modo diferente, revelado sobre sua
doença em vez de usar a
desculpa típica de solteiro
assumido. Se ao menos não
tivesse feito um estrago irreparável
ao relacionamento deles, tentando protegê-la,
talvez não estivesse
nessa situação desagradável
agora. Então, novamente, não
sabia se teria feito alguma coisa diferentemente, mesmo sabendo o que
sabia agora. A última coisa
que Demi precisaria durante a gravidez era lidar com os problemas
dele.
— Não vejo
qualquer razão para lhe
contar a história inteira.
— Você pode
dar bons conselhos, Joe, mas não
pode segui-los.
Joe não podia
lembrar-se de dar ao irmão
qualquer conselho que valesse a pena.
— Do que você
está falando?
— Quando você
estava no hospital, disse-me que eu precisava baixar a guarda e
confiar em Miley, ou estaria arriscando perdê-la.
Eu fiz isso, e olhe como foi bom. Agora você
tem a chance de fazer o mesmo e não
vai sequer tentar.
—Não há
sentido em tentar. Isso não
mudaria nada.
— Por que você
pensa assim?
Porque alguns problemas ainda prevaleciam. Problemas que
impediam Joe de tentar reconquistar Demi.
— Antes de tudo, Demi detesta mentiras, e mesmo que
minhas intenções
tenham sido boas, ela teria dificuldade em acreditar. Segundo, ela
quer uma família grande, e
poderei não ser capaz de lhe
dar isso por causa da quimioterapia.
— Por que não
deixa que ela decida se isso importa?
Agora o motivo principal.
Agora o motivo principal.
— É tarde demais para nós,
Nick. Ela já está
envolvida com alguém de sua
cidade natal. Estou certo que ele é
a razão pela qual Demi
decidiu ir clinicar no Mississipi, tão
logo a residência termine. E
também estou certo que esse
é o motivo pelo qual ela me
deu isso. — Ele ergueu o
envelope. — Se eu assinar,
renunciarei a meus direitos paternos.
— Você não
está considerando isso
seriamente, está? —
Nick parecia incrédulo.
Joe havia considerado aquilo seriamente durante a noite
inteira. Todavia, todas as vezes que pensava em ficar afastado
da filha... uma criança que
ainda nem conhecia, a única
filha que talvez pudesse ter, sofria com desespero. Sofria tão
profundamente como quando pensara em se afastar de Demi.
— Por um lado, continuo dizendo a mim mesmo que de
modo algum permitiria que outro homem criasse minha filha. Por outro,
talvez isso fosse a coisa altruística
a fazer. Talvez eu não tenha
nascido para ser pai.
— Não tome
nenhuma decisão precipitada
até que dê
um passo mais importante —
disse o gêmeo.
Joe desconfiou que o irmão
estivesse prestes a pedir-lhe para fazer algo para o qual ele não
estava preparado. Não até
que soubesse que caminho iria tomar.
— Se você vai
dizer que preciso contar a mamãe
e papai sobre o bebê, não
estou pronto para fazer isso.
— Não é
o que eu ia dizer.
A impaciência
de Joe estava próxima do
ponto critico.
— Então diga,
Nick, assim posso ir fazer minha ginástica.
— Esqueça a
ginástica. Vá
ver sua filhinha, Joe.
***
— HÁ alguém
aqui querendo vê-la, Demi.
Ao som do comunicado de sua companheira de casa, Demi afastou o olhar
de Carly, que estava dormindo sobre seus seios.
— Eu não ouvi
a campainha da porta.
Macy moveu-se pelo quarto e prendeu uma faixa em volta
de seus cabelos louros ondulados.
— Isso porque ele não
tocou a campainha. Eu estava saindo quando o encontrei de pé
na soleira da porta, parecendo um cão
perdido.
Demi desconfiou que conhecesse a identidade desse cão
perdido.
— Você
conseguiu descobrir o nome dele?
— Não me
importei em perguntar, mas posso lhe dizer como ele é.
Cabelos e olhos escuros, bonito de um jeito refinado. Pensando bem,
ele se parece muito com ela. —
Macy apontou em direção da
criança adormecida nos
braços de Demi.
Oh, excelente.
— Só mesmo
Joe para aparecer sem ser anunciado —
murmurou Demi, embora não
tivesse motivo para criticá-lo.
No dia anterior, fizera a mesma coisa.
Os olhos de Macy arregalaram-se.
— Joe, o pai do bebê?
— O próprio.
— Eu pensei que você
não ia lhe contar.
— Mudei de idéia.
Ou perdi a cabeça, para bem
dizer.
Quando Demi mudou a posição
do bebê para seu ombro e
ficou de pé, Carly
executou,um pequeno protesto choroso.
— Segure-a por um momento. Ela precisa arrotar.
Macy parecia como se Demi houvesse lhe pedido para fazer
uma apendectomia na mesa da sala de jantar.
— Não sei
nada sobre arrotos de bebês.
Demi pegou uma fralda do lado da cadeira de balanço,
colocou-a sobre o ombro de
Macy e entregou-lhe Carly.
—Apenas bata nas costas dela algumas vezes.
Quando o bebê
soltou um arroto moderado, dizer que Macy parecia assustada seria uma
declaração muito amena.
— E se ela vomitar em cima de mim?
— Para isso existe a fralda, mas ela não
vai vomitar.
Demi, por outro lado, lutou contra a náusea
só de pensar em encarar Joe.
Depois de abotoar a blusa, ela pegou Carly de volta nos
braços, deu um beijo suave
no rosto do bebê e deitou-a
no berçinho de vime junto à
sua cama.
— Diga-lhe que irei vê-lo
tão logo esteja
apresentável.
Macy fez uma careta.
— Quem se importa com sua aparência?
Ele é simplesmente o doador
do esperma, não seu par para
o baile.
Ignorando a amiga, Demi moveu-se em frente ao espelho da
penteadeira e passou uma escova nos cabelos.
— Seja como for, ele ainda é
o pai de Carly.
— Ele é um
canalha, Demi. Não merece
ser pai.
Demi olhou para Macy no reflexo do espelho.
Demi olhou para Macy no reflexo do espelho.
— Você nem
sequer o conheceu.
— Mas sei o que ele fez com você,
e isso o torna um imbecil em minha opinião.
Demi se virou e recostou-se na penteadeira.
— Diga-lhe que irei num minuto, está
bem? - Macy deu de ombros.
— Ótimo. Você
se importa se eu chutá-lo no
meio das pernas no meu caminho de saída?
Se eu fizer isso com bastante força,
talvez possa impedi-lo de procriar novamente.
Demi apontou a escova para a porta.
— Eu preferiria que você
desse meu recado sem qualquer violência,
e então fosse trabalhar.
—Você não
tem a menor graça —
disse Macy quando fez meia-volta e saiu do quarto.
Voltando para o espelho, Demi deu um longo olhar para
sua aparência e fez uma
careta. Seu rosto mostrava sinais de fadiga, logo abaixo dos olhos
irritados. Equilibrar as necessidades do bebê
com uma agenda movimentada tinha começado
a deixar marcas. Ela aplicou um pouco de batom, depois se repreendeu
por acreditar que precisava maquiar-se para ver Joe. Macy estava
certa: aquilo não era um
encontro. Pelo menos não um
encontro amoroso. Um encontro com o destino podia estar iminente,
dependendo das justificativas de Joe para aparecer sem ser anunciado.
Ela andou de volta até
o berço para observar Carly,
ainda cochilando, os punhos fechados no peito, um sorriso brincando
nos cantos da boquinha. Evidentemente, sua filha estava tendo um
doce sonho de bebê,
inconsciente que o homem responsável
pelo seu nascimento estava esperando na sala ao lado.
Demi imaginou se Joe pediria para ver a filha. Em caso
positivo, talvez devesse vestir Carly com algo mais apropriado do que
o macacãozinho amarelo
surrado.
Outra idéia
boba. Carly era uma criança,
pelo amor de Deus, e não
tinha de impressionar o pai. Se Joe não
podia ver a bênção
sob o traje de sua filha, então
Macy estava certa... ele não
merecia estar na vida de Carly.
Como se ele realmente quisesse envolver-se com seu bebê,
algo que ela verdadeiramente duvidava.
Depois de dar um profundo suspiro, Demi entrou na
minúscula sala de estar para
ver Joe sentado no sofá de
chintz floral,
parecendo cansado, de algum modo. Mas também
estava magnífico, num terno
de seda azul-marinho com uma camisa branca, sem gravata. Ela
detestava o que a visão
dele lhe despertava: a lembrança
de um tempo quando o teria cumprimentado com um beijo. Detestava
o fato de que Joe ainda podia lhe provocar aquelas lembranças,
aqueles sentimentos que estariam melhores enterrados.
— Um telefonema antecipado seria bom —
disse ela no máximo da
exasperação. —Mas,
como sempre, você é
cheio de surpresas, Joe. — Algumas
surpresas, muito boas, e outras, não
tão boas.
Ele levantou-se, encarando-a fixamente.
— Tive um compromisso na cidade esta manhã.
Uma vez que estava tão
próximo, decidi parar aqui.
Aquilo explicava a roupa de executivo, mesmo se não
desse a Demi todas as respostas que ela queria.
— Como você
nos encontrou?
— Seu endereço
estava no envelope que você
me deu, lembra-se?
Na verdade, ela não se lembrara.
Na verdade, ela não se lembrara.
— Você teve
uma reunião de negócios?
— Encontrei com meu contador. —
Ele puxou um envelope de dentro do bolso do paletó.
— Este é
o esboço do fundo financeiro
que estou criando para Carly. Os documentos verdadeiros ainda não
foram emitidos porque quero que você
examine primeiro e faça
algumas mudanças. Você
terá
completo acesso aos fundos, e se precisar de mais, somente terá
de me dizer.
Depois de uma breve hesitação,
ela pegou o envelope da mão
dele.
— Como eu disse antes, não
espero que você seja
financeiramente responsável
por Carly se...
— Sei o que você
disse, mas ela é minha
responsabilidade, e quero provê-la.
Demi imaginou se uma obrigação
monetária era o único
laço que ele planejava ter
com o bebê. Entretanto,
aceitaria alegremente qualquer coisa que proporcionasse uma vida
melhor à sua filha, pelo
menos até que pagasse todos
os seus empréstimos de
estudante, e tivesse sua clínica
particular estabelecida e funcionando.
— Eu gostaria de vê-la.
Pelo menos aquilo respondia a uma das perguntas de Demi,
e trazia algumas preocupações.
Mas agora que envolvera Joe na situação,
não tinha um bom motivo
para não atender o pedido
dele, especialmente quando ele parecia tão
sincero.
— Ela estava dormindo quando a deixei há
alguns minutos, mas acho que você
pode dar uma olhada.
Demi conduziu Joe até
seu quarto, que era também o
quarto do bebê. Quando se
aproximou do berço de vime,
descobriu que sua filha não
estava dormindo em absoluto. Em vez disso, Carly olhava
fixamente para o mobile multicolorido balançando
acima de sua cabeça.
Demi deu um rápido
olhar por sobre o ombro para ver Joe parado perto da porta, como se
incerto do que fazer em seguida.
— Ela está
acordada, portanto, você
pode se aproximar.
Ele ficou ao lado de Demi e olhou para Carly, que lhe
deu um sorriso, como se, de algum modo, sentisse que ele era um
convidado especial.
— Ela começou
a sorrir bastante no último
mês —
disse Demi. Joe não
respondeu, mas a admiração
nos olhos escuros falava tudo.
— Ela é
bonita.
Demi não
poderia discordar.
— Ela é um
bebê bom, uma vez que esteja
bem-alimentada e seca. Mas às
vezes tem crises de cólica,
e é um pouco temperamental
quando não obtém
o que quer imediatamente.
Ele permaneceu quieto por algum tempo antes de
perguntar:
— Posso segurá-la?
Demi certamente não
estava preparada para o pedido, mesmo que fosse lógico
um pai querer segurar sua filha.
Ela gesticulou em direção
à cadeira de balanço
próxima ao berço.
— Sente-se ali e eu a entrego.
Depois que Joe obedeceu, Demi ergueu o bebê
do berço e colocou-o na
curva do braço forte. Carly
sorriu para ele novamente e Joe retribuiu o sorriso.
— Olá,
garotinha. Eu sou seu pai —
disse ele, num tom de voz suave, quase reverente.
Demi não podia
contar o número de vezes que
visualizara aquela cena, em circunstâncias
muito diferentes. Com freqüência,
pegava-se fantasiando com uma família
feliz de três pessoas. Um
sonho que nunca se realizaria, mesmo agora. Mas não
podia negar quão natural ele
parecia segurando sua filha. Não
pôde conter a onda de
emoções, a ameaça
de lágrimas quando Joe
fechou os olhos e pressionou os lábios
contra a testinha de Carly, enquanto a abraçava
bem junto ao coração.
Aquele homem bonito, que nunca mencionara querer filhos,
parecia como se também
estivesse lutando contra suas próprias
emoções por ver sua filha.
Mas Demi tinha de lembrar-se que aquele era apenas um momento
especial. Possivelmente, um
momento de adeus.
Alguns minutos depois Joe se levantou vagarosamente e
deitou o bebê de volta no
bercinho. Quando encarou Demi de novo, tirou outro envelope do
bolso.
— Eu passei a maior parte da noite pensando nestes
papéis. —
Ele abriu o envelope e retirou o documento. —
E aqui está o que eu
realmente penso sobre eles.
Depois de pôr o
envelope na cadeira de balanço,
ele virou-se, rasgou os papéis
e atirou os pedaços na cesta
de lixo próxima.
— Carly é
minha filha, Demi, e quero ser uma parte da vida dela. Eu preciso
dela na minha vida.
Quando Demi foi capaz de falar, após
passar o estado de choque, perguntou:
— Você tem
certeza absoluta?
— Sim, e quero provar isso.
Demi passou os braços
ao redor da barriga.
— E como você
propõe fazer isso?
— Tomando conta dela enquanto você
está trabalhando.
E Demi acabara de pensar que não
podia ficar mais atônita do
que já estava.
— Isso não é
necessário. Eu a matriculei
numa boa creche.
— E eu tenho uma agenda flexível...
posso dedicar meu tempo a ela.
Aquela proposta era quase mais do que ela podia esperar.
Aquela proposta era quase mais do que ela podia esperar.
— Você
entende o que isso envolve, Joe? Toda a alimentação
e mudança de fraldas e
crises de choro sem fim?
— Entendo isso completamente, e lidarei com tudo. E
agora que estou aqui, há
algo mais que quero saber. —
Ele olhou em volta, focalizando a cama desarrumada no canto. —
Carly tem seu próprio
quarto?
— Este é
apenas um apartamento de dois quartos, e divido a casa com Macy,
motivo pelo qual Carly está
aqui comigo.
Ele deu-lhe um sorriso dissimulado.
— Oh, sim. Sua colega Macy, a que pareceu querer me
castrar antes de ir embora.
Pelo menos Macy não
tinha literalmente chutado Joe.
— Ela é uma
boa pessoa quando você passa
a conhecê-la.
Ele lhe deu um olhar duvidoso antes de examinar o quarto
novamente.
—Não sei nada
sobre bebês, mas Carly não
vai crescer e não vai caber
mais nesse berço. E
parece-me que você não
tem espaço para uma cama
maior.
Aquilo a irritou.
— Este apartamento é
tudo que eu tenho condições
de manter agora, Joe, e lhe prometo que ela terá
uma cama quando chegar a hora, mesmo se eu tiver de dormir no chão.
Ele foi totalmente cínico.
— É uma grande idéia,
Demi, dormir no chão. Estou
certo de que isso lhe proporcionará
muito descanso antes que você
tenha de tomar decisões
médicas de vida ou morte.
Demi reconheceu que ele estava certo, e deu outra
sugestão:
— Então,
dormirei no sofá.
O sorriso dele foi quase letal.
— Aquele com almofadas achatadas? Isso será
excelente para suas costas, pois se me recordo corretamente incomoda
você a cama ser firme
demais.
Exasperada, Demi limitou-se a exigir que ele fosse
embora.
— Novamente, vou me virar pelos próximos
dois meses. Carly não
sofrerá de modo algum.
— Estou pensando que há
uma solução melhor que
impedirá qualquer sofrimento
ou sacrifício da parte de
vocês duas.
Demi estava quase com medo de perguntar.
— Qual seria?
— Um novo lugar para morar. Um lugar melhor.
— Eu já lhe
disse que não tenho
condições...
— Sem qualquer despesa.
Ela refletiu sobre naquilo por um momento, muito tentada
com a oferta. Joe era um mágico
financeiro com uma carteira de ações
que concorria contra qualquer diretor-executivo de uma grande
corporação. Muitas vezes
ele lhe dera conselhos fiscais e modos de planejar o futuro depois
que ela terminasse a residência
no hospital. Ele tinha total condição
de financiar um apartamento maior. Um lugar onde Carly pudesse
ter seu próprio quarto,
permitindo Demi dormir na sua própria
cama.
— Você está
realmente falando sério
sobre me pagar um aluguel num apartamento maior?
—Não uma
apartamento. Uma casa.
Talvez até
mesmo num bairro com um parque, onde Demi pudesse levar o bebê
nos seus dias de folga. A oferta parecia melhor a cada momento.
— Uma casa seria ótimo,
mas todas as casas perto do hospital são
incrivelmente caras.
— Eu estava pensando em algo a 15 minutos de
distância. Uma casa
maravilhosa, num excelente bairro. Quatro quartos, quatro banheiros,
cozinha gourmet e um grande quintal com piscina.
Demi riu.
— Isso é um
pouco de exagero para duas pessoas, não
acha?
— Três
pessoas.
Demi engoliu em seco.
— Não estou
certa se entendo o que você
está propondo, Joe. —
Na realidade, ela sabia exatamente o que ele estava dizendo.
E ele confirmou sua suspeita quando sorriu e respondeu;
— Estou falando da minha casa, Demi. Quero que você
e Carly se mudem para lá,
comigo.
~
Oii!! vcs estão realmente gostando da fic??? ela é muito boa, e muito fofa *---* os hots dela não são muito detalhados, mas a historia dela é linda... Comentem!!!! Beijoos <3
Quem tbm sentiu vontade de chorar com a parte do Joe segurando pela primeira vez a filhinha?? :')
posta mais, posta mais,posta mais!
ResponderExcluirOMG! POSTA+! BJOS
ResponderExcluirLeitora nova \õ/... Aplausos!..(Obrigada, mãe --'). Enfim, Mari, pelas contas do rosário, que fics são essas? Tá que esse site é só de mini-fics, mas eu leio o outro tmb, e são perfeitos. Desculpa só dá o ar da graça agora, é que a minha faculdade é corrida demais.. e às vezes só leio e não comento.. mas, sem mais delongas, parabéns pela escritora que és e pela criatividade, tem a Mand tmb né?! Parabéns pras duas. E ESSA HISTÓRIA PARECE SER PERFEITO, POSTA LOGO MAIS UM (ou eu vou reprovar uma disciplina, por falta de atenção O.o)
ResponderExcluirkkkkkkkkk
Beijos, Thays Alencar ou Thata Lovatic, tanto faz..;***