~
— Você
está
falando sério?
Joe não ficou
nem um pouco surpreso pela reação
de Demi, embora tivesse se surpreendido pela sua própria
oferta espontânea. Contudo,
a idéia toda fazia perfeito
sentido.
— Nunca falei tão
sério na minha vida.
Ela franziu a testa numa quase careta.
Ela franziu a testa numa quase careta.
— Você perdeu
o juízo, Joe.
Possivelmente, por pensar que ela pudesse concordar com
aquilo. Mas ele não estava
querendo desistir... ainda.
— É um excelente arranjo, Demi.
Você pode ir trabalhar de
manhã, sem precisar deixar
Carly num lugar ou noutro. Eu posso tomar conta dela durante o dia, e
você reassume quando voltar
para casa à noite, se não
estiver cansada. Ora, posso até
mesmo ter um jantar esperando por você.
Ela mostrava seu ceticismo na expressão.
— Você não
sabe cozinhar.
—Não é
verdade. Eu fiz jantar para você
uma noite no meu apartamento.
Ela sorriu.
— Você
esquentou um jantar que sua cunhada foi muito gentil em preparar
para nós.
Joe devolveu-lhe o sorriso, lembrando-se das noites
incríveis que eles tinham
compartilhado.
— Você não
reclamou. Na verdade, não me
lembro de tê-la ouvido
reclamar de nada a noite inteira. —
Ou pela manhã, quando ele
havia feito amor com ela pela segunda vez. Ou talvez tivesse sido a
terceira...
Demi pigarreou, trazendo Joe para o presente.
— Deixando de lado a falta de habilidades culinárias,
o que você sabe exatamente
sobre os cuidados de um bebê?
— perguntou ela.
Não muito.
— Tenho diversas sobrinhas e sobrinhos, de quem cuidei
uma vez ou duas. — Sob
supervisão direta de seus
pais durante reuniões
informais familiares, um detalhe que ele preferiria não
revelar no momento, à luz do
olhar cínico de Demi.
Quando Carly choramingou, Demi pegou o bebê
nos braços e deitou-a na
cama.
— Dê-me uma
fralda e uma caixa de lenços
umedecidos — disse ela
enquanto começava a abrir
pequenos botões de pressão
no macacão com pezinhos de
Carly.
Joe olhou em volta por alguns momentos antes que Demi
acrescentasse:
—A caixa está
sobre a cômoda e as fraldas
na gaveta.
Ele pegou uma fralda descartável
e uma caixa de plástico que
indicava claramente lenços
umedecidos para bebê. Depois
de entregar a fralda e os lenços
para Demi, sentou-se na beira do colchão,
perto da filha.
— Você quer
fazer isso? — perguntou
Demi, na expectativa.
Se ao menos ele fizesse uma tentativa, então
provaria o quão pouco sabia
lidar com bebê.
— Uma vez que somente fomos apresentados recentemente,
observarei enquanto você a
troca.
— Você nunca
fez isso, fez?
Ela estava intuitiva demais para seu gosto, pensou Joe.
— Não.
— Foi o que pensei —
murmurou Demi enquanto trocava a fralda da filha.
Joe tentou concentrar-se na tarefa da troca de fralda,
mas foi distraído pelos
barulhos que Carly emitia.
— Você ouviu
isso? — Ele parecia como se
sua filha tivesse recitado o preâmbulo
da Constituição.
— Ela começou
a fase do arrulho há uma
semana.— explicou Demi
enquanto fechava o macacãozinho
de novo com a habilidade de uma artista em trocas de bebê.
Quando Carly riu para ele novamente, Joe disse:
— Ela é
seguramente uma menina feliz.
Demi pegou o bebê
e segurou-a contra o ombro.
— Ela não
ficará feliz por muito
tempo, uma vez que já passou
a hora para uma soneca.
Aquela era a dica para ele ir embora. Joe se levantou e
disse:
— Excelente. Irei embora a fim de que ela possa tirar
uma soneca. Ligarei para você
mais tarde, a fim de discutir a mudança.
— Eu não
falei que iria me mudar para a sua casa, Joe.
Pelo menos ela não
dissera que não se mudaria,
o que significava que ele
tinha esperança.
—Apenas pense sobre como seria conveniente se
morássemos juntos.
Ela colocou o bebê
de volta no bercinho e deu-lhe um sorriso irônico.
— Não é
a conveniência que me
preocupa.
Ele sabia perfeitamente o que a aborrecia... a possível
explosão sensual devido à
proximidade deles.
— Ouça, tenho
duas suítes máster,
uma em cada ponta da casa, com dois quartos entre elas. Um desses
quartos seria de Carly. E você
poderia ter seu próprio
banheiro privativo, com uma banheira de hidromassagem.
Deus, agora ele parecia um corretor de imóveis.
— Tenho certeza que é
ótimo, Joe, mas não
estou interessada.
— Você não
está nem mesmo um pouquinho
tentada? — Ele usou uma de
suas grandes armas... uma piscadela.
Demi rolou os olhos, indicando que ele perdera a
habilidade de seduzi-la.
— Tentação
nos colocou nessa situação,
antes de tudo.
Ele não podia
discutir aquele ponto. Não
pretendia discutir seu caso de coabitação.
— Você não
teria de ficar perto de mim, a não
ser nos momentos que envolvessem Carly. Na verdade, você
estaria fora a maior parte do dia, o que deixa apenas algumas horas
durante a noite, quando teria de tolerar minha presença.
—Verdade, mas, francamente, não
estou certa se confio em você
mesmo por cinco minutos.
Ele lutou contra um acesso de raiva, mesmo sabendo que
não fizera nada para obter a
confiança dela novamente.
— Ouça, Demi,
você vai embora em agosto.
Isso me dá menos de dois
meses para conhecer meu bebê
antes que você a leve para
outro estado. Não posso
fazer isso quando ela estiver numa creche o dia inteiro.
— Você pode
vê-la antes de eu partir e
depois que eu mudar para o Mississipi, se assim desejar.
— Você quer
dizer uma semana sim, outra não?
Talvez um feriado ou dois? Isso não
nos dará tempo para
construir um relacionamento de pai e filha.
Ela suspirou.
— Vamos discutir isso mais tarde. Agora sua filha
precisa dormir.
Sua filha. Só
aquilo alimentou a determinação
de Joe. Ele daria a Demi algum espaço,
e nesse ínterim se
prepararia para uma batalha... ter Demi e Carly na sua casa... mesmo
que não se surpreendesse se
ela recusasse.
— Tudo bem —
disse Joe, dirigindo-se para a porta. —
Entrarei em contato dentro de poucos dias. Ligue-me se mudar de idéia
antes disso.
— Eu não
mudarei, Joe.
No minuto que sua colega de casa entrou pela porta da
frente, Demi não pôde
mais conter o silêncio.
— Você não
vai acreditar no que Joe fez.
Macy pôs a mão
na testa com toda a polidez de uma rainha do drama.
— Com um bebê
no local? Ele não tem
vergonha?
Demi suspirou, frustrada.
— Ele pediu que eu me mude para a casa dele.
Macy caiu no sofá
e recostou a cabeça na
almofada.
— Por favor, diga-me que você
não concordou, Demi.
— Claro que não.
— Embora ela tivesse de
admitir que não pensara em
outra coisa a não ser na
proposta de Joe durante a maior parte do dia.
— Ótimo. Por um minuto pensei que
você tivesse perdido o juízo
— disse Macy enquanto se
livrava dos sapatos.
Demi sentou-se na poltrona oposta ao sofá
e colocou os pés sobre a
mesinha de centro.
— Ele diz que seria apenas temporário.
Somente até que eu me mude
para o Mississipi, em agosto.
Macy franziu o cenho.
— Você não
vai fazer isso, então por
que está me contando?
Demi não
entendeu por que revelar os detalhes a Macy parecia tão
importante, mas era.
— Somente quero que você
note que não é
o que pensa. Joe quer conhecer Carly e não
posso, de modo algum mantê-lo
afastado da filha, agora que eu o envolvi na vida dela.
— Vida dela —
acrescentou Macy. — Estas
são as palavras-chave. Isso
não significa que você
tem de morar com ele. Ele pode muito bem tê-la
por algumas horas durante o fim de semana.
Aquilo parecia lógico,
todavia, Demi reconhecia a razão
daquele arranjo ser adequado para Joe.
— Ele também
ofereceu tomar conta de Carly durante o dia, enquanto estou no
trabalho.
Macy deu um sorriso afetado.
— Você não
deve pensar em deixar sua garotinha nas mãos
de um monumento de má
influência.
Demi lamentou ter contado a Macy todos os detalhes do
passado de Joe.
— Ele não
é um ogro, Macy.
— Não, ele é
um jogador que provavelmente tem uma porta de vaivém
no seu vestiário feminino.
Demi permaneceu silenciosa alguns momentos, antes de
continuar.
— Ele tem uma casa com quatro quartos, quatro
banheiros e uma piscina.
Macy animou-se como um cachorrinho esperando um agrado.
— Uma piscina? Comprada pronta ou cavada na terra?
— Cavada na terra. Com uma cascata e um ofurô
de água quente.
— Uau! Bem, você
fica aqui com o bebê e eu me
mudarei para a casa dele.
Demi ficou atônita
diante do repentino surto de ciúme
que a inundou com aquele pensamento.
— Ele não faz
seu tipo, Macy.
— Sim, sei disso. E é
bonito demais para mim. Eu prefiro um cara menos refinado.
Alguém que seja bom com as
mãos.
— Joe é
definitivamente bom com as mãos.
— Entre outras coisas.
Macy inclinou-se para a frente e deu a Demi um olhar
sério.
— Eu honestamente acredito que você
está considerando a proposta
dele.
—É claro que não.
— Notando o tom defensivo
na sua própria voz, Demi o
moderou.
— Você tem
razão. Com ou sem piscina,
isso não daria certo.
Macy jogou os cabelos louros para trás,
que cascateavam até os
ombros.
— Talvez você
tenha medo que dê
certo. Talvez esteja com medo de se envolver
novamente. Mas, ouça aqui,
nada errado com sexo conveniente, contanto que você
não deixe toda carga
emocional entrar nisso. E contanto que dê
atenção dobrada aos
preservativos.
— Não estou a
fim de qualquer espécie de
sexo. — Aquilo não
era exatamente mentira. Ela não
pensara em sexo por meses... muito. — Além
do mais, eu disse a ele que estava saindo com alguém.
Macy ficou boquiaberta por alguns momentos antes de
dizer:
— Quando você
tem tempo para sair com alguém?
— Não tenho e
não estou saindo. Só
quero que ele acredite que estou fora do mercado.
— O que você
vai dizer se ele pedir detalhes sobre esse homem misterioso?—
perguntou Macy.
— Já lhe
forneci detalhes. Fingirei que meu novo amante é
J. W., meu amigo do Mississipi.
Macy bufou.
— Você está
falando daquele mecânico que
ligou uma noite dizendo que tinha uma caixa de ferramentas muito,
muito grande, e depois perguntando se eu queria vê-la?
Bom velho J. W.
— Sim, mas não
se preocupe com ele, que é
do tipo que fala, mas não
age.
—Acreditarei em você.
— Macy bateu as mãos
sobre as coxas e ficou de pé.
— Preciso tomar uma ducha
agora, porque eu estou
a fim de um pouco de amor. Tenho um encontro com um bonitão,
e ele vem me apanhar em menos de uma hora.
Demi experimentou uma onda indesejável
de inveja.
— Boa sorte.
— Obrigada, Demi. E só
mais uma pergunta: você
deixou bem claro para Joe que não
está interessada em bancar a
família feliz com ele?
— Eu tentei, mas, conhecendo Joe, ele não
vai desistir facilmente.
***
— Eu preciso que você
me empreste uma de suas filhas.
Depois de sua declaração,
Joe daria seu ordenado de um mês
por uma câmera para capturar
o olhar confuso no rosto do cunhado.
— Pelas barbas de Noé,
Joe, do que você está
falando?
— Se você me
permitir entrar na sua casa, Carlos,
eu lhe direi. — Ele não
gostava da idéia de explicar
a situação para sua irmã,
Dinah, mas desespero o fizera atravessar Houston durante a hora
do rush atrás de uma ajuda
muito necessária.
Depois de um momento de hesitação,
Carlos abriu a porta por inteiro e murmurou:
— Entre.
Joe entrou na sala de estar e viu Dinah sentada na beira
do sofá, usando um penhoar
de seda rosa. Uma garrafa de champanhe e duas taças
de cristal estavam sobre um tapete medonho que cobria o assoalho de
carvalho. Uma cena aconchegante, indicando uma comemoração
íntima. Com certeza, ele não
chegara numa boa hora.
— Seu celular está
com algum problema, Joe? —
perguntou sua irmã, o tom de
voz bem pouco amigável.
Ele enfiou as mãos
nos bolsos e tentou parecer arrependido.
—Desculpem. Apenas deduzi que, uma vez que são
18h de uma segunda-feira, eu não
interromperia nada, a não
ser um jantar.
— São quase
19h. — Carlos sentou-se ao
lado de Dinah e colocou a mão
sobre a coxa dela. — Se
você tivesse aparecido cinco
minutos depois, eu não teria
atendido a porta.
Joe olhou para a bebida no chão.
— Hoje é
aniversário de casamento de
vocês?
— Não. —
Dinah apertou a faixa do penhoar e moveu-se para mais perto do
marido. — Carlos ficou
sabendo hoje que vai projetar uma casa de milhões
de dólares para uma
proeminente corporação.
Estamos comemorando.
Joe estendeu a mão
para o cunhado num cumprimento.
— Meus parabéns.
Carlos sorriu orgulhoso.
— Obrigado. Ganhei uma concorrência
com diversos outros arquitetos, portanto, estou muito feliz por isso.
Começarei a trabalhar no
projeto dentro de poucas semanas.
— Parece ser um bom negócio
— disse Joe. —
Quem é esse magnata,
afinal de contas?
Dinah suspirou.
— Vamos cortar a tagarelice de vocês
dois. E, Joe, o que você
está fazendo aqui?
—Ele quer uma das garotas emprestada. —
disse Carlos antes que Joe pudesse responder.
Dinah fez uma carranca.
— Para quê?
Agora vinha o âmago
da questão. A explicação
que poderia tomar algum tempo. Com isso em mente, Joe pegou uma
cadeira junto ao sofá e
preparou-se para confessar.
— Tentarei ser breve.
— Boa idéia —
disse Carlos. — Temos de
voltar à comemoração
e você não
está convidado para
assistir.
Joe entrou em detalhes sobre seu encontro com Demi,
relatando sua descoberta sobre Carly e sua mais recente proposta.
Concluiu dizendo:
— Ela não
concordou em se mudar para a minha casa ainda, mas mesmo que não
concorde quero aprender a tomar conta de bebês.
Esta é a razão
pela qual estou aqui.
Tão logo o
espanto deixou a expressão
de Dinah, ela inclinou-se para a frente e colocou as mãos
no colo.
— Isso significa que vocês
dois talvez possam voltar a se relacionar?
Obviamente, ele tinha nascido numa família
de casamenteiros frustrados.
— Não, não
significa. Ela não está
interessada.
— Mesmo depois que você
contou-lhe sobre sua doença?
— perguntou sua irmã.
— Eu não
contei nada a ela, e não
tenho intenção de contar.
Carlos balançou
a cabeça.
— Você está
cometendo um grande erro, camarada.
Talvez, mas Joe não
pretendia complicar o assunto mais do que já
estava.
— Tenho razões
para manter a informação
para mim mesmo.
— Não posso
imaginar quais seriam —
disse Dinah. — Se Demi
soubesse o motivo pelo qual você
rompeu sua relação com ela,
então estou certa de que lhe
daria outra chance.
Joe estava mentalmente estressado demais para discutir
seus motivos agora, especialmente após
já tê-los
discutido com Nick naquela manhã.
— Acredite em mim quando digo que Demi não
se importaria. Mas eu ainda quero fazer o certo por minha filha, e é
aqui que as gêmeas entram.
Dinah cruzou os braços.
— Antes de tudo, por mais que eu gostaria de lhe
emprestar uma das crianças,
Lucy e Maddie estão com
mamãe e papai para passarem
a noite. Em segundo lugar, elas não
usam mais fraldas, não tomam
mais mamadeira, comem alimentos sólidos
e dormem em camas, não em
berços. Na verdade, elas vão
fazer três anos e não
três meses. Duvido que
seriam de alguma ajuda, a menos que você
precise de todas os detalhes sobre os melhores e mais recentes
personagens de desenho animado.
Droga! Ele não
tinha considerado que suas sobrinhas estavam muito além
da idade de bebês como
Carly.
— Isso mostra o quanto eu sei sobre crianças.
Dinah levantou-se e fez um gesto para ele.
— Venha comigo. Tive uma idéia.
Carlos gemeu quando Joe seguiu a irmã
para fora da sala e entrou no hall. Eles seguiram para o quarto de
dormir, decorado em tons de amarelo e verde, duas camas de solteiro
em vez de berços... uma em
cada lado das paredes. Dinah atravessou o quarto, pegou uma boneca e
duas miniaturas de fraldas de uma prateleira, virou-se e
ofereceu-as a ele.
— Você pode
praticar com Sally Sweetness, que é
anatomicamente correta. Se quiser, posso lhe dar uma das mamadeiras
de brinquedo. Encha-a com água,
enfie-a na boca da boneca e em questão
de minutos ela molhará a
fralda, e você pode trocar a
mesma.
Não exatamente
o que ele tinha em mente.
— Uma boneca não
é a mesma coisa que na
realidade, Dinah.
— É um começo,
Joe. Ou você poderia esperar
algumas semanas até que o
bebê de Logan e Jenna
chegue.
Ele não tinha
semanas para esperar pelo nascimento de outra sobrinha ou sobrinho.
Não se quisesse provar a
Demi que podia cuidar de Carly agora. Pegou a boneca das mãos
de Dinah e enfiou as fraldas no bolso de sua calça
folgada.
— Treinarei com isso.
— Eu acabei de me lembrar de algo mais que talvez
ajude, portanto espere aqui —
disse Dinah enquanto saía do
quarto. Ela voltou poucos momentos depois, dessa vez com um livro,
que entregou a ele. — Você
encontrará
tudo que precisa saber sobre bebês
aqui.
Ele pegou o livro e folheou as páginas,
cheias de ilustrações.
— Tudo que preciso saber está
aqui?
— Sim, mas se você
tiver alguma pergunta, ligue-me. Pode também
ligar para mamãe. Afinal de
contas, ela criou seis filhos.
Não era algo
que ele iria querer fazer.
—Não quero
contar a mamãe e papai
ainda. Não até
ter certeza se Demi vai concordar com meu plano.
Dinah inclinou a cabeça
e examinou-o por um momento.
-— Você
não quer mamãe
o paparicando, razão pela
qual preferiu vir até mim.
Sua irmã o
conhecia muito bem.
— Pode-se dizer isso. Quero fazer tudo sozinho, ou
pelo menos a maior parte. Mas tenho de admitir que é
muito amedrontador.
Ela acariciou-lhe o braço.
— Você é
um sujeito esperto, Joe. E não
deixe ninguém enganá-lo
em pensar que homens não têm
instintos no que diz respeito aos seus filhos. Tudo que tem a
fazer é seguir esses
instintos e amar sua filha.
A coisa bizarra era que Joe já
amava Carly, mesmo que a tivesse segurado uma única
vez.
— Eu me lembrarei disso.
Dinah olhou-o por alguns momentos, antes de dizer:
—Acredite ou não,
eu acho que você será
um bom pai, Joe.
Então sua irmã
fez algo totalmente inesperado... puxou-o para um abraço.
O momento pareceu desconcertante, a princípio,
pelo menos para Joe. Ele construíra
uma porção de muralhas em
sua idade adulta, mesmo no que se referia à
família. Mas deu boas-vindas
à renovada intimidade com
seus irmãos, agora mais do
que nunca.
Depois que Dinah o liberou, Joe sorriu.
— Deseje-me sorte em convencer Demi que morar comigo
seria a melhor coisa para nós
três.
Dinah sorriu.
— Você não
precisa de sorte alguma, meu irmão.
Somente precisa usar esse charme que sempre usou em seu benefício.
Joe não sentia
todo esse charme ultimamente.
— Isso faz parte do passado, Dinah. Não
tenho certeza que essa pessoa que fui ainda existe.
— Oh, eu acho que existe. Somente, que é
uma versão melhor daquela
pessoa.
Joe sinceramente esperava que tivesse se transformado
numa pessoa melhor. E, mais importante, esperava que Demi, mais cedo
ou mais tarde, reconhecesse isso.
— Obrigado, Dinah.
— Sem problemas. Novamente, se você
decidir que precisa de minha ajuda com qualquer outra coisa,
avise-me. Mas da próxima vez
ligue antes de passar por aqui.
Joe podia pensar em algo que realmente precisava... um
milagre. Nada menos do que um milagre convenceria Demi a mudar-se
para a casa dele.
***
— Por
favor, durma, meu amorzinho.
Demi reconheceu o quão
tola parecia argumentando com uma criança
de três meses. Mas estava
ficando mais desesperada a cada minuto, assim como perdendo a pouca
paciência que lhe restara.
Não importava o
que tentara a fim de acalmar sua filha para dormir... de um passeio
em volta da cidade, alimentando-a diversas vezes e embalando-a pelo
que parecia horas no fim... nada funcionara.
Usando todo seu conhecimento médico,
ela havia examinado Carly da cabeça
aos pés, tomado sua
temperatura e determinado que sua filha não
tinha nenhum problema físico.
Então,
basicamente Carly não queria
dormir, a despeito da exaustão
da mãe. Ela continuava
revezando entre arroubos de excitação
alegre e acessos ininterruptos de choro. Pior ainda, o
comportamento vinha acontecendo por três
noites seguidas. É claro, os
funcionários da creche
haviam relatado que Carly fora um perfeito anjinho, dormindo
duas vezes ao dia por pelo menos duas horas de uma vez. Infelizmente,
Demi não desfruta daquela
bênção.
Possuía uma agenda repleta
de consultas com crianças
que precisavam dè sua
habilidade e de sua atenção.
Dessa forma, não seria capaz
de formar uma sentença
completa, muito menos fazer um bom exame clínico
em bebês.
Quando Carly começou
a chorar novamente, Demi levantou-se da cadeira de balanço
e andou pelo quarto, sentindo-se como se tivesse perdido o controle
da vida. Ela trabalhara duro para ser uma pediatra competente, mas,
obviamente, falhava nas suas habilidades como mãe.
Se ao menos pudesse fechar os olhos por alguns minutos,
ou tomar uma ducha para estar
bem-disposta pela manhã. E a
manhã estaria chegando em
menos de duas horas.
Pensando dessa maneira, Demi deixou o quarto com Carly
nos seus braços e dirigiu-se
para o hall, a fim de procurar sua colega de casa. Macy poderia pelo
menos ficar com Carly tempo suficiente para Demi tomar um rápido
banho e talvez tirar uma soneca. Contanto que sua amiga estivesse
disposta.
Quando chegou ao quarto de Macy, Demi abriu a porta
silenciosamente a fim de não
assustá-la. Carly
aproveitou-se daquele momento para dar um berro irritante, como se
sentisse que sua mãe estava
prestes a deixá-la com uma
mulher que não possuía
o mínimo sentimento maternal
dentro dela.
Um facho de luz caiu sobre a cama, iluminando os olhos
fechados de Macy.
— Eu realmente preciso de ajuda —
sussurrou Demi.
Macy gemeu, ergueu a cabeça
e murmurou:
— Que horas são?
— Quase 4h. Carly está
acordada durante a maior parte da noite e não
dormi nem um pouco ainda. Poderia tomar conta dela por uma hora ou
coisa assim, enquanto tiro uma soneca?
Macy virou-se de costas e suspirou:
— Preciso estar numa sala cirúrgica
em menos de cinco horas.
Demi não estava
a fim de competir com relação
a quem tinha a agenda mais cheia, mas faria qualquer coisa que
pudesse para conseguir a ajuda de Macy.
— E eu tenho de atender a primeira, de mais 30
crianças, em menos de quatro
horas.
— Desculpe. Vou operar um coração.
Se eu não estiver em
perfeitas condições,
Brannigan encontrará algum
modo de punir-me por pelo menos um mês.
Não estou certa, Dr.
Lattimer?
— Certíssima
— veio uma voz masculina
decididamente baixa do lado de Macy.
Somente então
Demi percebeu que Macy tinha um companheiro de cama. Um anestesista
playboy, para ser exata. De algum modo, Macy tinha agido
furtivamente, levando-o para o apartamento. Provavelmente quando
Carly estava gritando no máximo
de seus pulmões.
Demi murmurou:
— Desculpe incomodá-los
— enquanto fechava a porta.
E Carly sorriu para ela, como se achasse a situação
muito divertida.
Demi não estava
com vontade de rir. Estava muito cansada e com um pouco de ciúme
de Macy. Não que trocaria
sua filha por um lance casual. Não
que gostaria de ter uma vida sem Carly, independentemente do quanto
fosse difícil criar um bebê
sozinha.
Todavia, quando voltou para o quarto minúsculo
e começou a balançar
sua filha novamente, conteve as lágrimas.
A vontade de chorar aumentou quando considerou seu relacionamento
anterior com Joe e como havia sonhado por um futuro com ele.
Demi podia ter errado sobre isso, mas não
estava errada sobre uma coisa... Joe se importava com a filha
deles. Provara isso no momento que segurara Carly nos braços.
Afirmara isso quando tinha estabelecido um fundo de investimento e,
depois, oferecido seu lar para elas duas. E notavelmente, ele
não a pressionara para tomar
uma decisão sobre a mudança
desde que fizera a oferta, seis dias atrás.
Quanto mais Demi pensava na proposição
de Joe, mais acreditava que aquilo seria melhor tanto para ela quanto
para o bebê. Ela realmente
teria alguma ajuda em noites como aquelas, quando se sentia como se
estivesse falhando como mãe.
Quando se sentia tão
sozinha!
Com Joe, poderia achar alguma estabilidade por enquanto,
ou pelo menos até que se
mudasse para o Mississipi.
E quando a hora chegasse, seria ela quem iria embora, em
vez de o contrário. Isso
deveria ter lhe trazido alguma satisfação,
todavia, Demi somente se sentiu triste, e foi quando as lágrimas
começaram a cair de modo
determinado, suave e tranquilo,
como o pequeno bebê nos seus
braços.
Demi ouviu o som da respiração
estável de Carly e percebeu
que ela finalmente adormecera. Mas não
ousou tentar pôr o bebê
na cama com medo de acordá-la
novamente. Em vez disso, inclinou a cabeça
contra a cadeira de balanço
e fechou os olhos. Contudo, antes que a fadiga a dominasse
completamente, tomou uma decisão.
Pelo bem de sua saúde
mental, sua profissão e o
mais importante, pelo bem de sua filha, iria mudar-se para a casa de
Joe.
E, agora que decidira, tinha somente mais uma decisão
a tomar... exatamente como e quando lhe contar.
~
Aeeeh!!! Demi decidiu se mudar para casa de Joe, mas não pensem que eles irão já se pegar, a Demi ainda esta magoada com Joe, muito, e ele ainda esconde segredos dela... Fico muito feliz em saber que vcs estão gostando da mini-fic, eu já estou vendo outra para postar depois dessa e tenho uma boa noticia, a fic que eu iria postar no lugar dessa, felizmente eu encontrei ela desbloqueada, ou seja, eu poderei copiar e adaptar!! \o/ Bom, obrigada Thays, vc me fez sorrir por pelo menos uns 5 minutos sem parar com o seu comentário <3 Beijoos <3
Eu amei o capítulo!! Gente eu estou amando essa história! É tão fofa e linda e tão tudo *-*
ResponderExcluirE a Carly tão lindinha! E estou MEGA feliz que você conseguiu o livro *---* aí que perfeito!!
Continua..
Fabiola Barboza :*
Posta+
ResponderExcluirPosta logo, lembra q tu falaste q ň ia demorar a postar, to roendo as unhas aqui
ResponderExcluirMAIS UM CAP PERFEITO.. ISSO QUE EU CHAMO DE DEDICAÇÃO.. Carly muito sapeca, mais esperta, fez a Demi decidir ir pra casa do Joe.. Huuuumm, altos papos.
ResponderExcluirAh Mari, eu só disse a verdade, eu que agradeço por fazeres, nós leitores, viajar nesse mundo de história em que somos apenas observadores..
Posta mais um.. :D
Beijos, Thata Lovatic!