19.8.14

Seu Melhor Erro - Capitulo 3

 
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Você está falando sério?

Joe não ficou nem um pouco surpreso pela reação de Demi, embora tivesse se surpreendido pela sua própria oferta espontânea. Contudo, a idéia toda fazia perfeito sentido.

Nunca falei tão sério na minha vida.

Ela franziu a testa numa quase careta.

Você perdeu o juízo, Joe.

Possivelmente, por pensar que ela pudesse concordar com aquilo. Mas ele não estava querendo desistir... ainda.

É um excelente arranjo, Demi. Você pode ir trabalhar de manhã, sem precisar deixar Carly num lugar ou noutro. Eu posso tomar conta dela durante o dia, e você reassume quando voltar para casa à noite, se não estiver cansada. Ora, posso até mesmo ter um jantar esperando por você.

Ela mostrava seu ceticismo na expressão.

Você não sabe cozinhar.

Não é verdade. Eu fiz jantar para você uma noite no meu apartamento.

Ela sorriu.

Você esquentou um jantar que sua cunhada foi muito gentil em pre­parar para nós.

Joe devolveu-lhe o sorriso, lembrando-se das noites incríveis que eles tinham compartilhado.

Você não reclamou. Na verdade, não me lembro de tê-la ouvido re­clamar de nada a noite inteira. Ou pela manhã, quando ele havia feito amor com ela pela segunda vez. Ou talvez tivesse sido a terceira...

Demi pigarreou, trazendo Joe para o presente.

Deixando de lado a falta de habilidades culinárias, o que você sabe exatamente sobre os cuidados de um bebê? perguntou ela.

Não muito.

Tenho diversas sobrinhas e sobrinhos, de quem cuidei uma vez ou duas. Sob supervisão direta de seus pais durante reuniões informais familiares, um detalhe que ele preferiria não revelar no momento, à luz do olhar cínico de Demi.

Quando Carly choramingou, Demi pegou o bebê nos braços e deitou-a na cama.

Dê-me uma fralda e uma caixa de lenços umedecidos disse ela enquanto começava a abrir pequenos botões de pressão no macacão com pezinhos de Carly.

Joe olhou em volta por alguns momentos antes que Demi acres­centasse:

A caixa está sobre a cômoda e as fraldas na gaveta.

Ele pegou uma fralda descartável e uma caixa de plástico que indicava claramente lenços umedecidos para bebê. Depois de entregar a fralda e os lenços para Demi, sentou-se na beira do colchão, perto da filha.

Você quer fazer isso? perguntou Demi, na expectativa.

Se ao menos ele fizesse uma tentativa, então provaria o quão pouco sabia lidar com bebê.

Uma vez que somente fomos apresentados recentemente, observarei enquanto você a troca.

Você nunca fez isso, fez?

Ela estava intuitiva demais para seu gosto, pensou Joe.

Não.

Foi o que pensei murmurou Demi enquanto trocava a fralda da filha.

Joe tentou concentrar-se na tarefa da troca de fralda, mas foi distraí­do pelos barulhos que Carly emitia.

Você ouviu isso? Ele parecia como se sua filha tivesse recitado o preâmbulo da Constituição.

Ela começou a fase do arrulho há uma semana. explicou Demi enquanto fechava o macacãozinho de novo com a habilidade de uma artis­ta em trocas de bebê.

Quando Carly riu para ele novamente, Joe disse:

Ela é seguramente uma menina feliz.

Demi pegou o bebê e segurou-a contra o ombro.

Ela não ficará feliz por muito tempo, uma vez que já passou a hora para uma soneca.

Aquela era a dica para ele ir embora. Joe se levantou e disse:

Excelente. Irei embora a fim de que ela possa tirar uma soneca. Li­garei para você mais tarde, a fim de discutir a mudança.

Eu não falei que iria me mudar para a sua casa, Joe.

Pelo menos ela não dissera que não se mudaria, o que significava que ele tinha esperança.

Apenas pense sobre como seria conveniente se morássemos juntos.

Ela colocou o bebê de volta no bercinho e deu-lhe um sorriso irônico.

Não é a conveniência que me preocupa.

Ele sabia perfeitamente o que a aborrecia... a possível explosão sensual devido à proximidade deles.

Ouça, tenho duas suítes máster, uma em cada ponta da casa, com dois quartos entre elas. Um desses quartos seria de Carly. E você poderia ter seu próprio banheiro privativo, com uma banheira de hidromassagem.

Deus, agora ele parecia um corretor de imóveis.

Tenho certeza que é ótimo, Joe, mas não estou interessada.

Você não está nem mesmo um pouquinho tentada? Ele usou uma de suas grandes armas... uma piscadela.

Demi rolou os olhos, indicando que ele perdera a habilidade de seduzi-la.

Tentação nos colocou nessa situação, antes de tudo.

Ele não podia discutir aquele ponto. Não pretendia discutir seu caso de coabitação.

Você não teria de ficar perto de mim, a não ser nos momentos que envolvessem Carly. Na verdade, você estaria fora a maior parte do dia, o que deixa apenas algumas horas durante a noite, quando teria de tolerar minha presença.

Verdade, mas, francamente, não estou certa se confio em você mes­mo por cinco minutos.

Ele lutou contra um acesso de raiva, mesmo sabendo que não fizera nada para obter a confiança dela novamente.

Ouça, Demi, você vai embora em agosto. Isso me dá menos de dois meses para conhecer meu bebê antes que você a leve para outro estado. Não posso fazer isso quando ela estiver numa creche o dia inteiro.

Você pode vê-la antes de eu partir e depois que eu mudar para o Mississipi, se assim desejar.

Você quer dizer uma semana sim, outra não? Talvez um feriado ou dois? Isso não nos dará tempo para construir um relacionamento de pai e filha.

Ela suspirou.

Vamos discutir isso mais tarde. Agora sua filha precisa dormir.

Sua filha. Só aquilo alimentou a determinação de Joe. Ele daria a Demi algum espaço, e nesse ínterim se prepararia para uma batalha... ter Demi e Carly na sua casa... mesmo que não se surpreendesse se ela recusasse.

Tudo bem disse Joe, dirigindo-se para a porta. Entrarei em contato dentro de poucos dias. Ligue-me se mudar de idéia antes disso.

Eu não mudarei, Joe.

No minuto que sua colega de casa entrou pela porta da frente, Demi não pôde mais conter o silêncio.

Você não vai acreditar no que Joe fez.

Macy pôs a mão na testa com toda a polidez de uma rainha do drama.

Com um bebê no local? Ele não tem vergonha?

Demi suspirou, frustrada.

Ele pediu que eu me mude para a casa dele.

Macy caiu no sofá e recostou a cabeça na almofada.

Por favor, diga-me que você não concordou, Demi.

Claro que não. Embora ela tivesse de admitir que não pensara em outra coisa a não ser na proposta de Joe durante a maior parte do dia.

Ótimo. Por um minuto pensei que você tivesse perdido o juízo disse Macy enquanto se livrava dos sapatos.

Demi sentou-se na poltrona oposta ao sofá e colocou os pés sobre a mesinha de centro.

Ele diz que seria apenas temporário. Somente até que eu me mude para o Mississipi, em agosto.

Macy franziu o cenho.

Você não vai fazer isso, então por que está me contando?

Demi não entendeu por que revelar os detalhes a Macy parecia tão im­portante, mas era.

Somente quero que você note que não é o que pensa. Joe quer conhecer Carly e não posso, de modo algum mantê-lo afastado da filha, agora que eu o envolvi na vida dela.

Vida dela acrescentou Macy. Estas são as palavras-chave. Isso não significa que você tem de morar com ele. Ele pode muito bem tê-la por algumas horas durante o fim de semana.

Aquilo parecia lógico, todavia, Demi reconhecia a razão daquele arran­jo ser adequado para Joe.

Ele também ofereceu tomar conta de Carly durante o dia, enquanto estou no trabalho.

Macy deu um sorriso afetado.

Você não deve pensar em deixar sua garotinha nas mãos de um mo­numento de má influência.

Demi lamentou ter contado a Macy todos os detalhes do passado de Joe.

Ele não é um ogro, Macy.

Não, ele é um jogador que provavelmente tem uma porta de vaivém no seu vestiário feminino.

Demi permaneceu silenciosa alguns momentos, antes de continuar.

Ele tem uma casa com quatro quartos, quatro banheiros e uma piscina.

Macy animou-se como um cachorrinho esperando um agrado.

Uma piscina? Comprada pronta ou cavada na terra?

Cavada na terra. Com uma cascata e um ofurô de água quente.

Uau! Bem, você fica aqui com o bebê e eu me mudarei para a casa dele.

Demi ficou atônita diante do repentino surto de ciúme que a inundou com aquele pensamento.

Ele não faz seu tipo, Macy.

Sim, sei disso. E é bonito demais para mim. Eu prefiro um cara me­nos refinado. Alguém que seja bom com as mãos.

Joe é definitivamente bom com as mãos. Entre outras coisas.

Macy inclinou-se para a frente e deu a Demi um olhar sério.

Eu honestamente acredito que você está considerando a proposta dele.

—É claro que não. Notando o tom defensivo na sua própria voz, Demi o moderou.

Você tem razão. Com ou sem piscina, isso não daria certo.

Macy jogou os cabelos louros para trás, que cascateavam até os ombros.

Talvez você tenha medo que dê certo. Talvez esteja com medo de se envolver novamente. Mas, ouça aqui, nada errado com sexo conveniente, contanto que você não deixe toda carga emocional entrar nisso. E contanto que dê atenção dobrada aos preservativos.

Não estou a fim de qualquer espécie de sexo. Aquilo não era exatamente mentira. Ela não pensara em sexo por meses... muito. Além do mais, eu disse a ele que estava saindo com alguém.

Macy ficou boquiaberta por alguns momentos antes de dizer:

Quando você tem tempo para sair com alguém?

Não tenho e não estou saindo. Só quero que ele acredite que estou fora do mercado.

O que você vai dizer se ele pedir detalhes sobre esse homem miste­rioso? perguntou Macy.

Já lhe forneci detalhes. Fingirei que meu novo amante é J. W., meu amigo do Mississipi.

Macy bufou.

Você está falando daquele mecânico que ligou uma noite dizendo que tinha uma caixa de ferramentas muito, muito grande, e depois pergun­tando se eu queria vê-la?

Bom velho J. W.

Sim, mas não se preocupe com ele, que é do tipo que fala, mas não age.

Acreditarei em você. Macy bateu as mãos sobre as coxas e ficou de pé. Preciso tomar uma ducha agora, porque eu estou a fim de um pouco de amor. Tenho um encontro com um bonitão, e ele vem me apanhar em menos de uma hora.

Demi experimentou uma onda indesejável de inveja.

Boa sorte.

Obrigada, Demi. E só mais uma pergunta: você deixou bem claro para Joe que não está interessada em bancar a família feliz com ele?

Eu tentei, mas, conhecendo Joe, ele não vai desistir facilmente.

***
 
Eu preciso que você me empreste uma de suas filhas.

Depois de sua declaração, Joe daria seu ordenado de um mês por uma câmera para capturar o olhar confuso no rosto do cunhado.

Pelas barbas de Noé, Joe, do que você está falando?

Se você me permitir entrar na sua casa, Carlos, eu lhe direi. Ele não gostava da idéia de explicar a situação para sua irmã, Dinah, mas deses­pero o fizera atravessar Houston durante a hora do rush atrás de uma ajuda muito necessária.

Depois de um momento de hesitação, Carlos abriu a porta por inteiro e murmurou:

Entre.

Joe entrou na sala de estar e viu Dinah sentada na beira do sofá, usando um penhoar de seda rosa. Uma garrafa de champanhe e duas taças de cristal estavam sobre um tapete medonho que cobria o assoalho de carvalho. Uma cena aconchegante, indicando uma comemoração íntima. Com certeza, ele não chegara numa boa hora.

Seu celular está com algum problema, Joe? perguntou sua irmã, o tom de voz bem pouco amigável.

Ele enfiou as mãos nos bolsos e tentou parecer arrependido.

Desculpem. Apenas deduzi que, uma vez que são 18h de uma segun­da-feira, eu não interromperia nada, a não ser um jantar.

São quase 19h. Carlos sentou-se ao lado de Dinah e colocou a mão sobre a coxa dela. Se você tivesse aparecido cinco minutos depois, eu não teria atendido a porta.

Joe olhou para a bebida no chão.

Hoje é aniversário de casamento de vocês?

Não. Dinah apertou a faixa do penhoar e moveu-se para mais perto do marido. Carlos ficou sabendo hoje que vai projetar uma casa de milhões de dólares para uma proeminente corporação. Estamos comemorando.

Joe estendeu a mão para o cunhado num cumprimento.

Meus parabéns.

Carlos sorriu orgulhoso.

Obrigado. Ganhei uma concorrência com diversos outros arquitetos, portanto, estou muito feliz por isso. Começarei a trabalhar no projeto den­tro de poucas semanas.

Parece ser um bom negócio disse Joe. Quem é esse magna­ta, afinal de contas?

Dinah suspirou.

Vamos cortar a tagarelice de vocês dois. E, Joe, o que você está fazendo aqui?

Ele quer uma das garotas emprestada. disse Carlos antes que Joe pudesse responder.

Dinah fez uma carranca.

Para quê?

Agora vinha o âmago da questão. A explicação que poderia tomar al­gum tempo. Com isso em mente, Joe pegou uma cadeira junto ao sofá e preparou-se para confessar.

Tentarei ser breve.

Boa idéia disse Carlos. Temos de voltar à comemoração e você não está convidado para assistir.

Joe entrou em detalhes sobre seu encontro com Demi, relatando sua descoberta sobre Carly e sua mais recente proposta. Concluiu dizendo:

Ela não concordou em se mudar para a minha casa ainda, mas mes­mo que não concorde quero aprender a tomar conta de bebês. Esta é a ra­zão pela qual estou aqui.

Tão logo o espanto deixou a expressão de Dinah, ela inclinou-se para a frente e colocou as mãos no colo.

Isso significa que vocês dois talvez possam voltar a se relacionar?

Obviamente, ele tinha nascido numa família de casamenteiros frustrados.

Não, não significa. Ela não está interessada.

Mesmo depois que você contou-lhe sobre sua doença? perguntou sua irmã.

Eu não contei nada a ela, e não tenho intenção de contar.

Carlos balançou a cabeça.

Você está cometendo um grande erro, camarada.

Talvez, mas Joe não pretendia complicar o assunto mais do que já estava.

Tenho razões para manter a informação para mim mesmo.

Não posso imaginar quais seriam disse Dinah. Se Demi sou­besse o motivo pelo qual você rompeu sua relação com ela, então estou certa de que lhe daria outra chance.

Joe estava mentalmente estressado demais para discutir seus moti­vos agora, especialmente após já tê-los discutido com Nick naquela manhã.

Acredite em mim quando digo que Demi não se importaria. Mas eu ainda quero fazer o certo por minha filha, e é aqui que as gêmeas entram.

Dinah cruzou os braços.

Antes de tudo, por mais que eu gostaria de lhe emprestar uma das crianças, Lucy e Maddie estão com mamãe e papai para passarem a noite. Em segundo lugar, elas não usam mais fraldas, não tomam mais mamadeira, comem alimentos sólidos e dormem em camas, não em berços. Na verdade, elas vão fazer três anos e não três meses. Duvido que seriam de alguma ajuda, a menos que você precise de todas os detalhes sobre os melhores e mais recentes personagens de desenho animado.

Droga! Ele não tinha considerado que suas sobrinhas estavam muito além da idade de bebês como Carly.

Isso mostra o quanto eu sei sobre crianças.

Dinah levantou-se e fez um gesto para ele.

Venha comigo. Tive uma idéia.

Carlos gemeu quando Joe seguiu a irmã para fora da sala e entrou no hall. Eles seguiram para o quarto de dormir, decorado em tons de amarelo e verde, duas camas de solteiro em vez de berços... uma em cada lado das paredes. Dinah atravessou o quarto, pegou uma boneca e duas miniatu­ras de fraldas de uma prateleira, virou-se e ofereceu-as a ele.

Você pode praticar com Sally Sweetness, que é anatomicamente correta. Se quiser, posso lhe dar uma das mamadeiras de brinquedo. En­cha-a com água, enfie-a na boca da boneca e em questão de minutos ela molhará a fralda, e você pode trocar a mesma.

Não exatamente o que ele tinha em mente.

Uma boneca não é a mesma coisa que na realidade, Dinah.

É um começo, Joe. Ou você poderia esperar algumas semanas até que o bebê de Logan e Jenna chegue.

Ele não tinha semanas para esperar pelo nascimento de outra sobrinha ou sobrinho. Não se quisesse provar a Demi que podia cuidar de Carly agora. Pegou a boneca das mãos de Dinah e enfiou as fraldas no bolso de sua calça folgada.

Treinarei com isso.

Eu acabei de me lembrar de algo mais que talvez ajude, portanto espere aqui disse Dinah enquanto saía do quarto. Ela voltou poucos momentos depois, dessa vez com um livro, que entregou a ele. Você encontrará tudo que precisa saber sobre bebês aqui.

Ele pegou o livro e folheou as páginas, cheias de ilustrações.

Tudo que preciso saber está aqui?

Sim, mas se você tiver alguma pergunta, ligue-me. Pode também ligar para mamãe. Afinal de contas, ela criou seis filhos.

Não era algo que ele iria querer fazer.

Não quero contar a mamãe e papai ainda. Não até ter certeza se Demi vai concordar com meu plano.

Dinah inclinou a cabeça e examinou-o por um momento.

- Você não quer mamãe o paparicando, razão pela qual preferiu vir até mim.

Sua irmã o conhecia muito bem.

Pode-se dizer isso. Quero fazer tudo sozinho, ou pelo menos a maior parte. Mas tenho de admitir que é muito amedrontador.

Ela acariciou-lhe o braço.

Você é um sujeito esperto, Joe. E não deixe ninguém enganá-lo em pensar que homens não têm instintos no que diz respeito aos seus fi­lhos. Tudo que tem a fazer é seguir esses instintos e amar sua filha.

A coisa bizarra era que Joe já amava Carly, mesmo que a tivesse segurado uma única vez.

Eu me lembrarei disso.

Dinah olhou-o por alguns momentos, antes de dizer:

Acredite ou não, eu acho que você será um bom pai, Joe.

Então sua irmã fez algo totalmente inesperado... puxou-o para um abra­ço. O momento pareceu desconcertante, a princípio, pelo menos para Joe. Ele construíra uma porção de muralhas em sua idade adulta, mesmo no que se referia à família. Mas deu boas-vindas à renovada intimidade com seus irmãos, agora mais do que nunca.

Depois que Dinah o liberou, Joe sorriu.

Deseje-me sorte em convencer Demi que morar comigo seria a me­lhor coisa para nós três.

Dinah sorriu.

Você não precisa de sorte alguma, meu irmão. Somente precisa usar esse charme que sempre usou em seu benefício.

Joe não sentia todo esse charme ultimamente.

Isso faz parte do passado, Dinah. Não tenho certeza que essa pes­soa que fui ainda existe.

Oh, eu acho que existe. Somente, que é uma versão melhor daquela pessoa.

Joe sinceramente esperava que tivesse se transformado numa pessoa melhor. E, mais importante, esperava que Demi, mais cedo ou mais tarde, reconhecesse isso.

Obrigado, Dinah.

Sem problemas. Novamente, se você decidir que precisa de minha ajuda com qualquer outra coisa, avise-me. Mas da próxima vez ligue antes de passar por aqui.

Joe podia pensar em algo que realmente precisava... um milagre. Nada menos do que um milagre convenceria Demi a mudar-se para a casa dele.

***
 
Por favor, durma, meu amorzinho.

Demi reconheceu o quão tola parecia argumentando com uma criança de três meses. Mas estava ficando mais desesperada a cada minuto, assim como perdendo a pouca paciência que lhe restara.

Não importava o que tentara a fim de acalmar sua filha para dormir... de um passeio em volta da cidade, alimentando-a diversas vezes e embalando-a pelo que parecia horas no fim... nada funcionara.

Usando todo seu conhecimento médico, ela havia examinado Carly da cabeça aos pés, tomado sua temperatura e determinado que sua filha não tinha nenhum problema físico.

Então, basicamente Carly não queria dormir, a despeito da exaustão da mãe. Ela continuava revezando entre arroubos de excitação alegre e aces­sos ininterruptos de choro. Pior ainda, o comportamento vinha acontecen­do por três noites seguidas. É claro, os funcionários da creche haviam re­latado que Carly fora um perfeito anjinho, dormindo duas vezes ao dia por pelo menos duas horas de uma vez. Infelizmente, Demi não desfruta da­quela bênção. Possuía uma agenda repleta de consultas com crianças que precisavam dè sua habilidade e de sua atenção. Dessa forma, não seria capaz de formar uma sentença completa, muito menos fazer um bom exa­me clínico em bebês.

Quando Carly começou a chorar novamente, Demi levantou-se da ca­deira de balanço e andou pelo quarto, sentindo-se como se tivesse perdido o controle da vida. Ela trabalhara duro para ser uma pediatra competente, mas, obviamente, falhava nas suas habilidades como mãe.

Se ao menos pudesse fechar os olhos por alguns minutos, ou tomar uma ducha para estar bem-disposta pela manhã. E a manhã estaria chegando em menos de duas horas.

Pensando dessa maneira, Demi deixou o quarto com Carly nos seus braços e dirigiu-se para o hall, a fim de procurar sua colega de casa. Macy poderia pelo menos ficar com Carly tempo suficiente para Demi tomar um rápido banho e talvez tirar uma soneca. Contanto que sua amiga estivesse disposta.

Quando chegou ao quarto de Macy, Demi abriu a porta silenciosamente a fim de não assustá-la. Carly aproveitou-se daquele momento para dar um berro irritante, como se sentisse que sua mãe estava prestes a deixá-la com uma mulher que não possuía o mínimo sentimento maternal dentro dela.

Um facho de luz caiu sobre a cama, iluminando os olhos fechados de Macy.

Eu realmente preciso de ajuda sussurrou Demi.

Macy gemeu, ergueu a cabeça e murmurou:

Que horas são?

Quase 4h. Carly está acordada durante a maior parte da noite e não dormi nem um pouco ainda. Poderia tomar conta dela por uma hora ou coisa assim, enquanto tiro uma soneca?

Macy virou-se de costas e suspirou:

Preciso estar numa sala cirúrgica em menos de cinco horas.

Demi não estava a fim de competir com relação a quem tinha a agenda mais cheia, mas faria qualquer coisa que pudesse para conseguir a ajuda de Macy.

E eu tenho de atender a primeira, de mais 30 crianças, em menos de quatro horas.

Desculpe. Vou operar um coração. Se eu não estiver em perfeitas condições, Brannigan encontrará algum modo de punir-me por pelo menos um mês. Não estou certa, Dr. Lattimer?

Certíssima veio uma voz masculina decididamente baixa do lado de Macy.

Somente então Demi percebeu que Macy tinha um companheiro de cama. Um anestesista playboy, para ser exata. De algum modo, Macy tinha agido furtivamente, levando-o para o apartamento. Provavelmente quando Carly estava gritando no máximo de seus pulmões.

Demi murmurou:

Desculpe incomodá-los enquanto fechava a porta. E Carly sorriu para ela, como se achasse a situação muito divertida.

Demi não estava com vontade de rir. Estava muito cansada e com um pouco de ciúme de Macy. Não que trocaria sua filha por um lance casual. Não que gostaria de ter uma vida sem Carly, independentemente do quan­to fosse difícil criar um bebê sozinha.

Todavia, quando voltou para o quarto minúsculo e começou a balançar sua filha novamente, conteve as lágrimas. A vontade de chorar aumentou quando considerou seu relacionamento anterior com Joe e como havia sonhado por um futuro com ele.

Demi podia ter errado sobre isso, mas não estava errada sobre uma coi­sa... Joe se importava com a filha deles. Provara isso no momento que segurara Carly nos braços. Afirmara isso quando tinha estabelecido um fundo de investimento e, depois, oferecido seu lar para elas duas. E nota­velmente, ele não a pressionara para tomar uma decisão sobre a mudança desde que fizera a oferta, seis dias atrás.

Quanto mais Demi pensava na proposição de Joe, mais acreditava que aquilo seria melhor tanto para ela quanto para o bebê. Ela realmente teria alguma ajuda em noites como aquelas, quando se sentia como se es­tivesse falhando como mãe. Quando se sentia tão sozinha!

Com Joe, poderia achar alguma estabilidade por enquanto, ou pelo menos até que se mudasse para o Mississipi.

E quando a hora chegasse, seria ela quem iria embora, em vez de o contrário. Isso deveria ter lhe trazido alguma satisfação, todavia, Demi somente se sentiu triste, e foi quando as lágrimas começaram a cair de modo determinado, suave e tranquilo, como o pequeno bebê nos seus braços.

Demi ouviu o som da respiração estável de Carly e percebeu que ela finalmente adormecera. Mas não ousou tentar pôr o bebê na cama com medo de acordá-la novamente. Em vez disso, inclinou a cabeça contra a cadeira de balanço e fechou os olhos. Contudo, antes que a fadiga a dominasse completamente, tomou uma decisão. Pelo bem de sua saúde mental, sua profissão e o mais importante, pelo bem de sua filha, iria mudar-se para a casa de Joe.

E, agora que decidira, tinha somente mais uma decisão a tomar... exa­tamente como e quando lhe contar.


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Aeeeh!!! Demi decidiu se mudar para casa de Joe, mas não pensem que eles irão já se pegar, a Demi ainda esta magoada com Joe, muito, e ele ainda esconde segredos dela... Fico muito feliz em saber que vcs estão gostando da mini-fic, eu já estou vendo outra para postar depois dessa e tenho uma boa noticia, a fic que eu iria postar no lugar dessa, felizmente eu encontrei ela desbloqueada, ou seja, eu poderei copiar e adaptar!! \o/ Bom, obrigada Thays, vc me fez sorrir por pelo menos uns 5 minutos sem parar com o seu comentário <3 Beijoos <3

4 comentários:

  1. Eu amei o capítulo!! Gente eu estou amando essa história! É tão fofa e linda e tão tudo *-*
    E a Carly tão lindinha! E estou MEGA feliz que você conseguiu o livro *---* aí que perfeito!!
    Continua..
    Fabiola Barboza :*

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  2. Posta logo, lembra q tu falaste q ň ia demorar a postar, to roendo as unhas aqui

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  3. MAIS UM CAP PERFEITO.. ISSO QUE EU CHAMO DE DEDICAÇÃO.. Carly muito sapeca, mais esperta, fez a Demi decidir ir pra casa do Joe.. Huuuumm, altos papos.
    Ah Mari, eu só disse a verdade, eu que agradeço por fazeres, nós leitores, viajar nesse mundo de história em que somos apenas observadores..
    Posta mais um.. :D
    Beijos, Thata Lovatic!

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