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Quando
o
despertador tocou alto nos ouvidos de
Demi, ela rolou para o lado e tateou para procurar o botão
que o desligasse. E quando se concentrou para ver a hora, saltou
da cama como um míssil.
Depois de pegar seu roupão
da poltrona no canto, ela o vestiu e foi direto para o quarto do
bebê, encontrando um berço
vazio e nenhum sinal de Joe ou Carly. O cheiro de café
fresco enviou-a para cozinha, onde, deparou com uma cena tirada
de um filme doméstico. Joe
estava sentado na pequena copa, vestido numa calça
de pijama azul-marinho, sem camisa, os cabelos desalinhados e o
maxilar sombreado por uma camada fina de restolhos. Ele tinha os pés
descalços apoiados sobre uma
cadeira, e a filha deles reclinada contra o peito largo, a mão
direita de Joe envolvendo as costas do bebê,
enquanto a esquerda segurava um jornal.
Felizmente para Joe, a visão
serviu para apaziguar um pouco da irritação
de Demi sobre não ter sido
acordada para cuidar da filha.
— Bom dia para vocês
dois.
Ele ergueu os olhos e disse "Bom dia" numa voz
tão sensual que Demi poderia
passar o dia inteiro ouvindo, caso se permitisse. Aquela voz e o
peito nu eram quase demais para suportar tão
cedo, ou em qualquer horário,
na verdade. Ela não deveria
tê-lo abraçado
na noite anterior. O pequeno lapso levara a pensamentos
inoportunos que tinham lhe impedido de dormir com facilidade.
— Parece que o monitor não
está funcionando —
disse ela, o tom de voz desgostoso dirigido tanto para Joe quanto
para si mesma.
— Funciona, se você
o liga.
O desgosto de Demi aumentou.
— Por que você
não me disse que não
estava ligado?
Joe virou uma página do jornal sem olhá-la.
Joe virou uma página do jornal sem olhá-la.
— Porque você
precisava dormir.
— Eu precisava ser capaz de ouvir minha filha quando
ela acorda.
Joe deu um beijo no topo da cabeça
de Carly.
— Oh, ela acordou. Duas vezes, na verdade, Mas nós
nos viramos bem. Eu lhe dei uma mamadeira da
primeira vez, e da segunda vez, aproximadamente uma hora atrás,
nós viemos para cá
a fim de ver as notícias no
mundo dos esportes.
Quando Carly chutou o jornal, Joe sorriu para o bebê
e murmurou:
— Eu sei o que você
quer dizer, garotinha. Ele não
merece o valor daquele contrato. A idade na qual está
não é
a melhor, e ele não irá
ajudar muito o time se eles chegarem à
final. E este é um grande
"se".
Tanto Carly quanto Joe pareciam totalmente
desinteressados em Demi, o que apenas aumentou a exasperação
dela.
— Joe, você
pode largar o jornal um minuto e falar comigo?
Ele lhe deu um olhar breve.
— É claro, mas por que você
não toma um café?
Talvez seu humor melhore.
— Meu humor está
ótimo. —
Ela se aproximou da mesa, beijou o rosto de Carly e quase fez o mesmo
com Joe. Era como se algum instinto passado de fazer exatamente isso
estivesse impregnado em sua mente,
É de manhã
e Joe precisa de um beijo.
Antes que pudesse agir sobre a vontade, Demi foi em
direção à
cafeteira e serviu-se de uma caneca que estava sobre o balcão.
Como de costume, adicionou creme e açúcar,
um hábito que tinha
adquirido durante a faculdade de medicina.
Inclinando-se contra o balcão,
observou o elo entre pai e filha, enquanto Joe listava a seleção
dos astros de beisebol. E Carly, como se entendesse o que ele
estava dizendo, parecia completamente entretida.
— Você
deveria ter me acordado —
disse Demi, sentindo-se, de alguma maneira, mais coerente e um pouco
menos zangada por Joe ter assumido as suas tarefas. Afinal de contas,
a intenção dele fora boa, e
ela não podia se lembrar da
última vez que dormira a
noite inteira, sem interrupções.
Joe pôs o
jornal de lado e mudou Carly para seu ombro.
— Como falei, você
precisava dormir, e eu cuidei de tudo. A fralda de Carly está
limpa e a barriga está
cheia. Até mesmo recusei
deixá-la assistir tevê
quando ela me suplicou. — O
comentário foi seguido por
um sorriso rápido.
— Muito engraçadinho.
— E assim era Joe. —
Muito engraçadinho.
Demi olhou para o relógio
da cozinha e percebeu como tinha pouco tempo para se aprontar para o
trabalho.
— Já que está
ficando tarde, eu apreciaria se você
cuidasse dela enquanto eu troco de roupa.
— Sem problemas. Nós
ainda precisamos cobrir as notícias
da Costa Oeste.
— Eu também
preciso preparar a sacola de Carly para a creche.
— A sacola está
pronta.
Demi ficou boquiaberta por um momento.
— Como você
saberia do que ela precisa?
Ele gesticulou em direção
à sacola amarela sobre o
balcão.
— Eu achei a sua lista. Mamadeiras, fraldas, lenços
umedecidos e duas trocas de roupas extras. Fique à
vontade para conferir.
Ela estava tendo problemas suficientes para conferi-lo,
particularmente o peito poderoso e aquela trilha de pelos suaves que
levava a um território que
ela explorara com freqüência
certa época.
— Eu confio em você
desde que tenha observado a lista.
Depois que Carly começou
a se agitar, Joe se levantou e andou pelo cômodo.
— Você confia
em mim o bastante para apanhá-la
mais cedo na creche, de modo que eu possa levá-la
à casa dos meus pais?
Isso envolveria colocar Carly no carro com Joe, e embora
ele fosse um bom motorista, às
vezes gostava de correr.
— Você
promete dirigir devagar e com segurança?
— Prometo não
apostar corrida na estrada.
— Estou falando sério,
Joe.
—- Eu não
estou brincando — murmurou
ele.
Concordar com aquele pedido também
significava deixar o bebê
completamente sob os cuidados de Joe. Mas, então,
a mãe dele tinha criado seis
filhos e sabia o que estava fazendo. Pelo menos, Joe teria apoio se
encontrasse alguma dificuldade com o bebê.
— A que horas você
gostaria de pegá-la na
creche?
Ele parou de andar.
— Por volta das 15h. Quero evitar o trânsito
da hora do rush.
— E vai voltar quando?
Ele reassumiu seu lugar à
mesa, ajeitando Carly sobre o colo e balançando-a
gentilmente.
— Estarei em casa no máximo
às 18h, talvez mais cedo,
dependendo de como forem as coisas com meus pais.
— Você,
honestamente, espera problemas?
— Na verdade, não.
Imagino que quando eles puserem os olhos nela,
não
ficarão zangados comigo por
não ter contado antes.
— Certo. Tenho certeza de que vocês
dois irão se divertir muito.
Uma vez que Demi tinha plantão
no hospital naquela fim de tarde, talvez ele chegasse em casa antes
dela. Por alguma estranha razão,
ela ficou um pouco magoada por Joe não
tê-la convidado para
acompanhá-los. Como se
tivesse lido sua mente, Joe adicionou:
— Eu teria pedido que você
fosse conosco, mas acho que é
melhor eu amaciá-los para a
idéia toda de que sou pai
agora.
— Sem problemas. Eu não
sou da família. —
Certa época, tivera
esperança de ser. —
Mas eu gostaria de conhecê-los
antes de me mudar.
O comportamento de Joe de repente mudou de prazeroso
para sério.
— Tenho certeza de que isso pode ser arranjado.
— Conversaremos sobre o assunto mais tarde. No
momento, preciso me apressar. Vou separar uma roupinha para Carly, se
você não
se importa de vesti-la.
— Eu não me
importo, e sou capaz de escolher a roupa dela.
Agora ele parecia irritado.
— Desculpe. Eu terei de me acostumar com você
brincando de papai.
— Eu não
estou brincando, Demi. Eu sou o pai dela.
Ela sabia bem daquilo. Só
de ver Carly nos braços dele
servia como um lembrete constante.
— Sim, você
é. —
Demi sentiu necessidade de lhe dar algum incentivo. —
E está fazendo um bom
trabalho até agora.
Ele pareceu genuinamente satisfeito pelo elogio.
— Obrigado. Vamos esperar que meus pais sintam a mesma
coisa.
Joe
tinha
um aperto firme na cadeirinha de segurança
contendo um bebê adormecido,
e um forte sentimento de que devia ter telefonado primeiro . Mas
já estava parado na varanda
de sua casa de infância,
preparado para apresentar o mais novo neto para, assim esperava, avós
orgulhosos.
Após tocar a
campainha, o som de passos pesados proporcionou algum alívio
em Joe. Seu pai estava prestes a atender à
porta, e seu lendário senso
de humor poderia ajudar a amenizar a situação.
Joe previa que sua mãe iria
agir com excessiva irritação
pelo fato de ele não ter lhe
contado nada sobre o bebê
antes.
A porta se abriu, revelando Paul Jonas, o patriarca
irlandês de cabelos
grisalhos que tinha passado a maior parte do anos de formação
de Joe entretendo amigos, tanto do sexo feminino quanto do sexo
masculino.
— Bem, bem — murmurou
ele — nosso filho rebelde
veio nos visitar. — Quando
Paul notou Carly, fixou seu olhar em Joe, mas não
pareceu chocado de forma alguma. — Agora,
se você estiver tentando
deixar este bebê na soleira
de nossa porta, sinto muito, garoto. Já
criei seis desses e estou muito velho para recomeçar.
— Não, papai.
Não pretendo deixá-la
em lugar algum, e sim mantê-la
comigo.
Joe esperou ver uma expressão
confusa no rosto do pai, mas notavelmente isso não
aconteceu.
— Acho que você
deve alguma explicação para
sua mãe —
disse ele, então deu um
passo para o lado.
— Pode-se dizer que sim —
concordou Joe, entrando na sala modesta, ainda decorada do mesmo
modo que quando ele tinha saído
de casa, 17 anos atrás,
começando pelo mesmo sofá
e poltronas de estampas florais.
Depois de colocar a cadeirinha de carro sobre o sofá,
ele encarou seu pai e perguntou:
— Onde está
mamãe?
— Preparando o jantar. —
Paul virou-se na direção da
cozinha e gritou: — Denise,
meu amor, seu garoto está
aqui.
— Qual deles?
— Joe.
— Maravilhoso! Eu já
estou indo.
Segundos depois, Denise Jonas veio apressada da cozinha,
seus cabelos escuros puxados para trás
e presos num coque baixo. Ela secou as mãos
no avental e envolveu Joe num abraço
de urso que disfarçava sua
baixa estatura.
—- É tão
bom vê-lo, querido. Estou
fazendo aquele frango que você sempre
gostou. Pode ficar para jantar?
Talvez ela retirasse o convite depois que ele fizesse
sua grande revelação.
— É o frango com macarrão?
— Sim, é. Eu
também fiz bolo de pêssego.
Estranhamente, ela ainda não
tinha notado o bebê.
— Parece ótimo,
mamãe.
Quando o pai dele pigarreou, a mãe
perguntou:
— Você
precisa de alguma coisa, Paul?
— Não, meu
amor. Só pensei que você
gostaria de saber que nosso filho lhe trouxe um presente, embora
não seja original. Eu lhe
dei a mesma coisa seis vezes.
Denise franziu ó
cenho.
— Do que você
está falando, meu velho?
Seu pai moveu a cabeça
em direção a Carly, que
estava acordada agora, olhando ao redor da sala. Joe andou até
o bebê, libertou-a do cinto
da cadeirinha, ergueu-a e virou com ela nos braços.
— Mamãe,
papai, esta é Carly, minha
filha.
Se Joe tivesse uma bola de basquete nas mãos,
poderia ter marcado três
pontos na boca de sua mãe.
— Eu não
entendo, Joe.
O que significava que ela entendia o que ele estava
dizendo, não apenas por que
ele não contara mais cedo.
— Eu não
sabia sobre ela até
recentemente.
Sem falar uma palavra, Denise pegou Carly nos braços
e olhou-a, maravilhada.
— Há tanto
tempo desejo que você se
acomode, Joe. No meu coração,
eu sabia que isso ia acontecer, mas nunca sonhei que você
pudesse ter um bebê.
A transformação
de Joe tinha começado no
minuto que ele recebera uma possível
sentença de morte. O bebê
apenas cimentara sua resolução
de endireitar sua vida.
— Eu também
nunca pensei que teria um bebê,
mas ela é minha.
Denise tirou os olhos de Carly e fitou Joe,
— Quem é a
mãe?
Ele havia esperado a pergunta e tentado uma explicação
razoável.
— Chama-se Demi Lovato. É
pediatra. Você vai gostar
dela.
Denise subitamente entregou o bebê
para Paul.
— Joe, eu gostaria de sua ajuda para me pegar uma
travessa no armário.
Sua mãe não
precisava de ajuda. Ela queria ficar a sós
com ele, de modo que pudesse interrogá-lo.
Joe olhou para seu pai, que se sentara em sua poltrona favorita e
estava segurando Carly acima da cabeça,
enquanto fazia caretas ridículas
para o bebê.
— Cuidado com ela, Paul —
ralhou a mãe. —
Você vai machucá-la.
— Eu já fiz
isso antes, Denise.
E este era exatamente o problema que Joe tinha com a
mãe... a tendência
de Denise ser superprotetora de forma exagerada.
— Ela está
bem, mãe. Não
vai quebrar.
Sem responder, Denise se afastou. Assim como Joe. Como
um filho obediente, seguiu-a, mesmo sabendo que provavelmente não
ia gostar do que ela tinha a dizer.
Quando Denise assumiu seu rosto preocupado no instante
que eles chegaram à
cozinha, Joe encostou-se contra o balcão
e esperou pelo sermão.
Não precisou esperar muito.
— Você vai se
casar com essa Demi?
—Não, mãe.
Ela vai embora no fim de agosto, para exercer a medicina no
Mississipi.
— E você vai
deixá-la partir com sua
filha?
Ele não gostava
da idéia mais do que sua
mãe.
—Eu irei visitar Carly sempre que puder.
Denise meneou a cabeça.
— Você
percebe a importância de
criar um filho com ambos os pais em casa?
—Eu não tenho
escolha, mãe. Demi está
saindo com outro homem. —
Independentemente de quantas vezes ele dissesse isso, ainda queria
engasgar nas palavras.
Ela começou a
alinhar uma série de
vegetais sobre o balcão.
— Pior ainda, outro homem vai criar sua filha. O que
você sabe sobre ele?
Não muita
coisa.
— Demi é uma
mulher sensata. Simplesmente, terei de confiar nela. E ela terá
de aprender a confiar em mim com Carly.
— Bem, pelo menos ela acredita que você
é capaz de cuidar do bebê,
caso contrário não
estaria aqui com a criança
agora.
— Na verdade, estou planejando cuidar de Carly o dia
inteiro, enquanto Demi está
no trabalho, pelo menos até
que ela se mude. — Assim
que a convencesse que ele podia lidar com o bebê.
A expressão de
Denise se iluminou.
— Maravilhoso, querido. Vou reorganizar meus
compromissos e ajudar você.
Nós iremos nos divertir
muito.
— Eu não
preciso de ajuda, mãe. —
Quando a alegria dela dissipou-se, Joe acrescentou: —
Fazer isso sozinho é
importante para mim.
Sua mãe não
pareceu convencida.
— Você mal se
recuperou de sua doença,
Joe. Eu não teria problema
nenhum em ajudá-lo.
Joe podia entender por que sua mãe
o considerava incapaz de cuidar de uma criança,
mesmo se ela nunca lhe dissesse isso diretamente.
— Faz seis meses desde o procedimento, mãe.
Aprecio sua oferta, mas posso tomar conta de Carly, sozinho.
Denise tocou-lhe o braço.
— Você não
tem idéia de como é
cuidar de um bebê, Joe. Há
tantas coisas com quê se
preocupar.
—Tem razão.
Eu vou me preocupar com Carly, mas não
vou sufocá-la. Quero que ela
cresça forte e independente.
Pela umidade se formando nos olhos de sua mãe
ele podia dizer que a machucara com suas palavras descuidadas.
Joe parou atrás
da mãe e abraçou-a.
— Desculpe, mamãe.
Eu não queria fazê-la
chorar.
— Eu sempre choro quando estou cortando cebolas.
— Você está
cortando um tomate.
Ela o dispensou.
—Vá ver sua
filha, a menos que queira que a primeira palavra dela seja um insulto
irlandês.
— Certo —
disse ele, e tinha um jeito de compensá-la
um pouco. — Eu ficarei para
o jantar.
Denise tentou dar um sorriso leve.
— Ótimo. Agora saia logo daqui
para que eu possa terminar.
Joe retornou à
sala de estar apenas para encontrá-la
deserta. Não podia
imaginar onde seu pai tinha ido com Carly, até
que olhou para as portas de vidro e viu os dois sentados na varanda
coberta. Carly parecia contente no colo do avô,
agitando os bracinhos como um maestro de orquestra.
Joe foi para o lado de fora, puxou uma cadeira do
gramado e se juntou a eles.
— Está um
pouco quente aqui. Acho que eu deveria levá-la
para dentro antes que ela fique com muito calor. —
E agora ele soava exatamente como sua mãe.
— Há muita
sombra — apontou Paul. —
E esta mocinha tem a sólida
linhagem irlandesa, embora pareça
que as raízes armênias
de sua mãe predominaram
sobre as irlandesas. Ela não
tem a pele alva dos irlandeses.
Seu pai sempre dava grande importância
para linhagem cultural, particularmente a parte irlandesa.
— O bisavô de
Demi era venezuelano, então
isso colabora com a cor mais escura da pele.
Paul balançou o
bebê algumas vezes.
— Então ela é
como uma pequena mestiça. —
Ele desviou a atenção do
bebê e deu a Joe um olhar
curioso. — Sua mãe
foi dura com você, filho?
— Não muito.
Ela ficaria mais feliz se eu lhe dissesse que ia me casar com Demi.
Seu pai permaneceu silencioso por um momento.
— Você contou
a ela que está vivendo com
essa moça?
Joe engoliu em seco, chocado.
— Como você
sabe disso?
— Falei com Nick não
muito tempo atrás. Nós
dois achamos que seria melhor que você
mesmo contasse para sua mãe.
Ótimo. Seu irmão
o traíra, como nos velhos
tempos. E seu pai havia basicamente decidido manter a notícia
em segredo, por sua vez forçando
Joe a enfrentar a situação
sozinho.
— Pelo menos isso explica sua reação
inicial quando eu dei a notícia.
Você nem piscou.
—Seu velho pai pode guardar um segredo. E agora eu
tenho um segredo para você.
Joe não tinha
certeza se podia lidar com mais segredos. Mas, por respeito,
murmurou:
— Fale.
A expressão de
Paul se tornou subitamente séria.
— Uma noite, quando você
estava no hospital, e eles o estavam alimentando com aquele veneno
antes de sua transfusão de
sangue, sua mãe tinha saído
para tomar um café. Ela me
deixou sentado do seu lado, e você
estava tão doente que
meu velho coração doeu.
Joe não queria
reviver o processo de quimioterapia, embora ainda tivesse pesadelos
esporádicos sobre estar
cercado por rostos mascarados enquanto se encontrava preso a uma
cama, sem meios de escapar.
— Eu estou bem agora, papai.
— Eu sei disso, filho, Mas deixe-me terminar.
Joe recostou-se
e aceitou seu destino... ouvir os comentários
do pai.
— Tudo bem.
— Você estava
balbuciando palavras que eu não
conseguia compreender —
continuou Paul. — Então
abriu os olhos e falou com total clareza: "Perdoe-me, Demi.
Eu a amo." Naquele momento eu soube que você
tinha destruído
o relacionamento com alguma mulher.
Sim, ele definitivamente destruíra
o relacionamento dos dois. Mas precisava questionar a verdade na
declaração de seu pai sobre
sua confissão num leito de
convalescença. Joe nunca
dissera a Demi que a amava, apesar de muitas vezes ter pensado que
era isso que sentia por ela. Correção.
Tinha certeza absoluta que era esse o sentimento.
— Eu estava delirando, papai.
— Você estava
sofrendo por ela, filho. Vi isso nos seus olhos. —
Seu pai mudou Carly de posição,
de modo que o bebê ficasse
de frente para Joe. — Ainda
tem sentimentos fortes pela mãe
desse bebê?
Se negasse, ele estaria contando uma grande mentira para
o pai.
— Sim, mas...
— Ela está
prometida em casamento para o homem com quem namora?
Aparentemente, seu pai sabia da história
inteira, graças a Nick.
— Não, que eu
saiba.
— Então não
é tarde demais para você
reconquistar-lhe o coração,
meu rapaz.
Certa época,
Joe teria considerado fazer exatamente aquilo, com ou sem namorado em
jogo. Mas isso antes que tivesse feito um grande esforço
para mudar seu jeito de ser, em vez de desrespeitar os sentimentos de
outras pessoas.
— Estou surpreso que você,
papai, esteja sugerindo que eu tente roubar a mulher de outro homem.
Paul arqueou uma sobrancelha.
— Onde está
esse homem, Joe? Se sua mãe
me dissesse que ia se mudar para a casa de algum sujeito, eu jamais
ficaria passivo. Estaria batendo à
porta dele, exigindo que minha amada saísse
da casa do homem. Depois eu iria lhe dar uma boa lição.
— Eu não
tenho certeza se Demi contou ao namorado que está
morando na minha casa. — Na
verdade, o sujeito nunca telefonara para lá,
o que significava que devia estar ligando para o celular de Demi. Ou
não ligando em momento
algum. Um pensamento puramente de desejo de sua parte.
Paul entregou Carly para Joe, estendeu as pernas à
frente e cruzou as mãos
sobre o estômago.
— Se ela contou ao homem, então
ele é um cretino por não
fazer nada a respeito. E você
seria um tolo por não
cortejá-la. Se o coração
de Demi não estiver maduro
para ser colhido, então você
não conseguirá
roubá-lo. Mas, se estiver,
você logo saberá.
— Obrigado nela sugestão,
papai. — Mesmo que ele não
tivesse nenhuma intenção
imediata de usar o conselho para cortejar Demi. Pelo menos era
isso que tinha planejado.
— Só mais um
conselho, filho. — Paul
inclinou-se para a frente e cobriu as orelhas de Carly. —
Mantenha o zíper da calça
fechado e deixe a moça
assumir a liderança. Ela
poderá surpreendê-lo.
Joe teve de admitir que o conselho de seu pai era sábio.
Ele não ia fazer nada para
comprometer seu arranjo com Demi. Mas duvidava muito que ela fosse
surpreendê-lo, também.
Demi
chegou
em casa quatro horas depois do previsto,
completamente exausta, com os pés
doendo e o princípio de uma
dor de cabeça. Mas seu ânimo
melhorou quando entrou na grande sala para descobrir Joe deitado
de costas, os olhos fechados, com Carly descansando de bruços
sobre o peito largo, o bumbum empinado no ar. Ela não
podia decidir qual visão era
mais bonita... o retrato de pai e filha dormindo ou aquele da manhã,
com Joe lendo o jornal para Carly.
Por mais que detestasse perturbá-los
Demi precisava pôr o bebê
para dormir no berço. Mas
antes de desmanchar a cena pegou seu celular e bateu uma foto
para eternizar o momento.
Depois de devolver o celular para o bolso de seu jaleco,
ela pegou Carly e carregou-a para o quarto do bebê.
Colocou-a no berço
cuidadosamente, e meio que esperou que Carly acordasse animada
depois de uma soneca tardia. Contudo, o bebê
nem se mexeu. Parecia que o encontro da tarde com os avós
a esgotara. Esgotara ambos, decidiu ao voltar à
grande sala para encontrar Joe ainda dormindo. As feições
relaxadas e a respiração
estável indicavam que ele
passaria horas ali, se não a
noite inteira. A menos que ela o acordasse.
Não. Deixaria
Joe dormir. Enquanto isso, poderia aproveitar a oportunidade
para dar uma boa olhada nele. Ela fez uma jornada visual pela camisa
branca que exibia braços
musculosos e bronzeados, e de lá
se moveu para a calça
do pijama azul que cobria quadris delgados, pensando que era melhor
não deixar o olhar vagar por
ali muito tempo. Até mesmo
lhe observou os pés
descalços que, honestamente,
eram mais bonitos do que a maioria dos pés
masculinos, apesar dos dedos um pouco tortos.
Focou o olhar na mão
máscula, agora descansando
sobre o abdômen. Demi
simplesmente adorava aquelas mãos.
Diversas vezes se sentira contente apenas de ficar sentada e observar
aqueles dedos longos brincarem sobre o teclado do computador,
enquanto Joe trabalhava num arquivo para a revista. Ela também
se lembrava de ficar completamente hipnotizada quando ele usava
as mãos habilidosas no seu
corpo.
Demi culpou o ar frio soprando do ar-condicionado acima
pelo seu tremor. Considerou cobrir Joe com a capa jogada sobre o
braço do sofá,
mas, então, ele sempre
tivera o sangue quente. Tão
quente que se recusava a dormir debaixo das cobertas quando eles
estavam na cama. Na verdade, recusava-se a dormir com qualquer coisa
no corpo. E aquela era uma imagem que ela precisava tirar da
mente.
Quando Demi estendeu o braço
para pegar a mamadeira quase vazia da mesinha de centro, a mesma mão
que estivera admirando momentos antes agarrou seu pulso, enquanto uma
voz muito sensual declarava:
— Ei, eu ainda não
acabei com isso.
Demi quase derrubou a mamadeira, mas pegou-a antes que
caísse no chão,
afastando-se do contato com Joe.
— Desculpe — murmurou
ele. — Eu não
queria assustá-la.
— Bem, você
me assustou. — Ela ergueu a
mamadeira e inspecionou. —
Engraçado, isso parece
fórmula, não
cerveja.
Joe dobrou as longas pernas sobre o sofá
e se sentou.
— Eu não bebo
mais essas coisas. Cerveja ou fórmula.
Demi nunca considerara que Joe bebia demais, mas ele
costumava gostar de alguns drinques alcoólicos.
— Claro. E você
também não
assiste mais beisebol.
— Estou falando sério.
Eu parei de beber cerveja desde que comecei a me exercitar com mais
freqüência.
Ela havia notado as recompensas do novo regime de
exercícios dele.
— Mas você
ainda bebe vinho.
Joe se levantou do sofá
e esfregou a nuca com uma das mãos.
— O vinho que tomamos naquela noite foi o primeiro
álcool que bebi em meses.
Demi tinha dificuldade de acreditar que ele desistira
desse tipo de diversão
em sua ausência. Mas estava
muito cansada para desafiá-lo.
— Se você
diz.
— É verdade. —
Joe olhou ao redor da sala, então
de volta para o sofá. —
A propósito,
onde está Carly?
Ela fugiu com o carro de novo? Eu juro que escondi as chaves.
Demi não pôde
reprimir um sorriso.
— Eu a pus na cama, exatamente para onde pretendo ir.
— Vou me exercitar um pouco.
— Você vai a
uma academia de ginástica a
esta hora da noite?
— Não. Vou
para o galpão lá
de fora. Tenho alguns aparelhos e pesos lá.
Nick instalou tudo para mim como presente de inauguração
da casa.
— Muito bom. Eu não
me importaria de usar o equipamento.
Joe estendeu os braços
acima da cabeça, fazendo com
que a camisa se separasse do elástico
na cintura do pijama, expondo o umbigo dele, juntamente com a parte
mais baixa, que Demi costumava traçar
com a ponta do dedo, de modo que pudesse vê-lo
tremer em antecipação.
Ouvi-lo suplicar. Fazê-lo
suar.
— Meu equipamento é
todo seu — disse ele,
abaixando os braços. —
Sinta-se à
vontade para usá-lo a
qualquer momento.
Aquilo invocava todo tipo de pensamentos dúbios
no cérebro ansioso de Demi.
— Obrigada, mas terei de passar esta noite. Preciso
preparar mais algumas mamadeiras antes de ir para a cama.
— Eu já fiz
isso — respondeu ele. —
Também dei a ela um banho
quente sem me atrapalhar. Ganho um prêmio?
Recompensá-lo
de maneira sexy e não
convencional passou pela cabeça
de Demi. Em vez disso, entregou-lhe a mamadeira.
— Você podia
tentar lavar isso sem se atrapalhar...
Quando ele pegou a mamadeira, Demi podia ter jurado que
ele tinha roçado a ponta de
um dedo no seu pulso. Ou talvez tivesse apenas imaginado aquilo.
Até mesmo desejado.
— Você deve
estar faminta — disse Joe.
Ela era tão
óbvia?
— Por que você
pensaria isso?
— Porque, conhecendo-a, você
não pararia tempo suficiente
para jantar. Mas tudo bem. Minha mãe
me mandou trazer um prato de comida. Você
é bem-vinda para saboreá-lo.
Normalmente, ela não
consideraria comer tão
tarde, mas Joe estava certo em suas suposições.
Demi não comia nada desde a
hora do almoço. Também
estava curiosa para saber sobre a reação
dos pais dele ao bebê.
— Eu poderia comer um pouco.
— Ótimo.
Demi seguiu Joe para cozinha e ficou em pé
enquanto ele pegava um prato coberto por plástico
da geladeira e o colocava no microondas. Virou-se e se inclinou
contra o balcão.
— Como foi o seu dia?
— Bom. E desculpe-me por ter chegado tão
tarde. Tive de cuidar da internação
de duas crianças no hospital
por causa de alguma virose de verão
que está circulando por aí.
— Elas ficarão
bem? — perguntou ele com
sincera preocupação.
Demi sentou-se num banco na ilha da cozinha.
— Ambas devem se recuperar completamente, salvo alguma
complicação.
— Ótimo. —
Joe tirou garfo e faca de uma gaveta e pôs
os talheres, juntamente com um guardanapo de papel, diante dela. —
Tenho outra pergunta: o que você
tem feito com Carly quando precisa trabalhar até
mais tarde?
— Felizmente, a creche foi criada especificamente para
a equipe médica do
hospital, então os
funcionários se revezam em
turnos diurnos e noturnos. Tenho de pagar extra pelo serviço
da noite, se preciso.
— No mínimo,
você tem uma preocupação
a menos agora — disse ele.
— Enquanto estiver morando
aqui, eu estou disponível 24
horas por dia, sete dias por semana.
— Sou realmente grata por isso. Agora, é
sua vez de me contar como foi com seus pais.
Ele pegou uma garrafa de água
da geladeira e estendeu-lhe.
— Melhor do que eu esperava. Meu pai recebeu a notícia
com tranqüilidade, mas,
como previ, minha mãe ficou
desapontada por eu não ter
lhe contado antes. Também
não ficou muito satisfeita
quando recusei a oferta dela de ajuda. Falei que cuidar de Carly era
alguma coisa que eu queria fazer sozinho.
Demi entendia a atitude dele completamente. Joe sempre
fora sensível com o
excesso de atenção da mãe.
— Você deixou
claro que eu estou morando aqui apenas temporariamente?
Ele olhou para o piso de azulejo.
— Eu não
cobri exatamente esse assunto. Um caso de suprema evasão.
— Sua mãe não
sabe que estou morando com você?
— Decidi que eu precisava preparar o terreno. Saber
sobre o bebê foi o bastante
por um dia. — Quando o
microondas apitou, Joe abriu a porta, pegou o prato e colocou-o na
frente dela. — Aí
está seu jantar, dra.
Lovato. Bom apetite.
Ela olhou para a comida.
— Preciso esperar esfriar ura pouco, mas parece boa.
— Está boa,
acredite.
Demi pegou garfo e faca e cortou alguns pedaços
de frango.
— Eu sempre invejei pessoas que têm
habilidades culinárias.
Cozinhar não é
meu forte, também.
Joe moveu-se para seu lado e inclinou o quadril contra a
ilha.
— Concordo. Nunca conheci ninguém
que pudesse queimar uma panela de fettuccine.
Demi virou-se no banco para encará-lo.
— Ei, isso não
é justo. Aquilo foi culpa
sua.
Ele deu de ombros.
— Eu não
deixei a massa no fogo até
que toda a água evaporasse.
— Não, mas se
me recordo corretamente, você
me distraiu. Tinha acabado de voltar de uma viagem a Nova York,
entrou feito louco no meu apartamento e disse: "Fique longe do
fogão, mulher, e tire suas
roupas. Seu papai está de
volta na cidade."
—Não foi
isso que eu falei.
— Talvez não
literalmente, mas...
— Nem mesmo nada parecido com isso. —
Quando ele se inclinou contra ela, Demi prendeu a respiração.
Joe pousou os lábios contra
sua orelha e sussurrou: —
Eu disse: "Senti saudade sua, querida, e quero lhe mostrar o
quanto. O jantar pode esperar."
Ele afastou o rosto, mas ainda continuou muito perto. Se
Demi tivesse ao menos uma gota de sabedoria, evitaria fitar-lhe os
olhos, mas não tinha, Se
soubesse o que era melhor, não
ousaria se levantar e aproximar-se dele, o que fez. Se tivesse algum
respeito por autopreservação,
seria louca até mesmo por
considerar o que estava tentada a fazer em seguida. . Mas estava
considerando. Mais ainda, iria fazer isso... abrir mão
de todo seu bom-senso por um momento de prazer. Um momento no qual
podia retomar as memórias e
transformá-las em realidade.
Ela necessitava da intimidade, independentemente das consequências,
e aquilo ia acontecer. Não
podia evitar. Não queria
evitar.
~
Oii meninas, muito obrigada pelos comentários!! bom, não fiz a maratona, pq eu tive que ir para a faculdade, vou explicar aqui meu horário, eu saio de casa umas 17:00 e só volto ás 23:00 portanto, não tenho acesso ao blog durante esse tempo, ok?? só pra deixar claro, de que se eu não postar entre esse horário é pq eu estou na faculdade... :) Continuem comentando, irei começar a maratona ás 09:00, já vou deixar os capítulos programados, a cada 2 horas para postar, mas se tiver 4 ou 5 comentários antes disso e eu estiver no not eu posto antes.... Beijooos e comentem <3
Posta+, estou comentando apenas isso pq to sem tempo mal da pra mim para e ler um cap enteiro numa hora so, mas fique sabendo q estou amando a fic e se vc quiser fazer maratona eu aceito de bom grado, haha! bjos
ResponderExcluirOmg ! Tipo amando essa fic ! Pode postar muito mais
ResponderExcluirPosta logo, quero maratona
ResponderExcluirAnsiosa!!!!! Maratona logo por favor!!!
ResponderExcluirCadeeeeeee???
ResponderExcluir1:22 a espera :O
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