21.8.14

Seu Melhor Erro - Capitulo 6

 
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Quando o despertador tocou alto nos ouvidos de Demi, ela rolou para o lado e tateou para procurar o botão que o desligasse. E quando se concen­trou para ver a hora, saltou da cama como um míssil.

Depois de pegar seu roupão da poltrona no canto, ela o vestiu e foi di­reto para o quarto do bebê, encontrando um berço vazio e nenhum sinal de Joe ou Carly. O cheiro de café fresco enviou-a para cozinha, onde, depa­rou com uma cena tirada de um filme doméstico. Joe estava sentado na pequena copa, vestido numa calça de pijama azul-marinho, sem camisa, os cabelos desalinhados e o maxilar sombreado por uma camada fina de restolhos. Ele tinha os pés descalços apoiados sobre uma cadeira, e a filha deles reclinada contra o peito largo, a mão direita de Joe envolvendo as costas do bebê, enquanto a esquerda segurava um jornal.

Felizmente para Joe, a visão serviu para apaziguar um pouco da irri­tação de Demi sobre não ter sido acordada para cuidar da filha.

Bom dia para vocês dois.

Ele ergueu os olhos e disse "Bom dia" numa voz tão sensual que Demi poderia passar o dia inteiro ouvindo, caso se permitisse. Aquela voz e o peito nu eram quase demais para suportar tão cedo, ou em qualquer horá­rio, na verdade. Ela não deveria tê-lo abraçado na noite anterior. O peque­no lapso levara a pensamentos inoportunos que tinham lhe impedido de dormir com facilidade.

Parece que o monitor não está funcionando disse ela, o tom de voz desgostoso dirigido tanto para Joe quanto para si mesma.

Funciona, se você o liga.

O desgosto de Demi aumentou.

Por que você não me disse que não estava ligado?

Joe virou uma página do jornal sem olhá-la.

Porque você precisava dormir.

Eu precisava ser capaz de ouvir minha filha quando ela acorda.

Joe deu um beijo no topo da cabeça de Carly.

Oh, ela acordou. Duas vezes, na verdade, Mas nós nos viramos bem. Eu lhe dei uma mamadeira da primeira vez, e da segunda vez, aproxima­damente uma hora atrás, nós viemos para cá a fim de ver as notícias no mundo dos esportes.

Quando Carly chutou o jornal, Joe sorriu para o bebê e murmurou:

Eu sei o que você quer dizer, garotinha. Ele não merece o valor da­quele contrato. A idade na qual está não é a melhor, e ele não irá ajudar muito o time se eles chegarem à final. E este é um grande "se".

Tanto Carly quanto Joe pareciam totalmente desinteressados em Demi, o que apenas aumentou a exasperação dela.

Joe, você pode largar o jornal um minuto e falar comigo?

Ele lhe deu um olhar breve.

É claro, mas por que você não toma um café? Talvez seu humor melhore.

Meu humor está ótimo. Ela se aproximou da mesa, beijou o rosto de Carly e quase fez o mesmo com Joe. Era como se algum instinto passado de fazer exatamente isso estivesse impregnado em sua mente,

É de manhã e Joe precisa de um beijo.

Antes que pudesse agir sobre a vontade, Demi foi em direção à cafetei­ra e serviu-se de uma caneca que estava sobre o balcão. Como de costume, adicionou creme e açúcar, um hábito que tinha adquirido durante a facul­dade de medicina.

Inclinando-se contra o balcão, observou o elo entre pai e filha, enquan­to Joe listava a seleção dos astros de beisebol. E Carly, como se enten­desse o que ele estava dizendo, parecia completamente entretida.

Você deveria ter me acordado disse Demi, sentindo-se, de alguma maneira, mais coerente e um pouco menos zangada por Joe ter assumido as suas tarefas. Afinal de contas, a intenção dele fora boa, e ela não podia se lembrar da última vez que dormira a noite inteira, sem interrupções.

Joe pôs o jornal de lado e mudou Carly para seu ombro.

Como falei, você precisava dormir, e eu cuidei de tudo. A fralda de Carly está limpa e a barriga está cheia. Até mesmo recusei deixá-la assistir tevê quando ela me suplicou. O comentário foi seguido por um sorriso rápido.

Muito engraçadinho. E assim era Joe. Muito engraçadinho.

Demi olhou para o relógio da cozinha e percebeu como tinha pouco tempo para se aprontar para o trabalho.

Já que está ficando tarde, eu apreciaria se você cuidasse dela en­quanto eu troco de roupa.

Sem problemas. Nós ainda precisamos cobrir as notícias da Costa Oeste.

Eu também preciso preparar a sacola de Carly para a creche.

A sacola está pronta.

Demi ficou boquiaberta por um momento.

Como você saberia do que ela precisa?

Ele gesticulou em direção à sacola amarela sobre o balcão.

Eu achei a sua lista. Mamadeiras, fraldas, lenços umedecidos e duas trocas de roupas extras. Fique à vontade para conferir.

Ela estava tendo problemas suficientes para conferi-lo, particularmente o peito poderoso e aquela trilha de pelos suaves que levava a um território que ela explorara com freqüência certa época.

Eu confio em você desde que tenha observado a lista.

Depois que Carly começou a se agitar, Joe se levantou e andou pelo cômodo.

Você confia em mim o bastante para apanhá-la mais cedo na creche, de modo que eu possa levá-la à casa dos meus pais?

Isso envolveria colocar Carly no carro com Joe, e embora ele fosse um bom motorista, às vezes gostava de correr.

Você promete dirigir devagar e com segurança?

Prometo não apostar corrida na estrada.

Estou falando sério, Joe.

- Eu não estou brincando murmurou ele.

Concordar com aquele pedido também significava deixar o bebê com­pletamente sob os cuidados de Joe. Mas, então, a mãe dele tinha criado seis filhos e sabia o que estava fazendo. Pelo menos, Joe teria apoio se encontrasse alguma dificuldade com o bebê.

A que horas você gostaria de pegá-la na creche?

Ele parou de andar.

Por volta das 15h. Quero evitar o trânsito da hora do rush.

E vai voltar quando?

Ele reassumiu seu lugar à mesa, ajeitando Carly sobre o colo e balançando-a gentilmente.

Estarei em casa no máximo às 18h, talvez mais cedo, dependendo de como forem as coisas com meus pais.

Você, honestamente, espera problemas?

Na verdade, não. Imagino que quando eles puserem os olhos nela, não ficarão zangados comigo por não ter contado antes.

Certo. Tenho certeza de que vocês dois irão se divertir muito.

Uma vez que Demi tinha plantão no hospital naquela fim de tarde, talvez ele chegasse em casa antes dela. Por alguma estranha razão, ela ficou um pouco magoada por Joe não tê-la convidado para acompanhá-los. Como se tivesse lido sua mente, Joe adicionou:

Eu teria pedido que você fosse conosco, mas acho que é melhor eu amaciá-los para a idéia toda de que sou pai agora.

Sem problemas. Eu não sou da família. Certa época, tivera espe­rança de ser. Mas eu gostaria de conhecê-los antes de me mudar.

O comportamento de Joe de repente mudou de prazeroso para sério.

Tenho certeza de que isso pode ser arranjado.

Conversaremos sobre o assunto mais tarde. No momento, preciso me apressar. Vou separar uma roupinha para Carly, se você não se importa de vesti-la.

Eu não me importo, e sou capaz de escolher a roupa dela.

Agora ele parecia irritado.

Desculpe. Eu terei de me acostumar com você brincando de papai.

Eu não estou brincando, Demi. Eu sou o pai dela.

Ela sabia bem daquilo. Só de ver Carly nos braços dele servia como um lembrete constante.

Sim, você é. Demi sentiu necessidade de lhe dar algum incentivo. E está fazendo um bom trabalho até agora.

Ele pareceu genuinamente satisfeito pelo elogio.

Obrigado. Vamos esperar que meus pais sintam a mesma coisa.

Joe tinha um aperto firme na cadeirinha de segurança contendo um bebê adormecido, e um forte sentimento de que devia ter telefonado pri­meiro . Mas já estava parado na varanda de sua casa de infância, preparado para apresentar o mais novo neto para, assim esperava, avós orgulhosos.

Após tocar a campainha, o som de passos pesados proporcionou algum alívio em Joe. Seu pai estava prestes a atender à porta, e seu lendário senso de humor poderia ajudar a amenizar a situação. Joe previa que sua mãe iria agir com excessiva irritação pelo fato de ele não ter lhe contado nada sobre o bebê antes.

A porta se abriu, revelando Paul Jonas, o patriarca irlandês de ca­belos grisalhos que tinha passado a maior parte do anos de formação de Joe entretendo amigos, tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino.

Bem, bem murmurou ele nosso filho rebelde veio nos visitar. Quando Paul notou Carly, fixou seu olhar em Joe, mas não pare­ceu chocado de forma alguma. Agora, se você estiver tentando deixar este bebê na soleira de nossa porta, sinto muito, garoto. Já criei seis desses e estou muito velho para recomeçar.

Não, papai. Não pretendo deixá-la em lugar algum, e sim mantê-la comigo.

Joe esperou ver uma expressão confusa no rosto do pai, mas notavel­mente isso não aconteceu.

Acho que você deve alguma explicação para sua mãe disse ele, então deu um passo para o lado.

Pode-se dizer que sim concordou Joe, entrando na sala modes­ta, ainda decorada do mesmo modo que quando ele tinha saído de casa, 17 anos atrás, começando pelo mesmo sofá e poltronas de estampas florais.

Depois de colocar a cadeirinha de carro sobre o sofá, ele encarou seu pai e perguntou:

Onde está mamãe?

Preparando o jantar. Paul virou-se na direção da cozinha e gritou: Denise, meu amor, seu garoto está aqui.

Qual deles?

Joe.

Maravilhoso! Eu já estou indo.

Segundos depois, Denise Jonas veio apressada da cozinha, seus ca­belos escuros puxados para trás e presos num coque baixo. Ela secou as mãos no avental e envolveu Joe num abraço de urso que disfarçava sua baixa estatura.

- É tão bom vê-lo, querido. Estou fazendo aquele frango que você sempre gostou. Pode ficar para jantar?

Talvez ela retirasse o convite depois que ele fizesse sua grande re­velação.

É o frango com macarrão?

Sim, é. Eu também fiz bolo de pêssego. Estranhamente, ela ainda não tinha notado o bebê.

Parece ótimo, mamãe.

Quando o pai dele pigarreou, a mãe perguntou:

Você precisa de alguma coisa, Paul?

Não, meu amor. Só pensei que você gostaria de saber que nosso fi­lho lhe trouxe um presente, embora não seja original. Eu lhe dei a mesma coisa seis vezes.

Denise franziu ó cenho.

Do que você está falando, meu velho?

Seu pai moveu a cabeça em direção a Carly, que estava acordada agora, olhando ao redor da sala. Joe andou até o bebê, libertou-a do cinto da cadeirinha, ergueu-a e virou com ela nos braços.

Mamãe, papai, esta é Carly, minha filha.

Se Joe tivesse uma bola de basquete nas mãos, poderia ter marcado três pontos na boca de sua mãe.

Eu não entendo, Joe.

O que significava que ela entendia o que ele estava dizendo, não apenas por que ele não contara mais cedo.

Eu não sabia sobre ela até recentemente.

Sem falar uma palavra, Denise pegou Carly nos braços e olhou-a, mara­vilhada.

Há tanto tempo desejo que você se acomode, Joe. No meu cora­ção, eu sabia que isso ia acontecer, mas nunca sonhei que você pudesse ter um bebê.

A transformação de Joe tinha começado no minuto que ele recebera uma possível sentença de morte. O bebê apenas cimentara sua resolução de endireitar sua vida.

Eu também nunca pensei que teria um bebê, mas ela é minha.

Denise tirou os olhos de Carly e fitou Joe,

Quem é a mãe?

Ele havia esperado a pergunta e tentado uma explicação razoável.

Chama-se Demi Lovato. É pediatra. Você vai gostar dela.

Denise subitamente entregou o bebê para Paul.

Joe, eu gostaria de sua ajuda para me pegar uma travessa no armário.

Sua mãe não precisava de ajuda. Ela queria ficar a sós com ele, de modo que pudesse interrogá-lo. Joe olhou para seu pai, que se sentara em sua poltrona favorita e estava segurando Carly acima da cabeça, en­quanto fazia caretas ridículas para o bebê.

Cuidado com ela, Paul ralhou a mãe. Você vai machucá-la.

Eu já fiz isso antes, Denise.

E este era exatamente o problema que Joe tinha com a mãe... a ten­dência de Denise ser superprotetora de forma exagerada.

Ela está bem, mãe. Não vai quebrar.

Sem responder, Denise se afastou. Assim como Joe. Como um filho obediente, seguiu-a, mesmo sabendo que provavelmente não ia gostar do que ela tinha a dizer.

Quando Denise assumiu seu rosto preocupado no instante que eles che­garam à cozinha, Joe encostou-se contra o balcão e esperou pelo ser­mão. Não precisou esperar muito.

Você vai se casar com essa Demi?

Não, mãe. Ela vai embora no fim de agosto, para exercer a medicina no Mississipi.

E você vai deixá-la partir com sua filha?

Ele não gostava da idéia mais do que sua mãe.

Eu irei visitar Carly sempre que puder.

Denise meneou a cabeça.

Você percebe a importância de criar um filho com ambos os pais em casa?

Eu não tenho escolha, mãe. Demi está saindo com outro homem. Independentemente de quantas vezes ele dissesse isso, ainda queria en­gasgar nas palavras.

Ela começou a alinhar uma série de vegetais sobre o balcão.

Pior ainda, outro homem vai criar sua filha. O que você sabe so­bre ele?

Não muita coisa.

Demi é uma mulher sensata. Simplesmente, terei de confiar nela. E ela terá de aprender a confiar em mim com Carly.

Bem, pelo menos ela acredita que você é capaz de cuidar do bebê, caso contrário não estaria aqui com a criança agora.

Na verdade, estou planejando cuidar de Carly o dia inteiro, enquan­to Demi está no trabalho, pelo menos até que ela se mude. Assim que a convencesse que ele podia lidar com o bebê.

A expressão de Denise se iluminou.

Maravilhoso, querido. Vou reorganizar meus compromissos e aju­dar você. Nós iremos nos divertir muito.

Eu não preciso de ajuda, mãe. Quando a alegria dela dissipou-se, Joe acrescentou: Fazer isso sozinho é importante para mim.

Sua mãe não pareceu convencida.

Você mal se recuperou de sua doença, Joe. Eu não teria problema nenhum em ajudá-lo.

Joe podia entender por que sua mãe o considerava incapaz de cuidar de uma criança, mesmo se ela nunca lhe dissesse isso diretamente.

Faz seis meses desde o procedimento, mãe. Aprecio sua oferta, mas posso tomar conta de Carly, sozinho.

Denise tocou-lhe o braço.

Você não tem idéia de como é cuidar de um bebê, Joe. Há tantas coisas com quê se preocupar.

Tem razão. Eu vou me preocupar com Carly, mas não vou sufocá-la. Quero que ela cresça forte e independente.

Pela umidade se formando nos olhos de sua mãe ele podia dizer que a machucara com suas palavras descuidadas.

Joe parou atrás da mãe e abraçou-a.

Desculpe, mamãe. Eu não queria fazê-la chorar.

Eu sempre choro quando estou cortando cebolas.

Você está cortando um tomate.

Ela o dispensou.

Vá ver sua filha, a menos que queira que a primeira palavra dela seja um insulto irlandês.

Certo disse ele, e tinha um jeito de compensá-la um pouco. Eu ficarei para o jantar.

Denise tentou dar um sorriso leve.

Ótimo. Agora saia logo daqui para que eu possa terminar.

Joe retornou à sala de estar apenas para encontrá-la deserta. Não po­dia imaginar onde seu pai tinha ido com Carly, até que olhou para as portas de vidro e viu os dois sentados na varanda coberta. Carly parecia contente no colo do avô, agitando os bracinhos como um maestro de orquestra.

Joe foi para o lado de fora, puxou uma cadeira do gramado e se jun­tou a eles.

Está um pouco quente aqui. Acho que eu deveria levá-la para dentro antes que ela fique com muito calor. E agora ele soava exatamente como sua mãe.

Há muita sombra apontou Paul. E esta mocinha tem a sólida linhagem irlandesa, embora pareça que as raízes armênias de sua mãe predominaram sobre as irlandesas. Ela não tem a pele alva dos irlandeses.

Seu pai sempre dava grande importância para linhagem cultural, parti­cularmente a parte irlandesa.

O bisavô de Demi era venezuelano, então isso colabora com a cor mais escura da pele.

Paul balançou o bebê algumas vezes.

Então ela é como uma pequena mestiça. Ele desviou a atenção do bebê e deu a Joe um olhar curioso. Sua mãe foi dura com você, filho?

Não muito. Ela ficaria mais feliz se eu lhe dissesse que ia me casar com Demi.

Seu pai permaneceu silencioso por um momento.

Você contou a ela que está vivendo com essa moça?

Joe engoliu em seco, chocado.

Como você sabe disso?

Falei com Nick não muito tempo atrás. Nós dois achamos que seria melhor que você mesmo contasse para sua mãe.

Ótimo. Seu irmão o traíra, como nos velhos tempos. E seu pai havia basicamente decidido manter a notícia em segredo, por sua vez forçando Joe a enfrentar a situação sozinho.

Pelo menos isso explica sua reação inicial quando eu dei a notícia. Você nem piscou.

Seu velho pai pode guardar um segredo. E agora eu tenho um segre­do para você.

Joe não tinha certeza se podia lidar com mais segredos. Mas, por respeito, murmurou:

Fale.

A expressão de Paul se tornou subitamente séria.

Uma noite, quando você estava no hospital, e eles o estavam alimentando com aquele veneno antes de sua transfusão de sangue, sua mãe tinha saído para tomar um café. Ela me deixou sentado do seu lado, e você esta­va tão doente que meu velho coração doeu.

Joe não queria reviver o processo de quimioterapia, embora ainda tivesse pesadelos esporádicos sobre estar cercado por rostos mascarados enquanto se encontrava preso a uma cama, sem meios de escapar.

Eu estou bem agora, papai.

Eu sei disso, filho, Mas deixe-me terminar.

Joe recostou-se e aceitou seu destino... ouvir os comentários do pai.

Tudo bem.

Você estava balbuciando palavras que eu não conseguia compreender continuou Paul. Então abriu os olhos e falou com total clare­za: "Perdoe-me, Demi. Eu a amo." Naquele momento eu soube que você tinha destruído o relacionamento com alguma mulher.

Sim, ele definitivamente destruíra o relacionamento dos dois. Mas precisava questionar a verdade na declaração de seu pai sobre sua confissão num leito de convalescença. Joe nunca dissera a Demi que a amava, apesar de muitas vezes ter pensado que era isso que sentia por ela. Correção. Tinha certeza absoluta que era esse o sentimento.

Eu estava delirando, papai.

Você estava sofrendo por ela, filho. Vi isso nos seus olhos. Seu pai mudou Carly de posição, de modo que o bebê ficasse de frente para Joe. Ainda tem sentimentos fortes pela mãe desse bebê?

Se negasse, ele estaria contando uma grande mentira para o pai.

Sim, mas...

Ela está prometida em casamento para o homem com quem namora?

Aparentemente, seu pai sabia da história inteira, graças a Nick.

Não, que eu saiba.

Então não é tarde demais para você reconquistar-lhe o coração, meu rapaz.

Certa época, Joe teria considerado fazer exatamente aquilo, com ou sem namorado em jogo. Mas isso antes que tivesse feito um grande esforço para mudar seu jeito de ser, em vez de desrespeitar os sentimentos de outras pessoas.

Estou surpreso que você, papai, esteja sugerindo que eu tente roubar a mulher de outro homem.

Paul arqueou uma sobrancelha.

Onde está esse homem, Joe? Se sua mãe me dissesse que ia se mudar para a casa de algum sujeito, eu jamais ficaria passivo. Estaria ba­tendo à porta dele, exigindo que minha amada saísse da casa do homem. Depois eu iria lhe dar uma boa lição.

Eu não tenho certeza se Demi contou ao namorado que está morando na minha casa. Na verdade, o sujeito nunca telefonara para lá, o que significava que devia estar ligando para o celular de Demi. Ou não ligando em momento algum. Um pensamento puramente de desejo de sua parte.

Paul entregou Carly para Joe, estendeu as pernas à frente e cru­zou as mãos sobre o estômago.

Se ela contou ao homem, então ele é um cretino por não fazer nada a respeito. E você seria um tolo por não cortejá-la. Se o coração de Demi não estiver maduro para ser colhido, então você não conseguirá roubá-lo. Mas, se estiver, você logo saberá.

Obrigado nela sugestão, papai. Mesmo que ele não tivesse ne­nhuma intenção imediata de usar o conselho para cortejar Demi. Pelo me­nos era isso que tinha planejado.

Só mais um conselho, filho. Paul inclinou-se para a frente e cobriu as orelhas de Carly. Mantenha o zíper da calça fechado e deixe a moça assumir a liderança. Ela poderá surpreendê-lo.

Joe teve de admitir que o conselho de seu pai era sábio. Ele não ia fazer nada para comprometer seu arranjo com Demi. Mas duvidava muito que ela fosse surpreendê-lo, também.




Demi chegou em casa quatro horas depois do previsto, completamente exausta, com os pés doendo e o princípio de uma dor de cabeça. Mas seu ânimo melhorou quando entrou na grande sala para descobrir Joe deita­do de costas, os olhos fechados, com Carly descansando de bruços sobre o peito largo, o bumbum empinado no ar. Ela não podia decidir qual visão era mais bonita... o retrato de pai e filha dormindo ou aquele da manhã, com Joe lendo o jornal para Carly.

Por mais que detestasse perturbá-los Demi precisava pôr o bebê para dormir no berço. Mas antes de desmanchar a cena pegou seu celular e ba­teu uma foto para eternizar o momento.

Depois de devolver o celular para o bolso de seu jaleco, ela pegou Carly e carregou-a para o quarto do bebê. Colocou-a no berço cuidadosa­mente, e meio que esperou que Carly acordasse animada depois de uma soneca tardia. Contudo, o bebê nem se mexeu. Parecia que o encontro da tarde com os avós a esgotara. Esgotara ambos, decidiu ao voltar à grande sala para encontrar Joe ainda dormindo. As feições relaxadas e a respi­ração estável indicavam que ele passaria horas ali, se não a noite inteira. A menos que ela o acordasse.

Não. Deixaria Joe dormir. Enquanto isso, poderia aproveitar a opor­tunidade para dar uma boa olhada nele. Ela fez uma jornada visual pela camisa branca que exibia braços musculosos e bronzeados, e de lá se mo­veu para a calça do pijama azul que cobria quadris delgados, pensando que era melhor não deixar o olhar vagar por ali muito tempo. Até mesmo lhe observou os pés descalços que, honestamente, eram mais bonitos do que a maioria dos pés masculinos, apesar dos dedos um pouco tortos.

Focou o olhar na mão máscula, agora descansando sobre o abdômen. Demi simplesmente adorava aquelas mãos. Diversas vezes se sentira contente apenas de ficar sentada e observar aqueles dedos longos brincarem sobre o teclado do computador, enquanto Joe trabalhava num arquivo para a revista. Ela também se lembrava de ficar completamente hipnotiza­da quando ele usava as mãos habilidosas no seu corpo.

Demi culpou o ar frio soprando do ar-condicionado acima pelo seu tre­mor. Considerou cobrir Joe com a capa jogada sobre o braço do sofá, mas, então, ele sempre tivera o sangue quente. Tão quente que se recusava a dormir debaixo das cobertas quando eles estavam na cama. Na verdade, recusava-se a dormir com qualquer coisa no corpo. E aquela era uma ima­gem que ela precisava tirar da mente.

Quando Demi estendeu o braço para pegar a mamadeira quase vazia da mesinha de centro, a mesma mão que estivera admirando momentos antes agarrou seu pulso, enquanto uma voz muito sensual declarava:

Ei, eu ainda não acabei com isso.

Demi quase derrubou a mamadeira, mas pegou-a antes que caísse no chão, afastando-se do contato com Joe.

Desculpe murmurou ele. Eu não queria assustá-la.

Bem, você me assustou. Ela ergueu a mamadeira e inspecionou. Engraçado, isso parece fórmula, não cerveja.

Joe dobrou as longas pernas sobre o sofá e se sentou.

Eu não bebo mais essas coisas. Cerveja ou fórmula.

Demi nunca considerara que Joe bebia demais, mas ele costumava gostar de alguns drinques alcoólicos.

Claro. E você também não assiste mais beisebol.

Estou falando sério. Eu parei de beber cerveja desde que comecei a me exercitar com mais freqüência.

Ela havia notado as recompensas do novo regime de exercícios dele.

Mas você ainda bebe vinho.

Joe se levantou do sofá e esfregou a nuca com uma das mãos.

O vinho que tomamos naquela noite foi o primeiro álcool que bebi em meses.

Demi tinha dificuldade de acreditar que ele desistira desse tipo de diver­são em sua ausência. Mas estava muito cansada para desafiá-lo.

Se você diz.

É verdade. Joe olhou ao redor da sala, então de volta para o sofá. A propósito, onde está Carly? Ela fugiu com o carro de novo? Eu juro que escondi as chaves.

Demi não pôde reprimir um sorriso.

Eu a pus na cama, exatamente para onde pretendo ir.

Vou me exercitar um pouco.

Você vai a uma academia de ginástica a esta hora da noite?

Não. Vou para o galpão lá de fora. Tenho alguns aparelhos e pesos lá. Nick instalou tudo para mim como presente de inauguração da casa.

Muito bom. Eu não me importaria de usar o equipamento.

Joe estendeu os braços acima da cabeça, fazendo com que a camisa se separasse do elástico na cintura do pijama, expondo o umbigo dele, juntamente com a parte mais baixa, que Demi costumava traçar com a pon­ta do dedo, de modo que pudesse vê-lo tremer em antecipação. Ouvi-lo suplicar. Fazê-lo suar.

Meu equipamento é todo seu disse ele, abaixando os braços. Sinta-se à vontade para usá-lo a qualquer momento.

Aquilo invocava todo tipo de pensamentos dúbios no cérebro ansioso de Demi.

Obrigada, mas terei de passar esta noite. Preciso preparar mais algumas mamadeiras antes de ir para a cama.

Eu já fiz isso respondeu ele. Também dei a ela um banho quente sem me atrapalhar. Ganho um prêmio?

Recompensá-lo de maneira sexy e não convencional passou pela cabe­ça de Demi. Em vez disso, entregou-lhe a mamadeira.

Você podia tentar lavar isso sem se atrapalhar...

Quando ele pegou a mamadeira, Demi podia ter jurado que ele tinha roçado a ponta de um dedo no seu pulso. Ou talvez tivesse apenas imagi­nado aquilo. Até mesmo desejado.

Você deve estar faminta disse Joe.

Ela era tão óbvia?

Por que você pensaria isso?

Porque, conhecendo-a, você não pararia tempo suficiente para jan­tar. Mas tudo bem. Minha mãe me mandou trazer um prato de comida. Você é bem-vinda para saboreá-lo.

Normalmente, ela não consideraria comer tão tarde, mas Joe estava certo em suas suposições. Demi não comia nada desde a hora do almoço. Também estava curiosa para saber sobre a reação dos pais dele ao bebê.

Eu poderia comer um pouco.

Ótimo.

Demi seguiu Joe para cozinha e ficou em pé enquanto ele pegava um prato coberto por plástico da geladeira e o colocava no microondas. Virou-se e se inclinou contra o balcão.

Como foi o seu dia?

Bom. E desculpe-me por ter chegado tão tarde. Tive de cuidar da internação de duas crianças no hospital por causa de alguma virose de ve­rão que está circulando por aí.

Elas ficarão bem? perguntou ele com sincera preocupação.

Demi sentou-se num banco na ilha da cozinha.

Ambas devem se recuperar completamente, salvo alguma compli­cação.

Ótimo. Joe tirou garfo e faca de uma gaveta e pôs os talheres, juntamente com um guardanapo de papel, diante dela. Tenho outra pergunta: o que você tem feito com Carly quando precisa trabalhar até mais tarde?

Felizmente, a creche foi criada especificamente para a equipe médi­ca do hospital, então os funcionários se revezam em turnos diurnos e no­turnos. Tenho de pagar extra pelo serviço da noite, se preciso.

No mínimo, você tem uma preocupação a menos agora disse ele. Enquanto estiver morando aqui, eu estou disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.

Sou realmente grata por isso. Agora, é sua vez de me contar como foi com seus pais.

Ele pegou uma garrafa de água da geladeira e estendeu-lhe.

Melhor do que eu esperava. Meu pai recebeu a notícia com tranqüi­lidade, mas, como previ, minha mãe ficou desapontada por eu não ter lhe contado antes. Também não ficou muito satisfeita quando recusei a oferta dela de ajuda. Falei que cuidar de Carly era alguma coisa que eu queria fazer sozinho.

Demi entendia a atitude dele completamente. Joe sempre fora sensí­vel com o excesso de atenção da mãe.

Você deixou claro que eu estou morando aqui apenas temporariamente?

Ele olhou para o piso de azulejo.

Eu não cobri exatamente esse assunto. Um caso de suprema evasão.

Sua mãe não sabe que estou morando com você?

Decidi que eu precisava preparar o terreno. Saber sobre o bebê foi o bastante por um dia. Quando o microondas apitou, Joe abriu a porta, pegou o prato e colocou-o na frente dela. está seu jantar, dra. Lovato. Bom apetite.

Ela olhou para a comida.

Preciso esperar esfriar ura pouco, mas parece boa.

Está boa, acredite.

Demi pegou garfo e faca e cortou alguns pedaços de frango.

Eu sempre invejei pessoas que têm habilidades culinárias. Cozinhar não é meu forte, também.

Joe moveu-se para seu lado e inclinou o quadril contra a ilha.

Concordo. Nunca conheci ninguém que pudesse queimar uma pane­la de fettuccine.

Demi virou-se no banco para encará-lo.

Ei, isso não é justo. Aquilo foi culpa sua.

Ele deu de ombros.

Eu não deixei a massa no fogo até que toda a água evaporasse.

Não, mas se me recordo corretamente, você me distraiu. Tinha acabado de voltar de uma viagem a Nova York, entrou feito louco no meu apartamento e disse: "Fique longe do fogão, mulher, e tire suas roupas. Seu papai está de volta na cidade."

Não foi isso que eu falei.

Talvez não literalmente, mas...

Nem mesmo nada parecido com isso. Quando ele se inclinou contra ela, Demi prendeu a respiração. Joe pousou os lábios contra sua orelha e sussurrou: Eu disse: "Senti saudade sua, querida, e quero lhe mostrar o quanto. O jantar pode esperar."

Ele afastou o rosto, mas ainda continuou muito perto. Se Demi tivesse ao menos uma gota de sabedoria, evitaria fitar-lhe os olhos, mas não tinha, Se soubesse o que era melhor, não ousaria se levantar e aproximar-se dele, o que fez. Se tivesse algum respeito por autopreservação, seria louca até mesmo por considerar o que estava tentada a fazer em seguida. . Mas estava considerando. Mais ainda, iria fazer isso... abrir mão de todo seu bom-senso por um momento de prazer. Um momento no qual podia retomar as memórias e transformá-las em realidade. Ela necessitava da intimidade, independentemente das consequências, e aquilo ia acontecer. Não podia evitar. Não queria evitar.


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Oii meninas, muito obrigada pelos comentários!! bom, não fiz a maratona, pq eu tive que ir para a faculdade, vou explicar aqui meu horário, eu saio de casa umas 17:00 e só volto ás 23:00 portanto, não tenho acesso ao blog durante esse tempo, ok?? só pra deixar claro, de que se eu não postar entre esse horário é pq eu estou na faculdade... :) Continuem comentando, irei começar a maratona ás 09:00, já vou deixar os capítulos programados, a cada 2 horas para postar, mas se tiver 4 ou 5 comentários antes disso e eu estiver no not eu posto antes.... Beijooos e comentem <3

6 comentários:

  1. Posta+, estou comentando apenas isso pq to sem tempo mal da pra mim para e ler um cap enteiro numa hora so, mas fique sabendo q estou amando a fic e se vc quiser fazer maratona eu aceito de bom grado, haha! bjos

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  2. Omg ! Tipo amando essa fic ! Pode postar muito mais

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  3. Posta logo, quero maratona

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  4. Ansiosa!!!!! Maratona logo por favor!!!

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